Pov. Bella.
Toronto - Canadá.
Edward estava parado na porta de minha sala e eu
podia ver seu telefone em mãos e um semblante de preocupação no rosto. Infelizmente
o dia que mais queríamos que não chegasse, chegou. Edward negava, mas eu sabia
que ele tinha medo de Tanya aparecer e querer procurar por Valentina e ele
tinha pavor de Valentina acabar gostando dela. Sem falar nada eu me levantei da
cadeira e caminhei até ele. Levei as mãos até a sua nuca, puxando-o para um
abraço.
- Está tudo bem, meu amor. – disse o abraçando
forte. – Ela não vai atrás da Tina. –
- Espero que não. – disse contra o meu pescoço.
- Hey. – tirei seu rosto de meu pescoço,
segurando-o com as duas mãos. – Esquece isso, Tanya faz parte do passado, não do
nosso presente e muito menos do nosso futuro. – ele respirou fundo. – Lembra-se
do que aconteceu nessa sala a tarde inteira? – ele sorriu de lado.
- Claro que lembro. –
- Lembra-se do que me prometeu agora a pouco? –
ele me encarou com a sobrancelha levantada. – Me levar para casa, terminar o
que começamos aqui e quebrar a cama. –
- Você é insaciável não é menina? –
- Bom, é culpa sua. Antes de eu dormir com você a
primeira vez, eu não era assim. – disse acariciando a sua bochecha. – E a propósito,
as meninas vão dormir na casa da avó, o que significa que teremos a casa só
para nós dois. Podemos transar em qualquer lugar. – ele levou as mãos para a
minha cintura, apertando-a forte. – Vai pegar as suas coisas meu amor, que eu
vou te fazer esquecer esse telefonema. – garanti e ele me deu um beijo rápido.
Edward foi pegar suas coisas e eu entrei pegando
a pasta e guardando dentro de minha bolsa. Após pegar tudo e me certificar de
que estava tudo desligado, para que quando a luz voltasse não viesse com uma
sobrecarga de energia e queimasse tudo, deixei minha sala e encontrei-me com
Edward me esperando próxima a escada de incêndio.
Deus! Descer vinte lances de escada! No escuro! É
hoje que eu vou para o hospital ou para debaixo da terra. Tirei meus saltos e
devagar descemos os degraus, iluminando-os com as lanternas de nossos
celulares. Eu meio que tinha pavor de descer escadas no escuro, com pouca luz,
principalmente depois de assistir tantos filmes de terror. Edward descia rindo
enquanto me via descendo as escadas com as costas grudadas a parede, assim eu
podia ver quem vinha de trás de mim e da minha frente.
Finalmente chegamos ao estacionamento e eu
basicamente corri para o caro, era o único ali, e bom, muitos filmes de terror
tem alguma cena em estacionamentos escuros e vazios, é de praxe. Edward abriu a
porta e eu entrei, iluminando o banco de trás apenas para me certificar de que não
tinha ninguém ali. Edward entrou no banco do motorista rindo e falando que eu
tinha que parar de ver filmes de terror. E eu concordava.
Depois de deixarmos o estacionamento e nós seguimos
para as ruas, quase vazias, de Toronto, eu relaxei um pouco na minha paranoia,
mas também não coloquei meus saltos. Edward dirigia devagar pelas ruas molhadas
e com a tempestade caindo um pouco mais fraca, e eu estava sentada de lado no
banco, com o cinto de segurança, vendo-o dirigir e cantarolar a musica que
tocava na rádio. Quando ele parou no sinal vermelho, eu me debrucei um pouco
sobre ele e lhe dei um beijo estalado em sua bochecha.
Céus, como eu amo esse homem! Depois de dez anos
de casados, parecia que esse amor apenas aumentava mais ainda e que iria
aumentar mais ainda. Edward foi dirigindo até a nossa casa, com a mão em minha
coxa, tirando-a de lá apenas para mudar a marcha.
Não demorou muito e nós estávamos em casa. O carro
estacionado na garagem, ao lado do meu, que ele insistiu em me dar para que eu
pudesse me locomover tranquilamente, e do carro enorme de família, que era
quase um ônibus. Assim que deixamos o carro e ele apertou o botão pendurado nas
chaves, para acionar o alarme, Edward atacou-me com ferocidade, pressionando-me
contra a lateral de seu carro. Não parecia que tínhamos feito sexo à tarde
inteira.
(...)
- Pelo amor de Deus. – começou ofegante. – Me fala
que está satisfeita. – pediu e eu me virei na cama, agora com os pés quebrados
e a cabeceira também, e dando um beijo em seu peito, que subia e descia
conforme ele buscava o ar.
- Estou sim. Muito mais do que apenas
satisfeita. Extasiada. Nas nuvens. E provavelmente vou acordar com um enorme
incomodo no meio das pernas, e eu não ligo. – respondi sorrindo e ele sorriu de
volta, levantando o braço e acariciando o meu rosto.
- Graças a Deus, porque, mulher, eu não sou mais
novo. – ele falava sorrindo. – Se você dissesse que ainda estava excitada,
Deus, eu ia ter que tomar um frasco de Viagra, primeiro eu teria que ir comprar
um. – comentou e eu ri. – Porque meu pau não sobe mais hoje, nem com reza
braba. – disse e eu ri mais ainda.
- Ele não precisa subir mais. – comentei parando
de rir e levando meus lábios a sua orelha. – Ele fez um trabalho excelente o
dia inteiro. – disse e beijei seu pescoço. – Posso falar uma coisa? –
- Se você falar que quer transar de novo, eu
jogo você na banheira cheia de gelo para ver se apaga o fogo da sua buceta. –
reclamou e eu comecei a rir.
- Não é isso. –
- Graças. Então? –
- Eu estou cheia de fome. – comentei e no mesmo
instante o meu estomago confirmou o que eu disse roncando alto, até porque hoje
eu só havia tomado o café da manhã e nada mais. – A única coisa que comemos o
dia inteiro foi o café da manhã. –
- E o gozo um do outro. – comentou baixo virando
o corpo de lado.
- E por mais que o seu seja delicioso. Não mata
a fome. E eu estou cheia de fome. – e meu estomago roncou de novo. – E eu não se
sei tomo banho primeiro, para tirar o suor do corpo, ou se como. –
- Quer mesmo tomar banho? Seu corpo exala o
cheiro de sexo! –
- Eu sei. E o cheiro é delicioso,
principalmente porque o seu cheiro está incrustado em minha pele. Mas, meu
amor, eu estou mais suada que um porco. - ele riu. - Daqui a pouco eu vou
começar a passar mal devido ao calor e aí eu não vou querer dormir agarrada a
você. -
- Vamos tomar banho. - disse se
levantando e eu ri.
- Me alimente primeiro. - pedi.
- Não quer tomar banho enquanto eu faço
algo para comermos? -
- Não, porque eu estou cansada, não sinto
minhas pernas direito e adoraria que meu marido me ajudasse a tomar banho. -
comentei ainda de bruços na cama e ele se abaixou um pouco, mordendo a minha
bunda.
- Com prazer. - ele se levantou e deu uma
tapa em minha bunda. Edward se levantou, deixando o lençol cair no chão,
revelando-me a sua nudez e eu estiquei a mão apertando sua bunda redondinha. -
Hey! - ele se virou de frente para mim.
- Que? - perguntei inocente. - Você pode
morder, apertar e bater na minha bunda e eu não? Direitos iguais querido. - ele
riu.
- Vem amor. - ele estendeu a mão e eu a
segurei. Edward ajudou-me a levantar.
Ao contrário do que eu pedi, Edward me levou para
o banheiro para tomar um banho primeiro. Nós estávamos cansados e com fome, portanto
o banho seria rápido, no chuveiro. O braço de Edward estava rente a minha
cintura, abraçando-a forte contra o seu corpo e com a mão livre abriu o
registro do chuveiro e a água morna caiu em nossos corpos.
Edward me ajudou a tomar banho, passando as mãos
pelo meu corpo ensaboado lentamente. Ele lavou meus cabelos, massageando com
couro cabeludo com as pontas dos dedos e fazendo-a relaxar com a cabeça contra
o seu peito.
Terminamos o banho e após nos secarmos seguimos
para o closet. Coloquei apenas uma calcinha larga é uma camisa de Edward, que
acabava na metade de minhas coxas. Edward colocou apenas uma cueca e uma calça
de moletom e após eu terminar de secar, o máximo possível, o meu cabelo com a
toalha, nós descemos para a cozinha.
Eu me sentei em um dos bancos da bancada de café
da manhã. Edward fez apenas dois sanduíches e despejou dentro de uma vasilha um
saco enorme de batatinhas e pegou duas garrafas de cerveja. Eu me levantei do
banco e ele se sentou no mesmo e eu me sentei em seu colo.
Após terminarmos de comer e limpar a bagunça, Edward
foi conferir se a casa estava toda trancada e o alarme ligado, eu peguei nossas
roupas, que estavam espalhadas desde a entrada da garagem para casa até a
cozinha. Levei as roupas para a lavanderia, amanhã eu dava um jeito nelas e
subimos as escadas indo para o quarto.
No dia seguinte, mal acordamos, nem trocado de
roupa tínhamos trocado ainda, estávamos apenas na cozinha fazendo o café,
quando o síndico, do prédio onde fica o escritório de Edward, ligou avisando
que a luz ainda não voltara, que devido à tempestade alguns fios se romperam e
a companhia elétrica teria que ir lá para consertar e que a luz só voltaria
amanhã.
O mundo quase desabou do lado de fora do
escritório e nós nem nos demos conta. Hoje o dia estava mais calmo, o céu
estava limpo e não parecia que iria chover hoje, quando mais cair uma
tempestade.
Como havíamos acordado bem cedo, achando que
teríamos que ir para o trabalho, nós tomamos café e após lavarmos a louça,
ficamos um tempo sozinhos na sala, assistindo ao jornal. Esme ficou encarregada
de levar as meninas para a escola e nós iríamos buscá-las depois e iríamos dar
uma volta pelo shopping com elas, até porque teríamos que comprar uma cama
nova.
- Meu amor. - o chamei depois que o
jornal acabou.
- Oi? - Edward estava sentado no sofá,
com as pernas em cima do sofá e eu no meio delas é com a cabeça apoiada em seu
peito e ele fazia cafuné em meus cabelos.
- Quer ver o próximo jornal? - perguntei
vendo a chamada do jornal começando.
- Por quê? - perguntou e eu me afastei de
seu peito, me sentando em seu colo, com uma perna de cada lado de seu quadril.
- Estou entediada. - comentei. -
Desaprendi a ficar a manhã inteira sem fazer nada. - ele sorriu. - São dez anos
acordando cedo pra trabalhar ou pra cuidar das crianças. Eu estou muito
entediada. -
- Ora, cuida de mim. -
- De você? Eu não tenho que te dar banho,
trocar sua fralda, mamadeira, ficar de olho para você não matar suas irmãs… -
- Não era nesse tipo de cuidar que eu me
referia. -
- Então? - perguntei e ele deitou no
sofá, deixando-me por cima dele é subindo com suas mãos para o meu quadril,
apertando minha bunda. - Você não me disse ontem que não era mais novo e que
seu pau não subiria de jeito nenhum?
- Isso foi ontem… Podemos terminar de
quebrar a cama. -
- Depois eu que sou insaciável, não é? -
- Você é gostosa. É impossível não ficar
duro, principalmente quando você está apenas de calcinha em cima do meu pau e
usando uma camisa minha. - ele apertou minha bunda mais forte. - Podemos
continuar a nossa variação… Já tem tempos que não transamos de manhã. -
- Amor ou sexo? - perguntei abaixando o
meu corpo.
- Sexo! Por favor, sexo! O mais puro,
luxuriante, simples e bruto sexo! - disse e eu sorri.
- Só vai querer fazer sexo comigo, agora?
- perguntei apoiando meus braços em seu peito e deixando meu rosto próximo ao
seu. - Nunca mais vai querer fazer amor comigo? -
- Eu sempre vou querer fazer amor com
você. Mas não posso negar que o sexo é algo maravilhoso. -
- É por isso, ou é porque no sexo você
pode usar palavras de baixo calão comigo? -
- Você gosta! - comentou e segurou meu
queixo. - Você ama quando eu falo que você é a minha vadia. - dei uma tapa na
lateral de sua cabeça.
- Olha o respeito com a mãe de suas filhas.
-
- É com todo o respeito que eu digo isso.
- ele roçou o nariz no meu. - E você sabe que gosta. Eu vejo o jeito que fica
quando eu falo assim, quando eu sou um pouco mais bruto, eu vejo o jeito que
seu corpo reage a isso, não negue. Eu já lhe disse milhares de vezes, eu sou um
lorde, mas não quando o assunto é sexo. Fora da cama, fora do quesito sexo, eu
trato você com uma rainha, não tire a minha felicidade ao ver como o seu corpo
reage a palavras de baixo calão. - disse com os lábios próximos ao meu ouvido.
- Posso te contar um segredo? -
- Todos que quiser. - disse mordendo o
lóbulo de minha orelha.
- Minha calcinha está molhada. -
- Deixa que eu resolvo. - rapidamente ele
nos virou no sofá, deitando-me nele e ficando por cima de mim, levando a cabeça
para o meio de minhas pernas, enquanto a abria e me encarou com o olhar
malicioso. - Molhada? Querida, ela está encharcada. Sua calcinha está
praticamente transparente. -
(...)
- Edward chega. - comentei rindo e
tirando o cobertor de cima de nossas cabeças enquanto ele beijava minha nuca. -
Chega. -
- Por quê? Está tão bom aqui! - ele prensou mais contra
o seu corpo contra mim e eu senti seu pau duro contra a minha bunda.
- Nós temos que ir buscar as meninas.
Lembra, o dia no shopping? -
- Como é que eu posso pensar em dia no
shopping duro? - me virei de frente para ele.
- Beleza. Você goza e nós vamos tomar
banho e buscar as meninas. E a noite nada de sexo. -
- Nem uma rapidinha? - neguei. -
Preliminares? - neguei de novo. - Amor? -
- Nada que envolva seu pau, seus dedos ou
sua boca dentro de mim. -
- Eu sempre faço o que você quer… -
resmungou. - Mas faça essa foda agora valer a pena. -
- Eu sempre faço. - provoquei subindo em
seu colo e recebendo uma tapa estalada e ardida na minha bunda.
(...)
Finalmente depois de mais uma rapidinha e algumas
pequenas provocações nós terminamos de tomar banho e nos vestimos o dia estava
quente hoje e não dava a impressão de que iria mudar. Coloquei um macaquinho
branco, o short batia no meio de minhas coxas e prendia em volta do meu pescoço
com babados na frente e flores azuis e marrons. Prendi meu cabelo em um coque
mal feito e calcei um par de rasteirinhas simples, peguei uma bolsa marrom e um
casaco branco fino pendurado nela e depois que Edward estava pronto, fomos
buscar as meninas na escola, e nós já estávamos vinte minutos atrasados.
Não demorou muito e nós chegamos à escola das
crianças, ela sabia que nós iríamos buscá-las para levar para dar uma volta
pelo shopping, então elas já estavam em um banco, debaixo de uma árvore e assim
que Edward buzinou ao parar o carro no meio fio, elas entraram no carro,
prendendo Olívia na cadeirinha.
- Oi mãe. Oi pai. - Valentina disse
colocando o rosto entre o meu banco e do pai, dando um beijo em nossas
bochechas.
- Oi meus amores. Como foi a aula? -
perguntei.
- Boa. - responderam juntas.
- Se comportaram ontem na casa da avó de
vocês? -
- Sim. -
- Ótimo! -
- Papai, nós podemos comer no shopping? -
Maddie perguntou.
- Hoje vamos fazer o que vocês quiserem.
Comer. Cinema. O que quiserem. - Edward respondeu e as meninas soltaram
gritinhos alegres e eu sorri.
Em pouco tempo nós chegamos ao shopping, e após
ele estacionar o carro, as meninas prontamente pularam dele, deixando as
mochilas no carro e eu peguei Olívia no colo. As garotas estavam com fome e eu
não podia negar que eu também, então a primeira coisa que fizemos ao entrarmos
no shopping era ir para a praça de alimentação, primeiro achar uma mesa e
depois ir com as meninas pegar o que elas queriam comer. E obviamente não nos
surpreendeu o fato que ambas quiseram o McDonald's ou Burger King.
Ao terminar de comer e de Olívia se entreter com
o brinquedo do McLanche Feliz, as meninas queriam ir ao cinema e nós a levamos.
Nós só chegamos em casa à noite, todas tomaram
seus banho e caíram direto na cama cansados e eu e Edward fizemos o mesmo.
Amanhã seria um longo dia no trabalho.
Quatro dias depois e era o dia que o resultado de
Edward sairia e de lá iríamos para o consultório da Sue, já que era hoje o dia
que eu havia marcado o meu exame e Edward insistia em ir comigo. Depois das
crianças se aprontarem, tomarem café e saírem para a escola, eu fui tomar um
banho e me vestir enquanto Edward terminava de se ajeitar. Coloquei uma calça
jeans escura e uma camisa rosa bebê de mangas compridas, com um pequeno decote
que era coberto pelo fino laço de cima no pescoço. Calcei meus saltos, que
tinha uma pequena tira passando rente ao meu tornozelo, prendi meu cabelo em um
rabo de cavalo frouxo, o soltaria quando chegasse ao escritório, peguei minha
bolsa e fomos embora.
Primeiro era o exame de Edward. O médico disse
que com ele estava muito bem e que era normal na idade de Edward à dificuldade
para engravidar, mas que estava tudo bem, era apenas questão de continuar
tentando. Edward ficou mais calmo, mas eu não, com ele estava tudo bem, eu não
tinha dúvidas disso antes do resultado sair, mas e se o problema fosse comigo?
- Qual o problema? - Edward perguntou
enquanto o elevador subia para o andar do consultório de Sue.
- Nenhum. - ele segurou minha cintura e
me olhou no fundo dos olhos.
- Calma meu amor, você vai ver que o seu
exame também dará que está tudo certo. -
- E se não der? -
- Vai dar. E se não der… Como você mesmo
lembrou, podemos adotar um menino. - respondeu levando as mãos para o meu rosto
e me dando um beijo. - Não se preocupe. - disse tentando me acalmar.
Nós chegamos ao consultório e entramos em menos
de cinco minutos. Eu expliquei a situação a Sue e Edward ainda mostrou o
resultado de seus exames para ela, que também constatou, que com ele, estava
tudo bem. Os meus exames eram mais complexos que o de Edward, ele tinha apenas
que se masturbar e o resto o laboratório faria, mas não o meu. Os meus eram
muitos e complexos e pelo que ela disse, demoraria um pouco mais de um mês para
saber se estava tudo bem com o meu útero.
Ela passou os exames e explicou como deveriam ser
feitos e disse que quando eu tivesse todos eles em mãos, para voltar lá. E nós
seguimos para o escritório.
Eu não havia conseguido me concentrar em nada o
dia todo, em nenhum caso, em nada. A dúvida é a insegurança de que o problema
ser comigo, mesmo depois de eu ter cinco filhas, martelava em minha cabeça e a
pasta que Patrick me trouxe semana passada, também martelava na minha cabeça.
Eu ainda não havia a lido, nem uma linha. Apenas o nome.
Edward estava no tribunal e me encontraria em casa
e eu ainda teria quarenta minutos antes de ter que atender a última cliente do
dia. Levantei-me rapidamente e corri até a porta a trancando e ao me sentar de
novo, puxei a pasta de minha bolsa, a abrindo.
Nome: Charlie
Morgan.
Idade: 55 anos.
Endereço: Lily Ln. 54. Kingston, Québec. (próximo ao City Park)
Eu fiquei cerca de meia hora olhando aquela
simples informação. Ele morava a poucas horas de mim. E mesmo assim nunca havia
se importado em aparecer. Virei à página para ler o resto do relatório, eu
tinha que confessar, Patrick fez um trabalho excelente, fazia jus ao preço que
cobrava, ele tinha toda a rotina de Charlie, a única coisa que faltou foram
quantas vezes ele ia ao banheiro.
7:30 AM: Os
movimentos começam dentro de seu pequeno apartamento.
8:00 AM: Ele sai
e caminha a padaria no final do quarteirão, na maioria das vezes fumando.
8:15 AM: Ele
volta da padaria.
16 PM: Da hora
que ele volta da padaria ele fica trancado dentro de casa, raramente recebe
visitas, e só volta a sair de casa por volta das 16 PM.
16:30 PM: Ele vai
para um bar meia boca a quatro quarteirões de onde ele mora.
03:30 PM: Ele sai
do bar, sendo basicamente enxotado pelo dono, que quer fechar e ele vai
cambaleando, trôpego, completamente bêbado até em casa, voltando a sair apenas
as 7:30h.
E acompanhando das poucas mas precisas
informações tinham algumas fotos de vigilância. De seu apartamento. Dele
saindo, indo a padaria, voltando dela. Ele saindo para o bar, do bar, e ele
sendo enxotado do bar e cambaleando trôpego até seu apartamento caindo aos
pedaços.
Eu terminei de reler o relatório e peguei meu
celular chegando o Google Maps. Segundo
ele o trajeto daqui de Toronto a Kingston são de cerca de três horas. Eram 17h,
eu não podia ir lá hoje, daqui a pouco acabaria o expediente e eu tinha que ir
pra casa, minhas filhas estão me esperando e meu marido também estará me
esperando assim que ele sair do tribunal.
Quando eu tivesse tempo eu iria, fechei a pasta e
guardei-a no fundo da gaveta, a trancando, ninguém poderia saber dela até que
eu resolvesse isso, principalmente Edward.
Ângela ligou avisando que a última cliente
chegara e eu levantei para abrir a porta. Conduzindo-a até a minha mesa e me
sentando em minha poltrona de frente para ela e abrindo sua pasta.
Quatro Meses Depois
Quatro meses se passaram desde que eu comecei a
fazer os exames para ter outro bebê, e segundo Sue, estava tudo normal, ela não
entendia porque simplesmente eu não engravidava. Desde que Tanya deixou a
cadeia ninguém teve mais notícias dela, ninguém sabe se ela deixou o estado ou
o país ou o que.
Já era noite de um sábado, minha mãe e Phil
haviam pedido para cuidarmos dos meninos pelo final de semana para que eles
pudessem ter um tempinho para eles, uma coisa que eles não tinham desde que os
gêmeos nasceram. E bom, para quem já cuida de seis meninas, qual o problema de
vir mais dois meninos?
- Não! Coloca na ESPN. - Noah pediu.
- Que ESPN o que… Nós vamos ver filmes. -
Valentina retrucou enquanto eu levava dois potes enormes de pipoca para sala.
-O que? Não! - os meninos reclamaram.
- Mas são os playoffs do futebol. -
- Não interessa. -
- Edward! - os garotos voltaram-se para o
meu marido que estava no sofá lendo o jornal.
- Não me metam nisso. - disse sem nem ao
menos desviar os olhos do jornal enquanto eu colocava as bacias de pipoca na
mesa do centro.
- Primeiro. - disse dando uma tapa na
cabeça de Edward e arrancando o jornal de sua mão. - Eu pedi para ficar de olho
neles e não para ler jornal enquanto eles quase se matam. - me voltei para
Tina. - Segundo: Valentina não grite com seus tios. - ela me olhou feio. O que
ela queria que eu fizesse? Robert e Noah eram meus irmãos e consequentemente
eram tios das meninas, mesmo Valentina sendo quase cinco anos mais velha que
eles. - E terceiro: Os dois podem parar de drama. Se querem ver esse jogo mesmo
é só ir pro quarto de brinquedos que tem uma televisão lá. - eles nem esperaram
eu terminar de falar e saíram correndo para o quarto de brinquedos. - E você
ainda quer um menino? - perguntei baixo a Edward que apenas sorriu.
Voltei para a cozinha para limpar a sujeira que
fiz com as pipocas e não demorou muito e senti as mãos de Edward em minha
cintura me abraçando.
- O que vai fazer na terça? -
- A mesma coisa que você. Trabalhar. -
respondi me virando de frente para ele. - Por quê? -
- Queria sair com você. -
- Tipo cinema e jantar? -
- A noite pode até ser, mas de manhã é
para outra coisa mesmo. -
- O que? -
- Acho que está na hora de colocarmos o
plano b em prática. - olhei para ele confusa. - Adoção! -
- Ah. Ainda faltam dois meses para o
prazo que você pediu. -
- Eu sei, mas eu meio que me confirmei
com o fato de que Deus não quer me dar um filho homem. -
- E o que exatamente você quer fazer na
terça de manhã? -
- Queria que você fosse comigo entrar com
o pedido de adoção. -
- Já escolheu a idade? -
- O que acha? - retrucou. - Qual idade
prefere? -
- Eu acho que antes de alguma coisa ser
feita, deveríamos conversar com as meninas. Mas respondendo a sua pergunta,
acho que é melhor acima dos três. - respondi levando as mãos para os seus
ombros. - Meu amor, você sabe que ainda temos dois meses para o prazo que
pediu, mas podemos dar mais uma extendida nele. Quando eu conversei aquilo com
você há cinco meses eu… Eu não quis te fazer pressão ou algo do tipo. -
- Eu sei. Mas eu estava pensando e você
tem razão, já tenho 45 anos e já não consigo cuidar de seis meninas. Eu quero
adotar de uma vez, assim eu ainda vou ter disposição e energia para brincar com
eles. -
- É só economizar a energia que gasta
quando faz sexo comigo. -
- Isso é uma coisa que eu nunca vou
fazer. - ele disse e eu sorri lhe dando um beijo nos lábios. - Vamos falar com
as meninas? -
- Agora? - assentiu. - Vamos. - Edward
segurou minha mão e nos guiou para a sala. Todas as garotas estavam sentadas no
chão, vendo um filme de comédia romântica na TV e comendo pipoca quando Edward
pegou o controle no sofá e desligou a TV.
- Pai! -
- Precisamos conversar. - disse se
sentando no braço do sofá e eu fiquei de pé em seu lado.
- Foi ela. - uma apontou para a outra.
- O que vocês fizeram? - perguntei.
- Nada! - responderam juntas e eu e
Edward nos entreolhamos, elas fizeram algo.
- Não é sobre isso que queremos falar com
vocês. - Edward começou e eu apoiei um de meus braços em seus ombros. - Eu e
sua mãe tomamos uma decisão. - ninguém falou nada e Edward apenas me olhou e eu
apertei seu ombro como em forma de dar apoio. - Nós vamos adotar um menino. -
as meninas ficaram quietas e nós encarando por alguns segundos que pareceram
uma eternidade.
- É sério? - Sophia perguntou.
- É filha. - respondi me sentando no colo
de Edward. - Eu e seu pai estávamos e estamos a algum tempo tentando ter um
menino, mas resolvemos adotar um. - expliquei.
- Quantos anos? - Valentina perguntou.
- Dos três para cima. -
- Como ele é? - Maddie e Mia perguntaram
juntas sorrindo.
- Nós ainda não fomos à agência, filha.
Resolvemos falar com vocês primeiro sobre isso.
- Edward explicou. - O que acham? - todas, menos Valentina, assentiram
sorrindo e Edward percebeu que ela ficara quieta, ele deu dois tapinhas de leve
na minha cintura para que eu me levantasse. - Valentina, vem cá. - pediu se
levantando.
- Leve, Edward. Leve. - falei baixo e ele
assentiu e os dois seguiram para a cozinha e eu voltei a ligar a televisão.
Eu dei um tempo para os dois conversarem, eu não
entendia porque Valentina estava agindo assim, ela ficou completamente feliz
quando contamos de suas irmãs. Deixei as garotas na sala vendo o resto do filme
e fui ver como os meninos estavam. Vendo o jogo com o rosto quase que grudado
na tv e em total silêncio. Tirei-os da frente da TV e segui para a cozinha.
- Você não ficou assim quando falamos de
Sophia, da trigêmeas e nem de Olívia. Qual é o problema agora? - ouvi Edward
perguntar a ela. Eles estavam na mesa de jantar, ambos de costas para mim.
- É que, parece que as meninas vieram
errado. Que vocês sempre quiseram um menino mas só vinha menina. - disse
cabisbaixa. - E o senhor sempre teve a aposta com a mamãe de ter um menino. -
- Eu admito que sempre quis um menino,
mas não muda o fato de eu amar todas vocês. E também não muda o fato de eu ter
ficado completamente feliz nos quatro partos e nos quatro ter vindo meninas. -
Edward disse segurando a mão da filha. - Querida eu amo vocês, se tem uma coisa
que eu mais gostei nessa vida foi te ter perdido as três apostas para a sua
mãe. - sorri. - Não pense que o fato que nós estarmos a um tempo tentando um
menino, ou o fato de que queremos um menino e nem que vamos adotar um menino,
signifique que não estamos felizes com vocês, porque estamos. Você é a minha
princesa. - Edward disse apertando o nariz da filha. - Minha princesa mais
velha e a minha mulher favorita. Você está até na frente de sua mãe. - Tina
saiu da cadeira e foi para o colo do pai e eu me aproximei em silêncio.
- E eu aceito não ser a favorita se eu
perder apenas pras minhas meninas. - disse dando um beijo na bochecha de Tina e
me sentando na cadeira a qual ela sentava há pouco. Meu marido tinha uma das
mãos em torno da cintura da filha e a outra ele segurou a minha. - Eu tive uma
ideia. - comentei sentando mais perto de dois. - Já tem um tempo que nós duas
não tiramos um dia só para nós duas. Então porque não fazemos o seguinte. No
próximo sábado, seu pai fica com as suas irmãs e eu e você e mais ninguém vamos
dar uma volta no shopping. - ela sorriu animada e me olhando. - Depois eu
compenso as suas irmãs. -
- Tá mamãe. - ela me deu um beijo na
bochecha.
- Vai lá terminar de ver seu filme, meu
amor. - ela deu mais um beijo no pai e outro em mim e foi para a sala.
- Deixa ver se eu entendi. - Edward
começou quando eu me sentei em seu colo. - Eu vou ter que tomar conta de cinco
pequenos demônios sozinho? -
- Vai. -
- É sábado que eu infarto. - comentou.
- Se quando eu chegar em casa e você não
tiver infartado. - comecei levando os meus lábios para perto de seu ouvido. -
Eu lhe recompenso muito bem. Muito bem mesmo. -
- Muito bem? - repetiu perguntando.
- Lembra de nosso último dia na lua de
mel? -
- Eu lembro. Aliás eu nem me lembro
direito da fantasia que eu arrumei para você. Eu só lembro de algo sem calcinha
e de ter marcado o meu Home Run. -
ele sorriu.
- E nós sabemos que você marcou. - ele
sorriu. - Eu te amo muito. -
- Eu também te amo minha vida. -
(...)
Na terça feira antes de irmos para o escritório
passamos em uma agência de adoção, onde Edward já tinha as primeiras papeladas
para dar início ao processo, com as nossas assinaturas e respondemos um pequeno
questionário. Aquilo era estranho, escolher uma criança através daquele
questionário era estranho. Escolher sexo, cor, idade.
A senhora que nos atendeu disse que dentro de um
mês nós iríamos receber uma visita de uma assistente social e de acordo com o
parecer da assistente poderíamos ir a um orfanato para um “dia de adoção” onde
as pessoas que tinham o parecer positivo iam para “escolher a criança”.
Esse um mês passou rápido, a assistente social
havia ido há alguns dias a nossa casa e agora só esperávamos pela resposta. Eu
estava na minha sala, a minha última cliente havia ido embora e eu só esperava
Edward para irmos para a casa. A minha gaveta onde a pasta de Charlie Morgan
parecia refletir, já tinha seis meses que ela estava trancada ali e eu ainda
não havia tido um tempo para ir até lá. Mas eu iria. Até o próximo mês eu ia.
- Querida. - Edward disse invadindo minha
sala extasiada.
- Oi. Que foi? -
- Tenho duas notícias para te dar. -
- Uma boa e uma ruim? -
- As duas são boas. - respondeu se
sentando a minha frente.
- Diga. -
- Recebi a resposta da Amber, a senhora
da agência de adoção. Ela disse que o nosso parecer foi mais do que positivo,
foi ótimo e que nesse final de semana terá um “dia de adoção” no orfanato de
Ottawa e ela nos enviou dois convites. Ela disse que vai estar lá e que se não
quisermos ir nesse, terá daqui a dois meses um “dia de adoção” aqui em Toronto.
-
- Ah meu amor, Ottawa não é tão longe,
podíamos ir e se nenhuma criança gostar de nós lá esperamos pela de Toronto. -
- Então eu vou ligar para ela para confirmar
que vamos. -
- E qual é a outra? -
- Eu… Eu marquei a vasectomia. -
- Prefere mesmo cortar a ter que usar
anticoncepcional? -
- Prefiro sim senhora. Já fez muito por
mim me dando cinco filhas lindas, eu não vou morrer por fazer uma vasectomia. -
- E qual é o tempo de recuperação? -
- Se tudo correr bem uns sete dias. Mas o
médico explicou que depois da operação ainda é preciso algumas ejaculações até
acabar o esperma e tal. -
- Pois bem… Assim que o período de
recuperação passar eu te recompenso muito bem. -
- A última vez que disse que iria me
recompensar foi… -
- A mais ou menos um mês. -
- Deus eu ainda tenho sonhos com aquela
fantasia… Céus. - ele fechou os olhos e soltou um pequeno gemido quando, depois
do shopping com Tina e das meninas irem dormir eu me fantasiei de policial e o
prendi na cama com um par de algemas. - Você não era assim querida. -
- Apenas esquentando a relação. -
- A nossa relação sempre foi quente. Você
apenas jogou mais pimenta em cima. - respondeu segurando minha mão. - A próxima
recompensa será daquele jeito? -
- Talvez. Vai depender do seu amiguinho
se ele conseguir subir ou não. - provoquei.
- Por que você não me recompensa antes de
eu fazer a operação, já que eu terei que ficar uma semana sem sexo. E se for
igual aquela semana que eu fiquei sem sexo antes de fazer o teste para ver se
meus espermatozoides estavam funcionando… Querida, você me provocou e muito. Andando
nua a minha frente. -
- Eu posso pensar no seu caso. Uma bela
despedida pros seus amiguinhos espermas? - brinquei e ele riu. - Quando será a
cirurgia? -
- No final do mês. - segurei sua mão
entre as minhas e as levei até os meus lábios, dando um beijo nelas. - Vamos
para casa? - assenti.
Eu juntei minhas coisas e nós fomos embora,
chegamos cedo a casa, as meninas chegaram quase que junto conosco. Deixamos-as
fazendo seus deveres de escola e depois de termos tomado um banho e colocado
roupas mais confortáveis fomos para a cozinha fazer o jantar juntos com uma
taça de vinho cada.
O lado bom e ruim das meninas estarem em casa era
que nós estávamos bebendo vinho e ele me provoca um pouco e ele sabia que eu
ficava mais solta após beber um pouco de vinho, mas hoje não passava disso. De
provocações, principalmente com as meninas acordadas e podendo vir até a
cozinha, mas também não significa que não rolaram algumas mãos bobas.
O final de semana chegou rápido e eu estava
nervosa. Se nenhum menino daquele orfanato gostar de nós? Não gostar de mim? Eu
tomei banho com esse pensamento pairando em minha cabeça e fiquei com uma
tremenda vontade de fingir estar passando mal e ficar no hotel.
O dia de adoção seria no sábado às 9h AM e para
chegarmos cedo viemos na sexta à tarde, deixando as meninas com os avós. Mas eu
não podia fingir que estava passando mal, até porque eu acho que realmente
estava passando mal, meio enjoada, o nervosismo sempre me deixou enjoada. Mas
eu não podia fazer isso, eu tinha que fazer por Edward, com certeza nós iríamos
encontrar algum menino que gostasse de nós dois, quer dizer, de mim.
Após terminar de tomar banho fui me vestir,
engolindo a vontade de vomitar. Vesti uma calça jeans de lavagem escura e
coloquei uma blusa de mangas curtas branca com listras na horizontal pretas e
um blazer azul marinho e saltos plataforma azul marinho.
- Você está bem? - Edward perguntou
depois que eu terminei de pentear o cabelo.
- Meio enjoada. Mas deve ser apenas
nervosismo. - confessei.
- Por quê? - perguntou encostando-se a
porta do banheiro.
- Se não gostarem de mim? -
- Amor. - ele se afastou da porta. - Por
que diabos eles não gostariam de você? Você é um amor e uma mãe excelente. Eles
vão gostar de você! - disse segurando meu rosto. - Não precisa ficar nervosa,
meu anjo. -
- Tudo bem. - respirei fundo.
- Pronta? - assenti e ele me deu um beijo
na testa. - Então vamos. - saímos do banheiro e eu peguei minha bolsa pequena e
deixamos o quarto do hotel seguindo para o orfanato.
O orfanato era um pouco mais afastado do centro,
era um casarão antigo, com um enorme quintal nos fundos para que eles pudessem
brincar. O estacionamento estava lotado, era muita gente tentando conquistar
uma criança, nesse orfanato tinha crianças apenas acima dos três anos. Descemos
do carro e a ânsia voltou de novo e eu apenas a engoli, Edward segurou minha
mão firme e nós entramos.
Não demorou muito e encontramos com Amber que nos
apresentou a diretora do orfanato e nós disseram que caso escolhêssemos algum
menino era só procurá-la e nós deixou livre para andar pelo local.
A maioria das pessoas estava do lado de dentro e
nós resolvemos começar pelo lado de fora. No canto mais afastado do jardim,
sentado no balanço sozinho, debaixo da sombra de uma enorme árvore, tinha um
pequeno garotinho. Edward também o viu e me puxou para lá.
- Oi. - Edward disse atraindo a atenção
dele. Ele era tão fofo, moreno com o cabelo um pouco encaracolado e com olhos
castanhos escuros.
- Oi. - disse olhando para o chão.
- Eu sou o Edward e essa é a minha esposa
Bella. - Edward falou se agachando a sua frente e me puxando delicadamente para
me agachar ao seu lado. - E você? -
- Harry. - disse cabisbaixo.
- Por que está tão afastado? - perguntei.
- Não gosto desses dias. -
- Por quê? -
- Ninguém gosta de mim. Muitos prometem
voltar mais nunca voltam. E a maioria quer mais velhos ou meninas. -
- Tem quantos anos fofinho? -
- Cinco. - respondeu mexendo bem devagar
no balanço.
- Bom… - Edward começou. - Nós estamos
procurando por um menino. - ele levantou a cabeça. - E nós queríamos um menino
entre os três e seis anos. - olhei de rabo de olho para Edward. Nós combinamos
de ser dos três para cima, mas não estipulamos uma idade limite. - Sabe, o
menino que gostar de nós dois terá uma família bem grande. -
- Frisando o bem. - sorri. - O menino que
nos escolher terá seis irmãs. -
- Quatro avós super babões. - Edward
continuou. - Tios e primos. -
- Quer dar uma chance para gente? Somos
legais. - sorri.
- E os biscoitos dela são deliciosos. -
ele negou. - Por que não? -
- Todos falam a mesma coisa e depois não
voltam. -
- E se prometemos voltar e prometemos que
tentaremos conseguir com a diretora que você passe um dia conosco e com as
nossas meninas? - perguntei. - Nós queremos muito um menininho e você é tão
fofo que estou quase pegando você e apertando. - ele sorriu um pouco revelando
um sorriso fofo.
- Acredite em mim. O abraço dela é bem
confortável… Quer saber… Querida levante. - disse levantando.
- Por quê? -
- Ele está em um balanço. Vou empurrá-lo.
-
- Devagar para não machucá-los. - pedi me
levantando e me sentando no balanço vazio ao lado do dele.
- Olha… Se me der à honra de ser seu pai.
- Edward disse segurando as cordas do balanço. - Eu vou ensinar você a
conquistar a mulher dos seus sonhos. - brincou e o pequeno Harry levantou a
cabeça. - Acredite, meu pai também me ensinou e deu certo… Olha a mulher que eu
tenho do lado. Se ela não é perfeita eu não sei o que é perfeição. -
- E você já tem um grande passo. É lindo
e fofo. Acredito que quando crescer será muito bonito e fofo. Porém, você é
muito novo para aprender essas coisas. Então, caso o meu maridinho queria lhe
ensinar algo, será a jogar futebol, basquete ou beisebol. - Harry riu do olhar
feio que mandei a Edward.
Nós ficamos o dia todo com Harry no balanço,
Edward o empurrou e ele estava mais aberto a nós. Eu havia gostado dele, muito
e Edward também, e mesmo querendo muito entrar com o processo de adoção, nós
precisávamos saber primeiro como seria a relação com as meninas. E graças a
Deus a diretora do orfanato era um anjo e permitiu que no próximo final de
semana nós levássemos Harry para tomar um sorvete próximo ao orfanato.
E no final de semana seguinte nós voltamos lá com
as meninas. E Harry ficou bem surpreso quando viu que nós voltamos para vê-lo e
ficou mais surpreso ainda quando a diretora disse que poderíamos levá-lo até a
sorveteria. Nós compramos sorvetes para eles e depois de voltarmos para o
orfanato deixamos as meninas com ele, sozinhos, por um tempo para que se
conhecessem.
Pelo visto todas haviam gostado dele e ele delas,
até Valentina, que estava meio receosa quando contamos que queríamos adotar um
menino, estava feliz e brincando com o possível novo irmão. Eu e Edward
estávamos encostados em um dos postes de iluminação do quintal, um pouco
afastados deles, Edward encostado no poste e eu encostado em ao seu peito.
- Querida. - Edward chamou-me a atenção e
eu desviei os olhos das crianças. - E ele? - perguntou e eu olhei mais uma vez
para os sete. Valentina estava à vontade com ele, Olívia, a mais nova, também,
Sophia e as trigêmeas igualmente e ele parecia que havia gostado delas.
- É. - respondi o encarando. - Ele é o
nosso menino. - sorri e ele me abraçou forte.
À noite, na hora de ir embora, Edward contou a
diretora e as crianças a nossa decisão de adotar o pequeno Harry. Agora estava
tudo nas mãos da diretora e da justiça, e Edward disse que ficaria em cima para
apressar o caso. E sempre que podíamos e tínhamos a chance vínhamos ver o
menino.
O final do mês chegou, Edward iria fazer a
vasectomia amanhã e eu aproveitei que hoje ele iria passar o dia todo no
tribunal, inventei uma desculpa e finalmente fui até Kingston. Como Edward
havia ido direto pro tribunal e do tribunal direto pra casa, eu fui para o
escritório em meu carro e sozinha. Parei o carro em frente ao endereço que
Patrick me passou e fiquei uns vinte minutos dentro do carro, pensando se eu
deveria ou não fazer aquilo.
Eu não havia gastado dinheiro à toa. Eu tinha
coisas que queria por para fora e iria fazer isso hoje. Respirei fundo algumas
vezes e sai do carro, caminhando firme até a porta do apartamento.
Respirei fundo, eu sentia minhas mãos tremendo,
apertei-as em punho. Respire, Isabella.
Respire. Diga o que tem para dizer e vai embora. É simples. Meu cérebro
disse e eu respirei fundo me acalmando e toquei a campainha. Não demorou muito
e um homem alto com o cabelo castanho escuro liso, com alguns fios grisalhos,
olhos escuros e um bigode espesso em cima dos lábios, que trajava uma calça
jeans simples é uma camiseta velha e tinha uma garrafa de cerveja em mãos.
- O que quer? - perguntou indiferente
bebendo um gole da cerveja.
- Charlie Morgan? -
- O mesmo. Quem é você? -
- Quem sou eu? - perguntei entre os dentes. - Eu
sou sua filha. A filha que você teve com Renné Swan e que a abandonou sozinha e
grávida há 33 anos. -