Pov. Edward.
E eu estava certo. A noite foi muito bem dormida,
sem pesadelos após anos. E após anos eu dormi com uma mulher em meus braços,
sem me sentir mal, culpado e sim bem, muito bem. Quando eu acordei no dia
seguinte eu ainda tinha Bella em meus braços e sua cabeça em meu peito enquanto
ela ressonava tranquila. Eu não queria acorda-la, ela parecia um anjo dormindo,
mas eu precisava levantar, tinha que estar no hospital às 8h e eu não fazia a
mínima ideia de que horas eram.
Eu acordei Bella com beijos em seu rosto e aos
poucos ela foi acordando e levantou a cabeça me olhando com seus belos olhos
castanhos, e com seu rosto levemente inchado devido o sono.
- Bom dia. - disse sorrindo.
- Bom dia. - ela respondeu e
aninhou sua cabeça em meu pescoço. - Volte a dormir. - mandou e eu sorri.
- Adoraria… Mas tenho que ir para
o trabalho. -
- Vou ver você quanto de novo? -
perguntou tirando a cabeça do meu pescoço e se afastando um pouco de mim, se
cobrindo e aninhando a cabeça em seu travesseiro.
- Eu vou ficar de plantão essa
noite. 24h. Só saio amanhã às 8h. Se nada acontecer… - respondi e vi que ela me
encarava. - Eu te ligo quando tirar um tempo para descansar… - eu abaixei a
coluna para lhe dar um beijo e quando eu me levantei, ela se levantou junto, se
cobrindo com o lençol.
- Quer tomar café? -
- Não precisa… Descansa,
aproveita sua folga… E quando eu tiver tempo eu te ligo. - e ela deitou de
novo. - Dorme. - eu dei mais uns beijos nela e levantei da cama.
- Pode usar o banheiro. Tem
toalha limpa embaixo da pia. - avisou e voltou a se aninhar no travesseiro.
Eu catei minhas roupas e segui para o banheiro. Eu
tomei um banho rápido e após colocar a mesma roupa de ontem, peguei meu
telefone. Faltavam dez minutos para a 8h, ótimo, atrasado. Após eu terminar de
me vestir, sair do quarto encontrando Bella deitada de bruços, abraçada ao
travesseiro que eu estava dormindo momentos atrás e coberta só até a metade das
costas.
Aproximei-me da cama e lhe dei um beijo na cabeça
e lhe cobri direito. Catei minha carteira e chaves do carro e sai do quarto no
maior silêncio para não acordá-la, e sai de casa, fazendo a mesma coisa que fiz
da última vez, peguei uma fita, soltei a chave de seu chaveiro e após trancar a
porta, joguei-a para dentro.
Eu deixei seu apartamento e segui para o meu
carro, entrando nele e começando a dirigir. Liguei o rádio deixando na estação
de rádio que estava e segui para o hospital batendo os dedos no ritmo da música
no volante enquanto dirigia.
Demorou meia hora da casa de Bella para o hospital
e eu cheguei bem atrasado e pela primeira vez eu não me importei. Com toda a
calma do mundo, parei o carro no estacionamento e segui para o elevador,
subindo até o quarto andar onde ficavam os trocadores e me trocando e com toda
a calma do mundo e assobiando, segui para a bancada das enfermeiras onde meus
internos deveriam e estavam me esperando…
- Bom dia… - disse parando ali
com as mãos dentro do bolso e os quatro me encararam. - Vamos lá… Mike
cardiologia. Tyler ortopedia. Jéssica maternidade e Alice podem ficar comigo. -
e eles me obedeceram e eu girei nos meus calcanhares para voltar para o
hospital e seguir para o décimo andar, onde ficava a ala da neurologia.
- Você está animado demais… E
atrasado… O jogo foi tão bom assim ontem? - questionou quando entramos no
elevador vazio.
- Em si foi uma grande bosta. -
- Então…? - dei de ombros. - Você
não… Você dormiu com a Bella? - questionou quase gritando dentro do elevador
que por sorte estava vazio. Eu não respondi e ela ficou me encarando
boquiaberta. - Aí… Meu… Deus… - e as portas se abriram. - Eu tenho uma cunhada
nova. - disse animada e a lembrança veio como um soco no estômago. Alice também
ficou completamente feliz quando comecei a namorar Tanya. E o namoro foi sério,
virou casamento, filhos e…
- Não inventa Alice, foi só uma
transa. - disse pisando fundo e pegando os prontuários em cima do balcão.
- Edward… -
- Vai ver os meus pôs
operatórios. - mandei e saí andando para ver o paciente da minha primeira
operação do dia.
Eu sabia e sentia que não havia sido uma transa
qualquer, mas também não podia criar expectativas demais, não depois do que
houve com Tanya. Eu não podia passar por aquilo de novo.
As horas foram passando e eu pegava uma cirurgia
atrás da outra. Eu tinha três marcadas para hoje, e no início da noite um
acidente na rodovia 73 custou o resto da minha noite dentro de sala de cirurgia
também.
O pouco tempo que eu tive de descanso eu liguei
para as minhas filhas e me controlando muito, eu não liguei para Isabella. Sim,
havia sido a primeira noite que dormi completamente bem e sem pesadelos, que eu
tive uma mulher nos braços de novo e que havia adorado, mas Tanya voltou com
força total, como um chute no estômago, e eu não podia passar por aquilo de
novo.
Meu plantão acabou e eu fui para casa, a alegria
que sentia no caminho para o hospital ontem havia sumido, o rádio não foi
ligado, eu não bati nos dedos no volante em um ritmo de alguma música, e para
piorar chovia. Eu sabia que havia dito a Isabella que estava gostando dela, de
verdade, mas era melhor assim, muito melhor assim.
Cheguei a casa e Kebi já estava ali com as
meninas. Kebi disse alguma coisa sobre minha mãe ter deixado as meninas, querer
falar comigo e de ter ir correndo para o hospital. Eu dei um beijo nas minhas
filhas que estavam assistindo a TV, com os cães aos seus pés, e fui para o
quarto descansar. As últimas horas haviam sido uma loucura sem fim.
Mal deitei na cama após um banho e peguei meu
celular nas mãos. Nenhuma mensagem ou ligação dela, também, eu havia dito que
entraria em contato. Também havia dito que iria vê-la hoje. E antes que eu
mandasse uma mensagem eu coloquei o telefone em cima da escrivaninha e tentei
descansar um pouco.
Eu sabia que
eu estava no sonho mais uma vez. Maggie estava nascendo, complicações com Tanya
e Jacob me colocando para fora. Ele me arrastou para fora e eu fiquei andando
horas do lado de fora da sala de parto e sem nenhuma notícia. Complemento
agoniado e me segurando para não entrar na sala.
Algum tempo se
passou desde que fui posto para fora. Não sabia quanto tempo, mas pareceu uma
eternidade para mim. Jacob me contou que, mesmo fazendo o possível, minha
esposa estava morta, e eu entrei na sala me arrastando, não querendo ir até a
mesma, mas ao mesmo tempo querendo ver e negar que era verdade. E eu tirei o
lençol manchado de sangue de sua cabeça.
Mas… Mas não
era Tanya. Não era Tanya que estava ali, era Bella. Deitada na maca,
ensanguentada, imóvel, completamente pálida, mas que o normal, os lábios antes
rosados agora azuis e sem batimentos cardíacos. Ela estava morta. Isabella
estava morta.
E eu dei um pulo da cama, arfante, sentimento
minha cabeça latejar, minha testa suar e meu coração bater descompassadamente.
Olhei em volta para me situar. Eu estava em casa, no meu quarto, sozinho na
cama, as janelas estavam abertas e estava bem escuro lá fora. A única luz que
vinha no quarto era de meu celular que alertava uma nova mensagem de voz, E eu
a peguei.
Era uma mensagem de voz de Isabella, eu estava bem
receoso para abrir e ouvi-la, principalmente depois do pesadelo, mas mesmo
assim eu fiz, e engoli em seco enquanto ouvia.
'Ah… Oi Edward…
Como está? Eu não estou querendo pressionar e nem parecer que eu sou grudenta e
tudo mais. Mas você disse que me ligaria e que viria me ver hoje, e bom… Até
agora nada… Você está bem? Aconteceu alguma coisa? Aconteceu alguma coisa com
as meninas? Sabe pode me ligar ou bater na minha porta, a hora que quiser. Eu
não ligo. Bom… Era isso… Eu… Eu vou ficar esperando a sua resposta. ’
E a mensagem se encerrou. Deus o que eu estava
fazendo? Questionei deitando a cabeça no encosto da cama. A única mulher, que
após anos, se aproxima de mim, desperta uma coisa em mim, uma coisa nova, e eu
a afasto. Eu não sabia se tinha forças para fazer isso. E eu fechei os olhos e
como um flash, o sonho, o lençol ensanguentado descoberto, e o rosto inerte de
Bella invadiu minha mente. Sim, eu iria arrumar forças para fazer isso.
_____
Uma semana se passou, eu não entrei em contato com
Bella e ignorei suas ligações e mensagens. Eu sentia um aperto forte no coração
toda vez que ela me ligava e eu recusava a chamada, até que tudo parou, as
ligações e mensagens. Parecia que ela havia desistido e isso era algo bom. Pelo
menos era o que eu achava.
A minha surpresa foi enorme quando na quarta
feira, quase duas semanas depois do jogo, eu a encontrei encostada ao balcão
das enfermeiras, mexendo no telefone. Eu estava de plantão hoje e só sairia amanhã.
Ela não teria vindo conversar comigo, teria?
- Bella? - ela desviou os olhos
do telefone e me encarou e eu vi seus olhos faiscarem. De não de um jeito bom,
mas de pura raiva.
- Olha… Você está vivo… -
ironizou e voltou à atenção ao seu celular.
- Você… - limpei a gargalha. -
Você está bem? Aconteceu algo? -
- Não! - disse ríspida e seca sem
me encarar.
- Eu sei que te devo uma
explicação e… -.
- E você não me deve porra
nenhuma. Eu entendi o recado. - e ela guardou o telefone. - Está pronto? -
questionou e quando eu abri a boca para falar uma voz soou atrás de mim.
- Sim. Desculpa a demora. - era
Jacob. - Tive que dar uma passada na maternidade. - respondeu e ele entrou no
meu campo de visão. - Olá Dr. Cullen. -
- Olá Jacob. -
- Vamos? Quanto mais cedo
chegarmos mais cedo eu começo a encher a cara. - Isabella disse e segurou a mão
do amigo e saiu puxando para o elevador, sem nem me dirigir à palavra de novo.
- Ignorando o fato de você ser
meu chefe… - ouvi a voz de Alice atrás de mim. - Mas levando em consideração
que meu horário acabou e não podendo perder a oportunidade… - eu me virei para
ela. - Você é um otário. Um grandíssimo otário que magoou a única mulher que se
aproximou de você, sabendo de tudo e mesmo assim quis algo contigo… Espero que
esteja feliz… - e sem me dar chance de responder, saiu andando para os
corredores.
Eu não tive chance de fazer nada. De ir atrás de
Alice, ou então de Isabella ou até mesmo ligar ou mandar mensagem. Meu pager
bipou, o caos se instalou na emergência com a chegada de feridos de um
acidentes de carro e eu tive que deixar isso para segundo plano e correr para o
andar da emergência.
____
Eu não sabia que horas eram, mas sabia que já era
bem tarde, estávamos no meio da madrugada, o caos foi controlado e agora eu
tinha alguns minutos de descanso e eu segui para um dos quartos de descanso me
jogando no sofá vazio. Eu peguei o meu telefone no bolso. Eram três e meia da
manhã, a essa hora Isabella já deveria estar em casa dormindo, até porque se ela
ainda estivesse no bar ela capaz de amanhã de manhã dar entrada em coma
alcoólico.
Eu precisava conversar com ela. Eu sabia que havia
feito merda, e das grandes, mas se eu me explicasse, ela iria entender, ela
iria entender que era melhor ficar longe mim. Abri uma mensagem e me preparei
para digitar para ela um pedido de encontro para conversarmos, quando a porta
foi aberta abruptamente e Jacob entrou furioso.
- Qual é o seu problema? -
perguntou gritando e eu o encarei confuso.
- Está fazendo o que aqui? -
- Eu vim quebrar a sua cara… Eu
falei para você não magoar a Isabella porque senão eu iria quebrar você… -
disse entre dentes. - Agora eu quero saber qual é o bom motivo para eu estar
até a meia hora atrás consolando a minha amiga por sua causa, antes que eu
quebre a sua cara. -
- Jacob… - comecei me sentando no
sofá. - Eu ter me aproximando de Isabella… Foi um erro… -
- Pensasse nisso antes de se
aproximar… Melhor… Antes de transar com ela. -
- Eu… Percebi depois e… -
- E você está apenas piorando a
sua situação… -
- Eu tive o sonho da Tanya de
novo. - disse e ele me encarou piscando confuso. - O dia do parto da Maggie.
Você me colocando para fora e depois vindo me contar que ela morreu… Eu tenho
esse maldito sonho todo dia… Só que nesses últimos dias, não era a Tanya… Era a
Bella. - contei.
- São apenas pesadelos… -
- Eu… Eu não quero passar por
aquilo de novo. - disse em fio de voz. - Não vou aguentar… - e ele se sentou ao
meu lado, ainda nervoso, porém controlado.
- O que aconteceu com a Tanya não
era algo previsível e nem evitável. Foi uma tragédia que mexeu com você e
comigo. Mas Edward, não significa que vai acontecer o mesmo com a Bella ou com
qualquer uma que você se aproxime… -
- Eu passei a imaginar e esperar
o mesmo fim para qualquer uma… - e ele passou a mão pelo rosto. - A Bella sabe
disso. Eu contei a ela. Não sei por que ela insistiu em se aproximar de mim. -
- É porque ela se apaixonou por
você. - e eu o encarei. - Não. Ela não me contou. Mas eu conheço a minha amiga
melhor do que a mim mesmo. Ela não precisou me dizer nada, eu só precisei
comparar. Antes de vocês começarem a sair juntos, ela estava quieta, parada…
Depois que vocês começaram a sair e a conversar eu a via mais viva. E foi a
primeira vez desde que os pais dela morreram. E quando ela me ligou hoje,
chorando, desesperada, eu meio que revivi a morte deles. Ela pode negar, ela
pode ainda não saber, mas ela está apaixonada por você e você sente algo por
ela. Por Deus Edward, você também mudou, você também estava mais vivo. - eu o
encarava sem dizer nada. - Quando Tanya morreu, eu estava em um caso com a
Bella e foi quando eu notei que Tanya foi um amor da minha vida e não o
amor da minha vida. E que Bella nunca poderia ser, porque ela é minha irmã, de
coração e de verão. Nunca daria certo. Tanya foi um amor da sua vida, ela foi
uma página da sua vida e não toda ela. Eu sei que você a amou, você sempre vai
ama-la por ela ter sido sua esposa e mãe de suas filhas, mas quem morreu foi
ela e não você. Você tem toda uma vida pela frente e fica negando vivê-la ao
lado de alguém por um medo imbecil. O que aconteceu com Tanya não significa ser
uma ordem a ser seguida por todas que se aproximarem de você. E você vai acabar
sozinho se deixarem esses sonhos ganharem a briga. Bella estava disposta a
entrar nessa briga por você, agora eu não tenho certeza. Ela está machucada e
magoada, não sei nem se ela quer saber de você de novo. - e ele se levantou. -
Eu tenho que ir, eu deixei a doida sozinha em casa e bêbada, tenho que voltar
logo. - ele seguiu para a porta e me encarou. - Procura um psicólogo, vai te
fazer bem… E peça desculpa a Bella, se não eu quebro a sua cara. E pedidos de
desculpas com girassóis ou comida sempre funcionaram com ela. Pensa nisso. A
Bella pode ser O amor da sua vida, que você está deixando ir embora. - e ele
saiu da sala me deixando sozinho.
Deus… Deus… Deus… Eu tinha que conversar com essa
mulher. Jacob tinha razão, eu sabia disso, mas o medo me perseguia de um jeito
aterrorizador. Eu ia deitar um pouco de novo para colocar os pensamentos no
lugar, quando meu pager bipou mais uma vez, anunciando uma cirurgia de
emergência, e eu precisei colocar tudo de lado mais uma vez e correr para a
sala de cirurgia.
____
Meu plantão acabou e eu estava me trocando para ir
embora quando Jacob entrou na sala dos médicos assobiando uma música do James
Blunt, e eu o encarei confuso.
- Isabella adora James Blunt. -
respondeu abrindo seu armário ao lado do meu.
- Como ela está? -
- Com uma fudida ressaca. Vai
ficar em casa o dia inteiro. No almoço vou dar uma corrida lá para saber se ela
está viva, se eu tiver tempo. -
- Acha que se eu for lá… Vai ser
pior? -
- O máximo que ela pode fazer
hoje, é vomitar em você. - respondeu. - Mas se você for lá. - disse pegando seu
jaleco e fechando o armário. - Faça-a comer algo, porque eu não consegui
fazê-la comer nada hoje pela manhã. Qualquer coisa pode me ligar… - e ele saiu
andando e eu peguei minha mochila e sai do hospital.
Enquanto eu caminhava para o meu carro, mandei uma
mensagem a minha mãe, que havia ficado de babá essa noite, que eu tinha algo
para resolver. Eu não precisei falar o que era. Provavelmente ela suspeitava.
Alice havia contado que eu dormi com a Bella e depois a ignorei e minha mãe
quase me bateu com uma cinta. Uma coisa que ela nunca tinha feito na vida.
Entrei no carro e dirigi para o apartamento de
Bella e seguindo o conselho de Jacob, parei numa floricultura e comprei um
buquê de girassóis e depois em uma padaria onde comprei alguns donut e cupcakes
e segui para o seu apartamento, tocando a campainha.
Demorou um pouco, mas logo ela veio abrir a porta
com uma toalha em mãos enquanto limpava a boca. Provavelmente estava vomitando.
Ela estava péssima e eu me sentia péssimo por de certa forma ter feito isso com
ela. Bella estava pálida, algumas olheiras debaixo dos olhos, mas mesmo assim
linda.
- O que você quer? - perguntou
ríspida.
- Vim ver como estava. E te
trouxe isso. - e ela olhou o que estava em minhas mãos.
- Jacob foi falar com você, não
foi? - perguntou com os olhos marejando. - Ele não devia ter feito isso. E nem
contar como me comprar. Isso foi uma traição, das grandes. - respondeu
chateada. - Vou matar o infeliz. -
- Eu queria pedir desculpas. Eu…
eu posso explicar o que… - e ela levou a toalha à boca e respirou fundo. - O
que… - e antes que eu tivesse a chance de terminar a frase ela saiu correndo
para dentro do quarto. Eu entrei em seu apartamento, coloquei a caixa de sonhos
e os girassóis em cima da mesa e após fechar a porta segui o caminho que ela
fez. Isabella estava no banheiro, de joelhos em frente a privada, vomitando. -
Calma… - me aproximei e segurei seus cabelos que estavam se soltando do rabo de
cavalo mal feito. - Acabou? - ela não respondeu, apenas assentiu e eu apertei o
botão da descarga e a ajudei a ficar de pé e a chegar a pia.
Bella estava um pouco fraca e para estar vomitando
tanto era poder foi beber com o estômago vazio. Após ela limpar a boca, eu a
peguei no colo e a deitei em sua cama e ela foi para debaixo das cobertas.
- Fica aqui que eu já volto e
qualquer coisa me chama. - e contrariada ela assentiu e eu saí de seu quarto
indo até a cozinha.
Eu fiz um café da manhã rápido para ela e que iria
aliviar a sua ressaca, um café da manhã de verdade, e levei para ela na cama, e
conforme eu me aproximava do quarto eu a ouvia no telefone.
- Sim Jake, eu tô bem. - ela
disse com a voz rouca. - Você que não vai estar quando eu melhorar… O que você
fez? Sério? Eu vou arrancar suas bolas e fazer você engolir. - ameaçou. - Sim
ele está aqui… Tá, vai trabalhar… - e ela desligou quando eu entrei no quarto.
- O que é isso? -
- Café da manhã. - respondi
colocando a bandeja a sua frente e corri até a sala novamente.
- Eu estou sem fome. - disse
quando voltei ao quarto.
- Mas vai comer… E quando comer a
bandeja toda eu deixo você comer um donut que eu trouxe para você. -
- Vai embora. - pediu. - Eu quero
falar com você. -
- Eu só vou embora quando me
deixar explicar… -
- Explicar o que? Você transou
comigo e depois me ignorou. O que diabo você tem a me explicar? -
- Lembra que eu contei o jeito
que minha esposa morreu? - assentiu. - Toda noite eu tenho que tomar um remédio
para dormir, porque senão eu não consigo dormir. Sempre o mesmo sonho. Jacob me
colocando para fora do quarto e um tempo depois ele vindo me avisar que ela
havia morrido. - expliquei.
- Você comentou… - disse pegando
o copo com o suco de laranja.
- Eu… No dia seguinte após a
nossa transa eu tive o mesmo sonho, com uma diferença… Não era Tanya, era você.
- ela parou com o copo na boca e me encarou. - Eu meio que surtei. Quando
cheguei ao hospital e Alice supôs que você seria a nova cunhada dela. Ela falou
de um jeito muito parecido com que havia feito quando soube de Tanya. -
- E você deu o destino dela a
mim. - expôs colocando o copo em cima da bandeja.
- Foi. Eu surtei, eu não quero
passar por aquilo de novo. Eu não sei se aguentaria passar por aquilo de novo.
- expus olhando-a. - Foi por isso que fugi de você. -
- Você precisa de ajuda. E rápido.
- disse simplesmente. - Antes que vá parar em um hospício. -
- Eu sei. Jacob, que foi quebrar
a minha cara de madrugada no hospital, me deu esse conselho. -
- Seu rostinho bonito está
intacto. - apontou.
- Ele mudou de ideia e não me
bateu. Contanto que viesse pedir desculpas. -
- Nem para defender minha honra
aquele lá serve… - bufou. - Ótimo saber que veio aqui apenas para não apanhar…
-
- Se fosse por isso teria vindo
quando minha mãe quase me bateu com uma cinta. - apontei. - Eu vim porque você
merecia uma explicação. E Jacob disse uma coisa que tem sentido… Tanya foi o
amor da minha vida, mas não o amor da minha vida. Ela foi uma
página e não toda a minha vida. E eu preciso seguir em frente. Você,
indiretamente, estava me ajudando nisso. E eu estava bem. Estava melhor.
Naquela noite, que dormirmos juntos, eu dormi tão bem como não dormia há anos.
E pela primeira vez eu acordei verdadeiramente animado depois de anos. Eu quero
isso todos os dias agora. Mas não desse jeito… -
- Não comigo… - ela disse baixo.
- Ao contrário… Com você… - e ela
me encarou. - Você foi à única que me fez sentir isso… O que eu quis dizer é
que primeiro eu quero colocar tudo em ordem. Dentro de mim. Espero não demorar
muito. Acho que finalmente está na hora de terminar de doar as coisas de Tanya.
E colocar um ponto final nessa parte da minha vida e pular para a próxima
página. Para uma página nova e em branco que eu quero escrever com você. Isso
se você me aceitar, quebrado, com quatro crianças e quatro cachorros… -
- Você nunca vai deixar de amar
Tanya. Não posso ficar com alguém dividido. -
- Eu vou sempre amar a Tanya
pelas filhas que ela me deu. Mas ela é página passada. Eu preciso seguir em
frente… Assim que chegar a casa, vou procurar um psicólogo. Meus pais já
sugeriram e insistiram que eu fosse a um há tempos. Acho que foi preciso você
aparecer para eu perceber que estava existindo e não vivendo. Eu até deixei
minhas filhas um pouco de lado devido a isso. Quero começar tudo de novo. E com
você. - e ela me encarou por um tempo sem falar nada.
- Vá ao psicólogo. Me prova que
realmente quer seguir em frente e que está seguindo. E aí volte a me procurar…
Mas não prometo nada. E essa é a primeira e única chance que eu vou te dar. -
- Eu só quero e preciso de uma. -
me levantei da cama e segurei seu rosto e lhe dei um beijo na testa. - Você vai
ficar bem? - assentiu. - Tudo bem… Come toda essa bandeja. Tem donut e cupcake
aqui dentro. - apontei para a caixinha rosa da padaria. - Qualquer coisa me
liga. E mais tarde eu te ligo. Eu prometo. - dei outro beijo em sua testa e a
deixei em paz saindo de seu apartamento.
Essa é a sua chance Edward. Hora de seguir em
frente…