quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Capítulo Único

 May 13, 2020. 
Pov. Bella. 

O sol estava escaldante! Minha cabeça latejava de uma forma agoniante, e por mais que eu bebesse bastante água, os sintomas de insolação não passavam de forma alguma. Derramei um pouco de água em minha mão e passei em minha nuca e em meus pulsos para dar uma aliviada, quando na verdade a vontade era jogar a garrafa toda em minha cabeça. Se não fosse apenas o sol quente na cabeça, o clima também era abafado e o vento que passava por nós era como bafo do inferno. Eu estava exausta, tinha acabado de voltar de uma operação na cidade vizinha e agora eu teria o que era conhecido como “folga”, e só teria que me apresentar novamente amanhã pela manhã. Eu estava regressando ao meu alojamento, louca por um banho, mesmo que seja um banho de cinco minutos, no momento, eu só queria sentir a água fria caindo na minha cabeça, quando senti uma mão se fechando em torno do meu pulso e me puxando para uma área mais deserta da base.  


Você enlouqueceu? - ralhei ao ver aqueles maravilhosos olhos cor de bronze. - Se nos pegam... - 


Ninguém vai nos ver... Relaxa... - e ele tirou a mão de meu pulso e abraçou minha cintura, pressionando meu corpo ao dele.  


Solte-me, por favor, eu estou imunda... E exausta, mas no momento o que mais está me incomodando é o calor... -  


Eu sei... E é por isso que vim falar com você... - e eu apenas ergui a sobrancelha esperando-o terminar de falar. - Vamos dar um mergulho na cachoeira Kundalila... -  


Se nos pegarem saindo daqui, ou se nos pegarem juntos... -  


Não vão nos pegar... Ninguém vai nos ver saindo... Confie em mim, quando foi que eu lhe coloquei em uma enrascada? - perguntou divertido.  


Quer realmente que eu responda? Vejamos... Teve a vez no Marrocos, na Somália, Síria... Ah e eu não posso me esquecer do nosso treinamento onde você... - e ele me calou unindo seus lábios aos meus em um beijo calmo. Suas mãos retesaram ao redor de minha cintura e meus braços foram para o redor de seu pescoço. - Eu vou... - falei quando o beijo foi interrompido e seus lábios, que ainda estavam unidos aos meus, se repuxaram em um sorriso. - Mas eu juro que se eu for expulsa por sua causa, eu vou arrancar suas bolas... - 


Você diz isso desde a primeira vez, há dez anos na Virgínia, e eu continuo com as minhas bolas... - 


E eu ainda não fui expulsa... - apontei e ele riu.  


Então pronto... Descanse e me encontre no portão oeste às 23h... E se quiser não usar nada por debaixo da farda melhor para mim... - 


Largue de ser pervertido... - ralhei com ele e ele uniu seus lábios aos meus mais uma vez. - Vá trabalhar, vagabundo... - e ele riu me abraçando forte mais uma vez antes de me dar um beijo novamente e ele me soltou.  

 

Ele seguiu para a sua ronda e eu continuei o meu caminho até o meu alojamento, eu realmente precisava de um banho, e precisava admitir que um mergulho nas águas de uma cachoeira aliviaria muito o calor desses dias. Eu entrei em meu alojamento e fui tomar um banho frio, que deu mais uma aliviada em minha dor de cabeça.  

 

A noite chegou rapidamente e no horário marcado ele estava no portão oeste, aquela parte era uma das mais desertas da base, e um bom lugar para escapulir, da mesma forma que era um bom lugar para atacar, mas pelo visto ninguém havia pensado nessa parte, ainda... Nós andamos por quase meia hora pela floresta até chegar à cachoeira, não era a primeira vez que íamos ali, portanto saberíamos fazer esse caminho tranquilamente sem necessitar de luz nenhuma, além da fraca luz da lua cheia. 

 

... 

 

Agora eu estava sentindo o clima fresco, e talvez, me atrevesse em dizer, que estava até um pouco frio, mas estava perfeito, melhor do que o calor infernal que estava sentindo a dias. Eu estava deitada em uma pedra fria, sentindo o vento fresco passar pelo meu corpo e mesmo com os olhos fechados eu ouvia o barulho da queda d’água e de alguns animais noturnos, e por mais que ele estivesse tentando soar de forma silenciosa, ele falhou miseravelmente ao sair da água e subir na pedra ficando por cima de mim.  


Você sabe que eu te ouvi, não sabe? - perguntei ao sentir seus lábios roçando os meus, mesmo sem abrir meus olhos.  


Eu sei... Você sabe muito bem que se por acaso eu quisesse fazer silêncio, eu teria feito... - 


Claro... Capitão... Claro... - ironizei abrindo os olhos e dei de cara com seu rosto rente ao meu. Ele estava “sentado” em meu colo, com as mãos apoiados na pedra ao lado de minha cabeça e seus olhos presos aos meus. 


Deboche Sargento? - questionou divertida.  


Vai fazer o que Capitão? - retruquei.  

 

Ele não respondeu, apenas uniu seus lábios aos meus em um beijo calmo. Quando o ar se fez necessário, ele separou os lábios dos meus e desceu com os seus pelo meu pescoço, beijando-o e mordiscando de leve. Enquanto eu sentia os lábios dele em meu pescoço, as pontas de seus dedos deslizaram pela minha barriga, descendo até a barra da minha calcinha e seus dedos deslizaram para dentro da mesma, tocando a carne úmida de minha buceta, e eu arfei.  

 

Seus dedos faziam movimentos circularem em meu clitóris e sua boca desceu até meus seios, com a mão livre, ele abaixou meu sutiã e abocanhou meu seio, eu joguei minha cabeça para trás arfando. Minhas mãos acariciavam seus cabelos ruivos e molhados enquanto sua boca intercalava entre meus seios, chupando-os, e seus dedos dedilhavam maravilhosamente em meu clitóris. Eu tentava manter meus gemidos baixos, nós não sabíamos se mais alguém tinha “fugido” da base, e não queríamos que ninguém soubesse do que acontecia aqui e entre nós dois.  

 

Meu Capitão me masturbava maravilhosamente enquanto seus lábios brincavam com os bicos de meus seios. Eu estava quase gozando, eu estava sentindo chegar, portanto tirei as mãos de seus cabelos e levei a minha boca cobrindo-a para abafar o grito de prazer que eu senti, quando ele beliscou meu clitóris e eu gozei em seus dedos relaxando na pedra. Ele voltou a subir com a boca pelo meu pescoço até meu ouvido, mordiscando o lóbulo de minha orelha.  


Eu te amo... - falou de forma rouca em meu ouvido com sua voz de veludo.  


Eu te amo... - e ele tirou a boca de meu ouvido e me olhou.  


De verdade? -  


De verdade! -  


Ótimo... - ele sorriu maliciosamente e me deu um beijo em meus lábios e me soltou para entrar na água. - Vem cá... - pediu, ao voltar a superfície. - Quer apostar quem fica mais tempo sem respirar? - perguntou jogando sua cueca na minha direção.  


Eu sempre venço você... - respondi.  

 

Eu me livrei de minhas roupas e entrei na água junto com ele. Mal eu havia voltado a superfície e suas mãos abraçaram minha cintura, e eu abracei sua cintura com as minhas pernas. Eu sentia seu pênis duro roçando em minha buceta. Meu Capitão me prensou contra a pedra que estávamos antes, e deslizou seu pênis para dentro de minha buceta, me preenchendo completamente, e me fazendo soltar um gemido contra seus lábios devido a invasão.  


Ele investia dentro de mim, e eu não tive outra opção a não ser separar nossos lábios, já que os gemidos impediam que o beijo prosseguisse. A boca do meu Capitão seguiu para o meu pescoço, enquanto eu o sentia fazendo um vai e vem lento e maravilhoso, que me deixava enlouquecida há dez anos. Minhas unhas curtas arranhavam as costas largas dele a cada penetrada dele e minha boca estava perto de seu ouvido. Não demorou muito e eu gozei mais uma vez em seu pênis.  


Eu te amo... - ele falou baixo em meu ouvido.  


Eu te amo... -


... 

 

Dois meses haviam se passado desde a noite na cachoeira. Durante esse tempo eu tinha tido uma semana de folga de onde eu havia deixado a base e ido visitar meus avós e meu capitão tinha ido visitar sua família. Geralmente nossas “folgas” eram separadas, e quando isso acontecia, cada um ia visitar suas respectivas famílias, e quando ocorria o milagre de tirarmos “folga” ao mesmo tempo, nós viajávamos juntos... 

 

Dessa vez eu tinha tirado “folga” primeiro e já estava de volta ao Zâmbia, e meu Capitão estava para chegar hoje. Esse mês estamos completando dez anos de namoro as escondidas, nossa base proibi o relacionamento, qualquer tipo de relacionamento, com outro membro da base, e isso era desde os treinamentos. E desde os treinamentos eu estava me relacionando com ele, e a nossa sorte era que acabamos entrando no mesmo esquadrão e eram as poucas vezes que ficávamos separados por muito tempo, e bom, se alguém desconfiava de algo, ninguém nunca falou nada ou contou ao comandante.  


TocToc... - eu ouvi um barulho se aproximando da porta, eu estava terminando de me arrumar para iniciar meu turno de vigilância e ao olhar para a porta dei de cara com ele, ainda com roupas normais, eu gostava de vê-lo com roupas normais, mas vê-lo fardado me deixava excitada.  


Acabou de chegar? - questionei.  


Você é a segunda pessoa com quem estou falando nessa base... - 


Segunda? - questionei fingindo ciúmes.  


A primeira foi o Comandante para me apresentar ao serviço de novo... - 


Espero que tenha sido mesmo, e não a enfermeira Stanley... - resmunguei e ele balançou a cabeça rindo se aproximando de mim.  


Qual enfermeira Stanley? - perguntou sorrindo e eu lhe dei uma tapa quando ele se aproximou de mim. - Você tem um tempinho? Preciso falar com você. -  


É importante? -  


Muito... - 


Então fale... Eu ainda tenho cinco minutos antes de começar a vigia. - expliquei.  


Responda-me sinceramente... Profissionalmente, você já se sente realizada? - 


Há muito tempo! Eu consegui chegar até a patente de sargento... Quantas mulheres você viu conseguindo isso? -  


Eu tenho uma proposta para te fazer... -  


Faça... - e ele enfiou a mão no bolso da frente da mochila que ainda estava em seu ombro.  


Eu. Você. Dois filhos, um menino chamado Liam e uma menina chamada Aurora. Um cachorro chamado Luke. Uma casa de frente para a praia em Jacksonville. Um trabalho na polícia...  Topa? - e ele me amostrou uma pequena caixinha preta de veludo, que ao abrir tinha um anel com um pequeno diamante no meio. Eu olhei do anel para ele em torno de cinco vezes até conseguir falar alguma coisa.  


Você está falando sério? - e eu finalmente havia conseguido falar alguma coisa.  


Dez anos amor... Algum momento eu ia fazer isso... - 


Você não precisa fazer isso só porque estamos juntos há dez anos... -  


Eu preciso fazer isso porque eu quero você, e ficar contigo pelo resto da minha vida. - Ele falava olhando em meus olhos. - Isabella Marie Swan, você aceita passar para a reserva, casar-se comigo, e se mudar para Jacksonville? - 


Eu realmente preciso responder? É óbvio que eu aceito... - e eu me joguei em seus braços unindo meus lábios aos dele. - Eu te amo... Eu te amo... Eu te amo... - eu pulei em seu colo e ele me segurou e eu enlacei sua cintura com as minhas pernas. - Mais uma missão e reserva? -  


Mais uma missão e reserva! - e eu uni meus lábios aos dele, só que infelizmente o beijo foi interrompido porque bateram a minha porta.  


O que foi? - questionei alto para a pessoa que estava batendo a porta ouvisse.  


Sargento, o Comandante quer falar com você agora, na sala de reuniões... -  


Estou indo... - eu dei mais um beijo em seus lábios e desci de seu colo. - Eu tenho que ir trabalhar, Capitão... - e ele me colocou no chão.  


Infelizmente eu ainda não posso colocar isso no seu dedo... - comentou um pouco cabisbaixo se referindo ao anel.  


Não seja por isso... - eu abri o fecho da medalhinha que eu usava desde criança, e ele entendeu o que eu queria. Ele passou o anel de noivado pelo colar, e quando ele se encontrou no meio com a medalhinha, eu o prendi em volta de meu pescoço mais uma vez, e o coloquei dentro da roupa, junto com a minha dog tag 


Eu te vejo depois... - ele segurou meu rosto delicadamente entre as mãos e uniu seus lábios aos meus em um beijo calmo e rápido.  

 

Ele saiu primeiro em direção ao seu alojamento e eu peguei minhas armas que estavam em cima da cama. A pistola foi para o coldre em minha coxa e pendurei a bandoleira do meu rifle em meu ombro e deixei meu alojamento para me encontrar com o Comandante na sala de reuniões, no centro da base. Hoje o dia também estava bem quente, não tanto quanto nos últimos meses, mas hoje estava bem quente. O natal estava se aproximando, e eu esperava que essa possível missão, já que era o único motivo para o Comandante querer me ver, acabasse rápido para que antes do natal, eu já fosse uma reservista, e já estivesse em casa.  


Senhor.... - e eu atraí a atenção do Comandante, e encontrando o Coronel junto a ele.  


Sargento... Aproxime-se... - e eu me aproximei da mesa onde o Comandante estava de pé e o Coronel sentado olhando para um notebook velho.  


Senhor... - me dirigi ao Coronel, que apenas mexeu com a cabeça na minha direção. -  Senhor, queria me ver? - e dessa vez me dirigi ao Comandante.  


Reconhece-os, Sargento? - e ele virou o computador, que o Coronel observava, na minha direção, revelando uma foto em preto e branco de dois homens, os quais eu conhecia muito bem. Eles eram dois irmãos, Alec e Riley Volturi 


Sim senhor... - respondi. - São os irmãos Volturi... Alec e Riley. Traficantes de armas internacionais... Estamos atrás deles há um tempo, senhor, mas sempre estão um passo à frente... - admiti.  


É porque eles estão sempre protegidos por alguma escória da classe mundial... - e um homem saiu dos fundos da sala de reunião. Ele não era dos fuzileiros, usava um terno um pouco caro demais, era provavelmente da CIA. - Rebeldes chechenos, senhores de guerra somalis, até mesmo governos inimigos... - respondeu ele jogando-se no sofá e tragando mais uma vez o cigarro que ele tinha em mãos. Eu olhei do agente da CIA para o Comandante, e voltei a encarar o agente.  


E agora eu suponho que temos uma correção sobre a localização deles, certo? E é por isso que eu estou aqui, não é? - e o agente da CIA apenas assentiu com a cabeça.  


Sol Escarlate. Já ouviu falar dele? - e o Comandante atraiu minha atenção.  


Sim senhor... - respondi assentindo também com a cabeça. - Grupo terrorista do leste do Camboja, comandado por um fanático chamado Ponhea Saok. - e ele assentiu concordando comigo.  


A relação entre Sol Escarlate e os irmãos Volturi ainda é instável... - o Comandante comentou. - No entanto, recolhemos conversas que indicam de que Riley está enviando seu irmão, Alec, para fechar um acordo de armas com Sol Escarlate. - explicou.  


Sargento, temos uma oportunidade de pegar esse cara... - e o agente da CIA voltou a falar, interrompendo o Comandante. - O primeiro cara-a-cara confirmado em anos... E a informação é boa. É de confiança... Precisamos agir agora... -  


Excelente! - disse simplesmente. Era exatamente o que eu queria. Uma missão rápida seguida pela reserva e no natal eu provavelmente estaria em casa.  


Não tão rápido... - e o Comandante já foi logo acabando com a minha alegria. - Existe uma discrepância... - e eu esperei que ele terminasse de falar. - O acordo acontecerá em um complexo de treinamento de Sol Escarlate no Camboja. -  


Ok... - eu disse um pouco receosa. - Além do alvo, temos informação atualizada de quantos inimigos dentro do campo, que armas estão usando, se usam patrulhas itinerantes? - e eu perguntava olhando do Comandante, para o Coronel e para o Agente da CIA, que já estava com outro cigarro em mãos.  


É aí que eu entro, Sargento... - e junto com o cigarro ele tinha um copo com uísque. - Meu pessoal te conseguirá tudo o que precisar... - garantiu.  


Descrição será a palavra-chave, Sargento! - e o Coronel frisou muito bem a palavra descrição.  


Querem que eu me insira, prenda Alec Volturi e saia do local sem ser comprometida, senhor. - e eu resumi rapidamente e em poucas palavras o que eles queriam exatamente.  


Exatamente, mas tenha uma coisa em mente: Essa missão não existe! - eu assenti entendo a gravidade de onde eu estava me enfiando. - Se for morto ou capturado, está por conta própria. - 


Sim senhor. - eu sabia muito bem como essas missões funcionavam, na verdade já até tinha feito algumas.  


O que significa sem tentativa de resgate. Sem negociações. Nem mesmo reconhecimento do seu serviço. - e ao terminar de falar, o agente da CIA deu uma longa tragada em seu cigarro.  


Eu sei! -  


Isabella... - e o Comandante atraiu minha atenção ao perceber que eu não parava de olhar para o agente da CIA, eu não sabia explicar o porquê, mas eu tinha um pressentimento ruim vindo dele. - Nós não vamos te enviar ao campo sozinho. Portanto, escolha alguém da equipe para ir com você... Alguém com um extenso conhecimento operacional. - e eu sorri ao ouvi aquilo.  


Eu conheço a pessoa perfeita para o trabalho! - respondi sorrindo e ele assentiu.  


Ótimo. Vá arrumar suas coisas, vocês partem hoje à noite. -  


Sim senhor... - e ele fechou o computador e se voltou ao agente da CIA. - Senhor, eu posso lhe falar por um minuto, em particular? - ele me encarou por alguns segundos até assentir e apontar para a porta da barraca onde ficava a sala de reuniões.  


Diga Sargento... -  


Senhor, eu... Eu gostaria de lhe informar que essa será a minha última missão... - e ele piscou os olhos confuso por alguns segundos até voltar a falar.  


O que quer dizer com isso, Sargento? - e ele cruzou os braços.  


Senhor... Eu vou passar para a reserva assim que voltar do Camboja... - expliquei e ele continuou me encarando esperando por mais. - Acho que... Acho que está na hora de eu servir a mim mesma, entende? Dediquei dez anos da minha vida a servir a nação, acho que está na hora de eu trilhar outros objetivos. Sejamos sinceros, já fiz muito conseguindo entrar para os fuzileiros e ser promovida a Sargento, mas sejamos sinceros... Eu não vou subir para nenhuma outra posição... Acho que finalmente chegou o meu momento de formar uma família... - terminei de explicar.  


Engraçado... - e ele mantinha seus braços cruzados e um sorriso divertido nos lábios. - O Capitão da sua equipe disse o mesmo para mim quando se apresentou novamente ao serviço... - e eu mordi o canto interno da boca, eu não sabia que ele já tinha conversado com o Comandante sobre passar para a reserva. - Que acha que já cumpriu seu objetivo defendendo a nação por dez anos, e que agora quer constituir uma família... - e ele deu um passo na minha direção, ficando bem perto de mim. - Sargento, você acha que eu sou um idiota? -  


Não senhor... -  


Então não me tome por um... - e eu o encarava sem saber o que dizer. - Acha mesmo que eu não sei que você se relaciona com o seu capitão, desde os treinamentos? - e eu abri a boca para falar alguma coisa e ele me interrompeu. - Eu deveria lhe demitir, os dois na verdade, mas não vou... Também deveria te proibir de chama-lo para essa missão, porque eu sei que você vai chama-lo, mas também não vou... - e ele sorriu carinhosamente para mim. - Vai logo para essa missão e quando vocês voltarem os papéis já estarão prontos para assinarem... Meus parabéns pelo pedido de casamento, e ele prometeu que eu seria o padrinho... - e confusa eu o encarei. - Ele me contou quando se apresentou e disse que passaria para a reserva após mais uma missão. - eu olhei no fundo de seus olhos e via apenas carinho ali. O Comandante McCarty sempre foi muito carinhoso com alguns de seus soldados, pelo menos os que ele considerava como filhos, o que era o meu caso. - Vai logo... - e contendo o impulso de abraça-lo, eu apenas assenti sorrindo e tratei de sair dali.  

 

Eu procurei pelo meu Capitão por uns bons cinco minutos até encontra-lo voltando de sua ronda pelo entorno da base. Ele tinha um grupo bem grande de soldados com ele, portanto eu teria que me comportar e não deixar transparecer a minha felicidade ao me aproximar deles.  


Capitão, tem um minuto? - questionei e ele tirou os óculos de sol que usava.  


Fala Sargento. -  


Em particular... - ele não falou nada, apenas olhou por cima dos ombros para o grupo que estava com ele, e eles se retiraram sem falar nada. - Contou para o Comandante que estamos juntos? - questionei em voz baixa e me aproximando dele.  


Eu não contei... Apenas admiti. Ele já sabia. - ele deu de ombros dando aquele maldito sorriso torto que fazia meu coração bater acelerado. - Era isso o que ele queria? - 


Na verdade, não... Ele nos arrumou a nossa última missão antes da reserva. -  


Foi rápido... Qual missão? -  


Uma missão que não existe... - expliquei e ele suspirou. - Alec Volturi vai se encontrar com o Sol Escarlate no Camboja. - falei baixo. - Ele disse que partimos hoje à noite, e disse que quando voltarmos os papéis para a reserva estarão prontos. -  


Vou arrumar minhas coisas... - e ele sorriu para mim.  

 

... 

 

Havia demorado quase dois dias até chegarmos as águas internacionais do Camboja e nós já estávamos nos aprontando para pular do avião, a única pessoa, fora nós dois, que estava nesse avião era o piloto. Eu estava terminando de checar se minhas armas estavam carregadas, quando ele voltou a falar.  


Quem arrumou este paraquedas para você? - ele perguntou mexendo em meu paraquedas, que já estava em minhas costas. - Não vai abrir... - brincou. 


São apenas 9,6 km abaixo... - respondi brincando também. - Eu me seguro em suas pernas... - e ele gargalhou. Eu beijei minhas placas de identificação e minha medalhinha e a guardando dentro de minha roupa.  


Com o que você está tão animado? - questionei, nós falávamos alto devido ao barulho ensurdecedor do motor do avião. - Tem estado mais feliz que um palhaço desde quando chegamos ao ar... -  


Tem um motivo melhor além do fato de hoje ser a nossa última missão e que assim que voltarmos aos Estados Unidos vamos nos casar? - e eu balancei a cabeça rindo. - Ah e tem uma coisa que eu fiz que eu ainda não te mostrei... -  


Qual merda você fez? - perguntei e ele levantou a manga de sua farda.  


O que você acha? - e ele me mostrou uma tatuagem em seu antebraço de um coração vermelho com meu nome dentro dele, e eu balancei a cabeça rindo.  


Acho que você é um filho da puta sentimental... -  


Obrigado... Isso é muito gentil, amor... -  


Acho que você é um idiota também... Meu nome tem dois ‘l’. - e sua animação sumiu e ele encarou sua tatuagem assustado e eu gargalhei quando ele conferiu que meu nome estava com os dois ‘l’.  


Muito engraçado... - e uma luz a nossa frente se acendeu em vermelho, avisando que estava na hora de saltar. - Eu estou noivo de uma comediante... - e eu gargalhei colocando meu capacete - O que acha de o casamento ser em março? Vai estar mais quente e vai ter dado tempo para arrumarmos as coisas... - perguntou colocando o seu capacete 


Acho perfeito... - a luz se acendeu em amarelo, anunciando que era para nos aproximarmos da porta.  

 

Eu coloquei minha máscara de oxigênio e meus óculos de proteção. A mochila com o equipamento estava em minhas pernas, com as alças da mesma passadas pelas minhas pernas e em minhas costas o paraquedas e o pequeno cilindro de oxigênio que duraria apenas até o pouso, e nós nos posicionamos no início da rampa de pouso.  


Não tem nada melhor do que isso, não é? - 


Eu consigo pensar em uma coisa... - brinquei. - Trocar fraldas sujas... - e eu segurei a alça superior da minha mochila para que ela não atrapalhasse na hora de pular, e ele me encarou. - Porque quem vai limpar será você... - comentou enquanto víamos a porta se abrir.  


Essa vai ter volta... - 

 

Ele tirou a máscara de oxigênio rapidamente e puxou a minha para baixo e me deu um beijo rápido, e antes de se afastar de mim eu ouvi um ‘eu te amo’. Eu falei um ‘eu te amo’ para ele também, voltei a arrumar a minha mala, e ao vermos a luz acender em verde, nós corremos pela rampa e pulamos do avião.  

 

... 

 

Em poucos minutos nós chegamos ao solo cambojano, em uma campina relativamente grande e cercada por árvores. Nós tiramos nossos equipamentos e os escondemos em um arbusto próximo a uma das árvores.  


Tudo bem? - questionei após ambos empunharmos as armas.  


Sim. Estamos na localização certa? - perguntou e eu olhei no gps em minha cintura.  


Temos três quilômetros até uma inclinação de 60º. -  

 

Nós andamos por cerca de quarenta minutos até chegarmos a localização exata do complexo de treinamento do Sol Escarlate, o caminho era árduo e bem fechado devido a mata, era uma montanha com 60º de inclinação até chegar onde ficava o acampamento. Após o longo caminho de subida e nós finalmente demos de cara com o complexo, notando que ele se encontrava com mais pessoas do que o número dito pelo agente da CIA. Nós havíamos conseguidos nos esconder, antes que corrêssemos o risco de sermos vistos pelos membros do Sol Escarlate, atrás de um grosso tronco de árvore caído, dentro de alguns arbustos.  
 
Nós estávamos bem longe do acampamento em si, e só conseguíamos enxergar graças as miras de nossas armas. Estava havendo uma troca. Do jeito que agente da CIA havia dito. Um homem, que se encontrava de costas para nós, se aproximava sozinho de um pequeno grupo cambojano de três pessoas, armadas com AK-47. O encontro entre eles não demorou muito, na verdade em menos de dois minutos a troca havia sido efetuada. Duas mochilas grandes e bem gordas foram postas aos pés do americano.  
 
- É ele. - Edward confirmou o alvo olhando para a única foto que tínhamos, em preto e branco, presa do lado de dentro de seu braço.  
 
- Parece que pegamos um dos irmãos Volturi... - comentei.  
 
- De olho no pacote... Ele parece estar sozinho... -  
 
Saok não deve ter permitido a entrada de mais ninguém além dele. - comentei ao ver que ele pegava as mochilas e se afastava. - Vamos lá... -  
 
Ainda andando agachados entre as árvores e arbustos, fomos seguindo nosso alvo de longe, até que ele chegou perto de uma parte do acampamento, que estava cheia de carros vazios, longe da vista de todos que estavam no complexo. Eu e Edward nos separamos por alguns segundos, apenas para que pudéssemos cerca-lo, eu pela frente e ele por trás. Nós estávamos bem escondidos dos olhos cambojanos, quando eu me postei na frente dele com meu fuzil apontado e engatilhado, mesmo que a ordem seja de levá-lo vivo, eu não extaria em atirar nele, caso ele tentasse ou atirasse em mim. Ele jogou as duas bolsas no chão e levou a mão até a parte de trás de sua cintura, puxando uma pistola, e antes mesmo que ele tivesse a chance de atirar, eu apenas soquei-lhe o maxilar e ele cambaleou para trás, onde já estava Edward com um capuz para cobrir-lhe a cabeça.  
 
- Mãos para trás. - enquanto Edward o pressionava contra a árvore, para prender-lhe as mãos, eu ficava mirando e olhando atenta para ver se ninguém vinha da direção que o Volturi havia vindo. - E caladinho, caso contrário vai levar bala em... - e ele amarrou as mãos dele atrás das costas. - O pacote está seguro... Vai! - ele passou a segurar o Volturi pela nuca, segurando com força no colarinho da camisa que ele usava, enquanto empunhava o fuzil com uma mão só.  
 
Ele iria carregando o pacote e eu ia na frente mostrando o caminho. Eu parei rente a traseira de uma caminhonete velha que tinha ali, apenas para me certificar que realmente não tinha nenhum rebelde naquela área do acampamento. Se nós conseguíssemos chegar até a floresta, seria mais tranquilo, e ela estava a poucos metros de nós.  
 
- Vai! - ele mandou e eu avancei correndo para o outro lado do pequeno pátio, para trás de outra caminhonete ali estacionada, e ao notar que eu estava fazendo contenção para que ele avançasse, veio puxando o nosso pacote.  
 
- AMERICANOS! AMERICANOS! - cujo pacote desgraçado começou a gritar chamando a atenção dos cambojanos. Edward chutou-lhe duas vezes, a primeira em seu estômago e a outra em suas coxas, e ele se calou, mas não a tempo suficiente, mal o primeiro chute atingiu seu estômago, e ele se calou devido a falta de ar, vários disparos começaram a vir em nossa direção.  
 
Saí minimamente de trás da caminhonete para poder atirar nos rebeldes que vinham da minha esquerda, dando cobertura para que Edward pudesse avançar para o meu lado. Eu vi apenas três chegando armados com AK, disparando na direção da caminhonete, e assim que Edward parou ao meu lado, eu vi o corpo de dois tombando no chão, mas conseguia ouvir mais vindos.  
 
- Maldito! - rosnei me escorando na caminhonete de novo para que pudesse recarregar. - Não podemos simplesmente matá-lo e falar ao Comandante que os rebeldes o acertaram? - Edward me olhou com aquele maldito olhar que fazia todos os seus subordinados entenderem o que ele queria dizer, e o que ele queria dizer era um simples NÃO.  
 
- Me dá cobertura! - mandou ignorando a minha pergunta. Eu engatilhei minha arma, saindo de trás da caminhonete, voltando a atirar na direção que eles vinham, e notando que do grupinho que havia caído um, agora tinha mais três. Edward seguiu para a frente, indo para trás de uma cabana que tinha ali, talvez a chance de sair tranquilamente pela floresta não daria mais certo, e o jeito mais “seguro” no momento seria roubar uma das caminhonetes e sair com ela. Eu ouvi disparos de Edward vindo de onde ele estava, e corri para lá, antes que os rebeldes chegassem mais perto de mim. - Vamos... Vamos... - antes que tivéssemos a chance de dar mais um passo, eu acabei soltando um gemido de dor, ao sentir uma bala atingir meu ombro, eu estava escondida atrás de um carro, como eles tinham conseguido me acertar. - Bella? Te acertaram? - perguntou com um tom de preocupação na voz. A adrenalina era tanta que a vontade que eu tinha de gritar que essa não era a hora de se preocupar comigo era imensa.  
 
- Eu estou bem! - contudo, me contentei em dizer apenas isso.  
 
- Leve-o. - ordenou, empurrando nosso pacote na minha direção. Eu não sabia se teria condições e força o suficiente para levar nosso pacote, devido ao tiro em meu ombro, mas ao mesmo tempo eu não sabia se teria condições de atirar. - Segurou? - e ele perguntou em uma calma assustadora, como se não tivesse uma dezena de pessoas atirando em nós.  
 
- Sim. - garanti, segurando com toda a força que eu tinha na gola da camisa do Volturi 
 
- Vai! - mandou, saindo de trás do carro e começando a disparar na direção de onde os tiros vinham, e eu andei para frente, puxando nosso refém, que cambaleava em seus próprios pés. Eu nos escondi mais uma vez atrás de alguns barris de aço que tinha ali, empurrei o refém para o chão, para que pudesse dar cobertura a Edward, que levou um tirou próximo ao joelho e acabou caindo no chão, vindo se arrastando para trás dos barris onde eu estava. E finalmente havia conseguido ver o infeliz que havia me acertado, ele estava do outro lado do campo, escondido na lateral de um carro, e havia sido o mesmo quem atirou em Edward.  
 
Eu me agachei no chão para que pudesse recarregar, ouvindo apenas o barulho dos tiros contra o aço dos barris, e me levantei de novo, intercalando minha mira do homem escondido ao lado do carro e dos outros rebeldes que se aproximavam, multiplicando-se cada vez mais. Eu senti uma mão em meu cotovelo, e Edward me puxou para baixo.  
 
- Tire-o daqui eu te dou cobertura. -  
 
- Esqueça! - disse firme. - Anda levanta daí... - e eu tentei puxa-lo pelo braço.  
 
- Completa a missão! - mandou e eu ignorei, continuando a puxa-lo. - Completa a missão! Vai lá. - disse rosnando e soltando seu braço do meu.  
 
- Minha missão não é deixar ninguém para trás. - e eu rosnei de volta para ele.  
 
- Não tem jeito, Bella... Olha para mim. - e ao olhar para baixo vi que sua mão ensanguenta estava apoiada em sua barriga. Ele havia levado dois tiros, um no joelho e outro na barriga. - Eu não vou conseguir sair daqui. - e me esquecendo completamente que a cada milésimo de segundo chegava mais um rebelde, eu senti minha garganta fechar e meus olhos arderem. - Não deixe que isso seja em vão! - pediu e eu senti algumas lágrimas escorrendo de meus olhos. Maldita missão, por que eu havia aceitado isso? Eu ouvia o falatório em Khmer se aproximando e se intensificando cada vez mais, e eu levantei de novo, para que pudesse atirar a esmo. - Eu quero que faça algo para mim... - pediu junto a um gemido de dor.  
 
- Não. Eu não vou fazer nada para você, porque nós dois vamos sair daqui juntos! -  
 
- Me escuta! - mandou e eu comecei a balançar a cabeça, eu não queria ouvi-lo, eu não podia ouvi-lo. - Me escuta, Swan! - ordenou e eu virei a cabeça o olhando. - Saí dos fuzileiros e vai viver a vida que sempre quisemos viver juntos! -  
 
- Eu não quero viver essa vida sem você... - disse sentindo meus olhos embaçados pelas lágrimas.  
 
- Promete... - e ele me ignorou e eu não respondi. - ME PROMETE! - gritou.  
 
- Tá bom. Eu prometo. - e ele recarregou e engatilhou sua arma.  
 
- Vai! - mandou em um tom mais calmo e eu comecei a balançar a cabeça negando, deixando todos os anos de treinamento para controlar minhas emoções irem para o lixo, e deixando as lágrimas correrem livres e soltas.  
 
- Eu não vou deixar você! - e eu comecei a balbuciar no meio do choro. - Eu não consigo. Eu não posso. Eu não quero! - ele levou as duas mãos ensanguentadas para o meu rosto, segurando-o e unindo nossos lábios, em um beijo calmo e com gosto salgado devido as minhas lágrimas.  
 
- Não se esqueça que eu amo você. Eu sempre amei você e sempre vou amar, independentemente do lugar onde eu estiver. -  
 
- Por favor, não me faça fazer isso... - pedi chorando. Edward tirou as mãos de meu rosto e as levou até o seu pescoço, tirando sua dog tag e passando-o pela minha cabeça.  
 
- Você sempre vai ter uma parte de mim com você... - falou segurando a sua dog tag, que agora estava em meu pescoço, junto com a minha. - Obrigado Bella, você foi a melhor mulher que eu conheci em minha vida... - e eu o calei unindo nossos lábios novamente. - Vai. Logo. - e ele falava entre os beijos. - Eu te amo. -  
 
- Eu te amo. - e eu encostei minha testa a dele por poucos milésimos de segundos.  
 
- Agora vai Swan! Vai! - ordenou gritando e se afastando de mim.  
 
- Vamos lá... - e segurando mais uma vez a gola do Volturi, puxei-o para cima, ao mesmo tempo em que Edward deitou no chão e começou a atirar, e essa era a minha deixa para sair correndo. Tinha uma caminhonete bem perto de onde nós estávamos, se eu conseguir jogar esse verme dentro da caçamba, talvez eu conseguisse voltar e buscar Edward.  
 
Dito e feito. Joguei o refém na caçamba da caminhonete, pouco me importando se alguma bala iria atingi-lo e entrei no banco do motorista, disposta a dar ré e usar o carro como escudo. Mas mal eu andei um centímetro para trás, uma bomba estourou atrás do carro e com o susto, o mesmo morreu. Eu vi Edward berrando comigo pelos espelhos enquanto tentava fazer o carro pegar de novo. E após mais duas tentativas ele pegou, e quando tentei dar ré mais uma vez, eu vi a cabeça de Edward tombando no chão, e agora eu tinha quase duas dezenas de armas apontadas e atirando na minha direção, e sem escolha, engatei a marcha e saí dali apenas ouvindo os tiros atingindo o carro.  

  

(...) 

 

Eu acordei dando um pulo da cama, eu estava arfante e suada, alguns fios de meu cabelo grudavam em minha testa e nuca. Uma movimentação ao meu lado atraiu minha atenção, e eu notei um homem dormindo ali de cabelos aloirados. Devagar eu saí da cama para não acordá-lo, eu precisava de tomar um ar puro. Eu saí do quarto na ponta dos pés, pisando no chão de madeira gelado. Ao terminar de descer as escadas, eu quase tropecei em uma grande bola de pelos amarela, que levantou a cabeça quando eu cheguei no andar inferior, e veio andando na minha direção.  


Oi Luke... - eu me sentei no último degrau da escada e cocei atrás de suas orelhas e ele colocou a língua para fora, sentado à minha frente com o rabo balançando. - Eu tive aquele pesadelo de novo, Luke... E por incrível que pareça... Está ficando pior... - e como se ele entendesse o que eu tinha dito, ele tentou subir em meu colo, sem muito sucesso, já que ele era enorme. - Vamos dar uma corrida na praia, Luke? - e ele bateu o rabo no chão animado. - Dê-me dois minutos para me trocar... - eu cocei atrás da orelha dele e ele se afastou.  

 

Na ponta dos pés eu voltei para o quarto e me troquei. Tirei o pijama que usava e coloquei uma calça e um casaco de moletom e calcei meus tênis. Desci novamente e peguei a coleira de Luke pendurada ao lado da porta da cozinha que dava para a praia, e antes de sair de casa, eu notei um embrulho em cima da mesa. Era o presente de aniversário de Aurora, amanhã ela completa cinco anos. Eu puxava o ar pela boca tentando me acalmar da sensação de pânico que começava a tentar me dominar, e dei uma última olhada no relógio da cozinha, que marcava 3:30 da manhã, e tratei de colocar a coleira em Luke e saímos de casa.  

 

Nós corremos da nossa casa até o parque que ficava a uma hora de minha casa, ficamos um tempinho ali para descansar, na verdade um longo tempo, sentados na areia da praia vendo o sol nascer. E só após o sol ter nascido completamente nós voltamos para casa.  


Mamãe... - e eu ouvi Aurora me chamar alto quando eu entrei em casa, segurando a coleira de Luke em mãos, e com ele entrando na minha frente, já solto. - Luke... - e ela riu para o cachorro que se aproximou dela animado, apoiado as patas dianteiras, ainda sujas de areia, no colo dela, e lambendo seu rosto fazendo-a rir mais ainda.  


Oi meu amor... - eu me aproximei dela e a peguei no colo. - Bom dia minha vida. - eu a abracei forte e lhe dei um beijo em sua bochecha. - Feliz aniversário meu amor... - e eu a abracei de novo enchendo seu rostinho de beijo.  


Bella... Bom dia... - e Mike entrou na cozinha. - Algum problema na delegacia? -  


 - Não... Não. Eu apenas perdi o sono e resolvi dar uma corrida pela praia... - respondi simplesmente.  

 

Após a minha volta do Camboja, depois de tudo o que aconteceu e de eu ter descoberto a gravidez de Aurora, eu precisei procurar um psicólogo, antes mesmo de procurar por ajuda médica, eu já sabia que estava sofrendo de TEPT – Transtorno do Estresse Pós-traumático - e resolvi por conta própria de que eu precisava de ajuda, não apenas por mim, mas principalmente por essa criança que eu estava carregando. E foi onde eu conheci Mike, na verdade Mike era o meu psicólogo, que havia ficado muito preocupado comigo, principalmente após meus avós morrerem no meu oitavo mês de gravidez. Eu não sabia muito bem quando eu comecei a sentir algo por ele, se é que eu sentia algo por ele além de agradecimento, mas quando Aurora completou dois anos, nós meio que nos casamos, não oficialmente, mas já morávamos juntos a três anos, durante o primeiro ano ele sempre ‘cobrava’ pelo casamento, mas agora ele pelo visto já não se importava muito. Agora estávamos muito distantes e pelo visto só estávamos juntos por conveniência.  

 

Ele sabia que eu ainda não tinha esquecido Edward, e que pelo visto eu não esqueceria nunca. Ele sabe que eu amava o Edward mais que tudo, e que nunca iria conseguir amá-lo do jeito que ele merecia. Ele sabia. Da mesma forma que ele sabia, que assim que Aurora tivesse idade para compreender, ela saberia que Mike não é o pai dela, e sim Edward. Só ele sabia o quanto eu me culpava por ter deixado Edward para trás, ele tentava fazer essa culpa passar, sem nenhum sucesso, e as coisas não foram muito boas depois que os pais de Edward me atacaram falando que a culpa pela morte de seu filho havia sido minha, e eles não estavam errados, mas de qualquer forma, era doloroso falar isso para alguém, principalmente para alguém grávida, e para alguém que já se culpava sozinha. Mas a pior coisa que eles fizeram, foi abrir um processo para pegar a guarda de minha filha alegando que eu não tinha condições psicológicas de cuidar de Aurora, e esse era um dos principais motivos para eu agradecer, e muito, por Mike ainda não ter desistido de mim e ido embora, porque eu tinha certeza de que se ele já tivesse me abandonado, eu já teria perdido a guarda de minha filha, que está há três anos na justiça.  


Claro. Eu entendo... - disse depois de um tempo. - Eu... Eu preciso dar uma corrida até o consultório, mas eu volto antes do almoço... Hoje é seu dia de folga, não é? -  


Sim. Eu tirei o dia de folga para ficar com a minha menina. - eu garanti e ele assentiu.  


Então eu vejo você mais tarde, menina... - ele se aproximou de nós duas e deu um beijo na bochecha de Aurora.  


Tchau papai... - e ele saiu, deixando nós duas sozinhas com Luke. - Mamãe, o que vamos fazer hoje? - 


Pensei que depois de terminamos de comer as panquecas que Mike fez, nós irmos ficar um pouquinho na praia, depois dar um banho no Luke e começar a arrumar as coisas para a sua festinha. O que acha? - e ela balançou a cabeça assentindo fazendo seus cachinhos ruivos pulares. - Então termina de comer, meu amor... - e eu a sentei em sua cadeirinha.  

 

Enquanto Aurora terminava de comer as panquecas que Mike havia feito para ela, eu coloquei comida para Luke e comi duas torradas com uma xícara de café. Enquanto ela subia para colocar um biquíni e lavei a louça toda e guardei as coisas. Após eu também ter me trocado, nós duas seguimos para a praia, com Luke junto. Aurora adorava água, piscina e mar, era um pequeno peixinho, desde novinha ela fazia aulas de natação, mas mesmo assim ela ficava bem na beirinha da praia, e nunca me desobedeceu indo para mais fundo, principalmente sozinha. 


Mamãe... - e ela voltou para perto de mim que estava sentada na areia. Ela estava molhada e tinha Luke, sua sombra, atrás dela.  


Oi meu amor... - 


Estou com sede... - disse um pouco arfante, o sol estava começando a ficar um pouco quente demais, e logo eu a colocaria para dentro. Eu peguei a garrafa que tinha ao meu lado, e a abri dando para ela, que bebeu um longo gole da água gelada. - Mamãe, o que é isso? - perguntou pegando minha dog tag 


É a minha identificação dos fuzileiros... Você lembra de quando eu te contei que era dos fuzileiros ano passado? - e ela assentiu. - Então, depois que você entra nos fuzileiros, exército, marinha ou qualquer outra coisa desse tipo, você recebe essa plaquinha com seu nome, tipo sanguíneo, para o caso de algum acidente acontecer, a pessoa poder te socorrer... - ou para quando você morrer ser identificado, mas essa última parte eu não falei para ela.  


Ah... Mas por que a senhora tem duas? - e ela soltou a minha e pegou a dog tag de Edward que estava comigo, junto ao anel de noivado que eu ainda tinha pendurado em meu pescoço.  


Você é nova demais para essa parte da conversa, meu amor... - e ela fez bico. - Mas eu prometo que logo eu vou te contar tudo o que você precisa saber... - garanti. - Tá bom? - e ela assentiu. - Então, por que nós não entramos, damos um banho em Luke para tirar o sal e a areia dele e depois vamos almoçar? Nós ainda temos uma festinha para organizar de uma menina muito perguntona e maravilhosa... - falei fazendo cócegas em sua barriga e ela gargalhou. - Venha, vamos entrar... -  

 

Eu me afastei um pouco dela para poder me levantar e pegar minhas coisas, e subimos para o deque de nossa casa e entramos na mesma, pela cozinha. De início nós fomos direto para o banheiro, para dar um banho em Luke, e depois dele estar limpo e seco, eu limpei a banheira e deixei Aurora tomando banho enquanto ia fazer o almoço.  

 

Mal eu havia servido o almoço a minha filha e Mike entrou em casa. Depois da louça do almoço estar toda lavada e guardada, nós fomos começar a arrumar as coisas para a festa de Aurora que começaria às 16h, um pouco tarde para uma festa infantil, mas ela havia pedido o tema de Lual, e bom, não tem como fazer um lual na praia debaixo de um sol de 14h. Faltava poucos minutos para às 16h e daqui a pouco os convidados estariam chegando. Deixei Mike terminando de arrumar as coisas e entrei correndo com Aurora para ajuda-la a tomar banho e a se vestir, e me certificar de que não tinha nenhum grão de areia em seu cabelo, já que enquanto ela usava a desculpa para nós ajudar, ela ficava na verdade brincando na areia com Luke.  

 

... 

 

Eram quase 20h e a festa ainda estava cheia de crianças, o vento gostoso que vinha da praia estava fresco, não causava frio em nenhuma criança que brincava na areia com a minha filha. Os pais estavam separados em grupinhos, feitos por eles próprios, e conversando entre si. Eu via Mike andando de um lado para o outro, ficando cerca de dez minutos em cada grupo. Já eu, eu ficava sentada no degrau do deque com Luke ao meu lado, eu ainda estava um pouco abalada pelo pesadelo da noite passada, e estava começando a ficar bem cansada, e sinceramente não tinha muita paciência para ficar conversando sobre a peça dos pinguins que nossos filhos haviam participado no mês passado.  

 

Uma movimentação me chamou a atenção pelo canto dos olhos, e ao olhar fixamente lá, eu vi um homem, alto, parado afastado da festa, na parte escura da mesma, onde a luz da fogueira, que fizemos, não alcançava, mas eu o reconhecida, mesmo sem vê-lo há anos, eu saberia quem ele era. Eu me levantei de onde estava e segui até onde o homem estava, e conforme eu me aproximava eu pude ver sua farda.  


Comandante... - 


Sargento... -  


Devo bater continência? O senhor está aqui de farda... -  


Não será necessário, Sargento... - respondeu com as mãos para trás das costas.  


O que deseja senhor? - ele abriu e fechou a boca algumas vezes.  


Mamãe... - mas Aurora se aproximou gritando e impedindo-o de falar. - Mamãe... - e ela se jogou em meu colo e eu a peguei. - Quem é ele? -  


Ele é um amigo da mamãe... - respondi simplesmente.  


Oi Aurora. Eu sou o Emmett McCarty, servi com a sua mãe nos fuzileiros... - respondeu.  


Oi... - e ela acenou fofamente com a mão.  


Eu soube que hoje era o seu aniversário, e eu trouxe um presente. - e ele tirou as mãos das costas revelando um embrulho grande com um enorme laço vermelho, e eu coloquei Aurora no chão para que ela pegasse.  


Obrigada... - ela pegou o embrulho, desfazendo o laço e abrindo a tampa. - Olha mamãe... - e ela tirou algo de dentro da caixa me amostrando. Era um ursinho de pelúcia com o uniforme da marinha. - Ele está vestido igual a mamãe... - e eu sorri para ela.  


É lindo, meu amor... - e ela se voltou de frente para Emmett 


Obrigada. -  


Gostou? - e ele perguntou sorrindo.  


Muito. Vou dormir com ele hoje... - respondeu animada e eu balancei a cabeça rindo.  


Amor, por que veio me chamar? - perguntei.  


Ah, o papai está chamando para cortar o bolo... - e eu encarei Emmett 


Só preciso de cinco minutos. -  


- Meu amor... - e eu me agachei a sua altura. - Fala para o seu pai, aguardar um pouquinho enquanto a mamãe resolve um problema, por favor... -  


Tá mamãe... - e eu me pus de pé. - Tchau. - e ela acenou se despedindo de Emmett 


Tchau fofinha... - e ela saiu na direção de Mike. - Ela é a cara do Edward. -  


Eu sei... E toda vez que eu olho para ela é como uma porrada no estomago. - Admiti 


Ela sabe? -  


Ainda não... Mas ela vai saber, eu avisei ao Mike de que quando ela fosse maior eu contaria a ela a verdade... - e ele abriu a boca. - Por favor, vá direto ao ponto. -  


Eu vim lhe informar que vamos recuperar o corpo de Edward. -  


O que? - perguntei confusa. - A missão falava que não teria recuperação... -  


Eu sei... Mas eu pesquisei e muito e descobri que aquele agente havia mentido e armado para nós. Tinha muito mais gente lá do que eles garantiam que tinha... Ele estava fazendo um acordo com os Volturi, que desistiram e foram atrás do Sol Escarlate e ele ficou com raiva... - contou e eu passei a mão pelo rosto sentindo o desespero chegando. Eu havia passado por tudo aquilo, havia perdido o homem da minha vida por culpa daquele agente desgraçado. - Então eu convenci o major a abri um pedido de recuperação do corpo, e depois de cinco anos o acordo foi aceito. Dois prisioneiros de guerra pelo corpo de Edward. -  


Eu quero ir... - e eu nem esperei ele terminar de falar. - Eu preciso ir... - 


E a Aurora? E seu marido? -  


Escolta militar demora menos de três dias... Eu iria e voltaria rápido e inteira. E Mike não é meu marido, nós só moramos juntos, mas ele sabe de Edward, ele sabe o que eu sentia por ele, ele sabe, ele vai entender que eu preciso fazer isso. Fui eu quem o deixou para trás... - e eu comecei a sentir meus olhos ardendo e o choro subindo pela minha garganta. - Ele ficou para trás para que eu pudesse sair dali... Comandante, eu tenho que ir busca-lo... -  


Eu sabia que você diria isso... O avião parte para o Camboja à 00h. - e eu assenti. - Eu te espero na base... - e ele saiu. Eu precisei de dois segundos para engolir o choro e limpar meus olhos antes de voltar a festa, mas ao me virar, eu dei de cara com Mike.  


Você aceitou uma missão sem nem ao mesmo conversar comigo... Não como seu companheiro, ou seja, lá o que nós somos, mas como seu psicólogo.... Isabella você não está preparada para voltar a combate, você tem crises de TEPT em casos pequenos casos da polícia... -  


É escolta, Mike. Não é uma missão. Eu não vou pegar em armas. Eu vou apenas escoltar o corpo de Edward de volta para a casa. - expliquei e ele abriu a boca. - Não importa o que você fale. Eu vou! Eu preciso ir... Por mim... -  


Isso não o trará de volta, Isabella. Não vai adiantar... - e eu preferi ignora-lo e voltar a festa de minha filha. - Se você for, Isabella, conte antes a verdade para Aurora. E não espere que eu esteja aqui de novo para lhe ajudar a recolher seus cacos. Eu estou tentando te ajudar, e você se recusa, a muito tempo você vem recusando minha ajuda. Não vou ficar ajudando quem não quer ser ajudado. Eu me cansei... -  


Então quando eu voltar, você vai embora... - disse simplesmente e voltei para a festa.  

 

Mike voltou um tempo depois e nós batemos parabéns para Aurora, e enquanto ela se despedia de seus amiguinhos, eu segui para o quarto para pegar minha antiga mochila, e a minha farda, a qual eu esperava que ainda servisse em mim. Em meia hora minha mochila estava pronta, Mike entrou no quarto para trocar de roupa, e mesmos sabendo que eu não passaria a noite em casa, ele pegou seu travesseiro e uma coberta e foi para a quarto de hóspedes, e eu fui colocar Aurora na cama.  


E que Deus proteja a mamãe... E o papai... - e ao chegar ao seu quarto, eu a encontrei ajoelhada ao lado da cama, já com seu pijama e fazendo sua oração antes de ir para a cama. - Amém... -  


Pronta para dormir, meu amor? - perguntei quando ela subiu na cama.  


Estou mamãe... - e ela foi para debaixo das cobertas com o urso marinheiro que ela tinha acabado de ganhar do lado.  


Antes de você dormir, a mamãe quer conversar com você... - e eu me ajoelhei em cima de seu tapete, ao lado da cama, para ficar na altura dela. - Lembra do que você me perguntou mais cedo? De quem era essa outra identificação comigo? - e ela assentiu.  


A senhora disse que me contaria quando eu fosse crescida. - 


Eu sei. Mas eu preciso te contar isso agora... - e ela deitou a cabeça no travesseiro esperando-me falar. - Quando eu entrei para o treinamento dos fuzileiros há quinze anos, eu conheci uma pessoa. Ele era um recruta como eu, tinha acabado de entrar no treinamento, e eu me apaixonei por ele, e foi reciproco. E nós tivemos a sorte de conseguir passar no treinamento e ir para a mesma equipe, e mesmo sendo proibido o relacionamento entre os membros da equipe, nós namorávamos as escondidas. - e eu respirei fundo antes de continuar. - Nós ficamos juntos por dez anos, e no nosso décimo ano, ele me pediu em casamento... - e eu mostrei a ela a aliança presa em minha correntinha. - E nós tínhamos um acordo. Mais uma missão e nós passaríamos para a reserva, nos mudaríamos para Jacksonville, para uma casa de frente a praia, entraríamos para a polícia, e teríamos um cachorro chamado Luke e dois filhos, um menino chamado Liam e uma menina chamada Aurora... - e seus olhinhos piscaram confusos. - Mas a missão deu errado, e ele não voltou comigo... - e agora as lágrimas já escorriam livremente pelos meus olhos. - E uma semana depois eu descobri que estava grávida... De você... - e ela se sentou na cama.  


Mas e o papai? - perguntou.  


Eu conheci o Mike quando decidi por conta própria procurar ajuda psicológica. E ele me ajudou muito, foi um excelente amigo, e quando você tinha dois anos, ele se mudou para cá. -  


Ele não é meu pai? -  


Ele é seu pai, Aurora, porque ele me ajudou a criar você... Mas seu pai biológico... Não... Ele não é... - admiti. - E eu vou precisar ficar uns dias longe. - e ela me olhou assustada, ela não gostava quando eu ficava longe. - Só alguns dias... Eu preciso trazer o corpo dele de volta... -  


Vai voltar mesmo? - perguntou chorosa.  


Vou! Eu nunca vou abandonar você... - garanti. - Mas não precisa se preocupar. Quando eu for, daqui a pouco, você estará dormindo, e quando eu voltar também, você nem vai perceber que eu fiquei fora. Será bem rápido, eu prometo, eu ligarei para você toda hora. -  


Tá bem mamãe... - 

 

Aurora levantou da cama e eu a abracei forte, inalando seu cheirinho para tê-lo em minha memória enquanto eu estivesse fora. Eu ainda tinha um tempo, portanto eu deitei na cama com ela, até que ela adormecesse. Quando Aurora dormiu, eu dei um beijo demorado em sua cabeça e levantei da cama, saindo do quarto em silêncio. Eu voltei ao meu quarto para que pudesse me arrumar para ir embora, eu coloquei minha farda de serviço, que eu achei que não usaria nunca mais, e sem falar com Mike, eu saí de casa.  

 

... 

 

Quase dois dias depois de eu ter deixado a Flórida, eu estava no local indicado onde aconteceria a troca, a zona desmilitarizada entre Laos e o Camboja, que na verdade era apenas uma ponte que dividia os dois países. Eu não estava sozinha, Jasper Hale, um grande amigo meu e de Edward, estava comigo, junto um grupo de quase dez pessoas para fazer a guarda, e os dois prisioneiros de guerra estavam trancados e encapuzados dentro do carro, esperando apenas o horário da troca.  

 

O comboio cambojano chegou alguns minutos depois de nós. Quando o comboio de três carros deles pararam no meio da ponte guardas da fronteira entre os dois países, abriram o portão que os separavam para que pudéssemos avançar. Jasper se aproximou comigo e com mais dois guardas, com rifles em mãos. O General do exército cambojano, que eu suspeitava ser pela farda, desceu do carro e se aproximou de nós, quando ele parou a dez passos de nós, ele acenou com a mão, sem falar nada, para as pessoas do último carro, e quatro pessoas trouxeram um caixão de madeira, e eu precisei respirar fundo para segurar o choro em minha garganta. Quando o caixão foi posto aos nossos pés, eu me virei e acenei também, para que os guardas pudessem trazer os dois prisioneiros, ainda encapuzados.  


Cinco anos de negociação... - e o General falou quando seus guardas pegaram os prisioneiros. - Seu governo passou por muitos problemas para arranjar essa... Repatriação de corpo... - e ele olhou para o caixão com desdém. - Quem é ele para você? - eu não respondi. Simplesmente virei-me de costas voltando para o carro enquanto os guardas iam apanhar o caixão.  

 

Nós deixamos a zona desmilitarizada e voltamos para a base aérea do Laos e o avião partiria de volta para a Flórida em vinte minutos, o tempo necessário para terminar seu reabastecimento. Eu pedi a Jasper um tempinho a sós com o ele, apenas para que eu pudesse me despedir, torcendo para que, na frente de todos aqueles soldados, eu não desabasse da mesma forma que eu faria caso estivéssemos a sós, e eu tirei a sua placa de identificação que estava comigo.  


Tudo bem meu amor... Hora de ir para a casa... - falei um pouco chorosa, e respirei fundo antes de abrir a tampa do caixão.  

 

Eu esperei um pouco para que o cheiro saísse antes de olhar para o caixão. Eu tinha noção de que tinha se passado cinco anos, e mesmo com a decomposição, ele estava muito diferente do que eu me lembrava, e apenas para conferir que era ele, eu procurei pela tatuagem em seu braço, a qual apenas eu, ele e o tatuador sabíamos que existia... 


Desgraçados!  


Isabella, o avião está pronto. - e Jasper me chamou para partir e eu senti meus olhos ardendo pelas lágrimas, e dessa vez não eram lágrimas de dor e sim de ódio.  


Eu não vou a lugar nenhum! -  


Do que você está falando? Por que não? -  


Este não é o Edward! -  


Se não é o Edward... Então quem é? - perguntou, provavelmente achando que eu era louca.  


Eu não sei... Mas não é o Edward... -  


Isabella, por favor, me escuta... Esse comércio foi feito nos mais altos níveis. Pareceria completamente estúpido o Camboja tentar enganar alguém. - ele falava de forma calma. - Dito isso... Já tem cinco anos, há alguma decomposição... Tem certeza? - eu sabia que tinha cinco anos e decomposição, mas para um corpo que havia sido morto em cinco anos, ele está até que bem conservado.  


Tenho! - falei com firmeza. - Veja bem... Você já sabe que eu e ele iriamos nos casar, e um pouco antes de saltarmos do avião, ele me mostrou uma tatuagem com o meu nome que ele tinha feito na sua última visita a casa de seus pais... Uma tatuagem feita no interior do antebraço direito... - e com cuidado para não profanar o corpo, eu ergui seu braço que não parecia decomposto. - Você vê alguma tatuagem? - e ele olhou. - É dessa forma que eu sei que esse não é o Edward, e nós sabemos muito bem, que um corpo de cinco anos não tem só essa decomposição. -  


Certo... Então, onde está o Edward? -  


Deve estar onde eu o deixei... -  


Isabella, é agora que nós dois chamamos o Departamento de Estado. Vamos através da diplomacia apropriada... -  


Diplomacia apropriada? - perguntei incrédula. - Jasper, nós já fizemos isso. É onde estamos. E olha para onde isso nos levou... -  


Tudo bem... E quanto ao nosso pessoal? -  


Mesmo que eu convencesse os fuzileiros a liberar uma operação, isso significaria mais dez semanas de preparação. - expliquei. - Eu, a Aurora e a família do Edward já estamos esperando há cinco anos. E isso já foi o suficiente... - e eu tampei o caixão, e eu entrei mais ainda no hangar, na direção da sala de descanso onde estava minhas coisas.  


Isabella, eu vou com você... - e eu ouvi a voz de Jasper vindo atrás de mim.  


Absolutamente não! -  


Não me lembro de ter pedido a sua permissão. -  


Não me importa. Você não vai a lugar nenhum. - 


Vem cá... Você vai precisar de apoio, você está na reserva, a cinco anos não pega em armas pesadas e não faz missões deste tipo e... - 


E é pelo fato de você ainda estar na ativa que eu não quero que vá. Não arrisque a sua carreira por algo que eu quero fazer. - 


Edward também era meu amigo. Da mesma forma que você quer levá-lo de volta para casa, eu também quero. E eu não vou ouvi um não como resposta. - 


Não vou fazer você mudar de opinião, não é? -  


Não... -  


Ótimo... - e eu o deixei parado no hangar e segui para a sala de descanso para me trocar.  


Ótimo. - repetiu. - Agora que decidimos que sou seu apoio, como planeja agir? Porque eu vim para cá apenas com um pacote de chicletes, de biscoitos e alguns Dramin. - 


Eu estou pensando nessa parte ainda... -  

 

Eu entrei na sala de descanso e peguei minha mochila, para pegar uma roupa. E ao puxa-la para fora da mochila, uma foto de Aurora caiu no chão. Eu tinha que ligar para ela antes de fazer alguma coisa, eu prometi para ela que em três dias estaria de volta, e eu não estaria de volta em três dias... E antes mesmo de trocar de roupa, eu peguei o telefone e liguei para ela, já era bem tarde na Flórida, mas eu precisava falar com ela.  


Fala Isabella. - e Mike atendeu o telefone mal humorado.  


Eu preciso falar com a minha filha. -  


Para que? Confundir mais ainda a cabecinha dela? - 


Passa para a minha filha. - e eu frisei bem a parte do minha.  


Aurora já está dormindo. -  


Mike... Eu preciso falar com ela... Agora! - Ele bufou e eu não ouvi mais nada, demorou uns bons cinco minutos até Aurora atender o telefone.  


Oi mamãe... - e ela falou com sua vozinha de sono e eu me senti mal por acorda-la.  


Oi meu amor, você está bem? - 


Estou mamãe... A senhora está voltando? -  


Foi para isso que eu liguei, meu amor... A mamãe vai demorar mais um pouquinho para voltar... Aconteceu um pequeno problema com o avião, e nós vamos demorar mais um pouquinho para voltar. - 


Mais quanto tempo? - perguntou manhosa.  


Acredito que só mais um dia, meu amor... Mas eu juro que quando eu voltar, eu vou agarrar você e não vou soltar mais... - prometi.  


Tá bom, mamãe... Eu te amo... -  


Eu também te amo meu amor... Durma com os anjos... - eu desliguei o telefone, e já sabia o que iria fazer para recuperar o corpo de Edward... Eu cobraria uns favores. Assim que desliguei o telefone com Aurora, eu liguei para Emmett, ele iria me ajudar.  


Estava agora mesmo pensando em você... - ele disse ao atender o telefone no segundo toque. - Como foi? -  


Digamos que piorou... -  


Como assim? O que aconteceu? - 


Na verdade, é isso o que eu pretendo descobrir... - admiti. - Liguei para cobrar os favores que o senhor ficou me devendo... - e ele não falou nada, me esperando terminar de falar. - Preciso que o senhor cobre alguns favores para mim, para me comprar algum tempo. -  


Quando tempo? -  


24h. -  


Eu posso fazer algumas ligações e tentar atrasar o voo por um dia. Mas o que aconteceu? -  


Eu tenho mais um favor para cobrar... - e eu ignorei sua pergunta. - Pronto? Preciso de um contato para informações, transporte e favores políticos. Estava pensando se seu velho amigo, o que fez a extração de uma missão Black Op do Edward no Vietnã há alguns anos, ainda opera junto a zona desmilitarizada. -  


Dá última vez que eu falei com ele, sim ele estava... -  


E como eu o encontro? -  


Isabella, o que está acontecendo? -  


Onde eu o encontro? -  


Sargento, não é só porque você está na reserva que pode sair por ai fazendo o que bem entender. Então trate de abrir a boca e me contar o que aconteceu antes que eu mande tacá-la dentro de um avião de volta a Flórida. - e ele falou de forma firma.  


Não era o corpo do Edward... E eu não vou esperar mais cinco anos para recuperá-lo... -  


Você não pode simplesmente entrar no Camboja para recuperar o corpo dele, você sabe o que pode acontecer se te pegarem. -  


Comandante, eu já deixei o Edward para trás uma vez... E eu não vou fazer isso de novo! Eu não vou voltar para a Flórida sem ele. Eu vou entrar lá e recuperar o corpo dele com ou sem a sua ajuda... - falei firme e ele ficou em silêncio por alguns segundos até suspirar e voltar a falar.  


Procure o bar que fica aberto por mais tempo. - disse simplesmente se referindo ao amigo dele, o qual eu havia perguntado.  

 

Eu desliguei o telefone e troquei de roupa, eu não entraria no Camboja com a farda dos fuzileiros navais americanos, eu sabia perfeitamente o que poderiam fazer comigo caso me pegasse, talvez, com roupas de civis, eu passaria despercebida. Eu tentei convencer a Jasper a não ir mais uma vez, e mais uma vez ele se recusou a me ouvir e insistiu em ir junto, trocando de roupa também. Emmett havia feito o que prometeu, conseguiu atrasar o voo para daqui a 24h, eu não sabia muito bem o que ele fez, e também pouco me importava. Eu tinha 24h para encontrar o corpo de Edward e voltar até a base aérea.  

 

Nós pegamos um carro da aeronáutica e começamos a procurar pelos bares pelo amigo de Emmett, eu torcia para ainda reconhecê-lo depois de oito anos, e nós o encontramos no último bar, perdido dentro da floresta. Ele tinha armas para emprestar, todavia o helicóptero que ele tinha quando retirou Edward do Vietnã não funcionava mais. Ele nos levou por uma velha trilha de contrabando entre os dois países em um jeep, e na uma hora que ele teve para se preparar, ele conseguiu duas AK 47, duas pistolas e algumas munições, não era muito, mas eu torcia para que fosse o suficiente.  

 

Demorou mais uma hora até finalmente chegarmos ao final da trilha e finalmente estávamos dentro do território cambojano, agora era só chegar até onde eu tinha visto-o pela última vez. Eu me recordava perfeitamente bem daquele maldito local.  

 

Era difícil e demorado para chegarmos lá, nós estávamos na zona rural do país, na zona dominada por milícias terroristas, e a cada dois passos que dávamos, nós víamos ou ouvíamos algum grupo de patrulha, e tínhamos que encontrar algum lugar para nos esconder e esperar eles seguirem viagem.  

 

Após algumas horas andando e se escondendo, nós chegamos a uma pequena aldeia, a qual eu também tinha passado com Edward, nós estávamos perto, mais alguns minutos andando e nós chegaríamos ao último lugar onde eu o vi. Nessa aldeia, eu vi um soldado, e eu me lembrava dele muito bem, mesmo que tivesse se passado cinco anos, eu o reconheceria, ele estava no meio do tiroteio enquanto tentávamos fugir. Ele nos levaria até onde Edward estava.  

 

Ele deixou a aldeia com um chevette velho, e nós tratamos de correr, para nós afastarmos da aldeia e intercepta-lo logo a frente. Nós conseguimos pará-lo a alguns quilômetros à frente. Enquanto eu apontava o rifle para ele, Jasper entrou na porta de trás do carro, com a pistola em mãos, e o desarmou. Após ele confirmar que ele estava completamente desarmado, eu entrei no carro, no banco do passageiro, deixando minha arma apontada para ele, e ele não olhava, em hipótese alguma na minha direção.  


Olhe para mim. - mandei e receoso ele olhou. - Lembra-se de mim? - e ele voltou a olhar para a frente, balançando a cabeça rápido negando. - Há cinco anos, você meteu algumas balas em um amigo meu. Ele era um militar americano. - e ele me encarou de novo.  


Agora eu me lembro de você. - e ele voltou a olhar para a estrada de terra. - E do seu amigo. -  


Ótimo... Porque você nos levará a ele... - e Jasper pressionou mais ainda o cano de sua pistola na têmpora do homem.  


Você a ouviu... - Jasper frisou minha ordem, e ele ligou o carro de novo.  

 

Mas não seria tão fácil como eu achei que essa parte seria. O carro não andou nem cinco centímetros e ele abriu a porta do carro se jogando em um barranco, eu havia conseguido pegar o volante do carro, mas não havia conseguido estabilizar o carro antes dele bater contra uma árvore.  

 

Quando conseguimos sair do carro, comigo tendo que sair pela janela, que a porta da frente tinha emperrado, todos estávamos bem, eu tinha um pequeno corte na testa e Jasper tinha quebrado uma ou duas costelas com a batida, mas mesmo assim seguimos em frente. Enquanto o soldado corria pela floresta, fugindo de nós, berrando para avisar que havia militares americanos no território, nós corríamos atrás dele, tentando alcança-lo. Eu podia tentar pegar um bom ângulo e atirar nele, mas eu precisava dele vivo. Eu o queria vivo. Ele tinha que me levar até o Edward.  

 

Infelizmente ele conseguiu atrair soldados, eu o acertei, e nós fomos cercados em uma ponte por quase quinze soldados cambojanos, que nos levaram até o acampamento do Sol Escarlate. Eu provavelmente não voltaria para casa.  


É bom te ver de novo, Sargento. - e nós fomos levados até Ponhea Saoko líder do Sol Escarlate. - E vejo que trouxe outro amigo. - ele falava destravando uma pistola.  


Eu tenho muitos amigos. - disse simplesmente. - E neste momento eles estão vindo para cá. - blefei 


Eu acho que não. - e ele não acreditou. - Eu acho que você está aqui sozinho. Em alguma vingança pessoal imbecil. - 


Cadê o corpo do Capitão Cullen? - questionei ignorando o início de seu monologo, e ele se aproximou de mim, me segurando pela nuca e falando em meu ouvido.  


Você tinha que ter pegado o que eu te dei e ido para a casa. - 


Foi por isso que nos deu o corpo errado? Para que ninguém descobrisse o que animais, como você, fazem com militares americanos? - ele não me respondeu, apenas me deu as costas. - Responda a minha pergunta! - e eu gritei para ele, e ele mais uma vez não me respondeu.  

 

Ele apenas gritou alguma coisa em Khmer, idioma oficial do Camboja, e os guardas nos levaram dali. Nós fomos levados para perto da mata novamente e postos ajoelhados no chão, com as palmas apoiadas na terra e o rosto virado para a mesma. Era isso. Eu havia fracassado mais uma vez. Não havia recuperado o corpo de Edward, e agora fiz com que minha filha perdesse a mãe...  

 

Não... Eu não iria desistir assim tão fácil. Quando eu ouvi o soldado destravando sua AK 47, eu virei minimamente a cabeça e olhei Jasper, que também me olhou, e eu torcia para que ele entendesse o que meu olhar significava. E tudo correu em uma fração de segundos, antes que ele tivesse a oportunidade de atirar em minha cabeça, eu chutei para trás, acertando o joelho do soldado atrás de mim e o derrubando no chão. Graças a Deus, Jasper entendeu o que eu queria dizer com meu olhar, e fez o mesmo que eu, e assim que derrubamos os dois soldados, nós nos colocamos de pé, pegando as armas deles dando uma coronhada neles.  


Dê-me cobertura! - gritei para Jasper, já começando a disparar, quando vi mais soldados se aproximando de nós, já atirando. Jasper atirava nos que vinham por trás de mim, e eu atirava nos que vinham a nossa frente, e tratamos de nos esconder agachados próximos a algumas latas.  


Tem muita gente vindo... - e Jasper gritou para mim enquanto eu via a quantidade de soldados aumentando cada vez mais, parecia até uma hidra, da mitologia grega, a cada cabeça cortada apareciam mais três. - Vai para a porta... - ele se referia a uma grande porta de metal perto de nós. - Eu te dou cobertura... - e ele me olhou e eu assenti para ele. Antes de me levantar e ir, eu conferi quantas balas eu ainda tinha em meu pente, eram poucas.  


Agora! - eu falei apenas para que ele ouvisse e nós nos levantamos mais uma vez atirando, e conforme atirávamos nós seguimos para a porta.  

 

A porta levava para uma escada que descia para um lugar escuro, a chance de encontramos mais soldados lá embaixo era grande, mas talvez aqui embaixo nós poderíamos nos proteger. Ao terminar de descer as escadas, demos de cara um labirinto escuro e Jasper parou de atirar e nós entramos em um corredor tentando fazer o mínimo de barulho possível para que pudéssemos perdê-los no labirinto. Nos corredores pelo quais nós passávamos, tinha diversas portas, e todas que eu tentava estavam trancadas, e cada vez mais, nós dois nos perdíamos ali, com poucas balas e no escuro.  

 

Nós não os ouvíamos mais atrás de nós e finalmente uma das portas que eu havia testado estava aberta e nós entramos, trancando-a. E nós dois apoiamos a testa no metal frio para respirar fundo. Nós estávamos perdidos, e oficialmente, ninguém sabia onde nós estávamos. Quando eu estava quase recuperando os batimentos normais de meu coração após essa adrenalina toda, a qual eu havia perdido a pratica durante esses cinco anos, eu ouvi uma tosse seca, e foi quando percebemos que nós não estávamos sozinhos na sala.  


Vocês vieram cedo dessa vez... O sol ainda nem abaixou. - essa voz. Eu conhecia essa voz. Eu olhei para Jasper assustada e o encontrei também me encarando assustado, ele também reconheceu a voz. Isso era impossível. Eu me virei devagar, quase que em estado de letargia, e encontrei uma sala relativamente grande, nos quantos algumas caixas grandes estavam empilhadas e no meio da sala uma cadeira, com um homem sentado dela, amarrado pelos tornozelos e pelos pulsos, e a única luz que iluminava o cômodo, era a luz fraca do sol que entrava por uma fresta de uma janela alta que estava coberta pela metade, pela vegetação do lado de fora. O homem levantou a cabeça para ver quem havia entrado na sala. - Bella? - 


Você está vivo! - e eu falei com a voz chorosa e sentindo as lágrimas jorrarem de meus olhos.  

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