domingo, 14 de janeiro de 2018

Capitulo Vinte e Dois: Charlie Morgan.

Pov. Bella.
Toronto - Canadá.

Edward estava parado na porta de minha sala e eu podia ver seu telefone em mãos e um semblante de preocupação no rosto. Infelizmente o dia que mais queríamos que não chegasse, chegou. Edward negava, mas eu sabia que ele tinha medo de Tanya aparecer e querer procurar por Valentina e ele tinha pavor de Valentina acabar gostando dela. Sem falar nada eu me levantei da cadeira e caminhei até ele. Levei as mãos até a sua nuca, puxando-o para um abraço.

- Está tudo bem, meu amor. – disse o abraçando forte. – Ela não vai atrás da Tina. –

- Espero que não. – disse contra o meu pescoço.

- Hey. – tirei seu rosto de meu pescoço, segurando-o com as duas mãos. – Esquece isso, Tanya faz parte do passado, não do nosso presente e muito menos do nosso futuro. – ele respirou fundo. – Lembra-se do que aconteceu nessa sala a tarde inteira? – ele sorriu de lado.

- Claro que lembro. –

- Lembra-se do que me prometeu agora a pouco? – ele me encarou com a sobrancelha levantada. – Me levar para casa, terminar o que começamos aqui e quebrar a cama. –

- Você é insaciável não é menina? –

- Bom, é culpa sua. Antes de eu dormir com você a primeira vez, eu não era assim. – disse acariciando a sua bochecha. – E a propósito, as meninas vão dormir na casa da avó, o que significa que teremos a casa só para nós dois. Podemos transar em qualquer lugar. – ele levou as mãos para a minha cintura, apertando-a forte. – Vai pegar as suas coisas meu amor, que eu vou te fazer esquecer esse telefonema. – garanti e ele me deu um beijo rápido.

Edward foi pegar suas coisas e eu entrei pegando a pasta e guardando dentro de minha bolsa. Após pegar tudo e me certificar de que estava tudo desligado, para que quando a luz voltasse não viesse com uma sobrecarga de energia e queimasse tudo, deixei minha sala e encontrei-me com Edward me esperando próxima a escada de incêndio.

Deus! Descer vinte lances de escada! No escuro! É hoje que eu vou para o hospital ou para debaixo da terra. Tirei meus saltos e devagar descemos os degraus, iluminando-os com as lanternas de nossos celulares. Eu meio que tinha pavor de descer escadas no escuro, com pouca luz, principalmente depois de assistir tantos filmes de terror. Edward descia rindo enquanto me via descendo as escadas com as costas grudadas a parede, assim eu podia ver quem vinha de trás de mim e da minha frente.

Finalmente chegamos ao estacionamento e eu basicamente corri para o caro, era o único ali, e bom, muitos filmes de terror tem alguma cena em estacionamentos escuros e vazios, é de praxe. Edward abriu a porta e eu entrei, iluminando o banco de trás apenas para me certificar de que não tinha ninguém ali. Edward entrou no banco do motorista rindo e falando que eu tinha que parar de ver filmes de terror. E eu concordava.

Depois de deixarmos o estacionamento e nós seguimos para as ruas, quase vazias, de Toronto, eu relaxei um pouco na minha paranoia, mas também não coloquei meus saltos. Edward dirigia devagar pelas ruas molhadas e com a tempestade caindo um pouco mais fraca, e eu estava sentada de lado no banco, com o cinto de segurança, vendo-o dirigir e cantarolar a musica que tocava na rádio. Quando ele parou no sinal vermelho, eu me debrucei um pouco sobre ele e lhe dei um beijo estalado em sua bochecha.

Céus, como eu amo esse homem! Depois de dez anos de casados, parecia que esse amor apenas aumentava mais ainda e que iria aumentar mais ainda. Edward foi dirigindo até a nossa casa, com a mão em minha coxa, tirando-a de lá apenas para mudar a marcha.

Não demorou muito e nós estávamos em casa. O carro estacionado na garagem, ao lado do meu, que ele insistiu em me dar para que eu pudesse me locomover tranquilamente, e do carro enorme de família, que era quase um ônibus. Assim que deixamos o carro e ele apertou o botão pendurado nas chaves, para acionar o alarme, Edward atacou-me com ferocidade, pressionando-me contra a lateral de seu carro. Não parecia que tínhamos feito sexo à tarde inteira.

(...)

- Pelo amor de Deus. – começou ofegante. – Me fala que está satisfeita. – pediu e eu me virei na cama, agora com os pés quebrados e a cabeceira também, e dando um beijo em seu peito, que subia e descia conforme ele buscava o ar.

- Estou sim. Muito mais do que apenas satisfeita. Extasiada. Nas nuvens. E provavelmente vou acordar com um enorme incomodo no meio das pernas, e eu não ligo. – respondi sorrindo e ele sorriu de volta, levantando o braço e acariciando o meu rosto.

- Graças a Deus, porque, mulher, eu não sou mais novo. – ele falava sorrindo. – Se você dissesse que ainda estava excitada, Deus, eu ia ter que tomar um frasco de Viagra, primeiro eu teria que ir comprar um. – comentou e eu ri. – Porque meu pau não sobe mais hoje, nem com reza braba. – disse e eu ri mais ainda.

- Ele não precisa subir mais. – comentei parando de rir e levando meus lábios a sua orelha. – Ele fez um trabalho excelente o dia inteiro. – disse e beijei seu pescoço. – Posso falar uma coisa? –

- Se você falar que quer transar de novo, eu jogo você na banheira cheia de gelo para ver se apaga o fogo da sua buceta. – reclamou e eu comecei a rir.

- Não é isso. –

- Graças. Então? –

- Eu estou cheia de fome. – comentei e no mesmo instante o meu estomago confirmou o que eu disse roncando alto, até porque hoje eu só havia tomado o café da manhã e nada mais. – A única coisa que comemos o dia inteiro foi o café da manhã. –

- E o gozo um do outro. – comentou baixo virando o corpo de lado.

- E por mais que o seu seja delicioso. Não mata a fome. E eu estou cheia de fome. – e meu estomago roncou de novo. – E eu não se sei tomo banho primeiro, para tirar o suor do corpo, ou se como. –

- Quer mesmo tomar banho? Seu corpo exala o cheiro de sexo! –

- Eu sei. E o cheiro é delicioso, principalmente porque o seu cheiro está incrustado em minha pele. Mas, meu amor, eu estou mais suada que um porco. - ele riu. - Daqui a pouco eu vou começar a passar mal devido ao calor e aí eu não vou querer dormir agarrada a você. -

- Vamos tomar banho. - disse se levantando e eu ri.

- Me alimente primeiro. - pedi.

- Não quer tomar banho enquanto eu faço algo para comermos? -

- Não, porque eu estou cansada, não sinto minhas pernas direito e adoraria que meu marido me ajudasse a tomar banho. - comentei ainda de bruços na cama e ele se abaixou um pouco, mordendo a minha bunda.

- Com prazer. - ele se levantou e deu uma tapa em minha bunda. Edward se levantou, deixando o lençol cair no chão, revelando-me a sua nudez e eu estiquei a mão apertando sua bunda redondinha. - Hey! - ele se virou de frente para mim.

- Que? - perguntei inocente. - Você pode morder, apertar e bater na minha bunda e eu não? Direitos iguais querido. - ele riu.

- Vem amor. - ele estendeu a mão e eu a segurei. Edward ajudou-me a levantar.
Ao contrário do que eu pedi, Edward me levou para o banheiro para tomar um banho primeiro. Nós estávamos cansados e com fome, portanto o banho seria rápido, no chuveiro. O braço de Edward estava rente a minha cintura, abraçando-a forte contra o seu corpo e com a mão livre abriu o registro do chuveiro e a água morna caiu em nossos corpos.

Edward me ajudou a tomar banho, passando as mãos pelo meu corpo ensaboado lentamente. Ele lavou meus cabelos, massageando com couro cabeludo com as pontas dos dedos e fazendo-a relaxar com a cabeça contra o seu peito.

Terminamos o banho e após nos secarmos seguimos para o closet. Coloquei apenas uma calcinha larga é uma camisa de Edward, que acabava na metade de minhas coxas. Edward colocou apenas uma cueca e uma calça de moletom e após eu terminar de secar, o máximo possível, o meu cabelo com a toalha, nós descemos para a cozinha.

Eu me sentei em um dos bancos da bancada de café da manhã. Edward fez apenas dois sanduíches e despejou dentro de uma vasilha um saco enorme de batatinhas e pegou duas garrafas de cerveja. Eu me levantei do banco e ele se sentou no mesmo e eu me sentei em seu colo.

Após terminarmos de comer e limpar a bagunça, Edward foi conferir se a casa estava toda trancada e o alarme ligado, eu peguei nossas roupas, que estavam espalhadas desde a entrada da garagem para casa até a cozinha. Levei as roupas para a lavanderia, amanhã eu dava um jeito nelas e subimos as escadas indo para o quarto.

No dia seguinte, mal acordamos, nem trocado de roupa tínhamos trocado ainda, estávamos apenas na cozinha fazendo o café, quando o síndico, do prédio onde fica o escritório de Edward, ligou avisando que a luz ainda não voltara, que devido à tempestade alguns fios se romperam e a companhia elétrica teria que ir lá para consertar e que a luz só voltaria amanhã.

O mundo quase desabou do lado de fora do escritório e nós nem nos demos conta. Hoje o dia estava mais calmo, o céu estava limpo e não parecia que iria chover hoje, quando mais cair uma tempestade.

Como havíamos acordado bem cedo, achando que teríamos que ir para o trabalho, nós tomamos café e após lavarmos a louça, ficamos um tempo sozinhos na sala, assistindo ao jornal. Esme ficou encarregada de levar as meninas para a escola e nós iríamos buscá-las depois e iríamos dar uma volta pelo shopping com elas, até porque teríamos que comprar uma cama nova.

- Meu amor. - o chamei depois que o jornal acabou.

- Oi? - Edward estava sentado no sofá, com as pernas em cima do sofá e eu no meio delas é com a cabeça apoiada em seu peito e ele fazia cafuné em meus cabelos.

- Quer ver o próximo jornal? - perguntei vendo a chamada do jornal começando.

- Por quê? - perguntou e eu me afastei de seu peito, me sentando em seu colo, com uma perna de cada lado de seu quadril.

- Estou entediada. - comentei. - Desaprendi a ficar a manhã inteira sem fazer nada. - ele sorriu. - São dez anos acordando cedo pra trabalhar ou pra cuidar das crianças. Eu estou muito entediada. -

- Ora, cuida de mim. -

- De você? Eu não tenho que te dar banho, trocar sua fralda, mamadeira, ficar de olho para você não matar suas irmãs… -

- Não era nesse tipo de cuidar que eu me referia. -

- Então? - perguntei e ele deitou no sofá, deixando-me por cima dele é subindo com suas mãos para o meu quadril, apertando minha bunda. - Você não me disse ontem que não era mais novo e que seu pau não subiria de jeito nenhum?

- Isso foi ontem… Podemos terminar de quebrar a cama. -

- Depois eu que sou insaciável, não é? -

- Você é gostosa. É impossível não ficar duro, principalmente quando você está apenas de calcinha em cima do meu pau e usando uma camisa minha. - ele apertou minha bunda mais forte. - Podemos continuar a nossa variação… Já tem tempos que não transamos de manhã. -

- Amor ou sexo? - perguntei abaixando o meu corpo.

- Sexo! Por favor, sexo! O mais puro, luxuriante, simples e bruto sexo! - disse e eu sorri.

- Só vai querer fazer sexo comigo, agora? - perguntei apoiando meus braços em seu peito e deixando meu rosto próximo ao seu. - Nunca mais vai querer fazer amor comigo? -

- Eu sempre vou querer fazer amor com você. Mas não posso negar que o sexo é algo maravilhoso. -

- É por isso, ou é porque no sexo você pode usar palavras de baixo calão comigo? -

- Você gosta! - comentou e segurou meu queixo. - Você ama quando eu falo que você é a minha vadia. - dei uma tapa na lateral de sua cabeça.

- Olha o respeito com a mãe de suas filhas. -

- É com todo o respeito que eu digo isso. - ele roçou o nariz no meu. - E você sabe que gosta. Eu vejo o jeito que fica quando eu falo assim, quando eu sou um pouco mais bruto, eu vejo o jeito que seu corpo reage a isso, não negue. Eu já lhe disse milhares de vezes, eu sou um lorde, mas não quando o assunto é sexo. Fora da cama, fora do quesito sexo, eu trato você com uma rainha, não tire a minha felicidade ao ver como o seu corpo reage a palavras de baixo calão. - disse com os lábios próximos ao meu ouvido.

- Posso te contar um segredo? -

- Todos que quiser. - disse mordendo o lóbulo de minha orelha.

- Minha calcinha está molhada. -

- Deixa que eu resolvo. - rapidamente ele nos virou no sofá, deitando-me nele e ficando por cima de mim, levando a cabeça para o meio de minhas pernas, enquanto a abria e me encarou com o olhar malicioso. - Molhada? Querida, ela está encharcada. Sua calcinha está praticamente transparente. -

(...)

- Edward chega. - comentei rindo e tirando o cobertor de cima de nossas cabeças enquanto ele beijava minha nuca. - Chega. -

- Por quê?  Está tão bom aqui! - ele prensou mais contra o seu corpo contra mim e eu senti seu pau duro contra a minha bunda.

- Nós temos que ir buscar as meninas. Lembra, o dia no shopping? -

- Como é que eu posso pensar em dia no shopping duro? - me virei de frente para ele.

- Beleza. Você goza e nós vamos tomar banho e buscar as meninas. E a noite nada de sexo. -

- Nem uma rapidinha? - neguei. - Preliminares? - neguei de novo. - Amor? -

- Nada que envolva seu pau, seus dedos ou sua boca dentro de mim. -

- Eu sempre faço o que você quer… - resmungou. - Mas faça essa foda agora valer a pena. -

- Eu sempre faço. - provoquei subindo em seu colo e recebendo uma tapa estalada e ardida na minha bunda.

(...) 

Finalmente depois de mais uma rapidinha e algumas pequenas provocações nós terminamos de tomar banho e nos vestimos o dia estava quente hoje e não dava a impressão de que iria mudar. Coloquei um macaquinho branco, o short batia no meio de minhas coxas e prendia em volta do meu pescoço com babados na frente e flores azuis e marrons. Prendi meu cabelo em um coque mal feito e calcei um par de rasteirinhas simples, peguei uma bolsa marrom e um casaco branco fino pendurado nela e depois que Edward estava pronto, fomos buscar as meninas na escola, e nós já estávamos vinte minutos atrasados.


Não demorou muito e nós chegamos à escola das crianças, ela sabia que nós iríamos buscá-las para levar para dar uma volta pelo shopping, então elas já estavam em um banco, debaixo de uma árvore e assim que Edward buzinou ao parar o carro no meio fio, elas entraram no carro, prendendo Olívia na cadeirinha.

- Oi mãe. Oi pai. - Valentina disse colocando o rosto entre o meu banco e do pai, dando um beijo em nossas bochechas.

- Oi meus amores. Como foi a aula? - perguntei.

- Boa. - responderam juntas.

- Se comportaram ontem na casa da avó de vocês? -

- Sim. -

- Ótimo! -

- Papai, nós podemos comer no shopping? - Maddie perguntou.

- Hoje vamos fazer o que vocês quiserem. Comer. Cinema. O que quiserem. - Edward respondeu e as meninas soltaram gritinhos alegres e eu sorri.

Em pouco tempo nós chegamos ao shopping, e após ele estacionar o carro, as meninas prontamente pularam dele, deixando as mochilas no carro e eu peguei Olívia no colo. As garotas estavam com fome e eu não podia negar que eu também, então a primeira coisa que fizemos ao entrarmos no shopping era ir para a praça de alimentação, primeiro achar uma mesa e depois ir com as meninas pegar o que elas queriam comer. E obviamente não nos surpreendeu o fato que ambas quiseram o McDonald's ou Burger King.

Ao terminar de comer e de Olívia se entreter com o brinquedo do McLanche Feliz, as meninas queriam ir ao cinema e nós a levamos.

Nós só chegamos em casa à noite, todas tomaram seus banho e caíram direto na cama cansados e eu e Edward fizemos o mesmo. Amanhã seria um longo dia no trabalho.

Quatro dias depois e era o dia que o resultado de Edward sairia e de lá iríamos para o consultório da Sue, já que era hoje o dia que eu havia marcado o meu exame e Edward insistia em ir comigo. Depois das crianças se aprontarem, tomarem café e saírem para a escola, eu fui tomar um banho e me vestir enquanto Edward terminava de se ajeitar. Coloquei uma calça jeans escura e uma camisa rosa bebê de mangas compridas, com um pequeno decote que era coberto pelo fino laço de cima no pescoço. Calcei meus saltos, que tinha uma pequena tira passando rente ao meu tornozelo, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo, o soltaria quando chegasse ao escritório, peguei minha bolsa e fomos embora.


Primeiro era o exame de Edward. O médico disse que com ele estava muito bem e que era normal na idade de Edward à dificuldade para engravidar, mas que estava tudo bem, era apenas questão de continuar tentando. Edward ficou mais calmo, mas eu não, com ele estava tudo bem, eu não tinha dúvidas disso antes do resultado sair, mas e se o problema fosse comigo?

- Qual o problema? - Edward perguntou enquanto o elevador subia para o andar do consultório de Sue.

- Nenhum. - ele segurou minha cintura e me olhou no fundo dos olhos.

- Calma meu amor, você vai ver que o seu exame também dará que está tudo certo. -

- E se não der? -

- Vai dar. E se não der… Como você mesmo lembrou, podemos adotar um menino. - respondeu levando as mãos para o meu rosto e me dando um beijo. - Não se preocupe. - disse tentando me acalmar.

Nós chegamos ao consultório e entramos em menos de cinco minutos. Eu expliquei a situação a Sue e Edward ainda mostrou o resultado de seus exames para ela, que também constatou, que com ele, estava tudo bem. Os meus exames eram mais complexos que o de Edward, ele tinha apenas que se masturbar e o resto o laboratório faria, mas não o meu. Os meus eram muitos e complexos e pelo que ela disse, demoraria um pouco mais de um mês para saber se estava tudo bem com o meu útero.

Ela passou os exames e explicou como deveriam ser feitos e disse que quando eu tivesse todos eles em mãos, para voltar lá. E nós seguimos para o escritório.

Eu não havia conseguido me concentrar em nada o dia todo, em nenhum caso, em nada. A dúvida é a insegurança de que o problema ser comigo, mesmo depois de eu ter cinco filhas, martelava em minha cabeça e a pasta que Patrick me trouxe semana passada, também martelava na minha cabeça. Eu ainda não havia a lido, nem uma linha. Apenas o nome.

Edward estava no tribunal e me encontraria em casa e eu ainda teria quarenta minutos antes de ter que atender a última cliente do dia. Levantei-me rapidamente e corri até a porta a trancando e ao me sentar de novo, puxei a pasta de minha bolsa, a abrindo.

Nome: Charlie Morgan.
Idade: 55 anos.
Endereço: Lily Ln. 54. Kingston, Québec. (próximo ao City Park)

Eu fiquei cerca de meia hora olhando aquela simples informação. Ele morava a poucas horas de mim. E mesmo assim nunca havia se importado em aparecer. Virei à página para ler o resto do relatório, eu tinha que confessar, Patrick fez um trabalho excelente, fazia jus ao preço que cobrava, ele tinha toda a rotina de Charlie, a única coisa que faltou foram quantas vezes ele ia ao banheiro.

7:30 AM: Os movimentos começam dentro de seu pequeno apartamento.
8:00 AM: Ele sai e caminha a padaria no final do quarteirão, na maioria das vezes fumando.
8:15 AM: Ele volta da padaria.
16 PM: Da hora que ele volta da padaria ele fica trancado dentro de casa, raramente recebe visitas, e só volta a sair de casa por volta das 16 PM.
16:30 PM: Ele vai para um bar meia boca a quatro quarteirões de onde ele mora.
03:30 PM: Ele sai do bar, sendo basicamente enxotado pelo dono, que quer fechar e ele vai cambaleando, trôpego, completamente bêbado até em casa, voltando a sair apenas as 7:30h.

E acompanhando das poucas mas precisas informações tinham algumas fotos de vigilância. De seu apartamento. Dele saindo, indo a padaria, voltando dela. Ele saindo para o bar, do bar, e ele sendo enxotado do bar e cambaleando trôpego até seu apartamento caindo aos pedaços.

Eu terminei de reler o relatório e peguei meu celular chegando o Google Maps. Segundo ele o trajeto daqui de Toronto a Kingston são de cerca de três horas. Eram 17h, eu não podia ir lá hoje, daqui a pouco acabaria o expediente e eu tinha que ir pra casa, minhas filhas estão me esperando e meu marido também estará me esperando assim que ele sair do tribunal.

Quando eu tivesse tempo eu iria, fechei a pasta e guardei-a no fundo da gaveta, a trancando, ninguém poderia saber dela até que eu resolvesse isso, principalmente Edward.

Ângela ligou avisando que a última cliente chegara e eu levantei para abrir a porta. Conduzindo-a até a minha mesa e me sentando em minha poltrona de frente para ela e abrindo sua pasta.

Quatro Meses Depois

Quatro meses se passaram desde que eu comecei a fazer os exames para ter outro bebê, e segundo Sue, estava tudo normal, ela não entendia porque simplesmente eu não engravidava. Desde que Tanya deixou a cadeia ninguém teve mais notícias dela, ninguém sabe se ela deixou o estado ou o país ou o que.

Já era noite de um sábado, minha mãe e Phil haviam pedido para cuidarmos dos meninos pelo final de semana para que eles pudessem ter um tempinho para eles, uma coisa que eles não tinham desde que os gêmeos nasceram. E bom, para quem já cuida de seis meninas, qual o problema de vir mais dois meninos?

- Não! Coloca na ESPN. - Noah pediu.

- Que ESPN o que… Nós vamos ver filmes. - Valentina retrucou enquanto eu levava dois potes enormes de pipoca para sala.

-O que? Não! - os meninos reclamaram.

- Mas são os playoffs do futebol. -

- Não interessa. -

- Edward! - os garotos voltaram-se para o meu marido que estava no sofá lendo o jornal.

- Não me metam nisso. - disse sem nem ao menos desviar os olhos do jornal enquanto eu colocava as bacias de pipoca na mesa do centro.

- Primeiro. - disse dando uma tapa na cabeça de Edward e arrancando o jornal de sua mão. - Eu pedi para ficar de olho neles e não para ler jornal enquanto eles quase se matam. - me voltei para Tina. - Segundo: Valentina não grite com seus tios. - ela me olhou feio. O que ela queria que eu fizesse? Robert e Noah eram meus irmãos e consequentemente eram tios das meninas, mesmo Valentina sendo quase cinco anos mais velha que eles. - E terceiro: Os dois podem parar de drama. Se querem ver esse jogo mesmo é só ir pro quarto de brinquedos que tem uma televisão lá. - eles nem esperaram eu terminar de falar e saíram correndo para o quarto de brinquedos. - E você ainda quer um menino? - perguntei baixo a Edward que apenas sorriu.

Voltei para a cozinha para limpar a sujeira que fiz com as pipocas e não demorou muito e senti as mãos de Edward em minha cintura me abraçando.

- O que vai fazer na terça? -

- A mesma coisa que você. Trabalhar. - respondi me virando de frente para ele. - Por quê? -

- Queria sair com você. -

- Tipo cinema e jantar? -

- A noite pode até ser, mas de manhã é para outra coisa mesmo. -

- O que? -

- Acho que está na hora de colocarmos o plano b em prática. - olhei para ele confusa. - Adoção! -

- Ah. Ainda faltam dois meses para o prazo que você pediu. -

- Eu sei, mas eu meio que me confirmei com o fato de que Deus não quer me dar um filho homem. -

- E o que exatamente você quer fazer na terça de manhã? -

- Queria que você fosse comigo entrar com o pedido de adoção. -

- Já escolheu a idade? -

- O que acha? - retrucou. - Qual idade prefere? -

- Eu acho que antes de alguma coisa ser feita, deveríamos conversar com as meninas. Mas respondendo a sua pergunta, acho que é melhor acima dos três. - respondi levando as mãos para os seus ombros. - Meu amor, você sabe que ainda temos dois meses para o prazo que pediu, mas podemos dar mais uma extendida nele. Quando eu conversei aquilo com você há cinco meses eu… Eu não quis te fazer pressão ou algo do tipo. -

- Eu sei. Mas eu estava pensando e você tem razão, já tenho 45 anos e já não consigo cuidar de seis meninas. Eu quero adotar de uma vez, assim eu ainda vou ter disposição e energia para brincar com eles. -

- É só economizar a energia que gasta quando faz sexo comigo. -

- Isso é uma coisa que eu nunca vou fazer. - ele disse e eu sorri lhe dando um beijo nos lábios. - Vamos falar com as meninas? -

- Agora? - assentiu. - Vamos. - Edward segurou minha mão e nos guiou para a sala. Todas as garotas estavam sentadas no chão, vendo um filme de comédia romântica na TV e comendo pipoca quando Edward pegou o controle no sofá e desligou a TV.

- Pai! -

- Precisamos conversar. - disse se sentando no braço do sofá e eu fiquei de pé em seu lado.

- Foi ela. - uma apontou para a outra.

- O que vocês fizeram? - perguntei.

- Nada! - responderam juntas e eu e Edward nos entreolhamos, elas fizeram algo.

- Não é sobre isso que queremos falar com vocês. - Edward começou e eu apoiei um de meus braços em seus ombros. - Eu e sua mãe tomamos uma decisão. - ninguém falou nada e Edward apenas me olhou e eu apertei seu ombro como em forma de dar apoio. - Nós vamos adotar um menino. - as meninas ficaram quietas e nós encarando por alguns segundos que pareceram uma eternidade.

- É sério? - Sophia perguntou.

- É filha. - respondi me sentando no colo de Edward. - Eu e seu pai estávamos e estamos a algum tempo tentando ter um menino, mas resolvemos adotar um. - expliquei.

- Quantos anos? - Valentina perguntou.

- Dos três para cima. -

- Como ele é? - Maddie e Mia perguntaram juntas sorrindo.

- Nós ainda não fomos à agência, filha. Resolvemos falar com vocês primeiro sobre isso.  - Edward explicou. - O que acham? - todas, menos Valentina, assentiram sorrindo e Edward percebeu que ela ficara quieta, ele deu dois tapinhas de leve na minha cintura para que eu me levantasse. - Valentina, vem cá. - pediu se levantando.

- Leve, Edward. Leve. - falei baixo e ele assentiu e os dois seguiram para a cozinha e eu voltei a ligar a televisão.

Eu dei um tempo para os dois conversarem, eu não entendia porque Valentina estava agindo assim, ela ficou completamente feliz quando contamos de suas irmãs. Deixei as garotas na sala vendo o resto do filme e fui ver como os meninos estavam. Vendo o jogo com o rosto quase que grudado na tv e em total silêncio. Tirei-os da frente da TV e segui para a cozinha.

- Você não ficou assim quando falamos de Sophia, da trigêmeas e nem de Olívia. Qual é o problema agora? - ouvi Edward perguntar a ela. Eles estavam na mesa de jantar, ambos de costas para mim.

- É que, parece que as meninas vieram errado. Que vocês sempre quiseram um menino mas só vinha menina. - disse cabisbaixa. - E o senhor sempre teve a aposta com a mamãe de ter um menino. -

- Eu admito que sempre quis um menino, mas não muda o fato de eu amar todas vocês. E também não muda o fato de eu ter ficado completamente feliz nos quatro partos e nos quatro ter vindo meninas. - Edward disse segurando a mão da filha. - Querida eu amo vocês, se tem uma coisa que eu mais gostei nessa vida foi te ter perdido as três apostas para a sua mãe. - sorri. - Não pense que o fato que nós estarmos a um tempo tentando um menino, ou o fato de que queremos um menino e nem que vamos adotar um menino, signifique que não estamos felizes com vocês, porque estamos. Você é a minha princesa. - Edward disse apertando o nariz da filha. - Minha princesa mais velha e a minha mulher favorita. Você está até na frente de sua mãe. - Tina saiu da cadeira e foi para o colo do pai e eu me aproximei em silêncio.

- E eu aceito não ser a favorita se eu perder apenas pras minhas meninas. - disse dando um beijo na bochecha de Tina e me sentando na cadeira a qual ela sentava há pouco. Meu marido tinha uma das mãos em torno da cintura da filha e a outra ele segurou a minha. - Eu tive uma ideia. - comentei sentando mais perto de dois. - Já tem um tempo que nós duas não tiramos um dia só para nós duas. Então porque não fazemos o seguinte. No próximo sábado, seu pai fica com as suas irmãs e eu e você e mais ninguém vamos dar uma volta no shopping. - ela sorriu animada e me olhando. - Depois eu compenso as suas irmãs. -

- Tá mamãe. - ela me deu um beijo na bochecha.

- Vai lá terminar de ver seu filme, meu amor. - ela deu mais um beijo no pai e outro em mim e foi para a sala.

- Deixa ver se eu entendi. - Edward começou quando eu me sentei em seu colo. - Eu vou ter que tomar conta de cinco pequenos demônios sozinho? -

- Vai. -

- É sábado que eu infarto. - comentou.

- Se quando eu chegar em casa e você não tiver infartado. - comecei levando os meus lábios para perto de seu ouvido. - Eu lhe recompenso muito bem. Muito bem mesmo. -

- Muito bem? - repetiu perguntando.

- Lembra de nosso último dia na lua de mel? -

- Eu lembro. Aliás eu nem me lembro direito da fantasia que eu arrumei para você. Eu só lembro de algo sem calcinha e de ter marcado o meu Home Run. - ele sorriu.

- E nós sabemos que você marcou. - ele sorriu. - Eu te amo muito. -

- Eu também te amo minha vida. -

(...)

Na terça feira antes de irmos para o escritório passamos em uma agência de adoção, onde Edward já tinha as primeiras papeladas para dar início ao processo, com as nossas assinaturas e respondemos um pequeno questionário. Aquilo era estranho, escolher uma criança através daquele questionário era estranho. Escolher sexo, cor, idade.

A senhora que nos atendeu disse que dentro de um mês nós iríamos receber uma visita de uma assistente social e de acordo com o parecer da assistente poderíamos ir a um orfanato para um “dia de adoção” onde as pessoas que tinham o parecer positivo iam para “escolher a criança”.

Esse um mês passou rápido, a assistente social havia ido há alguns dias a nossa casa e agora só esperávamos pela resposta. Eu estava na minha sala, a minha última cliente havia ido embora e eu só esperava Edward para irmos para a casa. A minha gaveta onde a pasta de Charlie Morgan parecia refletir, já tinha seis meses que ela estava trancada ali e eu ainda não havia tido um tempo para ir até lá. Mas eu iria. Até o próximo mês eu ia.

- Querida. - Edward disse invadindo minha sala extasiada.

- Oi. Que foi? -

- Tenho duas notícias para te dar. -

- Uma boa e uma ruim? -

- As duas são boas. - respondeu se sentando a minha frente.

- Diga. -

- Recebi a resposta da Amber, a senhora da agência de adoção. Ela disse que o nosso parecer foi mais do que positivo, foi ótimo e que nesse final de semana terá um “dia de adoção” no orfanato de Ottawa e ela nos enviou dois convites. Ela disse que vai estar lá e que se não quisermos ir nesse, terá daqui a dois meses um “dia de adoção” aqui em Toronto. -

- Ah meu amor, Ottawa não é tão longe, podíamos ir e se nenhuma criança gostar de nós lá esperamos pela de Toronto. -

- Então eu vou ligar para ela para confirmar que vamos. -

- E qual é a outra? -

- Eu… Eu marquei a vasectomia. -

- Prefere mesmo cortar a ter que usar anticoncepcional? -

- Prefiro sim senhora. Já fez muito por mim me dando cinco filhas lindas, eu não vou morrer por fazer uma vasectomia. -

- E qual é o tempo de recuperação? -

- Se tudo correr bem uns sete dias. Mas o médico explicou que depois da operação ainda é preciso algumas ejaculações até acabar o esperma e tal. -

- Pois bem… Assim que o período de recuperação passar eu te recompenso muito bem. -

- A última vez que disse que iria me recompensar foi… -

- A mais ou menos um mês. -

- Deus eu ainda tenho sonhos com aquela fantasia… Céus. - ele fechou os olhos e soltou um pequeno gemido quando, depois do shopping com Tina e das meninas irem dormir eu me fantasiei de policial e o prendi na cama com um par de algemas. - Você não era assim querida. -

- Apenas esquentando a relação. -

- A nossa relação sempre foi quente. Você apenas jogou mais pimenta em cima. - respondeu segurando minha mão. - A próxima recompensa será daquele jeito? -

- Talvez. Vai depender do seu amiguinho se ele conseguir subir ou não. - provoquei.

- Por que você não me recompensa antes de eu fazer a operação, já que eu terei que ficar uma semana sem sexo. E se for igual aquela semana que eu fiquei sem sexo antes de fazer o teste para ver se meus espermatozoides estavam funcionando… Querida, você me provocou e muito. Andando nua a minha frente. -

- Eu posso pensar no seu caso. Uma bela despedida pros seus amiguinhos espermas? - brinquei e ele riu. - Quando será a cirurgia? -

- No final do mês. - segurei sua mão entre as minhas e as levei até os meus lábios, dando um beijo nelas. - Vamos para casa? - assenti.

Eu juntei minhas coisas e nós fomos embora, chegamos cedo a casa, as meninas chegaram quase que junto conosco. Deixamos-as fazendo seus deveres de escola e depois de termos tomado um banho e colocado roupas mais confortáveis fomos para a cozinha fazer o jantar juntos com uma taça de vinho cada.

O lado bom e ruim das meninas estarem em casa era que nós estávamos bebendo vinho e ele me provoca um pouco e ele sabia que eu ficava mais solta após beber um pouco de vinho, mas hoje não passava disso. De provocações, principalmente com as meninas acordadas e podendo vir até a cozinha, mas também não significa que não rolaram algumas mãos bobas.

O final de semana chegou rápido e eu estava nervosa. Se nenhum menino daquele orfanato gostar de nós? Não gostar de mim? Eu tomei banho com esse pensamento pairando em minha cabeça e fiquei com uma tremenda vontade de fingir estar passando mal e ficar no hotel.

O dia de adoção seria no sábado às 9h AM e para chegarmos cedo viemos na sexta à tarde, deixando as meninas com os avós. Mas eu não podia fingir que estava passando mal, até porque eu acho que realmente estava passando mal, meio enjoada, o nervosismo sempre me deixou enjoada. Mas eu não podia fazer isso, eu tinha que fazer por Edward, com certeza nós iríamos encontrar algum menino que gostasse de nós dois, quer dizer, de mim.

Após terminar de tomar banho fui me vestir, engolindo a vontade de vomitar. Vesti uma calça jeans de lavagem escura e coloquei uma blusa de mangas curtas branca com listras na horizontal pretas e um blazer azul marinho e saltos plataforma azul marinho.


- Você está bem? - Edward perguntou depois que eu terminei de pentear o cabelo.

- Meio enjoada. Mas deve ser apenas nervosismo. - confessei.

- Por quê? - perguntou encostando-se a porta do banheiro.

- Se não gostarem de mim? -

- Amor. - ele se afastou da porta. - Por que diabos eles não gostariam de você? Você é um amor e uma mãe excelente. Eles vão gostar de você! - disse segurando meu rosto. - Não precisa ficar nervosa, meu anjo. -

- Tudo bem. - respirei fundo.

- Pronta? - assenti e ele me deu um beijo na testa. - Então vamos. - saímos do banheiro e eu peguei minha bolsa pequena e deixamos o quarto do hotel seguindo para o orfanato.

O orfanato era um pouco mais afastado do centro, era um casarão antigo, com um enorme quintal nos fundos para que eles pudessem brincar. O estacionamento estava lotado, era muita gente tentando conquistar uma criança, nesse orfanato tinha crianças apenas acima dos três anos. Descemos do carro e a ânsia voltou de novo e eu apenas a engoli, Edward segurou minha mão firme e nós entramos.

Não demorou muito e encontramos com Amber que nos apresentou a diretora do orfanato e nós disseram que caso escolhêssemos algum menino era só procurá-la e nós deixou livre para andar pelo local.

A maioria das pessoas estava do lado de dentro e nós resolvemos começar pelo lado de fora. No canto mais afastado do jardim, sentado no balanço sozinho, debaixo da sombra de uma enorme árvore, tinha um pequeno garotinho. Edward também o viu e me puxou para lá.

- Oi. - Edward disse atraindo a atenção dele. Ele era tão fofo, moreno com o cabelo um pouco encaracolado e com olhos castanhos escuros.

- Oi. - disse olhando para o chão.

- Eu sou o Edward e essa é a minha esposa Bella. - Edward falou se agachando a sua frente e me puxando delicadamente para me agachar ao seu lado. - E você? -

- Harry. - disse cabisbaixo.

- Por que está tão afastado? - perguntei.

- Não gosto desses dias. -

- Por quê? -

- Ninguém gosta de mim. Muitos prometem voltar mais nunca voltam. E a maioria quer mais velhos ou meninas. -

- Tem quantos anos fofinho? -

- Cinco. - respondeu mexendo bem devagar no balanço.

- Bom… - Edward começou. - Nós estamos procurando por um menino. - ele levantou a cabeça. - E nós queríamos um menino entre os três e seis anos. - olhei de rabo de olho para Edward. Nós combinamos de ser dos três para cima, mas não estipulamos uma idade limite. - Sabe, o menino que gostar de nós dois terá uma família bem grande. -

- Frisando o bem. - sorri. - O menino que nos escolher terá seis irmãs. -

- Quatro avós super babões. - Edward continuou. - Tios e primos. -

- Quer dar uma chance para gente? Somos legais. - sorri.

- E os biscoitos dela são deliciosos. - ele negou. - Por que não? -

- Todos falam a mesma coisa e depois não voltam. -

- E se prometemos voltar e prometemos que tentaremos conseguir com a diretora que você passe um dia conosco e com as nossas meninas? - perguntei. - Nós queremos muito um menininho e você é tão fofo que estou quase pegando você e apertando. - ele sorriu um pouco revelando um sorriso fofo.

- Acredite em mim. O abraço dela é bem confortável… Quer saber… Querida levante. - disse levantando.

- Por quê? -

- Ele está em um balanço. Vou empurrá-lo. -

- Devagar para não machucá-los. - pedi me levantando e me sentando no balanço vazio ao lado do dele.

- Olha… Se me der à honra de ser seu pai. - Edward disse segurando as cordas do balanço. - Eu vou ensinar você a conquistar a mulher dos seus sonhos. - brincou e o pequeno Harry levantou a cabeça. - Acredite, meu pai também me ensinou e deu certo… Olha a mulher que eu tenho do lado. Se ela não é perfeita eu não sei o que é perfeição. -

- E você já tem um grande passo. É lindo e fofo. Acredito que quando crescer será muito bonito e fofo. Porém, você é muito novo para aprender essas coisas. Então, caso o meu maridinho queria lhe ensinar algo, será a jogar futebol, basquete ou beisebol. - Harry riu do olhar feio que mandei a Edward.

Nós ficamos o dia todo com Harry no balanço, Edward o empurrou e ele estava mais aberto a nós. Eu havia gostado dele, muito e Edward também, e mesmo querendo muito entrar com o processo de adoção, nós precisávamos saber primeiro como seria a relação com as meninas. E graças a Deus a diretora do orfanato era um anjo e permitiu que no próximo final de semana nós levássemos Harry para tomar um sorvete próximo ao orfanato.

E no final de semana seguinte nós voltamos lá com as meninas. E Harry ficou bem surpreso quando viu que nós voltamos para vê-lo e ficou mais surpreso ainda quando a diretora disse que poderíamos levá-lo até a sorveteria. Nós compramos sorvetes para eles e depois de voltarmos para o orfanato deixamos as meninas com ele, sozinhos, por um tempo para que se conhecessem.

Pelo visto todas haviam gostado dele e ele delas, até Valentina, que estava meio receosa quando contamos que queríamos adotar um menino, estava feliz e brincando com o possível novo irmão. Eu e Edward estávamos encostados em um dos postes de iluminação do quintal, um pouco afastados deles, Edward encostado no poste e eu encostado em ao seu peito.

- Querida. - Edward chamou-me a atenção e eu desviei os olhos das crianças. - E ele? - perguntou e eu olhei mais uma vez para os sete. Valentina estava à vontade com ele, Olívia, a mais nova, também, Sophia e as trigêmeas igualmente e ele parecia que havia gostado delas.

- É. - respondi o encarando. - Ele é o nosso menino. - sorri e ele me abraçou forte.

À noite, na hora de ir embora, Edward contou a diretora e as crianças a nossa decisão de adotar o pequeno Harry. Agora estava tudo nas mãos da diretora e da justiça, e Edward disse que ficaria em cima para apressar o caso. E sempre que podíamos e tínhamos a chance vínhamos ver o menino.

O final do mês chegou, Edward iria fazer a vasectomia amanhã e eu aproveitei que hoje ele iria passar o dia todo no tribunal, inventei uma desculpa e finalmente fui até Kingston. Como Edward havia ido direto pro tribunal e do tribunal direto pra casa, eu fui para o escritório em meu carro e sozinha. Parei o carro em frente ao endereço que Patrick me passou e fiquei uns vinte minutos dentro do carro, pensando se eu deveria ou não fazer aquilo.

Eu não havia gastado dinheiro à toa. Eu tinha coisas que queria por para fora e iria fazer isso hoje. Respirei fundo algumas vezes e sai do carro, caminhando firme até a porta do apartamento.

Respirei fundo, eu sentia minhas mãos tremendo, apertei-as em punho. Respire, Isabella. Respire. Diga o que tem para dizer e vai embora. É simples. Meu cérebro disse e eu respirei fundo me acalmando e toquei a campainha. Não demorou muito e um homem alto com o cabelo castanho escuro liso, com alguns fios grisalhos, olhos escuros e um bigode espesso em cima dos lábios, que trajava uma calça jeans simples é uma camiseta velha e tinha uma garrafa de cerveja em mãos.

- O que quer? - perguntou indiferente bebendo um gole da cerveja.

- Charlie Morgan? -

- O mesmo. Quem é você? -

- Quem sou eu? - perguntei entre os dentes. - Eu sou sua filha. A filha que você teve com Renné Swan e que a abandonou sozinha e grávida há 33 anos. -