Tulsa – Oklahoma.
2019.
Bella.
Quando Alice e eu chegamos em Tulsa, um carro com motorista já estava nos esperando em na pista pronto para nos deixar em casa. Já era noite, bem tarde até, eu havia resolvido ficar na casa de Alice, eu estava cansada e não estava muito segura em ir para a minha casa à noite e sozinha, mesmo ela estando presa em uma ilha bem longe de mim junto aos dois e não tinha como eles saírem de lá, tanto Edward, quanto Carlisle me garantiram isso, eu não me sentia muito segura, tanto que eu tranquei muito bem a casa de Alice antes de subir para o quarto de hospedes eu precisava de um banho, um banho longo e morno antes que pudesse me jogar na cama e dormir profundamente.
Terminei o meu banho e segui para a cama já vestida e secando os cabelos em uma toalha e vi a tela do meu celular acendendo. Me sentei no colchão macio, pegando o celular. Era uma mensagem de Edward, perguntando se eu já estava em casa e se estava bem, respondi a mensagem, de que estava na casa de Alice estava bem e indo para a cama descansar, já que amanhã eu teria que começar a colocar as coisas em ordem e assim que o dia amanhecesse eu iria para casa. Ao terminar de secar o meu cabelo e ter respondido o Edward, eu deitei na cama para poder dormir um pouco.
Quando o sol começou a apontar no céu, eu já estava de pé. Tomei café com Alice e ela me deixou em minha casa e eu garanti a ela de que ela poderia para a sua loja, que qualquer coisa eu ligaria para ela imediatamente. Eu dei um giro pela minha casa vendo o caos que ela estava. Eu havia ficado poucos dias fora de casa, mas a minha casa estava toda quebrada, o hall de entrada da minha casa estava cheio de folhas secas, e eu sabia muito bem do motivo, tinha louça suja na pia da cozinha, tinha pratos e copos quebrados no chão da cozinha, sofás, mesinhas de centro e de jantar revirados, os vidros, todos os vidros das minhas janelas, estavam quebrados, com jornais cobrindo os buracos, a porta da geladeira estava no chão e o meu quintal estava quase do mesmo jeito senão pior, eu havia sentido um aperto forte no coração ao ver o estado que ele estava, Leah fez questão de destruir todas as plantas que eu tinha, tudo estava completamente congelado, não havia uma única folha ou pétala de flor que havia resistido.
Eu não sabia por onde eu começava, se era pelo jardim ou pela casa, mas eu precisava ver como a minha loja estava. Eu peguei meu carro e dirigi na direção da loja, apenas para ver como estava e depois eu iria decidir por onde eu iria começar. E o aperto em meu coração ficou mais forte ainda ao ver que a loja estava toda destruída, nem parecia que ela tinha sido reformada a pouco tempo. Os vidros estavam quebrados, as flores todas queimadas, os vasos, prateleiras, tudo, absolutamente tudo estava quebrado, jornais estavam tampando os vidros quebrados, provavelmente Bree havia dado um jeito. A loja estava vazia, Bree ainda deveria estar na escola e talvez ela estivesse dando uma limpada aos poucos todos os dias depois da aula. Eu peguei o meu telefone no bolso enquanto me sentada no chão com cuidado para não me machucar nos cacos de vidro e cerâmica.
- Oi, o que houve? – ouvi a voz do Edward do outro lado da linha após o segundo toque.
- Eu sei que você está bem longe e tudo mais... – suspirei. – Minha casa e a minha loja estão completamente destruídas. –
- Como assim? –
- Está tudo quebrado. Todas as plantas estão mortas. E a loja... Nem parece que a loja foi reformada a poucos meses. – a ligação caiu e um barulho de vento soou próximo aos meus ouvidos e ao levantar a cabeça, Edward estava parado no meio da loja olhando, com um misto de tristeza e desapontamento ao ver a loja que ele havia refeito quase do zero completamente destruída.
- Despina! – falou simplesmente suspirando. – Ela destruía tudo o que você havia feito na Grécia, claro que ela destruiu tudo aqui, é o prazer dela! –
- E agora? – questionei, ele caminhou para onde eu estava, empurrando com os pés os cacos dos vasos para o lado, para que pudesse se sentar ao meu lado.
- E agora, nós vamos reerguer tudo isso aqui! A loja e a sua casa! –
- Eu não tenho condições de reerguer tudo. Eu demorei anos para conseguir deixar aquela casa do meu jeito e... –
- E agora você tem a mim. – eu abri a boca. – E não, não começa a resmungar que não gosta que eu pague as coisas para você! Decidimos que vamos ficar juntos, não foi? Então pronto, tudo o que é meu é seu! – eu abri a boca de novo. – E fim da história. – bufei. – Quer que eu arrume primeiro a sua loja ou a sua casa? –
- Do que adianta eu arrumar a loja agora? Meu jardim está todo destruído! Mesmo eu repondo tudo rápido, vai demorar muito tempo chegar o tempo de colher de novo. –
- Então faz o seguinte. Fica na minha casa ou na casa de Alice, você escolhe, vou chamar os pedreiros para consertar o que está quebrado na sua casa e consertar o seu jardim, deixa-lo pronto para que você possa voltar a replantar no mais tardar daqui a duas semanas, para que você não precise ter que arrancar as plantas, com a sua casa nova, eles veem para cá. – eu apenas assenti. – Se quiser ir comprando as coisas e ir deixando lá em casa, fique à vontade. – assenti de novo. – Se acalma porque ela não vai estragar mais nada seu! – garantiu passando o braço pelos ombros. – Vou reportar isso a Zeus! – ele beijou o topo da minha cabeça. – A propósito... A Melinoe quer um passar um tempo com você aqui, se importa? -
- Claro que não! – respondi. – E a Macária? –
- Macária ainda tem medo que você vá embora e ela quer se aproximar aos poucos. – deu de ombros. – Melinoe sempre foi a que ficava mais grudada a você... – virei o rosto e o vi sorrindo.
- Se ela não tiver nada para fazer no submundo, ela pode vir à vontade. Só preciso saber qual será a história contada. –
- Isso eu vejo com ela depois. – ele afagou o meu braço.
- Acho melhor começar a limpar essa zona e... –
- Nem pensar! Vai para minha casa ou para a casa da Alice, os meus homens vão cuidar disso. –
- Tá. Tudo bem. –
- Eu preciso voltar a Atenas agora, mas eu vou tentar voltar antes do final da semana. Qualquer coisa me liga que eu apareço aqui do mesmo jeito que apareci hoje. – eu apenas assenti. – Toma a chave. – ele enfiou a mão no bolso de sua calça e me entregou um pequeno molho de chaves, que continua a chave de sua casa. – Eu te amo. –
- Eu te amo. – ele beijou a minha bochecha e os meus lábios, me fazendo sorrir.
Ao mesmo tempo em que os seus lábios saíram dos meus, Edward sumiu da loja me deixando sozinha. Eu me levantei do chão, limpando a poeira da minha calça e caminhei para fora da loja, trancando a porta.
- Bella... Você voltou... – eu ouvi a voz de Bree mal havia girado a chave na fechadura. – Eu... Eu posso explicar o motivo da loja estar assim... – eu olhei para ela e um sorriso apareceu em meus lábios, não, ela não podia explicar, na verdade poderia tentar, mas jamais chegaria perto do que realmente havia acontecido. – Na verdade eu não posso não, eu vim abrir a loja semana passada e ela estava assim toda destruída, ela não estava assim antes e... –
- Bree não se preocupe. Eu sei que não foi sua culpa. –
- Eu ia pelo menos limpar o máximo que conseguia, mas minha mãe me fez chamar a polícia e quando o prefeito soube fez a polícia investigar bem para tentar descobrir que haviam quebrado tudo já que ele ama dizer que essa cidade é completamente segura e... –
- Bree se acalma. Está tudo bem! Eu já falei com o Edward e ele vai mandar os pedreiros de novo ainda semana. – garanti. – Eu sei quem fez isso, e fizeram o mesmo na minha casa, não se preocupe e mantei isso entre nós duas, ela já recebeu a punição dela, por assim dizer. –
- Tá... –
- Não se precisa se preocupar com o seu trabalho que assim que a loja for reaberta o seu trabalho estará garantido! Vai para a casa estudar, descansar, que a equipe do Edward vai cuidar de tudo. –
- Tá bom. – ela assentiu. – Ah e a sua mãe? – suspirei.
- Minha mãe resolveu ir morar com os meus primos na Grécia. – respondi. – Ela não aceita o meu relacionamento com o Edward e disse que já que eu não vou mudar de ideia, ela iria embora e pelo visto, ela foi mesmo! Ela sempre ameaçou ir embora e me deixar aqui, mesmo. – menti. – Quer carona para casa? – perguntei mudando de assunto.
- Não... Não precisa. –
- Então pode ir, que quando tudo estiver pronto eu falo com você! – ela apenas assentiu, parecendo imensamente mais calma, por provavelmente eu não achar que havia sido ela ou por culpa dela, que a minha loja estava naquele estado.
Bree seguiu o caminho para a sua casa e eu segui com o meu carro para a rua de trás, para a loja de Alice. A sua loja estava impecável, como se ela não tivesse ficado alguns dias fora dela, ela havia ficado surpresa quando eu apareci ali e eu contei a ela tudo o que tinha acontecido, e ela insistiu que eu ficasse na casa dela, mesmo após saber que Melinoe estaria vindo ficar uns dias comigo.
Eu fiquei na sua loja, ajudando-a e contando as mesmas coisas que havia contado a Bree a cada cliente que perguntava o que tinha acontecido com a minha loja e onde estava a minha mãe. Eu não entendia como mentir havia se tornado tão natural, principalmente em relação a minha mãe!
Depois de Alice ter fechado a sua loja, eu dei uma passada em minha casa, para pegar algumas mudas de roupa e pegando os livros de todas as plantas que eu tinha feito e indo para a casa de minha amiga. Quando eu cheguei, eu conseguia ouvi-la no andar de cima no telefone, e em poucos segundos ela gritou, pedindo que eu pedisse comida japonesa enquanto ela tomava banho. Me sentei na mesa de sua cozinha, fazendo o pedido e começando a folhear os meus livros, eram muitas plantas que eu teria que repor, que comprar novamente e algumas nem nas épocas certas estavam, e isso me desanimava tanto. Eu senti uma mão em meu ombro, me fazendo me sobressaltar e ao olhar para o lado Melinoe estava ali parada.
- Melinoe! –
- Desculpa, não queria te assustar... – falou sem jeito. – Mas eu estava chamando a senhora e... –
- Não se preocupe. – garanti. – Eu... Eu estava completamente distraída, não ouvi nada, não se preocupe. – repeti. – E, por favor, não precisa me chamar de senhora. – ela apenas assentiu. – Achei que viria só amanhã... – comentei me levantando da cadeira.
- Se quiser eu volto amanhã e... –
- Não, não se preocupe. – falei segurando as suas mãos para deixa-la mais calma. – Eu disse ao seu pai que você poderia vir quando bem entendesse. – eu soltei as suas mãos e afaguei a sua bochecha fazendo a sorrir. – Qual história o seu pai criou... –
- Por mais que eu odeie isso... Eu sou sobrinha dele. – bufou. – Eu... Eu entendo que não posso chegar e simplesmente falar que eu sou filha dele... Mas ele também não precisava me colocar como filha de Poseidon ou de Zeus. – ela fez bico me fazendo rir.
- Ninguém aqui sabe quem são os irmãos do seu pai! – garanti. – E, um aviso, caso, você me chame de mãe e eu não responda, é porque eu não estou acostumada com isso! –
- Então... Eu posso te chamar de mãe? – perguntou e eu vi algumas lágrimas beirando a linha d’água de seus olhos.
- Se quiser, pode! – sorrindo amplamente, ela me abraçou forte, forte até demais, que chegava até machucar um pouco. – Melinoe, está me machucando. –
- Desculpa. Desculpa. – pediu me soltando.
- Bella... Está falando com... – Alice chegou na cozinha. – Oh, ela chegou. –
- Eu posso ficar na casa do meu pai, se eu for incomodar. – Melinoe disse meio sem jeito.
- Que? Não! – Alice se apressou em dizer. – Claro que não! Eu só achei que a Bella estava ficando louca, o que é bem compreensível se formos ver tudo o que aconteceu... – deu de ombros. – Então, gosta de comida japonesa? –
- O que é isso? –
- Peixe cru. – respondi e ela torceu o nariz me fazendo rir.
Um tempo depois a comida chegou e enquanto Alice ia pegá-la na porta, eu fui pegar o vinho e as taças no armário. Melinoe não havia gostado do sushi e como ela deveria estar acostumada a fazer, ela simplesmente estalou os dedos e o que ela estava acostumada a comer apareceu em sua frente. Depois que acabamos de comer e de termos limpado a bagunça, eu levei Melinoe até o quarto de hóspedes que ela iria ficar e segui para o que seria o meu.
Tomei um banho e deitei na cama e vendo a tela do meu celular e vendo uma mensagem de Edward piscando em minha tela. Eu respondi a mensagem e mal ela foi enviada e uma batida soou na porta.
- Entra. – falei guardando o telefone na mesa de cabeceira ao lado da cama. – Aconteceu algo? – perguntei ao ver a cabeça de Melinoe aparecendo no lado de dentro do quarto.
- Não! Eu posso dormir aqui com você? –
- Pode. – ela entrou no quarto fechando a porta e subiu na cama, deitando a cabeça em meu ombro e eu a abracei, ouvindo a suspirando. – Qual é o problema? –
- Nada. – falou com a voz meio embargada. – Eu amava ficar assim com a minha mãe quando ela descia do Olimpo. Bateu uma lembrança boa agora! – eu a abracei forte.
- O seu pai me contou que depois do que aconteceu, você havia voltado a tirar os fantasmas do mundo inferior. – comentei.
- Eu só tinha parado porque a senhora pediu. –
- Para de me chamar de senhora! – mandei e ela riu. – Eu sei que a sua irmã está ainda meio receosa com a minha chegada a vida de vocês, mas eu gosto muito e realmente do seu pai e posso gostar de vocês também, na verdade, eu não entendo o motivo para já gostar bastante de vocês duas e eu não pretendo ir embora. –
- A minha mãe também não pretendia ir embora. –
- Eu sei disso, mas ela não foi porque queria e a menos do que aconteça algo comigo, eu também não pretendo ir embora. –
- Tá bom. –
- Agora vamos dormir porque amanhã temos muitas coisas para fazer. –
- Tipo o que? –
- Seu pai contou o que aconteceu com as minhas coisas? –
- Sim. Ele me contou o que a Despina fez! –
- Então, eu tenho que começar a comprar as coisas que eu perdi. Seu pai me deu a casa dele para eu ir estocando as minhas coisas. –
- Posso ir junto? –
- Pode! – eu senti seus lábios se repuxarem em um sorriso enquanto aninhava mais ainda a cabeça contra o meu ombro. – Agora dorme. –
Eu apoiei a bochecha no topo de sua cabeça depois de ter desligado a luz do abajur, fechando os olhos. Melinoe mexeu a cabeça em meu ombro de novo e os seus cabelos roçaram em meu nariz e um cheiro de flores com enxofre preencheu o meu nariz, mesmo ela tendo puxado o pai, tanto a aparência quanto nos dons, o seu cheiro era o aroma em conjunto tanto da sua mãe quanto do seu pai, algo que, penso eu tenha causado muita dor e sofrimento nos três.
O dia seguinte raiou e Melinoe ainda estava deitada na minha cama, mas não dormia mais abraçada comigo. Deixei-a dormindo e levantei da cama, para poder tomar um banho e me trocar, eu estava com fome e tinha muita coisa para fazer. quando eu cheguei ao andar inferior da casa, Alice já estava acordada e começando a preparar o café da manhã na cozinha. Ao mesmo tempo em que o cheiro de café passou a preencher a cozinha, Meli desceu as escadas coçando os olhos.
Nós tomamos café e ela torceu o nariz ao experimentar o café puro, ela largou a xícara de café e ficou apenas com o suco de laranja que Alice tinha na geladeira. Eu iria ajudar um pouco Alice na loja antes de ir começar a comprar as minhas coisas. Eu começaria a comprar e encomendar as plantas, já que elas iriam demorar para chegar e Edward havia dito que iriam começar pelo meu jardim, e enquanto isso eu iria estocando as mudas na casa de Edward, como o próprio havia sugerido e insistido, e Meli iria comigo. Era a primeira vez que ela ficava fingindo que era uma mortal. Era a primeira vez que ela entrava em um carro, em lojas e essas cosias. Segundo ela, ela só pisava no mundo mortal quando iria assustar alguém com os fantasmas, contudo havia me garantido que não faria isso aqui, havia prometido ao seu pai e dessa vez pretendia cumprir.
Eu notava que ela usava confusa para os manequins da loja, provavelmente essa também era a primeira vez que ela via um manequim, e mesmo não estando tão acostumada com as roupas, tipos de tecidos ou looks, mas mesmo assim ajudou a Alice a montar os manequins, não querendo ficar atoa, fazendo as combinações que a própria passava a ela.
- Bella... Quanto tempo. – a esposa do prefeito entrou na loja de roupas de Alice.
- Bom dia senhora O’Brien. Como vai? –
- Bem! Bem! Menina, o que aconteceu com a sua loja? – perguntou se aproximando do balcão e apoiando os braços no mesmo e eu respirei fundo. – Meu marido falou que você pediu para a queixa ser retirada e... -
- Digamos apenas que a sobrinha da minha tem alguns problemas psicológicos e em um... Em um momento de raiva ela destruiu a minha loja e a minha casa também! – dei de ombros. – Minha mãe continua defendendo-a e não aceita o meu relacionamento com o Edward, e nós duas acabamos brigando, ela resolveu ir morar com os pais dos sobrinhos dela na Grécia. – suspirei. – Resolvi não ir atrás de briga ou restituição do que ela destruiu, quero só distância. – dei de ombros de novo.
- Ah, então a fofoca de que a sua mãe deixou a cidade sem falar nada é verdade? –
- Sim senhora. – respondi.
- Que pena, eu adorava a sua mãe. –
- Ma... – Melinoe veio do fundo da loja com os braços cheios de roupa. – Bella. A Alice perguntou se você viu onde ela colocou a caixa com roupas de inverno que ela mexeu ontem. –
- Ela apenas disse que iria levar para os fundos da loja e eu não vi mais. – respondi. – Me da isso aqui, Alice vai ficar te fazendo de cabide o dia inteiro se deixar. –
- Tá bom. – eu peguei as roupas em seus braços e ela voltou correndo para os fundos.
- Quem é essa? – perguntou quando eu coloquei as roupas em cima do balcão para poder dobra-las.
- Ela é sobrinha do Edward. – respondi. – Ele deve chegar nos próximos dias e ela pediu para ficar uns dias aqui comigo antes dele chegar. – expliquei dando de ombros.
- Ah. – disse simplesmente.
- Ela achou! – Melinoe voltou dos fundos da loja e parou ao meu lado.
- Oi. Patrícia O’Brien, primeira dama da cidade. – ela estendeu a mão para Melinoe.
- Primeira o... – eu interrompi antes que ela perguntasse.
- Ela é a esposa do prefeito. – expliquei.
- Ah. Melissa! – ela se apresentou ainda um pouco receosa em estender a mão e a apertar a mão da mulher a sua frente, mas apertou do mesmo jeito.
- Então, Bella, quando vai reabrir a loja? –
- Eu não sei. – admiti. – Como eu disse a minha casa também foi destruída e isso se seguiu até o meu quintal. Eu vou ter que comprar tudo de novo! –
- Que pena. – ela fez algo muito parecido com um beicinho.
- Mas eu já vou começar a recomprar tudo para poder reabrir o mais rápido possível! – expliquei. – A propósito... – eu olhei a hora no relógio do meu celular. – Eu tenho que ir. – como um estalo, ela também olhou para o seu relógio vendo a hora.
- Eu também, meu Deus, eu tenho que ir almoçar com a mamãe. – ela rapidamente recolheu a sua bolsa. – Nos vemos depois querida. Foi um prazer Melissa. – ela se despediu enquanto saia da loja.
- Mortais sempre estão com pressa! Não sei porque, parece que querem chegar mais cedo a hora da morte. – Meli comentou.
- Agradeça pela pressa dela, porque caso ela não tivesse mais o que fazê-la ficaria aqui nos perturbando por horas. – resmunguei. – Alice. Você vai ficar bem sozinha? Eu te que ir e a Meli vai comigo! –
- Vou. – ela gritou de dentro do depósito. – Pode ir, já está tudo noventa e nove porcento pronto. – comentou saindo do depósito e vindo para perto de nós.
- Tudo bem então, nos vemos a noite. – Meli se despediu de Alice e veio comigo para o carro para que pudéssemos ir até o garden na cidade vizinha.
Eu sentia os olhos de Melinoe em mim a cada meio milímetro que eu me mexia, como se quisesse se certificar que eu realmente não iria embora diante de seus olhos. Enquanto andávamos pelo garden, e com certeza essa também era a primeira vez que ela via tanta planta junta e fora de um campo ou floresta, ela ficava andando bem perto de mim, mas eu sempre notava que ela volta e meia cheira as plantas e um sorriso aparecia em seus lábios.
Os dias foram passando, eu sabia, por rumores de pessoas que vinham até a loja de Alice, que tinham uma equipe enorme trabalhando na minha casa. Vindo de Edward, eu esperava isso mesmo! Melinoe havia dormido todos os dias comigo e eu não me importava, até gostava, eu havia me acostumado, durante esse tempo namorando com Edward a sempre ter mais alguém na minha cama, então era estranho não ter outro corpo ali comigo.
Quase duas semanas depois de Meli ter chegado, eu resolvi ir ver como andava a reforma da minha casa. Jasper estava na cidade e havia ficado com Alice na loja, e isso significa que Edward também estava na cidade, na verdade, o propósito Jasper havia me confirmado isso, mas a caminho da loja de Alice, ele recebeu uma ligação da reforma em minha casa e teve que voltar correndo para lá.
Eu parei o meu carro no meio fio em frente à minha casa, atrás do carro, que eu sabia que era de Edward, e onde tinha uma lata grande de lixo parada no meio fio, para não fechar a calçada, e eu podia ver muitas plantas mortas jogadas lá dentro, junto com pedras, e eu não fazia ideia do que eles tinham inventado para ter pedras ali. O que eles haviam quebrado? Descemos do carro e entramos pelo portão que estava aberto, o lado de dentro da casa estava em um completo silêncio, enquanto todo o barulho parecia vir do quintal dos fundos, para onde nós duas seguimos, e eu precisei respirar fundo e me acalmar ao ver aquele quintal enorme, que até pouco tempo atrás estava cheio de vida, estava todo morto.
Edward estava parado no meio dele com Macária ao seu lado, Cerberus deitado na terra aos seus pés e ele falava com o chefe de obras a sua frente enquanto digitava algo em seu celular. O seu funcionário foi embora, andando para os fundos do quintal e eu notei que o muro que tinha ali... Bom, não estava mais ali. Cerberus ouviu nós duas nos aproximando e levantou a cabeça e começou a latir animado, fazendo tanto quanto Edward quanto Macária olharem para nós.
- Oi. – ele falou tirando os olhos.
- Oi pai. – como não tinha ninguém perto de nós ela o chamou de pai mesmo, enquanto o abraçava.
- Oi princesa. – ele retribuiu o abraço e beijou o topo da sua cabeça. – Oi meu amor. –
- Oi. – respondi simplesmente enquanto recebia um beijo nos lábios.
- O que foi? – perguntou confuso quando eu não retribuí o beijo.
- Cadê o meu muro? – questionei e ele riu. – O que você fez? –
- Então... Lembra que você falava que o seu quintal estava apertado demais? – assenti. – E que você já tinha comprado a casa do lado para aumentar mais ainda o terreno? – assenti de novo. – Digamos que eu comprei as duas outras casas e mandei demolir tudo. –
- Você comprou o resto do quarteirão todo? – questionei sem acreditar muito no que ele havia dito.
- Comprei! -
- Inacreditável. – ele riu mais ainda.
- Ora, se você quer passar seis meses aqui, vai ter que ter um lugar para todo mundo. – eu pisquei algumas vezes antes de olhar para ele.
- Espera... Nós vamos fazer aquilo mesmo? Seis meses aqui e seis meses lá? – ele assentiu. – Sério mesmo? –
- Zeus concordou! Não que eu fosse me importar muito com a opinião dele! –
- Mas e a sua casa? Você comprou aquela casa e... –
- Vende! – deu de ombros como se fosse a coisa mais simples do mundo.
- E ela? – perguntei apontando para Macária, que continuava no mesmo lugar parada falando com a irmã. – Como ela está em relação a tudo? –
- Eu não sei ao certo! –
- Melinoe ainda tem medo que eu pretenda ir embora. – ele suspirou.
- É cedo para as duas se acostumarem com isso, foram muitos, muitos, anos sem a mãe. –
- Eu não sei se eu interpreto certo, mas às vezes eu vejo esse mesmo medo em seus olhos, mesmo eu já falando mil vezes que eu não pretendo ir embora. –
- É que de tanto ouvir que não tem como conviver junto a morte e a felicidade, às vezes eu realmente fico esperando que você vá. –
- Você é mais do que apenas a morte, Edward, e sabe disso! - ele sorriu para mim, antes de abaixar a cabeça e beijar os meus lábios de novo e dessa vez eu retribuir. – Eu te amo. –
- Eu também te amo. – ele roçou os lábios nos meus de novo, antes de passar o braço pelos meus ombros e caminhar de volta para onde as duas meninas estavam. – E como Melinoe se comportou? – perguntou atraindo a atenção das duas. – Eu deixei bem claro para ela que eu soubesse que algum fantasma fosse visto andando por Tulsa, ela iria passar um bom tempo numa ilha bem parecida com a de Deméter. – ela fechou a cara.
- Para com isso. – dei uma tapa de leve em seu braço. – Não ia nada. Eu não ia deixar. – resmunguei e ela riu me abraçando. – E ela se comportou como um anjo. -
- Então não foi a Melinoe quem esteve aqui esses dias. – Macária provocou e Melinoe olhou para a irmã mais velha.
- Podem parar! As duas! – Edward cortou as duas no mesmo segundo. – Não estou a fim de ficar separando briga de vocês duas de novo não! – falou sério e nenhuma das duas abriu a boca de novo. – E lembrem-se que tem muitos mortais a nossa volta! –
- Desculpa pai! – as duas falaram ao mesmo.
- Senhor Cullen. – o chefe de obra chamou Edward de longe e ele nos deixou sozinhas e foi até lá.
- E como você está? – perguntei a Macária.
- Bem! – respondeu simplesmente.
- Está tranquila com o que eu propus ao seu pai? De ficarmos seis meses aqui em cima e seis meses lá embaixo? –
- Sim. – ela respondia de forma monossilábica e eu resolvi não continuar forçando por respostas dela.
- E você menino? – perguntei para o cão que estava sentado os pés de Macária com a língua para fora enquanto o rabo balançava rapidamente. Ao reparar que eu estava falando com ele, Cerberus se pôs de pé e latiu para mim. – Oi menino bonito. – eu me agachei no chão e cocei atrás de suas orelhas.
- Vamos garotas? – Edward voltou logo em seguida.
- Para onde? – perguntei ao me levantar de novo.
- Para casa. Quer ir lá para minha casa ou quer continuar com Alice? –
- Com Alice e Jasper? Não, obrigada! – ele riu. – Eu só preciso ir pegar as minhas coisas na casa dela. Eu pego as minhas coisas e encontro vocês lá. –
- Tudo bem! –
- Eu posso dirigir? – Melinoe perguntou animada ao pai.
- Claro que não! – ele disse simplesmente e ela fez bico. – Você entrou a primeira vez dentro de um carro e quer dirigir? –
- É fácil! – ele ergueu a sobrancelha ruiva para a filha mais nova. – É só enfiar a chave em algum lugar, ligar o carro e não matar ninguém! –
- Errada ela não está! – argumentei e ele olhou para mim desacreditado.
- Foi isso que o meu instrutor disse para mim. Quer dizer, quase isso! Mas a parte do não matar ninguém, ele falou mesmo! –
- Não! – ele falou simplesmente para a filha. – Se você for ficar com a gente aqui por seis meses, e se você se adaptar a viver como uma mortal, eu te ensino a dirigir! – ela sorriu animada ao meu lado. – As duas, no caso! Vamos? – ele apoiou a mão nos ombros de Macária e a guiou para o lado de fora do meu quintal, Melinoe vi andando ao meu lado e Cerberus vinha atrás de nós.
Edward foi com o cachorro e com Macária para a sua casa e Meli quis vir comigo até a casa de Alice pegar as minhas coisas. Reunir tudo o que eu tinha levado para lá foi bem rápido, até porque tudo estava basicamente arrumado dentro das minhas malas, que foram apenas necessários guardar o resto das coisas e levar para o carro.
Quando a noite caiu, eu já estava na casa de Edward com ele, com as meninas e com Cerberus que estava deitado sobre o tapete preto da sala, enquanto nós estávamos sentados no sofá após o jantar enquanto a televisão estava ligada em algum filme aleatório. Eu tinha a cabeça apoiada no ombro de Edward, Meli havia deitado em meu colo e Macária estava ao lado do pai, com a cabeça também apoiada em seu ombro.
...
Já haviam se passado dois dias desde que Edward havia voltado. Eu estava me acostumado com Meli me chamando de mãe, pelo menos dentro de casa ela me chamava assim, Macária ainda estava recuada comigo, mas havia passado a falar três a quatro palavras ao invés de uma só enquanto falava comigo, já era algum avanço. Eu havia sido a primeira a acordar e fui direto para a cozinha atrás de um café para que eu pudesse despertar de vezes, mas ao chegar à cozinha, um objeto estranho, que não estava ali na noite anterior, me chamou a atenção. Uma ânfora estava em cima do tampo da ilha da cozinha, com um papel amarelado enrolado ao lado. Peguei o papel o desenrolando e encontrando uma escrita, a qual eu não conhecia e tampouco entendia.
- Está escrito aqui está a ambrosia que Zeus pediu e lembre-se da quantidade certa que você tem que dar a ela. – a voz de Edward soou atrás de mim, e ele leu o que estava escrito no papel aberto em minhas mãos. – Héstia deve ter deixado isso aí durante a madrugada. – explicou.
- E agora? –
- E agora, caso você não tenha mudado de ideia, você bebe! Ou espera por Alice, pois ela vai tomar também! – eu mordi o lábio de dentro da minha bochecha.
- Eu sou ansiosa demais para esperar. –
- Já esperava que você fosse dizer isso. – comentou se aproximando de mim com um copo de vidro vazio em mãos, e pegando a ânfora. Ele derramou um pouco do liquido meio espesso e de cor amarelada no copo e me entregou. Não era muito e também não era pouco, deveria ter uns três dedos de bebida ali e para ele ter conferido diversas vezes, era porque era aquela a quantidade certa. – Só beber! –
- Eu vou sentir alguma coisa? – perguntei.
- Sinceramente, eu não faço ideia. –
Eu peguei o copo e sua mão e levei até o nariz, sentindo o seu cheiro, cujo cheiro me fez torcer o nariz, tinha um cheiro muito doce e enjoativo, e pelo jeito o gosto seria o mesmo, isso se não fosse pior. Só uma golada, não precisava degustar ou mantê-lo por um tempo na boca, era só engolir de uma única vez. Eu respirei fundo, não receosa por estar em duvida com o que havia decidido, mas com receio do gosto ser tão ruim quanto o cheiro e acabar vomitando tudo de volta. Respirei fundo mais uma vez, levando o copo até o copo até os meus lábios, sentindo o cheiro doce e enjoativo preencher as minhas narinas de novo, e a mão livre, eu levei até o meu nariz, o tampando, e virando o liquido espesso na minha boca e nem dando tempo de sentir o gosto e engolindo tudo de uma única vez.