quarta-feira, 31 de outubro de 2018

The Curse - Prologo.


Salém, Massachusetts.
31 de Outubro de 1693.

Pov. Narrador.

Gwen corria com os pés descalços e machucados pela floresta escura e em chamas. Ela podia sentir o chão quente queimando seus pés e ela pouco se importava e continuava a correr. O calor do fogo beijava seu corpo, fazendo-o suar e ficar com o leve chamuscado na pele alva da jovem mulher. Ela corria como se a sua vida dependesse daquilo, e para sermos francos, realmente dependia.

Gwen estava toda machucada. Seu pescoço, pulsos e tornozelos estavam esfolados, alguns cortes por todo seu corpo. Sua bata branca estava manchada de sangue, seu sangue, e fuligem devido à corrida pela floresta em chamas. Mas ela corria; mesmo cansada, sangrando e machucada, ela corria, ela precisava chegar até lá. Finalmente Gwen chegou aonde ela desejava. Um pequeno casebre. O fogo já se aproximava dele e ela tratou de forçar suas pernas cansadas e machucadas até lá.

Gwen abriu a porta de madeira e o encontrou no chão. Ensanguentado e sem vida. E sentiu seu coração partindo ali mesmo. Ela já desconfiava que isso pudesse ter acontecido, mas desejava sentir dentro de si, ela sentia dentro de seu coração que ela poderia chegar a tempo. Suas pernas já fracas tombaram no chão e ela caiu de joelhos sob o piso ensanguentado. Ela se arrastou até o corpo inerte do homem conforme o fogo começava a subir pelas paredes da casa, as lágrimas escorriam livremente de seu rosto sujo, elas eram tantas que era quase que impossível de enxergar.

Quando Gwen se aproximou do homem, as lágrimas vieram com mais força ainda, fazendo com que seu corpo se sacudisse devido a elas. Ela estava jogada no chão, debruçada sobre o corpo inerte do seu amado, que jazia ali com a garganta cortada, gelado, pálido com alguns pontos arroxeados no canto dos lábios, em volta dos olhos e em algumas partes de seus braços. Gwen chorava sob o corpo do homem, ela sentia que nem se chorasse por mil vidas ela conseguiria colocar a dor dilacerante que sentia em seu peito.

Ela levou o rosto manchado pelas lágrimas, os olhos faiscavam do mais puro ódio e raiva. Seu coração estava completamente partido, tudo de bom que ela sentia dentro de si havia sumido ao ver seu amado morto. O fogo já havia tomado conta de uma grande parte do casebre, e ficar ali estava quase que impossível devido ao calor e a fumaça.

- Vocês tiraram tudo de mim. – ela queixou-se com o vento enquanto o crepitar do fogo tomava conta das madeiras velhas que compunham o casebre. – Meu amor. – ela levou as mãos ao rosto do amado. – A única coisa que eu desejava era ficar com você e eles te tiraram de mim, eles tiraram tudo de mim. – e chorando ela encostou a testa a dele. – Mas nós vamos ficar juntos, meu amor. Nós ficaremos juntos. – ela prometeu dando um beijo na testa dele. – Porém ninguém mais que terá o meu sangue passará por isso de novo. – ela falava entre os dentes com raiva. Ela se aproximou rapidamente e puxou um punhal de cima da mesa aos pés do homem, que já estava sendo consumida pelas chamas. – Eu juro pelo meu sangue, que mais ninguém, descendente deste sangue amaldiçoado, sentirá está dor que eu estou sentindo agora. Ninguém, descendente deste sangue amaldiçoado, irá perder um amor de novo. Nunca mais. – ela disse com a voz firme e cortou a palma da mão com o punhal.

O sangue vermelho escorreu de sua mão caindo por sobre o sangue de seu amado e misturando-se ao dele sob o chão que começava a ser banhado pelo fogo, selando a sua maldição. O fogo começava a subir pelas pernas do homem e pelas dela própria. Ela não se importava mais com o fogo. Ela não se importava com a dor da queimação. Ela apenas deixou o punhal manchado e ainda pingando de sangue cair no chão e conforme o fogo subia pelos seus corpos, ela levou os lábios aos lábios arroxeados do homem, lhe dando um beijo, um último beijo, e debruçou-se mais uma vez sobre ele, conforme um grito rasgava seu peito, não pela dor da queimação, mas sim pela dor de perder o homem da sua vida, o único homem a quem ela realmente amou, e o único homem que conseguiu ama-la do jeito que ela era.

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