domingo, 17 de abril de 2022

Capítulo 18.

                                                                      Tulsa – Oklahoma.

2019.

Bella.

Alguns dias haviam se passado e minhas coxas estavam bem melhores, não havia criado bolhas e hidratando bem também não tinha ficado vermelho por muito mais tempo, mas mesmo assim eu evitava tomar banho com água quente ou sentir o calor naquelas partes, parecia que quando o calor tocava nas minhas coxas parecia que a dor voltava um pouco. E antes de eu sair de casa, com roupas que não envolviam as minhas coxas, como saias e vestidos, eu enchia de protetor solar até quase formar uma camada bem grossa e bem branca.

Após dois dias com Alice e Bree tomando conta da minha loja eu finalmente consegui voltar a frente dela e infelizmente Leah tinha ido junto, eu havia conseguido fazer minha mãe aceitar o meu relacionamento com Edward bem fácil, fácil até demais, mas não tinha conseguido fazer minha mãe mudar de ideia quanto a minha prima trabalhar comigo.

Leah não me ajudava com nada. Ficava sentada o dia inteiro mexendo no telefone e quando minha mãe aparecia lá para ver como ela estava indo no trabalho, ela falava como se fosse ela que havia vendido tudo e eu só sabia revirar os olhos. Eu tinha provas de que ela não fazia nada o dia inteiro, as câmeras da loja gravavam tudo a todo o minuto, mas eu simplesmente não queria perder o meu tempo com isso.

- Ah tia, mas isso aqui é muito bom. O cheiro dessa loja é uma mistura magnifica de tantos odores e... – ela falava com a minha mãe mexendo os braços e acabou derrubando o arranjo que eu estava montando, quebrando o vaso caro que eu tinha a minha frente e causando uma pequena onda, com a água que já estava dentro dele, por toda a minha bancada, molhando não apenas as plantas que eu tinha ali em cima, como alguns papéis, notas fiscais e principalmente o meu telefone, na verdade, a água caiu toda em cima do meu telefone primeiro, que desligou no mesmo segundo.

- Mas que merda! – gritei olhando a minha bancada molhada e com vidro quebrado. – Presta atenção Leah! –

- Foi um acidente, não é para tanto Isabella. – minha mãe me repreendeu enquanto eu tentava secar o meu celular.

- Um acidente? – retruquei. – As pessoas falam com a boca e não com os braços. – reclamei indo para o meu depósito e tentando tirar todas as partes que saiam do meu celular, que eram poucas, já que a bateria não era removível.

Ignorando minha mãe e Leah na frente da loja, saí pela porta do depósito indo até a pequena venda que tinha ali na mesma rua e comprando um saco de arroz. Eu já tinha conseguido recuperar um celular desse jeito e esperava conseguir recuperar esse também. Com o saco pequeno de arroz em mãos, eu voltei para a loja e catando um vaso de plástico, sem fundo e bem limpo e derramei o arroz lá dentro e enterrei meu celular no meio daquele arroz.

Calma Isabella, não são nem uma da tarde ainda e você está quase tendo um infarto. Demorei mais alguns segundos respirando fundo e tentando me acalmar antes de voltar para a frente da loja. Minha mãe ainda estava ali com a Leah e as duas conversam como se nada tivesse acontecido e sem limpar a bagunça. Para não correr o risco de me cortar ou de alguém se cortar com os cacos do vaso, peguei algumas folhas de jornal velhas que estavam debaixo do balcão e com a ponta dos dedos, eu fui pegando caco por caco, dando uma sacudida para tirar o excesso de água e colocava em cima das folhas de jornal, após colocar ali todos os cacos e o resto do vaso quebrado e fechei bem o jornal antes de jogar no lixo do depósito e voltar com um pano para secar a bancada.

Em momento algum as duas se ofereceram para me ajudar, na verdade fingiam que nada tinha acontecido e continuavam a falar. Tirando os papéis que estavam ali e colocando na bancada seca ao lado para que eu tentasse recupera-los, eu fui secando devagar para não correr o risco de me cortar com algum caquinho que tenha restado.

- Bella? – ouvi uma voz masculina me chamando.

- O que é? – perguntei irritada.

- Que houve? – respirei fundo e ao levantar a cabeça vi Jasper ali.

- Ah é você! Desculpa. Não estou de bom humor. O que deseja? – perguntei quando ele se aproximou e eu simplesmente ignorava minha mãe.

- Alice está te ligando e seu telefone só dava caixa postal. Ela pediu para eu vir aqui! –

- Pediu? – perguntei com a sobrancelha arqueada e ele riu assentindo.

- Ela mandou eu vir aqui te buscar para almoçarmos juntos. –

- Com licença... – minha mãe se fez presente. – Bella eu vim te chamar para almoçar conosco, eu fiz um almoço especial para Leah comemorar a primeira semana de trabalho dela! – comentou acariciando os cabelos escuros de Leah. -  E quem é você? – perguntou olhando para Jasper e de início ela parecia um pouco sobressaltada ao vê-lo ali.

- Jasper Hale, muito... – ele se virou para minha mãe e sua sobrancelha também arqueou. – Ah senhora é a mãe da Bella? Sou namorado da Alice! – se apresentou.

- Oh, não sabia que a Alice estava namorando. –

- É recente! – ele deu de ombros. Tão recente que nem eu sabia disso.

- E como sabe que sou a mãe da Bella? –

- Ela se parece com a senhora! E eu já vi uma foto onde a senhora está presente na casa da Alice. – provavelmente se referiu a foto que Alice tinha com a sua mãe, eu e a minha quando éramos crianças.

- Ah... Bom, mas diga a Alice que a Bella vai almoçar com a família hoje e... –

- Dê-me só cinco minutos Jasper, que eu só vou ao banheiro e já volto. – cortei minha mãe.

- Que? –

- Eu vou almoçar com a minha amiga, mãe! – disse simplesmente. – A senhora pode desfrutar desse maravilho almoço especial para Leah só com ela. – com o pano enxarcado em mãos eu segui para o depósito. Eu tinha noção de que eu poderia estar sendo infantil, mas eu estava com raiva e não queria ficar perto de Leah pelo menos até o final do dia. Torci o pano na pia do banheiro e estendi na janela para que secasse e após lavar minhas mãos, saí do banheiro trancando a porta do depósito e deixando meu celular ainda enterrado no arroz. As pessoas falaram para ficar lá durante vinte e quatro horas.

- Isabella espero que não esteja falando sério quando disse que vai fazer essa desfeita para a sua prima. –

- Falei sério sim! Quero ficar com a minha amiga e quando você está com ela. – apontei para Leah. – Eu não existo. –

- Antes de ir, priminha, não se esqueça do meu pagamento! – Leah me impediu de sair e eu voltei-me a Jasper.

– Espera um minuto, por favor. – pedi e ele assentiu. Eu destranquei a gaveta que tinha na minha bancada e peguei um talão de cheques que eu tinha ali e uma calculadora, com a conta feita, eu anotei o valor no cheque e ao destaca-lo, entreguei a ela, guardando o talão e trancando a chave, que eu levava comigo, até porque eu não era besta. – Aqui está! – respondi entregando o cheque a ela e guardei a chave da minha gaveta dentro da bolsa que iria comigo.

- Ah... Mas não foi esse preço combinado. Está faltando quase quinhentos dólares. – comentou.

- Eu sei! Foi o vaso que você quebrou! – respondi. – E a sua sorte é que eu não descontei o possível conserto ou o possível celular novo que terei que comprar! –

- Isabella. Foi um acidente! – minha mãe tentou defende-la.

- E a senhora sabe, melhor do que ninguém, que sendo um acidente ou proposital, o prejuízo sempre é descontado do salário. Fim da história. – comentei caminhando na direção da porta, onde Jasper já me esperava. - Agora, por favor. Eu tenho que ir almoçar. –

- Decepcionada! – minha mãe cuspiu ao sair da loja.

- A senhora não é a única! – respondi fechando a porta e ela simplesmente saiu emburrada e pisando firme na rua arrastando a minha prima.

- E nesses cinco minutos eu identifiquei cerca de dez pontos do questionário. – Jasper comentou cruzando os braços e vendo as duas se afastando cada vez mais.

- Qual questionário? –

- Da mãe narcisista! – respondeu. – E... Sua mãe passou no teste, e isso não é nada bom! –

- Eu sei! Vamos. –

Eu e Jasper seguimos o caminho oposto do caminho que minha mãe seguiu com Leah. Nós fomos para a Sue’s, onde uma Alice impaciente já nos aguardava e eu obviamente tive que contar tudo nos mínimos detalhes para que ela sossegasse e se aquietasse, contudo, a vontade que ela sentia de bater em Leah só aumentava, segundo ela, e ela não era a única!

Leah não havia voltado para a loja para o final do expediente e eu realmente preferia assim. Na verdade eu preferia apenas que ela se demitisse, mas acredito que já era pedir demais, contudo estava disposta a fazer com que ela deixasse a minha loja! Ao chegar em casa à noite, não tinha ninguém lá dessa vez, e não tinha mensagem nenhuma de minha mãe. Ela estava com raiva, mas não havia sido ela quem tinha ficado no prejuízo pelo vaso quebrando e se eu teria que comprar outro, bom, a pessoa que o quebrou que bancasse o gasto.

Apenas na noite do segundo dia após o incidente que minha mãe veio falar comigo de novo, quando eu cheguei em casa, lá estava ela, dessa vez sozinha, e preparando o jantar. Deixei-a sozinha por um momento para que pudesse tomar um banho e me preparar psicologicamente para a conversa, contudo antes de descer eu queria falar com o Edward, eu tinha conseguido recuperar o meu celular deixando-o vinte e quatro horas enterrado no arroz, e já tinha dois dias que ele não me ligava, e tinha apenas mandado uma mensagem ontem, falando que estava atolado e todo enrolado com os problemas de seu pandemônio, e quando respondi a mensagem, a mesma não havia sido entregue ao seu WhatsApp. Sentei-me na cama com o telefone na mão, com a nossa conversa aberta e até a agora a mensagem não havia chegado. Eu odiava ser grudenta e insistente, mas eu queria pelo menos ouvir a voz dele antes de ter que ir conversar com a minha mãe. Disquei seu número deu três toques e a ligação foi para a caixa postal. Suspirando, contentei-me apenas com uma mensagem, e torcia para que ele ligasse a internet logo.

Deixei meu celular carregando e desci para encarar a minha mãe. Ao chegar na cozinha eu sentia um cheiro amargo tomando conta do ar, um cheiro que fazia o meu nariz doer um pouco, e antes de qualquer coisa abri todas as janelas perto para tentar afastar aquele cheiro.

- O que deseja mãe? – questionei me sentando na bancada. – Já que demorou quase dois dias para que a senhora se lembrasse da sua filha! –

- Eu estava alterada, Isabella, não podia esperar outro comportamento. – rebateu jogando um pouco de salsinha picada dentro de uma enorme panela. – E não pense que eu vou pedir desculpas. Ridículo ter descontando quase quinhentos reais do salário da sua prima. –

- Aquele vaso, dona Renée, custa quinhentos reais. Por que eu teria que arcar com um prejuízo causado por ela. Sendo que, por mim, ela nem trabalhando ali ela estava?! –

- Por que ela é sua prima! –

- Não tem nem um mês que eu a conheço, não pode exigir que eu a trate como se a conhecesse a vida inteira. Até porque, se eu não a conheço a mais tempo, a culpa é toda da senhora! –

- Não deveria falar uma coisa dessas. Eu sempre dei mais atenção a você do que a ela! – resmungou aumentando o tom de voz.

- Eu sou sua filha! Sua única filha. Era o mínimo, não? –

- Eu não vim aqui discutir com você! Eu vim aqui me entender com você... –

- Veio se entender comigo, mas acha que o que eu fiz foi errado, e não veio me pedir desculpas. Como pode querer se entender comigo? –

- Já disse. Não vim para brigar. Portanto, vamos ignorar o que aconteceu aquele dia e focar no de hoje em diante... Você disse que estava namorando. Cadê ele? Ou ele não quer a minha permissão? –

- Permissão? – repeti. – Eu tenho quase trinta anos! –

- Eu disse benção. Deus, Isabella, eu tenho que te levar em um otorrino? Está ficando surda! – bufou. – Anda... Onde este homem está? – questionou e eu respirei fundo.

- Viajando! Ele teve que viajar a trabalho, está em Londres. Deve chegar na próxima semana. – expliquei. – Mas ele disse que sim, quando ele voltar, ele quer que eu marque um jantar com a senhora. Assim que ele chegar eu marco a data certinha. – respondi quando ela colocou um prato com o meu jantar na minha frente, já que ela insistia sempre em por as minhas refeições e junto ao meu prato colocou um copo grande e cheio de limonada. – Obrigada. – agradeci quando ela se sentou do outro lado da bancada com um prato para ela também.

Minha mãe não falou mais nada enquanto comíamos, e na primeira garfada eu senti que a comida tinha um gosto diferente, um gosto que eu não sabia identificar o que tinha sido, talvez algum tempero novo que ela tinha comprado e usado, e eu simplesmente não tinha gostado, contudo para evitar mais dor de cabeça com ela, resolvi não falar nada e comer mais um pouco. Ao terminar o jantar, eu me ofereci para lavar a louça, achando que assim minha mãe iria embora, contudo, ela decidiu que iria passar a noite aqui em casa e para evitar brigas eu concordei.

Os três dias seguintes foram bem estranhos, meu celular simplesmente pifou enquanto eu dormia, desligou e não queria mais ligar e ao levar para consertar veio a notícia de que não teria mais conserto, eu teria que comprar outro. Não tive opção a não ser deixar Leah cuidando da loja por algumas horas enquanto ia comprar um telefone novo, eu simplesmente não podia ficar sem ele, meu trabalho dependia do mesmo.

Com telefone novo e fazendo o backup para recuperar os dados da conta que estava salva no outro telefone eu voltei para o meu trabalho. Agora, minha mãe insistia em preparar todas as minhas refeições, contudo não reclamava mais caso eu fosse almoçar com a Alice. Agora, todas as refeições de minha mãe tinham o mesmo gosto estranho daquele tempero que ela usava, mesmo eu falando que era ruim, ela insistia que eu apenas não tinha me acostumado com ele, mas até os sucos, cafés e chás que ela me dava, parecia que tinha aquele gosto horrível.

Já tinha se passado quase três semanas desde que minha mãe meio que tinha voltado a morar comigo, na verdade, ela apenas passava a noite e no dia seguinte iria embora. Pelo menos era isso o que ela tinha dito. sábado pela manhã, antes de ir para a minha loja, eu fiquei tomando o meu café com gosto estranho, mas que eu provavelmente já estava me acostumando a ele, na varanda do meu jardim, enquanto esperava o meu horário de ir para o trabalho, quando um ponto do meu jardim me chamou a atenção, próximo a varanda da minha casa tinha um pedaço de terra revirada, como se algo tivesse sido plantado ali e sido arrancado de mal jeito.

- Mãe? – eu a chamei e ela se aproximou com um bule despejando mais café em minha xícara.

- Sim, filha? –

- Tinha alguma planta aqui e eu não estou lembrada? – perguntei e ela deu de ombros.

- Era uma planta que acabou secando e morrendo, nada demais. Iria repor antes que visse, mas pelo visto! –

- Hum... Amanhã eu cuido disso. Vou trabalhar. – respondi bebendo o resto do meu café e dando um beijo na bochecha de minha mãe.

O mais bizarro que estava acontecendo em minha loja era que de repente algumas plantas simplesmente morriam, sem motivo algum, e todas do mesmo jeito. Congelando, mesmo estando no ápice do verão. Ao chegar na loja notei mais um vaso de plantas estava simplesmente congelado, Leah já estava lá, minha mãe havia surrupiado uma chave e feito uma cópia para ela, o que havia me irritado bastante, mas eu sentia que não iria adiantar eu tomar a chave dela, minha mãe provavelmente teria outras escondidas em casa.

Eu já tinha procurado em tudo em quanto é canto e não havia achado ainda um motivo para as minhas plantas congelarem, simplesmente não tinha motivos para isso acontecer, mas aconteciam! Peguei o vasinho de plantas congelada e segui para os fundos da loja para que pudesse tentar salvar essa pequena muda de antúrio enquanto Leah cuidava da frente de loja. Coloquei o vaso em cima da bancada, jogando minha bolsa ao lado junto com a minha garrafinha de limonada que minha mãe havia me dado antes de sair de casa.

- Oi. – eu ouvi uma voz masculina e de veludo vindo bem de perto de mim. Eu virei o rosto encontrando um homem muito bonito parado há alguns passos atrás de mim, com um belo sorriso no rosto.

- Como o senhor entrou aqui? – perguntei e ele piscou os belos olhos verdes.

- Engraçadinha... Eu sei que fiquei mais do que havia prometido fora, mas não é para tanto. – eu ergui minha sobrancelha sem entender nada. – E eu te liguei algumas vezes e a ligação não completava. Mudou de número? -

- Do que o senhor está falando? Quem é você? – perguntei.

- Isabella. Você... Você bateu a cabeça ou o que? Eu sou o Edward... Seu namorado! –

- Meu namorado? – perguntei rindo. – O senhor deve estar me confundindo com alguém. Eu não tenho namorado e eu nunca lhe vi na minha vida! – rebati rindo, mas com uma risada de nervoso, pensando se eu teria tempo de gritar e se Leah viria me ajudar, sendo que ela tinha liberado a entrada desse estranho. – Olha, o senhor deve estar me confundindo com outra Isabella, então, eu peço gentilmente, para que o senhor saía. – pedi.

- Edward. – outra voz masculina apareceu no depósito dessa vez, era Jasper.

- Vocês se conhecem? – perguntei confusa.

- Sabe quem é ele? – o homem ruivo perguntou.

- Óbvio. Ele é o namorado da minha amiga! – eu não sei o que tinha dito, mas ele olhou na direção da mesa, eu não sei o que ele tinha visto ali, mas vi um brilho de raiva aparecer em seus olhos.

- Entendi. – respondeu entre os dentes.

- Cara vem... Vamos conversar lá fora. Depois eu falo com você, Bella. – ele puxou o tal conhecido para fora da loja. – Elas não lembram de nada! – ouvi Jasper comentar baixo quando eu também tinha resolvido sair do depósito. – Ela está fazendo de novo! O que vai fazer? –

- Eu já a perdi uma vez, Jasper! Não vou perder de novo! – parada atrás do balcão. Eu tinha ouvido o que tal de Edward tinha dito enquanto me encarava, e eu continuava sem entender absolutamente nada. De onde esse homem tirou que eu namorava ele? Eu nunca o tinha visto.

Jasper levou o estranho embora e eu tratei de voltar ao meu trabalho. Ele com toda a certeza me confundiu com outra pessoa, não precisava ficar pensando nisso, não valeria a pena. Quando a hora do final do meu expediente acabou eu fui para casa, após ter terminado de arrumar o meu depósito que tinha ficado completamente bagunçado, principalmente após Leah ter “arrumado”. Ao chegar em casa, minha mãe estava preparando o jantar, eu já tinha acostumado o meu nariz com aquele bendito “tempero grego” que minha mãe usava, eu continuava achando o cheiro ruim e o gosto também, mas havia me acostumado a ele.

- Oi minha filha. – ela me recebeu na cozinha com um copo grande de suco esbranquiçado, toda hora ela me dava um chá ou suco de maçã.

- Oi mãe. – eu dei um beijo em sua bochecha antes de beber o suco de maçã.

- Como foi seu dia de trabalho? – perguntou voltando para o fogão.

- Bom. Até algo bizarro ter acontecido... –

- Tipo o que? –

- Um cara chegou lá na loja... –

Fica quieta! – eu fui interrompida por uma voz grossa e furiosa que soava alto em meus ouvidos.

- Que? – perguntei olhando em volta e procurando quem havia sido o homem que havia dito aquilo.

- Que o que? – minha mãe perguntou me encarando.

- A televisão está ligada? –

- Não. A programação está tão ruim que eu nem perco mais o meu tempo. Por quê? –

- Eu acho que ouvi uma... –

Cala a boca, Isabella! – dessa vez a voz grossa e pronunciando meu nome junto. – Não fala nada! –

 

Ouviu o que, filha? –

Não fale nada! – a voz mandou de novo.

- Nada. Achei que tivesse escutado a televisão ligada. Apenas isso. – dei de ombros.

- Então... Um cara chegou na sua loja e... – instigou ela a continuar falando o que eu havia iniciado.

- E perguntou se ali era uma loja de sorvete. – menti e ela me encarou sem acreditar muito. – Mãe o jantar ainda vai demorar, gostaria de tomar um banho. Estou bem casada e ainda arrumei o depósito hoje. –

- Na verdade, já está pronto. – respondeu apanhando dois pratos no armário.

Mamãe serviu o nosso jantar e me entregou os dois pratos para que eu colocasse na mesa e veio logo atrás com dois copos de suco. Minha mãe ficava falando diversas coisas aleatórias enquanto jantávamos e minha mente vagava pensando naquela bendita voz grossa e raivosa que havia soado, possivelmente apenas na minha cabeça. Ao terminar o jantar e de eu tê-la ajudado a limpar a cozinha, eu subi para o meu quarto, não antes dela me entregar uma xícara de chá de maça. Repousei a xícara na minha mesinha de cabeceira e tratei de ir tomar um banho.

Ao voltar do banheiro, me troquei e sentei na cama. Eu peguei meu telefone para digitar uma mensagem a Alice, eu tinha me esquecido de falar com ela do que havia acontecido hoje mais cedo. Mandei uma mensagem contando do desconhecido que havia dito que eu era namorada dele e que esse homem era amigo de Jasper. Ela não me respondeu, deveria estar com o namorado, guardei meu telefone e peguei a xícara para beber o meu chá para que pudesse dormir, e ao levar a xícara aos lábios a voz que eu tinha escutado mais cedo voltou mais alta e com mais raiva soando em meu ouvido.

NÃO BEBE ISSO! – eu havia me assustado com a voz e quase derrubado o chá em cima de mim. – PARE DE BEBER ISSO IMEDIATAMENTE. – mais uma vez, sem entender, eu obedeci a voz e deixei o chá de lado. Eu não sabia porque não tinha falado para minha mãe sobre a voz que tinha ouvido, na verdade sabia sim, ela iria me trancar em um hospício porque não havia outra explicação para eu estar ouvindo vozes, e pior ainda obedecendo. – JOGUE ESSE CHÁ FORA! – eu não me mexi. – AGORA! – a voz berrou em meu ouvido que havia me deixado um pouco zonza, mas me levantei e joguei o chá na pia do banheiro e voltei para a cama.

- Agora me deixa em paz! – falei ríspida para a voz que estava me atormentando.

- O que foi minha filha? – eu dei um pulo na cama ao ouvir minha mãe entrando no quarto.

- Nada mãe! O que deseja? – perguntei.

- Vim pegar a xícara. Bebeu o chá todo? –

MINTA! –

- Bebi. Estava mais docinho do que o da manhã. – menti.

- Que bom, meu amor. – ela afagou minha bochecha e beijou-me a testa. – Boa noite. –

- Boa noite mãe. – ela saiu do quarto, apagando a luz ao sair, deixando o mesmo iluminado pelo abajur que tinha na minha mesinha de cabeceira.

- Vai me deixar em paz? – questionei a voz e esperei um pouco, não havia vindo nenhuma resposta e eu tratei de ir dormir.

Eu não sabia a quanto tempo eu tinha dormido, mas um tempo depois eu despertei ouvindo uma voz grossa me chamando, uma voz masculina, grossa, porém gentil, de alguma forma ela me parecia familiar, mas eu não sabia de onde ela era familiar.

- Bella... Bella... – eu abri meus olhos para tentar identificar de onde vinha a voz. Eu ainda estava deitada na cama e tudo parecia estar coberto por uma névoa densa, sendo que a única coisa que eu conseguia ver era uma luz esbranquiçada. – Vem aqui filha. -

- Filha? – perguntei confusa saindo da cama.

- Venha, minha filha... – eu fui seguindo a voz até sair da nevoa e parar em frente a uma luz muito forte e branca, que me cegava e eu precisava levantar meu braço para encobrir um pouco a luz que machucava meus olhos.

- Quem é você? – questionei sem descobrir meus olhos.

- Seu pai! – respondeu rindo.

- Meu pai morreu quando eu era um bebê... –

- Sua mãe não é a pessoa mais verdadeira desse mundo, filha, isso eu posso te garantir. – ele riu de novo. – E ela está te drogando. –

- Como? –

- Com a comida, com os sucos e chás que ela te dá! Ela está fazendo você esquecer de tudo de novo! –

- De novo? – questionei sem entender nada.

- É. Ela já fez isso antes. E eu não consegui impedir. – suspirei. – Pare de beber e comer o que sua mãe lhe dá, em dois dias suas memorias vão voltar. E diga o mesmo para a sua amiga! -

- Mas... Por que ela está fazendo isso? –

- Porque ela quer você apenas para ela. Ela não quer te perder de novo, sendo que não foi só ela quem te perdeu, mas ela vive agindo como se apenas ela tivesse sofrido. – ele suspirou de novo. – Você tem o direito de saber sobre as coisas estranhas que está acontecendo com você, sobre os seus sonhos e... –

- Você sabe sobre os meus sonhos? –

- Sim. –

- Sabe o que eles significam? O que eles significam?! – perguntei quase gritando e tirando o braço da frente do meu rosto e sentindo meus olhos queimarem. – Por que não me amostra o seu rosto? – questionei sentindo algumas lágrimas escorrerem dos meus olhos.

- Eu queria poder me revelar, mas você ainda não está pronta para isso! E Sim. Eu sei sobre o que seus sonhos significam. Mas não sou eu quem tem que lhe contar. Faça o que eu mandei. Pare de beber e comer o que sua mãe lhe oferecer e pergunte a sua mãe sobre seus sonhos, caso ela não responda, e ela não irá responder, você vai saber a quem você tem que perguntar! Agora eu tenho que ir. Quando você estiver pronta, eu vou aparecer para você! – conforme ele foi falando eu sentia que a claridade ia diminuindo, se tornando cada vez mais fraca. – Ah e a propósito... – a luz voltou a ficar um pouco mais forte. – Cuidado com a sua prima. Seth é inofensivo, mas Leah não! – ele terminou de falar e a luz sumiu completamente.

- Espera. Eu preciso de respostar! Eu quero respostar! –

- Bella... – uma voz feminina soou ao longe e eu senti algo me sacudindo e eu dei um pulo na cama, ao acordar percebi que eu estava deitada na minha cama, com uma minha mãe perto de mim, me olhando amorosamente e com uma xicara de porcelana em mãos e eu pude sentir o cheiro ruim do chá de maçã. – Bom dia, meu amor. Trouxe um chá para começar bem o dia. – ela empurrou a xícara na minha direção.

Não bebe! – a voz do meu sonho soou na minha cabeça de novo ao mesmo tempo em que ela empurrou a xícara na minha direção e como em um movimento involuntário eu empurrei o braço dela para longe, fazendo a xícara tombar contra o chão e quebrar.

- Isabella! – ela gritou comigo.

domingo, 3 de abril de 2022

Capítulo 17


 Tulsa – Oklahoma.

2019.

Bella.

Eu me virei para onde minha mãe olhava e vi que ela estava olhando para o pequeno prato de porcelana branca em cima da minha bancada que tinha metade de uma romã quase que comida completamente. Ela olhava para aquela fruta com uma mistura de nojo e ódio e ao olhar para os meus primos que se entreolharam e eu via um olhar de diversão nos olhos de Leah.

- Isabella, que merda e essa aqui? – minha mãe atraiu a minha atenção de novo.

- Uma fruta! – respondi simplesmente caminhando até o balcão. – Uma romã, apenas isso! –

- E você comeu isso? – perguntou indignada.

- Comi, mãe? Por quê? – questionei me sentando no meu lugar.

- Não come essa merda. – ela deu uma tapa na minha mão ao mesmo em que eu tentei levar uma das sementes a boca.

- Mal qual é o seu problema? –

- Eu não quero que você coma essa merda. – ela arrancou o prato da minha mãe e jogou a fruta e o prato todo no lixo. – Quer me matar de desgosto de novo? – ela me encarou com os olhos cheios de água.

- O que? Como eu posso matar a senhora de desgosto comendo uma simples fruta? E como assim de novo? Em algum momento eu causei desgosto na senhora? –

- Eu não quero te ver comendo isso de novo. Vamos embora! – ela saiu da loja puxando Leah e Seth e eu fiquei parada sem entender nada. Meu telefone tocou e eu o atendi sem nem olhar quem estava me ligando.

- Alô. –

Amor?! – a voz de Edward fez meus olhos desviarem da porta, eu tirei um pouco o telefone do ouvido e vi a foto de Edward estampando a tela do telefone. – Amor? Está tudo bem? –

 

- Oi. Oi. Está. Acho que sim... Acabou de acontecer algo completamente bizarro, mas está tudo bem. –

O que houve? –

- Minha mãe acabou de chegar do nada, e trouxe dois primos que eu nunca soube sequer da existência. – expliquei. – Está me obrigando a contratar a minha prima para trabalhar comigo, ou eu demito a Bree ou pago salário para as duas. – contei bufando. – E... E do nada ela surtou porque me viu comendo uma romã. Parecia que eu estava comendo merda ou veneno. Jogou a fruta e o meu prato no lixo e perguntou se eu queria mata-la de desgosto de novo. Ao perguntar se já tinha feito isso antes, ela simplesmente pegou os meus primos e foi embora... Acho que não sou eu quem está enlouquecendo e sim a minha mãe. – dei de ombros.

Pode ser o jet lag. – claro, pensei mentalmente ao suspirar.

- E como você está? – questionei mudando de assunto.

- Poderia estar melhor, mas o caos está completamente instalado aqui. Não se preocupe, vou tentar manter a minha promessa de voltar em até duas semanas. – comentou e eu balancei a cabeça sorrindo.

- Vou esperar então... Eu vou tentar conversar com ela hoje, se ela não estiver surtada ainda. – comentei. – Caso eu não entre mais em contato com você é porque ela me matou. – brinquei.

Nossa, Bella, tão engraçado. – ironizou e eu ri. – Se quiser esperar eu voltar. –

- Não, amor, não precisa. Eu preciso tomar vergonha na cara e enfrentar a minha mãe sozinha. – suspirei. – Será difícil, porque eu conheço a mãe que eu tenho, mas tá na hora. – comentei e ouvi o sininho da porta anunciando que tinha gente chegando. – Eu preciso ir trabalhar. Falo com você depois. –

Tudo bem. Pode me ligar a hora que quiser. Eu te amo. –

 

Também te amo. – desliguei o telefone e tratei de ir atender o cliente que tinha entrado na loja.

Quando o meu horário de trabalho acabou eu segui para a minha casa e não foi nenhuma surpresa para mim minha mãe já estar lá dentro com meus primos. Eu tinha que mudar a fechadura para acabar com essa folga da minha mãe. Entrei em casa e vi que meus primos estavam mais a vontade do que deveriam, principalmente Leah que olhava para tudo com o nariz torcido principalmente para as plantas. Cumprimentei minha mãe por alto e segui meu caminho para o meu quarto para que pudesse tomar um banho para tentar relaxar, mas eu sabia que seria impossível. De banho tomado, desci de novo e encontrei minha mãe com a sobrinha rindo na cozinha.

- Bella, que garrafa de vinho é essa no seu armário? – minha mãe perguntou com a sobrancelha arqueada, ela sabia que eu não era de beber então eu não tinha nada de alcoólico na minha casa.

- Alice trouxe e acabou sobrando e ficando aí. – dei de ombros. Sério, Isabella? Alice? Você não disse que iria enfrentar a sua mãe e falar sobre o seu namoro com o Edward? Para de mentir! – Mãe, eu preciso conversar com a senhora. – disse simplesmente.

- Fale. – respondeu sem me olhar e sem Leah mexer um misero músculo.

- Pode dar licença? – pedi a Leah que se fez de surda.

- Deixe de palhaçada, Bella. Ela é sua prima. –

- Cuja prima eu conheço não tem nem doze horas, portanto, o que eu quero falar com a senhora é pessoal, assunto meu e da senhora, então eu gostaria que ela saísse. – Leah continuou sem se mexer. – Mãe, eu não estou brincando. Eu quero falar com a senhora em particular. – disse firme e ela bufou.

- Leah, querida, nos dê licença, por favor. – provando que ela ao era surda, ela se levantou e deixou a cozinha e eu tratei de fechar a porta que ficava na cozinha. – O que quer? –

- Mãe. A senhora ficou quase dois meses fora e do nada a senhora está me tratando assim, qual é o problema? – questionei. – Das últimas vezes a senhora não desgrudava de mim quando voltava. –

- E você sempre reclamou por eu ser grudenta demais. –

- E só por isso a senhora me ignora e só dá atenção aos meus primos? –

- Oh que bonitinho, ela está com ciúmes... – ela apertou a minha bochecha e eu afastei a mão dela. – O que quer falar comigo? –

- Eu tenho uma novidade para te contar. – ela não esboço nenhuma reação, como ela costumava fazer. – Eu... – antes que eu tivesse a chance de falar, meu olhar foi atraído pela trepadeira que ficava próxima a janela da cozinha que estava completamente congelada. – O que aconteceu aqui? – eu me afastei da minha mãe e caminhei até a minha planta. As folhas estavam todas queimadas de frio, em pleno final de primavera, que já estava bem quente.

- Ah o freezer deve ter ficado aberto e congelado uma folhinha. – deu de ombros.

- Como assim o freezer ficou aberto? Nem se fosse o freezer de um frigorifico teria deixado ela assim... – até porque a planta ficava bem longe do freezer e da geladeira. – E não é só as folhas, a raiz estava ficando congelada também. –

Com cuidado eu tirei a planta da prateleira e levei o vaso para a minha estufa, deixando minha mãe sozinha na cozinha. Geralmente a minha mãe teria me ajudado, mas ela simplesmente seguiu para a sala para falar com Leah e Seth. Eu fiquei na estufa até tarde da noite tentando salvar a planta, mas havia sido impossível, as raízes estavam completamente congeladas e a terra também, não tinha mais jeito, ela tinha morrido e eu não entendia o motivo, e eu também não conhecia nenhuma doença que congelasse a planta e a terra dessa forma.

Ao voltar para dentro de casa, todo mundo estava na sala terminando de recolher as coisas para ir embora para a casa da minha mãe. Minha mãe disse simplesmente que caso eu quisesse comer era só esquentar o que tinha sobrado do jantar que estava no forno e simplesmente foi embora. Ela não havia tocado no assunto da romã de novo e eu não havia conseguido contar sobre Edward. Eu estava cansada, mas mesmo assim eu fui olhar todas as plantas que eu tinha dentro de casa para ver se mais nenhuma estava, misteriosamente, congelada ou congelando e não tinha sido apenas a trepadeira da cozinha, e o resto da madrugada eu fiquei pesquisando na internet se tinha algum motivo para a planta congelar do nada, e não foi surpresa nenhuma a resposta ser não, a menos que estivéssemos no inverno.

Cansada e sem ter dormido eu me arrastei para a floricultura para abrir a loja, que abria as nove, mas minha mãe pelo visto não avisou a minha nova funcionaria obrigada que chegou apenas as onze e ficou simplesmente sentada na cadeira com os pés cobertos pelos sapatos sujos em cima do balcão. Eu tinha perdido as contas de quantas vezes tinha empurrado, de forma bruta e mal humorada, os pés dela de cima do balcão limpo e cinco minutos lá estavam seus pés de novo. Até as duas da tarde, a hora que ela simplesmente foi embora e não voltou mais, ela não havia me ajudado em absolutamente nada, e eu realmente ergui as mãos aos céus quando Bree chegou para me ajudar, não tinha mais café que resolvesse, eu estava quase caindo, não podia me sentar ou me encostar em algum lugar que eu tirava um cochilo.

Bree tomou a responsabilidade de cuidar da loja e fecha-la sozinha, normalmente eu não aceitaria, mas eu realmente não estava mais aguentando manter meus olhos abertos. Para não correr o risco de sofrer um acidente ou algo do tipo, liguei para Alice e perguntei se ela poderia me deixar em casa, ela deixou Jasper na loja e veio me levar e durante o curto caminho eu expliquei por alto do que tinha acontecido e ainda recebi um convite para ficar na casa dela – ou na de Edward, onde ela estava passando muito tempo – caso minha mãe perturbasse demais.

A noite quando eu acordei, dei de cara com a minha mãe sentada na minha cama, o que me fez dar um pulo. Eu não falei nada e apenas olhei o meu telefone que estava debaixo do meu travesseiro e encontrei duas chamadas perdidas do Edward e uma de Alice e que já eram quase nove da noite, eu havia dormido demais, e mesmo assim estava cansada.

- Mãe, o que faz aqui? – perguntei finalmente e guardando o telefone, depois eu mandava uma mensagem para Edward, ele provavelmente tinha falado com Alice e ela contou o que tinha acontecido.

- Passei na sua loja e Bree disse que você não estava muito bem, vim ver como você estava e resolvi não te acordar. – explicou. – O que houve? –

- Oh agora a senhora se interessa? – retruquei e ela bufou. – É só cansaço, mãe! – disse simplesmente. – Fiquei a madrugada inteira vendo se nenhuma outra planta estava congelando. –

- Toma isso aqui e vai se sentir melhor. – ela me entregou uma xícara de chá fumegante.

- O que é isso? – perguntei pegando a xícara e vendo um líquido fumegante e amarelado.

- Um chá simples para melhorar o cansaço. – deu de ombro e eu bebi um gole sentindo um gosto estranho e diferente que pinicava na língua. – Sem cara feia, beba tudo que vai se sentir melhor! – ela basicamente virou a xícara toda na minha boca e eu me engasguei. – Boa menina! – ela afagou a minha cabeça tirando a xícara da minha mão enquanto eu tossia. – O que queria falar comigo ontem? – perguntou de repente e mudando de assunto e pouco se importando para o meu engasgo.

- Está interessada agora? –

- Ah Isabella, releva, eu estava cansada e estressada! – bufou e eu voltei a deitar a cabeça no travesseiro. – Anda o que queria me contar. –

- Eu... – eu limpei minha garganta que ainda ardia um pouco devido o engasgo com o líquido quente. – Eu estou namorando. – respondi.

- É mesmo? Com quem? – perguntou simplesmente e eu a encarei. Seu rosto estava bem sereno e calmo, e eu sabia que seria questão de tempo até ela pegar o travesseiro e me sufocar com ele.

- Com o Edward! – respondi simplesmente e seu rosto ficou sem expressão por um segundo. Sua pálpebra deu uma leve tremida e ela forçou um sorriso, assustador, em seus lábios.

- É mesmo?! Fico feliz! – ergui uma sobrancelha.

- O que? –

- Se ele te faz feliz. Qual é o problema? – deu de ombros. – Você não é mais um bebê, faz o que quiser da sua vida! – eu a encarava sem entender nada. – Vou pegar um pouco de sopa para você! – ela pegou a xícara e saiu do quarto. Mas o que? Sozinha no quarto eu peguei o telefone e retornei uma ligação para Edward.

Oi meu amor. –

- Oi amor! –

Como está? Te liguei e você não atendeu, estava falando com Jasper e ele comentou que você ligou para a Alice para ela te levar em casa. –

- Eu estava morta de cansaço! – admiti. – Fiquei a madrugada toda acordada. –

- Por quê? –

- É que ontem aconteceu uma coisa tão estranha, algo que eu nunca vi na minha vida! –

Tipo o que? –

- Ontem, quando eu cheguei em casa minha mãe estava aqui com os meus primos. Os dois se sentiam à vontade até demais, principalmente Leah que ficava me encarando de cima a baixo e olhando para as minhas coisas com desdém. – suspirei me ajeitando na cama e sentindo um leve incomodo na minha coluna após ficar muito tempo deitada e provavelmente na mesma posição. – Pedi para conversar com a minha mãe em particular e ela simplesmente se fazia de surda e minha mãe queria que eu falasse na frente dela, até que minha mãe finalmente entendeu e pediu para ela sair. Fui falar com a minha mãe de nós dois e eu vi a minha trepadeira completamente congelada. –

Congelada? –

- É. Congelada. Minha mãe disse que talvez tenha deixado o freezer aberto por tempo demais e acabou congelando as folhas, mas ela estava completamente congelada, a raiz a terra, tudo congelado, não teve salvação. Nunca vi isso próximo ao verão. Fiquei a madrugada inteira vendo as outras plantas e procurando um motivo na internet para isso ter acontecido. – expliquei. – Agora, minha mãe me deu um chá, muito ruim, disse que era para o cansaço e eu contei a ela que estava namorando com você. –

Isso da sua planta é estranho. Muito estranho. A cada dia que passa a temperatura fica mais quente. – comentou. – E o fato de estar viva significa que sua mãe... –

Minha mãe levou numa boa. – respondi me sentando na cama. – Ela disse apenas que fica feliz, porque se você me faz feliz qual é o problema? Além do fato de eu não ser mais um bebê e que eu posso fazer o que eu quiser da minha vida! E eu não sei explicar o motivo..., Mas não confio muito nessa repentina mudança de opinião sobre você! A pouco tempo ela estava fazendo chantagem para eu não falar contigo... – ele suspirou.

Bom, talvez ela tenha conversado com esse seu tio e ele a tenha aberto os olhos... – ponderou. – Então, já que ela levou o nosso relacionamento numa boa, quando eu voltar nós podemos marcar um jantar, para que ela possa me conhecer melhor. –

- É uma boa ideia! Mas me diga, conseguiu resolver o caos? –

Digamos apenas que eu cheguei poucos minutos antes da desgraça maior acontecer. – brincou. – Mas ainda preciso resolver as desgraças pequenas que acabaram ocorrendo, caso contrário estaria voltando para aí. –

Penso que estejas descuidando demais da sua empresa, acho que desde que nos conhecemos a segunda vez que você tem que viajar porque o pandemônio está se instalando. – brinquei.

Culpa sua! –

- Minha? – perguntei rindo e me deitando de novo na cama.

Sua! Se eu não ficasse o dia inteiro com o meu pensamento em você eu conseguiria pensar no meu trabalho! – sem conseguir me conter eu comecei a gargalhar, virando na cama e abafando meu riso com o travesseiro. – Algo que pode ter certeza de que eu não estou reclamando. – ele me acompanhou nas gargalhadas antes de suspirar. – Preciso voltar ao meu pandemônio! E acredite, acho que usou a palavra perfeita para descrever o que está acontecendo aqui. Pandemônio! –

Vai lá. Eu vou comer também antes de descansar mais um pouco! –

Se cuida mocinha! – advertiu-me. – Está me saindo mais uma workaholic do que eu! – brincou me fazendo rir de novo. – Eu te amo. –

Eu te amo! – eu mandei um beijo por telefone antes de desliga-lo.

Coloquei meu celular para carregar e fui tomar um banho antes de descer. Como estava bem quente, eu tomei um banho fresco e coloquei uma roupa fresca que eu poderia usar para dormir e ao calçar os meus chinelos eu desci as escadas atrás de minha mãe. A casa estava bem silenciosa, pelo visto meus primos não estavam aqui, o que me deixava bem feliz, eu havia ficado contente em conhece-los, mas dispensava a intimidade que adquiriram com muita facilidade e obviamente dispensava os olhos de superioridade de Leah.

- Você disse que ia me ajudar... – eu estava terminando de descer as escadas quando ouvi a voz da minha mãe, vindo na direção da cozinha e transbordando de raiva. Eu não sabia se ela estava falando comigo, até porque eu descia no mais absoluto silêncio, ou se tinha alguém com ela ali na minha cozinha. Fiquei parada aos pés da escada esperando ouvir outra voz respondê-la ou ela falar comigo de novo, mas não, ela não mencionou meu nome e eu não ouvi nenhuma voz a respondendo. – Não me interessa o que eles querem, a única coisa que importa é o que eu quero! – ela continuava a falar, talvez ela estivesse no telefone com alguém. – Você me prometeu que ia manter os dois afastados então não vem com essa que você fez o que podia. Eu não vou deixar isso acontecer de novo! – terminei de descer as escadas e encontrei minha mãe na cozinha de costas para a porta e consequentemente de costas para mim, com as duas mãos apoiadas no balcão de mármore olhando para o mesmo e nenhum telefone perto dela. – Eu não vou perde-la de novo. – falou rosnando e eu não entendia o que estava acontecendo, pelo visto eu não era a única louca da família e tinha apenas herdado a loucura da minha mãe. – Cala a boca! – ela rosnou de novo e eu via suas mãos tremendo sobre a bancada e a lâmpada, a única acessa no andar de baixo, começou a piscar ao mesmo tempo em que uma ventania começou do lado de fora. Será que uma tempestade estava se aproximando e eu não fiquei sabendo? – Eu mandei você calar a boca! – ela gritou ao mesmo tempo em que atirou um prato na minha direção, eu nunca havia sido boa em reflexos, mas por algum motivo dessa vez eles funcionaram e eu consegui dar um passo para o lado antes que o prato quebrasse no meu rosto.

- Mãe! –

- Filha! Me... Perdoe sua mãe. – ela veio apressada e assustada na minha direção.

- O que foi isso? –

- Perdoe a sua mãe minha filha, eu estou um pouco transtornada e eu não lhe vi. – ela prontamente puxou-me para um abraço apertado demais e até um pouco doloroso. – Eu não lhe machuquei, não é? –

- Não mãe. –

- Ainda bem. Perdoe-me. – pediu novamente sem desfazer o abraçado e beijando minha testa.

Demorou alguns segundos para que ela me soltasse e qualquer coisa que eu falava ela só murmurava em resposta apenas um perdoe-me e nada mais. Ao me soltar seu humor era outro e não mais aquele raivoso de alguns minutos atrás. Ela me fez me sentar na cadeira do meu balcão e me serviu um prato enorme de sopa bem quente avisando que era receita de sua mãe e que aquele caldo faria eu me sentir muito melhor e sem falar mais nenhuma palavra ela foi catar os cacos do prato que havia quebrado.

Eu não sabia explicar o motivo, mas a sopa estava com um gosto diferente, eu não tinha certeza se ela já havia preparado essa receita antes, mas ela tinha um gosto um pouco ruim, o mesmo gosto do chá que havia tomado ao acordar, eu só não sabia se era devido ao gosto ruim ainda estar na minha boca ou se o caldo tinha o mesmo gosto horrível.

Eu não estava conseguindo tomar toda a sopa o gosto era muitíssimo ruim, mas com ela insistindo que era assim mesmo e que eu me sentiria muito melhor eu não tive outra escolha a não ser tomar, até porque temia que ela enfiasse na minha goela de novo igual tinha feito com o chá a pouco tempo, me obriguei a tomar todo o prato e tentei fugir antes que ela me empurrasse mais sopa, já que eu havia percebido e muito bem a panela enorme no fogão que estava bem cheia. Levantei para lavar o meu prato, contudo ela foi mais rápida ao tira-lo da minha mão e basicamente me enxotar para o andar de cima para que pudesse dormir, segundo ela, a sopa fazia “efeito” em pouco tempo e eu teria uma longa noite de sono.

Na manhã seguinte minha mãe estava na minha casa, na verdade, ela estava no meu quarto, tinha dormido na poltrona que tinha ali e quando eu acordei encontrei com ela desperta e com um enorme, e talvez um pouco assustador, sorriso no rosto. Deixou-me sozinha para que pudesse me trocar, e ao chegar na cozinha encontrei meus primos ali e o meu café da manhã preparado, uma torrada com ovos mexidos, uma maçã e uma xícara de chá, a cor me lembrava o chá da noite passada, mas o cheiro era diferente.

- Se sente melhor minha filha? – perguntou ao colocar uma panqueca recheada de chocolate na frente de Leah e outra na frente de Seth.

- Sim mãe, muito bem! – garanti. – Por que não fez uma panqueca para mim? Sabe que gosto de panqueca com chocolate! –

- Oh meu amor, você não estava se sentindo bem na noite passada então eu fiz um café da manhã bem leve para você! – respondeu apertando a minha bochecha. – Ah deixa eu te falar. Hoje você pode ficar em casa e descansar, Leah vai tomar conta da sua loja. –

- Não é necessário mamãe. Eu já disse, estou bem, o que aconteceu ontem foi apenas cansaço, estou novinha em folha e posso cuidar da minha loja. – mesmo que eu estivesse com o pé na sepultura eu não iria deixar Leah cuidar da minha loja sozinha, emendei mentalmente.

- Oh priminha, eu vou cuidar muito bem das suas plantas! –

- Acredito que vá. Mas não será necessário. – garanti respondendo no mesmo tom de voz de deboche dela. Peguei a xícara em mãos e inalei o cheiro, definitivamente não era o mesmo chá de ontem, Deus me livre tomar aquilo de novo. – Mãe, que chá é esse? – perguntei repousando a xícara intocada no pires e pegando a minha torrada.

- Ah é um chá de maçã. – deu de ombros. – Dei uma olhada no pomar e tinha muitas, resolvi colher algumas e fiz esse chá e estou terminando uma compota e uma geleia. – respondeu quando eu mordi um pedaço da torrada. – Espero que não se importe. –

- Não. Tudo bem! Eu só ia ter tempo de mexer no jardim no final de semana, corria o risco de alguma apodrecer no pé até lá. – dei de ombros, todo mundo estava sentado na minha pequena mesa de jantar, minha mãe de frente para mim e meus primos um de frente para o outro e eu comia a minha torrada e volta e meia pegava um pedaço do ovo. Fui pegar a xícara para beber um gole do chá, eu sentia que o chá estava bem quente, sentia isso pela porcelana da xícara, e antes que tivesse a oportunidade de levar o objeto a boca, ele simplesmente explodiu de repente, fazendo eu dar um pulo da cadeira. – Merda! – um grito escapou pela minha garganta, não era um grito de susto pela xícara ter explodido do nada e sim porque todo o líquido quente caiu nas minhas pernas.

- Filha... Acalme-se. – pediu minha mãe ao vir me socorrer molhando um pano e eu simplesmente fui até a porta dos fundos pegar a mangueira que tinha ali e jogar a água fria nas minhas pernas.

- Está tudo bem? – Seth veio até a varanda, enquanto eu ouvia sua irmã tentar conter o riso, enquanto eu ainda tinha a mangueira aberta e o jato de água fria em minhas pernas.

- Sim, querido, não se preocupe. – minha mãe garantiu quando eu me sentei na cadeira ao meu lado, já que não suportava mais ficar de pé devido a queimação e dor nas minhas coxas. – Por favor, limpe os cacos antes que mais alguém se machuque. –

- Claro tia. – ele assentiu e voltou para a cozinha.

- Como aquela xícara estourou do nada? – perguntei respirando fundo para evitar o choro.

- Não sei filha. Talvez a porcelana estivesse rachada e eu não vi quando coloquei o chá lá dentro, ou sem querer coloquei o chá quente demais. Está tudo bem! – olhei para as minhas coxas e mesmo com a água corrente eu via minhas pernas ficando vermelhas. – Acho que vou ter que te levar ao hospital! – disse simplesmente fazendo uma careta.

Chorando e com a ajuda de Seth, já que eu não conseguia andar direito devido a dor, minha mãe me levou ao hospital. Eu tinha ficado mais de meia hora com a água fria da mangueira sobre o meu colo e mesmo assim a queimação não passava, a dor só aumentava e a vermelhidão também. Minha mãe me ajudou a trocar de vestido, para que eu não fosse com a roupa toda molhada e prendeu dois panos bem molhados nas minhas coxas e mandou Leah ir abrir a minha loja para mim.

Você está bem? Quer que eu vá aí te socorrer? – Alice perguntou preocupada do outro lado da linha. O médico tinha passado uma pomada para aliviar a queimação e a dor e havia me deixado um pouco sozinha para que pudesse me acalmar e levou minha mãe para o corredor para conversar com ela, provavelmente dos cuidados que eu teria que ter para não criar bolhas. Havia me livrado de Seth pedindo para que ele fosse pegar alguma coisa bem gelada para que eu pudesse beber, uma água, suco ou refrigerante, o que quer que fosse, eu só não queria ver nada quente na minha frente tão cedo.

- Não precisa. – garanti e olhei para a porta vendo a fechada. – Eu só preciso que faça algo mais importante para mim. –

Claro amiga, só pedir! –

Jasper ainda está com você? –

Sim. –

Deixa ele cuidando da sua loja hoje e cuida da minha? – pedi. – Eu preferia não abrir, mas minha mãe quer a Leah vá e eu não a quero lá. E você tem a chave! –

Claro que eu posso. Mas sua mãe não deu a chave a ela? –

- A chave está comigo, consegui pegar sem ninguém ver antes de sair de casa. Está escondida dentro do meu sutiã. – falei baixo para não correr o risco de alguém ouvir por detrás da porta. – Agora a pouco Leah ligou falando não achar a chave e eu em desespero falei que não sabia onde estava, assim que minha mãe entrar vou falar que você me ligou para me chamar para almoçar eu contei o que tinha acontecido e você se ofereceu para abrir a loja até a Bree chegar. –

Tudo bem. Não se preocupe! Tem certeza que não quer que eu vá aí te ver ou te salvar? –

Tenho Alice. O remédio que o médico deu está fazendo efeito, vou apenas esperar pela alta e vou para casa. No momento estou mais preocupada com Leah perto das minhas coisas. –

Tudo bem então, depois passo na sua casa para te ver! –

- Ah e não conte ao Edward. – pedi. – Ele já ficou um pouco desesperado porque pedi para você me buscar ontem na loja devido ao cansaço, se ele descobrir do que aconteceu hoje ele se materializa do meu lado. –

Relaxa, não vou falar nada e vou dizer por Jasper também ficar quieto e... Jasper! Cala a boca... Pera aí Bella, é só falar no diabo que ele aparece, Edward está ligando. – ela falou comigo antes de voltar a falar com ele. – Não atende esse telefone ou então não fala nada sobre a Bella. 

Como eu vou falar alguma coisa dela para ele, se eu nem sei o que aconteceu? – eu o ouvi se defendendo ao fundo e não pude deixar de soltar uma risada.

Independentemente disso, não fala nada sobre a Bella. – mandou. – Vou lá amiga, depois passo na sua casa para te ver! 

- Obrigada Alice. –

Relaxa. E eu obviamente estou fazendo isso para te ajudar e não para ter uma desculpa, mesmo eu não precisando de uma, para ir até aí e ver qual é dessa tua priminha! – brincou rindo e eu ouvi a porta abrindo.

- Preciso desligar. –

Tudo bem. Beijos e se cuida! E tenta não se matar de novo! – brincou rindo.

A Bella tentou se matar?! – ouvi Jasper meio desesperado ao fundo.

Deus, ele é bonito, mas me solta cada uma... – mesmo sentindo um pouco de dor ainda eu não consegui evitar de rir do comentário de Alice. – Vai rindo mesmo, ele está no telefone com Edward. Na verdade, ele acabou de desligar e vai te ligar desesperado. –

- Valeu Jasper! –

Foi mal! – o ouvi gritando e Seth apareceu no meu campo de visão com uma latinha de coca cola em mãos.

- Depois falo com vocês dois. – desliguei o telefone. – Muito obrigada. – com cuidado, repousei o telefone no colchão ao meu lado e me sentei na cama.

- Disponha. – ele abriu a latinha e me entregou junto com um copo descartável. – A mama... Sua mãe já está vindo! –

- Tudo bem. – assenti bebendo um gole do líquido quente e senti meu telefone vibrando na cama e vendo o nome de Edward aparecendo na tela. – Pode me dar licença? –

- Claro. – ele saiu do quarto e eu atendi o telefone.

Você está bem? – Edward falou desesperado antes mesmo que eu tivesse a chance de falar alguma coisa. – Ouvi Jasper falando algo sobre você ter tentado se matar... – eu balancei a cabeça rindo. – Isso não tem a menor graça Isabella. –

- Foi uma brincadeira da Alice. – respondi ainda rindo. – Eu não tentei me matar! – garanti. – Meu café da manhã que tentou! –

Que? – ele se dignou apenas a esboçar um que.

- Eu estava tomando o meu café da manhã, peguei a xícara de chá quente e a mesma explodiu e o chá caiu nas minhas pernas. – expliquei. – Como a queimação não passou mesmo após meia hora com água fria em cima, vim para o hospital. –

Está sozinha? –

- Não. Minha mãe e meu primo me trouxeram. Ainda doí um pouco e está vermelho, mas a queimação passou! – garanti. – Mas pelo visto vou ter que ficar de repouso uns dias para não criar bolhas. – expliquei dando de ombro.

 - É só eu ir embora que você quase morre, menina? – brincou um pouco mais aliviado e eu balancei a cabeça rindo.

- Pelo visto! –

Então já que a senhorita está bem eu vou voltar aqui para os meus afazeres para tentar voltar o mais rápido possível. –

Tudo bem. Falo com você depois! –

Até depois. Eu te amo. –

Eu te amo. -