Pov. Edward
Eu olhei para trás assustado com
medo de saber quem estava atrás de mim e eu não sabia o que fazer ao dar de
cara com Emmett nos encarando com um sorriso malicioso e estranho nos lábios. Eu
me afastei de Bella e Emmett simplesmente balançou a cabeça rindo e virou em
seus tornozelos e se afastou. Virei-me de frente para Isabella e antes que eu
pudesse falar alguma coisa ela me abraçou repousando a cabeça em meu peito e eu
a abracei dando um beijo no topo de sua cabeça.
Quando ela me soltou eu segurei sua
mão, entrelaçando seus dedos aos meus enquanto caminhávamos até o restaurante
indicado por eles através de mensagens. Emmett estava do lado de fora no
telefone com alguém e Rosalie já dentro dele, já que era possível enxergar
através do vidro. Bella soltou minha mão e entrou no restaurante, sentando-se
rapidamente na cadeira em frente à Rosalie e eu me aproximei de Emmett, que
desligou o telefone.
- Ai Emmett, mas eu vou me afastar da Bella, nem que para isso eu tenha
que deixar Forks... –Emmett me imitou, e por algum motivo, afinando a voz.
- Você não viu nada... – e eu rosnei
para ele.
- Primeiro. Assume de uma vez que
você está apaixonado por ela. Segundo. Eu não vou entregar você, quando foi que
eu já fiz isso? – e eu ergui uma sobrancelha. – Nos últimos dias quando foi que
eu entreguei você a alguém nos últimos dias? E terceiro, sempre que quiser sair
com ela e precisar de um álibi, pode contar comigo, e com a Rose, porque ela
viu também... – e eu gemi de desgosto. Ótimo, Rosalie viu, até Alice ou mais
alguém saber é questão de pouco tempo. – Cara, ela não vai contar a ninguém.
Nós não vamos contar a ninguém. Confia em nós... Só queremos o seu bem... –
respondeu sorrindo e dando uma tapa de consolo em meu braço. – Agora vamos
entrar que eu estou morrendo de fome... –
Nós entramos no restaurante e Emmett
se sentou ao lado de Rose e eu ao lado de Isabella, até porque aquela era a
única cadeira que restava. Rose não falou nada, nem me encarou com o rabo de
olho e nem nada. Era como se ela não tivesse visto nada.
- Bom, eu pensei em pedir pizza... –
e Bella torceu o nariz quando Rose repousou o cardápio na mesa. – Mas a pequena
miss italiana ai, fica torcendo o nariz... –
- Tu também vai torcer o nariz após
provar uma típica pizza italiana. – Bella respondeu sem olhar para ninguém
enquanto seus dedos tocavam rápido na tela de seu celular enquanto escrevia
algo. Com o canto dos olhos a vi escrevendo alguma mensagem em italiano e o
nome do contato era Jackie. Ele de novo, o capitão Jacob Black.
- Se você fizer uma para mim eu paro
de tentar te empurrar pizzas pela goela a baixo... – e Rose rebateu e Bella
parou de digitar e encarou a amiga a sua frente.
- Vai limpar a bagunça? – perguntou
simplesmente e Rose demorou quase dois minutos para responder.
- Limpo. – disse não muito convicta
de que limparia.
- No próximo final de semana eu
faço. – Bella disse simplesmente terminando sua mensagem e apertando em enviar.
- Pois bem... Vamos de que? – e Bella
puxou o cardápio para perto dela com a ponta dos dedos.
- Só tem fast food? – perguntou
torcendo mais uma vez o nariz e me fazendo sorrir.
- Garota, você sabe onde você está?
– Emmett perguntou.
- No Ancle Joe? – perguntou lendo o nome da lanchonete no cardápio e nós
três rimos.
- Bom sim... Mas não foi isso o que
eu perguntei. –
- Tu perguntou se io sabia onde io
estava... – rebateu ela.
- Criatura você está nos Estados
Unidos. Aqui só tem fast food. – apontou ele.
- Por isso que é o país está na
primeira posição no ranking de obesidade mundial... – rebateu ela.
- Você é mais chata que o Edward
em... – resmungou e Bella riu.
- Tudo bem miss salada, o que você
quer? – Rosalie retrucou e eu peguei o cardápio da mão.
- Ela vai querer o Ancle Joe com... – e eu a encarei. –
Come bacon? – e ela assentiu. – Com bacon e eu também. – e eu empurrei o
cardápio de volta a eles.
- Io non vou ter um infarto vou? –
perguntou aproximando a cabeça da minha.
- Não. – respondi. – Por que a
pergunta? –
- Perché tu pediu a mesma coisa para você e para mim... –
- Não é algo monstruoso. Eu não sou
o Emmett que tem um alien no estômago para alimentar. –
- São três Ancle Joe e eu vou querer o Super
Joe com o dobro de bacon, um super cachorro quente a moda da casa e uma
porção de batata extra com bastante bacon e cheddar. – Emmett pediu ao garçom.
- Ele vai ter um infarto? – Bella
perguntou.
- Provavelmente. – e eu respondi.
- Bebidas? –
- Coca. – e nós quatro respondemos
ao mesmo tempo e ele anotou e saiu.
- Então... – Rose começou assim que
o garçom saiu, mas o celular de Bella em cima da mesa começou a tocar com a
foto de Renata aparecendo na tela.
- Ciao madrina... - ela atendeu ao telefone. E enquanto ela ouvia a
madrinha do outro lado do telefone, o garçom trouxe as quatro cocas. – Sì madrina, va tutto bene... Noi vamos
voltar daqui a pouco. Tudo bem... Ciao.
– e ela desligou o telefone.
- Aconteceu algo? – Rose perguntou.
- Non. Madrina só quer
saber se está tudo bem e quando vamos voltar... – deu de ombros pegando seu
copo de coca e levando aos lábios.
Emmett começou a falar besteiras,
nos distraindo, pelo menos até a comida chegar, depois disso ele começou a
comer e não falou mais uma única silaba. E com exceção dele, todos nós começamos
a comer e continuamos a falar sobre o filme. Rosalie e Emmett não haviam
voltado a sala de cinema, tinham ido para outra, segundo eles haviam confundido
a sala. Ok, eu não acreditava nisso e sinceramente pouco me importava para onde
os dois haviam indo.
Por volta das 20h nós deixamos Port
Angeles a caminho de Forks mais uma vez. Bella foi ao banco de trás com Rosalie
enquanto Emmett ia ao meu lado reclamando de dor no estômago de tanto que
comeu. Tanto que meia hora fora perdida quando eu tive que parar na estrada
rodeada pela floresta, para que ele pudesse respirar ou vomitar, antes que ele
fizesse indo dentro do carro. Eu sempre falei para que ele não se entupisse de
comida, mas quem disse que ele escuta?! Enquanto Emmett estava dentro da
floresta com Rosalie o amparando para que vomitasse ou sabe-se lá Deus o que,
eu e Bella estávamos do lado de fora do carro encostado na lataria.
Estava um pouco frio e Bella ainda
usava meu casaco. Ela o apertava contra seu corpo, e meu casaco ficava longo e
largo em seu corpo delgado, e cobria até a altura do short que acaba no meio de
suas coxas. Eu me aproximei dela e ajeitei o casaco para protegê-la do frio.
- Você está bem? – perguntei
aproveitando do fato de que estávamos sozinhos e apoiei minhas mãos em sua
cintura por baixo do meu casaco.
- Sì. Perché? –
- Entrou no carro sem tomar o
remédio e está tranquila. –
- Io sto bene... Io fico bene perto
de você... – respondeu sorrindo e meus lábios se repuxaram em um sorriso. Ela
levou as mãos até os meus ombros e ficou na ponta dos pés unindo seus lábios
aos meus.
O beijo foi rápido e logo
interrompido quando sons de um Emmett cambaleante e de uma Rose sendo quase que
esmagada pelo peso de meu irmão, se aproximaram. Ele estava mal, bem mal e bem pálido,
tanto que ele teve que ir ao banco de trás, com a cabeça deitada no colo de
Rose e Bella foi passada para o banco da frente. Eu via que Bella estava
ligeiramente nervosa no banco da frente, tendo uma completa visão da estrada.
Ela apertava os dedos um nos outros e inalava e exalava o ar pela boca em uma
forma de se acalmar.
Sabendo que Emmett estava mal no
banco de trás e que Rose só teria atenção para ele, eu tirava minha mão da
marcha e tentava acalma-la. Segurava sua mão, mexia em seus cabelos ou acariciava
seu joelho discreta e cuidadosamente para não correr o risco de estar sendo
desrespeitoso demais, e a junção disso e a minha direção devagar, ela foi até
Forks calma e sem entrar em pânico, principalmente quando passamos por uma
parte da estrada que estava coberta por uma neblina.
Despedi-me de Bella ganhando um
beijo no rosto enquanto Rosalie saia no banco de trás e deixei as duas na casa
de Rose e segui para casa com Emmett, tendo que basicamente carrega-lo para
dentro de casa e ouvir os sermões de meus pais para com Emmett por ter se
entupido de comida.
Ajudei Emmett na cama, basicamente
jogando-o nela e enquanto meu pai vinha com um remédio para ele eu segui para o
quarto para tomar um banho.
...
Sexta feira chegou e com ela a
prova. Eu havia deixado a minha para o último dia de aula para não atola-los
durante a semana com diversas provas por dia. Faltava pouco para o intervalo
acabar e eu já estava arrumando a minha mesa para aplicar a prova quando a
porta se abriu, eu virei à cabeça para ver quem estava entrando e era Isabella
no telefone.
- Jacob vá se... –
- Hey! – chamei sua atenção.
- Perdono. – falou jogando sua mochila em cima da mesa. – Tu sabe para onde tu tem que ir. – ela
pegou sua garrafinha de água dentro da mochila e balançou a garrafa vazia na
minha direção apontando para a porta, eu assenti e ela saiu. Enquanto eu
terminava de separar a prova, já que eu tinha feito duas provas diferentes para
não correr o risco de eu encontrar alguns control
c + control v. – Io mereço esse
homem... – e ela voltou com o celular desligado e com a garrafinha cheia em
mãos.
- O que houve? – perguntei.
- Jacob enchendo o saco que io non
tenho. – resmungou de costas para mim e guardando o celular no bolso de trás da
calça enquanto mexia em sua mochila. Sua calça jeans escura de cintura alta realçava
cada curva de seu corpo, a curva dos seus quadris, que os deixavam bem
redondos, ela girou sobre seus saltos curtos das botas cinza que ela usava de
frente para mim, sua blusa branca realçava seus seios medianos. – Você... Você
estava olhando para a minha bunda? –
- Não sei... Talvez... –
- Idiota. – falou com aquele sotaque malditamente maravilhoso e me
fez rir enquanto contornava a mesa e se sentava. – A propósito... Hoje é, grazie a Dio, a última prova e como io
espero já estar de férias até o final do dia... – ela falava mexendo em seus
dedos e eu estava encostado em minha mesa a encarando com os braços cruzados. –
Então... Madrina perguntou se você vai
lá para casa hoje? –
- Já passou em todas as matérias? –
- Falta apenas a sua... –
- E eu espero que não fique de
recuperação... –
- Anch'io. – respondeu e eu balancei a cabeça rindo. – De qualquer
modo, madrina quer resolver as coisas da viagem, já que caso ninguém fique de
recuperação ou reprovado, vamos no final de semana que vem. –
- Meus pais haviam me avisado ontem
à noite. Eu vou sim. – e seus lábios se repuxaram em um maravilhoso sorriso. –
Já montou o itinerário? –
- Vamos começar por Londres. –
respondeu.
- Inglaterra? Não era apenas pela
Itália? –
- Buono... Sì... Ma todo mundo entrou de acordo em fazer um tour pela
Europa. – respondeu levemente irritada e sem me olhar. – Temos três meses de
férias...Vai ser divertido. – ela me encarou com um sorriso fraco nos lábios
que não chegou aos olhos. – Io estou
com os lugares anotados lá em casa, à noite io te mostro. – antes que eu
pudesse falar ou perguntar mais algo o sinal tocou e os alunos entraram na
sala.
- Muito bem... Lápis, borracha e
caneta em cima da mesa e nada mais. – e conforme eles iam se sentando eu ia
pegando as provas já separadas em cima da mesa. – Conforme vocês forem
entregando eu vou corrigindo e dando as notas, acredito que todos saibam o
quanto falta para cada um passar. – e eu ia entregando as provas, sempre intercalando.
– As notas finais saem na segunda feira. E quem ficar de recuperação o conteúdo
da prova será toda a matéria do ano, e estará bem mais difícil em comparação a
essa, portanto, sugiro que passem direto. – eu terminei de falar entregando a
última prova, a em italiano para Bella. Ela basicamente já havia passado, mesmo
que tirasse nota baixa ela já estava aprovada. – Muito bem. Vocês têm duas
horas e quem eu pegar colando ou mexendo no celular vai direto para a
recuperação e para a direção. – avisei. – Alguma dúvida? - e como ninguém
respondeu. – Boa prova. – e eu me sentei em minha cadeira encarando os alunos.
A prova se passou de forma bem
lenta, para mim como professor pareceu que às duas horas tinham demorado dois
séculos, mas para os alunos, com certeza, parecia que havia passado apenas dois
segundos. De vez em quando eu me levantava e dava uma passada pela sala apenas
conferir se não tinha ninguém colando ou usando o celular e volta e meia eu me
sentava novamente em minha cadeira. Eu não queria ficar sentado, além de o
tempo demorar a passar eu me perdia encarando Isabella fazendo a prova. E mais
uma vez eu havia me perdido enquanto a encarava.
Ela tinha um dos braços apoiados na
mesa, enquanto o outro, o que segurava seu lápis, tinha o cotovelo apoiado à
mesa enquanto ela mordia inconscientemente a ponta do lápis enquanto lia as
questões da prova e eu tinha que cruzar as pernas, apertando uma perna à outra
devido aquele maldito ato inconsciente dela.
- Professor? – e Mike me chamou após
uma hora de prova com a prova em mãos e tremendo.
- O que? – e ele apoiou os braços na
mesa após me entrar a prova.
- Eu sei que eu não fui um bom aluno
durante esse ano... Mas se eu reprovar na sua matéria eu vou ficar fora do time
de futebol... –
- E por que você não pensou nisso no
inicio do ano? – perguntei dando errado a uma questão e eu o encarei e ele me
olhava em pânico. – Pois bem Mike, levando em consideração o fato de que eu não
quero perder minhas férias... Se você me entregar até o final da aula o seu
caderno com toda a matéria que eu te dei e algum trabalho que você deveria ter
me entregado e não fez, eu posso pensar em não te deixar de recuperação... – e
eu olhei a hora em meu celular. – Você tem uma hora. – avisei e como um raio
ele saiu correndo para a sua cadeira em busca de seu caderno e trabalhos não
entregues.
- Dando uma segunda chance as
pessoas que dormiam em sua aula? – e Bella apareceu ao meu lado enquanto eu
dava a nota seis para Mike, e com certeza, com essa nota ele reprovava.
- Eu não quero perder meu verão com
as pessoas em recuperação ou no caso, reprovação... – e eu coloquei a prova
dele para o lado. – E a senhorita, já acabou? –
- Oui. – respondeu em francês.
- Agora é francês? – questionei
pegando sua prova.
- Apenas praticando... – deu de
ombros apoiando os braços na mesa e eu continuei a encarando. – Paris está na
lista. – e eu continuei a encarando. – Ah... Io quero saber minha nota... –
- Como se já não soubesse... –
resmunguei e ela sorriu. E não foi surpresa nenhuma, Bella sempre tirava as
melhores notas da turma, e mesmo sendo uma matéria que ela odiava, ela
conseguiu gabaritar todos os trabalhos e provas, incluindo essa. E ela soltou
uma risada baixa e animada quando me viu dando sua nota máxima na prova. – Quem
acabou, viu a nota e já teve a prova devolvida... – eu falava para a turma
enquanto colocava a nota de Bella em meu diário da escola. – Pode ir. – e eu
entreguei a prova dela. – Até a noite. –
- Até a noite... – e sorrindo ela se
afastou de minha mesa indo até a sua pegando sua mochila e sua garrafa d’água
que já estava basicamente vazia.
- Bell’s me espera... – e antes que
ela saísse, bebendo o resto de sua água, Rose a chamou enquanto se postava ao
lado de minha mesa. Rose me entregou sua prova e eu a corrigi rapidamente, Rose
também era uma boa aluna e sua nota oito garantiu sua aprovação de primeira.
Anotei sua nota em meu diário e devolvi a prova e ela pegou a mochila dando um
beijo na bochecha de meu irmão e saiu da sala puxando Isabella.
Às duas horas de prova passaram,
tirando as pessoas que ficaram devendo nota e eu dei mais uma chance
verificando o caderno e trabalhos antigos, todos já haviam saído e aprovados,
Emmett era um que passou raspando, bem no limite, ele só passou direito devido
ao trabalho que ele havia feito com Rosalie e Bella na sala de aula há algumas
semanas e havia gabaritado. E fazendo tudo o que estava em meu alcance eu
passei todo mundo e havia me livrado dos meus alunos. Eu tinha apenas que
entregar o diário e estava oficialmente de férias.
(...)
- Chi è l’amore della mamma? – ouvi
Bella perguntando enquanto brincava no jardim da frente com Allegra.
Faltava pouco para anoitecer, eu
havia acabado de sair da escola e vindo direto para cá, acabei ficando preso o
resto do dia na escola resolvendo os últimos tramites para que eu pudesse sair
livre e desimpedido de férias com a minha Bella. Meus pais já haviam chegado, o
carro de meu pai estava parado rente ao meio fio, e o JEEP de Emmett também
estava ali, pelo visto só faltava eu.
Eu desci do carro e Allegra me viu e
parou de prestar atenção na dona e latiu para mim. Assim que eu pisei na grama
e apertei o botão do alarme do meu carro, Allegra latiu mais uma vez para mim e
correndo na minha direção se jogando em meu colo enquanto a dona ficava parada
no meio do jardim com um brinquedo em mãos.
- E ai garota? – e eu cocei suas
orelhas e ela abanava a cauda animada enquanto tentava lamber meu rosto.
- Allegra... Comporte-se... – e
Bella a pegou de meu colo a colocando no chão e ela se apoiou nas patas
traseiras enquanto as dianteiras estavam encostadas em minhas pernas e ela
balançava o rabo. – De férias? – Bella perguntou ajeitando o cabelo que a brisa
fresca bagunçava.
- Graças a Deus sim. Eu amo dar
aula, mas amo ainda mais ficar de férias... – e ela balançou a cabeça rindo. –
Fui o último a chegar? –
- Non. Padrino ainda non chegou...
– explicou. – Está preso em um... – e ela ficou estalando os dedos enquanto
tentava lembrar-se da palavra.
- Engarrafamento? – supus.
- Isso... – e um trovão rasgou o
céu. – Pioggia? Ma è estate! –
- Quase seis meses aqui e ainda não
se acostumou com a chuva? – perguntei a encarando e vendo seus lábios se
repuxarem em um bico.
- Allegra... Andiamo... – ela chamou a cadela e entrou em casa, foi apenas nós
entramos em casa que começou a chover.
- Bella. Que barulho é esse? – ouvi
a voz de minha mãe.
-
Há iniziato a piovere! – respondeu e
minha mãe a encarou confusa e demorou uns dois segundos até ela se tocar. – Perdono! – e ela começou a rir. – Achei
que fosse mia madrina. – e minha mãe
começou a rir enquanto abraçava a Bella pelos ombros. – Io disse que começou a chover... -
- Tudo bem querida. – e ela deu um
beijo na têmpora de Bella.
- Io já volto... – ela retribuiu o beijo de minha mãe, dando um na
bochecha da mesma. – Allegra... Vieni...
– Bella subiu as escadas com Allegra indo atrás e minha mãe se aproximou de
mim.
- E o papai? –
- Está ali na cozinha com a Renata.
– e ela enlaçou o braço ao meu. – Eu gosto dela... – me encarou sorrindo.
- Da Renata? – perguntei.
- Também, mas estava falando da
Bella. –
- E eu já falei para a senhora que a
senhora deveria tentar abrir meus olhos para eu me afastar... –
- E eu já falei que não vou fazer
isso. – resmungou. – Aproveite essas férias e aproveite para se aproximar dela.
–
Minha mãe foi chamada na cozinha e
me empurrou para a sala onde os outros estavam e eu me sentei no sofá ao lado
do Emmett. Nós estávamos próximos a escada, e o já volto da Bella demorou quase duas horas, e foi apenas depois que
a madrinha veio chama-la e viu que ela ainda não tinha descido, e Caius já
havia chegado.
- Bella? – Renata a chamou chegando
na sala e nada dela. – Cadê Isabella? –
- Subiu quando eu cheguei e ainda
não desceu. – respondi.
- Ela falou alguma coisa que ia
assistir a algum jogo... – Alice respondeu sem nem dar atenção a mãe.
- Jogo? A essa hora? – e Bella
desceu cantarolando alguma coisa.
- Che? – perguntou quando chegou no final da escada e viu a madrinha
a encarando.
- Estava fazendo o que? –
- Skype. Com a Lena e o Jackie. – mais uma vez... Jackie...
- Alice disse que você foi assistir
a um jogo... –
- A essa hora? – perguntou arqueando
a sobrancelha. – Non. Estava no
Skype. Non tem jogo a essa hora e
além do que, a Serie A e a Coppa Italia, já acabaram, a Juventus venceu a Serie A, perdeu la Coppa
Italia na semi para a Lazio e perdeu a Champions...
– deu de ombros.
- Quem desceu? – e o padrinho gritou
vindo da cozinha.
- Lecce, Novara e Cesena. – respondeu.
- Conheço nenhum dos três. – e eu o
ouvi rindo. – Quem subiu? –
- Pescara, Torino e Sampdoria. –
-
Torino estava na série B? – e ela simplesmente assentiu se
sentando na poltrona e jogando uma agenda para a Rose enquanto pegava Allegra
no colo.
- Como é que ela acompanhava os
jogos? – meu pai perguntou.
- Ela via de madrugada. – e Caius
respondeu e meu pai a encarou e ela repuxou os lábios em um sorriso enquanto
fechava os olhos e eu balancei a cabeça rindo, Caius riu também e apertou o
nariz da afilhada que riu junto.
- Vamos jantar. – e Renata nos
chamou.
...
- Ok, para onde iremos? – E Emmett
perguntou após o jantar e a mesa
- Grã-Bretanha. Paris. Amsterdam. Berlin terminando na Sicilia. - Bella respondeu e Emmett ficou encarando
Bella confuso. Bella bufou e se afastou da mesa e subiu as escadas correndo e
em dois minutos ela desceu as escadas novamente com um papel dobrado e uma
caixinha de acrílico com alguns botõezinhos vermelhos. Ela abriu o papel
revelando um mapa europeu e abriu a tampinha. - Va bene. – respondeu e pegou uma tachinha. – De Seattle a Londres.
– e ela prendeu a tachinha em Londres e pegou outra. – De Londres para Paris. –
e mais uma em Paris. – De Paris para Amsterdam. – e mais uma tachinha vermelha
em Amsterdam. – Depois Berlim. – e mais uma tachinha em Berlim. – E depois um avião
para Sicilia. – e ela terminou colocando mais uma tachinha na Sicilia e encarou
Emmett como se esperasse que dessa vez ele tivesse entendido.
- Agora eu entendi. – e ela sentada
na cadeira arrumou de volta as tachinhas na caixinha de acrílico, fechando-a,
mas deixando o mapa aberto.
- Nós vamos de sexta para sábado que
vem, não é? – Rose perguntou.
- Non lo so. Alice que quis marcar a data das passagens... – Bella
respondeu tentando não parecer incomodada com a situação.
- Que dia Alice? – e Rose perguntou
a amiga.
- Sábado a noite –
- Sábado que vem? –
- Não... Amanhã. – respondeu como se
fosse óbvio.
- Perché tu comprou as passagens para domani? Você sabia que corríamos o risco de algum de nós ficar de
recuperação. –
- Ou de o Edward ter que trabalhar
durante a semana. – Rose continuou com o argumento de Bella.
- Eu sabia que eu não ficaria de
recuperação, quem não pudesse ir amanhã que fosse no próximo final de semana. –
resmungou bufando e saiu da cozinha puxando Jasper pela mão.
- Respira... Inspira... Contare fino a dieci e sii contenta
che tu non avessi un’arma... – e ela respirou e inspirou fundo e me
encarou. – Matar ainda é crime? –
- Sempre foi. – apontei e ela bufou
e encarou Rose.
- Ficarei lhe devendo sua pizza... –
- Vou cobrar... – e Rose apertou a
bochecha de Bella. – Acho melhor irmos embora e arrumarmos nossas malas, temos
pouco tempo... – e nós nos levantamos e Bella levantou da cadeira pegando Allegra
no colo e nós seguimos para a sala.
- Senhora Cullen quando posso deixar
a Allegra com a senhora? – perguntou Bella a minha mãe que ganhou um olhar de
reprovação, minha mãe odiava quando a chamavam de senhora.
- Eu disse que ela não iria parar de
te chamar de senhora. – Renata retrucou rindo enquanto a afilhada se sentava no
braço da poltrona onde a madrinha estava.
- Quando vocês forem embora,
querida... – e Bella encarou Renata.
- Alice non te contou? –
- O que? –
- Ela marcou as passagens para domani a noite. – e para não expressar
quaisquer opinião ou reação, Renata apenas respirou fundo.
- Pois bem, eu e Caius só viajaremos
no próximo final de semana, portanto Allegra ficara aqui e quando nós formos eu
a deixo com Esme. –
- Tudo bem. – minha mãe sorriu.
- Vamos subir com la mamma? – Bella perguntou a cadela que
simplesmente balançava a cauda. – Noi nos
vemos domani. –
- Quer ajuda para arrumar a mala? –
Rose perguntou.
- Non. Grazie. –
- Ok. Até amanhã. – Rose deu um
beijo na bochecha de Bella e após nós nos despedirmos, fomos embora.
Hoje pelo visto eu iria dormir
tarde, Alice não teve a capacidade ou no mínimo a decência de avisar antes que
a viagem era neste final de semana, ninguém estava preparado para isso. Assim
que eu cheguei em casa tive que ir atrás de minhas malas, eram por volta de
três meses de viagem que ficaríamos pela Europa e antes mesmo de abrir minhas
malas eu já sentia que iria esquecer alguma coisa.
Eram por volta das três da manhã e
eu havia feito e refeito minhas malas mil vezes para ter certeza que não estava
esquecendo nada, ou como minha mãe havia gritado para Emmett vinte vezes, se eu
estava levando cuecas o suficiente, e por eu ouvi-la reclamando que ela tinha
que fazer as malas de um adolescente de dezesseis anos de idade, era porque ele
não estava levando cuecas o suficiente, se é que, conhecendo bem ele, ele
estava levando alguma. Emmett sempre foi do tipo que defendia o uso continuo e
ininterrupto de suas cuecas.
Para três meses de viagem eu levava
duas malas e uma mochila, e ao ver no dia seguinte que ele levava a mesma
quantidade que eu, era porque minha mãe havia realmente feito as malas dele. O
voo sairia às 22h e por precaução as 16h da tarde nós saímos de casa, eram
quatro horas de viagem até Seattle e nós tínhamos que chegar com no mínimo duas
horas de antecedência do horário do voo. Jasper e Rosalie vieram conosco e nos
encontraríamos no aeroporto com os Brandon e com Bella.
Quando chegamos lá, eles já estavam
lá. Bella estava sentada em uma das cadeiras com duas malas grandes e pretas a
sua frente, onde ela tinha as pernas apoiadas em cima das mesmas com Renata
sentada ao seu lado verificando uma mochila, que eu conhecia bem como sendo de
Isabella, enquanto a afilhada fazia carinho em Allegra. E ao contrário de
Alice, que parecia que ia para uma festa, usando salto alto e eu sinceramente
não sabia como ela iria aguentar dez horas de voo naquela roupa, e de Rosalie,
que mesmo estando seu salto também estava bem arrumada, Bella estava simplesmente
com uma calça jeans preta, uma blusa branca com uma camisa de flanela azul com
listras finais brancas por cima e tênis. Ao contrário das outras duas, ela
estava confortável e pronta para aguentar longas horas dentro de um avião.
- Vocês chegaram... – Caius disse ao
se aproximar de nós.
- O transito estava tranquilo. – meu
pai respondeu.
- Verificando se elas não esqueceram
nada? – minha mãe questionou se sentando ao lado de Renata.
- Sim, pela milésima vez se a Bella
não está esquecendo os documentos, remédios e essas coisas. – respondeu
fechando a mochila e nos encarou. – A propósito, estão com seus vistos? –
- Ainda bem que tínhamos pedido o
vistos quando vocês concordaram com a viagem. – eu respondi, porque se tivesse
dependido de Alice... A única que não precisava se preocupar com visto era
Bella, e por motivos óbvios.
- Pois bem, pelo amor de Deus,
fiquem com os vistos em mãos junto com os passaportes, não o percam, caso o
percam, corram até o consulado americano mais próximo. –
- Renata, calma... – falei. – Eu sei
disso... E a propósito. – falei quando todos estavam perto de mim. – Assim que
aterrissarmos em Londres todo mundo vai me entregar os passaportes e os vistos,
porque todos vocês que eu conheço, são quatro cabeças de vento. – resmunguei e
voltei a atenção a Isabella que ainda estava absorta brincando com Allegra. –
Ela vai viajar apenas com a identidade? – perguntei a Renata.
- Identidade e passaporte. Os dois
tem a informação de onde ela é, e por ela ser italiana, tem passe livre por
toda a união europeia. – explicou e eu assenti.
- Bom, está na hora de despacharmos
as bagagens... – Caius disse.
Nós fomos despachar as bagagens e
cada um permaneceu apenas com uma mochila pendurada nos ombros. Quando foi
anunciado o inicio do embarque em nosso voo, Bella apertou mais ainda a bola de
pelos em seu colo e eu via pequenos tremores passarem pelos seus dedos.
- Você está bem? – Renata perguntou.
- Sì... – respondeu ela. – A senhora
vai cuidar bem dela? –
- Vou meu amor... Eu e a Esme vamos
cuidar bem dela... – e minha mãe se aproximou de Bella.
- Todos os dias eu vou mandar fotos
dela e fazer vídeo chamada para que você possa vê-la. – minha mãe disse
sorrindo.
- Ok. –
- Edward... – e Caius me puxou para
o canto. – Originalmente Rose sentaria ao lado de Bella, mas eu troquei com
Rose a sua passagem. – e ele me entregou a passagem. – Pelo amor de Deus, fica
de olho nela. – assenti. – Não apenas em Siena, mas no avião também, quando ela
veio para cá a aeromoça disse que ela teve um ataque de pânico... –
- Não se preocupe, Caius, eu vou
ficar de olho nela, qualquer coisa eu ligo e se acontecer alguma coisa séria eu
a trago de volta. – ele assentiu e me entregou outro papel.
– São os números dos amigos do pai
de Bella, Marcus, que está a frente da empresa e Aro, o advogado da família.
Qualquer coisa ligue para eles... –
- Claro, não se preocupe. –
- Ok. Vai com madrina... – eu vi Bella abraçar Allegra forte e lhe dar um beijo
antes de entregar ela para a madrinha. – Mamma
volta logo, amore. – ela deu outro
beijo na cadela e ajeitou a mochila nos ombros.
- Te vejo depois meu amor... – de
mal jeito, Renata a abraçou dando um beijo em sua bochecha.
- Qualquer coisa liga pirralha... –
Caius disse abraçando a menina.
Nós nos despedimos e seguimos para a
fila para passar pelo detector de metal. Alice e Jasper iam na frente e eu e
Bella atrás de Emmett e Rose que iam no meio. Enquanto íamos aguardando chegar
nossa vez ela já ia se livrando de tudo que pudesse apitar. Cinto, brincos,
anel, suas medalhas e colocava tudo dentro do bolsinho de dentro da mochila e
pegou a sua passagem e seu passaporte e inconscientemente apoiou a cabeça em
meu peito.
- O que foi? – perguntei,
aproveitando que Emmett e Rosalie cobriam as visões de Alice e Jasper, e passei
o braço que segurava minha passagem e passaporte por sua cintura e aproximei
minha cabeça da dela. – Está sentindo algo? –
- Um pouco de sono. – respondeu. –
Mesmo io non querendo tomar o
calmante, madrina me obrigou a
toma-lo. – e eu dei um beijo em sua têmpora.
- Terá longas dez horas de viagem
para dormir a vontade. –
- Io sto sentindo uma espécie de paura...
–
- De que? –
- Non lo so... Credo che...
– e ela passou as mãos pelo rosto. – Non
lo so... – repetiu. – Non lo so come será
quando io voltar a mia casa. – e eu
dei um beijo em sua bochecha a fazendo sorrir.
- Você não vai estar sozinha... Não
se preocupe. – e eu beijei sua bochecha de novo e nos afastamos quando a nossa
vez chegou.
Nós passamos pelo detector de metais
e embarcamos no avião. Bella optou por ir na janela, sua passagem era para o
corredor, mas eu perguntei se ela queria ir na janela e ela foi. Alice e Jasper
e estavam nas poltronas da frente e Rose e Emmett duas poltronas atrás da
nossa. Enquanto esperávamos o final do embarque, Bella já havia se ajeitado na
poltrona, posto o seu cinto e recolado suas medalhas, anéis, brincos e cinto, e
por estarmos longe da saída de emergência ela continuou com a sua mochila em
mãos e mandou uma mensagem rapidamente para seus amigos – Lena e Jackie, bufei
ao ver seu nome quando ela enviou a mensagem - em Siena e colocou seu celular
no modo avião e se encostou na poltrona.
A aeromoça passou as instruções para
o caso de emergência e após conferir se todos estavam com os cintos o avião
decolou. Durante todo o período de decolagem eu via Bella com os olhos fechados
e respirando pela boca, a decolagem e o pouso eram as piores partes do voo eu a
entendia perfeitamente bem, e assim que o avião se estabilizou no ar, ela abriu
os olhos.
...
Uma hora depois que nós decolamos
Rosalie pediu para que eu trocasse de lugar com ela um pouco para que ela
conversasse com Bella por um instante e menos de uma hora depois eu estava
sentado em minha poltrona de tanto que o Emmett reclamou que queria dormir e
que queria a sua ursinha ao seu lado. Bella estava tranquila e não dava sinais
de que iria dormir, o avião ainda tinha as luzes acesas e ela lia um livro
calma e tranquilamente com um
pé apoiado na poltrona um pouco reclinada para trás e com o cotovelo apoiado na
janela e enrolando uma mecha do cabelo em mãos.
Já
tinha alguns meses que eu e Bella conversávamos mais pelas cartas do que frente
a frente, havia mudado um pouco recentemente, principalmente após a nossa ida
ao cinema onde mais nenhuma carta fora escrita. Mas eu podia sentir que algo a
estava incomodando, essa viagem pelo visto não estava saindo do jeito que ela
planejara. Ela virou a página do livro e eu discretamente ergui para ver a
capa, PS I Love You.
- Você está bem? - perguntei tirando o livro de suas
mãos atrás de sua atenção.
- Sì. Perché?
– respondeu me encarando.
- Porque eu sinto que algo te incomoda. -
- Non é nada. - deu de ombros.
- Está preocupada por voltar para casa? – perguntei
me referindo ao que ela havia dito na fila do detector de metais.
- Non lo so se
a preocupação é quanto a isso. – ela suspirou
e derrotada acabou falando. - É só che…
Non era para ser assim. Inglaterra,
França, Holanda, Alemanha? São desculpas para fazer compras porque io duvido
que a pessoa que inventou isso vá querer ver algum lugar histórico. -
- Então é isso. Está chateada porque vai haver
paradas antes da Itália. -
- Non. Non. Io gosto da Inglaterra, da França, Alemanha e da
Holanda. Ma è che…
Non lo so... -
- É que no momento a única coisa que você quer é a
sua casa. - terminei por ela.
- Credo che sì.
Eles non ligam para isso. Emmett e
Jasper planejam ficar assistir jogos. Alice em shopping e credo che una parte de Rosalie também... E o che diavolo io vou fazer? Ficar trancada dentro do hotel por
semanas? Io já estou trancada dentro de uma casa por quase seis meses. -
- Você não gosta de futebol? -
- Não o inglês. Nem o francês. E non conheço nenhum
time holandês, e também não quero conhecer. E io tenho certa raiva de alguns
times alemãs e alem do que... A temporada de futebol já acabou, só tem a final
da Champions agora no inicio de
junho... -
- Então faz uma lista do que quer ver e eu vou com
você. -
- E tuo
fratello? -
- Emmett não é mais nenhuma criança. -
- Ele tem a minha idade. -
- Ele sabe se cuidar. -
- Anch’io. E
io odeio o clima do Reino Unido. -
- Por quê? -
- Já esteve no Reino Unido? -
- Não. -
- Sei un ragazzo molto fortunato. -
- Por quê? -
- É pior que o de Forks. - resmungou.
- Isso é impossível. – e eu comentei rindo.
- De manhã é um frio infernal. A tarde calor de 40°.
A noite é chuva de granizo e de madrugada é chuva como se fosse acabar o mundo.
- balancei a cabeça rindo. - É horrível. -
- Então vai lá pessoa que odeia o clima britânico.
Vai lá terminar o seu livro. - entreguei o livro a ela. E ela fechou sem ao
menos marcar a página ao mesmo tempo em que as luzes do avião se apagaram e
algumas luzes em cima das poltronas começaram a se acender.
- Io non
quero ler. - resmungou.
- Então por que estava lendo? -
- Passar o tempo... A pior parte da viagem é mofar
dentro de um avião por horas. É por isso que prefiro viagem de trem. -
- Até a Alemanha será trem. - bufou.
- Per favore
distrarmi. -
- Por oito horas? - perguntei incrédulo.
- Então me dopa. -
- Sabe o que podemos fazer na Inglaterra? - preferi
distrair.
- Se jogar do Big Ben? -
- Tem vários castelos legais… -
- Buckingham. Hampton
Court. Windsor. Leeds. Warwick. Dover. Oxford. Torre de Londres. Highclere. Alnwick… -
- Já entendi. Já conhece. – a interrompi enquanto
ela listava os castelos.
- Todos os pontos interessantes io já conheço. Os da
França também, e os da Alemanha... E os da Holanda. Conheço até onde tem bolo
de haxixe. - a encarei e ela sorriu.
- Pois então mocinha, será minha guia. – falei
ignorando o fato de ela saber onde vende bolo de haxixe.
- E o que io irei ganhar com isso? -
- O que quiser. - dei de ombros.
- Vou pensar. - uma risada baixa perto de nós nos
chamou atenção, era Jasper e Alice nas poltronas a nossa frente.
- E você e Alice? - ela negou simplesmente. - Ainda
não se entenderam? -
- Ela que se afastou. Ela que está estranha, então
se alguém aqui tem que se entender com alguém, é ela, e noi io. - resmungou. - Acho que era melhor ter ficado na casa de madrina. -
- Por que? – questionei incrédulo, desde que ela
teve essa ideia ela estava tão animada para falar isso agora.
- Perché io
sto sentindo que vou me irritar… E io
sto voltando para casa depois de seis meses, a última coisa que io quero é me irritar. -
- Bella… -
- Sei lá. Talvez io esteja exagerando um pouco. Io
non posso exigir que todo mundo faça o que io quero. -
- E nem ela pode exigir que você faça o que ela
quer. É por isso que as pessoas entram em consenso. Igual a essa viagem. - e
ela riu. Não foi uma risada de alegria, iguais as que eu gostava de ouvir, era
uma risada nervosa que transbordava de sarcasmo e ironia.
- Consenso? – ela me encarou e perguntou rindo e
balançando a cabeça. - Per Dio,
Edward… Dopo tu parla che la ingênua sono
io. -
- Como é que é? – perguntei confuso sem entender
aonde ela queria chegar e nem sobre a sua repentina mudança de humor.
- Non
houve consenso. - disse parando de rir. - Alice virou para mim e falou, não
interessa para onde vamos na Itália, mas antes vamos para a Inglaterra, França
e se der Alemanha e Holanda. - ela me encarou. - Você chama isso de consenso? Perché io chamo de cala a boca e não
reclama. -
- Falou com seus padrinhos? -
- Non. Para que? Se io falasse, eles iriam cancelar
a viagem, e aí io só colocaria meus pés na minha casa de novo aos dezoito anos,
isso se mia madrina me deixasse voltar para casa aos dezoito anos. O que io
tenho minhas dúvidas. -
- Bom, eu estou bem surpreso… Você estava feliz com
essa viagem. -
- Com a viagem non… Ma perché io estou voltando para
mia casa, mesmo que seja por alguns dias. - ela encostou a cabeça no banco e
balançou a cabeça. - Ora io entendi
tudo. Alice ter me enchido a paciência por dias, semanas, querendo que io
convencesse a madrina a deixar que fizéssemos essa viagem depois que io toquei
no assunto… Estava preocupada comigo.
- bufou. - Se esse é o nível de preocupação dela, io dispenso. -
- Eu já falei que você não precisa ficar perto dela
durante a viagem. - ela virou a cabeça para me encarar.
- E tu achou mesmo que io ia ficar? Io prefiro me
jogar do Big Ben. - abri a boca para falar, porém ela me interrompeu. - Bom, se
me der licença, ainda falta muito para chegarmos, então, io vou dormir. -
- Ok. - e ela puxou de seu colo, seu celular e fones
de ouvidos, colocando-os em suas orelhas e apertando play em alguma música e fechando os olhos.
Mas
ela não dormiu, pelo menos não de imediato, ela ficou mexendo os lábios, como
se cantasse a música que escutasse. E eu não sentia sono, a verdade é que
estava bem entediado, ainda faltava cerca de sete horas e meia de viagem até chegarmos
a Londres. O que diabo eu iria fazer durante sete horas e meia?
E
o livro no colo de Bella, seu livro, me atraiu a atenção, não era um dos meus
assuntos favoritos, mas a partir do momento em que o tédio tomava conta de mim…
Devagar puxei-o de seu colo, e ela abriu um dos olhos castanhos e depois de ver
que quem pegará o livro fora eu, ela voltou a fecha-los e se aninhar na
poltrona.
Foram
cerca de quatro horas gastas lendo o livro todo. Era um livro bom, um pouco
triste, porém muito bom, agora eu entendia porque meio mundo era apaixonado por
esse livro e pelo filme de mesmo nome. Ao terminar de ler o livro, notei que
Bella ressonava tranquila ao meu lado, ela estava basicamente deitada de lado,
com as pernas em cima da poltrona, e com a cabeça apoiada em meu ombro e com os
braços enlaçados aos meus.
Devagar
para não acorda-la, tirei seus fones, onde a música ainda tocava, levei um dos
fones ao meu ouvido, para saber o que ela estava ouvindo. Não era de se
surpreender, era a mesma banda italiana e ela escutava todo santo dia, parecia
que só tinha eles em seu repertório musical.
Seu
celular estava apoiado em suas pernas, peguei-o, desligando a música, e
enrolando o fio do fone no mesmo, e o guardei dentro do bolso de dentro do meu
casaco. Deixei o livro apoiado em meu colo e fiz o mesmo que todos no avião
faziam… Dormir. Encostei minha cabeça no encosto da poltrona e fechei os olhos.
Mais quatro horas de voo.
...
Acordei
com a aeromoça me chamando calmamente avisando que o avião iria pousar e que eu
tinha que apertar os cintos e colocar a poltrona na vertical. E saiu andando
indo acordar outro. Olhei em volta e vi que as aeromoças estavam acordando os
passageiros, mais da maioria estava dormindo. Olhei para Bella para acorda-la e
ainda estava na mesma posição de quatro horas atrás, ela vai ficar com um
enorme torcicolo.
- Bella… - a chamei baixo mexendo em seus cabelos. -
Bella… - ela se mexeu.
- Altri cinque
minuti. - pediu se aconchegando mais ainda contra meu ombro.
- Já chegamos. Temos que levantar. Depois você dorme
mais no hotel. Acorda, vamos, Bela
Adormecida. - ela se afastou de mim, sentando direito na poltrona e coçando
os olhos. Coloquei nossas poltronas na vertical e apertei meu cinto.
- Senhoras e senhores passageiros. Estamos
aterrissando no aeroporto de Heathrow. Hora local 16h. Temperatura 18°. - o
piloto avisou e eu apertei o cinto de Bella.
O
avião pousou e depois de dez minutos estávamos na esteira pegando nossas malas.
Bella ainda não havia acordado direito. Nem ela e nem ninguém que estavam
conosco. Emmett quase caiu de cara na esteira quando foi buscar a mala de
Rosalie, quer dizer, eu não sabia se era devido ao sono ou porque a mala de
Rosalie estava absurdamente pesada.
Bella
vinha com apenas duas malas grandes, e ambas estavam leves, como se levasse
pouca coisa em ambas, igual a Alice, porém a diferença entre as malas de Alice
e de Bella, é que Alice queria enche-las com roupas compradas nos shoppings, e
Bella queria trazer mais roupas de sua casa.
Ajudei
a Bella a pegar as malas e ganhei em sorriso tímido em retribuição. Ela estava
cansada e provavelmente louca para dormir. O aeroporto era um pouco afastado do
centro e o hotel, Corinthia Hotel London era a meia hora andando do palácio de
Buckingham.
Depois
de todo mundo ter apanhado suas malas, saímos em direção o lado de fora do
aeroporto para pegar um táxi, não cabia todo mundo em um único táxi, e precisou
ser dividido em dois, eu e Bella fomos em um sozinho, com a maioria das malas,
já que não couberam as malas de quatro, principalmente com Rosalie e Alice
cheias de malas, em um único porta malas. Depois de quarenta minutos nós
chegamos ao hotel, eram por volta de seis e meia. Demorou mais um tempo até que
fizemos o check in e podermos ir para o quarto.
…
Quando
acordei no dia seguinte, acordei com os roncos de Emmett, que tinha um braço e
uma perna pendurados para fora da cama, o rosto quase caindo da cama e ainda
babava. Nós três estávamos dividindo um quarto. Eu perto da janela, Emmett no
meio e Jasper no canto. Levantei e vi pelo celular que eram 12h. Emmett ainda
roncava e Jasper tinha o travesseiro na cabeça, para abafar o ronco de Emmett.
As
camas de solteiro estavam postas uma ao lado da outra com um pequeno espaço de
um mesinha de cabeceira com um abajur separando uma da outra. Em frente a cama
uma escrivaninha preta e uma televisão pendurada na parede e uma poltrona ao
lado perto da janela.
Levantei
da cama e segui para o banheiro, passando antes pela minha mala pegando uma
muda de roupa e segui para tomar banho. Após pronto, saí do quarto e segui para
o quarto das meninas ao lado do meu e bati na porta algumas vezes e ninguém
atendia ou falava nada. Ouvi uma porta se abrindo atrás de mim e continuei
esperando abrirem a porta. Será que ainda estavam dormindo.
- Edward? - Bella me chamou e eu me virei, ela
estava saindo da porta em frente a minha.
- Não acredito que estava batendo na porta errada. -
- Você estava procurando por quem? -
- Você. Alice e Rosalie. -
- Pois Alice e Rosalie estão nesse quarto. -
- Você está sozinha? - assentiu. - Por quê? - deu de
ombros.
- Alice. - disse simplesmente, fechando a porta e eu
a olhei. Bella estava com um vestido branco de alças finas e que acabavam no
meio de suas coxas com um tecido transparente por cima, que terminava próximo aos
seus joelhos e tinha mangas até seus cotovelos além de gola alta, com estampa
de flores e com pequenos quadrados formando linhas na altura de seus seios,
pescoço, ombros e cotovelos, ela usava também tênis brancos e tinha uma bolsa
preta pequena pendurada no ombro e com um casaco fino amarrado nas alças de sua
bolsa e em suas mãos seus óculos de sol e seu celular.
- E cadê elas? – e deu de ombros novamente. - Vai
para onde? -
- Io ia descer para restaurante do hotel, para
comer, porque estou cheia de fome e esperar alguém aparecer. - respondeu e
segurou meu pulso para ver as horas. - E o horário de almoço vai acabar em uma
hora e meia. -
- Eu vou acordar Jasper e Emmett. Vai descendo e
espera por nós lá? - assentiu e guardou o cartão na bolsa e seguiu para o elevador,
apertando o botão, enquanto eu voltava para o quarto.
Jasper
já havia acordado, mal humorado, devido aos roncos de Emmett, perguntei se ele
sabia para onde Alice e Rosalie tinham ido e ele deu de ombros enquanto entrava
no banheiro. Enquanto Jasper tomava banho, eu acordei Emmett, que pedia para
dormir mais, entretanto foi apenas eu falar que era para comer e ele
prontamente acordou e quase arrancou Jasper do banheiro, pelado.
Os
dois tomaram banho e se vestiram e nós saímos do quarto indo para o restaurante
do hotel. Bella esperava por nós no Massimo
Restaurant & Bar, não era de se estranhar em ela ter ido para o
restaurante italiano. Bella estava sentada, na cadeira próxima a janela,
mexendo no telefone com um copo, com um líquido preto, com gelo e rodelas de
limão dentro e mais ao lado uma lata de Coca cola.
- Bom dia. - Emmett disse se sentando.
- Boa tarde. - Bella corrigi-o.
- Estou no horário americano. - resmungou Emmett.
- Alice e Rosalie? -
- Shopping. – respondeu Bella.
- Já? - Jasper perguntou.
- Sì. E ela pediu para avisar que é para os dois
irem para lá, porque elas precisam de ajuda com as sacolas. -
- Mas eu não vou mesmo. Depois que acabar de comer,
eu vou voltar a dormir, não vim para cá para ficar carregando sacolas em
shopping. - Emmett reclamou e um garçom veio pegar nossos pedidos.
Bella
ficou no celular até a hora que nossos pratos chegaram e só aí ela bloqueou o
telefone e o colocou ao lado do prato, mas volta e meia ele ficava vibrando.
Não era Alice ou Rosalie, eram mensagens de três pessoas diferentes, Lena,
Jacob e uma tal de Julie.
Após
Emmett e Jasper terminarem de comer, os dois voltaram para o quarto para voltar
a dormir e Bella ficou na mesa, até porque ela havia pedido sobremesa, e
enquanto esperava ficava digitando no celular.
- Então. - comecei pegando meu corpo de coca cola e
bebendo um gole. - Vai fazer o que? -
- Depende. -
- De? - ela me encarou.
- Tu não disse que io ia ser sua guia? Aonde quer
ir? -
- Quem é Julie? – retruquei mudando de assunto.
Jacob e Lena eu sabia quem era, mas Julie era um completo mistério.
- Lendo mensagens alheias é, senhor Cullen? -
brincou digitando algo em seu celular. - É a freira da minha antiga escola. -
- Você mantém contado com a freira da sua escola? -
- E com o padre também. Mas ele está em uma espécie
de convenção de padres e está sem celular. Segundo a Julie. - ela repousou o
telefone na mesa. - Então. Onde quer ir? -
- O que sugere? -
- Depende. Lado turista tipo Alice e Rosalie? Lado
turista tipo Emmett e Jasper? Ou meu lado turista? -
- O de Rosalie e Alice são shoppings, então não. O
de Emmett e Jasper é a cama? - ela sorriu.
- Não. Esportes. -
- Acho que não. Hoje não. E qual é o seu lado
turístico? -
- Lado histórico e literário. -
- O que sugere? -
- Parque Saint James, Palácio de Buckingham, Abadia
de Westminster, Parlamento Inglês, Big Ben, pegar um bote para atravessar o
Tâmisa e terminar na London Eye. Domani
podemos ir no Hampton Court, na Tower London, London Bridge. - sugeriu. - E
você querendo ou non, io vou no Stonehenge, meus pais nunca me levaram, dessa
vez io vou. E a Glastonbury também. -
- Também sempre quis conhecer Stonehenge e lugares
da lenda Arturiana, mas ambos são longe de onde estamos. -
- Conhece uma coisa chamada trem? - rebateu sorrindo
e eu a olhei feio a fazendo rir. - E não é longe. Stonehenge é a uma hora de
viagem e Glastonbury em duas. -
- Então porque nunca foi com seus pais? -
- Imprevistos. A primeira vez choveu muito, no
verão. Choveu muito, muito, muito mesmo. E na segunda vez, foi durante o GP de
Silverstone, e aconteceu um acidente feio com um dos pilotos antes do terceiro
treino e meu pai precisou dar meia volta e arrumar um novo piloto e carro. -
explicou. - Mas dessa vez io vou. - resmungou e eu ri. - Ah, podemos ir na
Escócia? -
- Quer ir a Dublin também não? -
- Non da pra ir de trem, tem que ir de avião. Melhor
non. - comentou e eu ri. - Bom, vou ao banheiro e já partimos. - disse se
levantando.
- Eu te espero na recepção do hotel.
–
- Ok. – e para a minha surpresa
antes de ela se afastar, ela me deu um beijo rápido e saiu do restaurante com
as bochechas coradas e eu ainda fiquei ali parado cerca de dois minutos com um
sorriso besta nos lábios antes de finalmente deixar a mesa e seguir até o meu
quarto. Finalmente eu iria poder fazer um tempo com a Bella sem precisar
esconder o que eu sinto por ela ou sem correr o risco de alguém ver.
Finalmente.
Vocabulário.
* Perché – Porque/ por quê/ porquê/ por que?
* Va tutto bene – Está tudo bem.
* Io sto bene – Eu estou bem.
* Perdono – Desculpa.
* Anch’io – Eu também.
* Buono – Bom...
* Oui - Sim em francês.
* Chi è l’amore della mamma? – Quem
é o amor da mamãe?
* Pioggia – chuva.
* Ma è estate – Mas é verão.
* Andiamo – Vamos.
* Vieni – Vem.
* Che? – Que?
* Va bene – Tudo bem.
* Non lo so – Eu não sei.
* Domani – Amanhã.
* Contare fino a dieci e sii contenta
che tu non avessi un’arma. – Conte até dez e fique feliz por você nao ter
uma arma.
* Io sto – Eu estou.
* Paura – medo.
* Credo che – Acredito que...
* Non lo so come – Não sei
como...
* Che diavolo - Que diabo?
* E tuo fratello? – E teu irmão?
* Sei um ragazzo molto fortunato – Você é um cara muito sortudo.
* Per favore distrarmi – Por favor, me distraia.
* Dopo tu parla che la – Depois você fala que a...
* Sono io. – Sou eu.
* Altri cinque minuti – Mais cinco
minutos.