sábado, 29 de janeiro de 2022

Capítulo 13.

Atenas – Grécia.

2019.

Bella.

Nós entramos no jato e nos sentamos nas poltronas, Alice já havia andado de avião, no caso mais vezes do que eu, portanto ela não ficava assustada com o voo, contudo, o fato de Cerberus ter ficado solto durante todo o voo a deixou um pouco repreensiva, e eu não consegui evitar tirar uma foto dela dormindo abraçada com o cão quando ela deitou em um dos sofás e ele subiu um pouco depois. Ainda tinha mais um sofá .no jato e um pouco depois que Alice dormiu, eu acabei dormindo um pouco abraçada com Edward no sofá vago.

Chegamos a Atenas com o sol batendo em nossas janelas. No meu celular, ainda configurado no horário americano marcava quase meia noite, mas como a Grécia ficava sete horas a frente, aqui já tinha amanhecido. Eu estava cansada, finalmente entendia o que minha mãe queria dizer ao reclamar do jet lag. Devido ao cansaço eu não conseguia ver nada a um palmo do meu nariz, eu sempre quis conhecer esse país, mas no momento eu queria dormir em uma cama, após um banho morno.


Dito e feito. Edward nos levou até o seu apartamento e me deixou em um quarto enquanto levava Alice até o outro. Arrastando-me, peguei uma muda de roupa na mala que havia sido levada até o quarto e fui tomar um banho quente e dei graças a Deus quando deitei em uma cama macia.

Ao acordar notei a cama vazia, ainda sentia um pouco de cansaço, mas não sentia mais sono, virei-me na cama e encontrei na mesinha de cabeceira meu celular ligado no carregador. Peguei na mão e vi que estava com oitenta por cento de bateria e tinha uma mensagem da minha mãe.

Oi bebê. Tudo bem? Já chegou no hotel com Alice? Eu ia te ligar, mas como não lembrava direito do horário do voo e não lembrava quanto tempo demorava a viagem e o fuso horário, e obviamente devido o jet lag, resolvi apenas mandar uma mensagem. Depois me liga! Eu te amo, mamãe.

Eu podia ligar para ela agora, mas primeiro tinha que olhar o horário havaiano que havia salvo no meu relógio. Como dizia Alice, se eu iria mentir, teria que mentir direito. Segundo o horário havaiano, a cidade de Atenas estava a doze horas à frente da cidade de Honolulu. Portanto, se agora marcava duas horas da tarde, no Havaí eram duas da manhã. Para lembrar de ligar para a minha mãe quando fosse de manhã em Oahu, programei um despertador para que eu ligasse para ela às 20h, que seria equivalente às 8h da manhã.

O quarto estava escuro e me aparentava ser grande, mas com as cortinas todas fechadas e sem nenhum ponto de luz, eu não conseguia ver muita coisa. Ao sentar na cama ouvi barulho de água caindo, e não parecia ser chuva, o barulho parecia vindo de dentro do quarto. Caminhei na direção do som de água, que vinha de dentro de uma porta, abri a mesma e era o banheiro. Abri a porta e meus olhos arderam um pouco devido a claridade, me fazendo piscar algumas vezes até ele se acostumar com a luz. O banheiro era bem grande, com um box todo feito de vidro e com o azulejo da parede parecendo mármore cinza, uma pia de madeira pequena presa na parede entre o box e a janela e um espelho grande que ia até o teto. Tinham três janelas grandes que mostravam a rua e com uma banheira abaixo delas. Dentro do box, que era justamente de onde vinha o barulho de água, estava Edward, nu e tomando banho. Ele passou a mão pelo rosto tirando a água que caia em sua cabeça e se virou para a porta, me vendo ali parada.

- Boa tarde, florzinha. –

- Oi. – falei baixo e apoiada no batente da porta.

- Dormiu bem? –

- Muito! –

- Ótimo. Agora, por que não tira a roupa e entra aqui comigo? –

- Achei que já tivesse acabado. – comentei.

- E eu acho que eu preciso de ajuda. – piscou para mim.

Depois de ter tomado banho com Edward, eu troquei de roupa e parei na frente do espelho do banheiro para desembaraçar o meu cabelo enquanto ouvia Edward andar pelo quarto enquanto se vestia. Até eu terminar de pentear o meu cabelo e sair do quarto, já eram quase três e meia da tarde e eu estava simplesmente morrendo de fome, até porque a última vez que havia comido tinha sido dentro do jatinho. Ele insistiu para fazer algo rápido e leve para que pudéssemos comer e eu fui ver se Alice já tinha acordado. Bati em sua porta e ouvi um entre bem baixinho e rouco, ela estava sentada no meio da cama, com o cabelo completamente bagunçado e com uma tremenda cara de sono.

Chamei ela para comer e deixei-a a sós para que pudesse tomar um banho e se trocar e fui ajudar Edward com a comida. Cerca de meia hora depois, a comida estava posta na bancada da cozinha mesmo e Alice apareceu, ela ainda estava com cara de cansada, mas não parecia mais um zumbi de minutos atrás.


- Essa casa aqui não parece ser sua! – comentei com Edward quando já tinha anoitecido. Nós dois estávamos na varanda que a casa dele tinha, que tinha uma belíssima vista para o Parthenon, que a noite, parecia com uma foto que eu tinha na tela do meu computador quando era mais nova. O jantar estava no forno e eu estava apenas esperando mais um pouquinho para que pudesse ligar para a minha mãe.

- Por quê? – perguntou ele confuso com um copo de uísque apoiado na grade da sua varanda enquanto eu estava sentada em na cadeira que tinha ali, junto a mesa, que já estava posta para o jantar.

- Claro demais! – respondi e ele riu. – Já estava até me acostumando com a escuridão da sua casa. –

- Ah para. Minha casa pode ser completamente preta, mas é bem iluminada. – se defendeu e quem começou a rir tinha sido eu agora. – Mas sou obrigado a concordar, essa casa é clara demais. – concordou comigo fazendo uma careta.

- Por quê? –

- O apartamento não é só meu! – admitiu. – É da família. –

- Você disse que era escocês. –

- Nasci na Escócia. Meus pais eram gregos. O apartamento era deles. Depois que eles morreram, meus irmãos e eu nos afastamos um pouco, mas sempre mantivemos esse apartamento, às vezes nos reunimos aqui, às vezes apenas vimos para o local onde passamos uma boa parte das nossas férias... – deu de ombros. – A casa dos meus pais era basicamente assim, eu só dei uma melhorada, mas nenhum dos meus irmãos concordou com a mudança de coloração. – comentou bebendo mais um gole do seu uísque.

- Você fala tão pouco deles! – comentei.

- Brigamos mais do que nos damos bem. Quando éramos crianças, até que nos dávamos um pouco bem, mas conforme fomos crescendo nós começamos a brigar muito. Meu pai, era... – ele suspirou. – Meu pai era um homem bem rígido, ninguém queria tirá-lo do sério. Já a minha mãe, sempre tomou partido do mais novo. Sempre! O mais novo sempre foi o favorito, o filhinho da mamãe. Não tem ninguém mais egoísta que ele! – ele começou a falar do irmão, olhando para o nada a sua frente, e um misto de raiva e dor passava pelo seu rosto, nunca o tinha visto dessa forma. Era um tom tão sombrio em um rosto tão bonito. – Passou por cima de qualquer um, até mesmo dos próprios irmãos para conseguir o queria, e não merecia! – mal ele terminou de falar e um raio cortou o céu de repente. O dia estava lindo demais durante a tarde, para de repente um raio, seguido logo em seguida por um trovão alto, aparecer. Edward não falou mais nada, apenas olhou para o céu noturno com um olhar debochado. 

- O que quer dizer com isso? – perguntei fazendo ele me olhar e ignorando a repentina mudança de tempo.

- Meu pai era um homem de negócios, por assim dizer. Do mesmo jeito que era rígido com a família era com qualquer outra pessoa e muita gente dizia que esse era o motivo dele prosperar tanto no trabalho. Ele era um empresário nato! Comprou várias empresas de diversas áreas que estavam quase falidas e fez com que elas ficassem conhecidas mundialmente. – explicou. – As três principais era a de advocacia, a de navios, e a de arquitetura. Durante toda a minha vida, meu pai falava. O mais velho vai herdar a empresa de advocacia, o do meio à de navios e o mais novo a de arquitetura. Durante toda a minha vida eu me preparei para ser um advogado, depois que meu pai morreu, meu irmão mais novo simplesmente tomou posse da empresa de advocacia, ignorando completamente a vontade do nosso pai e com o total apoio da nossa mãe. Meu irmão do meio, ele não estava nem aí, a dele continuava sendo a mesma, ele iria continuar com os barcos dele, então ele preferiu não tomar partido e faz isso até hoje. E eu, que não gostava de arquitetura, não sabia de nada sobre, me vi obrigado a largar a faculdade de direito quase no final dela, para virar arquiteto. –

- Se me permite dizer... Deveria agradecer, nunca vi alguém tão bom assim como arquiteto ou que falava desse assunto com tanto brilho nos olhos. – ele sorriu de lado para mim, mas eu percebia que esse assunto ainda mexia com ele.

- Aprendi a gostar. E devo admitir que ver meu irmão se ferrando como advogado me fez feliz. –

- É nessas horas da vida que eu agradeço por não ter irmãos. –

- Tem certeza? – perguntou em um tom irônico e eu o encarei sem entender nada. – Quer dizer, sua mãe não teve nenhum além de você, e quanto ao seu pai? Não teve nenhuma família antes de se casar com a sua mãe? –

- Que eu saiba não. – dei de ombros. – Minha mãe nunca comentou muito sobre ele. Dizia apenas que ele havia morrido quando era bem novinha, e não toca mais no assunto. Eu sempre achei que era porque fazia mal a ela, mas não sei mais. Conforme os anos foram passando a forma como ela falava do meu pai mudava, quando era novinha falava com algo parecido com amor e admiração, da última vez que eu toquei no nome dele, ela ficou furiosa... – dei de ombros e meu celular começou a vibrar em minha mão, eram oito horas, era de ligar para a minha mãe. – Diga-me... Você vai ficar bem revendo os seus irmãos? – perguntei enquanto discava o telefone da minha mãe, após desligar o despertador.

- Digamos apenas que já passou. Já tem muito tempo e agora estamos começando a nos entender. – deu de ombros bebendo o resto do seu uísque. – É que... Sempre brigamos entre nós, mas se um precisasse do outro, por qualquer motivo... –

- Eles estavam lá. – terminei por ele.

- É! Chega a ser confuso, dentro de casa um quase matando o outro... – eu o ouvi murmurar bem baixinho um literalmente. - Mas do lado de fora, se precisássemos de ajuda, em problemas da vida, nunca envolvendo o trabalho, nós nos dávamos muito bem... Principalmente após a minha mãe morrer. Parece que depois que os meus pais morreram as coisas melhoraram, por mais horrível que isso possa ser, é a sensação! Não tinha mais ninguém instigando um contra o outro como a minha mãe fazia. – ele suspirou. – Isso pode ser ruim de dizer, mas depois que meus pais morreram a vida melhorou muito, e a nossa relação como irmãos também. – seu telefone tocou, ele pegou o no bolso. – Falando em um dos diabos! – brincou rindo. – Eu já volto! – assenti concordando e ele entrou na sala de novo. – Fala peixinho! – comecei a rir da forma como ele atendeu ao irmão e eu liguei para a minha mãe, que me atendeu no terceiro toque.

Bom dia, meu amor. –

Boa noite, mamãe. –

Boa noite? – perguntou desconfiada.

- Ora, achei que onde a senhora estivesse fosse noite já. – respondi. – Eu tenho gravado no celular a diferença de fuso horário para não ligar para a senhora de madrugada. – expliquei. – Quanto mais agora, que o fuso é de doze horas. – contei.

Entendi. Então, como foi o voo? Como foi entrar em um avião pela primeira vez? –

Assustador! – menti. – Balança mundo quando decola e pousa. – ela riu do outro lado da linha. – As poltronas eram um pouco desconfortáveis, minha coluna está doendo até agora. – eu estava surpresa comigo mesma com a minha capacidade de mentir.

Acordou agora? –

Não. Já tem um tempinho. Nós chegamos no início da madrugada, mas eu estava muito cansada, só tomei um banho devido ao voo longo e dormi. Acordei a pouco tempo e já tomei café. Estou apenas esperando Alice terminar de se vestir para conhecer a ilha. – expliquei.

Entendi. 

- E como a senhora está? Já foi até Santorini? – perguntei.

Estou bem. Vou amanhã, a propósito. E não precisa ficar chateada, já disse que no próximo ano vamos vir nós duas conhecer a ilha. –

- Não se preocupe com isso. Eu estava cansada e um pouco irritada e acabei descontando na senhora com uma besteira daquela. Peço desculpas. –

Eu fiquei cerca de cinco minutos no telefone com a minha mãe até desligar. Ao entrar no apartamento de novo, Edward ainda estava com seu irmão no telefone, mas ele falava bem baixinho com ele, mal dava para ouvir. Fui até o quarto onde Alice estava e repassei a história da ligação com ela, não sabia se minha mãe iria ligar para ela também, provavelmente iria, era a cara da minha mãe, e as histórias precisavam bater. Esse era o básico da mentira! Isso eu aprendi vendo séries policiais.

Eu estava quase terminando de falar com Alice, quando Edward bateu à porta anunciando que o jantar estava pronto. Levantei-me da cama e o segui até a cozinha para pegar a comida e levar até a mesa na varanda para que pudéssemos comer.

No dia seguinte, quando eu acordei, Edward ainda estava deitado na cama, acordado, mais ainda estava ali comigo. Ele me deu um beijo antes de levantar, ele já tinha tomado banho e se trocado, e eu fui tomar o meu banho para que pudéssemos sair. Ignorando completamente o fato de ontem à noite ter tido alguns raios e trovões o sol hoje estava bem forte. Assim que eu terminei de tomar banho, tomei outro com protetor solar, por ser branquinha demais a última coisa que eu queria era ficar completamente vermelha ou ardida, com o protetor bem espalhado, eu me vesti, uma roupa fresca, coloquei um vestido curto branco com poá, com alguns babados na saia. O vestido era de mangas curtas, mas mesmo assim era bem fresco, calcei um par de tênis também branco e saí do banheiro.

Edward não estava mais no quarto, peguei uma bolsa pequena e preta, ele havia dito que iriamos sair cedo para dar uma volta pela cidade. Eu tinha feito cópias dos meus documentos, além de cópias digitalizadas em meu e-mail. Coloquei uma das cópias dos meus documentos na bolsa, apenas por precaução, além da minha carteira e celular e uma pequena necessaire com coisas que talvez eu fosse precisar. Ao deixar o quarto, Alice também já vinha do dela, com a mão cheia de coisas, e não foi surpresa nenhuma ela tacar tudo aquilo na minha bolsa. Com todo mundo pronto, nós deixamos o apartamento, por já estarmos perto do centro de Atenas, nós iriamos andando, era bem tranquilo.

Ele conhecia tudo ali, até porque havia passado várias férias por aqui. Ele nos guiou até um restaurante e pediu o café da manhã para nós. Nós três estávamos sentados do lado de fora do restaurante que começava a ficar cheio. Não demorou muito e o garçom trouxe os nossos pedidos, era bastante coisa, não em quantidade, mas em variedade. Pão, biscoito, iogurte, geleia, frutas. O iogurte grego era um pouco mais azedo que o que eu estava acostumada, mas era muito bom.

Com o café da manhã tomado e a conta dividida nós seguimos até o Parthenon, onde era o antigo templo de Atenas. O topo da acrópole ainda não estava muito cheio, mas conforme os minutos iam se passando, as pessoas iam chegando e se amontoando para tirar fotos dos templos que tinham ali. Dalí do topo, dava parar ver o antigo templo de Zeus, além do templo de Hefesto.   

- Sabe uma coisa que eu só percebi agora. – comentei, nós tínhamos acabado de sair do Parthenon, estávamos dando uma volta pela cidade, caminhando até onde ficava o templo de Zeus, e depois de amanhã seguiríamos para Milos.

- O que? –

- Eu nunca vi, nem em livros escolares ou pesquisando na internet, eu nunca vi nenhum templo para Hades. –

- Ninguém cultua a morte, Bella! – respondeu como se fosse o óbvio.

- Deveria, até porque o destino de todos é a morte! Por mais macabro que possa parecer. Todo mundo vai morrer um dia. –

- Na verdade, existe um. Muito destruído. Conhecido como Nekromanteio Acheron. Fica na região de Épiro. As pessoas acreditavam que ali era a porta para o reino dos mortos. Dizem que aquele era o antigo templo de necromancia dedicado a Hades e a esposa, Perséfone. Homero e Heródoto diziam que o local possuía várias câmaras subterrâneas, onde eram praticadas estranhas cerimonias de necromancia. – ele fez uma careta estranha. – Pessoas iam até lá para contatar os espíritos em busca de conselhos, ou conversar com os mortos, mas para isso deveriam passar por uma série de coisas até finalmente poder invocar um morto. – deu de ombros. – Fica longe, a noroeste, caso contrário, te levaria lá. Ele é chamado de Acheron, por se situar as margens do rio Aqueronte... –

- Que segundo a lenda, fluía pelo submundo. – ele assentiu.

- Como sabe disso? –

- Mitologia sempre foi meu assunto favorito em história. – ele riu.

- Oh. Então sabe sobre os deuses. – assenti. – Qual seu favorito? –

- Pode parecer besteira, mas quando eu era novinha a Afrodite era a minha favorita. Acho que por tudo isso de ser a deusa do amor e da beleza. – ele riu. – Agora, penso que ela seria uma pessoa completamente mimada e insuportável para conviver. – Edward começou a gargalhar.

- Continue. – instigou-me.

- Quando eu era criança era apaixonada pelo filme Hercules da Disney, era um dos meus favoritos, sabia todas as músicas e se bobear até as danças... Cresci, aprendi um pouco mais de mitologia do que a minha mente de cinco anos sabia, fui ver o filme de novo e fiquei quem foi o ser humano que colocou Hera como mãe amorosa de Hércules, e Zeus como um pai de família? – Edward gargalhava alto, como nunca tinha visto antes chegando até a atrai a atenção de alguns dos turistas que estavam ali. – Depois eu fui percebendo que, mesmo que fossem imortais e tudo mais, eram falhos como os seres humanos. – dei de ombros quando ele passou o braço por cima dos meus ombros e continuávamos a andar, vendo Alice indo a alguns passos a nossa frente fotografando cada milímetro da cidade.

- Em qual sentido? –

- Nenhum deles eram fieis! –

- Não é bem assim. Hades foi fiel a Perséfone... – eu virei o rosto o encarando. – Quer dizer, dizem as lendas que depois de casado ele acabou se interessando por duas ninfas, mas nunca aconteceu nada e sempre voltou para a esposa. –

- Não sei se podemos usar Hades e Perséfone como exemplo. –

- Por quê? –

- Hades sequestrou e estuprou Perséfone! – disse o óbvio.

- Como? – perguntou indignado e parando de andar se afastando um pouco de mim. – Quem disse essa merda? –

- Todo mundo! – disse o óbvio. – Todas as histórias e lendas que eu já li, dizem que Hades sequestrou e estuprou Perséfone. –

- Nunca ouvi tanta besteira assim na minha vida. – comentou indignado, mas mesmo assim voltou a me abraçar pelos ombros. – Hades e Perséfone eram apaixonados. Zeus prometeu ao irmão a filha? Prometeu, mas mesmo assim, eles eram apaixonados! –

- Por que tanta indignação? – perguntei sorrindo. – Estamos falando sobre mitos! – lembrei-o.

- Eu sei. Desculpa. – ele me abraçou forte, me puxando para o seu peito e beijando minha cabeça. – Fiquei um pouco indignado, cresci ouvindo a história dos dois como uma história de amor e acho estranho quando alguém coloca isso como estupro. – disse simplesmente.

- Ele a sequestrou! –

- Deméter parecia ser bem insuportável. –

- Era a única filha dela. –

- Deméter teve cinco filhos. Um com Zeus, dois com Poseidon, e mais dois com um mortal. – contou. – Pelo menos foi o que minha família me ensinou. –

- Meu casal favorito. – Alice se aproximou de nós com o telefone em mãos, aberto na câmera. – Onde tem lugar para fazer compras? – perguntou.

- Já gastou toda a memória do seu celular? –

- Ainda não. E relaxa. Eu trouxe meu notebook assim que chegar ao apartamento vou passar tudo para o meu celular. –

- Os melhores lugares são as lojas de rua, todas bem perto de onde estamos. – e ela deu um pulinho animado. – Vamos almoçar e passamos a tarde lá. –

Nós fomos até o restaurante onde Edward indicou, na verdade, para a minha surpresa, ele não nos levou a nenhum restaurante caro ou algo do tipo. Ele nos levou até uma barraquinha de rua para comer um Gyros, parecia um taco, mas era carne de cordeiro assada servida em um pão pita com algumas verduras como cenoura, pepino e cebola ou tomate, e molho tzatziki.

No final da tarde e após Alice fazer suas compras, nós voltamos para o apartamento, eu também tinha comprado algumas coisinhas e precisava guardar na mala, já que segundo Edward nós iriamos sair cedo. Com tudo guardado, eu peguei um casaco fino, pois a noite havia dado uma leve esfriada, e saímos mais uma vez para jantar.

Quarta nós tivemos que sair cedo. Havíamos tomado no café da manhã no apartamento mesmo porque tínhamos que ir embora. Após o café e de limparmos as nossas bagunças, Edward discou para algum número e o ouvi pedir um carro para ir até a alguma marina, o que fazia sentido, pois para ir a Milos, apenas de barco. Foi preciso apenas o tempo necessário de descermos com as nossas bagagens que um carro grande parou na frente do apartamento. Do apartamento até a marina foi uma pequena viagem de trinta minutos e o resto do caminho até o barco que nos levariam até a ilha a pé, pelo deque. No final do caminho de madeira tinha um iate que parecia ter três andares, pelo menos visível, ele parecia ser pintado de dourado com detalhes em preto e era bem grande de cumprimento.

Nós entramos no barco e colocamos nossas malas dentro de um quarto que tinha após descer umas escadas e voltamos para o lado de fora do iate e vendo Edward soltar a corda que prendia o barco ao deque. Olhei em volta, principalmente para a ficava a cabine do capitão e não vendo mais ninguém ali dentro do que nós três.

- Que foi? – Edward perguntou voltando ao barco e enrolando a corda.

- Quem vai pilotar isso? – perguntei sem me mexer.

- Eu! –

- Não! – comecei a balançar a cabeça negando. – Eu quero viver! – Edward guardou a corda e passando uma mão na outra, ele me segurou pelo rosto e me deu um beijo rápido nos lábios.

- Relaxa. Meu pai me ensinou a pilotar desde que eu era criança. – garantiu. – Tenho certificado e tudo. Relaxa. – disse de novo e encostou sua testa na minha, levantei um pouco o rosto para unir meus lábios aos dele. – Eu amo você, florzinha, nunca que eu iria fazer algo contra você. – meus lábios se repuxaram em um sorriso. – Desce, troca de roupa, coloca um biquíni e deita lá na frente com a Alice, porque termos quatro horas de viagem pela frente pelo Egeu. – explicou.

- Tá bom. – ele me deu um beijo antes de me soltar. Eu o segurei pelo pulso e o puxei para perto de mim de novo. Ao se reaproximar, eu o abracei pelo pescoço e ele passou as mãos pela minha cintura e eu fiz impulso para cima e ele me pegou no colo.

- O que foi? – perguntou. – Eu preciso... – eu o interrompi unindo nossos lábios em um beijo e ele apertou mais ainda o abraço em volta do meu corpo. O beijo foi aprofundado e uma de suas mãos deslizaram até a minha bunda coberta pelo short de tecido fino. O beijo só foi interrompido quando o ar se fez necessário em nossos pulmões.

- Parece que desde que deixamos Tulsa que eu não te beijo direito. – comentei com meu nariz rente ao dele.

- Não seja por isso. Durante a viagem eu posso simplesmente ligar o piloto automático e irmos um pouco para o quarto, para ficarmos sozinhos. – sugeriu.

- Acho que eu gostei dessa ideia. – devagar, rocei meu quadril contra o dele, fazendo-o com que ele apertasse com força a minha bunda. Sem descer do seu colo, aproximei minha cabeça da dele de novo e rocei meus lábios aos dele. – Eu te amo! – proferi com a voz baixinha, mas eu sabia que ele tinha ouvido. Seus lábios se repuxaram em um sorriso e pelos seus olhos passou um brilho.

- Repete! – pediu no mesmo tom de voz que eu.

- Eu te amo! – repeti e com um sorriso ainda brincando em seus lábios, ele atacou meus lábios com um beijo ávido.

Quando o beijo se encerrou ele me colocou no chão e seguiu para a cabine do capitão e eu fui seguir o seu conselho de colocar um biquíni. Antes mesmo que pudesse chamar Alice para ir tomar um pouco de sol comigo, notei que ela já estava praticamente trocada. Eu já tinha passado um pouco de protetor pela manhã após tomar um banho, mas resolvi retocar o protetor antes de colocar uns dos biquinis que eu tinha na mala, vesti um short e peguei uma canga e a segui para a frente do barco.

A viagem seria longa, um pouco mais de quatro horas era muito caminho pela frente. Eu estava deitada de bruços, com Alice do meu lado, deitada de barriga para cima. Ela ia falando alguma coisa ao meu lado a qual eu não prestava muita atenção, com os meus óculos escuros cobrindo meus olhos, eu olhava para cima, para onde Edward estava pilotando o barco.

Pelas minhas contas, vendo o relógio do celular, já tinha se passado uma hora e meia de viagem. Inventando uma desculpa para Alice, de que iria pegar alguma coisa na minha mala, e com ela apenas balbuciando alguma coisa, já que ela estava quase dormindo ao meu lado com seu chapéu cobrindo seu rosto, para protege-lo do sol. Eu me levantei, deixei meu short e meu celular ali mesmo e subi as escadas até onde Edward estava. Ele estava um pouco distraído, mal me ouviu chegar por trás dele e abraça-lo pela cintura, enquanto o chamava para uma rapidinha no quarto.

De início ele não respondeu, apenas olhou o radar do iate, vendo que não tinha nada perto, e no GPS para conferir se estávamos seguindo a rota e ligou o piloto automático. Com o botão do piloto automático ligado, ele se virou de frente para mim e me pegou pelas pernas, me colocando em se ombro, o que me fez rir, enquanto ele descia as escadas até o quarto onde eu havia colocado as minhas malas. Fechando a porta com o pé, e trancando a mesma, ele me jogou na cama e subindo em cima de mim, eu não perdi tempo em me livrar de sua cama antes que nossos lábios pudessem finalmente se encontrar e ele nos virar na cama e levar as mãos até as amarras do meu vestido, as desamarrando.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Capítulo 12.

 Tulsa – Oklahoma.

2019.

Bella.

No sábado nós fomos bem cedo até a fazenda de árvores. Do centro da cidade até a fazenda era por volta de uns trinta minutos de viagem, já que ela ficava mais afastada da cidade. Obviamente não foi nenhuma surpresa ele ter alugado um carro aqui para que pudéssemos nos locomover, sendo que nós ficaríamos poucos dias, pelo menos era o que eu esperava. Ele havia alugado um carro conversível, que com a capota abaixada bagunçava completamente o meu cabelo, mas Cerberus, que estava no pequeno banco detrás tinha a língua para fora, que balançava devido ao vento, e talvez eu tenha visto alguns filetes de baba também voando.

Quando ele estacionou na fazenda, eu precisei prender meu cabelo que agora estava completamente embaraçado, com o cão na guia, e com o dono da fazenda nos acompanhando, primeiro apenas olhando todas as árvores que tinham e o portifólio que ele possuía com todas as árvores que eles vendiam, algumas dependiam da estação e outras eles só tinham quando alguém fazia uma encomenda.

Após a visita, ele nos deixou um pouco sozinhos, como o horário de funcionamento da fazenda era a partir das dez da manhã, assim que terminamos a nossa visita e do dono contar a história da fazenda e garantir que todas as plantas eram árvores cuidadas e vendidas com todos os cuidados para não morrerem ou contraírem alguma doença, já era próximo a hora do almoço e o lugar mais perto para se comer era uma pequena cidadezinha que tinha a beira da autoestrada a uns dez minutos da fazenda. Para a nossa sorte, o restaurante tinha mesas ao ar livre para que pudéssemos ficar do lado de fora com Cerberus sem atrapalhar os outros clientes.

Durante o almoço nós fomos fazendo as contas de quantas árvores iriamos precisar para cada projeto, eu tinha passado uma lista para ele das que poderíamos usar em cada lugar, e eu já sentia que isso ficaria absurdamente caro, mesmo ele garantindo que o prefeito o havia dado carta branca para gastar o quanto fosse necessário para repaginar a cidade, eu sabia que ficaria bem caro. Para focarmos nos que queríamos, e por algumas plantas que precisávamos ele não ter no momento, eu fiz uma lista com os nomes das árvores e arbustos que iriamos precisar com a quantidade do lado, obviamente colocando algumas mudas a mais para o caso de alguma não vir boa o suficiente.

Enquanto eu terminava de fazer as minhas anotações, após termos terminado de almoçar, ele pediu a conta. Talvez por impulso, ele pegou o seu cartão, e antes mesmo que pudesse entregar o cartão a garçonete, eu o encarei com uma das sobrancelhas arqueadas, Edward ficou parado por alguns segundos me encarando, até murmurar um esqueci, desculpa, e ter esticado a conta na minha direção.

Com a conta devidamente dividida e paga, nós voltamos para a fazenda. Entreguei ao dono que estava nos atendendo a lista com as plantas e com a quantidade que iriamos precisar e seus olhos quase saltaram das orbitas, com certeza ele não esperava faturar tanto assim em um único dia. Como Edward tinha que entregar as notas fiscais para o prefeito, enquanto ele ficou junto ao dono fazendo as notais fiscais, eu fui com outro funcionário escolher as árvores que eles tinham disponíveis na fazenda. As árvores que eu escolhia, ele marcava com um cartãozinho com o nome de Edward. Árvores escolhidas e com os pedidos das árvores, que eles não tinham disponíveis no momento, feitas pelo computador, eu aproveitei para comprar algumas árvores para mim também. Duas Bougainville rosa e rosa, três glicínias duas roxas e uma rosa e uma cerejeira rosa.

Compras feitas, data de entrega marcada, nós voltamos para o hotel. Já estávamos nos aproximando do final da tarde. Como não tínhamos mais nada para fazer na cidade e ele teria um almoço com o prefeito amanhã, marcado de última hora, nós voltamos para Tulsa naquela noite mesmo.

Domingo eu estava me preparando para sair, iria dar uma passada na casa de Alice antes de ir até o Garden na cidade vizinha. Eu estava quase saindo de casa quando a campainha tocou e ao abrir a porta, dei de cara com Edward usando uma camisa social com os primeiros botões abertos e um paletó por cima.

- Oi. – falei ao abrir a porta e me encostando no batente da porta.

- Oi. – ele segurou o meu rosto entre as mãos e me deu um beijo. – Não está pronta? –

- Para que? –

- Eu te falei do almoço com o prefeito. –

- Mas não falou que o convite se estendia a mim. – expliquei. – Eu ia aproveitar e sair. Ia passar na Alice e depois ia até um garden na cidade vizinha para comprar umas coisas para a reinauguração amanhã. – expliquei.

- Então por que não vem comigo? Assim eu tenho um motivo para vir embora mais cedo. Vou contigo a esse garden, te ajudo a arrumar a loja e depois jantamos juntos. – sugeriu.

- E o convite se estendeu a mim? –

- Por favor, eu não quero passar todo o meu domingo ouvindo o prefeito falar. –

- E quer passar toda a sua tarde de domingo vendo plantas e vasos? – perguntei.

- Pelo menos a pessoa que vai estar comigo é linda. – meus lábios se repuxaram em um sorriso ao mesmo tempo em que minhas bochechas ficaram rubras. – E quando cora fica mais bonita ainda. –

- Para! – pedi.

- Vai lá se trocar que eu te espero. –

- Entra então. – ele entrou fechando a porta atrás de si e eu subi até o meu quarto.

Eu tinha acabado de tomar um banho e me trocado, portanto era necessário apenas trocar de roupa. Era um almoço na casa do prefeito, portanto eu não podia ir do jeito que estava, short e tênis. Dei uma olhada no meu armário e escolhi um vestido azul escuro de frente única e gola alta, com estampas de rosas claras e margaridas, dei uma ajeitada no meu cabelo, deixando-o solto e fazendo uma maquiagem leve. Peguei um salto cor de rosa e uma bolsa de mão bege e desci. Guardei na bolsa de mão o meu celular, carteira e as chaves de casa e fomos embora.

Edward dirigiu até a casa do prefeito, que ficou surpreso por eu ter ido, e mais surpreso ainda quando explicamos que estávamos juntos. Durante o almoço a conversa foi apenas sobre a reforma da cidade. Duas horas foram passadas com o prefeito e sua esposa, até que Edward começou a falar que tinha prometido sair comigo, antes mesmo do convite do prefeito e nós conseguimos ir embora. Minha cabeça já estava explodindo de tanta conversa sobre reforma, de quebra parede, ergue parede, cor de tinta...

No garden ele me deixou fazer as coisas no meu tempo. Com toda a certeza salto e vestido não era a melhor opção de roupa para andar em um garden, principalmente comigo levantando e abaixando toda hora e pegando vasos pesados, ou melhor, tentando pegar vasos pesados, pois quando Edward notava que era muito pesado, ele já se metia na frente e pegava para mim. Não iria reclamar, as chances de eu derrubar e estragar eram grandes.

Como eu tinha comprando um estoque enorme de vasos, de diversos tamanhos e materiais, além de algumas mudas de plantas, e como o carro do Edward era esportivo e não tinha porta malas, eu pedi para eles entregarem amanhã na loja e nós fomos embora, para a casa do Edward, onde a primeira coisa que eu fiz foi tirar meus saltos, já que eu odiava ficar o dia inteiro de salto, e afagar a cabeça de Cerberus, antes de ir ajudar Edward com a preparação do jantar. O jantar estava quase pronto quando o telefone dele tocou, pedindo licença ele me deixou sozinha de olho no timer do forno e foi até o seu escritório.

- Oi. – já tinha se passado uns quinze minutos e eu fui procura-lo no escritório.

- Oi. Desculpa a demora. Tive que mandar um documento para um sócio. – respondeu se desculpando enquanto digitava algo no seu notebook.

- Acho que eu nunca tinha entrado no seu escritório. – comentei entrando no mesmo. Como todo o resto da casa, ele era preto. Ele tinha uma mesa preta grande próximo ao final da sala e com uma caixa de vidro grande presa a parede com uma espécie de tridente grande e preto com uma esmeralda no lugar do terceiro dente. – Isso é um tridente? – perguntei me aproximando da mesa. Ele desviou os olhos da tela do computador e viu para onde eu olhava.

- Oficialmente é um cetro, mas alguns chamam de garfo. – deu de ombros.

- Por que você tem isso na parede do escritório? – perguntei me apoiando em sua mesa e olhando para aquilo.

- Ah... Arrematei em um leilão, achei interessante e bonito e comprei. Achei que não tivesse um lugar melhor para ele do que o escritório, até porque quase ninguém vem aqui. – explicou fechando o notebook e parando ao meu lado de frente para o cetro.

- Bizarro! – ele riu.

- Olha para a mesa. – eu me virei olhando para a mesa atrás de mim. – Cuidei bem dele. – eu encontrei o arranjo de suculenta que tinha feito para ele há quase três semanas.

- Que bom! Qualquer dia desses eu venho dar uma limpada nele. Acho que ainda não está na hora... – me virei para Edward de novo. – O jantar está pronto. –

- Vamos lá. – eu tentei me virar para sair de trás da sua mesa, mas ele me segurou pelo pulso e me puxou delicadamente de frente para ele. – Antes de você ir... – ele soltou minha mão e coçou a nuca antes de continuar. – Lembra que nessa viagem eu disse que você era um pouco apressada demais? –

- Sim. Lembro. – respondi e ele abriu uma das gavetas da mesa preta, Edward puxou uma caixinha azul lá de dentro, e eu conhecia aquela cor, eu não consegui falar nada, meus olhos apenas arregalaram.

– Antes que você comece a falar que não queria que eu te comprasse nada caro, quero deixar bem claro que eu comprei isso antes daquela conversa e... –

- Você vai me pedir em casamento? – perguntei com a minha voz transbordando de desespero.

- Não! – eu respirei aliviada. – Mas se eu pedisse pelo visto você não aceitaria. – comentou e eu notei um olhar de tristeza passar pelos seus olhos.

- Que? Não! Não é isso, pelo amor de Deus, eu me expressei mal. – vi com o canto dos olhos Edward guardar a caixinha dentro da gaveta e fecha-la. Ele ficou me encarando com os braços cruzados, esperando que eu tentasse me explicar. – É que é um pouco rápido demais, e eu sou do tipo de pessoa que antes de fazer algo, importante desse tipo, tem que ter muita coisa conversada e combinada antes. –

- Tipo o que? –

- Tipo tudo! Onde iriamos morar, se teríamos filhos ou não, se tivesse quantos seriam, em qual vertente religiosa eles seriam criados, quais seriam os nomes, como seria a criação deles, se teríamos algum animal de estimação... E eu nem conheço os seus pais! – falei de forma quase desesperada.

- Em primeiro lugar, algumas coisas que você falou é exagero... – me contentei em apenas balançar a cabeça concordando, muita coisa era realmente exagero e eu sempre soube disso. – E meus pais morreram quando eu era adolescente. Sou apenas eu e meus dois irmãos mais novos. -

- Merda! – xinguei baixo.

- Não precisa ficar sentida por ter comentado sobre os meus pais. Eu não fico mais tão sentido assim com a morte deles. – disse simplesmente. – Concordo que algumas coisas deveriam ser conversadas antes de um casamento. Mas eu não iria te pedir em casamento. Acho que você ficou mais desesperada devido a sua mãe... –

- Minha mãe não gosta de você, Edward. Já sabe disso! Eu não sei o motivo, mas eu queria saber. Eu... Eu nem como falar com ela que eu estou me envolvendo com você sem ela surtar e me matar. –

- Você tem quase trinta anos! –

- Eu sei! –

- Sabe mesmo? Vai deixá-la te controlar dessa forma até quando? –

- Somos só eu e ela. Do mesmo jeito que é só você e seus irmãos, como você agiria numa situação parecida? –

- São meus irmãos e os amo, mas nunca deixaria que eles controlassem a minha vida, principalmente me impedir de ficar com alguém que eu goste. – Edward respirou fundo. – Eu entendo perfeitamente o seu sentimento para com a sua mãe. Mas se é para ser assim... Então é melhor cada um seguir seu rumo. –

- Eu não quero! –

- Então o que você quer? – levei minhas mãos ao meu rosto cobrindo o mesmo por uns segundos. – Você nem sabe o que você quer! – meus olhos começaram a arder e a minha garganta fechar conforme eu sentia o choro subindo pelo meu peito.

- Eu quero ficar com você! Eu gosto de você! – admiti. – Mas eu também não quero desapontar a minha mãe... Eu... Eu só queria que a minha mãe e você se dessem bem. Não é pedir muito! – encostei-me na mesa sentindo algumas lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto.  Edward não falou nada ao me ouvir fungar, apenas se aproximou me mim, soltando meus braços entrelaçados e me abraçou dando um beijo na minha cabeça.

- Desculpa! – falou baixo apertando mais ainda o abraço.

- Não tem que se desculpa. Você está certo! Alice está certa! Eu sei disso, mas não consigo... – respondi com o rosto escondido em seu peito. – Eu quero ficar com você, eu gosto muito de você e mesmo estando juntos a pouco tempo, não quero ver isso acabar... – ele levantou a mão da minha cintura até o meu rosto e levantou a minha cabeça, me fazendo olha-lo.

- Por tudo que é sagrado, não chora. – pediu passando os polegares pelos meus olhos. – Eu não vou suportar ver você chorar! –

- Me dá... – respirei fundo antes de continuar. – Me dá só mais uma chance. Uma chance de falar com a minha mãe e... –

- Eu não tenho que te dar chance nenhuma, Bella. Se eu não disse, vou dizer agora. Eu amo você e eu vou passar por cima de qualquer um para ficar contigo, isso, obviamente, se você quiser. Incluindo a sua mãe! – para encurtar a distância entre nós, fiquei na ponta dos pés e uni meus lábios aos dele. voltando com as mãos para a minha cintura, ele me pegou no colo e sentou-se na mesa atrás de mim, ficando entre as minhas pernas e para que assim, pudéssemos, ter uma altura quase que idêntica, já que eu era bem mais baixa que ele. – Agora, que já se acalmou quanto ao fato de que eu não vou te pedir em casamento... Posso fazer o que ia fazer a alguns minutos atrás? – assenti soltando uma risada fraca e baixa. Ele voltou a abrir a gaveta, que estava perto da minha perna, e voltou a pegar a caixinha. – Quer namorar comigo? – perguntou abrindo a caixinha azul. Dentro dela, um pequeno anel de duas voltas entrelaçadas uma na outra, e com a parte de cima cheia de pequenas pedrinhas brancas.

Eu ainda tinha algumas lágrimas escorrendo dos meus olhos ao ver o anel. Desviei os olhos do anel, olhando para Edward e dando uma leve fungada, repuxei meus lábios em um sorriso enquanto minha cabeça balançava assentindo.

- Quero! – respondi com a voz baixa enquanto tentava engolir o choro e ele sorriu de uma forma tão bonita. – Você me ama? Mesmo? – perguntei e ele balançou a cabeça rindo.

- Achei que já tivesse lhe dito isso. Amo! Me apaixonei por você na primeira vez que te vi. Ter pedido a sua ajuda para fazer o paisagismo na cidade foi apenas uma desculpa para ficar mais perto de você... –

- Como é? – perguntei erguendo a sobrancelha.

- Eu tenho uma pessoa responsável pelo paisagismo na empresa. – deu de ombros. – Mas mesmo assim escolhi você... –

- Bom saber... – Edward riu, mas mesmo assim afagou a minha bochecha.

– Florzinha! - 

Edward colocou o anel em meu dedo e me deu um beijo antes de me colocar no chão. Nós saímos do seu escritório, com ele fechando a porta assim que saímos e fomos para a sala de jantar.


Segunda feira eu tive que ir bem cedo aos Correios para entregar os meus documentos e finalmente dar início ao processo do meu passaporte. Ao deixar os correios eu segui direto para a minha loja, estava completamente empolgada para trabalhar nela hoje, finalmente conseguir arruma-la para poder voltar a trabalhar. Não foi nenhuma surpresa quando Alice chegou para me ajudar, ela sempre foi uma negação com plantas, tudo que ela plantava morria, mas mesmo assim ela gostava de me ajudar, e colocar vasos nas prateleiras.

Os vidros da vitrine e da porta estavam cobertos pelo jornal ainda e ficariam assim até amanhã pela manhã, eu não sabia o motivo, mas queria fazer meio que uma surpresa sobre o novo visual da loja. Os vasinhos foram arrumados nas estantes e enquanto eu deixava Alice organizando os vasos com flores e água nas bancadas e peguei as duas mudas de rosas trepadeiras que eu havia trazido de casa e levado para o lado de fora da loja, para que pudesse plantar no arco que tinha ali, os galhos estavam enrolados em ripas de madeira para não arrastarem no chão e eu teria que, aos poucos e com cuidado, ir enrolando-os na grade do arco.

- Bom dia florzinha. – eu estava sentada no chão, em cima de um tapetinho que eu tinha guardado na loja e tinha acabado de tirar o forro de grama artificial que tinha posto durante o inverno para não congelar a terra, quando ouvi a voz de Edward vindo da loja ao lado da minha.

- Bom dia. – como eu não havia me levantando, até porque estava com as mãos sujas de terra, ele se aproximou, abaixando-se um pouco e me dando um beijo. – O que está fazendo aí? Achei que tivesse terminado. –

- Terminei. O prefeito quer ver como a obra ficou. Ele acha impossível eu ter arrumado isso sem alterar a fachada. – Edward levantou a manga do paletó para ver a hora. – Ele está atrasado a quinze minutos. –

- Ele sempre se atrasa! – respondi apertando de leve em volta do vaso para soltar a terra sem despedaçar as raízes. – Você não está com calor com essa roupa não? Eu estou a dois minutos aqui e estou mais suada do que sei lá o que... – resmunguei colocando o torrão de terra e raiz no buraco que havia feito no pequeno canteirinho.

- Você está sentada no concreto, Bella! – disse o óbvio.

- Eu estou sentada em cima de um tapetinho. –

- Que está em contato com o concreto quente. –

- Que seja. – dei de ombros tampando o torrão com a terra que tinha jogado para o lado.

- Cuidado com o anel... – alertou-me.

- Eu aprendi isso quando eu era criança depois de perder uma penca deles. – respondi e ele riu. – Hoje pela manhã eu tirei e coloquei em um cordão. Está no meu pescoço. Mas simples. – eu o acompanhei na risada.

- Deixa... Deixa-me te falar... Não voltou atrás com a ideia da viagem, não é? – eu neguei.

- Alice. – gritei para dentro da loja e ela apareceu com um vaso de rosas brancas na mão. – Ainda não acabou com isso? – resmunguei.

- Quando eu acabar você vai ver o motivo de eu demorar tanto... Oi, Edward, bom dia. –

- Bom dia Alice. -

- Não está organizando por cor, está? –

- Claro que não! – disse como se fosse óbvio. – Estou organizando em degradê. – eu parei o que estava fazendo e a encarei. – Calma. Estou colocando todos os tipos juntos, mas separado em degradê. –

- Pega para mim algumas caixas de musgo no deposito. – pedi.

- Sim senhora. – idiotamente, ela bateu continência antes de entrar.

- O verde! – eu gritei para ela antes que ela pegasse a cor errada. – Continue. –

- Alice está ajudando... –

- Como ouviu... Ela está organizando em degradê. – ele riu.

- Então, voltando ao assunto. Eu quero saber se vai precisar comprar alguma coisa. –

- Para que? – eu apoiei meus braços em meus joelhos enquanto esperava ela voltar e o encarei.

- O calor na Grécia é completamente diferente do daqui. Não se deixe enganar, mesmo sendo uma ilha e tendo um vento fresco passando, o sol é de rachar. –

- Bom, se eu tiver que comprar algumas coisas é algo tranquilo, dá para comprar aqui na cidade mesmo. Roupa eu não sei, vou marcar um dia para dar uma olhada no meu guarda roupa com a Alice e ver, qualquer coisa eu marco com ela, porque eu sei que ela vai querer comprar alguma coisa, e dou uma passada com ela pelo shopping. –

- Então... – ouvi a voz da dita cuja voltando para a frente da loja. – Musgo é isso aqui? – ela me mostrou um caixote com musgo verde e eu assenti. – Vou pegar mais dois. – comentou colocando no chão ao meu lado.

- É que tem outra coisa que a senhorita precisa ver. – ele se abaixou ao meu lado conforme eu ia pegando os musgos fofos da caixa e plantando no canteirinho. – Eu recebi isso hoje. Talvez meu irmão seja um pouco exagerado. – ele me mostrou um envelope preto grudado com cera dourada, já aberta, o convite era transparente com moldura e letras em dourado.

- Gostei! – me referi ao ver o convite.

- Gostou da parte do traje black tie? – soltei um suspiro. – É... –

- Entendi. Não eu não tenho uma roupa em estilo black tie. E provavelmente nenhuma loja daqui venda. –

- Aqui Bee. – Alice voltou com mais duas caixas de musgo e colocou no chão ao meu lado.

- Allie. Você sabe onde tem roupas tipo black tie? – perguntei e ela pensou um pouco antes de responder.

- Tem aquela loja onde alugamos os nossos vestidos de formatura, mas não tinha tanta coisa naquela época e agora tampouco. Mas eu acho que tem lojas melhores lá para Oklahoma City. Por que a pergunta? – eu não respondi e Edward tampouco, ele apenas mostrou o convite para ela. – Chique! – ela leu o convite. – Entendi. Podemos ir no próximo final de semana ver isso, se quiser. – eu apenas balancei a cabeça assentindo. – Beleza, vou terminar aqui dentro. – ela voltou para dentro da loja.

- Caso queira uma opinião masculina... – brincou rindo.

- Vai trabalhar, Edward! – ralhei com ele fazendo-o rir mais ainda. O barulho de um carro parou perto de nós e Edward se levantou e eu vi o prefeito saindo do seu carro.

- Oh, perdoe-me pela demora, tive algumas coisas para resolver na prefeitura antes de vir. – desculpando-se ele saiu do carro.

- Não tem problemas. – Edward respondeu guardando o envelope com o convite dentro do bolso do paletó.

- Bom dia Bella. –

- Bom dia senhor O’Brien. Como vai? –

- Ótimo e a senhorita? –

- Completamente feliz por ter a minha loja de volta. – respondi e os dois riram.

- Que bom, menina. Fico feliz. Minha esposa estava enlouquecendo porque ficou duas semanas sem ter um arranjo novo seu. –

- Diga ela então para se acalmar, o primeiro que eu fizer será dela. – garanti.

- Obrigado querida. – voltou-se para Edward. – Bom, vamos ver essa reforma. –

Os dois entraram na loja ao lado e eu continuei o meu trabalho. Cobri todo o canteiro com os musgos fofos para evitar que o calor queimasse a raiz da rosa trepadeira e segui para o canteiro ao lado, fazendo o mesmo processo. Plantei a trepadeira no outro canteiro cobrindo a terra mais uma vez com musgo, usando um pouco mais de uma caixa e meia. Voltei para dentro da loja levando as ferramentas que havia usada e o musgo que havia sobrado. Limpei minhas mãos, tirando os vestígios de terra e musgo e voltei para o lado de fora levando uma escadinha junto comigo. Devagar eu fui soltando a roseira da ripa de madeira e enrolando na grade do arco, fazendo o mesmo dos dois lados e criando um portal de roseiras, fazendo isso com todo o cuidado do mundo para não danificar nenhuma rosa aberta ou os seus botões.

Terça feira a loja foi reaberta e eu não conseguia conter a minha animação a finalmente conseguir voltar a trabalhar. A semana havia passado da forma mais tranquila possível, como Edward agora estava trabalhando em outras ruas, eu só conseguia vê-lo durante a noite quando ele passava pela minha casa após o trabalho ou me chamava para jantar com ele. Alice havia me ajudado durante a semana na loja, a sua ainda estava fechada devido a reforma e da mesma forma que eu havia ficado entediada e ido ajuda-la, ela fez o mesmo.

Na semana seguinte os pedidos que eu e Edward tínhamos feito na fazenda de árvores haviam chegado, finalmente eu poderia plantar a minha glicínia dentro da loja e enrolar seus galhos no pergolado que Edward tinha feito. As árvores haviam sido levadas para o meu quintal e ficariam lá até que fossem usadas, quarta-feira, após a chegada das árvores, eu plantei a glicínia em um dos canteiros que ele havia feito dentro da minha loja, tinha chegado mais cedo ao trabalho para fazer isso antes do horário de abrir a loja e decorado o pergolado com os seus galhos floridos. As outras mudas que eu havia comprado, iria planta-las durante o final de semana em meu jardim.

Durante o resto da semana e do início da semana seguinte eu deixava Alice trabalhando na floricultura, havia feito um caderninho com todas as anotações para ela poder mexer nas coisas sem dificuldade, como por exemplo os valores das flores, quantas flores se colocavam em um buquê, eu a havia ensinado durante a semana como fazer um, e ela havia aprendido muito bem. Eu realmente teria que seguir o conselho de Edward e arrumar outra pessoa para trabalhar comigo, nem que fosse apenas na loja, durante essas semanas após a abertura, a loja havia ficado bem cheia, era primavera e muita gente queria encher a casa com vasos de flores. Eu e Alice havíamos dado conta do recado, mas eu sozinha não iria conseguir pelo visto, eu já havia me acostumado a atender um cliente atrás do outro, mas eram poucas ocasiões que entravam mais de dois na loja ao mesmo tempo.

Com Alice cuidando da floricultura, eu ia fazer os paisagismos que havia combinado com Edward nas lojas que já estavam prontas, ou nos canteiros que haviam sido feitos pelas ruas. Duas semanas após eu dar início ao meu processo do passaporte, finalmente eu havia recebido um e-mail dos correios dizendo que eu poderia ir busca-lo e no início da semana seguinte, já no final do mês, era a minha viagem com Edward e eu nem havia começado a separar as minhas roupas, mas havia combinado de ir com ela ao shopping sem falta neste sábado, já que havia desmarcado nos dois finais de semana anteriores.

Como um anjo enviado dos céus, a filha da senhora Tanner apareceu, ela perguntou se eu conhecia alguém que estivesse contratando. Bree era nova, tinha apenas dezessete anos, ela também gostava um pouco de plantas, não tanto quanto eu, mas acredito que ninguém gostava tanto quanto eu, e quando eu perguntei se ela gostaria de me ajudar depois que Alice fosse embora e durante o tempo que eu estivesse viajando, ela prontamente aceitou, eu só precisava achar alguém maior de idade para acompanha-la, só não sabia quem ainda. Eu tinha pouco tempo para explicar as coisas para ela, mas o bom era que ela aprendia rápido, e conforme eu ia explicando ela ia anotando em um caderninho.

Todas as plantas tinham uma plaquinha com seu nome e preço, muitas pessoas queriam escolher as próprias flores então eu colocava as plaquinhas para elas saberem quais eram quais. E ela rapidamente aprendeu as coisas e no mesmo dia que ela veio assinar sua carteira de trabalho e fazer as anotações ela já queria começar a trabalhar, obviamente, ela ficaria após sair da escola, eu agora só precisava de alguém que abrisse a loja de manhã.  Ouvindo minhas conversas com Alice falando que tinha que achar mais alguém, pelo menos para as duas semanas que eu estivesse aqui, Bree comentou que sua prima, mais velha que ela, estava na cidade de férias e que se ela pedisse poderia ajudar, principalmente por ser apenas duas semanas.

Eu não conhecia a prima de Bree, mas eu estava meio desesperada, também não queria fechar a loja por mais duas semanas, caso isso acontecesse eu ficaria com muitas plantas no meu quintal e mais da metade acabariam ficando velhas e eu não gostava quando isso acontecia. Por Bree ser minha vizinha, eu a conhecia desde bebê e sua mãe era amiga da minha, eu deixei a chave do meu portão, apenas do portão com ela, para que ela pudesse ir lá colher as flores também, obviamente após eu ter ensinado a ela a como colher e saber quando colher.

Sexta, após o fim do experiente fui com Alice para a minha casa para que ela pudesse me ajudar a separar a minha roupa para levar para a viagem. Notei que tinha algumas peças que talvez eu precisasse comprar, e para não comprar nada atoa eu escrevi num papelzinho o que fez Alice revirar os olhos. Ela sempre havia sido adepta ao fato de se eu tenho dinheiro eu posso comprar qualquer coisa, eu já era mais adepta ao comprar apenas o que iria usar, não gostava de ficar com roupa estocada no armário sem uso. Além é obvio do bendito vestido de gala que eu teria que arrumar e não fazia a mínima ideia de como escolher aquilo, graças a Deus, eu tinha Alice do meu lado.

Com uma boa parte das coisas que eu já tinha em casa separadas, e com a listinha das coisas que eu teria que comprar, e como em primeiro da lista e escrito em vermelho e com letras garrafais apenas para eu não correr o risco de esquecer estava escrito PROTETOR SOLAR, eu era muito branca e dois minutos no sol sem protetor solar e eu virara um camarão, isso e depois de cinco minutos no sol eu virava cinzas. Sábado de manhã eu saí bem cedinho com Alice, que acabou dormindo aqui, para irmos ao shopping, voltando para casa para casa ao mesmo tempo em que o sol se pôs.

Domingo eu corri para lavar as roupas, não gostava de usar nada recém comprado sem lavar, mania que minha mãe havia colocado na minha cabeça e eu não conseguia tirar, e pensando bem, era melhor nem tirar. Durante todo o domingo eu me desdobrei entre lavar as roupas, colocar na secadora, passar e guardar na mala e dar uma limpada de leve em meu jardim, já que a partir de amanhã quem cuidaria dele era Bree.

Segunda pela manhã, Bree apareceu na minha casa antes de ir para a escola para que eu pudesse falar as últimas coisas com ela. Para ela, eu iria viajar com Alice para o Havaí, ela não sabia sobre Edward, até porque ele quase não tinha aparecido na loja durante a semana já que eles estavam trabalhando e de olho nas coisas para que pudesse viajar sem ter dor de cabeça. Assim que Bree saiu, Edward apareceu lá em casa, dessa vez eu não dirigia um conversível, ainda tinha um carro caro, contudo maior. Eu levava duas malas e mais o saco do vestido que tive que comprar para o aniversário de casamento do irmão dele e que não caberia dentro de nenhuma mala, pelo menos não sem amassar, e uma mochila grande com meus documentos e uma muda de roupa além de uma nécessaire. Cerberus estava no banco de trás, dentro do cercado de cachorro para carro.

Sendo recebida com um belo de um beijo de bom dia, ele colocou minhas malas junto com as suas no porta malas, por um leve segundo achei que estava levando coisas demais até perceber que ele carregava a mesma quantidade que eu, além de uma pequena mala de mão com um bordado de osso, ou seja, eram as coisas do Cerberus. Entrei no banco do carona e ele no banco do motorista e eu o guiei até a casa de Alice, não era nenhuma surpresa o fato de ela estar com quase quatro malas.

- Você sabe que são apenas quinze dias, não sabe? – perguntei do lado de fora do carro enquanto via Edward tentando enfiar as quatro malas dela no porta malas, que já estava quase cheio devido as nossas quatro.

- Elas estão quase vazias. Quero trazer mais coisas de lá. A propósito como vai ser o itinerário? – perguntou a Edward após ele desistir e colocar duas malas no chão do banco traseiro.

- Bom. São quase dezesseis horas de viagem. – ela soltou um muxoxo. – Chegaremos à Atenas por volta das sete da manhã de amanhã, podemos descansar da viagem lá e seguiremos assim que acordarmos para Milos, mas caso queiram dar uma volta pela cidade, podemos ir antes ou na hora que voltarmos, voltar uns dias mais cedo para conhecer pelo menos o centro. –

- Ok. Dezesseis horas sentada na mesma posição. Minha coluna vai agradecer. – ironizou ela enquanto Edward fechava o porta malas.

- Relaxa! – eu abri a porta do banco traseiro para ela e antes de entrar ela viu Cerberus dentro dele, e travou arregalando os olhos.

- Que cachorro é esse? – perguntou olhando para ele.

- É o Cerberus! – expliquei.

- Meu cachorro. – ela olhou para Edward, depois para mim e por último para Cerberus que tinha a língua de fora. – Ele é inofensivo. – garantiu.

- Parece que ele vai cravar os dentes na sua jugular?! Parece! Mas ele é um bebezão! – Edward riu da cara de pânico que Alice fez quando Cerberus latiu para ela. – Entra logo Alice. – ela continuou parada no lugar. – Quer ir na frente que eu vou atrás com ele? –

- Não. – se apressou em dizer. – Não, pode ir! – ainda receosa, ela entrou no carro, sentando bem na pontinha no banco, com a mala de mão no colo. Era inevitável rir da cara de pânico que ela fazia, ela nunca teve medo de cachorro, pelo contrário, sempre teve um, até que o último faleceu há dois anos e ela desistiu de ter. Mas bom, ela só tinha cachorros pequenos, se bobear cachorros menores que a cabeça de Cerberus.

Entrei no banco da frente ao mesmo tempo em que Edward entrou no banco do motorista. Ao olhar para trás antes de colocar o cinto, vi que um dos principais motivos dela estar sentada grudada a porta era devido a sua mala no chão do carro. Bom, ninguém mandou ela trazer quatro malas! Ele dirigiu até o aeroporto, mesmo sendo um voo de jato particular, teríamos que apresentar os documentos e o passaporte. Edward pegou um carrinho para que pudesse colocar as malas e foi empurrando-o na frente enquanto eu e Alice íamos a alguns passos atrás comigo levando Cerberus na guia. Allie olhava de forma estranha para os lados, ela provavelmente não estava entendendo o motivo de estarmos andando por uma das pistas de pouso vazia, sem nenhum avião perto ou algo do tipo. Eu também não havia comentado sobre o jato de Edward, primeiro porque tinha esquecido e quando lembrei eu queria apenas ver a cara dela.

- Ele tem um jato? – perguntou com os olhos preso no jato preto parado no meio da pista, com Edward falando com Peter, o piloto, e um comissário de bordo, além de um funcionário do aeroporto, estarem subindo com as malas. – Garota, você ganhou na loteria! – comentou e eu não conseguir evitar o riso.