Atenas – Grécia.
2019.
Bella.
Nós entramos no jato e nos sentamos nas poltronas, Alice já havia andado de avião, no caso mais vezes do que eu, portanto ela não ficava assustada com o voo, contudo, o fato de Cerberus ter ficado solto durante todo o voo a deixou um pouco repreensiva, e eu não consegui evitar tirar uma foto dela dormindo abraçada com o cão quando ela deitou em um dos sofás e ele subiu um pouco depois. Ainda tinha mais um sofá .no jato e um pouco depois que Alice dormiu, eu acabei dormindo um pouco abraçada com Edward no sofá vago.
Chegamos a Atenas com o sol batendo em nossas janelas. No meu celular, ainda configurado no horário americano marcava quase meia noite, mas como a Grécia ficava sete horas a frente, aqui já tinha amanhecido. Eu estava cansada, finalmente entendia o que minha mãe queria dizer ao reclamar do jet lag. Devido ao cansaço eu não conseguia ver nada a um palmo do meu nariz, eu sempre quis conhecer esse país, mas no momento eu queria dormir em uma cama, após um banho morno.
Dito e feito. Edward nos levou até o seu apartamento e me deixou em um quarto enquanto levava Alice até o outro. Arrastando-me, peguei uma muda de roupa na mala que havia sido levada até o quarto e fui tomar um banho quente e dei graças a Deus quando deitei em uma cama macia.
Ao acordar notei a cama vazia, ainda sentia um pouco de cansaço, mas não sentia mais sono, virei-me na cama e encontrei na mesinha de cabeceira meu celular ligado no carregador. Peguei na mão e vi que estava com oitenta por cento de bateria e tinha uma mensagem da minha mãe.
Oi bebê. Tudo bem? Já chegou no hotel com Alice? Eu ia te ligar, mas como não lembrava direito do horário do voo e não lembrava quanto tempo demorava a viagem e o fuso horário, e obviamente devido o jet lag, resolvi apenas mandar uma mensagem. Depois me liga! Eu te amo, mamãe.
Eu podia ligar para ela agora, mas primeiro tinha que olhar o horário havaiano que havia salvo no meu relógio. Como dizia Alice, se eu iria mentir, teria que mentir direito. Segundo o horário havaiano, a cidade de Atenas estava a doze horas à frente da cidade de Honolulu. Portanto, se agora marcava duas horas da tarde, no Havaí eram duas da manhã. Para lembrar de ligar para a minha mãe quando fosse de manhã em Oahu, programei um despertador para que eu ligasse para ela às 20h, que seria equivalente às 8h da manhã.
O quarto estava escuro e me aparentava ser grande, mas com as cortinas todas fechadas e sem nenhum ponto de luz, eu não conseguia ver muita coisa. Ao sentar na cama ouvi barulho de água caindo, e não parecia ser chuva, o barulho parecia vindo de dentro do quarto. Caminhei na direção do som de água, que vinha de dentro de uma porta, abri a mesma e era o banheiro. Abri a porta e meus olhos arderam um pouco devido a claridade, me fazendo piscar algumas vezes até ele se acostumar com a luz. O banheiro era bem grande, com um box todo feito de vidro e com o azulejo da parede parecendo mármore cinza, uma pia de madeira pequena presa na parede entre o box e a janela e um espelho grande que ia até o teto. Tinham três janelas grandes que mostravam a rua e com uma banheira abaixo delas. Dentro do box, que era justamente de onde vinha o barulho de água, estava Edward, nu e tomando banho. Ele passou a mão pelo rosto tirando a água que caia em sua cabeça e se virou para a porta, me vendo ali parada.
- Boa tarde, florzinha. –
- Oi. – falei baixo e apoiada no batente da porta.
- Dormiu bem? –
- Muito! –
- Ótimo. Agora, por que não tira a roupa e entra aqui comigo? –
- Achei que já tivesse acabado. – comentei.
- E eu acho que eu preciso de ajuda. – piscou para mim.
Depois de ter tomado banho com Edward, eu troquei de roupa e parei na frente do espelho do banheiro para desembaraçar o meu cabelo enquanto ouvia Edward andar pelo quarto enquanto se vestia. Até eu terminar de pentear o meu cabelo e sair do quarto, já eram quase três e meia da tarde e eu estava simplesmente morrendo de fome, até porque a última vez que havia comido tinha sido dentro do jatinho. Ele insistiu para fazer algo rápido e leve para que pudéssemos comer e eu fui ver se Alice já tinha acordado. Bati em sua porta e ouvi um entre bem baixinho e rouco, ela estava sentada no meio da cama, com o cabelo completamente bagunçado e com uma tremenda cara de sono.
Chamei ela para comer e deixei-a a sós para que pudesse tomar um banho e se trocar e fui ajudar Edward com a comida. Cerca de meia hora depois, a comida estava posta na bancada da cozinha mesmo e Alice apareceu, ela ainda estava com cara de cansada, mas não parecia mais um zumbi de minutos atrás.
- Essa casa aqui não parece ser sua! – comentei com Edward quando já tinha anoitecido. Nós dois estávamos na varanda que a casa dele tinha, que tinha uma belíssima vista para o Parthenon, que a noite, parecia com uma foto que eu tinha na tela do meu computador quando era mais nova. O jantar estava no forno e eu estava apenas esperando mais um pouquinho para que pudesse ligar para a minha mãe.
- Por quê? – perguntou ele confuso com um copo de uísque apoiado na grade da sua varanda enquanto eu estava sentada em na cadeira que tinha ali, junto a mesa, que já estava posta para o jantar.
- Claro demais! – respondi e ele riu. – Já estava até me acostumando com a escuridão da sua casa. –
- Ah para. Minha casa pode ser completamente preta, mas é bem iluminada. – se defendeu e quem começou a rir tinha sido eu agora. – Mas sou obrigado a concordar, essa casa é clara demais. – concordou comigo fazendo uma careta.
- Por quê? –
- O apartamento não é só meu! – admitiu. – É da família. –
- Você disse que era escocês. –
- Nasci na Escócia. Meus pais eram gregos. O apartamento era deles. Depois que eles morreram, meus irmãos e eu nos afastamos um pouco, mas sempre mantivemos esse apartamento, às vezes nos reunimos aqui, às vezes apenas vimos para o local onde passamos uma boa parte das nossas férias... – deu de ombros. – A casa dos meus pais era basicamente assim, eu só dei uma melhorada, mas nenhum dos meus irmãos concordou com a mudança de coloração. – comentou bebendo mais um gole do seu uísque.
- Você fala tão pouco deles! – comentei.
- Brigamos mais do que nos damos bem. Quando éramos crianças, até que nos dávamos um pouco bem, mas conforme fomos crescendo nós começamos a brigar muito. Meu pai, era... – ele suspirou. – Meu pai era um homem bem rígido, ninguém queria tirá-lo do sério. Já a minha mãe, sempre tomou partido do mais novo. Sempre! O mais novo sempre foi o favorito, o filhinho da mamãe. Não tem ninguém mais egoísta que ele! – ele começou a falar do irmão, olhando para o nada a sua frente, e um misto de raiva e dor passava pelo seu rosto, nunca o tinha visto dessa forma. Era um tom tão sombrio em um rosto tão bonito. – Passou por cima de qualquer um, até mesmo dos próprios irmãos para conseguir o queria, e não merecia! – mal ele terminou de falar e um raio cortou o céu de repente. O dia estava lindo demais durante a tarde, para de repente um raio, seguido logo em seguida por um trovão alto, aparecer. Edward não falou mais nada, apenas olhou para o céu noturno com um olhar debochado.
- O que quer dizer com isso? – perguntei fazendo ele me olhar e ignorando a repentina mudança de tempo.
- Meu pai era um homem de negócios, por assim dizer. Do mesmo jeito que era rígido com a família era com qualquer outra pessoa e muita gente dizia que esse era o motivo dele prosperar tanto no trabalho. Ele era um empresário nato! Comprou várias empresas de diversas áreas que estavam quase falidas e fez com que elas ficassem conhecidas mundialmente. – explicou. – As três principais era a de advocacia, a de navios, e a de arquitetura. Durante toda a minha vida, meu pai falava. O mais velho vai herdar a empresa de advocacia, o do meio à de navios e o mais novo a de arquitetura. Durante toda a minha vida eu me preparei para ser um advogado, depois que meu pai morreu, meu irmão mais novo simplesmente tomou posse da empresa de advocacia, ignorando completamente a vontade do nosso pai e com o total apoio da nossa mãe. Meu irmão do meio, ele não estava nem aí, a dele continuava sendo a mesma, ele iria continuar com os barcos dele, então ele preferiu não tomar partido e faz isso até hoje. E eu, que não gostava de arquitetura, não sabia de nada sobre, me vi obrigado a largar a faculdade de direito quase no final dela, para virar arquiteto. –
- Se me permite dizer... Deveria agradecer, nunca vi alguém tão bom assim como arquiteto ou que falava desse assunto com tanto brilho nos olhos. – ele sorriu de lado para mim, mas eu percebia que esse assunto ainda mexia com ele.
- Aprendi a gostar. E devo admitir que ver meu irmão se ferrando como advogado me fez feliz. –
- É nessas horas da vida que eu agradeço por não ter irmãos. –
- Tem certeza? – perguntou em um tom irônico e eu o encarei sem entender nada. – Quer dizer, sua mãe não teve nenhum além de você, e quanto ao seu pai? Não teve nenhuma família antes de se casar com a sua mãe? –
- Que eu saiba não. – dei de ombros. – Minha mãe nunca comentou muito sobre ele. Dizia apenas que ele havia morrido quando era bem novinha, e não toca mais no assunto. Eu sempre achei que era porque fazia mal a ela, mas não sei mais. Conforme os anos foram passando a forma como ela falava do meu pai mudava, quando era novinha falava com algo parecido com amor e admiração, da última vez que eu toquei no nome dele, ela ficou furiosa... – dei de ombros e meu celular começou a vibrar em minha mão, eram oito horas, era de ligar para a minha mãe. – Diga-me... Você vai ficar bem revendo os seus irmãos? – perguntei enquanto discava o telefone da minha mãe, após desligar o despertador.
- Digamos apenas que já passou. Já tem muito tempo e agora estamos começando a nos entender. – deu de ombros bebendo o resto do seu uísque. – É que... Sempre brigamos entre nós, mas se um precisasse do outro, por qualquer motivo... –
- Eles estavam lá. – terminei por ele.
- É! Chega a ser confuso, dentro de casa um quase matando o outro... – eu o ouvi murmurar bem baixinho um literalmente. - Mas do lado de fora, se precisássemos de ajuda, em problemas da vida, nunca envolvendo o trabalho, nós nos dávamos muito bem... Principalmente após a minha mãe morrer. Parece que depois que os meus pais morreram as coisas melhoraram, por mais horrível que isso possa ser, é a sensação! Não tinha mais ninguém instigando um contra o outro como a minha mãe fazia. – ele suspirou. – Isso pode ser ruim de dizer, mas depois que meus pais morreram a vida melhorou muito, e a nossa relação como irmãos também. – seu telefone tocou, ele pegou o no bolso. – Falando em um dos diabos! – brincou rindo. – Eu já volto! – assenti concordando e ele entrou na sala de novo. – Fala peixinho! – comecei a rir da forma como ele atendeu ao irmão e eu liguei para a minha mãe, que me atendeu no terceiro toque.
- Bom dia, meu amor. –
- Boa noite, mamãe. –
- Boa noite? – perguntou desconfiada.
- Ora, achei que onde a senhora estivesse fosse noite já. – respondi. – Eu tenho gravado no celular a diferença de fuso horário para não ligar para a senhora de madrugada. – expliquei. – Quanto mais agora, que o fuso é de doze horas. – contei.
- Entendi. Então, como foi o voo? Como foi entrar em um avião pela primeira vez? –
- Assustador! – menti. – Balança mundo quando decola e pousa. – ela riu do outro lado da linha. – As poltronas eram um pouco desconfortáveis, minha coluna está doendo até agora. – eu estava surpresa comigo mesma com a minha capacidade de mentir.
- Acordou agora? –
- Não. Já tem um tempinho. Nós chegamos no início da madrugada, mas eu estava muito cansada, só tomei um banho devido ao voo longo e dormi. Acordei a pouco tempo e já tomei café. Estou apenas esperando Alice terminar de se vestir para conhecer a ilha. – expliquei.
- Entendi. –
- E como a senhora está? Já foi até Santorini? – perguntei.
- Estou bem. Vou amanhã, a propósito. E não precisa ficar chateada, já disse que no próximo ano vamos vir nós duas conhecer a ilha. –
- Não se preocupe com isso. Eu estava cansada e um pouco irritada e acabei descontando na senhora com uma besteira daquela. Peço desculpas. –
Eu fiquei cerca de cinco minutos no telefone com a minha mãe até desligar. Ao entrar no apartamento de novo, Edward ainda estava com seu irmão no telefone, mas ele falava bem baixinho com ele, mal dava para ouvir. Fui até o quarto onde Alice estava e repassei a história da ligação com ela, não sabia se minha mãe iria ligar para ela também, provavelmente iria, era a cara da minha mãe, e as histórias precisavam bater. Esse era o básico da mentira! Isso eu aprendi vendo séries policiais.
Eu estava quase terminando de falar com Alice, quando Edward bateu à porta anunciando que o jantar estava pronto. Levantei-me da cama e o segui até a cozinha para pegar a comida e levar até a mesa na varanda para que pudéssemos comer.
No dia seguinte, quando eu acordei, Edward ainda estava deitado na cama, acordado, mais ainda estava ali comigo. Ele me deu um beijo antes de levantar, ele já tinha tomado banho e se trocado, e eu fui tomar o meu banho para que pudéssemos sair. Ignorando completamente o fato de ontem à noite ter tido alguns raios e trovões o sol hoje estava bem forte. Assim que eu terminei de tomar banho, tomei outro com protetor solar, por ser branquinha demais a última coisa que eu queria era ficar completamente vermelha ou ardida, com o protetor bem espalhado, eu me vesti, uma roupa fresca, coloquei um vestido curto branco com poá, com alguns babados na saia. O vestido era de mangas curtas, mas mesmo assim era bem fresco, calcei um par de tênis também branco e saí do banheiro.
Edward não estava mais no quarto, peguei uma bolsa pequena e preta, ele havia dito que iriamos sair cedo para dar uma volta pela cidade. Eu tinha feito cópias dos meus documentos, além de cópias digitalizadas em meu e-mail. Coloquei uma das cópias dos meus documentos na bolsa, apenas por precaução, além da minha carteira e celular e uma pequena necessaire com coisas que talvez eu fosse precisar. Ao deixar o quarto, Alice também já vinha do dela, com a mão cheia de coisas, e não foi surpresa nenhuma ela tacar tudo aquilo na minha bolsa. Com todo mundo pronto, nós deixamos o apartamento, por já estarmos perto do centro de Atenas, nós iriamos andando, era bem tranquilo.
Ele conhecia tudo ali, até porque havia passado várias férias por aqui. Ele nos guiou até um restaurante e pediu o café da manhã para nós. Nós três estávamos sentados do lado de fora do restaurante que começava a ficar cheio. Não demorou muito e o garçom trouxe os nossos pedidos, era bastante coisa, não em quantidade, mas em variedade. Pão, biscoito, iogurte, geleia, frutas. O iogurte grego era um pouco mais azedo que o que eu estava acostumada, mas era muito bom.
Com o café da manhã tomado e a conta dividida nós seguimos até o Parthenon, onde era o antigo templo de Atenas. O topo da acrópole ainda não estava muito cheio, mas conforme os minutos iam se passando, as pessoas iam chegando e se amontoando para tirar fotos dos templos que tinham ali. Dalí do topo, dava parar ver o antigo templo de Zeus, além do templo de Hefesto.
- Sabe uma coisa que eu só percebi agora. – comentei, nós tínhamos acabado de sair do Parthenon, estávamos dando uma volta pela cidade, caminhando até onde ficava o templo de Zeus, e depois de amanhã seguiríamos para Milos.
- O que? –
- Eu nunca vi, nem em livros escolares ou pesquisando na internet, eu nunca vi nenhum templo para Hades. –
- Ninguém cultua a morte, Bella! – respondeu como se fosse o óbvio.
- Deveria, até porque o destino de todos é a morte! Por mais macabro que possa parecer. Todo mundo vai morrer um dia. –
- Na verdade, existe um. Muito destruído. Conhecido como Nekromanteio Acheron. Fica na região de Épiro. As pessoas acreditavam que ali era a porta para o reino dos mortos. Dizem que aquele era o antigo templo de necromancia dedicado a Hades e a esposa, Perséfone. Homero e Heródoto diziam que o local possuía várias câmaras subterrâneas, onde eram praticadas estranhas cerimonias de necromancia. – ele fez uma careta estranha. – Pessoas iam até lá para contatar os espíritos em busca de conselhos, ou conversar com os mortos, mas para isso deveriam passar por uma série de coisas até finalmente poder invocar um morto. – deu de ombros. – Fica longe, a noroeste, caso contrário, te levaria lá. Ele é chamado de Acheron, por se situar as margens do rio Aqueronte... –
- Que segundo a lenda, fluía pelo submundo. – ele assentiu.
- Como sabe disso? –
- Mitologia sempre foi meu assunto favorito em história. – ele riu.
- Oh. Então sabe sobre os deuses. – assenti. – Qual seu favorito? –
- Pode parecer besteira, mas quando eu era novinha a Afrodite era a minha favorita. Acho que por tudo isso de ser a deusa do amor e da beleza. – ele riu. – Agora, penso que ela seria uma pessoa completamente mimada e insuportável para conviver. – Edward começou a gargalhar.
- Continue. – instigou-me.
- Quando eu era criança era apaixonada pelo filme Hercules da Disney, era um dos meus favoritos, sabia todas as músicas e se bobear até as danças... Cresci, aprendi um pouco mais de mitologia do que a minha mente de cinco anos sabia, fui ver o filme de novo e fiquei quem foi o ser humano que colocou Hera como mãe amorosa de Hércules, e Zeus como um pai de família? – Edward gargalhava alto, como nunca tinha visto antes chegando até a atrai a atenção de alguns dos turistas que estavam ali. – Depois eu fui percebendo que, mesmo que fossem imortais e tudo mais, eram falhos como os seres humanos. – dei de ombros quando ele passou o braço por cima dos meus ombros e continuávamos a andar, vendo Alice indo a alguns passos a nossa frente fotografando cada milímetro da cidade.
- Em qual sentido? –
- Nenhum deles eram fieis! –
- Não é bem assim. Hades foi fiel a Perséfone... – eu virei o rosto o encarando. – Quer dizer, dizem as lendas que depois de casado ele acabou se interessando por duas ninfas, mas nunca aconteceu nada e sempre voltou para a esposa. –
- Não sei se podemos usar Hades e Perséfone como exemplo. –
- Por quê? –
- Hades sequestrou e estuprou Perséfone! – disse o óbvio.
- Como? – perguntou indignado e parando de andar se afastando um pouco de mim. – Quem disse essa merda? –
- Todo mundo! – disse o óbvio. – Todas as histórias e lendas que eu já li, dizem que Hades sequestrou e estuprou Perséfone. –
- Nunca ouvi tanta besteira assim na minha vida. – comentou indignado, mas mesmo assim voltou a me abraçar pelos ombros. – Hades e Perséfone eram apaixonados. Zeus prometeu ao irmão a filha? Prometeu, mas mesmo assim, eles eram apaixonados! –
- Por que tanta indignação? – perguntei sorrindo. – Estamos falando sobre mitos! – lembrei-o.
- Eu sei. Desculpa. – ele me abraçou forte, me puxando para o seu peito e beijando minha cabeça. – Fiquei um pouco indignado, cresci ouvindo a história dos dois como uma história de amor e acho estranho quando alguém coloca isso como estupro. – disse simplesmente.
- Ele a sequestrou! –
- Deméter parecia ser bem insuportável. –
- Era a única filha dela. –
- Deméter teve cinco filhos. Um com Zeus, dois com Poseidon, e mais dois com um mortal. – contou. – Pelo menos foi o que minha família me ensinou. –
- Meu casal favorito. – Alice se aproximou de nós com o telefone em mãos, aberto na câmera. – Onde tem lugar para fazer compras? – perguntou.
- Já gastou toda a memória do seu celular? –
- Ainda não. E relaxa. Eu trouxe meu notebook assim que chegar ao apartamento vou passar tudo para o meu celular. –
- Os melhores lugares são as lojas de rua, todas bem perto de onde estamos. – e ela deu um pulinho animado. – Vamos almoçar e passamos a tarde lá. –
Nós fomos até o restaurante onde Edward indicou, na verdade, para a minha surpresa, ele não nos levou a nenhum restaurante caro ou algo do tipo. Ele nos levou até uma barraquinha de rua para comer um Gyros, parecia um taco, mas era carne de cordeiro assada servida em um pão pita com algumas verduras como cenoura, pepino e cebola ou tomate, e molho tzatziki.
No final da tarde e após Alice fazer suas compras, nós voltamos para o apartamento, eu também tinha comprado algumas coisinhas e precisava guardar na mala, já que segundo Edward nós iriamos sair cedo. Com tudo guardado, eu peguei um casaco fino, pois a noite havia dado uma leve esfriada, e saímos mais uma vez para jantar.
Quarta nós tivemos que sair cedo. Havíamos tomado no café da manhã no apartamento mesmo porque tínhamos que ir embora. Após o café e de limparmos as nossas bagunças, Edward discou para algum número e o ouvi pedir um carro para ir até a alguma marina, o que fazia sentido, pois para ir a Milos, apenas de barco. Foi preciso apenas o tempo necessário de descermos com as nossas bagagens que um carro grande parou na frente do apartamento. Do apartamento até a marina foi uma pequena viagem de trinta minutos e o resto do caminho até o barco que nos levariam até a ilha a pé, pelo deque. No final do caminho de madeira tinha um iate que parecia ter três andares, pelo menos visível, ele parecia ser pintado de dourado com detalhes em preto e era bem grande de cumprimento.
Nós entramos no barco e colocamos nossas malas dentro de um quarto que tinha após descer umas escadas e voltamos para o lado de fora do iate e vendo Edward soltar a corda que prendia o barco ao deque. Olhei em volta, principalmente para a ficava a cabine do capitão e não vendo mais ninguém ali dentro do que nós três.
- Que foi? – Edward perguntou voltando ao barco e enrolando a corda.
- Quem vai pilotar isso? – perguntei sem me mexer.
- Eu! –
- Não! – comecei a balançar a cabeça negando. – Eu quero viver! – Edward guardou a corda e passando uma mão na outra, ele me segurou pelo rosto e me deu um beijo rápido nos lábios.
- Relaxa. Meu pai me ensinou a pilotar desde que eu era criança. – garantiu. – Tenho certificado e tudo. Relaxa. – disse de novo e encostou sua testa na minha, levantei um pouco o rosto para unir meus lábios aos dele. – Eu amo você, florzinha, nunca que eu iria fazer algo contra você. – meus lábios se repuxaram em um sorriso. – Desce, troca de roupa, coloca um biquíni e deita lá na frente com a Alice, porque termos quatro horas de viagem pela frente pelo Egeu. – explicou.
- Tá bom. – ele me deu um beijo antes de me soltar. Eu o segurei pelo pulso e o puxei para perto de mim de novo. Ao se reaproximar, eu o abracei pelo pescoço e ele passou as mãos pela minha cintura e eu fiz impulso para cima e ele me pegou no colo.
- O que foi? – perguntou. – Eu preciso... – eu o interrompi unindo nossos lábios em um beijo e ele apertou mais ainda o abraço em volta do meu corpo. O beijo foi aprofundado e uma de suas mãos deslizaram até a minha bunda coberta pelo short de tecido fino. O beijo só foi interrompido quando o ar se fez necessário em nossos pulmões.
- Parece que desde que deixamos Tulsa que eu não te beijo direito. – comentei com meu nariz rente ao dele.
- Não seja por isso. Durante a viagem eu posso simplesmente ligar o piloto automático e irmos um pouco para o quarto, para ficarmos sozinhos. – sugeriu.
- Acho que eu gostei dessa ideia. – devagar, rocei meu quadril contra o dele, fazendo-o com que ele apertasse com força a minha bunda. Sem descer do seu colo, aproximei minha cabeça da dele de novo e rocei meus lábios aos dele. – Eu te amo! – proferi com a voz baixinha, mas eu sabia que ele tinha ouvido. Seus lábios se repuxaram em um sorriso e pelos seus olhos passou um brilho.
- Repete! – pediu no mesmo tom de voz que eu.
- Eu te amo! – repeti e com um sorriso ainda brincando em seus lábios, ele atacou meus lábios com um beijo ávido.
Quando o beijo se encerrou ele me colocou no chão e seguiu para a cabine do capitão e eu fui seguir o seu conselho de colocar um biquíni. Antes mesmo que pudesse chamar Alice para ir tomar um pouco de sol comigo, notei que ela já estava praticamente trocada. Eu já tinha passado um pouco de protetor pela manhã após tomar um banho, mas resolvi retocar o protetor antes de colocar uns dos biquinis que eu tinha na mala, vesti um short e peguei uma canga e a segui para a frente do barco.
A viagem seria longa, um pouco mais de quatro horas era muito caminho pela frente. Eu estava deitada de bruços, com Alice do meu lado, deitada de barriga para cima. Ela ia falando alguma coisa ao meu lado a qual eu não prestava muita atenção, com os meus óculos escuros cobrindo meus olhos, eu olhava para cima, para onde Edward estava pilotando o barco.
Pelas minhas contas, vendo o relógio do celular, já tinha se passado uma hora e meia de viagem. Inventando uma desculpa para Alice, de que iria pegar alguma coisa na minha mala, e com ela apenas balbuciando alguma coisa, já que ela estava quase dormindo ao meu lado com seu chapéu cobrindo seu rosto, para protege-lo do sol. Eu me levantei, deixei meu short e meu celular ali mesmo e subi as escadas até onde Edward estava. Ele estava um pouco distraído, mal me ouviu chegar por trás dele e abraça-lo pela cintura, enquanto o chamava para uma rapidinha no quarto.
De início ele não respondeu, apenas olhou o radar do iate, vendo que não tinha nada perto, e no GPS para conferir se estávamos seguindo a rota e ligou o piloto automático. Com o botão do piloto automático ligado, ele se virou de frente para mim e me pegou pelas pernas, me colocando em se ombro, o que me fez rir, enquanto ele descia as escadas até o quarto onde eu havia colocado as minhas malas. Fechando a porta com o pé, e trancando a mesma, ele me jogou na cama e subindo em cima de mim, eu não perdi tempo em me livrar de sua cama antes que nossos lábios pudessem finalmente se encontrar e ele nos virar na cama e levar as mãos até as amarras do meu vestido, as desamarrando.