segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Capítulo 23 - Harry.

POV. Bella.
Toronto - Canadá.

Charlie ficou me encarando de cima a baixo e não disse nada por alguns minutos. Apenas levou a garrafa a boca e bebeu um gole da cerveja e após engolir, ele estalou a língua e voltou a me encarar.

- E daí? -

- E daí? - repeti entre os dentes. - Como assim e daí? Eu falo que sou sua filha que você abandonou há 33 anos e você fala e daí? - o olhei com repulsa. - Como pode ser assim? -

- O que exatamente você quer? Pensão? Acho que já está muito velha para isso e eu não tenho nada. - disse simplesmente e eu comecei a rir.

- De você eu não quero nada. -

- Então o que veio fazer aqui? -

- Eu vim porque eu queria olhar nos olhos do meu doador de esperma, porque você não merece ser chamado e pai, e ficar completamente feliz por ter ido embora e abandonado a minha mãe, provavelmente eu não teria chegado aonde eu cheguei se você tivesse permanecido em minha vida. Eu não teria arrumado o marido perfeito e nem os meus filhos perfeitos. - respirei fundo. - Quer mesmo saber o que eu vim fazer aqui? Eu vim agradecer por ter me abandonado. Acredite foi a melhor coisa que você fez. -

- Pai? Está falando com quem? - ouvi uma voz vir lá de dentro e uma mulher loira apareceu na porta. Eu a conhecia muito bem.

- Tanya? - perguntei vendo a mulher que eu não via há dez anos.

- Isabella? - ela estava diferente, roupas normais, nada apertado ou com decote e sem maquiagem. - O que está fazendo aqui? -

- Eu que perguntou isso. De onde conhece o Charlie? -

- Ele é meu pai. - disse simplesmente, sem entender nada. Espera. Ela era filha de Charlie. Eu era filha de Charlie. Tanya era minha meia irmã?

- Você… Você é o que?... - senti uma dor forte na barriga. - Minha irmã? -

- Irmã? - perguntou confusa. - Você é pai dela? - me curvei para frente a sentir a dor vir mais forte e algo escorrer pelas pernas. Levei minha mão até embaixo da saia de meu vestido e vi sangue escorrendo.

- O quê? - perguntei confusa vendo as pontas dos meus dedos manchadas de sangue.

- Você está sangrando. - Tanya apontou vindo para perto de mim. - Temos que levá-la ao hospital. -

- Eu não vou levá-la a lugar nenhum. Ela que veio sozinha, ela que se vire sozinha. Ela não acabou de dizer que não precisa de mim? - disse simplesmente e entrou batendo a porta.

- Está de carro? -

- Do outro lado da rua. - disse ao sentir outra pontada e ela segurou-me pela mão.

E me surpreendendo muito, Tanya me levou para o carro e dirigiu para Kingston General Hospital do outro lado do City Park. Eu fiquei sozinha o resto da tarde toda e início da noite quando Edward invadiu o quarto.

- Bella. -

- Oi. - disse um pouco grogue devido ao medicamento que o médico me deu. - O que houve? -

- Para começar o que a Tanya está fazendo lá fora e o que você está fazendo em Kingston? -

- Longa história. -

- Sr Cullen? - o médico entrou no quarto atraindo a nossa atenção.

- Sim. O que aconteceu com a minha esposa? -

- A sua esposa teve um pequeno sangramento, que podemos designar como comum em gravidez de gêmeos… Ela e os bebês estão bem. -

- Bebês? - perguntei confusa.

- Sim senhora Cullen. A senhora está grávida de gêmeos. Nove semanas. - disse olhando o prontuário. - Sr Cullen eu gostaria que a sua esposa ficasse essa noite em observação para eu saber se ela não voltará a sofrer um sangramento, por si só uma gravidez de gêmeos já é uma gravidez de risco, mas a senhora está com uma gravidez de risco. A senhora está com pressão alta e um pouco abaixo do peso… Em seu exame de sangue não mostrou traços de drogas, bebidas alcoólicas, cigarros ou remédios, a senhora teve algum problema em algum parto? -

- As trigêmeas nasceram antes da hora e de cesárea. E Olívia teve que nascer de cesárea também porque ela estava sentada e com o cordão em volta do pescoço. - Edward explicou e o médico assentiu.

- Amanhã ela poderá ir para casa. Mas, ela tem que ficar em repouso absoluto até o final da gravidez… -

- Isso significa? - perguntei.

- Sem trabalho… Na cama o dia inteiro e para se locomover precisará de ajuda e peço para sair de casa apenas para ir às consultas pré-natais. -

- Dr… Eu tenho seis filhas… - apontei.

- Então eu sugiro que contratem uma babá… -

- Mas… -

- Sra Cullen, permita-me por nesses termos… Se a senhora não repousar, não se cuidar, fizer esforço ou se estressar… A senhora perde os bebês. - disse firme e eu abri a boca…

- Ela vai descansar. - Edward disse firme me encarando. - Não vai? -

- Sim Dr. - disse mal humorada. Eu detestava ficar parada.

- Mais tarde eu venho vê-la senhora Cullen. Descanse. - ele saiu.

- Isabella, o que diabos você estava fazendo com a Tanya? - perguntou quando eu me ajeitei na cama.

- A Tanya… - respirei fundo. - É minha meia irmã. -

- Como? - perguntou piscando sem entender o que eu tinha dito.

- O meu pai é pai dela. -

- E desde quando você sabe quem é o seu pai? -

- Amor… -

- O que você fez, Isabella? -

- Eu… Eu contratei um investigador particular para achá-lo. Eu estou com o dossiê dele há uns seis meses. Desde o dia que variamos no escritório. -

- E por que você não me disse nada? -

- Porque você iria me matar. -

- Devia mesmo, mas aí já seria triplo homicídio. - revirei os olhos. - Por quê? -

- Você sempre soube que eu queria saber quem ele era. -

- Feliz? - perguntou com raiva.

- Não. - me ajeitei na cama. - E agora? -

- E agora que eu estou com vontade de te esganar por ter feito isso sem me falar. - bufei.

- Não Edward. O médico disse que eu estou grávida. De gêmeos. E quanto ao Harry? -

- A Amber disse que estava adiantando o processo e que é provável que no Natal já tenhamos a guarda dele. - ele me olhou. - Você quer voltar atrás? -

- Não… Não podemos fazer isso com ele e as meninas se apegaram tanto a ele. - o olhei. - Desculpa. Eu queria te contar, mas eu queria falar com ele primeiro, queria colocar tudo para fora e estava indo tudo bem até Tanya sair de lá. - mal terminei de falar e bateram na porta.

- Desculpa. - Tanya entrou. - Eu já vou. - disse colocando as chaves de meu carro, na mesinha próximo a minha bolsa. - Está tudo bem? -

- Está. -

- Obrigado Tanya. - Edward disse.

- Não se preocupe. Ninguém merece ter aquele homem como pai. - ela saiu da sala indo embora.

Tanya se foi e nos deixou sozinhos, Edward não tocou mais em assunto nenhum. Nem de Tanya ser minha irmã. Nem da gravidez e nem de Harry. Edward remarcou a vasectomia para daqui a três dias e passou a noite comigo no hospital.

No dia seguinte, um pouco antes da hora do almoço, o médico me liberou. Edward havia vindo de Uber, ele já estava em casa quando Tanya ligou para ele avisando que eu estava no hospital, e ele deixou o carro, e agora dirigia o meu.

O banco do carona estava quase todo deitado, e eu estava deitado nele enquanto Edward dirigia. Ele não dirigiu para casa, como eu esperava e sim para o City Park e a porta do banco de trás, do lado dele, se abriu.

- Tanya? - perguntei confusa quando ela entrou no carro e Edward começou a dirigir. - O que… -

- Ela me ligou. - Edward disse simplesmente. - Disse que precisa conversar sobre o pai de vocês. - Edward dirigiu até um restaurante ali perto e me ajudou a sair do carro e depois a me sentar na cadeira. - O que quer? -

- A verdade é que eu estava criando coragem para procurar vocês desde que eu saí da cadeia. - Edward abriu a boca. - Não. Não era para ver a Valentina. Ela está melhor com os dois e eu prefiro que ela continue sem saber de minha existência. - garantiu. - O que eu queria era lhe explicar tudo. O motivo de eu ter aparecido depois de anos. O motivo de eu ter pedido a guarda de Valentina. De pegar o Noah e da “camisinha furada”. - disse fazendo aspas no ar

- Que “camisinha furada”? - perguntei refazendo as aspas.

- Edward estava tão bêbado que quando concebemos Valentina ele achou que a camisa furou. A verdade é que ele nem colocou. -

- Você fez de propósito? -

- Fiz! - admitiu. - Charlie me obrigou. Eu me lembro da minha infância. Foi a coisa mais terrível do mundo. Você estava reclamando por ter crescido sem um pai. - ela se virou para mim. - Mas o seu pai é o Charlie, deveria agradecer. Infelizmente eu não tive essa sorte. - ela colocou algumas mechas loiras atrás das orelhas. - Eu tinha uns cinco anos quando ele se envolveu com a sua mãe. Eu me lembro, meus pais viviam brigando por causa disso, mal minha mãe sabia que seria melhor ele ir embora de vez. Minha mãe era rica e ela achava que precisava do Charlie para sobreviver. Ela aguentava tudo para que ele não fosse embora. Chifres. Surras. Estupros. Nela e em mim. E nisso tudo ele esbanjando a fortuna dela. Quando a sua mãe disse que estava grávida, a minha mãe ficou com raiva e disse que se ele não a largasse iria parar de bancá-lo e iria contar a empresa o que maridinho fazia. E ele largou a sua mãe e você sem ao menos falar nada. Só que depois disso ficou pior, as surras, os abusos ficaram mais frequentes e mais pesados, principalmente depois que ela disse que se ele pulasse a cerca de novo iria expor tudo. Por volta dos dez anos, minha mãe morreu do nada, até investigaram, mas acabou se tornando suicídio, e o Charlie piorou e eu fiquei aturando tudo. As bebedeiras. As surras. Os abusos até entrar para a faculdade e foi onde eu conheci o Edward. Quando Charlie soube que nós estávamos meio que tendo um caso, ele ficava em cima, ele estava falido, havia gastado tudo em bebidas e apostas e queria continuar mantendo a vida boa. Ele me obrigou a me envolver com o Edward e todos os presentes que Edward me dava, ele vendia um tempo depois e esbanjava o dinheiro. E quando eu meio que parei de aceitar os presentes ele ficava em cima para que eu engravidasse, com a intenção de arrumar uma pensão gorda. -

- Mas você abandonou a Valentina. - apontei.

- Sim. Porque eu juntei tudo de dinheiro que consegui e eu sabia que se eu ficasse com a guarda da Valentina ele iria fazer com ela o que ele fez comigo e eu não podia deixar isso acontecer. Tanto que assim que ela nasceu eu sumi. -

- Mas você apareceu depois! -

- Ele me achou e me fez voltar e se eu não conseguisse mais dinheiro com você ele iria contar para todo mundo o que aconteceu. Só que a versão dele. Eu entrei com a guarda, mas eu sabia que você iria preferir me dar a quantia que fosse a me deixar prosseguir com o processo. Mas o processo deu errado e ele sabia que você teve outro filho e bom, o resto vocês sabem… -

- Tanya… -

- Eu não estou falando isso para me redimir. Eu estou falando isso porque eu vou sumir. De vez. Mas Bella, ele sabe que você está casada com o Edward, ele sabe que você tem filhos e que você está com a Valentina. Ele pode ir atrás de você e ameaçar você em troca de dinheiro. Não o deixe fazer com você e com seus filhos o que ele fez comigo. -

- O que você vai fazer agora? -

- Sumir e espero que dessa vez para sempre… - ela passou a mão pelos cabelos. - Eu espero que ele não incomode vocês, mas conhecendo esse monstro do jeito que eu conheço… Eu sugiro que mexa seus pauzinhos para que ele não ache vocês. - ela olhou para mim e para Edward em silêncio por alguns segundos. - Eu já vou… Meu voo para Tóquio sai em duas horas. -

- Quer que eu te deixe no aeroporto? É o mínimo que posso fazer depois de ter levado Bella ao hospital antes que perdesse os bebês. - ela sorriu de lado.

- Não é necessário. Vá para casa e cuide de sua esposa. - disse se levantando. - Com licença. - e saiu do restaurante.

- Vai fazer o que? - perguntei.

- Te levar para casa e colocar você na cama… Mesmo depois eu ainda não confio plenamente em Tanya, caso Charlie faça algo, eu tomo uma posição… Se essa história de Tanya é verdadeira mesmo eu vou fazer o possível para ele não chegar perto de você… Assim que chegarmos a casa, você vai me entregar todos os seus casos e esse dossiê que tem que Charlie. Vou colocar uma pessoa para vigiá-lo, para o caso dele tentar se aproximar de você e das meninas. -

- Você vai assumir todos os meus casos? Edward… Você não pode fazer isso, se você assumir os meus casos e continuar com os seus, você não volta para casa tão cedo. Já basta eu que terei que ficar sete meses de cama, e você trancado no escritório, e as crianças? -

- Eu não vou assumir todos os seus casos, irei dividir entre os outros advogados e pelo visto terei que arrumar mais uma advogada. -

- Homem. - disse firme.

- Tudo bem, eu arrumo um advogado. - ele me encarou um pouco. - E pelo visto teremos realmente que arrumar uma babá. -

- Pode ser uma velha quase a beira da morte? -

- Isabella… -

- Não quero nenhuma mulher entre os 14 e 65 anos perto de você, principalmente se eu vou ficar de cama o dia inteiro. A menos que elas sejam lésbicas… - ela riu. - Está rindo por quê? É você quem ficará quase que nove meses sem sexo. - lembrei-o com a sobrancelha arqueada e ele parou de rir.

- Entendi o motivo de a babá ser uma velha a beira da morte… -

- Ótimo. -

- Vou ver com a minha mãe… Ela conhece pessoas desse meio. -

- Vai contar a assistente social sobre a gravidez? -

- Temos que contar… E as crianças também. -

- Será que Harry não se sentirá excluído com isso? Podemos passar no orfanato e vê-lo? -

- Não! - disse firme. - Você ouviu o médico. Repouso total… Posso ver com a Amber se ela deixa eu levar o menino até lá um dia desses, e é o máximo que posso fazer, porque daqui você vai para a cama. -

Nós almoçamos, com Edward regulando exatamente tudo que eu comi ou bebi e ao término do almoço, entramos no quarto e seguimos para casa, três horas de viagem para casa, Edward havia pedido para Esme pegar as meninas na escola e a levariam para sua casa e as devolveriam hoje a noite.

Depois de três longas horas de viagem nós chegamos a casa e ele me levou para o quarto, e após um banho rápido e trocar de roupa, por uma confortável, ele me deitou na cama e voltou para o banheiro. Ele não falou quase nada a viagem toda, ele estava nervoso e chateado e eu não lhe tirava a razão.

Claro que se eu soubesse que estava grávida, de gêmeos e com uma possível gravidez de risco, eu não teria feito nada disso, mas depois quase um ano tentando e nada, como é que eu iria saber?

Em pouco tempo Edward saiu do banheiro, já vestido e ficou um tempo encostado em minha penteadeira me encarando sem falar nada. Será que ele estava pensando em um jeito de me matar? Eu queria falar algo, mas o que diabos eu iria falar? Desculpa, não deveria ter ido atrás dele, desculpa por quase ter perdido nossos bebês e por possivelmente ter colocado um maluco na cola de nossos filhos?

Não, isso não era algo bom para se falar, principalmente para ele. Edward e eu nunca tivemos segredos um com o outro, pelo menos não depois do casamento, quer dizer, eu nunca tive segredos com ele, mas o conhecendo bem, sei que ele também não tem segredos comigo.

Agora, faltando menos de um mês para o Natal, eu estava obrigada a ficar na cama e só sair daqui com ajuda de alguém. Provavelmente o Natal será comemorado no quarto, o único lado bom é que não terei que me matar na cozinha com Esme e minha mãe.

Respirei fundo, eu precisava falar algo. Mas o que? Provavelmente ele estava com raiva de mim, e até pensando em me matar, talvez depois dos gêmeos nascerem, assim ele não seria condenado por triplo homicídio. Ou será que ele estava pensando que esses dois bebês podem ser mais duas meninas? Ah Deus, não, por favor, não. Se vierem mais duas meninas eu me mato. Juro.

Eu amo minhas garotas, com todo meu coração, mas eu lembro quando Valentina menstruou a primeira vez… Quase que Edward enfartou. Bom, ele quase enfarta com tudo que tenha haver com elas, então… Mas mesmo assim.

Uma risada me tirou de meus pensamentos, pisquei os olhos e vi que Edward, ainda encostado em minha penteadeira, gargalhava a minha frente.

- O que foi? -

- Sabe o quanto você fica engraçada fazendo essas caretas enquanto pensa? -

- Do que está falando? -

- Estou falando que você faz caretas enquanto está pensando. Enquanto está em uma luta interna consigo mesmo. E é fofo. Fofo e engraçado. - ele ainda ria um pouco. - Em que está pensando? -

- Muitas coisas! - confessei.

- Muitas coisas tipo o que? -

- Em como pedir desculpas pelo que fiz, se esses bebês serão meninas ou se finalmente serão meninos, lembrando-se de como foi a primeira menstruação de Valentina. E principalmente estou tentando adivinhar em que você está pensando. E se você está pensando em matar depois que os bebês nascerem, para não ser julgado e condenado por triplo homicídio. -

- Céus, como você é absurda. - ele passou a mão pelo rosto. - Acha mesmo que vou matar você? Por Deus, acha que sou maluco de matar você e ter que cuidar sozinho de nove crianças. Onde seis são meninas e duas não se sabe ainda? - fechei a cara.

- Bom saber que você não vai me matar porque não quer cuidar de nove crianças sozinhas e não porque me ama. - reclamei.

- Você sabe que eu estou brincando. - disse se aproximando da cama e se sentando à minha frente. - O que quer que eu diga? Que eu estou chateado pelo que fez? Tá. Estou chateado. Desde o início fazíamos tudo juntos e agora do nada você fez sozinha… -

- E quase perdi os bebês. -

- Isso você não teve culpa. Não sabia. -

- Possivelmente coloquei nossas filhas na mira de um maníaco, pedófilo e possivelmente assassino. -

- Quem diria que Tanya é sua meia irmã. -

- Isso faz de mim meia tia da Valentina? Biologicamente falando. -

- Você é a mãe dela. E fim da história. Emocional é mais importante do que a biologia. - sorri de lado. - Eu vou ligar para a Sue amanhã e marcar uma consulta. Não é por eu não confiar no médico de Kingston, mas eu quero a opinião de uma obstetra. Principalmente da obstetra que cuidou das gestações de minhas filhas. -

- Eu estou cansada. - comentei. - Deita e dorme, meu amor. Daqui a pouco minha mãe está aí com as meninas. -

- Vai falar o que para elas? Sobre termos passado a noite no hospital. -

- A verdade. Que a família vai aumentar com mais três pessoas. - sorri de lado.

- Espero que sejam meninos. - sorri de lado levando as mãos até minha barriga.

- Eu já consegui um menino. - disse se referindo ao Harry. Edward abaixou a cabeça e beijou minha barriga, e eu levei as mãos até seus cabelos o acariciando.

- Só mais uma pergunta… -

- Faça. -

- Como soube? -

- Tanya me ligou. Da recepção do hospital. -

- E você acreditou? -

- Ela descreveu seu carro e suas roupas. Acreditei. E ela falou de um jeito que eu não quis pagar para ver se ela mentia ou não. - explicou dando outro beijo em minha barriga. - Agora durma um pouco. - disse se sentando na cama e eu me ajeitei na cama e ele me cobriu dando um beijo em meus lábios. - Qualquer coisa me chama. - assenti e ele saiu do quarto.

(...)

Uma semana havia se passado desde o incidente, mamãe ameaçou-me matar depois que os netos nascerem. Ela havia ficado muito chateada por eu ter ido atrás de Charlie, mas ela entendeu que eu precisava disso. Era como uma peça de quebra cabeça que eu precisava preencher para ficar tudo completo.

As meninas haviam ficado felizes com a notícia da gravidez e que a cada dia que passava, Harry era mais um pouco nosso e um pouco menos do orfanato. Edward já deveria estar voltando para casa do escritório e Olívia estava dormindo tranquilamente ao meu lado enquanto as meninas estudavam em seus quartos. Olívia dormia linda e tranquilamente e eu assistia Tv baixo enquanto comia alguns chips de batata, assistindo a alguma novela chata. Céus eu havia esquecido como as programações são chatas a tarde.

Meu telefone começou a vibrar e eu tratei de procurá-lo imediatamente antes que a vibração acordasse Olívia. Finalmente encontrei-o no meio das cobertas. Era Edward.

- Oi querido. - atendi ao telefone falando baixo.

- Está falando baixo por quê? -

- Olívia está dormindo ao meu lado. - expliquei colocando algumas batatas na boca. - Qual é o problema? -

- Valentina. -

- Não entendi. -

- Valentina me ligou pedindo para eu comprar absorventes para ela. - disse e eu comecei a rir. - Como eu compro essas merdas? -

- Está na sessão de absorvente? -

- Estou. Achei que tivesse apenas um tipo, mas não, tem quinhentos e as pessoas estão me olhando estranho. - disse desesperado.

- Ela usa da Always. -

- Always o quê? -

- O nome. Edward. -

- Tem vários com esse nome… -

- É do tipo noturno, a embalagem é roxa. É sem perfume e com abas. -

- Asas? E como que eu vou saber se essa merda tem perfume? Vou ter que cheirar isso? -

- Está escrito no pacote. -

- Okay. Achei. Precisa de algum creme ou lenço ou… -

- Paga e vem embora Edward. -

- Ok… Céus eu não quero passar por isso de novo… É para minha filha. - disse sem jeito para alguém e eu ri.

- Querido, eu vou ter que ficar de cama por sete meses… Você vai passar por isso de novo. -

- Como assim? -

- Sua filha menstrua cinco dias por mês e o certo é trocar o absorvente de duas em duas horas dependendo do fluxo. Acha que esse pacotinho vai durar sete meses? -

- Eu acho que vou comprar uns vinte e estocar em casa… - eu ri tomando cuidado para não acordar Olívia.

- Ah e uma dica. Traz chocolate, sua filha fica meio irritada quando está menstruada, principalmente em época de provas. - expliquei. - E se puder fazer um favor para a sua esposa querida e para a mãe de seus filhos, que é a mesma pessoa… -

- O que você quer? -

- Tem como trazer picles para mim? -

- Para que? -

- Estou com desejo de picles com catchup e se meus bebês nascerem com cara de picles com catchup a culpa será sua. -

- Daqui a pouco estou aí. -

- Obrigada meu amor. - desliguei o telefone e voltei a novela que eu já não entendia mais nada do que estava acontecendo.

Cerca de uma hora depois, Edward entrou com quarto com uma sacola em mãos, ele se aproximou da cama e me deu um beijo devagar e se abaixou e deu um beijo em minha barriga.

- Oi meu amor. - disse se sentando na ponta da cama. - Como se sente? -

- Muito entediada. - reclamei. - A programação da televisão a tarde é horrível e as novelas mexicanas já foram melhores. -

- Não levantou da cama não é? -

- Para ir ao banheiro conta? Eu estava quase me mijando. - reclamei e ele riu.

- E ai preguiça… Vamos acordar, se não você não dorme a noite? - virei o rosto e vi que Olívia já estava acordada, falta saber a quanto tempo. - Papai não ganha beijo não? - ela se levantou e foi até o pai que a pegou no colo, e deu um beijo na bochecha do pai.

- Oi papai. -

- Oi meu anjo. - ele a abraçou. - Tomou conta de sua mãe pra mim? -

- Tomei papai. - respondeu.

- Ótimo. Vai até sua irmã e peça para a te ajudar a tomar banho. -

- Tá papai. -

- Tchau meu amor. - disse quando ela me deu um beijo e após dar outro beijo no pai, ela saiu. - Comprou absorventes para a sua filha, é? - ele me olhou feio. - Vem cá. - estendi os braços. Eu estava deitada no meio da cama e ele deitou a cabeça em meu peito e eu o abracei. - Oh meu amor… Eu compenso você depois que elas dormirem. -

- Sue disse nada de sexo. -

- Mas ela não disse nada de sexo oral ou de eu usar minha mão. - ele tirou a cabeça de meu peito e me encarou.

- Hoje não amor… Estou morto. -

- Mesmo morto eu ainda faria sexo com você… Mesmo sendo necrofilia. - ele riu tirando o paletó. - Só teria que dar um jeito para o seu amigo ficar em pé. - ele riu mais ainda. - Mas por quê está morto? -

- O dia foi absurdamente cheio. - ele sentou na cama de novo tirando os sapatos. - Eu preciso arrumar outro advogado o mais rápido possível, antes que eu surte… - abri a boca. - Não, você não vai me ajudar. - bufei. - A babá que minha mãe arrumou, vem sábado para conversarmos com ela e eu vou ligar para Amber para ver a quantas anda o processo de adoção. -

- Antes de você ir tomar banho… Cadê o picles? -

- Achei que tivesse esquecido. - neguei e ele pegou um pequeno porte de picles e abriu para mim. Ele saiu do quarto e voltou dez minutos depois com um prato e um garfo e com o pote sem a água e me entregou junto ao catchup.

Enquanto eu comia, Edward tomou um banho lento e eu me concentrei em minha comida antes que levantasse da cama e ia brincar um pouquinho com meu marido. Mas eu não podia sair da cama e ele estava cansado, não ia dar mais dor de cabeça a ele saindo da cama.

(…)

O final de semana chegou e pela primeira vez desde a descoberta da gravidez, eu pude ir pra sala, com Edward me carregando e me sentando na sala. A babá, Maria, era uma senhora de idade, acredito que por volta dos 50 anos, ela tinha ótimas referências e recomendações e as crianças a princípio gostaram dela e eu também. Ela chegaria perto da hora de Edward ir para o trabalho e iria embora depois que ele chegasse. Pelo menos eu teria alguém com quem conversar e companhia durante o dia, quando as meninas estavam na escola.

Ela começaria depois da virada do ano, e o Natal estava logo ali e Edward ainda não tinha notícias sobre a adoção de Harry. Ou não tinha, ou não queria me dar, por medo de que eu me preocupasse e algo fizesse mal aos bebês.

O natal finalmente chegou, as meninas estavam no andar de baixo com minha mãe, Phil e meus irmãos montando a árvore e fazendo a ceia, eu só tinha permissão de descer na hora da ceia e era da cama pro sofá e do sofá para mesa. Eu não sentia mais a minha bunda.

Eu achava que a programação era ruim as tardes e aos domingos, mas no Natal era pior ainda. Senhor, eu nunca mais reclamo de ficar me mandando na cozinha com minha mãe e sogra. Nunca mais.

- Bella. - Edward atraiu minha atenção e eu desliguei a televisão.

- Que que é? -

- Está mal humorada minha vida? - brincou.

- Entediada. - reclamei.

- Pois bem… Quer seu presente agora ou depois… - dei de ombros. - Essa cara emburrada vai sumir logo… - ele saiu e eu me ajeitei na cama, tentando arrumar uma posição de minha bunda parar de formigar. - Olha quem veio ver você… - Edward entrou com quarto segurando Harry pela mão.

- Harry. - e Edward tinha razão, minha cara emburrada mudou para um sorriso enorme. - Vem cá. - ele soltou a mão de Edward e se aproximou da cama e eu o peguei no colo, o sentando em meu colo. - Oi querido. - o abracei forte e ele retribuiu. - Como está? - perguntei mexendo em seus cabelos castanhos.

-Bem… Senti saudades… -

- Eu também. - o abracei forte. - Amber deixou ele vir? - perguntei a Edward.

- Mais ou menos. - o encarei. - O resultado da adoção saiu… - ele sorria amplamente. - Isabella Cullen… Te apresentou ao seu novo filho, Harry Swan Cullen. -

- Ele não vai mais embora? - negou sorrindo. - Own meu amor. - dei um beijo na cabeça de Harry. - Você é meu menino. - coloquei algumas mechas do cabelo de Harry e enchi seu rostinho de beijos. - Você não vai mais embora! - Edward se sentou ao meu lado na cama e eu me virei para ele e enchi seus lábios de beijos. - Sabe que esse foi o melhor presente que poderia ter me dado. -

- Eu sei. Por isso ajeitei tudo sem você saber… Eu, sua mãe e as meninas arrumamos o quarto dele, a nova certidão dele já está pronta. - respondeu sorrindo e dando um beijo em minha bochecha.

- Amor… Olha para mim. - eu daria o tempo que ele precisasse para chamar a mim de mãe e Edward de pai, eu não ia forçá-lo a nada. - A mamãe. - mas mesmo assim eu amei como saiu de minha boca. - A mamãe tem uma notícia para te dar. -

- Qual? -

- Você vai ter mais dois irmãozinhos ou duas irmãzinhas. -

- Cadê? Onde eles estão? - perguntou eu apontei para a minha barriga. - Não gosta deles? -

- Claro meu amor, por quê? -

- Então por que comeu eles? - perguntou assustado e Edward começou a gargalhar.

- Não Harry. Ela não comeu eles. -

- Então como é que eles foram parar na barriga dela? - eu e Edward nos entreolhamos.

- O papai colocou umas sementinhas na barriga da mamãe e daqui a uns sete meses, teremos mais dois bebês em casa. - Edward explicou.

- Ah… -

- Você é tão lindo. - o abracei.

- Harry… - Edward o chamou e ele o encarou. - Cuida da mamãe para mim, eu já volto. - ele assentiu sorrindo e Edward deu um beijo em nós dois e saiu do quarto.

- Oh meu lindinho… - o puxei com cuidado para perto do meu peito. - Está feliz meu anjo? -

- Tô. -

- Mamãe também está muito feliz por você finalmente ter chegado. - eu tinha os braços embaixo de seus quadris e ele estava sentado em meus braços. - Agora a família está quase completa. - sorri amplamente e ele abraçou meu pescoço. - Meu menino. - eu retribui o abraço.

Um tempo depois Edward veio nos buscar para descer, todo mundo havia chegado e o jantar estava quase pronto. Todo mundo, principalmente as meninas, ficaram felizes com a chegada de Harry, e elas não o soltaram por nada.

O final de ano passou calmamente e Maria começou a trabalhar. Harry só começaria a estudar no meio do ano, o início do ano letivo, então durante uma boa parte do dia eu tinha apenas a companhia de Maria e Harry.

Edward só conseguiu arrumar outro advogado em fevereiro, e eu já estava com cinco meses, e ele passou há ficar mais tempo em casa. Às vezes ele trabalhava aqui na cama enquanto eu brincava com Harry, mas estava ficando mais tempo em casa me fazendo companhia. Até porque eu estava ficando agoniada de tanto ficar na cama.

Estávamos no início de Março e no final do dia, as meninas já haviam ido para a cama, Harry estava comigo na cama, brincando com seu bonequinho do Batman e do Thor, Edward estava terminando um contrato é assim que ele acabasse ele iria colocar Harry em sua cama.

Já tinha dois meses que Harry estava conosco, que era legalmente nosso filho, e ele ainda estava bem animado com isso e adorava ficar aqui conosco e dormir entre nós dois. Para quem dorme sozinho a vida toda, sem sentir o aconchego de alguém, o colo de alguém, por ele e por mim, ele dormia todos os dias na cama conosco.

Nosso menino ia completar seis anos no final de março e por mais que todo mundo quisesse fazer uma festa enorme para ele, teríamos que adiar para o aniversário de sete anos, já que eu tinha que repousar e ficar na cama.

- Mamãe. - ouvi alguém me chamando e por impulso olhei para a porta e vi que a mesma continuava aberta e sem ninguém ali. - Mamãe! - olhei para o pequeno em minha cama e ele me encarava atentamente.

- O que disse? -

- Mamãe! - repetiu e eu sorri amplamente. Era a primeira vez que ele me chamou de mamãe.

- Que foi meu amor? -

- Eu tô com sono. - disse coçando os olhinhos castanhos. - Posso dormir aqui? -

- Por mim… Tem que pedir pro papai. - falei olhando para Edward que nos olhava atentamente.

- Papai. - e ele sorriu também.

- Oi meu filho? -

- Posso dormir aqui? - perguntou escalando o pai que largou os papéis e o segurou. - Só hoje. - pediu aconchegando a cabeça no peito do pai.

- Você disse a mesma coisa semana passada. - brincou.

- Por favor… -

- Tudo bem… Pode dormir aqui… Só hoje. - Edward sabia melhor do que ninguém que esse só hoje, não seria SÓ hoje. - Vem, vamos escovar os dentes e ir para a cama. - Edward se levantou com ele.

- Amor, vou ao banheiro. - avisei.

- Espera eu voltar… Por favor, não demoro. - assenti contrariada. Nem ir ao banheiro sozinha eu podia.

Ele saiu do quarto e eu tirei as os bonecos de Harry da cama e os coloquei na mesinha de cabeceira ao meu lado da cama. Em menos de cinco minutos os dois voltaram e Edward deitou Harry na cama e me ajudou a levantar e eu apertei a mão dele e busquei o ar pela boca quando senti uma leve pontada na barriga. Eu já sabia o que era aquilo, mas você nunca está preparada para quando vai acontecer pela primeira vez.

- O que? O que foi? - Edward perguntou desesperado.

- Se acalma homem. - reclamei. - Foram apenas os bebês que se mexeram. - expliquei e ele respirou aliviado. - Eu apenas fui pega de surpresa, não espera por isso agora. -

- Mamãe. - Harry nós encarava preocupado.

- Está tudo bem, meu amor, a mamãe e seus irmãos ou irmãs estão bem. - garanti. - Seu pai que é muito exagerado, mas você se acostuma com o tempo. - brinquei e ele riu.

- Sem graça, Isabella. Achei que tivesse que te levar pro hospital há essa hora. -

- Não, pro hospital não, mas para o banheiro seria uma boa. -

- Venha. - Edward me levou ao banheiro e após me colocar dentro do banheiro, saiu me dando privacidade. Fiz minhas necessidades e escovei os dentes e em menos de cinco minutos estava abrindo a porta.

Edward me pôs na cama e voltou ao banheiro, enquanto eu me ajeitava na mesma e abria os braços para Harry se aninhar ali e ele veio. Edward deixou o banheiro, fechou a porta e guardou os papéis e deitou-se na cama após apagar a luz. Deu um beijo em meus lábios e outro na cabeça do filho e deitou-se, passando o braço por cima de nossos corpos nos abraçando.

(...)

O aniversário de Harry chegou e ele estava bem animado e deixava transparecer muito bem. Não sei se estava animado por ser seu primeiro aniversário fora do orfanato ou por ser seu primeiro aniversário com uma família, principalmente porque ele achava que não seria adotado nunca.

Nós estamos esperando os pais de Edward chegar e eu estava sentada no sofá da sala enquanto eu via meu marido sendo esmagado por nossos filhos no chão da sala enquanto eu tinha a cabeça apoiada no ombro de minha mãe.

Finalmente meus sogros chegaram e um tempinho depois pegaram o bolo do Batman, que estava escondido na cozinha.

(...)

- Não se preocupe, mãe, está tudo bem. - Edward disse entrando no quarto do hospital. Eu estava sentada na cama sentindo uma puta dor na lombar e uma que parecia com cólica e sentindo contrações irregulares. - Mãe… Mãe… Mãe para. Ela está bem. Eles estão bem. Eu estou cuidando dela, só preciso que a senhora olhe as crianças. Renné já ligou dizendo que pegou o avião e assim que acabar aqui eu aviso a vocês. - aquele barulho irritante do aparelho que monitorava meus batimentos cardíacos e dos bebês, apitava em meus ouvidos. - Tá mãe… Também te amo. - ele desligou. - Como se sente? - perguntou e eu respirei fundo.

- Sentindo uma puta pressão na minha bexiga e falta pouco pra eu acabar me mijando. - reclamei. - Quando é que essa merda vai começar? Eu tô com fome. - reclamei e ele riu.

- Cinco horas sem comer, então para de reclamar. - olhei feio para ele. - E a enfermeira já vem aplicar a anestesia. -

- Graças a Deus essa é a última vez que algo desse tipo vai sair de dentro de mim. - ele riu. - O que sua mãe queria? -

- Saber se já nasceu. Ela é exagerada, conhece sua sogra. E sua mãe já pegou o avião, chegam perto do meio dia de amanhã. -

- Eles tinham que nascer apenas daqui a duas semanas. - comentei.

- Eu sei, mas Sue disse que eles estão bem e terão que ficar apenas uma semana na UTI não se preocupe. -

- Olá papais. - a enfermeira entrou no quarto sorridente. - Como a mamãe se sente? -

- Louca para mijar. - reclamei e os dois riram. A enfermeira de Sue esteve presente em todos os meus partos então ela já estava acostumada comigo.

- Ela pode ir ao banheiro, o senhor sabe não é? -

- Sei, mas você disse que já estava vindo… E não iam passar a sonda? -

- Sua esposa preferiu sem. - ele me encarou.

- Aquilo é horrível. Coloca só para ver se você iria querer aquilo de novo. E no parto de Olívia eu não usei e foi tranquilo. -

- Então vem, vamos ao banheiro. - a enfermeira me desconectou daquele aparelho de monitoramento e Edward me ajudou a ir ao banheiro e eu pude suspirar aliviada, mas mesmo assim a pressão na bexiga não passava, mas segundo Sue era assim mesmo por se tratar de um parto prematuro.

Ao deitar na cama de novo e ser ligada aos aparelhos, a enfermeira aplicou a anestesia e eu fui para a sala de cirurgia e enquanto Edward se vestia eu era ligada ao soro e em dez minutos o médico avisou que iria começar enquanto eu encarava aquele pano verde embaixo de meus seios.

- Eu estive pensando uma coisa. - Edward disse tentando me distrair. Ele estava sentado ao lado de minha cabeça, segurando minha mão.

- O que? -

- Depois que os bebês estiverem maiores, por volta dos sete meses, por que nós não viajamos? Só nós dois? -

- Igual como fizemos com a Sophia? -

- É. -

- Nem pensar. - respondi virando um pouco o rosto e encostando a testa em seu rosto e ele deu um beijo nela.

Depois de uma hora, com Edward falando algumas besteiras para não me fazer pensar no que acontecia do outro lado da cortina, nós ouvimos um chorinho no quarto. Um já tinha saído, faltava o outro e em dez minutos outro chorinho. E se eu sentisse alguma coisa eu poderia dizer que me sentia mais leve.

- Sr. Cullen. - a enfermeira de Sue apareceu do lado de cá da cortina verde. - Seus filhos. - disse e vi dois pequenos embrulhos azuis.

- Meninos? - perguntei.

- Sim senhora. Dois meninos, grandes e saudáveis. - com cuidado ela entregou um dos bebês a Edward e me entregou o outro. Eles ainda estavam sujos, mas pareciam estar bem.

Levaram os meninos para serem examinados e para o berçário e após me costurarem fui levada para a sala de recuperação, onde a enfermeira avisou que era para eu falar o menos possível pelas próximas doze horas. E lembrando-me do parto de Olívia, eu não abri a boca para nada. Falei até não aguentar mais, meu estômago ficou todo inchado e eu cheia de dor.

Dois dias depois do parto eu já estava em um quarto particular, meus bebês ainda estavam na UTI e só sairiam de lá daqui a cinco dias, o mesmo tempo que eu iria para casa. Todo mundo já veio conhecer os meninos - Anthony e Adam - e Edward estava mais bobão do que de costume.

- Feliz? - perguntei enquanto ele tinha Adam no colo e eu amamentava Anthony. - Demorou mas vieram seus meninos. -

- Agora temos três meninos. -

- E seis meninas… -

- Bem que poderíamos ter mais um menino, assim fica arredondado… Dez. Você sabe que não gosto de números ímpares. - desviei os olhos de Anthony e o encarei feio. - É brincadeira. - bufei.

- Sabe que não ligo… Até porque quem acorda de madrugada quando estão sujos ou com cólica é você. - apontei brincando. - Minha parte é fácil… Carregar por nove meses, ter o emocional bipolar, viver dentro de um banheiro, encontrar um equilíbrio entre socar a sua cara e querer transar com você loucamente. Depois empurrar ou ser aberta e costurada… E a recuperação… E os quarenta dias de resguardo onde eu sinto apenas vontade de transar loucamente… Céus, se alguém tivesse me contado essa história eu não teria tido filho nenhum. - ele gargalhou. - Minha parte é horrível. - olhei para ele. - Mas se quiser trocar… Você passa por tudo isso e eu apenas acordo de madrugada, assim eu topo. - ele riu mais ainda.

- Dispenso. Nove está ótimo. -

Um tempo depois a enfermeira veio pegar os meninos para que eles e eu pudéssemos descansar e assim se seguiu o resto da semana até que finalmente nós voltamos para casa.

Já tinha duas semanas que havíamos voltado para casa, eu estava sozinha com os gêmeos, Harry e Maria em casa. Edward estava no tribunal e as crianças na escola, nas provas finais antes das férias de meio de ano.

Eu havia acabado de amamentar os gêmeos e colocá-los para dormir, quando Harry me puxou para a colocá-lo na cama após o almoço para tirar um cochilo e eu estava bem tentada em fazer o mesmo, já que o dia estava bem tranquilo e ainda faltava algumas horas até as crianças voltarem da aula.

Deitei Harry na cama e o cobri para que ele pudesse dormir tranquilamente e conferi se Anthony e Adam dormiam bem e tranquilamente e ao confirmar que sim, desci as escadas e encontrei que Maria que já havia voltado do mercado.

- Bella? - ela me chamou quando eu cheguei da sala.

- Oi? -

- Tem visita. Está te esperando no hall. -

- Quem? - deu de ombros. - Obrigada. - caminhei para lá. Era um homem, que estava parado próximo a porta, de costas para mim. - Sim? - e ele se virou lentamente com um sorriso nos lábios e eu senti um soco no estômago. - Charlie, o que está fazendo aqui? -

- Vim ver minha filha. - disse. - Olá filha. -

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