quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Capítulo 15

                                                          Adhara – Continente de Andrômeda –110 Depois da Conquista.

Pov. Bella.

O corredor era mais escuro do que eu me lembrava, tudo estava no maior breu, nenhuma tocha estava acessa, imaginava eu que era porque Edward não estava em Adhara, ele deveria ser o que mais usava tais passagens, mesmo eu não entendendo muito o motivo, já que ele sempre foi de fazer as coisas na frente de todos sem se importar com tais opiniões. Eu sabia que não iriamos conseguir sair dessas passagens nesse estado, das duas uma, ou nos perderíamos, ou entraríamos em algumas passagens falsas e cairíamos em alguma armadilha.

Deixando Rose ali, eu voltei para dentro do quarto e apanhei uma pequena vela, era o que teríamos para hoje, caso resolvêssemos continuar usando a passagem, nós daríamos um jeito de iluminar a passagem. Rose segurou a vela para mim, apenas para que eu pudesse fecha a porta, e assim que ficamos sozinhas naquele corredor escuro e completamente silencioso, eu me arrependi de ter dado essa ideia. Eu já segurava a vela de novo e a minha mão tremia de nervoso, eu apenas fechei os olhos respirando fundo, por um momento um temor passou pela minha cabeça e meu corpo, ninguém usava essas passagens há dois anos, pelo menos era o que eu imaginava, eu não fazia ideia do que iria encontrar por esses corredores, e eu rezava a Mãe que fossem apenas ratos, era mais fácil lidar com ratos do que com alguém escondido aqui dentro.

Com os olhos fechados eu comecei a ouvir o silêncio sepulcral que vinha do corredor escuro a nossa frente. Eu conseguia ouvir o meu coração batendo forte, e desconfiava de que ouvia o de Rose também. E para o meu temor, além das batidas dos nossos corações eu ouvia outra coisa, barulhinhos de pequenos animais, esperava eu que fossem apenas ratos, mesmo eu odiando ratos... E barulho de gotas de água caindo contra as pedras. De início só tinha um caminho para ir, eu apenas segurei a mão de Rose, que tremia, não sabia se era de frio, medo ou nervoso, mas segurei firme a sua mão contra a minha e respirando fundo, adentramos na escuridão.

Nós seguimos, alguns pouquíssimos minutos, pelo corredor escuro até chegar a uma pequena escadaria, era o único caminho que tínhamos para fazer, portanto fomos por ela mesmo, e foi quando o nosso problema começou. Nós havíamos chegado em uma bifurcação e eu não lembrava de qual dos três caminhos eu deveria seguir, e já desconfiava de que não saberia qual caminho eu teria que fazer para voltar.

Se você ver vestígios de tochas nas paredes, é porque você está no caminho certo, caso contrário você vai se perder.  A voz de Edward veio em minha cabeça e com ela veio a luz de uma ideia. Sem falar nada eu apenas puxei Rosalie de volta para subir as escadas para o quarto dela, eu nem dei tempo de ela falar algo e entrei no quarto de supetão, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Deixa-a na entrada do túnel com a vela em mãos e revisei o seu quarto todo até encontrar alguns novelos de linha, aquela pequena caixa de costura, que havia sido um presente de sua mãe a Rosalie em seu aniversário de dez anos, ainda estava intocada, Rosalie jamais gostou de costurar ou bordar e eu finalmente daria um uso, talvez não muito digno a elas.

Como eu não sabia qual era o tamanho dos corredores, enchi os meus bolsos com os pequenos novelos, couberam uns quatro, e eu torcia para ser o suficiente. Com quatro em meus bolsos e um em minha mão, eu saí do quarto, amarrando firme, aos pés da cama, e passando pelo pequeno vão da passagem secreta, enquanto rezava a deusa Mãe, para que a linha não se rompesse em momento algum.

Rose ia guiando o caminho pela escada, enquanto eu ia desenrolando o novelo, formando o caminho pelo qual nós seguíamos e assim, com tocha ou sem tocha, nós não iriamos nos perder. Pelo menos era o que eu esperava. Ao terminamos de descer as escadas e encontramos mais uma vez a bifurcação, Rose começou a me ajudar a procurar pelos vestígios e tochas, e fomos as seguindo, torcendo para estarmos indo para o caminho certo, não dava para acendermos, o pavio já era velho e estava úmido, jamais pegaria fogo nas condições em que estavam.

Conforme os novelos acabavam, eu ia pegando outro novelo em meu bolso e ia emendando-o e assim fomos até chegamos onde eu havia me encontrado com o Edward. Eu lembrava bem daquele lugar era um pouco mais aberto e eu sabia que faltava pouco para sairmos das entranhas do castelo. O novelo acabou, graças a deusa Mãe, justamente na saída das passagens, e eu apenas a amarrei em um dos apoios das tochas, e empurrei um pouco a parede para que saíssemos. Nós estávamos bem perto do pátio de treinamento, que estava praticamente vazio, com exceção dos poucos guardas de ronda.

- Conseguimos! – Rose comemorou um pouco mais alto do que deveria, e quando um guarda, que passava pelo pátio, virou a cabeça na nossa direção, provavelmente nos ouvindo, eu apenas a puxei para nos jogarmos no chão, atras da mureta, fazendo a vela que estava em sua mão, cair no chão e se apagar com o vento que fez.

- Merda Rose, fica quieta. – ralhei com ela quando comecei a ouvir os passos pesados do guarda subindo pela escada que deveríamos descer.

Para deixar mais humilhante do que já estava, fomos engatinhando para trás de alguns barris e ficamos ali escondidas esperando pelos passos do guarda que anunciaria que ele estaria descendo as escadas. Eu espiava discretamente, por trás do barril, eu vi o guarda pegando a vela apagada no chão, ele cheirou o pavio e provavelmente ainda sentia o cheiro da fumaça, mas ele olhou para todos os lados, incluindo para a parede onde ficava a passagem, e não via nada, nenhum vestígio de nada e nem de ninguém. O guarda desceu as escadas com a vela em mãos e eu puxei Rose, para voltarmos perto da escadaria e quando ele voltou para a sua ronda, após jogar a vela em um canto, voltei a puxa-la para descermos e chegarmos ao pátio de armas e usando os manequins, montes de feno e barris para nos escondermos, nós fomos nos esgueirando pela escuridão, até conseguimos passar pelo portão, aberto e mergulhamos na rua que nos levaria até a Baixada das Pulgas.

- Eu não acredito que nós conseguimos... – ela falou baixo enquanto andávamos pela rua dos Teares, que nos deixaria no coração da Baixada das Pulgas.

- Edward jamais pode saber que fizemos isso, ouviu? Ele nos mata! – comentei e ela assentiu rindo.

Eu segurei a sua mão e a guiei pelos becos, pelos caminhos e vielas que eu tinha feito com o Edward até chegar no “antro”. Nós íamos desviando dos guardas da cidade e dos lugares vazios e muito escuros. Eu não a levaria nem a um terço dos lugares que Edward havia me trazido, eu não era tão louca assim e sabia muito bem que Rose era louca! Eu queria apenas leva-la ao meu lugar favorito, por assim dizer, no meio daquele antro, para a parte da muralha que era praticamente abandonada. Conforme íamos nos aproximando da baixada, as músicas e os sons iam ficando bem mais altos. E não demorou muito e nós estávamos no meio do antro, no coração, da Baixada das Pulgas. Os gemidos das prostitutas nos becos eram ouvidos e Rosalie não desviava o olhar, até porque, bom, quem era eu para julgar, tinha certeza que da primeira vez em que eu estive aqui eu estava igual ou até mesmo pior do que ela.

Quando eu comecei a ouvir as vozes do grupo de teatro, eu a puxei para o outro lado, Rose não precisava ouvir as barbaridades que falavam dela, aquilo para mim era um tremendo absurdo por mais que fosse liberdade de expressão. Como que o rei podia permitir que falassem tais coisas da única filha?! Eu a levei para o outro lado, fugindo da parte dos bordeis e do teatro, como eu havia trazido comigo algumas moedas, nós fomos até o bar, o qual eu já havia acompanhando a Edward algumas vezes, e precisei engrossar a voz, para parecer um garoto, e pedir duas garrafas de vinho e uma de cerveja, antes que pudesse terminar de leva-la para o topo da muralha.

- Podia ter me chamado para vir aqui em uma das suas vindas com o meu tio. – comentou após nos sentarmos no parapeito da muralha escura, com os pés pendurados no ar sobre a baixada das pulgas.

- Em primeiro lugar que você nem sabia que eu trocava palavras com o seu tio. – rebati. – E, também, porque você não precisava saber onde ele me levou de fato. – comentei baixo e bebi um gole do vinho enquanto ela me encarava pensando.

- Ele te levou para uma casa dos prazeres? – ela quase gritou, empurrando o meu braço. – Você garantiu para mim que não tinha transado com o meu tio antes do casamento. –

- E eu não transei. De verdade. Ele me levou até lá, porque, segundo ele, queria que eu soubesse o que era prazer... – ela me encarava com as sobrancelhas arqueadas. – Mas não aconteceu nada. – suspirei. – Eu só olhei e viemos embora. – suspirei de novo, levando o gargalo da garrafa até a boca. – Quase aconteceu, mas não aconteceu... – ela me olhou com os olhos esbugalhados e a boca aberta. – Queria que tivesse acontecido. –

- Garota... – ela empurrou o meu ombro de novo, rindo e me fazendo rir.

- Eu sinto falta dele, Rose... – comentei olhando para o povo dançando na rua abaixo de nós. – Da voz dele, do cheiro dele, mesmo depois de ele passar o dia todo montado no Caraxes... – ela balançou a cabeça rindo e eu suspirei. – Tem quase quatro meses que ele foi e eu não tenho noticias nenhuma... A última noticia que eu tive dele foi quando meu irmão veio me visitar... E já tem quase três meses.  –

- Pense positivo, minha amiga... Ele é o irmão do rei, se algo acontecesse com ele, mesmo com o meu pai com raiva dele, as notícias iriam chegar bem rápido. Se não tem noticias é porque está, de certa forma, tudo bem... Significa que a guerra não piorou e nem melhorou, e porque não houve nenhuma perda considerável, no caso do meu tio e do Serpente Marinha... –

- Eu... Eu fico apostando comigo mesmo sabe, Rose... Vamos ver quanto tempo você aguenta ficar sem ele e sem noticias dele antes de surtar?! – ironizei. – E eu não faço ideia de mais quanto tempo o meu lado são vai ganhar essa aposta! –

- Nenhum sintoma de gravidez? – questionou e eu apenas balancei a cabeça negando. – Talvez isso aliviasse a sua cabeça por alguns meses. –

- Não... Minha regra desceu nesses quatro meses em que ele esteve fora. – ela deslizou um pouco para o meu lado, passando o braço sobre o meu ombro. – Eu acho que eu te trouxe até aqui mais por mim mesma do que por você... Acho que quem estava precisando respirar e espairecer era eu! –

- Sempre que quiser e precisar, me chame e nós vamos vir espairecer juntas. – eu apoiei a cabeça contra a dela. – Mas eu achei que estava conseguindo te distrair para não pensar tanto nele. –

- E você consegue. Durante uma boa parte do dia, você consegue..., mas... – eu respirei fundo. – Mas quando a noite caí e eu vou dormir e encontro a cama vazia depois de dois anos tendo alguém ali... – deixei a frase morrer. – E agora mesmo... Eu aqui sentada, eu estou falando com você... A minha cabeça está lembrando dos dias em que eu vim até aqui com ele! Quando eu entro no quarto, e fico sozinha... Por que acha que eu vou dormir contigo quase todas as noites? –

- Achei que era porque você gostava de mim e da minha companhia... – ironizou brincando e eu balancei a cabeça rindo, sentindo uma leve aliviada no ar a nossa volta. – Talvez esse seja um dos principais motivos para os casais preferirem quartos separados, não se apegam a ninguém dormindo ao seu lado. –

- Pode ser... Na verdade, é mais porque são poucos os casamentos que não sejam a base de interesse de terceiros, então eles apenas vivem de conveniência... Eles não sabem o que perdem... Não tem nada melhor no mundo, do que dormir contra outro corpo quente, ainda mais quando ele está te abraçando forte contra ele e fazendo um cafuné gostoso em suas cabeças ou em suas costas... –

- Ai que merda... Estou com inveja sua e do meu tio. – ela tentou aliviar o clima rindo e bebendo um gole de vinho. – Espero encontrar alguém que goste de mim do jeito que o meu tio gosta de você, Bella. – ela suspirou. – Mas ao olhar para mim... O povo só vê a coroa! Meu pai quer me vender para quem tem o maior castelo de Andrômeda. –

- E o meu que queria me vender para quem tivesse o castelo mais longe daqui... – ironizei e ela acabou rindo.

- Estamos perdidas com os nossos pais... – eu suspirei de novo antes de respirar fundo, sentindo o cheiro da maresia que vinha da Baía da Água Negra atrás de nós.

- Chega desse assunto deprimente... – falei balançando a cabeça para espairecer as lembranças. – Viemos para espairecer dos nossos problemas, então vamos espairecer... –

- Exatamente... Me dá essa cerveja aqui, que eu quero experimentar. – eu peguei a jarra que estava ao meu lado, e dei a ela.

- É muito... Muito forte! – avisei quando ela levou o gargalo a boca.

- Puta merda! – ela soltou quando sentiu o líquido amargo e forte descendo pela sua garganta. – Isso é forte para um caralho! – eu ri ouvindo os xingamentos de Rose. – A propósito... Sabe onde você pode me levar? – eu esperei que ela falasse, enquanto eu tirava a jarra de sua mão, e bebia um gole da cerveja. – Até a casa dos prazeres que o meu tio te levou! –

- Rosalie! – eu a repreendi e ela riu.

- Não vamos fazer nada, só olhar! –

- Eu não vou te levar a uma casa dos prazeres, Rosalie. Enlouqueceu? És a princesa, se alguém te reconhecer lá dentro... –

- Nossos pais nos matam! – terminou por mim. – Mas se continuarmos com os nossos disfarces, ninguém vai perceber... –

- Eu não vou te levar a nenhuma casa dos prazeres. – disse firme. – Não inventa! E também não venha com: eu sou a princesa e posso te obrigar a me levar! – eu tentei imita-la, e no final acabei apenas rindo. – Eu te empurro daqui de cima! – ela gargalhou. – E além de termos que encontrar um bom motivo para explicarmos a todos o motivo de você ter caído da muralha no meio da baixada das pulgas... Eu também posso usar o: eu sou sua tia! – ela começou a gargalhar e eu apenas a acompanhei no riso, eu não duvido nada de que nós duas estávamos começando a ficar bêbadas. – Agora que eu notei que eu me tornei a sua tia! –

- Melhor ter você como tia, do que a Jéssica como minha madrasta! – ela pegou a jarra da minha mão, dando outro gole na cerveja. – Bella. – eu virei o rosto, encarando-a. – E se nós passarmos um tempo em Dragonstone, só nós duas? –

- Nossos pais não vão permitir! Caso o Edward estivesse aqui, é uma coisa, e não é o caso! – respondi simplesmente bebendo agora um gole do vinho. – Ainda mais sozinhas! E também não se esqueça de que daqui a alguns dias eu vou para Oldtown para o casamento do meu irmão! -

- Nisso eu dou o meu jeito. Podemos ir depois que voltar de Oldtown... – deu de ombros. – Mas saiba que, caso continuarmos na cidade, nós vamos sair do castelo mais vezes, e eu ainda vou te convencer a me levar a uma casa dos prazeres! –

- Só por cima do meu cadáver! E aí de você caso saia do castelo sem mim! Conto pro teu pai! – ela balançou a cabeça rindo. Olhei para trás, para a Baía da Água Negra, e vi que a lua já estava bem baixa, começando a se por e dando lugar ao sol que logo nasceria. – Acho melhor nós duas voltarmos para o castelo. – comentei. – Aparentemente o sol vai começar a nascer daqui a pouco, e é capaz de irem nos procurar logo. –

- Vamos, que amanhã... Quer dizer hoje, começam as suas aulas de equitação. – acabei soltando um gemido de desgosto. – Você não quer montar em Tessarion? Para saber controlar um dragão, precisa saber primeiro controlar um cavalo! – disse como se fosse óbvio. –

- Em momento algum eu disse que queria montar em Tessarion. – apontei deixando a mureta da muralha.

- Para que quer um dragão se não for para montar! – rebateu descendo da muralha também.

- Você me deu um dragão! – lembrei-a. – Eu não reivindiquei nenhum, até onde eu me lembre! – ela bufou.

Nós pegamos as três jarras, agora vazias, e ao deixarmos a muralha, passamos no bar para devolve-las, mesmo com o sol começando a nascer, o bar ainda estava completamente cheio, todos comemorando o casamento do rei. Com as jarras devolvidas, nós voltamos pelas mesmas vielas para voltarmos ao castelo. O sol já começava a nascer, e com isso, as pessoas, melhor, os criados, começavam a despertar. Quando tentamos passar pelo pátio das armas, foi bem difícil, já tinha diversos soldados e guardas começando a treinar. Nós fomos nos esgueirando por trás dos fenos e dos barris e conseguimos chegar na passagem, nós abrimos a parede e entramos nela, só que não havíamos conseguido pegar nada para que pudesse alumiar o nosso caminho, e a única opção que tivemos era ir andando no escuro enquanto íamos seguindo o caminho de linha que havíamos feito na vinda.

Ao adentramos no quarto, nós só tivemos tempo de trocarmos de roupa e deitarmos na cama, e mal começamos a tentar tirar um cochilo a porta foi aberta, era o rei mais uma vez, nós fingimos dormir, mas escutávamos os passos do rei andando pelo quarto.

- Elas ainda estão dormindo? – logo atrás veio a voz de meu pai.

- Profundamente. – o rei respondeu baixo.

- Precisamos conversar. –

- Fale baixo, Charlie, não acorde as meninas. – o rei pediu. – O que houve? –

- Chegou um corvo do seu irmão... – meu pai falava baixo e eu me esforçava para continuar a fingir que dormia de forma calma e serena. – Ele e Jacob não conseguiram homens suficientes para enfrentar a Triarquia. Eles precisam de ajuda, majestade! –

- Eu falei para eles não irem! Agora... Eles que se virem! E eu já falei que eu não quero que cheguem os corvos de Stepstones! –

- Majestade, eu não posso deixar a minha filha sem notícias do marido, para sempre. –

- Você não gosta desse casamento, Charlie. –

- E gosto menos ainda de ver a minha filha sofrendo. –

- Eu já deixei bem claro ao meistre e irei deixar bem claro para você, Charlie... Eu não quero nenhum corvo de Stepstones nesse castelo, pouco me importa o conteúdo. Eu não quero corvos de Stepstones nesse castelo! - ele falou de forma áspera e marchou para fora do quarto, e meu pai o seguiu logo em seguida. Assim que a porta se fechou, eu não consegui mais fingir que estava dormindo e me levantei.

- Eu não acredito nisso... – Rose comentou.

- Eu não tenho noticias do meu marido, por causa do seu pai. – acusei.

- Como ele pode fazer uma coisa dessas? – questionou. – Por mais raiva que ele esteja sentindo do meu tio... Como ele pode fazer isso com você?! –

- Eu sabia que tinha algo de estranho nisso. – falei me levantando da cama, por mais que eu tenha passado toda a noite em claro, qualquer vestígio de sono que eu sentia, já havia sumido. – Ele jamais iria me deixar tanto tempo assim sem notícias. – reclamei.

Eu não falei mais nada com a Rosalie, apenas peguei as minhas coisas vestindo uma capa e deixei o quarto de Rose. Mas eu abri a porta e dei de cara com Calleb, prontamente se pós a postos para me seguir até o meu quarto. Eu não falei nada, apenas fechei a porta a trancando em um sinal de que eu não queria ninguém ali. Deixei as minhas coisas jogadas em um canto e apenas sentei na cama, a dor de cabeça, devido ao fato de eu ter bebido um pouco do que eu deveria, além de ter ficado toda a noite desperta, e a conversa que eu havia ouvido entre o meu pai e o rei, piorou mais ainda a minha dor de cabeça.

Quando bateram a minha porta, anunciando a criada com o meu café da manhã, e sentada de onde eu estava, eu apenas pedi para irem embora, eu não queria ninguém aqui dentro no momento. Eu sabia que eu deveria seguir a minha vida como se nada tivesse acontecido, como se eu não soubesse de nada, mas eu simplesmente não conseguia fingir que não havia feito nada.

Já estava quase chegando o horário do almoço e só aí eu permiti a entrada da criada. A minha cabeça doía cada vez mais, e eu não duvidava nada de que o fato de eu estar com o estômago vazio piorava mais ainda. Tomei o meu banho e após ter comido alguma coisa, eu deixei o quarto, e fui perguntando a qualquer um onde o meu pai estava, e segui para lá, ele estava em uma reunião do pequeno conselho, contudo, assim que eu cheguei em frente à sala do pequeno conselho, o valete abriu a porta para mim, e eu encontrei o meu pai sozinho la dentro.

- Qual é o problema? – perguntou escrevendo alguma coisa em um pergaminho. – Fui informado que não quis sair do quarto hoje? Do seu quarto! – apontou.

- Tem alguma notícia do meu marido? – questionei de uma vez só, parada ao seu lado. Eu vi uma leve tensão percorrer o corpo do meu pai e por alguns segundos ele encarou a mesa de pedra.

- Não. – respondeu depois de alguns segundos, voltando a escrever em seu pergaminho.

- Em três meses não tem nenhuma mensagem dele? – pressionei.

- Ele está em uma guerra, Isabella, ele tem coisas mais importantes para se preocupar, sem ser você. –

- E em momento algum o senhor pensou na hipótese de mandar um corvo até ele para saber como ele está... Por mim? –

- Eu já mandei. Vários, e ele não me respondeu. – respondeu. – Os corvos podem ter se perdido, isso acontece. Sabe muito bem disso! – eu apenas assenti, respirando fundo para que eu não falasse o que tinha em minha cabeça. – Comece a arrumar as suas coisas, em quatro dias iremos para Oldtown para o casamento do seu irmão. –

- Tá... Eu vou levar Tessarion. – respondi me virando para sair da sala.

- Não! Ela não vai! –

- Perdoe-me, papai. Mas não foi um pedido! Foi um aviso! –

- Como é? – ele me encarou incrédulo, com o que e da forma que eu havia dito.

- Sem ela. Eu não vou! Simples assim! – eu não esperei que ele falasse mais nada e saí da sala do pequeno conselho, dando de cara com Calleb, que mais uma vez havia me seguido.

- A senhora está bem? – questionou, e eu apenas balancei a cabeça negando, enquanto mordia o interior da minha bochecha. – Algo que eu possa fazer para fazer com que a senhora se sinta bem? –

- Se souber como mandar um corvo para o meu marido, sem ser através dos corvos do rei... –

- Na verdade, eu sei, princesa. – respondeu e eu parei no meio do corredor o encarando. – Eu tenho o dono de um albergue como amigo e ele costuma mandar uns corvos para quem não pode usar os corvos do rei, por um preço mais barato do que a maioria das pessoas pagam geralmente. –

- Preço não é o problema. –

- Escreva a mensagem, que eu envio hoje mesmo! – eu apenas assenti.

- Ah propósito... Edward te colocou para me seguir para todos os cantos, não foi? –

- Era para ser discreto! –

- Mas eu conheço o marido que eu tenho! – apontei e ele apenas riu. – Arrume as suas coisas em quatro dias eu vou para o casamento do meu irmão em Oldtown. –

- Sim senhora! –

Ele me acompanhou até o meu quarto, e ao entrar, eu fui direito para a penteadeira, atrás de um pequeno pedaço de pergaminho e do tinteiro. Era uma mensagem rápida que eu tinha que escrever, na verdade eu queria apenas saber se ele estava bem e vivo.

Amor, pelo amor dos deuses, tem três meses que eu não recebo nenhuma mensagem sua. Eu só preciso saber se você está bem! Me diz apenas, se você está bem. Eu te amo, Bella.’

Eu enrolei o pergaminho e não tinha nenhum selo, eu não podia usar o do meu pai, ele não podia saber que eu estava mandando essa mensagem. E também não podia usar o da princesa, o dela ficava com o pai.

- Calleb. – eu o chamei ao sair do quarto. – Eu não tenho nada para selar a carta e... –

- Não tem problema, princesa. Eu tenho, eu uso o meu selo! –

- Sabe quanto é? –

- Eu pago, princesa não se preocupe! Eu também quero notícias do meu comandante. –

- Queria estar lá, não é? – questionei e ele apenas sorriu de canto.

- Estou com um trabalho muito mais importante do que a guerra em Stepstones. – respondeu e eu apenas balancei a cabeça rindo.

- Aqui. – eu entreguei o pergaminho.

- Mandarei agora mesmo. Peço para não saia até eu voltar. –

- Caso eu saia desse quarto, eu irei apenas até o quarto da princesa Rosalie. – ele apenas assentiu.

- Com licença, alteza. – ele abaixou a cabeça em uma reverencia e se afastou e eu voltei para o meu quarto.

Durante a tarde eu fui até o quarto de Rose, ela não estava se sentindo bem, depois de ter bebido praticamente a jarra de cerveja inteira e sozinha. Ela estava com o que chamava de ressaca, uma forte dor de cabeça e enjoo. Ela havia adiado, através do seu valete, uma mensagem ao seu professor de montaria, mudando a aula, a minha aula, para amanhã, e eu fiquei ali algumas horas, lhe fazendo companhia.

Na tarde do dia seguinte, nós nos encontramos na campina para a minha bendita aula de montaria, ao mesmo tempo em que eu queria aprender a montar, eu não estava muito a fim, pelo menos não hoje, mas mesmo assim eu fui trajando a roupa de montaria que havia ganhado de Edward, e, obviamente, com Calleb e alguns dos mantos dourados junto com os mantos brancos, que estavam cuidando e protegendo Rose. Enquanto eu aprenderia, ou tentaria aprender a montar, Tessarion e Syrax estava voando no céu azul.  

- Boa tarde, princesa. – um homem, mais baixo do que a maioria dos homens que habitavam Adhara, com os cabelos um pouco compridos, na altura nos ombros, e pretos como uma noite sem estrelas e sem luar.

- Bom dia, sor. Collin. Quanto tempo! –

- Digo o mesmo, alteza. Bom, quem vai aprender a cavalgar hoje? –

- Ninguém. – respondi e os dois riram.

- Ela! – Rosalie corrigiu ainda rindo e empurrando o meu braço.

- Tens medo de cavalo, senhorita...? –

- Senhora, sor. Collin. – Rose a corrigiu antes que eu tivesse tempo de falar alguma coisa. – Ela se casou a um tempo com o meu tio Edward. – explicou e eu vi sor. Collin engolindo em seco, acreditava que não existia uma única pessoa em Adhara, se não toda Andrômeda, que não temesse o Edward.

- Apenas, Isabella. – pedi.

- É um prazer, alteza. – eu suspirei.

- Casou-se com um príncipe, acostume-se. – Rosalie resmungou e eu bufei.

- Muito bem, alteza... –

- Isabella, pelo amor dos sete deuses! – pedi, já levemente irritada.

- Tudo bem...  – ele ergueu as mãos em sinal de rendição. – Muito bem, Isabella. quando foi a última vez que a senhora se aproximou de um cavalo? –

- Sozinha? Nunca! Com o meu marido há cerca de quatro meses. –

- Nunca montou em um cavalo sozinha? – balancei a cabeça negando. – Nunca teve um cavalo? – perguntou atônito, e eu apenas neguei de novo.

- Meu pai não acha que uma dama deve montar em um cavalo. -

- Tudo bem. Então teremos que começar sem pular nenhum passo... – ele parou e pensou um pouco. – Tudo bem, o primeiro passo, é a senhora ganhar a confiança do cavalo. Seria mais fácil caso ganhasse a confiança de um cavalo que seria da senhora, mas neste caso, se souber ganhar a confiança de um, conseguira ganhar a confiança de todos. – notei com o canto dos olhos que Rose havia se afastado. – Isso é um cavalo confortável... – ele apontou para o cavalo atrás dele. – Um cavalo que você pode se aproximar. Observe os sinais... Ele tem uma expressão relaxada nos olhos, raramente irá te encarar, pois ele não teme você, mas isso não significa que ele não esteja te vendo. Observe... Os olhos estão bem longe de você, mas a cabeça, orelhas e as patas dianteiras estão viradas para a nossa direção. Ele está lambendo os lábios calmamente as orelhas estão levantadas e viradas na sua direção. Tudo isso significa que ele está pacifico. – eu apenas balancei a cabeça assentindo. – Sempre que um cavalo apresentar esses sinais, você pode se aproximar dele, qualquer coisa contrária disso, se afaste. Um coice bem dado de um cavalo pode levar a óbito. –

- Entendido... –

- Outra coisa... Cavalos são animais bem temperamentais, acredito eu que mais ainda do que os dragões. Penso eu! – comentou sorrindo. – Evite perde-lo de vista. Qualquer coisa pode assusta-lo e ele poderá lhe dar um coice para se defender, se você tiver os olhos presos nele, conseguirá se afastar. E evite os contatos visuais, isso pode fazer com que ele se afaste. O melhor jeito de aproximar de um cavalo é sempre por um ângulo diagonal dianteiro, nunca por trás e nem completamente de frente, se aproxime com calma e de olho nos joelhos do animal. Isso é até a senhora se sentir mais tranquila com os animais, ou com um cavalo desconhecido. – ele ia explicando com calma, parado ao lado de um cavalo malhado, que era maior do que eu. – Alguns dizem que se aproximar do cavalo falando com ele, funciona. – enquanto ele ia falando, eu apenas levei a mão até a cabeça do animal, acariciando na mancha branca, que estava bem no meio de seus olhos. – Bom... Ele não te rejeitou. Deixe-o sentir o seu cheiro. – pediu, e ainda acariciando a sua cabeça, eu desci com a minha mão até o seu focinho, ele esfregou o mesmo contra a minha mão.

- É molhado! – comentei rindo.

- Dê isso a ele. – ele me entregou um pedaço de maçã.

Eu coloquei os pedaços de maçã cortados em minha mão, que estava perto do focinho do animal, e uma a uma, ele ia comendo, e conforme ele comia, com a outra mão eu continuava a acariciar a sua cabeça.

- Bom... Ele não se afastou e nem se estranhou... Hora de montar! –

- Já? –

- A senhora já pegou um pouco de intimidade, deseja esperar mais o que? – brincou. – Primeiro, vamos aprender a subir no cavalo com a ajuda de um banco. – eu apenas assenti. – Depois, eu lhe ensino a subir sozinha. – ele pediu aos guardas que trouxesse algo, e um deles se aproximou com uma pequena escada de dois degraus.

Ele foi explicando em como eu deveria subir no cavalo, sem estressa-lo e acabar causando um acidente em mim, ou nas pessoas que estivessem a minha volta. Ao subir no cavalo, com uma perna de cada lado do animal. Eu ia ouvindo as suas explicações que eram calmas. Ele explicava com calma e diversas vezes se fosse necessário. Eu ainda estava um pouco travada sentada sobre a sela no animal, era a primeira vez que dependeria, exclusivamente, de mim, para o cavalo andar, e eu deveria tomar inúmeros cuidados para não acabar caindo, e por um momento me veio a mente a noticia da morte da lady Nettie, primeira esposa de Edward, que, mesmo com diversos anos de montaria, perdeu o controle do cavalo, e acabou caindo de encontro a uma pedra.

Respirei fundo, afastando aquela lembrança da minha cabeça, eu não deveria pensar nisso agora, eu tinha me concentrar no que eu estava fazendo, até porque nada mais importava no momento. Collin chamou Rose para darmos uma volta, e ela foi praticamente de forma saltitante para perto de seu cavalo, que era segurado por um dos guardas. Rose montava sozinha, sem escada, sem ajuda, apenas com sor. Collin aparando-a para o caso dela cair. Com ela já montada, ele também montou em seu cavalo. Após corrigir-me o modo de segurar as rédeas de uma forma que seria mais confortável, tanto para mim, quanto para o animal, ele explicou o que eu deveria fazer para que ele começasse a andar de forma calma e lenta, ao invés de sair em disparada pelo campo aberto.

Nós marchávamos devagar pelas trilhas da campina, para que eu pudesse ir me acostumando com os pequenos solavancos que o cavalo dava. Eu deveria admitir que andar a cavalo era divertido e ajudava a ter uma sensação de liberdade, mesmo que estivéssemos indo bem devagar, não era uma sensação de liberdade tão forte quanto a liberdade que um dragão dava, mas era uma liberdade maravilhosa. Enquanto marchávamos, eu ia olhando para os dois ao meu lado, sor. Collin e a princesa Rose, para que eu pudesse ver os seus trejeitos, principalmente por serem os mais acostumados, principalmente em relação a mim.

Como, sor. Collin, dizia, eu havia aprendido bem rápido e marcha, e nós passamos para o trote leve, um cavalgar mais rápido que a marcha, mas ainda não era um galope ou uma corrida. Nós voltamos para a cidade no meio da tarde, comigo ainda montando no cavalo, mesmo que andássemos devagar, nenhum deles tentou me apressar, mesmo que eu visse, principalmente em Rosalie, o quanto ela desejava correr com o seu cavalo.

Primeiro seguimos para o fosso, para levarmos os dragões de volta, e logo em seguida seguimos para a Fortaleza Vermelha. Ao chegarmos ao estabulo, sor. Collin me ajudou a desmontar, já que dessa vez não tinha nenhuma escadinha para que eu pudesse me apoiar, e como uma forma de agradecimento, antes que eu fosse embora, eu fiz carinho na cabeça no animal de novo, na mancha branca entre os seus olhos, e lhe dei outra maçã, e antes que ele fosse levado pelos criados, ele me deu uma cabeçada de leve, fazendo com que eu, Rose e sor. Collin ríssemos, e após marcarmos outra aula para o dia seguinte, nós duas seguimos para o castelo. Eu precisava de um banho e descansar. Estava exausta.

- As minhas pernas estão queimando! – comentei enquanto andávamos pelos corredores do castelo. – Minhas panturrilhas nunca queimaram e doeram tanto quanto hoje. –

- É assim mesmo! – ela riu. Eu provavelmente parecia uma pata andando, enquanto sentia toda a extensão das minhas panturrilhas queimando, como se estivessem em brasa viva, enquanto ela, andava de forma calma e delicada ao meu lado. – No início vai doer, e o importante é você continuar treinando, assim a dor passa mais rápido, pois os músculos vão se fortalecer, caso você demore muito para montar de novo, e o tempo entre uma montaria e outra for muito longa vai continuar doendo sempre! –

- Eu posso saber onde vocês duas estavam?! – o rei apareceu a nossa frente, com a esposa e o meu pai a tiracolo.

- Você se machucou? – meu pai veio para perto mim, passando o braço pela minha cintura, me aparando e segurando o meu peso.

- Não, papai. Eu estou bem, minhas pernas estão queimando. –

- O que vocês duas estavam fazendo? – o rei perguntou de novo se aproximando mais ainda, e a cada passo que ele dava, Jéssica dava outro, ela parecia uma sombra atras dele.

- Nada de mais, pai, eu apenas chamei o sor. Collin para ensinar a Bella a cavalgar. E o senhor sabe bem que as pernas doem após as primeiras montarias. – Rosalie deu de ombros.

- Eu gostaria de saber o que vocês duas tanto aprontam, não param mais um minuto dentro do castelo! Vocês nunca foram assim. – meu pai nos recriminou, quer dizer, me recriminou, já que ele jamais teria a ousadia de recriminar a princesa, principalmente na frente do rei.

- Até parece que você não sabe, Charlie. Rosalie está tentando todo o possível distrair a sua filha, quanto a falta de Edward. Só espero que com isso vocês duas não se machuquem, ou pior, se matem! – comentou e encarou ao meu pai. – Aliás, alguma notícia de meu irmão? – questionou, ao meu pai, o rei sorrindo, e eu apenas engoli em seco, ignorando a voz do rei que havia vindo na minha cabeça falando que não queria nenhum corvo vindo de Stepstones.

- Não senhor... – o meu pai respondeu meio sem jeito, pelo visto nem ele mesmo entendia mais o rei.

- Bom, mande um corvo para saber se ele está vivo! – meu pai apenas assentiu. – E as duas... Espero também que não saiam novamente sem avisar. Tipo hoje. – eu apenas apontei para Rosalie, colocando a culpa nela, e ela começou a rir, e provavelmente só não me empurrou porque os nossos pais estavam por perto. – Estava esperando a minha filha para almoçarmos todos juntos como a família que seremos a partir de hoje, já que ontem, a senhorita, minha filha, não estava se sentindo bem, e quando mandei chama-la, ninguém lhe achava em canto nenhum desse castelo. Só depois do almoço que eu fui informado que as duas tinham deixado a cidade com os guardas. –

- Pelo menos nós não estávamos sozinhas! – rebateu ela.

- Rose. – eu a repreendi baixo, apenas para que ela ouvisse.

- Rosalie, você precisa entender agora, que Isabella, é uma mulher casada, ela não pode continuar fazendo as coisas impensáveis de adolescentes que vocês faziam antes. –

- Mas... –

- Majestade... – eu interrompi Rosalie. – Não se preocupe. Eu peço desculpas pelo que aconteceu hoje! Não vai se repetir! E não se preocupe, sempre que deixarmos o castelo, eu mesma irei avisar... A qual dos dois eu encontrar primeiro. – comentei olhando dele para o meu pai.

- Justo! É só o que eu peço! Saber onde a minha filha anda! – nós duas apenas assentindo – Agora, vão se trocar e tirar esse cheiro de traseiro de cavalo... E Rosalie, eu quero você hoje a noite em meus aposentos para jantarmos juntos. –

- Sim senhor. – após conferir que eu estava e que ficaria bem, o meu pai me soltou e tratou de continuar seguindo o rei, tinha uma reunião agora, segundo ele, e Jéssica, após nos lançar um sorriso debochado, ela foi embora, ainda sendo a sombra do rei. Assim que os três se afastaram, Rosalie bufou e começou a subir as escadas andando rápido e pisando firme contra os degraus.

- Rose... – eu tentava andar atrás dela, mas a cada degrau subindo, as minhas pernas queimavam mais ainda. – Rose... Rose espere! – ela continuava a me ignorar. – Rosalie Swan, pare agora! – mandei alto, e respirando fundo, ela parou no meio do corredor. – Não faz isso, você está dando a Jéssica o que ela quer, que o seu pai se volte contra você! Quer permanecer sendo a primeira na linha de sucessão, segue o jogo do seu pai! Nós duas não vamos morrer se avisarmos para onde vamos, e você não vai morrer se passar poucas horas com ela. Mas, você pode perder o seu trono, caso você passe a ignorar o seu pai. – eu falava baixo com ela. – Pensa um pouco, Rose, pelos deuses. Jogue o jogo deles! Você não gosta de ficar perto deles, engole e coloca um sorriso no rosto. Eu também não gosto de ficar no meio da multidão quando acontece alguma coisa nesse castelo, principalmente após eu ter me casado com o Edward, e todo mundo fica me encarando e cochichando, eu apenas engulo e sorrio, porque eu sei que ficarei pouquíssimo tempo por perto delas! – respirei fundo antes de continuar a falar. – Anteontem eu já te livrei do casamento, mas não é sempre que você poderá se afastar desses compromissos. Deixe bem claro para ela que você é a filha mais velha dele, que você é a herdeira, não importando quantos filhos eles terão! –

- Tá... – ela respirou fundo. – Eu... Eu sei fingir! –

- Exatamente! Finge até não aguentar mais, engole todos os sapos que tiver que engolir, porque nós sabemos como espairecer depois! –

- Tá... Tá... –

- Mais calma? – ela assentiu. – Ótimo. Vá para o seu quarto, tire esse cheiro de traseiro de cavalo e quando ele te chamar para jantar, vai com um sorriso no rosto. Pede desculpas pelo que ocorreu hoje. – ela respirou fundo, assentindo de novo. – Eu vou tomar um banho e deitar, as minhas pernas estão me matando. – deixando-a parada no meio do corredor, eu me aproximei da porta do meu quarto. – Eu não fiquei tão cansada assim quando eu montei em Edward. – comentei baixo abrindo a porta.

- É o que? – ela gritou rindo, provando que tinha ouvido. – Me conte essa história. – eu nem dei tempo de ela tentar algo, e entrei no quarto fechando a porta. – Você não vai conseguir fugir de mim para sempre em... – falou e eu acabei rindo, ao ouvir os seus passos se afastando.

Depois que eu a ouvi indo embora, eu terminei de me arrastar até a minha cama, sentando no colchão macio. As minhas coxas e panturrilhas não paravam de queimar, e eu não fazia ideia de como eu tinha conseguido tirar as minhas botas, já que tudo doía. Não demorou muito e uma criada chegou com água para a tina, e mais uma vez, eu me arrastei para que pudesse tomar um banho bem refrescante.

De banho tomado eu coloquei uma camisola deitando na cama, eu não aguentava mais ficar de pé. Antes de ficar sozinha no quarto, pedi para a criada pegar um potinho branco em cima da minha penteadeira, e assim que ela me entregou o mesmo, ela foi embora dizendo que daqui a pouco traria algo para que eu pudesse comer. Usando o creme que eu havia adquirido nas Ilhas de Verão, eu espalhei um pouco pelas mãos, e comecei a passar pelas minhas pernas, massageando-as, para ver se assim aliviava um pouco as dores. Com as minhas pernas e mãos tendo absorvido bem o creme cheiroso, eu coloquei o pote em cima da mesinha de cabeceira e pegando um lenço, eu deitei na cama, cobrindo os meus olhos com o lenço, para que a claridade do quarto não atrapalhasse o meu descanso.

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