Isabella ficou mais alguns segundos ali abraçada a Anastásia, mexendo delicadamente em seus cabelos em uma tentativa de acalma-la. Bella sabia que o quanto a menina estava apavorada e assustada, era algo novo para ela, e ela sequer havia visto a magia da mãe, jamais iria pensar nisso. Com a voz tranquila e suave, ela começou a pedir, próximo ao ouvido da primogênita, para que se acalmasse. Que fechasse os olhos e respirasse fundo que tudo iria ficar bem. E ela começou a ouvir a respiração de Anastásia, que começou a respirar fundo, puxando e logo em seguida soltando o ar pela boca.
- Deixa eu ver, meu amor. – Bella afastou um pouco a cabeça da filha e viu que os seus olhos haviam voltando a cor original. – Pronto, passou! –
- O que foi isso, mamãe? –
- Depois a gente conversa sobre isso, pode ser? – Isabella abraçou a filha mais forte de novo, antes de lhe solta-la.
- Vem cá, minha princesa. – Edward chamou a filha, ele havia se agachado ao lado da esposa.
- Está chateado, papai? – perguntou receosa ao se aproximar dele devagar.
- Chateado? Claro que não, meu amor, eu estou bem feliz! – ele passou os braços pela cintura da filha, puxando-a para o seu peito. – Vou ter mais uma para dividir o posto de minha bruxinha temperamental! – comentou dando um beijo em sua bochecha.
- Que? – a pequena princesa perguntou confusa.
- Para com isso, Edward! – Isabella ralhou com o marido que riu. – Ignore o seu pai, depois nós conversamos sobre isso, pode ser? – Anastásia apenas assentiu. – Muito bem. Volte para a festa e vá brincar com as suas irmãs e qualquer coisa você procura a mamãe correndo, tá bom? –
- Tá mamãe! – Edward deu um beijo demorado na bochecha da filha antes de solta-la para que voltasse para o salão de festas.
- Você foi rápido, Jasper. – Bella comentou após Edward ter se posto de pé e estendido a mão para que a esposa se apoiasse para levantar.
- Alice me deu uma tapa quando viu, eu levei um susto! – admitiu fazendo Bella sorrir. – Já que está tudo bem, vou ver se as crianças ainda estão acordadas. – ele mal esperou uma resposta dos dois e voltou para dentro do salão.
- E agora? – Edward perguntou passando um dos braços pela cintura da esposa e puxando-a para mais perto dela.
- Eu vou deixar Anastásia se divertir na festa da irmã, e depois, amanhã, eu converso com ela. E agora começam os nossos problemas! –
- Quais? –
- Teremos uma criança de cinco anos aprendendo sobre magia e qualquer coisa que a assustar ou estressar, alguma coisa irá acontecer, sem falar que as outras três vão descobrir e querer que a magia apareça para elas também, e... Vem o maior problema, que foi o que causou uma tremenda separação entre eu e Jane. –
- O fato de ela não ter herdado a magia? – questionou e ela apenas assentiu.
- Eu nunca entendi exatamente o motivo de Jane não ter herdado a magia, do mesmo jeito que a sua mãe não herdou! Se são filhas da mesma mãe... – Bella suspirou. – Só que no meu caso com Jane, ela não teve a minha mãe para explicar as coisas para ela, teve apenas o meu pai, e ele a colocou contra mim... –
- E nós não iremos deixar isso acontecer, não vamos deixar ninguém ficar contra ninguém. –
- Teremos que mudar os horários de Anastásia, ela vai ter que passar um bom tempo comigo agora, principalmente no início! –
- Podemos... O que acha... Depois que Alice voltar a França e eu resolver os problemas da Webber e etc, podemos pegar as garotas e passar uns dias no campo, é mais vazio do que a corte. –
- É uma boa ideia. Não vamos lá desde que as gêmeas foram geradas! – comentou ela.
- Podemos também... Quem sabe... –
- Chega de filhos! – ela nem lhe deu oportunidade de continuar, e ele apenas riu. – Venha, homem, vamos voltar para dentro da festa. –
Os dois voltaram para dentro festa, e não demorou muito e as duas mais novas vieram, pedindo colo para os pais, com sono. Uma grande parte das crianças já estavam cansadas e com sono, elas haviam brincando desde o início da festa. Mal os dois colocaram as duas mais novas na cama, e as duas mais velhas chegaram querendo dormir também.
Já era bem tarde, as crianças estavam dormindo profundamente. Ao contrário do que Edward havia dito, de que, assim que a festa acabasse, eles iriam conversar sobre as visões que Bella havia dito. Eles estavam acordados, bem acordados, Edward estava sentado na cama e Isabella sentada em seu colo, de frente para ele, com uma perna de cada lado de seu quadril, e com o pênis de seu marido, duro, dentro dela. Ela tinha as mãos apoiadas nos ombros do marido, em busca de apoio para que ela pudesse se mexer contra o seu colo, já Edward, tinha um dos braços em volta do quadril de Isabella, e a sua outra mão estava apoiada em sua cabeça, com os seus dedos infiltrados entre os fios do cabelo da esposa.
Os lábios dos dois roçavam um contra o outro, já que eles não conseguiram se beijar, os gemidos dos dois atrapalhavam. Foram necessárias só mais algumas movimentadas dos quadris de Isabella contra o do marido, e ela gozou sendo seguida pelo marido.
- Eu te amo, minha bruxinha. – ele falou com a voz baixa e um pouco arfante e Bella apenas sorriu, lhe dando um beijo em seus lábios.
- Eu te amo, meu rei. – Abraçando o corpo da esposa mais forte contra o próprio, Edward deitou para trás na cama, trazendo o corpo da esposa consigo, unindo seus lábios aos dela, em um beijo calmo.
Na manhã seguinte, antes de os reis deixarem os quartos, Edward revolveu descobrir qual era o “problema” que a esposa tinha visto, ele esperou apenas que as criadas fossem embora, e se aproximou da esposa, que estava penteando o cabelo em sua penteadeira e ficou parado atrás dela, com os braços cruzados.
- O que foi? – questionou deslizando a escova pelos cabelos soltos.
- Eu quero saber qual é o problema que está se aproximando. – Bella suspirou. – O aniversário da Victoria já passou! – lembrou-a.
- Lembra de que eu disse que eu não vi ao certo qual eram os problemas, não lembra? – ele assentiu. – Pode ser qualquer coisa, desde uma seca até... –
- Até uma guerra, portanto, me diz o que você viu. – pediu.
- Eu vi discussões, basicamente isso, discussões bem calorosas. – apontou. – Não ouvi sobre o que, apenas vi. Vi sua mãe, você, alguns ministros e um homem que eu nunca vi na minha vida! – comentou. – Não há nenhuma menção sobre o que poderia ser a discussão ou em qual época iria ocorrer! –
- Como era esse homem que você nunca viu? –
- Um homem alto, com a pele morena... Eu tenho certeza que nunca vi esse homem na minha vida! – explicou. – De início foi só isso que eu vi, qualquer coisa diferente que eu veja, eu te falo. – suspirando, ele apenas assentiu. – Vais fazer o que agora? –
- Resolver o problema que a Webber criou. –
- Vou poder cortar a língua dela? – questionou e ele sorriu.
- Não, meu amor, eu não vou deixar você sujar as suas mãos. Irei conversar com ela e resolver esses problemas, e se por acaso ela continuar, você poderá arrancar a língua dela com todo o prazer do mundo. – ele garantiu se aproximando dela, e deu um beijo no topo de sua cabeça. – Eu vou resolver esse problema e daqui a pouco eu lhe procuro. –
- Tá bom. –
- Eu te amo. –
- Eu te amo. – ele beijou o topo da cabeça de Isabella, e deixou o quarto que dividia com a esposa.
Mal a porta havia se fechado e ele pediu para o seu valete ir até os aposentos dos Webber e leva-los até o escritório de Edward, onde ele resolveria esse problema, ele sabia muito bem quem era a “panelinha” a quem Isabella se referia, do mesmo jeito que sabia que a líder dessa “panela” era a própria Webber, então ela iria começar a cortar o mal pela raiz. Ele chegou ao seu escritório, ele tinha alguns papeis para assinar ao longo do dia, e começar a resolver o que ele pretendia fazer com Anastásia. Seus dois valetes estavam parados atrás de sua mesa, esperando apenas pelas ordens que o rei lhe daria. A um, ele entregou um pergaminho que levassem até o joalheiro e o outro foi levar alguns papeis assinados aos seus ministros, e mal o segundo valete deixou a sala, e um guarda adentrou, após pedir permissão e anunciou que os Webber haviam chegado.
- Bom dia, majestade. – o lorde Webber atraiu a atenção do rei, que assinava outro papel.
- Eric. Bom dia... Bom dia lady Webber. –
- Bom dia majestade. –
- Desejava falar conosco? –
- Sim, Eric, sentem-se. – mandou pegando um papel dentro de sua gaveta.
- Antes que comece, majestade, eu gostaria de pedir desculpas. Eu conversei com a minha esposa e queria já pedir desculpas antecipadas pelos boatos que inventaram sobre ela e... –
- Está dizendo que a minha esposa e a minha filha são mentirosas, Eric? –
- Claro que não, majestade, longe disso. – ele se apressou em dizer. – Eu quis dizer que talvez alguém tenha inventado e levado tais mentiras vis até a rainha, e um mal entendido aconteceu! –
- No caso, Eric, quem “inventou” tais mentiras vis, foi a sua própria esposa, pois a minha esposa diz que ouviu da boca da própria lady Webber. – Edward apoiou as mãos em cima do papel que ele havia acabado de assinar e encarou o seu ministro e a sua esposa. Ângela Webber tinha os olhos presos em suas mãos, apoiadas em seu colo, sem conseguir encarar o rei, e Eric apenas desviou, discretamente os olhos para a esposa. – Então, eu resolvi resolver esse problema de outro jeito. Como, pelo que eu descobri, essa não é a primeira vez que a vossa esposa arruma algum atrito com a rainha... E me controlando para recusar o pedido feito pela minha esposa... – ele apenas pegou o papel, que havia acabado de assinar, e entregou a Eric. Ao ler o papel, as sobrancelhas de Eric se arquearam e a sua boca se entreabriu. – Acredite que isso é mil vezes melhor do que a minha esposa desejava fazer! –
- Mas... O senhor está me destituindo do meu cargo?! – questionou.
- Ou você se separa da sua esposa! Mas quem sou eu para querer divorciar alguém, longe de mim! Você continua com o seu condado, só vai deixar de ser meu ministro. – Eric abriu e fechou a boca algumas vezes.
- Eu... Eu não entendo exatamente o quão ruim pode ter sido o que a minha esposa falou para algo desse tipo ser necessário e... –
- Não entende o quão ruim pode ter sido o que a vossa esposa disse? Eric, o que a sua esposa te falou? Pois o que chegou aos meus ouvidos, foi que a senhora, vossa esposa, disse que as minhas filhas não deveriam existir! Na verdade, pelo que eu soube as palavras dela, foram elas são um erro! – Edward virou o rosto para Ângela Webber. – Permita-me deixar uma coisa bem claro, lady Webber, as minhas filhas não são um erro! Na verdade, são um dos melhores acertos que eu tenho na minha vida, a senhora gostando ou não... –
- Majestade, eu só quis dizer que... –
- Eu sei, exatamente, o que você quis dizer. Você quis dizer que uma garota não serve para assumir o trono no meu lugar e que eu deveria ter um filho homem para isso! – Edward falava calmamente. – Eu não julgo o vosso jeito de pensar, muita gente pensa igual a você, mas nenhuma tem a indecência de falar isso para uma menina de cinco anos, mesmo que dito de forma indireta! Você fez a minha filha pensar que eu não gosto dela, que eu não a amo, que eu só a amaria e seria feliz com ela, se ela fosse um menino! Do mesmo jeito que fez a minha esposa se sentir mal, quando a senhora disse que ela não teve a capacidade de me dar um filho homem! Deveriam agradecer por eu estar sendo calmo e bem benevolente ao afasta-los da corte, pois se eu seguisse os desejos de minha esposa e de minha mãe, a senhora não continuaria respirando! – Edward viu com o canto dos olhos, que Eric apenas passou as mãos pelo rosto. – O que a senhora fez é passível de traição, e a senhora sabe disso! Então agradeça por eu lhes manter o condado, pois o certo era os dois saírem daqui direito para as masmorras! –
- Majestade, ontem eu tinha dito que... –
- Eu não quero saber o que você viu nos olhos da minha esposa, lady Webber! Eu não quero saber de mais nada que venha de vocês. –
- Mas é importante. Eu vi os olhos da rainha mudarem de cor do nada e... –
- Sabes que isso é impossível, lady Webber, ninguém tem a capacidade ou poder de mudar a cor dos olhos! –
- Bruxas podem, majestade, ou pelo menos é o que os inquisidores falam! –
- Ângela, cale-se. – Eric a repreendeu com a voz baixa.
- Deixa eu ver se entendi. Além de dizer que as minhas filhas são um erro e que não deveriam existir, e que a minha esposa não tinha competência para me dar um filho homem, a senhora, ainda quer piorar ainda mais a situação, e acusar, sem provas, de que a minha esposa é uma bruxa?! Acho que realmente a senhora quer passar uns dias nas masmorras e conhecer o carrasco, pois não é possível! –
- Sem provas, majestade? Eu vi! –
- Do mesmo jeito que inventou sobre os meus sentimentos para com as minhas filhas e para com a minha esposa, queres inventar isso também? –
- Mas majestade. –
- Chega Ângela. Pare antes que eu mesmo lhe leve até as masmorras! – Eric repreendeu a esposa com a voz alta. – Perdoe-me por isso, majestade, não irá acontecer de novo, ela jamais irá inventar tal calúnia sobre a nossa rainha novamente! Tens a minha palavra. – garantiu. – Vamos... Vamos arrumar as nossas coisas para irmos embora logo. –
- Não, não... – Edward o interrompeu. – Vocês só irão deixar o castelo na próxima semana. – Edward pegou o seu cálice de vinho e bebeu um gole do líquido arroxeado. – No próximo final de semana eu iria fazer com que todos os meus lordes jurem fidelidade a Anastásia, para que assim que não fique nenhuma duvida de quem irá me substituir! E eu quero todos aqui! –
- Sim senhor. Entendido. –
- Agora podem ir! –
- Com licença, majestade. – Eric mal esperou a esposa se despedir do rei e tratou de puxa-la para fora do escritório, reclamando com ela, como ela teve a audácia de acusar a rainha de bruxaria, enquanto Ângela continuava firme em seus argumentos de que ela havia visto os olhos de Isabella mudarem de cor.
Depois de ter ficado sozinha no quarto, Isabella suspirou, desde o dia que conheceu o seu marido ela havia sido sincera com ele, mesmo que na primeira sinceridade foi torcendo pela morte chegar, e acabou ficando surpresa quando viu que ele ia contra tudo o que ela pensava ou esperava, e agora ela se sentia completamente culpada por não estar sendo completamente sincera com Edward, mas ela já havia visto os dois futuros, o qual ela contava a ele, e ao qual ela não contava, e não sabia qual era o pior.
Isabella deixou o quarto em caminho a única pessoa que ela pensava que pudesse lhe aconselhar quanto a isso, ela ainda queria ir conversar com a filha antes do horário do almoço, mas agora ela estava em sua aula, e ela não queria atrapalhar. Perguntando aos guardas, ela descobriu onde a sogra estava e tratou de caminhar para lá. Esme estava no jardim, sentada debaixo de um enorme carvalho, na mesa a sua frente tinha uma bandeja de prata com um bule de chá e algumas xicaras, e algumas damas de companhia de Esme, estavam sentadas ao lado da rainha-mãe, enquanto ela lia um livro, as outras se dividiam entre aproveitar o sol, que Isabella sabia que iria embora em alguns dias e demoraria para voltar, e as outras costuravam ou bordavam algo.
- Posso falar com a senhora? – Bella atraiu a atenção da sogra, que desviou os olhos do livro e virou a cabeça na direção de Isabella.
- Oi meu bem, claro que pode, sente-se... – Esme fechou o livro e apontou para a cadeira vaga ao seu lado. – O que deseja? –
- Em particular. – pediu e com um leve aceno de cabeça, ela pediu para as outras irem embora, que em silêncio foram embora. – Eu fiz uma coisa muito ruim e queria um conselho. –
- Fale. –
- Eu não fui totalmente sincera com o Edward sobre os problemas que estão por vir. – Esme apenas suspirou. – Eu vi dois futuros. Onde uma coisa muito ruim vai acontecer se eu contar a ele, e uma coisa ruim, porém, menos ruim caso eu não conte a ele. –
- Bom... Por essa lógica é melhor ele não saber! –
- Então por que eu estou me sentindo mal e culpada? –
- Você sabe que o meu filho é bem emocional com algumas coisas, Bella, e se a sua intuição ou se o futuro que vistes diz que é melhor ele não saber com antecedência é melhor. Mas preciso perguntar, e algo muito sério? –
- Digamos que alguém que todo mundo esperava que não fosse voltar... Vai voltar. – Bella disse simplesmente olhando para a pintura da xícara que a rainha-mãe bebia o seu chá.
- Não! - Esme disse quando entendeu o que ela quis dizer. – Ai meu Deus... –
- E ele vai aparecer um tempo depois de o Edward fizer esse tal desse juramento de lealdade a Anastásia. –
- Por isso você dizia que essa ideia dele de insistir que a Anastásia seja a próxima rainha... –
- Não. – Isabella a interrompeu. – Eu já vi que a Anastásia vai ascender ao trono depois de Edward, mas eu tentei o máximo possível evitar que ele fizesse algo desse tipo, pois sempre que esse assunto vinha à tona, eu tinha mais umas a visão dele voltando. –
- Mas por que? Ele não tem nada a ver com a sucessão do trono! –
- Sinceramente eu não sei! – Bella admitiu. – Eu... – ela suspirou. – Eu só consigo pensar que ele possa voltar para me denunciar. – ela falou com a voz baixíssima baixa.
- Edward e tampouco eu, vamos permitir que alguém faça algo desse tipo. – ela apoiou a mão sobre a mão de Isabella, afagando-a. – Não se preocupe com isso. Ele não tem provas! – Esme afagou de novo as costas da mão de Isabella.
- Então, acha melhor eu não falar nada para o Edward? –
- Se ele souber ele vai ficar se remoendo por dias, se ele descobrir no dia, ele estoura e se acalma logo em seguida, penso eu que ele irá agir de uma maneira mais calma e compreensiva se ele souber apenas na hora. –
- Tá bom... – Bella respirou fundo, um pouco mais calma. – Preciso ir... Preciso ir conversa com a Anastásia. –
- Está tudo bem com a minha neta? –
- A vossa neta é uma bruxa! – respondeu com a voz baixa e sorrindo. – Apareceu ontem! –
- Imagino o quanto ela deve estar assustada. –
- Sim, vou conversar com ela agora! Vejo a senhora depois! –
- Qualquer coisa me chama. – Bella apenas assentiu ao se levantar de sua cadeira.
A passos calmos e curtos, Isabella caminhou para dentro do castelo e direito para a sala onde a sua filha estava estudando, se ela não estivesse equivocada, até ela subir a torre onde Anastásia estudava era o tempo necessário até que a aula acabasse, sendo assim, ela não iria interromper nada. E dito e feito, mal ela abriu a porta e ela viu o professor fechar os livros para liberar as duas mais velhas.
- Majestade. – o professor fez uma reverência a rainha. – Deseja algo? –
- Não, vim apenas buscar as meninas, já acabou a aula? –
- Sim senhora. Altezas, as senhoritas estão liberadas. Ate amanhã. –
- Até amanhã sr. Willians. – elas falavam juntas e foram para perto da mãe. – Oi mamãe... –
- Oi meus amores. – ela se agachou um pouco apenas para lhes dar um beijo nas testas. – Victoria, a mamãe precisa conversar com a sua irmã, por que enquanto isso você não vai brincar com os bebês? –
- Tá bom, mamãe... – a babá delas apareceu saindo da sala e Bella pediu que a levasse até o quarto de brinquedos para que ela pudesse brincar com as gêmeas, e assim que as duas seguiram pelo corredor, e Isabella pegou Anastásia no colo, e segurando a saia do vestido, ela caminhou para a sua torre.
- Aconteceu algo mamãe? –
- Não meu amor, a mamãe só quer conversar com você sobre o que aconteceu ontem! – respondeu. – Não precisa ficar com medo ou se assustar, está tudo bem, eu só quero conversar com você sobre o que aconteceu e o que vai acontecer daqui para a frente. Mas vamos ficar sozinhas para conversar primeiro, tudo bem?! –
- Tá bom, mamãe. –
Isabella seguiu o caminho até o seu quarto na torre, e ao adentrar ao aposento, ela fechou a porta e sentou Anastásia em cima da mesa de madeira, deixando a primogênita ali, ela foi até a janela, para abri-la e deixa-la um pouco menos abafada ao fazer o ar circular um pouco. E antes de voltar para a mesa, ela pegou dentro de uma das estantes, dentro de uma gaveta, dois livros, um já bem surrado e outro novo e completamente intacto.
- Bom, eu não sei ao certo como começar isso, então farei do jeito que a minha mãe fez comigo. – Bella apoiou os dois livros na mesa, ao lado do quadril da filha, e ajeitou o seu cabelo, colando algumas mexas de seu cabelo atrás de sua orelha. – Filha, o que eu vou te falar, você não pode falar para mais ninguém, apenas para quem você tem certeza absoluta em que pode confiar, e enquanto você for criança, as únicas pessoas com quem você pode falar sobre isso é com o seu pai e com a sua avó. – explicou. – Entende isso? – Anastásia apenas assentiu. – Filha, você é uma bruxa, você vem de uma grande linhagem de bruxas que descendiam dos Celtas, que habitaram a Escócia antes de Cristo. – contou sabendo que ela não entenderia completamente o que ela estava falando. - Eu sou, sua avó era, a sua bisavó era e assim por diante, talvez as suas irmãs talvez sejam, e consequentemente, talvez, caso você tenha filhas, elas também sejam. –
- Por isso aconteceu aquilo com os meus olhos? -
- Sim, meu amor. Os nossos olhos sempre mudam de cor quando fazemos alguma magia ou quando não controlamos as nossas emoções. Sejam emoções boas ou emoções ruins, elas podem se transparecer pelos olhos. Mas há um problema, mesmo em cinco anos o seu pai tentando acabar com isso, ainda tem pessoas ignorantes que não entende o que somos e que nós só queremos ajudar e fazer o bem as pessoas. Existem sim, bruxas que fazem o mal, mas não é o nosso caso, nunca foi o caso das bruxas da minha família e eu sei que também não será o seu caso. Mas, essas pessoas ignorantes elas não entendem isso, e é por causa delas que nós temos que nos esconder, esconder o que nós somos. Coisas ruins podem acontecer conosco e com quem nós amamos caso alguém saiba o que nós somos. – ela apenas suspirou. – Eu sei que tudo isso é um pouco complicado para a sua cabecinha entender, mas eu quero que a senhorita entenda e me prometa duas coisas. –
- Quais mamãe? –
- Primeira, não deixe ninguém, ninguém ver os seus olhos caso eles mudem de cor, caso isso aconteça e você esteja longe de mim, do seu pai ou da sua avó, cubra os olhos e mande alguém te levar até algum de nós três. – ela apenas assentiu. – Segunda, não comente nada do que eu falei ou do que você é com ninguém, sem ser eu, sua avó e o seu pai, nem converse com as suas irmãs sobre isso, elas ainda são novas demais para entender. –
- Tá bom, mamãe... –
- E agora, acho que isso aqui possa te ajudar mais do que qualquer coisa que eu falar... – Isabella pegou o livro um pouco surrado. – Eu ganhei isso aqui da minha mãe, quando eu descobri a magia, se chama Diário das Sombras, o ideal e você escrever aqui tudo o que você sente em relação a magia e ao seu desenvolvimento, e esse aqui era o meu. Ele está velho e meio surrado, mas acho que vai tirar muitas dúvidas que você possa ter. – Isabella entregou o livro surrado a ela. – Eu o ganhei com a sua idade também, então acredito que as suas dúvidas serão respondidas de uma forma melhor por aí, pelas palavras de uma menina de cinco anos, do que por mim. – ela pegou o livro novo. – E esse aqui é para você escrever as suas experiencias, escrever desenhar, o que você quiser, para se expressar sobre os sentimentos que você tiver nessa fase de descobertas. – Anastásia segurou os dois livros, abraçando-os contra o peito. – Eu já conversei com o seu pai, que agora que a magia começou a aparecer para você, você vai passar mais tempo aqui em cima comigo, primeiro você precisa aprender a se controlar, antes de aprender a fazer alguma coisa. –
- Tá bom mamãe... –
- Minha bruxinha mais linda! – Bella segurou o rosto da filha entre as mãos, e aproximando a sua cabeça da dela, a rainha roçou a ponta do nariz contra o nariz da filha, a fazendo rir, antes de dar um beijo em sua testa. – Venha, mesmo a senhorita sendo a herdeira do trono e uma bruxinha linda, ainda é uma criança que vai brincar com as irmãs até o horário do almoço. – Bella pegou a filha no colo e deixou o quarto da torre, sem fechar as janelas, pois ela sabia muito bem que não demoraria muito e ela voltaria para aquele quarto.
Isabella deixou a filha no quarto de brinquedos e pegou os dois livros de sua mãe, deixando-os no quarto da princesa e voltando para o quarto na torre, ela sabia que não demoraria muito e uma chuva muito forte iria tomar conta de Castela, e ela queria achar um jeito de essa chuva não afetar tanto nas áreas agrícolas do reino.
Durante toda a semana Isabella dividiu o seu tempo entre resolver o problema das chuvas, que ainda não havia chegado, e ensinar a filha a controlar as suas emoções para que elas não transparecessem sobre os seus olhos. Já Edward estava dando os “recados” a quem ele estaria mandando embora do castelo, ninguém havia falado nada igual a lady Webber, todos apenas acatavam as ordens em silêncio, e na outra parte do tempo ele terminava de ajeitar a pequena cerimônia que ele iria fazer para a sua filha mais velha.
Sábado chegou e com ele a cerimônia que Edward havia planejado e tudo tinha que ocorrer de forma direita. Ele tinha se arrumado, estava pronto, a coroa repousava sobre a sua cabeça, Isabella estava terminando de ajeitar a sua coroa, a pedido do marido, contra a sua cabeça, e depois de os dois estarem prontos, o rei pegou uma pequena caixa de madeira e seguiu, junto a esposa, até o quarto da filha, lhe dando, o que ele chamou de uma coroa digna para a ocasião, que havia sido feita com agua marinha, pedra que chegava perto da cor que havia aparecido em seus olhos, com a coroa repousada em sua cabeça, eles desceram para a sala do trono, onde todos os moradores do castelo, e uma grande parte dos lordes do reino de Castela haviam vindo jurar fidelidade a princesa Anastásia.
- Estamos aqui, reunidos essa noite, para decretar, de uma vez por todas quem irá subir ao trono! – Edward falava. Sua mãe estava parada de seu lado esquerdo e sua esposa do lado direito, as outras três princesas estavam perto da avó, e Anastásia parada entre os pais. – Para acabar de uma vez por todas com todas as duvidas e perguntas que possam surgir! Para quem é mais antigo no castelo, deve se lembrar do que meu bisavô fez quando teve gêmeos como primogênitos, e para quem se lembra, é exatamente aquilo que iremos realizar hoje. – Isabella, enquanto ouvia, o seu marido, olhou para a filha e via que as suas pequenas mãos tremerem, ela se agachou ao seu lado, pouco se importando com as pessoas a sua frente.
- Calma, minha princesa, a mamãe está aqui com você! – Bella falou baixo para ela ouvir enquanto acariciava os seus cabelos soltos.
- Para deixar claro de uma vez por todas, a minha herdeira é ninguém mais e ninguém menos que Anastásia, algo que deveria ser algo muito óbvio, mas por boatos que eu ouvi no castelo, não é! Agora vai passar a ser! – o rei olhou para o padre, que estava perto de sua mãe. – O senhor pode continuar. –
- Obrigado majestade. – o padre andou, se postando na frente dos reis. – Boa noite. Está noite iremos, todos os lordes e lideres de casas, reunidos sobre esse teto, irão se prostrar frente ao trono e jurar fidelidade a próxima herdeira do trono, Anastásia Cullen, princesa e futura rainha de Castela e a nova duquesa de Granada. – mal o padre terminou de falar e Isabella e Esme encararam Edward, nenhuma das duas haviam sido informadas quanto a essa última parte.
- Que história é essa de duquesa de Granada? – Isabella perguntou baixo ao marido, quando um a um, os lordes começaram a repetir as palavras do padre ao jurar fidelidade a Anastásia.
- Granada está praticamente abandonada a cinco anos. – Edward respondeu baixo, no mesmo tom de voz da esposa. – E você sempre soube que mais cedo ou mais tarde eu colocaria Granada sobre os cuidados dos meus filhos, e é o que eu estou fazendo. Anastásia e os filhos delas herdarão Granada, e eu estou arrumando e escolhendo as melhores regiões para dá-las as outras meninas também. Eu demorei para fazer isso porque eu estava reformando a sua antiga casa, ela estava caindo aos pedaços. – comentou simplesmente e Isabella olhou para a sogra, que também a olhava. Era capaz de esse ser o motivo para a volta de quem não devia.