domingo, 28 de outubro de 2018

Capítulo Único


Pov. Bella.

Ah sábado. Dia perfeito para dormir até tarde… Só que não… Pelo menos é quando você não tem um cão em casa. Quinoa pulou na minha cama e começou a lamber e a esfregar o focinho molhado em meu rosto até que eu acordei.

- Já acordei menina… Já acordei… - resmunguei tentando empurra-la para o lado, mas ela era uma Golden Retriever de 25 kg, era difícil empurra-la com uma mão só.

Eu levantei da cama e ela pulou em seguida indo para a porta. Eu sabia o que ela queria, portanto peguei uma calça de moletom e coloquei em cima da calcinha e fiquei com o moletom de GoT e caminhei até o banheiro apenas para escovar os dentes e jogar uma água no rosto e pentear o cabelo. Calcei meus chinelos e desci pegando uma barrinha de cereal na cozinha e a coleira de Quinoa, que já arranhava a porta.

Coloquei a coleira nela e abri a porta, pegando as chaves e sendo puxada por ela para fora. Quinoa queria passear, ela era uma cadela ativa com uma dona sedentária. Nós demos uma volta no quarteirão e a levei até o parque de cães que tinha ali perto e soltei-a um pouco enquanto me joguei em um banco frio. Era um dia frio de final de outono.

Uma hora depois eu consegui arrastar Quinoa de volta para casa e quando nós chegamos tinha um caminhão de mudanças ao lado da nossa casa. Um homem, lindo, ruivo, com os cabelos plenamente revoltos, como se dissesse que havia acabado de dar uma bela trepada, estava caminhando da porta azul até o caminhão e voltando logo em seguida para dentro de casa.

De dentro da casa uma cabeça amarela de um Golden Retriever apareceu e Quinoa latiu. O cão e ruivo viraram a cabeça na nossa direção e o cão saiu de dentro de casa e Quinoa me puxou para mais perto dele.

- Pipoca… Pipoca volta aqui. - o homem largou a caixa no chão e se aproximou dele.

Quinoa e o tal pipoca não começaram a brigar como eu achei que faria, eles simplesmente começaram a se cheirar e depois a cheirar seus países baixos.

- Porra… Quinoa, você é uma menina de família… Se comporte. - eu tentava puxa-la e parece que cada vez mais eu puxava mais ela enfiava o nariz lá.

- Pipoca, pelo amor de Deus… - e o homem tentava puxa-lo pela coleira. - Tenha modos, você nem a conhece… -

- Porra cara, minha cadela é de família e ele está abusando dela… - reclamei e com um pouco de dificuldade nós os separamos.

- Desculpa. Ele deve estar no cio e ainda não foi castrado. - e como se o cão tivesse entendido que iriam cortar suas bolas ele olhou “confuso” para o dono. - A propósito… Edward Cullen. Acabei de mudar. - ele estendeu a mão.

- Bella Swan… Sempre morei aqui. - e ele sorriu. - Então… Veio de onde? -

- Chicago. -

- E o que o trouxe a Boston? -

- Trabalho! Sou professor de matemática. Vou começar a trabalhar na Boston Colege. -

- Olha a coincidência… Sou professora de história no mesmo colégio. -

- Olha que bom… - eu o encarei. - Vai me acompanhar segunda… Não faço a mínima de onde fica a escola. - e eu joguei a cabeça gargalhando.

- Tudo bem. Eu te acompanho até lá, mas mantenha esse cão cheio de testosterona longe da minha menina. -

- Pode deixar… -

- Venha Quinoa! -

- Você batizou seu cão de Quinoa? -

- Você batizou o seu de Pipoca. - rebati.

- Foi minha irmã e ela tem sete anos. - respondeu e eu comecei a rir.

- E eu gosto de Quinoa. - rebati e controlei meu desejo infantil de dar língua. - Vem menina, fica longe desses machos cheios de testosterona… - reclamei brincando e ele riu.

- A propósito… Caso queria companhia para assistir GoT, é só chamar… -

- Depende. Torce para que qual casa? -

- Targaryen e Stark. -

- Chamo com prazer. - e ele gargalhando.

- Vamos pipoca. - e eu entrei na minha casa e ele continuou a descarregar o caminhão.

Eu entrei em casa e a primeira coisa que vi foi o espelho próximo à porta e me vi. Puta que pariu Isabella, se Alice te visse desse jeito e falando com um homem daqueles, ela te mata. Pensei e soltei Quinoa e fui trocar de roupa, eu estava ridícula. O cabelo bagunçado e preso de qualquer jeito com algumas mechas caindo, um moletom largo, porém quentinho, calça de moletom velha e chinelo e uma puta cara de sono. Ótimo, Isabella, ótimo.

Tomei um banho e coloquei uma roupa mais adequada e ouvi a porta da frente se abrindo e Quinoa latiu.

- Oi menina linda… - era Alice. Ela e minha mãe tinham a puta mania de entrar na minha casa sem bater, isso porque eu tinha ido fazer um curso em outro estado e deixei a chave com elas pra virem cuidar de Quinoa e eu simplesmente não peguei de volta. - Bellita… -

- Cozinha! - avisei subindo com as mangas de minha blusa até o meu cotovelo e pegava algumas coisas para fazer o almoço, porque a hora que era, nem valeria a pena tomar café.

- Gatinha, você viu seu novo vizinho? - e mamãe estava junto com Alice. - Oi amor. - ela se aproximou de mim e deu um beijo em minha testa.

- Oi mãe. Sim eu vim se chama Edward, é professor de matemática e vai dar aula na Boston Colege. - já respondi todo o interrogatório que iriam fazer.

- Como sabe? -

- Conversei com ele por alguns minutos quando o cachorro dele tarou a Quinoa! - expliquei.

- E você estava arrumada não é? - Alice perguntou e eu me concentrei em lavar os legumes que havia apanhado.

- Sim. - respondi tentando não subir algumas oitavas e Quinoa latiu como se me desmentisse. Traidora!

- Porra Isabella, você foi à rua de moletom de novo? -

- Eu não esperava encontrar com alguém, sabia? Fui apenas levar a Quinoa para passear! - respondi já irritada devido à conversa.

- Eu vou sumir com todos os seus moletons… - ameaçou e subiu as escadas.

- Toca nos meus moletons que eu estrago toda a sua maquiagem e raspo suas sobrancelhas enquanto você dorme. - gritei para ela e ela desceu em dois minutos. Era só ameaçar a sua maquiagem ou sobrancelhas que ela aquietava o facho.

Nós três fizemos o almoço com minha mãe falando merda enquanto via o tal de Edward levando as caixas para dentro. Ele é bem bonito. E tem uma bunda linda. Ele está morando sozinho. Deve ser solteiro. Bem que você poderia dar pra ele. Se não quiser eu dou. E nessa última eu precisei pedir para ela de calar. Estava ficando absurdamente estranho. Mal o almoço ficou pronto e enquanto eu e Alice colocamos a mesa, mamãe sumiu e em menos de três minutos ela voltou.

- Garotas... Nós temos convidados. -

- Pelo amor de Deus, me diz que ela não fez o que eu acho que ela fez! - pedi a Alice e a forma como Alice riu, mamãe havia feito.

- Alice, este é o Edward e este é o Pipoca. - eu vou matar a minha mãe. - E a Bella soube que você já conheceu. -

- Sim Renée, claro. - e ela já até o mandou chama-la pelo primeiro nome. - É um prazer Alice. -

- O prazer é meu. -

- Mãe, o que a senhora está aprontando? - perguntei na cara de pau.

- Estou fazendo o que você não faz… Ser uma boa vizinha. O menino acabou de se mudar e você nem o chama para almoçar. -

- Ele pode ser um psicopata. - apontei e ele riu.

- Você sobreviveu a sua irmã que é a rainha dos psicopatas, sobrevive a ele. -

- Tudo bem. Pode ficar, mas mantenha esse cão cheio de testosterona longe da minha menina. -

- Ah para com isso Isabella… Deixe a Quinoa se divertir. -

- Eu sou nova demais para ser avó. - rebati e todo mundo riu de mim.

- Ignore minha filha… E sente-se. - nós nos sentamos na pequena mesa da cozinha e minha mãe se pôs a falar, como sempre. - Soube que é professor de matemática? -

- Sim. Sempre amei contas e números. - ele respondeu e eu e Alice nos encaramos como se ele fosse louco.

- As duas ali sempre foram péssimas em matemática. Aliás, Isabella ainda é. E eu ainda acho que ela precisa de um professor particular. Quer a missão de ensinar essa menina a contar? - minha mãe perguntou e eu me engasguei com o suco.

- Não mãe. Ele não quer… - eu me apressei em dizer. - E já disse, sou de Humanas e não Exatas. -

- Eu aceito a missão se ela aceitar a missão de me ensinar História. Sempre fui péssimo. -

- Não… - eu disse antes que minha mãe falasse algo. - Eu não preciso saber de matemática e nem ele de história. - rebati e os três riram.

- Mudando o assunto. Mas essa macarronada está deliciosa. -

- Isabella que fez. - minha mãe disse e chutou minha perna.

- Aí porra. Tá doida mulher? -

- Perdoe-me, minha filha é lerda… - ela ia continuar falando merda mais o telefone tocou.

- Graças a Deus. - eu me levantei e peguei o telefone ali da cozinha mesmo. - Alô. -

- Oi Bell's. -

- Oi pai. -

- Desliga essa merda Isabella. - minha mãe gritou.

- Sua mãe está ai, não é? - resmungou.

- Sim pai. Ela e Alice. -

- Não sei por que Isabella ainda fala com ele… - minha mãe reclamou com Edward.

- Ah. De um beijo na sua irmã. -

- Alice papai mandou um beijo. -

- Manda outro… - e minha mãe chutou Alice. - Aí mãe… -

- Pai, o que o senhor deseja? Eu preciso separar essas duas, aqui. -

- Queria saber se você e Alice querem vir me visitar no final de semana que vem? -

- Um minuto… Alice. - e eu a encarei, e ela estava com as pernas em cima da cadeira como para se proteger de outro chute de mamãe. - Papai quer saber se você quer ir a casa dele no próximo final de semana, comigo. -

- Porra nenhuma. -

- Eu vou ver na minha agenda e depois eu aviso. - disse ignorando nossa mãe.

- Eu vou papai. - e tive que desviar da minha mãe que me jogou o pano de prato. - Alice disse que vai ver a agenda e te liga. -

- Tudo bem, meu amor. Até sábado. -

- Até sábado papai. - e eu desliguei o telefone.

- Eu não sei por que vocês cismam em querer ver o pai de vocês. - reclamou.

- Quem se divorciou foi a senhora e não a gente. - Alice resmungou e mamãe a encarou com raiva.

- Qual foi o motivo do divórcio? - Edward perguntou.

- São dois malucos. Nem eles sabem. - eu respondi e minha mãe bufou.

Com minha mãe falando mal de meu pai, nós terminamos de almoçar e eu e Alice lavamos a louça enquanto minha mãe continuava a falar besteira para o Edward. E ele só foi embora perto das três da tarde, depois de minha mãe ter descoberto noventa por cento de sua vida, e ele só conseguiu ir embora por que tinha que terminar de arrumar as coisas.

Domingo passou sem que eu visse Edward, pelo menos não pessoalmente, eu o via andando pela casa, subindo e descendo as escadas, pela janela. Eu fiquei arrumando meu plano de aula para o dia seguinte, e domingo assim se seguiu.

Segunda Quinoa me acordou às cinco da manhã. Eu tinha que estar na escola às 8h, e ainda faltava muito. Eu me levantei da cama e após fazer minha higiene, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, e colocando um moletom por cima da blusa de alças, eu calcei meus chinelos e segui para a porta.

Quinoa já estava ali, com a coleira na boca, pronta para o seu passeio. Eu apanhei uma barrinha de cereal e peguei a coleira de sua boca e prendi nela e saímos de casa com ela me puxando. Eu abri o portãozinho e nós saímos para a rua, e enquanto ela cheirava a árvore em frente a nossa casa eu tentei abrir a embalagem da barrinha de cereal.

Ela soltou um latino e deu um puxão na coleira e eu me assustei e quase caí no chão.

- Quinoa! - eu me virei e vi que ela estava tentando se aproximar do tal do Pipoca. - São vocês… -

- Isso só pode ser mal de Golden Retriever, acordar os donos às 5 da manhã. - resmungou e ele estava igual a mim. Moletom e chinelos e uma barrinha de cereal em mãos. - Me fala que tem um parque de cães aqui perto. - pediu.

- No final da rua. - respondi sorrindo devido a sua cara fofa de sono. - Vem Quinoa. - eu a puxei. Eu precisei puxa-la três vezes até que ela lembrou que queria ir ao parque, e voltou a me puxar para lá.

- Deus que sono… - e ele espirou. - Fui dormir muito tarde arrumando as coisas. -

- Mudança é uma merda… - comentei. - Quer dizer, a parte de arrumar as coisas da mudança é uma merda. -

- Concordo plenamente. -

- Mas posso fazer um comentário? - perguntei chegando ao parque e soltando a coleira de Quinoa a deixando ir correr livremente.

- À vontade. - disse depois de fazer o mesmo com Pipoca e se sentar ao meu lado em um banco.

- Você parece essas pessoas que acordam cedo para correr e tem uma alimentação saudável. - e ele me encarou com as sobrancelhas arqueadas. - Não? -

- Eu só não posso me caracterizar como sedentário por causa do pipoca. - respondeu rindo. - E se você visse minha geladeira e dispensa, ia ver que não tem nada de saudável ali… Minto, tem umas frutas e legumes. - e eu balancei a cabeça rindo. - Eu como muita besteira. -

- Idem. Mas no meu caso é preguiça de fazer mesmo… - e ele gargalhou. - Até hoje não sei como não estou uma bola. -

Nós ficamos ali cerca de uma hora conversando enquanto nossos cães rolavam na areia e tentavam pegar um ao outro, já que não havia muitos cachorros ali. Às seis horas nós pegamos nossos cães e voltamos para casa, tínhamos que nos aprontar e ir para o trabalho daqui a pouco.

Nós chegamos a casa e eu tirei a coleira de Quinoa, pendurando-a perto da porta e seguimos para a cozinha. Eu coloquei ração para ela e lavei minhas mãos, ali mesmo na pia da cozinha, e preparei meu café da manhã. Algo bem simples, torradas com geleia de amora, café e alguns morangos.

Terminei meu café e após lavar minha louça, subi para o quarto para um banho e me vestir para o trabalho. Coloquei uma camisa branca e uma calça clochard cinza com estampa xadrez com finas listras brancas e tênis brancos. Peguei minha bolsa com meus materiais de aula e desci de novo.


- Tchau minha menina… - e eu me abaixei para dar um beijo em seu nariz molhado. - Mamãe te ama e te vê daqui a pouco. - e ela latiu.

Após conferir que as portinholas da porta da frente e dos fundos estavam abertas, eu peguei minhas chaves e sai de casa, mandando mais um beijo a ela. Sai de casa fechando o portão para a rua.

- Bella... - Edward me chamou também saindo de sua casa. - Como eu não sei onde fica a escola… Quer uma carona? - perguntou ajeitando a mochila no ombro.

- Tudo bem… - respondi após pensar um pouco. Ele apertou o botão do chaveiro, destravando o carro, era um volvo que estava parado. Ele abriu a porta do carona para mim. - Obrigada cavalheiro. -

- Disponha senhorita. - e eu balancei a cabeça sorrindo enquanto entrava no carro. Ele fechou a porta e deu a volta.

Ele entrou no carro jogando a mochila no banco de trás e ligou o carro. Enquanto ele ia dirigindo, íamos conversando um pouco e eu ia explicando o caminho. Não demorou muito e ele estacionou na escola na área destinada aos professores.

Nós dois descemos do carro e fomos até a secretaria. Deixei Edward com a senhora Cooper e eu assinei meu ponto e segui para a minha sala de aula.

O dia de aula ocorreu normal, eu já estava acostumado com as besteiras que os alunos falavam sobre história, e eu simplesmente ignorava e continuava a minha aula. Quando o dia de aula acabou, Edward mais uma vez se ofereceu para me levar para casa e eu aceitei.

E assim os dias iam se seguindo, eu e Edward meio que acabamos virando amigos e íamos e voltávamos juntos do trabalho. Nós tínhamos a mesma rotina. Éramos acordados todos os dias às cinco da manhã pelos nossos cães, íamos ao parque e ficávamos lá até as seis, voltamos para casa e as sete nós íamos para a escola.

Rapidamente as férias de inverno chegaram, estava um frio infernal aqui em Boston. Minha mãe e Alice estavam aqui em casa para jantar comigo e enquanto elas iam falando eu ficava de olho em Quinoa, que estava muito estranha.

Já tinha uns dias que ela estava estranha, mais parada do que de costume, não era mais tão ativa assim, e estava comendo muito pouco. E ela sempre era muito ativa e comia direito. Agora mesmo ela estava deitada em sua cama, abatida.

- Mãe… - eu a chamei enquanto ela começava a separar as coisas para o jantar. Uma vez por mês nós tínhamos um jantar temático, isso depois que ela entrou para um curso de culinária, e hoje o tema era Japão.

- Sim? -

- A senhora fica bem enquanto eu levo a Quinoa no veterinário? -

- Por quê? -

- Ela está estranha. E quando um Golden fica estranho não é um bom sinal. Todo mundo fala isso… -

- Tudo bem. Vai lá. - eu corri até meu quarto atrás de um casaco grosso e minha carteira. Desci as escadas de novo e peguei a sua coleira.

Fiquei cinco minutos tentando tirá-la da cama sem sucesso, e eu não a aguentava no colo. Eu vi pela janela da cozinha, que era de frente para a cozinha de Edward, ele passando. Abri a porta dos fundos e o gritei.

- Edward. - e ele abriu a janela. - Me faz um favor? -

- O que? - e ele gritou de volta.

- Coloca a Quinoa no carro da minha mãe? Ela está estranha e eu não a aguento. -

- Dois minutos. - respondeu fechando as janelas e eu estarei.

Em dois minutos certinhos ele estava na minha cozinha agasalhado e pegando Quinoa no colo. Ao contrário do que eu pedi, ele não a colocou dentro do carro de minha mãe, ele colocou no dele e me levou ao hospital, pegando-o no colo de novo para entrarmos lá.

Demorou meia hora para ela ser atendida e em quinze minutos o veterinário deu o diagnóstico. Grávida. Minha menina estava grávida. E eu só consegui olhar com raiva para Edward, que coçou a nuca levemente constrangido. Oito bebês o veterinário viu na ultra. Oito. Eu serei avó de oito bebês antes mesmo de chegar aos trinta.

Quando chegamos a casa e saímos do carro. Pipoca estava em pé do portãozinho da rua, ignorando o frio, e quando viu que Quinoa estava abatida ele começou a chorar e arranhar o portão, e a pedido do Edward eu abri o mesmo. Nós entramos em casa e Edward a colocou na sua caminha e Pipoca foi correndo até ela, e roçou o focinho na cabeça dela. Se eu precisava de uma confirmação de que havia sido ele que abusou da minha menina, eu não precisava mais dela.

Pipoca lambeu o rosto de Quinoa e deitou atrás dela, que deitou a cabeça em suas patas dianteiras.

- Que fofinho. - minha mãe disse entrando na sala e vendo a cena. - O que ela tem? -

- Parabéns mãe. Será bisavô de oito bebês. - disse com raiva olhando para Edward.

- Desculpa. -

- Você disse que ia castrar o seu Pipoca. -

- Eu fiquei com pena. Eu não iria gostar que arrancassem as minhas bolas, por que eu iria fazer isso com ele? -

- Eu vou fingir que não ouvi isso. - apontei. - E o que eu vou fazer com nove cachorros? - questionei.

- Filha. - minha mãe me chamou. - São dez. -

- Mãe eu sei que a senhora diz que eu não sei matemática. Mas oito mais um são nove! -

- Dez… -

- Por que dez? -

- Você acha mesmo que o Pipoca vai se afastar dela? Não vai. São dez. - e eu bufei.

- Ótimo. Dez cães… -

- Calma, Bella, sem drama. Pipoca vai arcar com as consequências. -

- Quando você diz Pipoca, você diz você, não é? -

- É. Eu… Não se preocupe. -

- Ótimo. -

- Edward fica para jantar? - minha mãe o convidou. - Comida japonesa. -

- Ah vou adorar. -

- Alice põe mais um prato na mesa. - minha mãe gritou voltando para a cozinha.

- Hey. - e ele me chamou e eu o encarei. - Desculpa. Não sabia que ele ia provavelmente pular a cerca… -

- Literalmente… -

- É literalmente… - e ele riu.

- Escuta aqui… - e eu apontei o dedo para ela. - Ela é uma menina de família que foi desviada do caminho do bem por esse cão cheio de testosterona. É bom ele assumir compromisso. Vai ter que casar. Ela foi criada no estilo de nada de sexo antes do casamento. - e ele balançou a cabeça rindo. - Não tem graça… -

- Então, a dona dela também leva a vida nesse estilo? De nada de sexo antes do casamento? - ele perguntou com a voz rouca e eu gaguejei antes de responder.

- Por que a pergunta? -

- Você é bem lerda em… - e antes que eu pudesse falar algo, ele me prensou contra a parede da sala e uniu nossos lábios.

O beijo era rápido e apressado, mas não deixava de ser bom. Sentir os lábios macios dele contra os meus era algo que eu nunca havia sentido na vida. Sua boca era apressada contra a minha e eu senti algo duro na altura de meu ventre e sem pensar minha levei a mão até lá. Era o pênis de Edward, e sem pensar muito de novo, eu apertei de leve e ele gemeu contra a minha boca.

- Você não faz ideia do quanto eu estou louco para transar com você… -

- Nota-se. - provoquei apertando de novo seu pênis.

- Ou você para, ou vai ter que resolver esse problema… Esse grande problema… -

- Não me parece muito grande… - provoquei de novo e ele prensou mais sua virilha contra a minha mão. Eu estava mentindo descaradamente, o problema era grande e grosso, e eu não era de ferro, e estava sem sexo a mais de um ano. Estaria mentindo descaradamente se não falasse que minha menininha se animou e minha boca salivou. - Continua não parecendo muito grande. - menti de novo provocando. Eu subi com a mão, largando seu pênis. Eu ergui um pouco sua camisa, sentindo a pele quente de sua barriga. Eu não desviava os olhos do dele, e bem de leve rocei minhas unhas em sua barriga e ele gemeu baixo. Bem devagar eu infiltrei minha mão em sua calça e em sua cueca, tocando em seu pênis duro, e nós dois gememos com o toque.

- Se a sua mãe e irmã não estivessem aqui… - disse baixo.

- Ia fazer o que? - questionei provocando e passando bem de leve minhas curtas unhas em seu pênis.

- Comer você com força contra essa parede. - respondeu baixo e quase rosnando. Eu não era de ferro e acabei soltando um gemido e sentindo minha buceta se animar apenas por imaginar.

- Elas vão embora daqui a pouco. - contei passando de novo minhas unhas bem de leve em seu pau.

- Isabella. - e antes que eu pudesse dizer algo, minha irmã surgiu na sala e eu empurrei Edward para longe tirando a mão de dentro de sua calça.

- Já falei. É bom o Pipoca assumir a Quinoa. - disse mudando de assunto e ele riu.

- Ele vai. Podemos até chamar um padre para selar a união. -

- Ótimo… Ah, Oi Alice. O que deseja? - e ela me encarava como se eu fosse louca.

- Jantar. - disse apontando para a cozinha.

- Estou indo. - e ela assentiu voltando pra cozinha.

- Onde fica o banheiro? - perguntou.

- Pra? - questionei e ele apontou para o volume em suas calças.

- Lá em cima terceira porta a direita. - respondi. - Não demora. - e eu pisquei para ele indo para a cozinha e ele subiu as escadas.

Edward seguiu para o segundo andar e eu caminhei até a cozinha, a mesa já estava pronta e o cheiro dos temperos orientais impregnava a mesma. Eu lavei as mãos na pia da cozinha mesma e antes de me sentar na cadeira dei uma olhada novamente em Quinoa e Pipoca, os dois estavam deitados juntos, com a cabeça um perto da outra. Eu não podia negar que era fofinho, mas ele abusou da minha menina, ela era uma santa.

- E Edward? – minha mãe perguntou quando eu me sentei na cadeira.

- Foi ao banheiro. – respondi normalmente.

Em poucos minutos ele voltou e eu precisei morder o lado de dentro de minha bochecha para não rir e ele se sentou na cadeira vaga ao meu lado e mamãe deu inicio ao jantar. Volta e meia durante o jantar e a conversa, a minha mão seguia, discretamente, até a coxa de Edward e até o meio de suas pernas, apertando seu pênis de leve por cima da calça, e na primeira apertada ele se engasgou com o lámen e eu sorri discretamente enquanto continuava a comer.

O jantar acabou e apenas para minha mãe ir embora logo, eu e Edward nos prontificamos para lavar a louça, mas não adiantou, elas continuaram na sala conversando e conversando e aquilo já estava me irritando. Nós lavamos a louça e seguimos para a sala. Mamãe continuou conversando com Edward e puxando assunto enquanto eu ficava de olho em Quinoa e torcia para ela ir embora e eu podia ver que Edward fazia o mesmo.

Finalmente minha mãe e Alice foram embora, porque pelo visto Alice havia entendido o que iria acontecer, ou o que esperávamos que fosse acontecer e a puxou para a casa dela. Eu tranquei toda a casa e arrumei mais uma tigela onde coloquei comida para Pipoca e Quinoa, que ainda estavam deitados na apertada cama de Quinoa, que mal cabia ela, quanto mais os dois.

Edward me puxou pela cintura, deixando-me com o corpo bem grudado ao dele, seus braços em volta da minha cintura e minhas mãos espalmadas em seu peito e eu sentia sua ereção através de sua calça, tocando em meu ventre.

- Finalmente elas foram embora... –

- E você vai fazer o que? – questionei provocando.

- Eu já disse. Comer você com força contra a parede. –

- Eu acho que você não consegue me comer com força. – provoquei de novo e vi seus olhos faiscarem.

- Ah é? – questionou e eu o encarei.

- É. Está falando demais... – comentei e ele subiu com uma das mãos, tirando-a de minha cintura, e levou até a minha nuca, puxando minha boca para perto da dele, unindo nossos lábios. Ele caminhou, empurrando-me para trás, e me prensou contra a parede da sala.

O beijo era apressado e transbordava de luxuria, ele enfiou as mãos debaixo de meu vestido grosso e me pegou no colo, deixando meu corpo prensado entre a parede fria e seu corpo quente. Eu rebolei meu quadril contra o seu, sentindo minha calcinha ficando úmida e ele gemeu contra meus lábios. Meus pulmões imploravam por oxigênio e ele soltou meus lábios e desceu com a boca para o meu pescoço, dando uma chupada forte que me fez gemer alto. Eu sabia que ficaria a marca, mas sinceramente eu pouco me importava.

Suas mãos em meus quadris rasgaram a minha meia calça um pouco grossa e me segurando contra a parede, ele tirou as mãos de mim e levaram até o bolso de trás de sua calça. Ele havia pegado a sua carteira e tirou uma embalagem de camisinha dali de dentro e jogou-a logo.

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- Você vai me perdoar... – ele abrindo a camisinha com os dentes e voltando as mãos para os meus quadris. – Mas eu estou muito excitado. – comentou e eu o senti abrindo sua calça. – Mas eu juro que depois eu lhe dou as preliminares. Maravilhosas preliminares se me permite dizer. – eu olhava em seus olhos enquanto o sentia empurrar minha calcinha para o lado.

- Espero que saiba que vou cobrar. – provoquei afrouxando um pouco minhas pernas em volta de sua cintura para que ele pudesse se ajeitar e abracei seu pescoço com meus braços. Ele segurava minha calcinha e eu senti seu pênis me preenchendo devagar. – Deus. – gemi alto ao sentir seu pau que não era assustadoramente grande, mas era grosso. Eu o sentia sorrir contra o meu pescoço. – Porra... – gemi um pouco mais alto ao senti-lo sair todo de dentro de mim e voltar com um pouco mais de força.

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Ele repetiu o gesto de sair e voltar algumas pouquíssimas vezes até passar a investir o quadril contra o meu de forma continua. Suas mãos foram para as minhas costas, que eu havia dado uma leve desencostada da parede e abriu o zíper de meu vestido e eu abaixei as mangas do vestido, deixando-o embolado em minha cintura.

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Seu quadril se chocava contra o meu de forma rápida, arrancando gemidos de nós dois, todavia os dele cessaram quando ele abaixou um pouco a cabeça após abaixar meu sutiã e colocou um de meus seios dentro de sua boca e o outro ele massageava com as mãos, e os meus gemidos se intensificaram devido ao seu movimento dentro de mim e de sua língua quente em meu mamilo.

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Eu gemia alto e minhas mãos arranhavam suas costas por dentro de sua camisa e puxava seus cabelos. Estávamos tão excitados que foram necessárias apenas mais algumas investidas e eu gozei ao sentir o orgasmo vir forte. Encostei a cabeça na parede fechando os olhos e respirando fundo, Edward investiu mais algumas vezes e se aliviou dentro da camisinha e tirou o rosto dos meus seios.

Eu abaixei a cabeça e uni nossos lábios em um beijo rápido e separou minhas costas da parede, me sustentando com seus braços embaixo de meu quadril. O beijo agora havia se tornado calmo, não era mais apressado e nem transbordando de luxuria como o último. Eu nunca havia sentido tanto prazer assim, mesmo tendo sido algo rápido devido os níveis de nossas excitações, e eu pudesse e ele quisesse eu iria com certeza querer repetir a dose outro dia.

(...)

- Eu acho que a sua mãe tem razão... – ele disse depois de um tempo. Já eram por volta das duas da madrugada, a lareira da sala estava acessa para deixar o ambiente mais quentinho mais nós quatro.

- Sobre o que? – perguntei. Nós estávamos deitados me meu sofá. Eu de lado com as costas encostadas nas costas do sofá e ele deitado com a barriga para cima, minhas pernas estavam emboladas a dele, nós ainda estávamos nus apenas cobertos com uma manta grossa, após mais duas rodadas de sexo ali no sofá mesmo e de ele ter me dado uma preliminar maravilhosa como ele mesmo havia dito.

- Ninguém vai conseguir separar os dois. – comentou olhando para Quinoa e Pipoca que dormiam juntos e bem grudados um ao outro para se aquecer.

- Virei avó... – comentei brincando e seu peito tremeu um pouco devido ao riso. Eu estava com a cabeça deitada em seu peito e ele mexia em meus cabelos delicadamente. – Eu tenho que comprar uma cama maior. Tanto para a Quinoa, quanto porque eu sei que esse cão transbordando de testosterona não vai sair mais daqui... –

- Sugiro que compre um sofá maior... – e eu levantei a cabeça o encarando.

- Não vai me dizer que ele deita no sofá?! –

- Não é para ele! – respondeu.

- Não entendi... – admiti.

- Você disse que vai comprar uma cama maior porque sabe que o Pipoca não vai mais sair daqui... – assenti. – Então aproveite e compre um sofá maior, porque eu também não pretendo mais sair daqui... – e eu o encarei por mais alguns segundos antes de responder.

- A sua casa é aqui ao lado. –

- Mas na minha casa não tem certa morena gostosa no meu sofá. – respondeu e ergueu um pouco a cabeça e me deu um beijo. – E me lembre de segunda feira comprar um presente para o Pipoca. –

- Por quê? –

- Porque ele arrumou uma namorada... – e me encarou olhando bem em meus olhos. – E me arrumou uma. –

- O que exatamente você quer dizer com isso? – perguntei puxando a manta e cobrindo meu corpo.

- Quero dizer o que eu disse. – e ele se sentou também e o sofá ficou absurdamente apertado. – Eu quis dizer que gostaria e muito de namorar você. – e por um leve momento eu fiquei sem reação. – Ou você acha que eu convido você todos os dias para irmos para a escola juntos só porque eu sou cavalheiro? –

- Não. Claro que você não fazia apenas por ser cavalheiro. Eu achava que você fazia por sexo mesmo. – brinquei e ele sorriu torto e eu coração disparou.

- Também. – admitiu. – E porque quando eu abro a porta para você eu tenho uma bela visão de sua bunda. –

- Pervertido. – reclamei e ele riu.

- Mas eu realmente queria namorar você. Namoro sério, e sinceramente, pela sua mãe nós já estaríamos namorando... –

- Pela minha mãe já estaríamos casados. – apontei.

- Talvez daqui a um tempo. – respondeu após ponderar um pouco. – Mas não foi apenas sexo que me fez aproximar de você e nem porque meu cachorro gostou da sua cadela, e muito menos porque ele embuchou a bichinha. E tão pouco pelo sexo. Eu gosto de você e isso é o único motivo que me importa. Nós nos demos bem desde o inicio, temos gostos parecidos, trabalhamos no mesmo lugar, passamos mais tempo juntos do que outra coisa. Foi inevitável não me apaixonar por você. –

- Assim você me deixa sem fala e envergonhada... –

- Envergonhada por quê? –

- Não tenho muita certeza, mas deve ser porque eu estou nua. – ironizei. – Melhor dizendo, porque estamos nus... – e eu o encarei. A sala estava mal iluminada pela luz que vinha das chamas da lareira e eu encarei, e babei, um pouco o seu peitoral, já que a manta só cobria a sua cintura. – E para alguém que quase se denomina um sedentário, você está muito bem... –

- Eu que o diga. – e do mesmo jeito que eu dei uma bela analisada em seu corpo ele deu no meu. – Sua bunda é bem gostosa de apertar. –

- E acabou o momento fofo. – ironizei de novo e ele gargalhou. Edward se aproximou mais de mim e levou a mão até a minha nuca e após roçar seu nariz ao meu, uniu nossos lábios em um beijo rápido.

- Você ainda não me respondeu... - comentou com os lábios roçando aos meus.

- O que? –

- Se quer namorar comigo. – e eu ponderei um pouco e por fim suspirei.

- Vou pensar no seu caso. – e ele sorriu. – Eu ainda estou bem puta com você... –

- Por quê? –

- Por quê? Seu cão embuchou a minha menina, não acha que isso é um bom motivo para ficar puta? –

- Você fica bem linda e fofa quando está puta... Tenho que arrumar novos jeitos de te deixar puta... –

- Faz isso que eu te espanco. –

- É melhor não... –

- Concordo plenamente. –

- O que concorda disso: Por que não subimos e terminamos o que começamos hoje? –

- Não cansa? – perguntei. – Não sei se você reparou, mas você não é pequeno, e eu não estou falando isso para inflar seu ego, estou falando isso por que... Por que ela está ligeiramente sensível. –

- Não seja por isso... – ele se aproximou mais ainda, se possível. – Eu dou um beijo que passa. – sugeriu. – E se eu me recordo bem, você pedia para que eu continuasse e se não me engano, para que fosse mais forte. – e ele havia afastado minimamente o rosto apenas para poder olhar em meus olhos. – E se eu me lembro... Você teve vários orgasmos. –

- Eu fingi. – menti e ele sorriu amplamente revelando os dentes perfeitamente alinhados e brancos.

- Não fingiu não. Eu sei quando uma mulher tem um orgasmo e você teve. –

- Eu não vou concordar... Se eu fizer isso ai mesmo que seu ego infla do tamanho de um balão. –

- Não precisa concordar... – e ele mordeu de leve meu queixo.

E não deu outra, Edward e eu fizemos sexo mais uma vez aquela madrugada, dessa vez em meu quarto e dessa vez acabou com os dois exaustos e dormindo. Eu nem me lembrava mais de como era dormir sob os braços quentes de uma pessoa, eu só podia garantir que era uma sensação ótima e muito acolhedora.

Os dias foram se passando e mesmo eu ainda não tendo dito com todas as letras que aceitava ou não namorar Edward nós raramente nos afastávamos durante essas férias. Quinoa ainda não queria sair de sua cama e Pipoca não queria sair de perto dela. E Edward também não queria sair de perto de mim. Eles tinham a cama apertada de Quinoa e nós dois tínhamos o meu sofá apertado. Eu havia comprado uma cama maior para ela, principalmente porque ela ficaria imensa de gorda com oito filhotes crescendo dentro dela.

Nós a levávamos sempre uma vez na semana ao veterinário apenas para ver se estava tudo bem e conforme as semanas iam se passando nós víamos que o abatimento ia passando também e ela já se animava mais um pouco. Duas semanas depois que a gravidez foi descoberta ela passou a comer igual à antes, quer dizer, comer mais do que comia antes.

O natal e ano novo passaram e Edward passou aqui em casa. Não por causa de Pipoca ou por minha causa, e sim porque minha mãe obrigou e quase ele disse que estava pensando em visitar a mãe, minha mãe quase o esganou. Eu havia avisado a ele para não dar intimidade a minha mãe. Ele me ouviu? Não! Agora ele que aguentasse a loucura dela.

As aulas voltaram e minha mãe, que trabalhava em casa, passou a ficar o dia inteiro dentro da minha casa de olho em Quinoa. Eu não queria deixa-la sozinha tanto tempo enquanto eu dava aulas. Talvez por medo que algo pudesse acontecer, por que mesmo ela sendo um cão, algo poderia acontecer certo? E tudo ia muito bem, até eu quase pegar minha mãe fazendo sexo virtual com um cara no meio da minha sala de estar.

Eu estava exausta, havia acabado de sair de uma apresentação de trabalho e estava com uma tremenda vontade de me matar. Eu não podia acreditar que tal coisa havia acontecido. Eu entrei na sala dos professores, eu tinha um pequeno intervalo de vinte minutos antes de ir para a minha próxima aula. Edward estava ali sentado, corrigindo algumas provas, com seus óculos de leitura no rosto. Ele tinha um copo de café expresso do Starbucks a sua frente e tinha uma caneta vermelha em mãos. E eu basicamente desabei na cadeira ao seu lado e apanhei seu café bebendo o gole e fazendo careta ao ver que estava sem açúcar.

- Sinceramente não sei por que bebe meu café se sabe que não tem açúcar. – ele comentou enquanto fazia o contorno de um zero enorme no lugar da nota. – Qual é o problema? –

- Eu acabei de notar que eu sou uma merda como professora. – comentei soltando o copo de café.

- Duvido. É uma ótima professora e gostosa. Se eu tivesse uma professora como você na idade deles, eu não faltaria uma aula de história. – comentou. A sala dos professores estava vazia, portanto ele falava essas coisas livremente. Toda a escola já sabia que estávamos juntos, tanto o diretor, outros professores, pais e alunos. Isso tudo porque uma mãe de aluno nos viu juntos no mercado uma vez e veio reclamar com o diretor, e a única coisa que ele disse foi: caso eles se comportem dentro da escola, pouco me importa o que fazem fora da escola. Eu amava esse homem. – Mas o que houve? – ele tirou os óculos e colocou em cima da mesa junto à caneta vermelha.

- Lembra que eu comentei que hoje teria uma apresentação com maquetes e tudo mais sobre os Astecas? –

- Lembro. Qual o problema? –

- O garoto falou que a pirâmide asteca ficava no Saara. – eu via que ele se segurava para não rir e mordia o lado de dentro da bochecha. – Pode rir. – e ele não riu. Ele gargalhou, audivelmente tanto que o diretor que passava no corredor colocou a cabeça dentro da sala para ver o que estava acontecendo. – Eu simplesmente perguntei olhando a maquete: Por que essa areia em volta da pirâmide? – comentei lembrando. – E o garoto mandou: Ué professora, porque ela fica no Saara. – e ele riu mais ainda. – Aquilo foi como uma facada no coração. Doeu. Tipo, qual tipo de professora eu sou para eles não saberem onde fica a porra da pirâmide asteca? – (n/a: isso é um fato verídico, aconteceu com a minha professora de Brasil II quando ela dava aula para o ensino médio.)

- Se isso te consola, eu perguntei uma vez onde ficava Roma. – e eu o encarei chocada. – Sério. – (n/a: e isso aconteceu comigo no estágio).

- Isso não é nem questão de História. É de Geografia e conhecimento gerais. –

- Eu sei. Mas... –

- Que vergonha... – reclamei.

- E se isso também te consola... – ele me amostrou a prova zerada que ele havia acabado de corrigir. – Metade da turma basicamente zerou a prova. E a prova estava fácil. –

- Para alguém que sabe e gosta de matemática... – apontei e bebi mais um gole do café me arrependendo logo em seguida.

- Não. Claro que não... A prova estava realmente fácil. – e ele colocou a corrigida de lado e pegou outra para corrigir.

- As minhas eu vou corrigir em casa... – e olhei para o relógio em seu pulso. – E agora eu tenho que ir... – me levantei e peguei minhas coisas. – A Guerra Civil Americana me aguarda. – e lhe dei um beijo rápido nos lábios e sai da sala antes que alguém visse.

Eu segui para a sala de aula e engoli o: Astecas ficavam no Saara e me concentrei na Guerra Civil Americana. Dessa vez a aula foi tranquila, sem nenhuma maluquice ou algo que pudesse me causar um infarto precoce. As aulas do dia acabaram e nós seguimos para casa. Edward foi para a dele para organizar algumas coisas e eu para a minha para livrar minha mãe de seu novo emprego como babá. Eu sabia que a noite, ou antes, mesmo que escurecesse, ele já estaria aqui de novo, portanto eu adiantei o jantar e dei comida a Pipoca e Quinoa que estavam na nova cama grande deles.

Enquanto o jantar estava no forno eu corrigia minhas provas, e igual a Edward eu também tive algumas notas zero. Eu odiava dar zero para alguém, porque eu acreditava que provas não provam conhecimento algum, mas era norma da escola e eu tinha que seguir. Mas mesmo assim me doía dar um zero a alguém. A noite Edward veio para a minha casa e após o jantar ficamos nós dois no sofá, com a televisão ligada em um filme qualquer enquanto terminávamos de corrigir nossas provas.

Fevereiro chegou rápido e hoje era o dia dos namorados. A escola estava em polvorosa com isso, cartões e pirulitos cor de rosa eram distribuídos entre os alunos e quase ninguém se importava com as aulas, mas mesmo assim elas deveriam ser dadas. Quando o sinal tocou dando inicio ao almoço eu dispensei os alunos e continuei na sala terminando de corrigir uns testes para que eu pudesse comentar com os alunos já que semana que vem teríamos uma prova.

Graças a Deus dessa vez eles não foram tão mal assim, muito poucos tiraram nota baixa, uma coisa que me aliviava e muito, eu não queria ter que reprovar ninguém, mesmo já tendo uns dois alunos reprovados nessa turma. Nem se eles tirassem a média mais alta e gabaritasse tudo nessas ultimas provas eles passariam.

- Toc toc... – olhei para a porta e vi Edward ali parado.

- Oi. – ele entrou e fechou a porta atrás de si e eu me levantei da cadeira. Ele enlaçou minha cintura com as suas mãos e me deu um beijo rápido.

- Feliz dia dos namorados, meu amor. – disse mordiscando meu lábio inferior sorrindo. Ele tirou uma das mãos de minha cintura e revelou uma rosa vermelha.

- Obrigada. – e uni nossos lábios em um beijo rápido. – Feliz dia dos namorados. – e rocei meu nariz ao dele.

- Vamos sair para jantar hoje à noite? Só nós dois, para comemorarmos nosso primeiro de muitos dias dos namorados juntos? –

- Meu amor, nós não podemos deixar a Quinoa sozinha... – respondi. – Ela pode parir a qualquer momento. –

- Eu sei. – suspirou.

- Mas isso não nos impede de ficarmos lá no nosso novo sofá, pedirmos comida e estrearmos o sofá novo. – sim, sofá novo. Depois de uma longa noite de sexo no sofá acabamos estragando as molas e precisamos comprar um novo.

- Melhor do que sair para jantar. – e eu levei meus lábios até as sua orelha.

- Principalmente porque eu comprei uma coisinha que você talvez goste... – falei em seu ouvido e ele apertou mais ainda minha cintura contra a sua.

Ele ficou mais um tempinho ali comigo na sala vazia e quando o sinal tocou ele seguiu para a sua sala e eu continuei a corrigir meus testes. Os alunos entraram e eu entreguei os testes já corrigidos e comentei um pouco sobre os testes e de como seria a prova e após passar mais um trabalho, o sinal tocou de novo e as aulas acabaram.

As aulas do dia acabaram e eu e Edward pudermos voltar para casa e aproveitar nosso final de semana. Nós mal subimos na varanda de minha casa e ele já havia me prensado contra a parede e me beijava enquanto eu tentava enfiar a chave na fechadura. Finalmente consegui colocar a chave na fechadura e ele me pegou no colo e entramos em casa. Suas mãos já estavam prestes a subir com o meu vestido quando um pigarro fez com que suas mãos parassem e nossas bocas se afastassem.

- Incrível... Vocês dois sempre esquecem que eu estou aqui. – minha mãe respondeu rindo e pegando sua bolsa em cima do sofá. – Vejo vocês depois queridos. Ah propósito, Quinoa não quis comer nada o dia inteiro. – ela pendurou a bolsa no ombro deu um beijo em mim e no Edward e saiu.

Mal minha mãe saiu e um barulho começou a soar vindo da cozinha e Pipoca veio correndo para cima de nós e voltou correndo para a cozinha. Colocamos nossas coisas em cima do sofá e fomos atrás dele. Quinoa estava cavando o chão da cozinha perto da porta de trás.

- Ela nunca fez isso. – comentei baixo e vi com o canto dos olhos Edward sacar o celular do bolso.

- Hey Seth, é o Edward. – ele disse. Edward havia ligado para o veterinário. – A Quinoa está estranha... Ela está cavando o chão e segundo minha sogra ela não quis comer nada o dia inteiro. – ele ficou com alguns segundos e desligou o telefone. – Seth disse que ela vai parir hoje. – respondeu.

- E o que fazemos? –

- Disse para deixarmo-la em um lugar aquecido e com água perto dela, e que ela pode vomitar. – respondeu.

Nós arrumamos um cantinho com a sua cama grande e bem aquecida perto da lareira e com cuidado a levamos para lá e ela ficou deitada. Nós observamos que Pipoca ficou deitado no chão entre nós dois que havíamos sentado no chão em cima do tapete de olho nela. Ela vomitou um pouco no chão, que foi rapidamente limpo tentando deixar o ambiente o mais confortável para ela.

Eram por volta das quatro quando o primeiro filhote nasceu e seguindo as recomendações de Seth a não fazer absolutamente nada. Ela rompeu o saquinho que envolvia o filhote com os dentes e começou a lambê-los para limpá-los. Os filhotes nasciam com aproximadamente trinta minutos de diferença um para o outro, eram oito filhotes e depois de quase quatro horas todos os filhotes nasceram bem e vivos e Pipoca também começou a lambê-los e limpá-los e eu e Edward o limpávamos depois com um paninho úmido.

Depois de ter parido os oito filhotes ela deitou cansada em sua cama e os filhotes basicamente se arrastaram para mamar e Pipoca deitou ao seu lado. Nós limpamos a bagunça e depois de tudo pronto e arrumado e nós dois nos revisando entre tomar banho e vigia-los. E por volta das dez e meia nós estávamos sentados no sofá, com caixinhas de comida chinesa, vendo os dez cachorros dormindo profundamente e com duas taças de vinho cheias entre nós.

A televisão estava ligada com o volume baixo em um filme qualquer que passava na televisão, peguei a taça de vinho e bebi um gole e deitei a cabeça no ombro de Edward. Nós havíamos acabado de comer e ele simplesmente passou o braço por sobre meus ombros, me abraçando e ficamos trocando os olhos entre o filme bobo e os cães.

- Esse não foi o dia dos namorados que eu planejei... – ele disse dando um beijo em minha cabeça.

- Eu sei. Mas foi um bom dia dos namorados... – respondi.

- Concordo... –

Acabou que nós dois dormimos ali mesmo na sala. A sala era basicamente o nosso quarto, já que ficávamos mais ali do que no meu quarto. Nós não havíamos avisados a ninguém que os filhotes haviam nascido, apenas a Seth que aproveitou e deu uma passadinha aqui no sábado para ver se todos os nove estavam bem. Nós não havíamos contado a minha mãe ou a Alice porque sabíamos que elas viriam aqui e tentariam pegar nos filhotes, e no inicio eles deveriam ficar grudados a mãe e não nas mãos dos outros.

Minha mãe só descobriu segunda pela manhã quando veio quando tínhamos que ir para a escola e obviamente ela não gostou daquilo. Mamãe odiava não saber ou saber das coisas por último, simplesmente odiava. E eu me lembrava de uma vez, por volta dos meus dez anos, era aniversário de casamento dela e de meu pai e ela ficou puta com meu pai porque ele arrumou uma festa surpresa para ela. Mamãe não sabe o significado da palavra surpresa.

Quinoa pariu três meninas e cinco meninos: Jujuba, Cookie, Donut, Geleia, Amora, Paçoca, Mel, Cacau. Era impossível nós não rirmos com tais nomes, tudo nome de comida. Os dez. Mas pelo visto eles gostaram já que quando receberam as coleiras no meio da semana com seus nomes no pingente eles balançaram as caudas animados. Eles eram tão fofos. A senhora Stanley, vizinha da frente quase enfartou ao ver que agora tinha dez cães dentro dessa casa, e ficou abismada quando falamos que não iríamos doar nenhum.

Um mês se passou desde o nascimento dos filhotes e eles já corriam pela casa e pelo jardim livremente. Edward basicamente já havia se mudado para cá e antes mesmo que eu pudesse perceber eu havia dado uma gaveta de minha cômoda para ele.  Ele basicamente não ficava na casa dele, quase não entrava mais lá. Os filhotes já tentavam subir as escadas, porém não conseguiam nem alcançar o primeiro lugar.

Estávamos aproveitando o feriado, pelo menos a parte da manhã, já que finalmente havíamos tomado vergonha na cara e arrumamos uma reunião de família com a minha e a de Edward. Depois de sete meses que nos conhecíamos e depois de três meses juntos eu só conhecia os nomes de seus familiares e conhecia a voz de sua mãe e de sua irmã por telefone.

- Eu estava pensando em uma coisa. – ele disse acariciando minhas costas nuas. Ele estava deitado na cama, com as costas apoiadas na cabeceira da mesma e eu estava de bruços, com os braços apoiados em seu peito.

- Em? –

- Nós meio que podíamos oficializar nossa relação. –

- Como? –

- Morando juntos. –

- Não sei se notou, mas basicamente já estamos. –

- Eu sei, mas não assim... Pensei que talvez pudéssemos vender as duas casas e comprar uma, talvez um pouco mais afastada do centro, com um quintal maior para os dez cães. –

- Claro, e ai nós terminamos e... –

- Isso nunca vai acontecer acredite em mim... – respondeu me encarando. – Eu só não te peço em casamento por medo de achar que é cedo demais. – e eu balancei a cabeça rindo.

- Podemos pensar nisso depois, mas agora temos que nos levantar e nos aprontarmos porque daqui a pouco todo mundo estará aqui. – respondi.

- A propósito, você contou a sua mãe que seu pai vem? –

- Claro que não. Acha que eu sou louca? – eu me levantei e após lhe dar um beijo nos lábios me levantei para ir ao banheiro.

Nós tomamos banho e após nos aprontarmos, descemos as escadas para tomarmos café e abrirmos a porta dos fundos para os filhotes e Quinoa e Pipoca, que seriam castrados os dois em duas semanas, irem para lá esticar as pernas e gastarem a energia antes que destruíssem nossa casa... Quer dizer, minha casa.

Minha mãe e Alice foram as primeiras a chegarem junto a Jasper, o mais novo namorado de Alice. E perto da hora do almoço os pais e a irmãzinha de Edward chegaram, Carlisle e Esme com a pequena Rosalie. Rosalie era uma fofura, igual a Alice quanto tinha a idade dela, depois se tornou nessa peste que eu tenho como irmã. Rosalie estava no auge dos seus oito anos e adorou os filhotes e brincou com eles até não aguentar mais, e quando Pipoca a viu pulou em seu colo e começou a lamber seu rosto desesperadamente.

O ultimo a chegar foi meu pai e obviamente minha mãe não gostou nem um pouco disso, mas prometeu se comportar e se comportou. Até demais. Já que depois que todo mundo foi embora eu e Edward acabamos pegando os dois transando no quarto dos hospedes. Eu podia viver sem ver aquilo. Realmente podia. Mas infelizmente não vivi sem ver aquilo.

Os meses foram se passando e os cães crescendo e provando a teoria de Edward de que a minha casa e a dele eram pequenas demais para os filhotes e depois sete meses juntos, em agosto, um pouco antes de completar um ano que havíamos nos conhecido, vendemos nossa casa e compramos uma mais para os subúrbios de Boston, com um parque de cães no final da rua maior que o anterior e com um quintal enorme para que eles pudessem correr livremente sem estragar nenhum móvel da casa.

E se estávamos passando por esse sufoco com oito filhotes, imagine quando tivermos dez adultos dentro dessa casa. Eu e Edward estávamos mais unidos do que era humanamente possível. Juntos, felizes e graças aos nossos cães apaixonados. Nós estávamos sentados no chão do banheiro, após um pequeno descuido corria o risco de chegar mais um filhote a família, quer dizer não bem um filhote. Os cinco minutos de espera acabou e eu apenas ergui a mão para pegar o palitinho em cima da pia.

- E então? – ele perguntou nervoso.

- Duas listras. – respondi o encarando. – Positivo. – expliquei levemente assustada com o que ele poderia dizer ou fazer. – Nós vamos ter um bebê. – e seus olhos brilharam de uma forma, que eu julgava sendo impossível e aquilo afastou o medo que eu sentia e eu me permitir sorrir junto com ele.

- Nós vamos ter um filho? – questionou sorrindo amplamente e com os olhos brilhantes.

- Vamos! – respondi sua pergunta e ele simplesmente veio para cima de mim e me deu um beijo enquanto me empurrava para o chão do banheiro.

- Você não faz ideia de como acabou de me transformar no homem mais feliz do mundo. – sim, eu fazia ideia. Porque eu também me sentia como se fosse a mulher mais feliz do mundo. Pensei ao sentir seus lábios aos meus mais uma vez.

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