Tulsa – Oklahoma.
2019.
Bella.
Alguns dias haviam se passado e minhas coxas estavam bem melhores, não havia criado bolhas e hidratando bem também não tinha ficado vermelho por muito mais tempo, mas mesmo assim eu evitava tomar banho com água quente ou sentir o calor naquelas partes, parecia que quando o calor tocava nas minhas coxas parecia que a dor voltava um pouco. E antes de eu sair de casa, com roupas que não envolviam as minhas coxas, como saias e vestidos, eu enchia de protetor solar até quase formar uma camada bem grossa e bem branca.
Após dois dias com Alice e Bree tomando conta da minha loja eu finalmente consegui voltar a frente dela e infelizmente Leah tinha ido junto, eu havia conseguido fazer minha mãe aceitar o meu relacionamento com Edward bem fácil, fácil até demais, mas não tinha conseguido fazer minha mãe mudar de ideia quanto a minha prima trabalhar comigo.
Leah não me ajudava com nada. Ficava sentada o dia inteiro mexendo no telefone e quando minha mãe aparecia lá para ver como ela estava indo no trabalho, ela falava como se fosse ela que havia vendido tudo e eu só sabia revirar os olhos. Eu tinha provas de que ela não fazia nada o dia inteiro, as câmeras da loja gravavam tudo a todo o minuto, mas eu simplesmente não queria perder o meu tempo com isso.
- Ah tia, mas isso aqui é muito bom. O cheiro dessa loja é uma mistura magnifica de tantos odores e... – ela falava com a minha mãe mexendo os braços e acabou derrubando o arranjo que eu estava montando, quebrando o vaso caro que eu tinha a minha frente e causando uma pequena onda, com a água que já estava dentro dele, por toda a minha bancada, molhando não apenas as plantas que eu tinha ali em cima, como alguns papéis, notas fiscais e principalmente o meu telefone, na verdade, a água caiu toda em cima do meu telefone primeiro, que desligou no mesmo segundo.
- Mas que merda! – gritei olhando a minha bancada molhada e com vidro quebrado. – Presta atenção Leah! –
- Foi um acidente, não é para tanto Isabella. – minha mãe me repreendeu enquanto eu tentava secar o meu celular.
- Um acidente? – retruquei. – As pessoas falam com a boca e não com os braços. – reclamei indo para o meu depósito e tentando tirar todas as partes que saiam do meu celular, que eram poucas, já que a bateria não era removível.
Ignorando minha mãe e Leah na frente da loja, saí pela porta do depósito indo até a pequena venda que tinha ali na mesma rua e comprando um saco de arroz. Eu já tinha conseguido recuperar um celular desse jeito e esperava conseguir recuperar esse também. Com o saco pequeno de arroz em mãos, eu voltei para a loja e catando um vaso de plástico, sem fundo e bem limpo e derramei o arroz lá dentro e enterrei meu celular no meio daquele arroz.
Calma Isabella, não são nem uma da tarde ainda e você está quase tendo um infarto. Demorei mais alguns segundos respirando fundo e tentando me acalmar antes de voltar para a frente da loja. Minha mãe ainda estava ali com a Leah e as duas conversam como se nada tivesse acontecido e sem limpar a bagunça. Para não correr o risco de me cortar ou de alguém se cortar com os cacos do vaso, peguei algumas folhas de jornal velhas que estavam debaixo do balcão e com a ponta dos dedos, eu fui pegando caco por caco, dando uma sacudida para tirar o excesso de água e colocava em cima das folhas de jornal, após colocar ali todos os cacos e o resto do vaso quebrado e fechei bem o jornal antes de jogar no lixo do depósito e voltar com um pano para secar a bancada.
Em momento algum as duas se ofereceram para me ajudar, na verdade fingiam que nada tinha acontecido e continuavam a falar. Tirando os papéis que estavam ali e colocando na bancada seca ao lado para que eu tentasse recupera-los, eu fui secando devagar para não correr o risco de me cortar com algum caquinho que tenha restado.
- Bella? – ouvi uma voz masculina me chamando.
- O que é? – perguntei irritada.
- Que houve? – respirei fundo e ao levantar a cabeça vi Jasper ali.
- Ah é você! Desculpa. Não estou de bom humor. O que deseja? – perguntei quando ele se aproximou e eu simplesmente ignorava minha mãe.
- Alice está te ligando e seu telefone só dava caixa postal. Ela pediu para eu vir aqui! –
- Pediu? – perguntei com a sobrancelha arqueada e ele riu assentindo.
- Ela mandou eu vir aqui te buscar para almoçarmos juntos. –
- Com licença... – minha mãe se fez presente. – Bella eu vim te chamar para almoçar conosco, eu fiz um almoço especial para Leah comemorar a primeira semana de trabalho dela! – comentou acariciando os cabelos escuros de Leah. - E quem é você? – perguntou olhando para Jasper e de início ela parecia um pouco sobressaltada ao vê-lo ali.
- Jasper Hale, muito... – ele se virou para minha mãe e sua sobrancelha também arqueou. – Ah senhora é a mãe da Bella? Sou namorado da Alice! – se apresentou.
- Oh, não sabia que a Alice estava namorando. –
- É recente! – ele deu de ombros. Tão recente que nem eu sabia disso.
- E como sabe que sou a mãe da Bella? –
- Ela se parece com a senhora! E eu já vi uma foto onde a senhora está presente na casa da Alice. – provavelmente se referiu a foto que Alice tinha com a sua mãe, eu e a minha quando éramos crianças.
- Ah... Bom, mas diga a Alice que a Bella vai almoçar com a família hoje e... –
- Dê-me só cinco minutos Jasper, que eu só vou ao banheiro e já volto. – cortei minha mãe.
- Que? –
- Eu vou almoçar com a minha amiga, mãe! – disse simplesmente. – A senhora pode desfrutar desse maravilho almoço especial para Leah só com ela. – com o pano enxarcado em mãos eu segui para o depósito. Eu tinha noção de que eu poderia estar sendo infantil, mas eu estava com raiva e não queria ficar perto de Leah pelo menos até o final do dia. Torci o pano na pia do banheiro e estendi na janela para que secasse e após lavar minhas mãos, saí do banheiro trancando a porta do depósito e deixando meu celular ainda enterrado no arroz. As pessoas falaram para ficar lá durante vinte e quatro horas.
- Isabella espero que não esteja falando sério quando disse que vai fazer essa desfeita para a sua prima. –
- Falei sério sim! Quero ficar com a minha amiga e quando você está com ela. – apontei para Leah. – Eu não existo. –
- Antes de ir, priminha, não se esqueça do meu pagamento! – Leah me impediu de sair e eu voltei-me a Jasper.
– Espera um minuto, por favor. – pedi e ele assentiu. Eu destranquei a gaveta que tinha na minha bancada e peguei um talão de cheques que eu tinha ali e uma calculadora, com a conta feita, eu anotei o valor no cheque e ao destaca-lo, entreguei a ela, guardando o talão e trancando a chave, que eu levava comigo, até porque eu não era besta. – Aqui está! – respondi entregando o cheque a ela e guardei a chave da minha gaveta dentro da bolsa que iria comigo.
- Ah... Mas não foi esse preço combinado. Está faltando quase quinhentos dólares. – comentou.
- Eu sei! Foi o vaso que você quebrou! – respondi. – E a sua sorte é que eu não descontei o possível conserto ou o possível celular novo que terei que comprar! –
- Isabella. Foi um acidente! – minha mãe tentou defende-la.
- E a senhora sabe, melhor do que ninguém, que sendo um acidente ou proposital, o prejuízo sempre é descontado do salário. Fim da história. – comentei caminhando na direção da porta, onde Jasper já me esperava. - Agora, por favor. Eu tenho que ir almoçar. –
- Decepcionada! – minha mãe cuspiu ao sair da loja.
- A senhora não é a única! – respondi fechando a porta e ela simplesmente saiu emburrada e pisando firme na rua arrastando a minha prima.
- E nesses cinco minutos eu identifiquei cerca de dez pontos do questionário. – Jasper comentou cruzando os braços e vendo as duas se afastando cada vez mais.
- Qual questionário? –
- Da mãe narcisista! – respondeu. – E... Sua mãe passou no teste, e isso não é nada bom! –
- Eu sei! Vamos. –
Eu e Jasper seguimos o caminho oposto do caminho que minha mãe seguiu com Leah. Nós fomos para a Sue’s, onde uma Alice impaciente já nos aguardava e eu obviamente tive que contar tudo nos mínimos detalhes para que ela sossegasse e se aquietasse, contudo, a vontade que ela sentia de bater em Leah só aumentava, segundo ela, e ela não era a única!
Leah não havia voltado para a loja para o final do expediente e eu realmente preferia assim. Na verdade eu preferia apenas que ela se demitisse, mas acredito que já era pedir demais, contudo estava disposta a fazer com que ela deixasse a minha loja! Ao chegar em casa à noite, não tinha ninguém lá dessa vez, e não tinha mensagem nenhuma de minha mãe. Ela estava com raiva, mas não havia sido ela quem tinha ficado no prejuízo pelo vaso quebrando e se eu teria que comprar outro, bom, a pessoa que o quebrou que bancasse o gasto.
Apenas na noite do segundo dia após o incidente que minha mãe veio falar comigo de novo, quando eu cheguei em casa, lá estava ela, dessa vez sozinha, e preparando o jantar. Deixei-a sozinha por um momento para que pudesse tomar um banho e me preparar psicologicamente para a conversa, contudo antes de descer eu queria falar com o Edward, eu tinha conseguido recuperar o meu celular deixando-o vinte e quatro horas enterrado no arroz, e já tinha dois dias que ele não me ligava, e tinha apenas mandado uma mensagem ontem, falando que estava atolado e todo enrolado com os problemas de seu pandemônio, e quando respondi a mensagem, a mesma não havia sido entregue ao seu WhatsApp. Sentei-me na cama com o telefone na mão, com a nossa conversa aberta e até a agora a mensagem não havia chegado. Eu odiava ser grudenta e insistente, mas eu queria pelo menos ouvir a voz dele antes de ter que ir conversar com a minha mãe. Disquei seu número deu três toques e a ligação foi para a caixa postal. Suspirando, contentei-me apenas com uma mensagem, e torcia para que ele ligasse a internet logo.
Deixei meu celular carregando e desci para encarar a minha mãe. Ao chegar na cozinha eu sentia um cheiro amargo tomando conta do ar, um cheiro que fazia o meu nariz doer um pouco, e antes de qualquer coisa abri todas as janelas perto para tentar afastar aquele cheiro.
- O que deseja mãe? – questionei me sentando na bancada. – Já que demorou quase dois dias para que a senhora se lembrasse da sua filha! –
- Eu estava alterada, Isabella, não podia esperar outro comportamento. – rebateu jogando um pouco de salsinha picada dentro de uma enorme panela. – E não pense que eu vou pedir desculpas. Ridículo ter descontando quase quinhentos reais do salário da sua prima. –
- Aquele vaso, dona Renée, custa quinhentos reais. Por que eu teria que arcar com um prejuízo causado por ela. Sendo que, por mim, ela nem trabalhando ali ela estava?! –
- Por que ela é sua prima! –
- Não tem nem um mês que eu a conheço, não pode exigir que eu a trate como se a conhecesse a vida inteira. Até porque, se eu não a conheço a mais tempo, a culpa é toda da senhora! –
- Não deveria falar uma coisa dessas. Eu sempre dei mais atenção a você do que a ela! – resmungou aumentando o tom de voz.
- Eu sou sua filha! Sua única filha. Era o mínimo, não? –
- Eu não vim aqui discutir com você! Eu vim aqui me entender com você... –
- Veio se entender comigo, mas acha que o que eu fiz foi errado, e não veio me pedir desculpas. Como pode querer se entender comigo? –
- Já disse. Não vim para brigar. Portanto, vamos ignorar o que aconteceu aquele dia e focar no de hoje em diante... Você disse que estava namorando. Cadê ele? Ou ele não quer a minha permissão? –
- Permissão? – repeti. – Eu tenho quase trinta anos! –
- Eu disse benção. Deus, Isabella, eu tenho que te levar em um otorrino? Está ficando surda! – bufou. – Anda... Onde este homem está? – questionou e eu respirei fundo.
- Viajando! Ele teve que viajar a trabalho, está em Londres. Deve chegar na próxima semana. – expliquei. – Mas ele disse que sim, quando ele voltar, ele quer que eu marque um jantar com a senhora. Assim que ele chegar eu marco a data certinha. – respondi quando ela colocou um prato com o meu jantar na minha frente, já que ela insistia sempre em por as minhas refeições e junto ao meu prato colocou um copo grande e cheio de limonada. – Obrigada. – agradeci quando ela se sentou do outro lado da bancada com um prato para ela também.
Minha mãe não falou mais nada enquanto comíamos, e na primeira garfada eu senti que a comida tinha um gosto diferente, um gosto que eu não sabia identificar o que tinha sido, talvez algum tempero novo que ela tinha comprado e usado, e eu simplesmente não tinha gostado, contudo para evitar mais dor de cabeça com ela, resolvi não falar nada e comer mais um pouco. Ao terminar o jantar, eu me ofereci para lavar a louça, achando que assim minha mãe iria embora, contudo, ela decidiu que iria passar a noite aqui em casa e para evitar brigas eu concordei.
Os três dias seguintes foram bem estranhos, meu celular simplesmente pifou enquanto eu dormia, desligou e não queria mais ligar e ao levar para consertar veio a notícia de que não teria mais conserto, eu teria que comprar outro. Não tive opção a não ser deixar Leah cuidando da loja por algumas horas enquanto ia comprar um telefone novo, eu simplesmente não podia ficar sem ele, meu trabalho dependia do mesmo.
Com telefone novo e fazendo o backup para recuperar os dados da conta que estava salva no outro telefone eu voltei para o meu trabalho. Agora, minha mãe insistia em preparar todas as minhas refeições, contudo não reclamava mais caso eu fosse almoçar com a Alice. Agora, todas as refeições de minha mãe tinham o mesmo gosto estranho daquele tempero que ela usava, mesmo eu falando que era ruim, ela insistia que eu apenas não tinha me acostumado com ele, mas até os sucos, cafés e chás que ela me dava, parecia que tinha aquele gosto horrível.
Já tinha se passado quase três semanas desde que minha mãe meio que tinha voltado a morar comigo, na verdade, ela apenas passava a noite e no dia seguinte iria embora. Pelo menos era isso o que ela tinha dito. sábado pela manhã, antes de ir para a minha loja, eu fiquei tomando o meu café com gosto estranho, mas que eu provavelmente já estava me acostumando a ele, na varanda do meu jardim, enquanto esperava o meu horário de ir para o trabalho, quando um ponto do meu jardim me chamou a atenção, próximo a varanda da minha casa tinha um pedaço de terra revirada, como se algo tivesse sido plantado ali e sido arrancado de mal jeito.
- Mãe? – eu a chamei e ela se aproximou com um bule despejando mais café em minha xícara.
- Sim, filha? –
- Tinha alguma planta aqui e eu não estou lembrada? – perguntei e ela deu de ombros.
- Era uma planta que acabou secando e morrendo, nada demais. Iria repor antes que visse, mas pelo visto! –
- Hum... Amanhã eu cuido disso. Vou trabalhar. – respondi bebendo o resto do meu café e dando um beijo na bochecha de minha mãe.
O mais bizarro que estava acontecendo em minha loja era que de repente algumas plantas simplesmente morriam, sem motivo algum, e todas do mesmo jeito. Congelando, mesmo estando no ápice do verão. Ao chegar na loja notei mais um vaso de plantas estava simplesmente congelado, Leah já estava lá, minha mãe havia surrupiado uma chave e feito uma cópia para ela, o que havia me irritado bastante, mas eu sentia que não iria adiantar eu tomar a chave dela, minha mãe provavelmente teria outras escondidas em casa.
Eu já tinha procurado em tudo em quanto é canto e não havia achado ainda um motivo para as minhas plantas congelarem, simplesmente não tinha motivos para isso acontecer, mas aconteciam! Peguei o vasinho de plantas congelada e segui para os fundos da loja para que pudesse tentar salvar essa pequena muda de antúrio enquanto Leah cuidava da frente de loja. Coloquei o vaso em cima da bancada, jogando minha bolsa ao lado junto com a minha garrafinha de limonada que minha mãe havia me dado antes de sair de casa.
- Oi. – eu ouvi uma voz masculina e de veludo vindo bem de perto de mim. Eu virei o rosto encontrando um homem muito bonito parado há alguns passos atrás de mim, com um belo sorriso no rosto.
- Como o senhor entrou aqui? – perguntei e ele piscou os belos olhos verdes.
- Engraçadinha... Eu sei que fiquei mais do que havia prometido fora, mas não é para tanto. – eu ergui minha sobrancelha sem entender nada. – E eu te liguei algumas vezes e a ligação não completava. Mudou de número? -
- Do que o senhor está falando? Quem é você? – perguntei.
- Isabella. Você... Você bateu a cabeça ou o que? Eu sou o Edward... Seu namorado! –
- Meu namorado? – perguntei rindo. – O senhor deve estar me confundindo com alguém. Eu não tenho namorado e eu nunca lhe vi na minha vida! – rebati rindo, mas com uma risada de nervoso, pensando se eu teria tempo de gritar e se Leah viria me ajudar, sendo que ela tinha liberado a entrada desse estranho. – Olha, o senhor deve estar me confundindo com outra Isabella, então, eu peço gentilmente, para que o senhor saía. – pedi.
- Edward. – outra voz masculina apareceu no depósito dessa vez, era Jasper.
- Vocês se conhecem? – perguntei confusa.
- Sabe quem é ele? – o homem ruivo perguntou.
- Óbvio. Ele é o namorado da minha amiga! – eu não sei o que tinha dito, mas ele olhou na direção da mesa, eu não sei o que ele tinha visto ali, mas vi um brilho de raiva aparecer em seus olhos.
- Entendi. – respondeu entre os dentes.
- Cara vem... Vamos conversar lá fora. Depois eu falo com você, Bella. – ele puxou o tal conhecido para fora da loja. – Elas não lembram de nada! – ouvi Jasper comentar baixo quando eu também tinha resolvido sair do depósito. – Ela está fazendo de novo! O que vai fazer? –
- Eu já a perdi uma vez, Jasper! Não vou perder de novo! – parada atrás do balcão. Eu tinha ouvido o que tal de Edward tinha dito enquanto me encarava, e eu continuava sem entender absolutamente nada. De onde esse homem tirou que eu namorava ele? Eu nunca o tinha visto.
Jasper levou o estranho embora e eu tratei de voltar ao meu trabalho. Ele com toda a certeza me confundiu com outra pessoa, não precisava ficar pensando nisso, não valeria a pena. Quando a hora do final do meu expediente acabou eu fui para casa, após ter terminado de arrumar o meu depósito que tinha ficado completamente bagunçado, principalmente após Leah ter “arrumado”. Ao chegar em casa, minha mãe estava preparando o jantar, eu já tinha acostumado o meu nariz com aquele bendito “tempero grego” que minha mãe usava, eu continuava achando o cheiro ruim e o gosto também, mas havia me acostumado a ele.
- Oi minha filha. – ela me recebeu na cozinha com um copo grande de suco esbranquiçado, toda hora ela me dava um chá ou suco de maçã.
- Oi mãe. – eu dei um beijo em sua bochecha antes de beber o suco de maçã.
- Como foi seu dia de trabalho? – perguntou voltando para o fogão.
- Bom. Até algo bizarro ter acontecido... –
- Tipo o que? –
- Um cara chegou lá na loja... –
- Fica quieta! – eu fui interrompida por uma voz grossa e furiosa que soava alto em meus ouvidos.
- Que? – perguntei olhando em volta e procurando quem havia sido o homem que havia dito aquilo.
- Que o que? – minha mãe perguntou me encarando.
- A televisão está ligada? –
- Não. A programação está tão ruim que eu nem perco mais o meu tempo. Por quê? –
- Eu acho que ouvi uma... –
- Cala a boca, Isabella! – dessa vez a voz grossa e pronunciando meu nome junto. – Não fala nada! –
- Ouviu o que, filha? –
- Não fale nada! – a voz mandou de novo.
- Nada. Achei que tivesse escutado a televisão ligada. Apenas isso. – dei de ombros.
- Então... Um cara chegou na sua loja e... – instigou ela a continuar falando o que eu havia iniciado.
- E perguntou se ali era uma loja de sorvete. – menti e ela me encarou sem acreditar muito. – Mãe o jantar ainda vai demorar, gostaria de tomar um banho. Estou bem casada e ainda arrumei o depósito hoje. –
- Na verdade, já está pronto. – respondeu apanhando dois pratos no armário.
Mamãe serviu o nosso jantar e me entregou os dois pratos para que eu colocasse na mesa e veio logo atrás com dois copos de suco. Minha mãe ficava falando diversas coisas aleatórias enquanto jantávamos e minha mente vagava pensando naquela bendita voz grossa e raivosa que havia soado, possivelmente apenas na minha cabeça. Ao terminar o jantar e de eu tê-la ajudado a limpar a cozinha, eu subi para o meu quarto, não antes dela me entregar uma xícara de chá de maça. Repousei a xícara na minha mesinha de cabeceira e tratei de ir tomar um banho.
Ao voltar do banheiro, me troquei e sentei na cama. Eu peguei meu telefone para digitar uma mensagem a Alice, eu tinha me esquecido de falar com ela do que havia acontecido hoje mais cedo. Mandei uma mensagem contando do desconhecido que havia dito que eu era namorada dele e que esse homem era amigo de Jasper. Ela não me respondeu, deveria estar com o namorado, guardei meu telefone e peguei a xícara para beber o meu chá para que pudesse dormir, e ao levar a xícara aos lábios a voz que eu tinha escutado mais cedo voltou mais alta e com mais raiva soando em meu ouvido.
- NÃO BEBE ISSO! – eu havia me assustado com a voz e quase derrubado o chá em cima de mim. – PARE DE BEBER ISSO IMEDIATAMENTE. – mais uma vez, sem entender, eu obedeci a voz e deixei o chá de lado. Eu não sabia porque não tinha falado para minha mãe sobre a voz que tinha ouvido, na verdade sabia sim, ela iria me trancar em um hospício porque não havia outra explicação para eu estar ouvindo vozes, e pior ainda obedecendo. – JOGUE ESSE CHÁ FORA! – eu não me mexi. – AGORA! – a voz berrou em meu ouvido que havia me deixado um pouco zonza, mas me levantei e joguei o chá na pia do banheiro e voltei para a cama.
- Agora me deixa em paz! – falei ríspida para a voz que estava me atormentando.
- O que foi minha filha? – eu dei um pulo na cama ao ouvir minha mãe entrando no quarto.
- Nada mãe! O que deseja? – perguntei.
- Vim pegar a xícara. Bebeu o chá todo? –
- MINTA! –
- Bebi. Estava mais docinho do que o da manhã. – menti.
- Que bom, meu amor. – ela afagou minha bochecha e beijou-me a testa. – Boa noite. –
- Boa noite mãe. – ela saiu do quarto, apagando a luz ao sair, deixando o mesmo iluminado pelo abajur que tinha na minha mesinha de cabeceira.
- Vai me deixar em paz? – questionei a voz e esperei um pouco, não havia vindo nenhuma resposta e eu tratei de ir dormir.
Eu não sabia a quanto tempo eu tinha dormido, mas um tempo depois eu despertei ouvindo uma voz grossa me chamando, uma voz masculina, grossa, porém gentil, de alguma forma ela me parecia familiar, mas eu não sabia de onde ela era familiar.
- Bella... Bella... – eu abri meus olhos para tentar identificar de onde vinha a voz. Eu ainda estava deitada na cama e tudo parecia estar coberto por uma névoa densa, sendo que a única coisa que eu conseguia ver era uma luz esbranquiçada. – Vem aqui filha. -
- Filha? – perguntei confusa saindo da cama.
- Venha, minha filha... – eu fui seguindo a voz até sair da nevoa e parar em frente a uma luz muito forte e branca, que me cegava e eu precisava levantar meu braço para encobrir um pouco a luz que machucava meus olhos.
- Quem é você? – questionei sem descobrir meus olhos.
- Seu pai! – respondeu rindo.
- Meu pai morreu quando eu era um bebê... –
- Sua mãe não é a pessoa mais verdadeira desse mundo, filha, isso eu posso te garantir. – ele riu de novo. – E ela está te drogando. –
- Como? –
- Com a comida, com os sucos e chás que ela te dá! Ela está fazendo você esquecer de tudo de novo! –
- De novo? – questionei sem entender nada.
- É. Ela já fez isso antes. E eu não consegui impedir. – suspirei. – Pare de beber e comer o que sua mãe lhe dá, em dois dias suas memorias vão voltar. E diga o mesmo para a sua amiga! -
- Mas... Por que ela está fazendo isso? –
- Porque ela quer você apenas para ela. Ela não quer te perder de novo, sendo que não foi só ela quem te perdeu, mas ela vive agindo como se apenas ela tivesse sofrido. – ele suspirou de novo. – Você tem o direito de saber sobre as coisas estranhas que está acontecendo com você, sobre os seus sonhos e... –
- Você sabe sobre os meus sonhos? –
- Sim. –
- Sabe o que eles significam? O que eles significam?! – perguntei quase gritando e tirando o braço da frente do meu rosto e sentindo meus olhos queimarem. – Por que não me amostra o seu rosto? – questionei sentindo algumas lágrimas escorrerem dos meus olhos.
- Eu queria poder me revelar, mas você ainda não está pronta para isso! E Sim. Eu sei sobre o que seus sonhos significam. Mas não sou eu quem tem que lhe contar. Faça o que eu mandei. Pare de beber e comer o que sua mãe lhe oferecer e pergunte a sua mãe sobre seus sonhos, caso ela não responda, e ela não irá responder, você vai saber a quem você tem que perguntar! Agora eu tenho que ir. Quando você estiver pronta, eu vou aparecer para você! – conforme ele foi falando eu sentia que a claridade ia diminuindo, se tornando cada vez mais fraca. – Ah e a propósito... – a luz voltou a ficar um pouco mais forte. – Cuidado com a sua prima. Seth é inofensivo, mas Leah não! – ele terminou de falar e a luz sumiu completamente.
- Espera. Eu preciso de respostar! Eu quero respostar! –
- Bella... – uma voz feminina soou ao longe e eu senti algo me sacudindo e eu dei um pulo na cama, ao acordar percebi que eu estava deitada na minha cama, com uma minha mãe perto de mim, me olhando amorosamente e com uma xicara de porcelana em mãos e eu pude sentir o cheiro ruim do chá de maçã. – Bom dia, meu amor. Trouxe um chá para começar bem o dia. – ela empurrou a xícara na minha direção.
- Não bebe! – a voz do meu sonho soou na minha cabeça de novo ao mesmo tempo em que ela empurrou a xícara na minha direção e como em um movimento involuntário eu empurrei o braço dela para longe, fazendo a xícara tombar contra o chão e quebrar.
- Isabella! – ela gritou comigo.
ela esta dando alguma erva pra elas esquecerem do Edward!
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