quarta-feira, 17 de abril de 2019

Capítulo 011


Pov. Edward.

Espera um pouco, como assim ela saiu e esqueceu que nós íamos sair? Não, ela deve estar no banheiro e não ouviu a campainha. Toquei a campainha mais algumas vezes e nada, resolvi ligar para ela e ver onde ela está. Disquei o número dela e esperei ela atender. Demorou dois toques para ela atender, mas finalmente ela atendeu.

- Oi. –

- Oi. Onde está? –

- Atrás de você. – ela falou e eu me virei, ela estava atrás de mim. Bella desligou o telefone. – Olha, está bonito, em... – disse se aproximando.

- Onde estava? – perguntei olhando a roupa dela, ela usava uma calça jeans preta, uma blusa preta, curta na frente e longa atrás.


- No trabalho. – falou abrindo a porta. – Tive uns problemas e só consegui sair agora. – explicou entrando e eu entrei. – Ainda vamos sair? –

- Se quiser posso desmarcar se estiver cansada. –

- Estou bem. Vamos para onde? –

- Surpresa. – ela bufou. – Só posso dizer que vamos jantar fora. –

- Vou me vestir. – falou indo para o quarto. – Se quiser ver televisão fica a vontade. – ela gritou de dentro do quarto. Encostei-me as costas do sofá e esperei.

Bella demorou cerca de meia hora para se vestir e eu, é claro que, não a apressei, longe disso. Ela havia acabado de chegar, cansada, do trabalho, teve que fazer algumas horas extras, porque o turno dela já havia acabado há horas. A única coisa que ela precisava agora era de um bom e longo banho quente e não de um cara qualquer enchendo a paciência dela para que se apressasse. Depois de meia hora ela apareceu na sala.

- O que acha? – perguntou saindo do quarto e parando a minha frente. Ela estava linda, é obvio, com um vestido rosa, com decote coração, acho que era esse o nome daquilo, que batia até a altura dos joelhos, com uma renda preta e transparente por cima, que formava mangas e um pequeno decote, saltos altos, olhos um pouco marcados e boca rosada, apenas um pouco mais escura que o rosa do vestido.


 - Está linda. – falei.

- Mesmo? Eu não sei para onde eu vou, se não teria colocado uma roupa melhor. –

- Para de palhaçada, está linda. Está pronta? –

- Eu sinto que eu estou esquecendo alguma coisa. – ela disse olhando em volta. – Meu celular. – ela correu de volta para o quarto e voltou com uma pequena bolsa preta, onde ela guardou o celular e pegou a chave em cima da mesinha de centro. – Agora estou pronta. –

- Então vamos. – me levantei do sofá ajeitando minha jaqueta e pegando a chave do carro dentro do bolso.

Saímos da casa dela, e após ela tranca-la seguimos para o elevador e descemos até o térreo entrando no meu carro. Como as garotas iriam voltar comigo, não caberiam todos no meu Audi, então vim com a mini van, quando, chegamos perto do meu carro, e eu desliguei o alarme do carro, ela parou no meio da calçada e me encarou divertida.

- Você está dirigindo uma mini van? – perguntou rindo.

- Eu tenho quatro filhas. Todas menores de idade que não podem andar no banco da frente, e como a mais nova só tem dois anos e precisa usar a cadeirinha, não iriam caber todas no banco detrás, então eu tive que comprar um carro grande que coubesse as quatro, e os quatro cachorros no banco de trás. –

- Mas é uma mini van. –

- Era isso ou um ônibus. – dei de ombros enquanto ela gargalhava. Abri a porta para ela, e ela entrou, fechei a porta e dei a volta entrando no banco do motorista e dando a partida.

- O que os seus amigos falam sobre você dirigir uma mini van? –

- Eles fazem o que você está fazendo, riem. Mas nenhum deles tem quatro filhas e quatro cachorros. –

- Isso que dá gostar de família grande. – ela falou e eu revirei os olhos.

- Então vai me dizer que nunca quis ter uma penca de filhos?! –

- Uma penca não. No máximo dois. Acho que caso eu tivesse filhos, seriam dois porque eu sou filha única e sei como é meio triste crescer sozinha. Eu quero um casal. Mas filhos são complicados. – ela ia falando conforme eu dirigia.

- Eu tenho quatro meninas, eu sei o que é complicado. Daqui a pouco a Maddie vai entrar na puberdade, e ai vêm os namoradinhos, e os inicios da minha dor de cabeça. E depois é com a Kenzie, Mel e Maggie... Céus, agora que eu parei para pensar nisso. – falei passando a mão pelo rosto.

- Você realmente precisa de uma mulher para te ajudar com isso. –

- Eu tenho minha irmã, minha mãe e Kebi. –

- Kebi? –

- Governanta da casa e babá das meninas. – expliquei.

- Ah sim... Mas elas não sentem falta de, uma mãe, principalmente as mais velhas? –

- Se sentem nunca falaram nada. E se elas não falaram, não será a Maggie que iria falar. Acho que, quem mais deve sentir falta da mãe é a Maddie e a Kenzie, porque a Mel tinha apenas três anos e a Maggie nunca chegou a conhecer a mãe. – eu estava próximo à casa da minha mãe, faltava bem pouco agora.

- E você nunca... –

- Nunca fiquei com outra mulher desde que Tanya morreu. Dediquei-me apenas as quatro e ao meu trabalho. –

- E de repente seu pai resolveu que era hora de voltar à ativa. –

- É. Ele achava que o motivo de eu ser tão rabugento no trabalho e ficar descontando minhas frustações nos outros era porque eu vivia sozinho. –

- É agora anda descontando menos? –

- Não. Às vezes é necessário ser rabugento. Se você não for rígido eles fazem o que querem. E se algo de ruim acontecer, a culpa será minha, já que os internos são minha responsabilidade. – parei o carro. – Chegamos. – falei.

- Onde estamos? –

- Na casa dos meus pais. – ela virou a cabeça na minha direção com os olhos arregalados.

- Por quê? –

- Porque eles querem te conhecer. – falei desligando o carro. – E meu primo está nos visitando, e as meninas estão ai. – contei e desci do carro, dei a volta e abri a porta. – E... Cuidado, meu primo é um completo idiota que só fala merda, mas é uma boa pessoa. – a ajudei a descer do carro.

- E eu tenho que me preocupar com isso por que...? Já que eu também sou uma completa idiota que só fala merda. – disse rindo.

- Então vocês dois se darão muito bem. – me virei para seguir para a porta, quando ela me puxou pelo braço. – Que foi? – perguntei olhando confuso para ela.

Ela revirou os olhos, ela fazia isso com muita frequência, como um tic. Bella me puxou pelo pescoço e mais uma vez uniu nossos lábios, senti seus dedos se infiltrando em nos cabelos da minha nuca. Minhas mãos foram para a cintura dela, e eu a puxei para perto de mim, grudando seu corpo ao meu, minha língua entrou em sua boca e eu andei para frente, para prendê-la na lateral do carro.

– Ai. – ela falou alto desgrudando nossas bocas.

- Que foi? –

- Bati as costas no retrovisor. – falou esfregando a mão nas costas, provavelmente onde havia batido. – Espero que não fique roxo. –

- Não bateu tão forte assim. – garanti. – Vamos entrar, antes que alguém venha. – segurei sua mão e seguimos para a porta, chegamos à porta e toquei a campainha.

- Sim? – revirei os olhos ao ver meu primo abrindo a porta. – Oi priminho... Cara, Edward, está virando travesti, que merda de batom é esse? –

- Cala a boca, Emmett. – resmunguei limpando a boca enquanto ouvia Bella ri baixinho ao meu lado.

- Ual, quem é essa gata? Não sabia que tinha largado o celibato. –

- Você nem sabe o que significa celibato. –

- Claro que eu sei. É quem não faz sexo. –

- Até onde eu saiba celibato não é quem escolhe ficar solteiro?! – Bella falou do meu lado.

- Até onde eu saiba também. – falei.

- Então quem fica sem sexo é o que? – ele perguntou confuso.

- Abstêmio de sexo?! – Bella disse meio perguntando, e comprovando o fato de que ela vive falando merda.

- Pode ser. – Emmett concordou, eles iam se dariam muito bem.

- Emmett sai da frente. – falei o empurrando para que pudéssemos entrar. Entramos na mesma e Emmett fechou a porta atrás de nós e paramos no hall de entrada. – Então Isabella, esse é o meu primo Emmett. Emmett essa é a Drª Isabella. – apresentei.

- Também é medica? – ele perguntou.

- Veterinária. – explicou.

- Sou dentista. Queria ser ginecologista, mas minha mãe não deixou. –

- Por quê? –

- Porque ele achava que iria transar com todas as pacientes dele. – Bella olhou dele para mim e abriu e fechou a boca algumas vezes até voltar a falar.

- Ér... Apresenta-me a suas filhas? – perguntou mudando de assunto.

- Claro. – olhei para o meu primo. – Onde estão as meninas? –

- Com a Alice, lá em cima, vou chama-las. Tia Esme está na sala. – ele saiu andando e quando ia segui-lo, Bella me puxou de novo.

- Eu retiro o que disse agora a pouco. Ele fala mais merda do que eu. E me responde uma coisa... Como é que ele não está trancado em um hospício, dentro de um quarto branco, preso a uma camisa de força? –

- Nem eu sei. Venha. – segurei a mão dela e caminhamos até a sala. – Chegamos. – falei vendo minha mãe e meu pai sentados em um dos sofás da sala de juntos.

- Bela casa. – Bella disse baixo ao meu lado enquanto encarava a sala, e eu olhei para o mesmo lugar que ela.

A sala era enorme, e branca, um pouco perigoso quando as meninas estão aqui, ou Emmett. Os sofás, três sofás grandes e uma poltrona grande, eram todas brancas com detalhe em dourado, um pequeno pufe perto da poltrona e uma pequena mesinha de centro, quadrada, com tampa de vidro, e um jarro com rosas brancas no centro, uma enorme janela que dava para a piscina e ao lado esquerdo a sala de jantar. 


- Finalmente vocês chegaram. – minha mãe se levantou do sofá e veio sorrindo para perto de nós vendo nossas mãos juntas. – Isabella, é muito bom finalmente te conhecer. Sou Esme. –

- Só Bella, por favor. É um prazer conhecer a senhora também, e a senhora tem uma bela casa. –

- Obrigada, querida. E nada de senhora. Senhora está no céu. – meu pai se levantou e veio para perto de mim. – Bella, esse é meu marido, Carlisle. –

- Muito prazer, Bella. – meu pai disse estendendo a mão.

- Muito prazer, Dr. Cullen. – Bella soltou minha mão e apertou a do meu pai.

- Só Carlisle. Não estou no hospital, então apenas Carlisle. –

- Tudo bem, Carlisle. –

- Até porque se fossemos chamar pelo sobrenome, teríamos quatro doutores nessa sala. – minha mãe disse. – Senta querida. – apontou para o sofá ao nosso lado enquanto voltava a se sentar com meu pai, eu e Bella nos sentamos no sofá. – Edward me disse que é veterinária. –

- Isso. –

- Por que quis a veterinária e não a medicina? –

- Boa pergunta. Deixa-me pensar um pouquinho, já que ninguém nunca me fez essa pergunta. – Bella pediu e minha mãe riu. – Bom, para inicio de conversa eu amo animais, e acho que não teria paciência com pessoas. Animal é mais fácil, você coloca ele na mesa e ele fica quieto, alguns. Agora pessoas são... –

- Resmungonas e reclamonas... E se for pessoas de idade acham que médico é tudo um bando de pessoas que não sabem de nada. – falei.

- É tipo isso. – ela falou ao meu lado.

- Sei bem como é isso. – Carlisle disse.

- Animais são mais fáceis, preferi ficar com eles. O lado ruim é quando eles mordem ou arranham. Fora isso, tranquilo. – Bella falou e eu olhei para a mão dela, que havia tirado os pontos há uns dias atrás e estava ótima sua mão já.

- Papai. – olhei para trás e vi Maddie e Kenzie descendo as escadas.

- Oi meus amores. – me levantei, elas terminaram de descer as escadas e vieram para os meus braços. - Cadê suas irmãs? –

- Tia Alice está terminando de vestir a Maggie e a Mel estava descendo com o tio Emmett. – Maddie explicou.

- Olha o aviãozinho. – Emmett gritou descendo as escadas, segurando a Mel pela cintura enquanto a mesma “fingia” voar.

- Emmett se você deixa-la cair. – ameacei-o.

- Está tudo bem, chato. – ele reclamou a colocando no chão, quando terminaram de descer as escadas.

- Oi papai. –

- Oi docinho. – peguei-a no colo dando um beijo na sua bochecha.

- O bebê da casa chegou mais fofa do que nunca. - Alice disse descendo as escadas.

- Papai. – ela veio na minha direção depois que Alice a colocou no chão.

- Oi fofa. – a peguei no colo dando um beijo estalado em sua bochecha. – Venham cá, quero te apresentar uma pessoa. – falei me aproximando de Bella que acabara de levantar do sofá.

- Oi Bella. – Alice disse indo para perto de Bella, e eu me perguntei desde quando que elas tinham essa intimidade toda.

- Oi Alice. – Alice a abraçou.

- Desde quando se conhecem? – perguntei me aproximando delas com Maggie no colo.

- Anteontem eu e a Bella, e a Rosalie, fomos tomar café juntas, para fofocar e tal, longa historia. E tinham me chamado para ir à festa da Rosalie, mas eu tinha que trabalhar no dia seguinte. – Alice deu de ombros.

- Alice, me ajuda rapidinho na cozinha. E vocês dois também. – minha mãe pediu e saiu arrastando os quatro, eu sabia o que ela estava fazendo, estava nós deixando sozinhos para que eu pudesse apresentar a Bella as meninas, um grande passo.

- Tudo bem, vamos ao que interessa... – falei quando eles saíram. – Meninas, eu quero apresentar uma amiga do papai. Essa é a Bella. Bella essas são as minhas meninas, Madison, Mackenzie, Melanie e Margaret. – falei apontando para cada uma delas.

- Oi meninas. – Bella disse sorrindo, nenhuma das quatro falou nada. Maggie, que ainda estava no meu colo, olhou para Bella, depois para mim e depois para Bella e para mim de novo.

- Papai. – ela perguntou olhando mais uma vez para mim e depois para Bella.

- Sim, amor. –

- Ela vai ser nossa nova mamãe? –

- Nossa, ela é bem direta. – Bella disse sorrindo, mas eu nem precisava olhar para ela para saber que ela estava sem graça. Eu também estava.

- Amor. – comecei. – A Bella é apenas uma amiga do papai. – falei.

- Mas o senhor nunca nos apresentou nenhuma amiga sua. – Maddie me lembrou.

- Porque eu não tinha nenhuma. –

- E por que arrumou uma agora? – Maddie voltou a perguntar, mal humorada.

- Bella. – Alice deu um grito chegando à sala.

- Sim? –

- O jantar está pronto. Vamos. – Alice segurou o braço de Bella e saiu arrastando-a para a sala de jantar, e as meninas saíram andando, menos Maggie que estava no meu colo.

- Papai. – Maggie disse baixinho perto do meu rosto.

- Oi boneca. –

- Gostei dela. – falou e eu sorri.

- Que bom amor. – sorri e caminhamos para a sala de jantar.

Coloquei Maggie na cadeirinha vi que as meninas estavam sentadas a esquerda da avó, que estava em um das pontas da mesa, mas elas nunca sentavam do lado da avó, elas sempre se sentavam ao meu lado. Alice estava ao lado direito da minha mãe, e Alice ao lado dela, Bella estava ao lado de Alice, e depois uma cadeira vazia e por fim, Emmett. Sentei-me entre a Bella e Emmett e o jantar começou.

- Então Bella. – meu pai começou. – Seus pais o que fazem? – perguntou colocando um pedaço de peixe na boca. Bella me olhou de canto de olho, eu havia me esquecido de falar com meus pais sobre isso.

- Desculpa. – murmurei.

- Meus pais morreram há sete anos. –

- Oh... Eu sinto muito. –

- Tá tudo bem. – ela deu de ombros. – Mas eles eram médicos. –

- De que área? – agora quem perguntou foi minha mãe.

- Meu pai era cardiologista e minha mãe era obstetra. –

- Qual é o nome deles? Talvez já tenha ouvido falar deles. –

- Charlie e Renné Swan. – ela respondeu e meu pai se engasgou com o vinho.

- Perdão? Qual é o nome deles? –

- Charlie e Renné Swan?! –

- Seu pai era Charlie Swan? –

- É. Por quê? – perguntou olhando assustada de meu pai para minha mãe e para mim.

- Eu o conhecia. Edward se lembra dele? –

- Não estou lembrando. –

- Ele vinha aqui às vezes e... –

- Ele não era o diretor do hospital antes do senhor? –

- Era... Nós fomos ao enterro dele, até. – minha mãe disse. – Mas você não estava lá. –

- Eu estava no hospital de Michigan. Fiquei em coma por três meses devido ao acidente. – ela deu de ombros.

- Oh querida, eu sinto muito. –

- Está tudo bem. – ela deu de ombros de novo. – Vamos mudar de assunto? –

- Claro. –

E com o pedido de Bella o assunto mudou, que bom, porque aquela conversa estava nitidamente deixando a Bella sem graça. Depois do jantar seguimos para a sala, onde a conversa continuou até por volta das 22:30h, quando eu resolvi que era hora de ir embora. Maddie e Kenzie ficaram de cara emburrada o jantar inteiro, Maggie não tirou os olhos de mim e da Bella e Mel estava absorta a tudo, e só ligava para sua comida. Depois que o jantar acabou, Maddie e Kenzie arrastaram as irmãs para o andar de cima, contrariando totalmente a vontade de Maggie de ficar perto de Isabella, o que deixou todo mundo um pouco sem graça.

As 22:30h, subi para busca-las e quem disse que elas quiseram vir depois que souberam que eu ia deixar Bella em casa? Só vieram depois de que eu ameacei deixar as três de castigo por duas semanas, já que Mel havia passado para o lado das irmãs mais velha enquanto Maggie continuava encantada pela irmã. Desci com a pequenininha e com a mochila dela enquanto as outras pegavam as coisas e vinham atrás, conforme descia as escadas eu ouvi minha mãe pedir desculpas a Bella pelo modo como as meninas estavam agindo, só que quem tinha que pedir desculpas era eu.

As garotas desceram e após nos despedirmos de todos fomos embora. Coloquei as meninas nos bancos de trás e Bella foi ao do carona, e eu pude notar a cara emburrada de Maddie já que ela quase sempre ia ao banco da frente. Dirigi primeiro para a casa de Bella, estacionei em frente ao seu apartamento, quando fiz menção de descer do carro para abrir a porta para ela, Bella me impediu dizendo que não precisava, e se despediu das meninas, mas a única que respondeu foi a Maggie e essas três estavam começando a me irritar, mas eu tinha certeza que a “cabeça” do grupinho era Maddie, foi ela que desde o inicio demonstrou não gostar de Bella. Bella se despediu de mim do mesmo jeito que fazia desde a primeira vez que saímos, dando um beijo na minha bochecha e eu pude notar pelo espelho do carro Maddie, Kenzie e Mel revirar os olhos e Maggie sorrir.

Bella desceu do carro e como sempre, esperei para ver a luz da janela de sua sala acender para ir embora. E foi assim que ela acendeu que eu voltei a ligar o carro e dessa vez segui para a casa. Parei o carro na garagem debaixo da casa e entramos. Assim que chegamos à sala e eu tranquei a porta e me virei olhando para as meninas enquanto eu tentava controlar a minha raiva.

Capítulo 10: Viagem


Pov. Edward

Eu olhei para trás assustado com medo de saber quem estava atrás de mim e eu não sabia o que fazer ao dar de cara com Emmett nos encarando com um sorriso malicioso e estranho nos lábios. Eu me afastei de Bella e Emmett simplesmente balançou a cabeça rindo e virou em seus tornozelos e se afastou. Virei-me de frente para Isabella e antes que eu pudesse falar alguma coisa ela me abraçou repousando a cabeça em meu peito e eu a abracei dando um beijo no topo de sua cabeça.

Quando ela me soltou eu segurei sua mão, entrelaçando seus dedos aos meus enquanto caminhávamos até o restaurante indicado por eles através de mensagens. Emmett estava do lado de fora no telefone com alguém e Rosalie já dentro dele, já que era possível enxergar através do vidro. Bella soltou minha mão e entrou no restaurante, sentando-se rapidamente na cadeira em frente à Rosalie e eu me aproximei de Emmett, que desligou o telefone.

- Ai Emmett, mas eu vou me afastar da Bella, nem que para isso eu tenha que deixar Forks... –Emmett me imitou, e por algum motivo, afinando a voz.

- Você não viu nada... – e eu rosnei para ele.

- Primeiro. Assume de uma vez que você está apaixonado por ela. Segundo. Eu não vou entregar você, quando foi que eu já fiz isso? – e eu ergui uma sobrancelha. – Nos últimos dias quando foi que eu entreguei você a alguém nos últimos dias? E terceiro, sempre que quiser sair com ela e precisar de um álibi, pode contar comigo, e com a Rose, porque ela viu também... – e eu gemi de desgosto. Ótimo, Rosalie viu, até Alice ou mais alguém saber é questão de pouco tempo. – Cara, ela não vai contar a ninguém. Nós não vamos contar a ninguém. Confia em nós... Só queremos o seu bem... – respondeu sorrindo e dando uma tapa de consolo em meu braço. – Agora vamos entrar que eu estou morrendo de fome... –

Nós entramos no restaurante e Emmett se sentou ao lado de Rose e eu ao lado de Isabella, até porque aquela era a única cadeira que restava. Rose não falou nada, nem me encarou com o rabo de olho e nem nada. Era como se ela não tivesse visto nada.

- Bom, eu pensei em pedir pizza... – e Bella torceu o nariz quando Rose repousou o cardápio na mesa. – Mas a pequena miss italiana ai, fica torcendo o nariz... –

- Tu também vai torcer o nariz após provar uma típica pizza italiana. – Bella respondeu sem olhar para ninguém enquanto seus dedos tocavam rápido na tela de seu celular enquanto escrevia algo. Com o canto dos olhos a vi escrevendo alguma mensagem em italiano e o nome do contato era Jackie. Ele de novo, o capitão Jacob Black.

- Se você fizer uma para mim eu paro de tentar te empurrar pizzas pela goela a baixo... – e Rose rebateu e Bella parou de digitar e encarou a amiga a sua frente.

- Vai limpar a bagunça? – perguntou simplesmente e Rose demorou quase dois minutos para responder.

- Limpo. – disse não muito convicta de que limparia.

- No próximo final de semana eu faço. – Bella disse simplesmente terminando sua mensagem e apertando em enviar.

- Pois bem... Vamos de que? – e Bella puxou o cardápio para perto dela com a ponta dos dedos.

- Só tem fast food? – perguntou torcendo mais uma vez o nariz e me fazendo sorrir.

- Garota, você sabe onde você está? – Emmett perguntou.

- No Ancle Joe? – perguntou lendo o nome da lanchonete no cardápio e nós três rimos.

- Bom sim... Mas não foi isso o que eu perguntei. –

- Tu perguntou se io sabia onde io estava... – rebateu ela.

- Criatura você está nos Estados Unidos. Aqui só tem fast food. – apontou ele.

- Por isso que é o país está na primeira posição no ranking de obesidade mundial... – rebateu ela.

- Você é mais chata que o Edward em... – resmungou e Bella riu.

- Tudo bem miss salada, o que você quer? – Rosalie retrucou e eu peguei o cardápio da mão.

- Ela vai querer o Ancle Joe com... – e eu a encarei. – Come bacon? – e ela assentiu. – Com bacon e eu também. – e eu empurrei o cardápio de volta a eles.

- Io non vou ter um infarto vou? – perguntou aproximando a cabeça da minha.

- Não. – respondi. – Por que a pergunta? –

- Perché tu pediu a mesma coisa para você e para mim... –

- Não é algo monstruoso. Eu não sou o Emmett que tem um alien no estômago para alimentar. –

- São três Ancle Joe e eu vou querer o Super Joe com o dobro de bacon, um super cachorro quente a moda da casa e uma porção de batata extra com bastante bacon e cheddar. – Emmett pediu ao garçom.

- Ele vai ter um infarto? – Bella perguntou.

- Provavelmente. – e eu respondi.

- Bebidas? –

- Coca. – e nós quatro respondemos ao mesmo tempo e ele anotou e saiu.

- Então... – Rose começou assim que o garçom saiu, mas o celular de Bella em cima da mesa começou a tocar com a foto de Renata aparecendo na tela.

- Ciao madrina... - ela atendeu ao telefone. E enquanto ela ouvia a madrinha do outro lado do telefone, o garçom trouxe as quatro cocas. – Sì madrina, va tutto bene...  Noi vamos voltar daqui a pouco. Tudo bem... Ciao. – e ela desligou o telefone.

- Aconteceu algo? – Rose perguntou.

- Non. Madrina só quer saber se está tudo bem e quando vamos voltar... – deu de ombros pegando seu copo de coca e levando aos lábios.

Emmett começou a falar besteiras, nos distraindo, pelo menos até a comida chegar, depois disso ele começou a comer e não falou mais uma única silaba. E com exceção dele, todos nós começamos a comer e continuamos a falar sobre o filme. Rosalie e Emmett não haviam voltado a sala de cinema, tinham ido para outra, segundo eles haviam confundido a sala. Ok, eu não acreditava nisso e sinceramente pouco me importava para onde os dois haviam indo.

Por volta das 20h nós deixamos Port Angeles a caminho de Forks mais uma vez. Bella foi ao banco de trás com Rosalie enquanto Emmett ia ao meu lado reclamando de dor no estômago de tanto que comeu. Tanto que meia hora fora perdida quando eu tive que parar na estrada rodeada pela floresta, para que ele pudesse respirar ou vomitar, antes que ele fizesse indo dentro do carro. Eu sempre falei para que ele não se entupisse de comida, mas quem disse que ele escuta?! Enquanto Emmett estava dentro da floresta com Rosalie o amparando para que vomitasse ou sabe-se lá Deus o que, eu e Bella estávamos do lado de fora do carro encostado na lataria.

Estava um pouco frio e Bella ainda usava meu casaco. Ela o apertava contra seu corpo, e meu casaco ficava longo e largo em seu corpo delgado, e cobria até a altura do short que acaba no meio de suas coxas. Eu me aproximei dela e ajeitei o casaco para protegê-la do frio.

- Você está bem? – perguntei aproveitando do fato de que estávamos sozinhos e apoiei minhas mãos em sua cintura por baixo do meu casaco.

- Sì. Perché? –

- Entrou no carro sem tomar o remédio e está tranquila. –

- Io sto bene... Io fico bene perto de você... – respondeu sorrindo e meus lábios se repuxaram em um sorriso. Ela levou as mãos até os meus ombros e ficou na ponta dos pés unindo seus lábios aos meus.

O beijo foi rápido e logo interrompido quando sons de um Emmett cambaleante e de uma Rose sendo quase que esmagada pelo peso de meu irmão, se aproximaram. Ele estava mal, bem mal e bem pálido, tanto que ele teve que ir ao banco de trás, com a cabeça deitada no colo de Rose e Bella foi passada para o banco da frente. Eu via que Bella estava ligeiramente nervosa no banco da frente, tendo uma completa visão da estrada. Ela apertava os dedos um nos outros e inalava e exalava o ar pela boca em uma forma de se acalmar.

Sabendo que Emmett estava mal no banco de trás e que Rose só teria atenção para ele, eu tirava minha mão da marcha e tentava acalma-la. Segurava sua mão, mexia em seus cabelos ou acariciava seu joelho discreta e cuidadosamente para não correr o risco de estar sendo desrespeitoso demais, e a junção disso e a minha direção devagar, ela foi até Forks calma e sem entrar em pânico, principalmente quando passamos por uma parte da estrada que estava coberta por uma neblina.

Despedi-me de Bella ganhando um beijo no rosto enquanto Rosalie saia no banco de trás e deixei as duas na casa de Rose e segui para casa com Emmett, tendo que basicamente carrega-lo para dentro de casa e ouvir os sermões de meus pais para com Emmett por ter se entupido de comida.

Ajudei Emmett na cama, basicamente jogando-o nela e enquanto meu pai vinha com um remédio para ele eu segui para o quarto para tomar um banho.

...

Sexta feira chegou e com ela a prova. Eu havia deixado a minha para o último dia de aula para não atola-los durante a semana com diversas provas por dia. Faltava pouco para o intervalo acabar e eu já estava arrumando a minha mesa para aplicar a prova quando a porta se abriu, eu virei à cabeça para ver quem estava entrando e era Isabella no telefone.

- Jacob vá se... –

- Hey! – chamei sua atenção.

- Perdono. – falou jogando sua mochila em cima da mesa. – Tu sabe para onde tu tem que ir. – ela pegou sua garrafinha de água dentro da mochila e balançou a garrafa vazia na minha direção apontando para a porta, eu assenti e ela saiu. Enquanto eu terminava de separar a prova, já que eu tinha feito duas provas diferentes para não correr o risco de eu encontrar alguns control c + control v. Io mereço esse homem... – e ela voltou com o celular desligado e com a garrafinha cheia em mãos.

- O que houve? – perguntei.

- Jacob enchendo o saco que io non tenho. – resmungou de costas para mim e guardando o celular no bolso de trás da calça enquanto mexia em sua mochila. Sua calça jeans escura de cintura alta realçava cada curva de seu corpo, a curva dos seus quadris, que os deixavam bem redondos, ela girou sobre seus saltos curtos das botas cinza que ela usava de frente para mim, sua blusa branca realçava seus seios medianos. – Você... Você estava olhando para a minha bunda? –


- Não sei... Talvez... –

- Idiota. – falou com aquele sotaque malditamente maravilhoso e me fez rir enquanto contornava a mesa e se sentava. – A propósito... Hoje é, grazie a Dio, a última prova e como io espero já estar de férias até o final do dia... – ela falava mexendo em seus dedos e eu estava encostado em minha mesa a encarando com os braços cruzados. – Então... Madrina perguntou se você vai lá para casa hoje? –

- Já passou em todas as matérias? –

- Falta apenas a sua... –

- E eu espero que não fique de recuperação... –

- Anch'io. – respondeu e eu balancei a cabeça rindo. – De qualquer modo, madrina quer resolver as coisas da viagem, já que caso ninguém fique de recuperação ou reprovado, vamos no final de semana que vem. –

- Meus pais haviam me avisado ontem à noite. Eu vou sim. – e seus lábios se repuxaram em um maravilhoso sorriso. – Já montou o itinerário? –

- Vamos começar por Londres. – respondeu.

- Inglaterra? Não era apenas pela Itália? –

- Buono... Sì... Ma todo mundo entrou de acordo em fazer um tour pela Europa. – respondeu levemente irritada e sem me olhar. – Temos três meses de férias...Vai ser divertido. – ela me encarou com um sorriso fraco nos lábios que não chegou aos olhos. – Io estou com os lugares anotados lá em casa, à noite io te mostro. – antes que eu pudesse falar ou perguntar mais algo o sinal tocou e os alunos entraram na sala.

- Muito bem... Lápis, borracha e caneta em cima da mesa e nada mais. – e conforme eles iam se sentando eu ia pegando as provas já separadas em cima da mesa. – Conforme vocês forem entregando eu vou corrigindo e dando as notas, acredito que todos saibam o quanto falta para cada um passar. – e eu ia entregando as provas, sempre intercalando. – As notas finais saem na segunda feira. E quem ficar de recuperação o conteúdo da prova será toda a matéria do ano, e estará bem mais difícil em comparação a essa, portanto, sugiro que passem direto. – eu terminei de falar entregando a última prova, a em italiano para Bella. Ela basicamente já havia passado, mesmo que tirasse nota baixa ela já estava aprovada. – Muito bem. Vocês têm duas horas e quem eu pegar colando ou mexendo no celular vai direto para a recuperação e para a direção. – avisei. – Alguma dúvida? - e como ninguém respondeu. – Boa prova. – e eu me sentei em minha cadeira encarando os alunos.

A prova se passou de forma bem lenta, para mim como professor pareceu que às duas horas tinham demorado dois séculos, mas para os alunos, com certeza, parecia que havia passado apenas dois segundos. De vez em quando eu me levantava e dava uma passada pela sala apenas conferir se não tinha ninguém colando ou usando o celular e volta e meia eu me sentava novamente em minha cadeira. Eu não queria ficar sentado, além de o tempo demorar a passar eu me perdia encarando Isabella fazendo a prova. E mais uma vez eu havia me perdido enquanto a encarava.

Ela tinha um dos braços apoiados na mesa, enquanto o outro, o que segurava seu lápis, tinha o cotovelo apoiado à mesa enquanto ela mordia inconscientemente a ponta do lápis enquanto lia as questões da prova e eu tinha que cruzar as pernas, apertando uma perna à outra devido aquele maldito ato inconsciente dela.

- Professor? – e Mike me chamou após uma hora de prova com a prova em mãos e tremendo.

- O que? – e ele apoiou os braços na mesa após me entrar a prova.

- Eu sei que eu não fui um bom aluno durante esse ano... Mas se eu reprovar na sua matéria eu vou ficar fora do time de futebol... –

- E por que você não pensou nisso no inicio do ano? – perguntei dando errado a uma questão e eu o encarei e ele me olhava em pânico. – Pois bem Mike, levando em consideração o fato de que eu não quero perder minhas férias... Se você me entregar até o final da aula o seu caderno com toda a matéria que eu te dei e algum trabalho que você deveria ter me entregado e não fez, eu posso pensar em não te deixar de recuperação... – e eu olhei a hora em meu celular. – Você tem uma hora. – avisei e como um raio ele saiu correndo para a sua cadeira em busca de seu caderno e trabalhos não entregues.

- Dando uma segunda chance as pessoas que dormiam em sua aula? – e Bella apareceu ao meu lado enquanto eu dava a nota seis para Mike, e com certeza, com essa nota ele reprovava.

- Eu não quero perder meu verão com as pessoas em recuperação ou no caso, reprovação... – e eu coloquei a prova dele para o lado. – E a senhorita, já acabou? –

- Oui. – respondeu em francês.

- Agora é francês? – questionei pegando sua prova.

- Apenas praticando... – deu de ombros apoiando os braços na mesa e eu continuei a encarando. – Paris está na lista. – e eu continuei a encarando. – Ah... Io quero saber minha nota... –

- Como se já não soubesse... – resmunguei e ela sorriu. E não foi surpresa nenhuma, Bella sempre tirava as melhores notas da turma, e mesmo sendo uma matéria que ela odiava, ela conseguiu gabaritar todos os trabalhos e provas, incluindo essa. E ela soltou uma risada baixa e animada quando me viu dando sua nota máxima na prova. – Quem acabou, viu a nota e já teve a prova devolvida... – eu falava para a turma enquanto colocava a nota de Bella em meu diário da escola. – Pode ir. – e eu entreguei a prova dela. – Até a noite. –

- Até a noite... – e sorrindo ela se afastou de minha mesa indo até a sua pegando sua mochila e sua garrafa d’água que já estava basicamente vazia.

- Bell’s me espera... – e antes que ela saísse, bebendo o resto de sua água, Rose a chamou enquanto se postava ao lado de minha mesa. Rose me entregou sua prova e eu a corrigi rapidamente, Rose também era uma boa aluna e sua nota oito garantiu sua aprovação de primeira. Anotei sua nota em meu diário e devolvi a prova e ela pegou a mochila dando um beijo na bochecha de meu irmão e saiu da sala puxando Isabella.

Às duas horas de prova passaram, tirando as pessoas que ficaram devendo nota e eu dei mais uma chance verificando o caderno e trabalhos antigos, todos já haviam saído e aprovados, Emmett era um que passou raspando, bem no limite, ele só passou direito devido ao trabalho que ele havia feito com Rosalie e Bella na sala de aula há algumas semanas e havia gabaritado. E fazendo tudo o que estava em meu alcance eu passei todo mundo e havia me livrado dos meus alunos. Eu tinha apenas que entregar o diário e estava oficialmente de férias.

(...)

- Chi è l’amore della mamma? – ouvi Bella perguntando enquanto brincava no jardim da frente com Allegra.

Faltava pouco para anoitecer, eu havia acabado de sair da escola e vindo direto para cá, acabei ficando preso o resto do dia na escola resolvendo os últimos tramites para que eu pudesse sair livre e desimpedido de férias com a minha Bella. Meus pais já haviam chegado, o carro de meu pai estava parado rente ao meio fio, e o JEEP de Emmett também estava ali, pelo visto só faltava eu.

Eu desci do carro e Allegra me viu e parou de prestar atenção na dona e latiu para mim. Assim que eu pisei na grama e apertei o botão do alarme do meu carro, Allegra latiu mais uma vez para mim e correndo na minha direção se jogando em meu colo enquanto a dona ficava parada no meio do jardim com um brinquedo em mãos.

- E ai garota? – e eu cocei suas orelhas e ela abanava a cauda animada enquanto tentava lamber meu rosto.

- Allegra... Comporte-se... – e Bella a pegou de meu colo a colocando no chão e ela se apoiou nas patas traseiras enquanto as dianteiras estavam encostadas em minhas pernas e ela balançava o rabo. – De férias? – Bella perguntou ajeitando o cabelo que a brisa fresca bagunçava.

- Graças a Deus sim. Eu amo dar aula, mas amo ainda mais ficar de férias... – e ela balançou a cabeça rindo. – Fui o último a chegar? –

- Non. Padrino ainda non chegou... – explicou. – Está preso em um... – e ela ficou estalando os dedos enquanto tentava lembrar-se da palavra.

- Engarrafamento? – supus.

- Isso... – e um trovão rasgou o céu. – Pioggia? Ma è estate! –

- Quase seis meses aqui e ainda não se acostumou com a chuva? – perguntei a encarando e vendo seus lábios se repuxarem em um bico.

- Allegra... Andiamo... – ela chamou a cadela e entrou em casa, foi apenas nós entramos em casa que começou a chover.

- Bella. Que barulho é esse? – ouvi a voz de minha mãe.

- Há iniziato a piovere! – respondeu e minha mãe a encarou confusa e demorou uns dois segundos até ela se tocar. – Perdono! – e ela começou a rir. – Achei que fosse mia madrina. – e minha mãe começou a rir enquanto abraçava a Bella pelos ombros. – Io disse que começou a chover... -

- Tudo bem querida. – e ela deu um beijo na têmpora de Bella.

- Io já volto... – ela retribuiu o beijo de minha mãe, dando um na bochecha da mesma. – Allegra... Vieni... – Bella subiu as escadas com Allegra indo atrás e minha mãe se aproximou de mim.

- E o papai? –

- Está ali na cozinha com a Renata. – e ela enlaçou o braço ao meu. – Eu gosto dela... – me encarou sorrindo.

- Da Renata? – perguntei.

- Também, mas estava falando da Bella. –

- E eu já falei para a senhora que a senhora deveria tentar abrir meus olhos para eu me afastar... –

- E eu já falei que não vou fazer isso. – resmungou. – Aproveite essas férias e aproveite para se aproximar dela. –

Minha mãe foi chamada na cozinha e me empurrou para a sala onde os outros estavam e eu me sentei no sofá ao lado do Emmett. Nós estávamos próximos a escada, e o já volto da Bella demorou quase duas horas, e foi apenas depois que a madrinha veio chama-la e viu que ela ainda não tinha descido, e Caius já havia chegado.

- Bella? – Renata a chamou chegando na sala e nada dela. – Cadê Isabella? –

- Subiu quando eu cheguei e ainda não desceu. – respondi.

- Ela falou alguma coisa que ia assistir a algum jogo... – Alice respondeu sem nem dar atenção a mãe.

- Jogo? A essa hora? – e Bella desceu cantarolando alguma coisa.

- Che? – perguntou quando chegou no final da escada e viu a madrinha a encarando.

- Estava fazendo o que? –

- Skype. Com a Lena e o Jackie. – mais uma vez... Jackie...

- Alice disse que você foi assistir a um jogo... –

- A essa hora? – perguntou arqueando a sobrancelha. – Non. Estava no Skype. Non tem jogo a essa hora e além do que, a Serie A e a Coppa Italia, já acabaram, a Juventus venceu a Serie A, perdeu la Coppa Italia na semi para a Lazio e perdeu a Champions... – deu de ombros.

- Quem desceu? – e o padrinho gritou vindo da cozinha.

- Lecce, Novara e Cesena. – respondeu.

- Conheço nenhum dos três. – e eu o ouvi rindo. – Quem subiu? –

- Pescara, Torino e Sampdoria. –

- Torino estava na série B? – e ela simplesmente assentiu se sentando na poltrona e jogando uma agenda para a Rose enquanto pegava Allegra no colo.

- Como é que ela acompanhava os jogos? – meu pai perguntou.

- Ela via de madrugada. – e Caius respondeu e meu pai a encarou e ela repuxou os lábios em um sorriso enquanto fechava os olhos e eu balancei a cabeça rindo, Caius riu também e apertou o nariz da afilhada que riu junto.

- Vamos jantar. – e Renata nos chamou.

...

- Ok, para onde iremos? – E Emmett perguntou após o jantar e a mesa

- Grã-Bretanha. Paris. Amsterdam. Berlin terminando na Sicilia. -  Bella respondeu e Emmett ficou encarando Bella confuso. Bella bufou e se afastou da mesa e subiu as escadas correndo e em dois minutos ela desceu as escadas novamente com um papel dobrado e uma caixinha de acrílico com alguns botõezinhos vermelhos. Ela abriu o papel revelando um mapa europeu e abriu a tampinha. - Va bene. – respondeu e pegou uma tachinha. – De Seattle a Londres. – e ela prendeu a tachinha em Londres e pegou outra. – De Londres para Paris. – e mais uma em Paris. – De Paris para Amsterdam. – e mais uma tachinha vermelha em Amsterdam. – Depois Berlim. – e mais uma tachinha em Berlim. – E depois um avião para Sicilia. – e ela terminou colocando mais uma tachinha na Sicilia e encarou Emmett como se esperasse que dessa vez ele tivesse entendido.

- Agora eu entendi. – e ela sentada na cadeira arrumou de volta as tachinhas na caixinha de acrílico, fechando-a, mas deixando o mapa aberto.

- Nós vamos de sexta para sábado que vem, não é? – Rose perguntou.

- Non lo so. Alice que quis marcar a data das passagens... – Bella respondeu tentando não parecer incomodada com a situação.

- Que dia Alice? – e Rose perguntou a amiga.

- Sábado a noite –

- Sábado que vem? –

- Não... Amanhã. – respondeu como se fosse óbvio.

- Perché tu comprou as passagens para domani? Você sabia que corríamos o risco de algum de nós ficar de recuperação. –

- Ou de o Edward ter que trabalhar durante a semana. – Rose continuou com o argumento de Bella.

- Eu sabia que eu não ficaria de recuperação, quem não pudesse ir amanhã que fosse no próximo final de semana. – resmungou bufando e saiu da cozinha puxando Jasper pela mão.

- Respira... Inspira... Contare fino a dieci e sii contenta che tu non avessi un’arma... – e ela respirou e inspirou fundo e me encarou. – Matar ainda é crime? –

- Sempre foi. – apontei e ela bufou e encarou Rose.

- Ficarei lhe devendo sua pizza... –

- Vou cobrar... – e Rose apertou a bochecha de Bella. – Acho melhor irmos embora e arrumarmos nossas malas, temos pouco tempo... – e nós nos levantamos e Bella levantou da cadeira pegando Allegra no colo e nós seguimos para a sala.

- Senhora Cullen quando posso deixar a Allegra com a senhora? – perguntou Bella a minha mãe que ganhou um olhar de reprovação, minha mãe odiava quando a chamavam de senhora.

- Eu disse que ela não iria parar de te chamar de senhora. – Renata retrucou rindo enquanto a afilhada se sentava no braço da poltrona onde a madrinha estava.

- Quando vocês forem embora, querida... – e Bella encarou Renata.

- Alice non te contou? –

- O que? –

- Ela marcou as passagens para domani a noite. – e para não expressar quaisquer opinião ou reação, Renata apenas respirou fundo.

- Pois bem, eu e Caius só viajaremos no próximo final de semana, portanto Allegra ficara aqui e quando nós formos eu a deixo com Esme. –

- Tudo bem. – minha mãe sorriu.

- Vamos subir com la mamma? – Bella perguntou a cadela que simplesmente balançava a cauda. – Noi nos vemos domani.

- Quer ajuda para arrumar a mala? – Rose perguntou.

- Non. Grazie. –

- Ok. Até amanhã. – Rose deu um beijo na bochecha de Bella e após nós nos despedirmos, fomos embora.

Hoje pelo visto eu iria dormir tarde, Alice não teve a capacidade ou no mínimo a decência de avisar antes que a viagem era neste final de semana, ninguém estava preparado para isso. Assim que eu cheguei em casa tive que ir atrás de minhas malas, eram por volta de três meses de viagem que ficaríamos pela Europa e antes mesmo de abrir minhas malas eu já sentia que iria esquecer alguma coisa.

Eram por volta das três da manhã e eu havia feito e refeito minhas malas mil vezes para ter certeza que não estava esquecendo nada, ou como minha mãe havia gritado para Emmett vinte vezes, se eu estava levando cuecas o suficiente, e por eu ouvi-la reclamando que ela tinha que fazer as malas de um adolescente de dezesseis anos de idade, era porque ele não estava levando cuecas o suficiente, se é que, conhecendo bem ele, ele estava levando alguma. Emmett sempre foi do tipo que defendia o uso continuo e ininterrupto de suas cuecas.

Para três meses de viagem eu levava duas malas e uma mochila, e ao ver no dia seguinte que ele levava a mesma quantidade que eu, era porque minha mãe havia realmente feito as malas dele. O voo sairia às 22h e por precaução as 16h da tarde nós saímos de casa, eram quatro horas de viagem até Seattle e nós tínhamos que chegar com no mínimo duas horas de antecedência do horário do voo. Jasper e Rosalie vieram conosco e nos encontraríamos no aeroporto com os Brandon e com Bella.

Quando chegamos lá, eles já estavam lá. Bella estava sentada em uma das cadeiras com duas malas grandes e pretas a sua frente, onde ela tinha as pernas apoiadas em cima das mesmas com Renata sentada ao seu lado verificando uma mochila, que eu conhecia bem como sendo de Isabella, enquanto a afilhada fazia carinho em Allegra. E ao contrário de Alice, que parecia que ia para uma festa, usando salto alto e eu sinceramente não sabia como ela iria aguentar dez horas de voo naquela roupa, e de Rosalie, que mesmo estando seu salto também estava bem arrumada, Bella estava simplesmente com uma calça jeans preta, uma blusa branca com uma camisa de flanela azul com listras finais brancas por cima e tênis. Ao contrário das outras duas, ela estava confortável e pronta para aguentar longas horas dentro de um avião.


- Vocês chegaram... – Caius disse ao se aproximar de nós.

- O transito estava tranquilo. – meu pai respondeu.

- Verificando se elas não esqueceram nada? – minha mãe questionou se sentando ao lado de Renata.

- Sim, pela milésima vez se a Bella não está esquecendo os documentos, remédios e essas coisas. – respondeu fechando a mochila e nos encarou. – A propósito, estão com seus vistos? –

- Ainda bem que tínhamos pedido o vistos quando vocês concordaram com a viagem. – eu respondi, porque se tivesse dependido de Alice... A única que não precisava se preocupar com visto era Bella, e por motivos óbvios.

- Pois bem, pelo amor de Deus, fiquem com os vistos em mãos junto com os passaportes, não o percam, caso o percam, corram até o consulado americano mais próximo. –

- Renata, calma... – falei. – Eu sei disso... E a propósito. – falei quando todos estavam perto de mim. – Assim que aterrissarmos em Londres todo mundo vai me entregar os passaportes e os vistos, porque todos vocês que eu conheço, são quatro cabeças de vento. – resmunguei e voltei a atenção a Isabella que ainda estava absorta brincando com Allegra. – Ela vai viajar apenas com a identidade? – perguntei a Renata.

- Identidade e passaporte. Os dois tem a informação de onde ela é, e por ela ser italiana, tem passe livre por toda a união europeia. – explicou e eu assenti.

- Bom, está na hora de despacharmos as bagagens... – Caius disse.

Nós fomos despachar as bagagens e cada um permaneceu apenas com uma mochila pendurada nos ombros. Quando foi anunciado o inicio do embarque em nosso voo, Bella apertou mais ainda a bola de pelos em seu colo e eu via pequenos tremores passarem pelos seus dedos.

- Você está bem? – Renata perguntou.

- Sì... – respondeu ela. – A senhora vai cuidar bem dela? –

- Vou meu amor... Eu e a Esme vamos cuidar bem dela... – e minha mãe se aproximou de Bella.

- Todos os dias eu vou mandar fotos dela e fazer vídeo chamada para que você possa vê-la. – minha mãe disse sorrindo.

- Ok. –

- Edward... – e Caius me puxou para o canto. – Originalmente Rose sentaria ao lado de Bella, mas eu troquei com Rose a sua passagem. – e ele me entregou a passagem. – Pelo amor de Deus, fica de olho nela. – assenti. – Não apenas em Siena, mas no avião também, quando ela veio para cá a aeromoça disse que ela teve um ataque de pânico... –

- Não se preocupe, Caius, eu vou ficar de olho nela, qualquer coisa eu ligo e se acontecer alguma coisa séria eu a trago de volta. – ele assentiu e me entregou outro papel.

– São os números dos amigos do pai de Bella, Marcus, que está a frente da empresa e Aro, o advogado da família. Qualquer coisa ligue para eles... –

- Claro, não se preocupe. –

- Ok. Vai com madrina... – eu vi Bella abraçar Allegra forte e lhe dar um beijo antes de entregar ela para a madrinha. – Mamma volta logo, amore. – ela deu outro beijo na cadela e ajeitou a mochila nos ombros.

- Te vejo depois meu amor... – de mal jeito, Renata a abraçou dando um beijo em sua bochecha.

- Qualquer coisa liga pirralha... – Caius disse abraçando a menina.

Nós nos despedimos e seguimos para a fila para passar pelo detector de metal. Alice e Jasper iam na frente e eu e Bella atrás de Emmett e Rose que iam no meio. Enquanto íamos aguardando chegar nossa vez ela já ia se livrando de tudo que pudesse apitar. Cinto, brincos, anel, suas medalhas e colocava tudo dentro do bolsinho de dentro da mochila e pegou a sua passagem e seu passaporte e inconscientemente apoiou a cabeça em meu peito.

- O que foi? – perguntei, aproveitando que Emmett e Rosalie cobriam as visões de Alice e Jasper, e passei o braço que segurava minha passagem e passaporte por sua cintura e aproximei minha cabeça da dela. – Está sentindo algo? –

- Um pouco de sono. – respondeu. – Mesmo io non querendo tomar o calmante, madrina me obrigou a toma-lo. – e eu dei um beijo em sua têmpora.

- Terá longas dez horas de viagem para dormir a vontade. –

- Io sto sentindo uma espécie de paura...

- De que? –

- Non lo so... Credo che... – e ela passou as mãos pelo rosto. – Non lo so... – repetiu. – Non lo so come será quando io voltar a mia casa. – e eu dei um beijo em sua bochecha a fazendo sorrir.

- Você não vai estar sozinha... Não se preocupe. – e eu beijei sua bochecha de novo e nos afastamos quando a nossa vez chegou.

Nós passamos pelo detector de metais e embarcamos no avião. Bella optou por ir na janela, sua passagem era para o corredor, mas eu perguntei se ela queria ir na janela e ela foi. Alice e Jasper e estavam nas poltronas da frente e Rose e Emmett duas poltronas atrás da nossa. Enquanto esperávamos o final do embarque, Bella já havia se ajeitado na poltrona, posto o seu cinto e recolado suas medalhas, anéis, brincos e cinto, e por estarmos longe da saída de emergência ela continuou com a sua mochila em mãos e mandou uma mensagem rapidamente para seus amigos – Lena e Jackie, bufei ao ver seu nome quando ela enviou a mensagem - em Siena e colocou seu celular no modo avião e se encostou na poltrona.

A aeromoça passou as instruções para o caso de emergência e após conferir se todos estavam com os cintos o avião decolou. Durante todo o período de decolagem eu via Bella com os olhos fechados e respirando pela boca, a decolagem e o pouso eram as piores partes do voo eu a entendia perfeitamente bem, e assim que o avião se estabilizou no ar, ela abriu os olhos.

...

Uma hora depois que nós decolamos Rosalie pediu para que eu trocasse de lugar com ela um pouco para que ela conversasse com Bella por um instante e menos de uma hora depois eu estava sentado em minha poltrona de tanto que o Emmett reclamou que queria dormir e que queria a sua ursinha ao seu lado. Bella estava tranquila e não dava sinais de que iria dormir, o avião ainda tinha as luzes acesas e ela lia um livro calma e tranquilamente com um pé apoiado na poltrona um pouco reclinada para trás e com o cotovelo apoiado na janela e enrolando uma mecha do cabelo em mãos.

Já tinha alguns meses que eu e Bella conversávamos mais pelas cartas do que frente a frente, havia mudado um pouco recentemente, principalmente após a nossa ida ao cinema onde mais nenhuma carta fora escrita. Mas eu podia sentir que algo a estava incomodando, essa viagem pelo visto não estava saindo do jeito que ela planejara. Ela virou a página do livro e eu discretamente ergui para ver a capa, PS I Love You.

- Você está bem? - perguntei tirando o livro de suas mãos atrás de sua atenção.

- Sì. Perché? – respondeu me encarando.

- Porque eu sinto que algo te incomoda. -

- Non é nada. - deu de ombros.

- Está preocupada por voltar para casa? – perguntei me referindo ao que ela havia dito na fila do detector de metais.

- Non lo so se a preocupação é quanto a isso. – ela suspirou  e derrotada acabou falando. - É só cheNon era para ser assim. Inglaterra, França, Holanda, Alemanha? São desculpas para fazer compras porque io duvido que a pessoa que inventou isso vá querer ver algum lugar histórico. -

- Então é isso. Está chateada porque vai haver paradas antes da Itália. -

- Non. Non. Io gosto da Inglaterra, da França, Alemanha e da Holanda. Ma è cheNon lo so... -

- É que no momento a única coisa que você quer é a sua casa. - terminei por ela.

- Credo che sì. Eles non ligam para isso. Emmett e Jasper planejam ficar assistir jogos. Alice em shopping e credo che una parte de Rosalie também... E o che diavolo io vou fazer? Ficar trancada dentro do hotel por semanas? Io já estou trancada dentro de uma casa por quase seis meses. -

- Você não gosta de futebol? -

- Não o inglês. Nem o francês. E non conheço nenhum time holandês, e também não quero conhecer. E io tenho certa raiva de alguns times alemãs e alem do que... A temporada de futebol já acabou, só tem a final da Champions agora no inicio de junho... -

- Então faz uma lista do que quer ver e eu vou com você. -

- E tuo fratello? -

- Emmett não é mais nenhuma criança. -

- Ele tem a minha idade. -

- Ele sabe se cuidar. -

- Anch’io. E io odeio o clima do Reino Unido. -

- Por quê? -

- Já esteve no Reino Unido? -

- Não. -

- Sei un ragazzo molto fortunato. -

- Por quê? -

- É pior que o de Forks. - resmungou.

- Isso é impossível. – e eu comentei rindo.

- De manhã é um frio infernal. A tarde calor de 40°. A noite é chuva de granizo e de madrugada é chuva como se fosse acabar o mundo. - balancei a cabeça rindo. - É horrível. -

- Então vai lá pessoa que odeia o clima britânico. Vai lá terminar o seu livro. - entreguei o livro a ela. E ela fechou sem ao menos marcar a página ao mesmo tempo em que as luzes do avião se apagaram e algumas luzes em cima das poltronas começaram a se acender.

- Io non quero ler. - resmungou.

- Então por que estava lendo? -

- Passar o tempo... A pior parte da viagem é mofar dentro de um avião por horas. É por isso que prefiro viagem de trem. -

- Até a Alemanha será trem. - bufou.

- Per favore distrarmi. -

- Por oito horas? - perguntei incrédulo.

- Então me dopa. -

- Sabe o que podemos fazer na Inglaterra? - preferi distrair.

- Se jogar do Big Ben? -

- Tem vários castelos legais… -

- Buckingham. Hampton Court. Windsor. Leeds. Warwick. Dover. Oxford. Torre de Londres. Highclere. Alnwick… -

- Já entendi. Já conhece. – a interrompi enquanto ela listava os castelos.

- Todos os pontos interessantes io já conheço. Os da França também, e os da Alemanha... E os da Holanda. Conheço até onde tem bolo de haxixe. - a encarei e ela sorriu.

- Pois então mocinha, será minha guia. – falei ignorando o fato de ela saber onde vende bolo de haxixe.

- E o que io irei ganhar com isso? -

- O que quiser. - dei de ombros.

- Vou pensar. - uma risada baixa perto de nós nos chamou atenção, era Jasper e Alice nas poltronas a nossa frente.

- E você e Alice? - ela negou simplesmente. - Ainda não se entenderam? -

- Ela que se afastou. Ela que está estranha, então se alguém aqui tem que se entender com alguém, é ela, e noi io. - resmungou. - Acho que era melhor ter ficado na casa de madrina. -

- Por que? – questionei incrédulo, desde que ela teve essa ideia ela estava tão animada para falar isso agora.

- Perché io sto sentindo que vou me irritar… E io sto voltando para casa depois de seis meses, a última coisa que io quero é me irritar. -

- Bella… -

- Sei lá. Talvez io esteja exagerando um pouco. Io non posso exigir que todo mundo faça o que io quero. -

- E nem ela pode exigir que você faça o que ela quer. É por isso que as pessoas entram em consenso. Igual a essa viagem. - e ela riu. Não foi uma risada de alegria, iguais as que eu gostava de ouvir, era uma risada nervosa que transbordava de sarcasmo e ironia.

- Consenso? – ela me encarou e perguntou rindo e balançando a cabeça. - Per Dio, Edward… Dopo tu parla che la ingênua sono io. -

- Como é que é? – perguntei confuso sem entender aonde ela queria chegar e nem sobre a sua repentina mudança de humor.

- Non houve consenso. - disse parando de rir. - Alice virou para mim e falou, não interessa para onde vamos na Itália, mas antes vamos para a Inglaterra, França e se der Alemanha e Holanda. - ela me encarou. - Você chama isso de consenso? Perché io chamo de cala a boca e não reclama. -

- Falou com seus padrinhos? -

- Non. Para que? Se io falasse, eles iriam cancelar a viagem, e aí io só colocaria meus pés na minha casa de novo aos dezoito anos, isso se mia madrina me deixasse voltar para casa aos dezoito anos. O que io tenho minhas dúvidas. -

- Bom, eu estou bem surpreso… Você estava feliz com essa viagem. -

- Com a viagem non… Ma perché io estou voltando para mia casa, mesmo que seja por alguns dias. - ela encostou a cabeça no banco e balançou a cabeça. - Ora io entendi tudo. Alice ter me enchido a paciência por dias, semanas, querendo que io convencesse a madrina a deixar que fizéssemos essa viagem depois que io toquei no assunto… Estava preocupada comigo. - bufou. - Se esse é o nível de preocupação dela, io dispenso. -

- Eu já falei que você não precisa ficar perto dela durante a viagem. - ela virou a cabeça para me encarar.

- E tu achou mesmo que io ia ficar? Io prefiro me jogar do Big Ben. - abri a boca para falar, porém ela me interrompeu. - Bom, se me der licença, ainda falta muito para chegarmos, então, io vou dormir. -

- Ok. - e ela puxou de seu colo, seu celular e fones de ouvidos, colocando-os em suas orelhas e apertando play em alguma música e fechando os olhos.

Mas ela não dormiu, pelo menos não de imediato, ela ficou mexendo os lábios, como se cantasse a música que escutasse. E eu não sentia sono, a verdade é que estava bem entediado, ainda faltava cerca de sete horas e meia de viagem até chegarmos a Londres. O que diabo eu iria fazer durante sete horas e meia?

E o livro no colo de Bella, seu livro, me atraiu a atenção, não era um dos meus assuntos favoritos, mas a partir do momento em que o tédio tomava conta de mim… Devagar puxei-o de seu colo, e ela abriu um dos olhos castanhos e depois de ver que quem pegará o livro fora eu, ela voltou a fecha-los e se aninhar na poltrona.

Foram cerca de quatro horas gastas lendo o livro todo. Era um livro bom, um pouco triste, porém muito bom, agora eu entendia porque meio mundo era apaixonado por esse livro e pelo filme de mesmo nome. Ao terminar de ler o livro, notei que Bella ressonava tranquila ao meu lado, ela estava basicamente deitada de lado, com as pernas em cima da poltrona, e com a cabeça apoiada em meu ombro e com os braços enlaçados aos meus.

Devagar para não acorda-la, tirei seus fones, onde a música ainda tocava, levei um dos fones ao meu ouvido, para saber o que ela estava ouvindo. Não era de se surpreender, era a mesma banda italiana e ela escutava todo santo dia, parecia que só tinha eles em seu repertório musical.

Seu celular estava apoiado em suas pernas, peguei-o, desligando a música, e enrolando o fio do fone no mesmo, e o guardei dentro do bolso de dentro do meu casaco. Deixei o livro apoiado em meu colo e fiz o mesmo que todos no avião faziam… Dormir. Encostei minha cabeça no encosto da poltrona e fechei os olhos. Mais quatro horas de voo.

...

Acordei com a aeromoça me chamando calmamente avisando que o avião iria pousar e que eu tinha que apertar os cintos e colocar a poltrona na vertical. E saiu andando indo acordar outro. Olhei em volta e vi que as aeromoças estavam acordando os passageiros, mais da maioria estava dormindo. Olhei para Bella para acorda-la e ainda estava na mesma posição de quatro horas atrás, ela vai ficar com um enorme torcicolo.

- Bella… - a chamei baixo mexendo em seus cabelos. - Bella… - ela se mexeu.

- Altri cinque minuti. - pediu se aconchegando mais ainda contra meu ombro.

- Já chegamos. Temos que levantar. Depois você dorme mais no hotel. Acorda, vamos, Bela Adormecida. - ela se afastou de mim, sentando direito na poltrona e coçando os olhos. Coloquei nossas poltronas na vertical e apertei meu cinto.

- Senhoras e senhores passageiros. Estamos aterrissando no aeroporto de Heathrow. Hora local 16h. Temperatura 18°. - o piloto avisou e eu apertei o cinto de Bella.

O avião pousou e depois de dez minutos estávamos na esteira pegando nossas malas. Bella ainda não havia acordado direito. Nem ela e nem ninguém que estavam conosco. Emmett quase caiu de cara na esteira quando foi buscar a mala de Rosalie, quer dizer, eu não sabia se era devido ao sono ou porque a mala de Rosalie estava absurdamente pesada.

Bella vinha com apenas duas malas grandes, e ambas estavam leves, como se levasse pouca coisa em ambas, igual a Alice, porém a diferença entre as malas de Alice e de Bella, é que Alice queria enche-las com roupas compradas nos shoppings, e Bella queria trazer mais roupas de sua casa.

Ajudei a Bella a pegar as malas e ganhei em sorriso tímido em retribuição. Ela estava cansada e provavelmente louca para dormir. O aeroporto era um pouco afastado do centro e o hotel, Corinthia Hotel London era a meia hora andando do palácio de Buckingham.

Depois de todo mundo ter apanhado suas malas, saímos em direção o lado de fora do aeroporto para pegar um táxi, não cabia todo mundo em um único táxi, e precisou ser dividido em dois, eu e Bella fomos em um sozinho, com a maioria das malas, já que não couberam as malas de quatro, principalmente com Rosalie e Alice cheias de malas, em um único porta malas. Depois de quarenta minutos nós chegamos ao hotel, eram por volta de seis e meia. Demorou mais um tempo até que fizemos o check in e podermos ir para o quarto.


Quando acordei no dia seguinte, acordei com os roncos de Emmett, que tinha um braço e uma perna pendurados para fora da cama, o rosto quase caindo da cama e ainda babava. Nós três estávamos dividindo um quarto. Eu perto da janela, Emmett no meio e Jasper no canto. Levantei e vi pelo celular que eram 12h. Emmett ainda roncava e Jasper tinha o travesseiro na cabeça, para abafar o ronco de Emmett.

As camas de solteiro estavam postas uma ao lado da outra com um pequeno espaço de um mesinha de cabeceira com um abajur separando uma da outra. Em frente a cama uma escrivaninha preta e uma televisão pendurada na parede e uma poltrona ao lado perto da janela.


Levantei da cama e segui para o banheiro, passando antes pela minha mala pegando uma muda de roupa e segui para tomar banho. Após pronto, saí do quarto e segui para o quarto das meninas ao lado do meu e bati na porta algumas vezes e ninguém atendia ou falava nada. Ouvi uma porta se abrindo atrás de mim e continuei esperando abrirem a porta. Será que ainda estavam dormindo.

- Edward? - Bella me chamou e eu me virei, ela estava saindo da porta em frente a minha.

- Não acredito que estava batendo na porta errada. -

- Você estava procurando por quem? -

- Você. Alice e Rosalie. -

- Pois Alice e Rosalie estão nesse quarto. -

- Você está sozinha? - assentiu. - Por quê? - deu de ombros.

- Alice. - disse simplesmente, fechando a porta e eu a olhei. Bella estava com um vestido branco de alças finas e que acabavam no meio de suas coxas com um tecido transparente por cima, que terminava próximo aos seus joelhos e tinha mangas até seus cotovelos além de gola alta, com estampa de flores e com pequenos quadrados formando linhas na altura de seus seios, pescoço, ombros e cotovelos, ela usava também tênis brancos e tinha uma bolsa preta pequena pendurada no ombro e com um casaco fino amarrado nas alças de sua bolsa e em suas mãos seus óculos de sol e seu celular.


- E cadê elas? – e deu de ombros novamente. - Vai para onde? -

- Io ia descer para restaurante do hotel, para comer, porque estou cheia de fome e esperar alguém aparecer. - respondeu e segurou meu pulso para ver as horas. - E o horário de almoço vai acabar em uma hora e meia. -

- Eu vou acordar Jasper e Emmett. Vai descendo e espera por nós lá? - assentiu e guardou o cartão na bolsa e seguiu para o elevador, apertando o botão, enquanto eu voltava para o quarto.

Jasper já havia acordado, mal humorado, devido aos roncos de Emmett, perguntei se ele sabia para onde Alice e Rosalie tinham ido e ele deu de ombros enquanto entrava no banheiro. Enquanto Jasper tomava banho, eu acordei Emmett, que pedia para dormir mais, entretanto foi apenas eu falar que era para comer e ele prontamente acordou e quase arrancou Jasper do banheiro, pelado.

Os dois tomaram banho e se vestiram e nós saímos do quarto indo para o restaurante do hotel. Bella esperava por nós no Massimo Restaurant & Bar, não era de se estranhar em ela ter ido para o restaurante italiano. Bella estava sentada, na cadeira próxima a janela, mexendo no telefone com um copo, com um líquido preto, com gelo e rodelas de limão dentro e mais ao lado uma lata de Coca cola.

- Bom dia. - Emmett disse se sentando.

- Boa tarde. - Bella corrigi-o.

- Estou no horário americano. - resmungou Emmett.

- Alice e Rosalie? -

- Shopping. – respondeu Bella.

- Já? - Jasper perguntou.

- Sì. E ela pediu para avisar que é para os dois irem para lá, porque elas precisam de ajuda com as sacolas. -

- Mas eu não vou mesmo. Depois que acabar de comer, eu vou voltar a dormir, não vim para cá para ficar carregando sacolas em shopping. - Emmett reclamou e um garçom veio pegar nossos pedidos.

Bella ficou no celular até a hora que nossos pratos chegaram e só aí ela bloqueou o telefone e o colocou ao lado do prato, mas volta e meia ele ficava vibrando. Não era Alice ou Rosalie, eram mensagens de três pessoas diferentes, Lena, Jacob e uma tal de Julie.

Após Emmett e Jasper terminarem de comer, os dois voltaram para o quarto para voltar a dormir e Bella ficou na mesa, até porque ela havia pedido sobremesa, e enquanto esperava ficava digitando no celular.

- Então. - comecei pegando meu corpo de coca cola e bebendo um gole. - Vai fazer o que? -

- Depende. -

- De? - ela me encarou.

- Tu não disse que io ia ser sua guia? Aonde quer ir? -

- Quem é Julie? – retruquei mudando de assunto. Jacob e Lena eu sabia quem era, mas Julie era um completo mistério.

- Lendo mensagens alheias é, senhor Cullen? - brincou digitando algo em seu celular. - É a freira da minha antiga escola. -

- Você mantém contado com a freira da sua escola? -

- E com o padre também. Mas ele está em uma espécie de convenção de padres e está sem celular. Segundo a Julie. - ela repousou o telefone na mesa. - Então. Onde quer ir? -

- O que sugere? -

- Depende. Lado turista tipo Alice e Rosalie? Lado turista tipo Emmett e Jasper? Ou meu lado turista? -

- O de Rosalie e Alice são shoppings, então não. O de Emmett e Jasper é a cama? - ela sorriu.

- Não. Esportes. -

- Acho que não. Hoje não. E qual é o seu lado turístico? -

- Lado histórico e literário. -

- O que sugere? -

- Parque Saint James, Palácio de Buckingham, Abadia de Westminster, Parlamento Inglês, Big Ben, pegar um bote para atravessar o Tâmisa e terminar na London Eye. Domani podemos ir no Hampton Court, na Tower London, London Bridge. - sugeriu. - E você querendo ou non, io vou no Stonehenge, meus pais nunca me levaram, dessa vez io vou. E a Glastonbury também. -

- Também sempre quis conhecer Stonehenge e lugares da lenda Arturiana, mas ambos são longe de onde estamos. -

- Conhece uma coisa chamada trem? - rebateu sorrindo e eu a olhei feio a fazendo rir. - E não é longe. Stonehenge é a uma hora de viagem e Glastonbury em duas. -

- Então porque nunca foi com seus pais? -

- Imprevistos. A primeira vez choveu muito, no verão. Choveu muito, muito, muito mesmo. E na segunda vez, foi durante o GP de Silverstone, e aconteceu um acidente feio com um dos pilotos antes do terceiro treino e meu pai precisou dar meia volta e arrumar um novo piloto e carro. - explicou. - Mas dessa vez io vou. - resmungou e eu ri. - Ah, podemos ir na Escócia? -

- Quer ir a Dublin também não? -

- Non da pra ir de trem, tem que ir de avião. Melhor non. - comentou e eu ri. - Bom, vou ao banheiro e já partimos. - disse se levantando.
- Eu te espero na recepção do hotel. –

- Ok. – e para a minha surpresa antes de ela se afastar, ela me deu um beijo rápido e saiu do restaurante com as bochechas coradas e eu ainda fiquei ali parado cerca de dois minutos com um sorriso besta nos lábios antes de finalmente deixar a mesa e seguir até o meu quarto. Finalmente eu iria poder fazer um tempo com a Bella sem precisar esconder o que eu sinto por ela ou sem correr o risco de alguém ver. Finalmente.

Vocabulário.

* Perché – Porque/ por quê/ porquê/ por que?
* Va tutto bene – Está tudo bem.
* Io sto bene – Eu estou bem.
* Perdono – Desculpa.
* Anch’io – Eu também.
* Buono – Bom...
* Oui - Sim em francês.
* Chi è l’amore della mamma? – Quem é o amor da mamãe?
* Pioggia – chuva.
* Ma è estate – Mas é verão.
* Andiamo – Vamos.
* Vieni – Vem.
* Che? – Que?
* Va bene – Tudo bem.
* Non lo so – Eu não sei.
* Domani – Amanhã.
* Contare fino a dieci e sii contenta che tu non avessi un’arma. – Conte até dez e fique feliz por você nao ter uma arma.
* Io sto – Eu estou.
* Paura – medo.
* Credo che – Acredito que...
* Non lo so come – Não sei como...
* Che diavolo -  Que diabo?
* E tuo fratello? – E teu irmão?
* Sei um ragazzo molto fortunato – Você é um cara muito sortudo.
* Per favore distrarmi – Por favor, me distraia.
* Dopo tu parla che la – Depois você fala que a...
* Sono io. – Sou eu.
* Altri cinque minuti – Mais cinco minutos.