Tulsa – Oklahoma.
2019.
Bella.
No sábado nós fomos bem cedo até a fazenda de árvores. Do centro da cidade até a fazenda era por volta de uns trinta minutos de viagem, já que ela ficava mais afastada da cidade. Obviamente não foi nenhuma surpresa ele ter alugado um carro aqui para que pudéssemos nos locomover, sendo que nós ficaríamos poucos dias, pelo menos era o que eu esperava. Ele havia alugado um carro conversível, que com a capota abaixada bagunçava completamente o meu cabelo, mas Cerberus, que estava no pequeno banco detrás tinha a língua para fora, que balançava devido ao vento, e talvez eu tenha visto alguns filetes de baba também voando.
Quando ele estacionou na fazenda, eu precisei prender meu cabelo que agora estava completamente embaraçado, com o cão na guia, e com o dono da fazenda nos acompanhando, primeiro apenas olhando todas as árvores que tinham e o portifólio que ele possuía com todas as árvores que eles vendiam, algumas dependiam da estação e outras eles só tinham quando alguém fazia uma encomenda.
Após a visita, ele nos deixou um pouco sozinhos, como o horário de funcionamento da fazenda era a partir das dez da manhã, assim que terminamos a nossa visita e do dono contar a história da fazenda e garantir que todas as plantas eram árvores cuidadas e vendidas com todos os cuidados para não morrerem ou contraírem alguma doença, já era próximo a hora do almoço e o lugar mais perto para se comer era uma pequena cidadezinha que tinha a beira da autoestrada a uns dez minutos da fazenda. Para a nossa sorte, o restaurante tinha mesas ao ar livre para que pudéssemos ficar do lado de fora com Cerberus sem atrapalhar os outros clientes.
Durante o almoço nós fomos fazendo as contas de quantas árvores iriamos precisar para cada projeto, eu tinha passado uma lista para ele das que poderíamos usar em cada lugar, e eu já sentia que isso ficaria absurdamente caro, mesmo ele garantindo que o prefeito o havia dado carta branca para gastar o quanto fosse necessário para repaginar a cidade, eu sabia que ficaria bem caro. Para focarmos nos que queríamos, e por algumas plantas que precisávamos ele não ter no momento, eu fiz uma lista com os nomes das árvores e arbustos que iriamos precisar com a quantidade do lado, obviamente colocando algumas mudas a mais para o caso de alguma não vir boa o suficiente.
Enquanto eu terminava de fazer as minhas anotações, após termos terminado de almoçar, ele pediu a conta. Talvez por impulso, ele pegou o seu cartão, e antes mesmo que pudesse entregar o cartão a garçonete, eu o encarei com uma das sobrancelhas arqueadas, Edward ficou parado por alguns segundos me encarando, até murmurar um esqueci, desculpa, e ter esticado a conta na minha direção.
Com a conta devidamente dividida e paga, nós voltamos para a fazenda. Entreguei ao dono que estava nos atendendo a lista com as plantas e com a quantidade que iriamos precisar e seus olhos quase saltaram das orbitas, com certeza ele não esperava faturar tanto assim em um único dia. Como Edward tinha que entregar as notas fiscais para o prefeito, enquanto ele ficou junto ao dono fazendo as notais fiscais, eu fui com outro funcionário escolher as árvores que eles tinham disponíveis na fazenda. As árvores que eu escolhia, ele marcava com um cartãozinho com o nome de Edward. Árvores escolhidas e com os pedidos das árvores, que eles não tinham disponíveis no momento, feitas pelo computador, eu aproveitei para comprar algumas árvores para mim também. Duas Bougainville rosa e rosa, três glicínias duas roxas e uma rosa e uma cerejeira rosa.
Compras feitas, data de entrega marcada, nós voltamos para o hotel. Já estávamos nos aproximando do final da tarde. Como não tínhamos mais nada para fazer na cidade e ele teria um almoço com o prefeito amanhã, marcado de última hora, nós voltamos para Tulsa naquela noite mesmo.
Domingo eu estava me preparando para sair, iria dar uma passada na casa de Alice antes de ir até o Garden na cidade vizinha. Eu estava quase saindo de casa quando a campainha tocou e ao abrir a porta, dei de cara com Edward usando uma camisa social com os primeiros botões abertos e um paletó por cima.
- Oi. – falei ao abrir a porta e me encostando no batente da porta.
- Oi. – ele segurou o meu rosto entre as mãos e me deu um beijo. – Não está pronta? –
- Para que? –
- Eu te falei do almoço com o prefeito. –
- Mas não falou que o convite se estendia a mim. – expliquei. – Eu ia aproveitar e sair. Ia passar na Alice e depois ia até um garden na cidade vizinha para comprar umas coisas para a reinauguração amanhã. – expliquei.
- Então por que não vem comigo? Assim eu tenho um motivo para vir embora mais cedo. Vou contigo a esse garden, te ajudo a arrumar a loja e depois jantamos juntos. – sugeriu.
- E o convite se estendeu a mim? –
- Por favor, eu não quero passar todo o meu domingo ouvindo o prefeito falar. –
- E quer passar toda a sua tarde de domingo vendo plantas e vasos? – perguntei.
- Pelo menos a pessoa que vai estar comigo é linda. – meus lábios se repuxaram em um sorriso ao mesmo tempo em que minhas bochechas ficaram rubras. – E quando cora fica mais bonita ainda. –
- Para! – pedi.
- Vai lá se trocar que eu te espero. –
- Entra então. – ele entrou fechando a porta atrás de si e eu subi até o meu quarto.
Eu tinha acabado de tomar um banho e me trocado, portanto era necessário apenas trocar de roupa. Era um almoço na casa do prefeito, portanto eu não podia ir do jeito que estava, short e tênis. Dei uma olhada no meu armário e escolhi um vestido azul escuro de frente única e gola alta, com estampas de rosas claras e margaridas, dei uma ajeitada no meu cabelo, deixando-o solto e fazendo uma maquiagem leve. Peguei um salto cor de rosa e uma bolsa de mão bege e desci. Guardei na bolsa de mão o meu celular, carteira e as chaves de casa e fomos embora.
Edward dirigiu até a casa do prefeito, que ficou surpreso por eu ter ido, e mais surpreso ainda quando explicamos que estávamos juntos. Durante o almoço a conversa foi apenas sobre a reforma da cidade. Duas horas foram passadas com o prefeito e sua esposa, até que Edward começou a falar que tinha prometido sair comigo, antes mesmo do convite do prefeito e nós conseguimos ir embora. Minha cabeça já estava explodindo de tanta conversa sobre reforma, de quebra parede, ergue parede, cor de tinta...
No garden ele me deixou fazer as coisas no meu tempo. Com toda a certeza salto e vestido não era a melhor opção de roupa para andar em um garden, principalmente comigo levantando e abaixando toda hora e pegando vasos pesados, ou melhor, tentando pegar vasos pesados, pois quando Edward notava que era muito pesado, ele já se metia na frente e pegava para mim. Não iria reclamar, as chances de eu derrubar e estragar eram grandes.
Como eu tinha comprando um estoque enorme de vasos, de diversos tamanhos e materiais, além de algumas mudas de plantas, e como o carro do Edward era esportivo e não tinha porta malas, eu pedi para eles entregarem amanhã na loja e nós fomos embora, para a casa do Edward, onde a primeira coisa que eu fiz foi tirar meus saltos, já que eu odiava ficar o dia inteiro de salto, e afagar a cabeça de Cerberus, antes de ir ajudar Edward com a preparação do jantar. O jantar estava quase pronto quando o telefone dele tocou, pedindo licença ele me deixou sozinha de olho no timer do forno e foi até o seu escritório.
- Oi. – já tinha se passado uns quinze minutos e eu fui procura-lo no escritório.
- Oi. Desculpa a demora. Tive que mandar um documento para um sócio. – respondeu se desculpando enquanto digitava algo no seu notebook.
- Acho que eu nunca tinha entrado no seu escritório. – comentei entrando no mesmo. Como todo o resto da casa, ele era preto. Ele tinha uma mesa preta grande próximo ao final da sala e com uma caixa de vidro grande presa a parede com uma espécie de tridente grande e preto com uma esmeralda no lugar do terceiro dente. – Isso é um tridente? – perguntei me aproximando da mesa. Ele desviou os olhos da tela do computador e viu para onde eu olhava.
- Oficialmente é um cetro, mas alguns chamam de garfo. – deu de ombros.
- Por que você tem isso na parede do escritório? – perguntei me apoiando em sua mesa e olhando para aquilo.
- Ah... Arrematei em um leilão, achei interessante e bonito e comprei. Achei que não tivesse um lugar melhor para ele do que o escritório, até porque quase ninguém vem aqui. – explicou fechando o notebook e parando ao meu lado de frente para o cetro.
- Bizarro! – ele riu.
- Olha para a mesa. – eu me virei olhando para a mesa atrás de mim. – Cuidei bem dele. – eu encontrei o arranjo de suculenta que tinha feito para ele há quase três semanas.
- Que bom! Qualquer dia desses eu venho dar uma limpada nele. Acho que ainda não está na hora... – me virei para Edward de novo. – O jantar está pronto. –
- Vamos lá. – eu tentei me virar para sair de trás da sua mesa, mas ele me segurou pelo pulso e me puxou delicadamente de frente para ele. – Antes de você ir... – ele soltou minha mão e coçou a nuca antes de continuar. – Lembra que nessa viagem eu disse que você era um pouco apressada demais? –
- Sim. Lembro. – respondi e ele abriu uma das gavetas da mesa preta, Edward puxou uma caixinha azul lá de dentro, e eu conhecia aquela cor, eu não consegui falar nada, meus olhos apenas arregalaram.
– Antes que você comece a falar que não queria que eu te comprasse nada caro, quero deixar bem claro que eu comprei isso antes daquela conversa e... –
- Você vai me pedir em casamento? – perguntei com a minha voz transbordando de desespero.
- Não! – eu respirei aliviada. – Mas se eu pedisse pelo visto você não aceitaria. – comentou e eu notei um olhar de tristeza passar pelos seus olhos.
- Que? Não! Não é isso, pelo amor de Deus, eu me expressei mal. – vi com o canto dos olhos Edward guardar a caixinha dentro da gaveta e fecha-la. Ele ficou me encarando com os braços cruzados, esperando que eu tentasse me explicar. – É que é um pouco rápido demais, e eu sou do tipo de pessoa que antes de fazer algo, importante desse tipo, tem que ter muita coisa conversada e combinada antes. –
- Tipo o que? –
- Tipo tudo! Onde iriamos morar, se teríamos filhos ou não, se tivesse quantos seriam, em qual vertente religiosa eles seriam criados, quais seriam os nomes, como seria a criação deles, se teríamos algum animal de estimação... E eu nem conheço os seus pais! – falei de forma quase desesperada.
- Em primeiro lugar, algumas coisas que você falou é exagero... – me contentei em apenas balançar a cabeça concordando, muita coisa era realmente exagero e eu sempre soube disso. – E meus pais morreram quando eu era adolescente. Sou apenas eu e meus dois irmãos mais novos. -
- Merda! – xinguei baixo.
- Não precisa ficar sentida por ter comentado sobre os meus pais. Eu não fico mais tão sentido assim com a morte deles. – disse simplesmente. – Concordo que algumas coisas deveriam ser conversadas antes de um casamento. Mas eu não iria te pedir em casamento. Acho que você ficou mais desesperada devido a sua mãe... –
- Minha mãe não gosta de você, Edward. Já sabe disso! Eu não sei o motivo, mas eu queria saber. Eu... Eu nem como falar com ela que eu estou me envolvendo com você sem ela surtar e me matar. –
- Você tem quase trinta anos! –
- Eu sei! –
- Sabe mesmo? Vai deixá-la te controlar dessa forma até quando? –
- Somos só eu e ela. Do mesmo jeito que é só você e seus irmãos, como você agiria numa situação parecida? –
- São meus irmãos e os amo, mas nunca deixaria que eles controlassem a minha vida, principalmente me impedir de ficar com alguém que eu goste. – Edward respirou fundo. – Eu entendo perfeitamente o seu sentimento para com a sua mãe. Mas se é para ser assim... Então é melhor cada um seguir seu rumo. –
- Eu não quero! –
- Então o que você quer? – levei minhas mãos ao meu rosto cobrindo o mesmo por uns segundos. – Você nem sabe o que você quer! – meus olhos começaram a arder e a minha garganta fechar conforme eu sentia o choro subindo pelo meu peito.
- Eu quero ficar com você! Eu gosto de você! – admiti. – Mas eu também não quero desapontar a minha mãe... Eu... Eu só queria que a minha mãe e você se dessem bem. Não é pedir muito! – encostei-me na mesa sentindo algumas lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto. Edward não falou nada ao me ouvir fungar, apenas se aproximou me mim, soltando meus braços entrelaçados e me abraçou dando um beijo na minha cabeça.
- Desculpa! – falou baixo apertando mais ainda o abraço.
- Não tem que se desculpa. Você está certo! Alice está certa! Eu sei disso, mas não consigo... – respondi com o rosto escondido em seu peito. – Eu quero ficar com você, eu gosto muito de você e mesmo estando juntos a pouco tempo, não quero ver isso acabar... – ele levantou a mão da minha cintura até o meu rosto e levantou a minha cabeça, me fazendo olha-lo.
- Por tudo que é sagrado, não chora. – pediu passando os polegares pelos meus olhos. – Eu não vou suportar ver você chorar! –
- Me dá... – respirei fundo antes de continuar. – Me dá só mais uma chance. Uma chance de falar com a minha mãe e... –
- Eu não tenho que te dar chance nenhuma, Bella. Se eu não disse, vou dizer agora. Eu amo você e eu vou passar por cima de qualquer um para ficar contigo, isso, obviamente, se você quiser. Incluindo a sua mãe! – para encurtar a distância entre nós, fiquei na ponta dos pés e uni meus lábios aos dele. voltando com as mãos para a minha cintura, ele me pegou no colo e sentou-se na mesa atrás de mim, ficando entre as minhas pernas e para que assim, pudéssemos, ter uma altura quase que idêntica, já que eu era bem mais baixa que ele. – Agora, que já se acalmou quanto ao fato de que eu não vou te pedir em casamento... Posso fazer o que ia fazer a alguns minutos atrás? – assenti soltando uma risada fraca e baixa. Ele voltou a abrir a gaveta, que estava perto da minha perna, e voltou a pegar a caixinha. – Quer namorar comigo? – perguntou abrindo a caixinha azul. Dentro dela, um pequeno anel de duas voltas entrelaçadas uma na outra, e com a parte de cima cheia de pequenas pedrinhas brancas.
Eu ainda tinha algumas lágrimas escorrendo dos meus olhos ao ver o anel. Desviei os olhos do anel, olhando para Edward e dando uma leve fungada, repuxei meus lábios em um sorriso enquanto minha cabeça balançava assentindo.
- Quero! – respondi com a voz baixa enquanto tentava engolir o choro e ele sorriu de uma forma tão bonita. – Você me ama? Mesmo? – perguntei e ele balançou a cabeça rindo.
- Achei que já tivesse lhe dito isso. Amo! Me apaixonei por você na primeira vez que te vi. Ter pedido a sua ajuda para fazer o paisagismo na cidade foi apenas uma desculpa para ficar mais perto de você... –
- Como é? – perguntei erguendo a sobrancelha.
- Eu tenho uma pessoa responsável pelo paisagismo na empresa. – deu de ombros. – Mas mesmo assim escolhi você... –
- Bom saber... – Edward riu, mas mesmo assim afagou a minha bochecha.
– Florzinha! -
Edward colocou o anel em meu dedo e me deu um beijo antes de me colocar no chão. Nós saímos do seu escritório, com ele fechando a porta assim que saímos e fomos para a sala de jantar.
Segunda feira eu tive que ir bem cedo aos Correios para entregar os meus documentos e finalmente dar início ao processo do meu passaporte. Ao deixar os correios eu segui direto para a minha loja, estava completamente empolgada para trabalhar nela hoje, finalmente conseguir arruma-la para poder voltar a trabalhar. Não foi nenhuma surpresa quando Alice chegou para me ajudar, ela sempre foi uma negação com plantas, tudo que ela plantava morria, mas mesmo assim ela gostava de me ajudar, e colocar vasos nas prateleiras.
Os vidros da vitrine e da porta estavam cobertos pelo jornal ainda e ficariam assim até amanhã pela manhã, eu não sabia o motivo, mas queria fazer meio que uma surpresa sobre o novo visual da loja. Os vasinhos foram arrumados nas estantes e enquanto eu deixava Alice organizando os vasos com flores e água nas bancadas e peguei as duas mudas de rosas trepadeiras que eu havia trazido de casa e levado para o lado de fora da loja, para que pudesse plantar no arco que tinha ali, os galhos estavam enrolados em ripas de madeira para não arrastarem no chão e eu teria que, aos poucos e com cuidado, ir enrolando-os na grade do arco.
- Bom dia florzinha. – eu estava sentada no chão, em cima de um tapetinho que eu tinha guardado na loja e tinha acabado de tirar o forro de grama artificial que tinha posto durante o inverno para não congelar a terra, quando ouvi a voz de Edward vindo da loja ao lado da minha.
- Bom dia. – como eu não havia me levantando, até porque estava com as mãos sujas de terra, ele se aproximou, abaixando-se um pouco e me dando um beijo. – O que está fazendo aí? Achei que tivesse terminado. –
- Terminei. O prefeito quer ver como a obra ficou. Ele acha impossível eu ter arrumado isso sem alterar a fachada. – Edward levantou a manga do paletó para ver a hora. – Ele está atrasado a quinze minutos. –
- Ele sempre se atrasa! – respondi apertando de leve em volta do vaso para soltar a terra sem despedaçar as raízes. – Você não está com calor com essa roupa não? Eu estou a dois minutos aqui e estou mais suada do que sei lá o que... – resmunguei colocando o torrão de terra e raiz no buraco que havia feito no pequeno canteirinho.
- Você está sentada no concreto, Bella! – disse o óbvio.
- Eu estou sentada em cima de um tapetinho. –
- Que está em contato com o concreto quente. –
- Que seja. – dei de ombros tampando o torrão com a terra que tinha jogado para o lado.
- Cuidado com o anel... – alertou-me.
- Eu aprendi isso quando eu era criança depois de perder uma penca deles. – respondi e ele riu. – Hoje pela manhã eu tirei e coloquei em um cordão. Está no meu pescoço. Mas simples. – eu o acompanhei na risada.
- Deixa... Deixa-me te falar... Não voltou atrás com a ideia da viagem, não é? – eu neguei.
- Alice. – gritei para dentro da loja e ela apareceu com um vaso de rosas brancas na mão. – Ainda não acabou com isso? – resmunguei.
- Quando eu acabar você vai ver o motivo de eu demorar tanto... Oi, Edward, bom dia. –
- Bom dia Alice. -
- Não está organizando por cor, está? –
- Claro que não! – disse como se fosse óbvio. – Estou organizando em degradê. – eu parei o que estava fazendo e a encarei. – Calma. Estou colocando todos os tipos juntos, mas separado em degradê. –
- Pega para mim algumas caixas de musgo no deposito. – pedi.
- Sim senhora. – idiotamente, ela bateu continência antes de entrar.
- O verde! – eu gritei para ela antes que ela pegasse a cor errada. – Continue. –
- Alice está ajudando... –
- Como ouviu... Ela está organizando em degradê. – ele riu.
- Então, voltando ao assunto. Eu quero saber se vai precisar comprar alguma coisa. –
- Para que? – eu apoiei meus braços em meus joelhos enquanto esperava ela voltar e o encarei.
- O calor na Grécia é completamente diferente do daqui. Não se deixe enganar, mesmo sendo uma ilha e tendo um vento fresco passando, o sol é de rachar. –
- Bom, se eu tiver que comprar algumas coisas é algo tranquilo, dá para comprar aqui na cidade mesmo. Roupa eu não sei, vou marcar um dia para dar uma olhada no meu guarda roupa com a Alice e ver, qualquer coisa eu marco com ela, porque eu sei que ela vai querer comprar alguma coisa, e dou uma passada com ela pelo shopping. –
- Então... – ouvi a voz da dita cuja voltando para a frente da loja. – Musgo é isso aqui? – ela me mostrou um caixote com musgo verde e eu assenti. – Vou pegar mais dois. – comentou colocando no chão ao meu lado.
- É que tem outra coisa que a senhorita precisa ver. – ele se abaixou ao meu lado conforme eu ia pegando os musgos fofos da caixa e plantando no canteirinho. – Eu recebi isso hoje. Talvez meu irmão seja um pouco exagerado. – ele me mostrou um envelope preto grudado com cera dourada, já aberta, o convite era transparente com moldura e letras em dourado.
- Gostei! – me referi ao ver o convite.
- Gostou da parte do traje black tie? – soltei um suspiro. – É... –
- Entendi. Não eu não tenho uma roupa em estilo black tie. E provavelmente nenhuma loja daqui venda. –
- Aqui Bee. – Alice voltou com mais duas caixas de musgo e colocou no chão ao meu lado.
- Allie. Você sabe onde tem roupas tipo black tie? – perguntei e ela pensou um pouco antes de responder.
- Tem aquela loja onde alugamos os nossos vestidos de formatura, mas não tinha tanta coisa naquela época e agora tampouco. Mas eu acho que tem lojas melhores lá para Oklahoma City. Por que a pergunta? – eu não respondi e Edward tampouco, ele apenas mostrou o convite para ela. – Chique! – ela leu o convite. – Entendi. Podemos ir no próximo final de semana ver isso, se quiser. – eu apenas balancei a cabeça assentindo. – Beleza, vou terminar aqui dentro. – ela voltou para dentro da loja.
- Caso queira uma opinião masculina... – brincou rindo.
- Vai trabalhar, Edward! – ralhei com ele fazendo-o rir mais ainda. O barulho de um carro parou perto de nós e Edward se levantou e eu vi o prefeito saindo do seu carro.
- Oh, perdoe-me pela demora, tive algumas coisas para resolver na prefeitura antes de vir. – desculpando-se ele saiu do carro.
- Não tem problemas. – Edward respondeu guardando o envelope com o convite dentro do bolso do paletó.
- Bom dia Bella. –
- Bom dia senhor O’Brien. Como vai? –
- Ótimo e a senhorita? –
- Completamente feliz por ter a minha loja de volta. – respondi e os dois riram.
- Que bom, menina. Fico feliz. Minha esposa estava enlouquecendo porque ficou duas semanas sem ter um arranjo novo seu. –
- Diga ela então para se acalmar, o primeiro que eu fizer será dela. – garanti.
- Obrigado querida. – voltou-se para Edward. – Bom, vamos ver essa reforma. –
Os dois entraram na loja ao lado e eu continuei o meu trabalho. Cobri todo o canteiro com os musgos fofos para evitar que o calor queimasse a raiz da rosa trepadeira e segui para o canteiro ao lado, fazendo o mesmo processo. Plantei a trepadeira no outro canteiro cobrindo a terra mais uma vez com musgo, usando um pouco mais de uma caixa e meia. Voltei para dentro da loja levando as ferramentas que havia usada e o musgo que havia sobrado. Limpei minhas mãos, tirando os vestígios de terra e musgo e voltei para o lado de fora levando uma escadinha junto comigo. Devagar eu fui soltando a roseira da ripa de madeira e enrolando na grade do arco, fazendo o mesmo dos dois lados e criando um portal de roseiras, fazendo isso com todo o cuidado do mundo para não danificar nenhuma rosa aberta ou os seus botões.
Terça feira a loja foi reaberta e eu não conseguia conter a minha animação a finalmente conseguir voltar a trabalhar. A semana havia passado da forma mais tranquila possível, como Edward agora estava trabalhando em outras ruas, eu só conseguia vê-lo durante a noite quando ele passava pela minha casa após o trabalho ou me chamava para jantar com ele. Alice havia me ajudado durante a semana na loja, a sua ainda estava fechada devido a reforma e da mesma forma que eu havia ficado entediada e ido ajuda-la, ela fez o mesmo.
Na semana seguinte os pedidos que eu e Edward tínhamos feito na fazenda de árvores haviam chegado, finalmente eu poderia plantar a minha glicínia dentro da loja e enrolar seus galhos no pergolado que Edward tinha feito. As árvores haviam sido levadas para o meu quintal e ficariam lá até que fossem usadas, quarta-feira, após a chegada das árvores, eu plantei a glicínia em um dos canteiros que ele havia feito dentro da minha loja, tinha chegado mais cedo ao trabalho para fazer isso antes do horário de abrir a loja e decorado o pergolado com os seus galhos floridos. As outras mudas que eu havia comprado, iria planta-las durante o final de semana em meu jardim.
Durante o resto da semana e do início da semana seguinte eu deixava Alice trabalhando na floricultura, havia feito um caderninho com todas as anotações para ela poder mexer nas coisas sem dificuldade, como por exemplo os valores das flores, quantas flores se colocavam em um buquê, eu a havia ensinado durante a semana como fazer um, e ela havia aprendido muito bem. Eu realmente teria que seguir o conselho de Edward e arrumar outra pessoa para trabalhar comigo, nem que fosse apenas na loja, durante essas semanas após a abertura, a loja havia ficado bem cheia, era primavera e muita gente queria encher a casa com vasos de flores. Eu e Alice havíamos dado conta do recado, mas eu sozinha não iria conseguir pelo visto, eu já havia me acostumado a atender um cliente atrás do outro, mas eram poucas ocasiões que entravam mais de dois na loja ao mesmo tempo.
Com Alice cuidando da floricultura, eu ia fazer os paisagismos que havia combinado com Edward nas lojas que já estavam prontas, ou nos canteiros que haviam sido feitos pelas ruas. Duas semanas após eu dar início ao meu processo do passaporte, finalmente eu havia recebido um e-mail dos correios dizendo que eu poderia ir busca-lo e no início da semana seguinte, já no final do mês, era a minha viagem com Edward e eu nem havia começado a separar as minhas roupas, mas havia combinado de ir com ela ao shopping sem falta neste sábado, já que havia desmarcado nos dois finais de semana anteriores.
Como um anjo enviado dos céus, a filha da senhora Tanner apareceu, ela perguntou se eu conhecia alguém que estivesse contratando. Bree era nova, tinha apenas dezessete anos, ela também gostava um pouco de plantas, não tanto quanto eu, mas acredito que ninguém gostava tanto quanto eu, e quando eu perguntei se ela gostaria de me ajudar depois que Alice fosse embora e durante o tempo que eu estivesse viajando, ela prontamente aceitou, eu só precisava achar alguém maior de idade para acompanha-la, só não sabia quem ainda. Eu tinha pouco tempo para explicar as coisas para ela, mas o bom era que ela aprendia rápido, e conforme eu ia explicando ela ia anotando em um caderninho.
Todas as plantas tinham uma plaquinha com seu nome e preço, muitas pessoas queriam escolher as próprias flores então eu colocava as plaquinhas para elas saberem quais eram quais. E ela rapidamente aprendeu as coisas e no mesmo dia que ela veio assinar sua carteira de trabalho e fazer as anotações ela já queria começar a trabalhar, obviamente, ela ficaria após sair da escola, eu agora só precisava de alguém que abrisse a loja de manhã. Ouvindo minhas conversas com Alice falando que tinha que achar mais alguém, pelo menos para as duas semanas que eu estivesse aqui, Bree comentou que sua prima, mais velha que ela, estava na cidade de férias e que se ela pedisse poderia ajudar, principalmente por ser apenas duas semanas.
Eu não conhecia a prima de Bree, mas eu estava meio desesperada, também não queria fechar a loja por mais duas semanas, caso isso acontecesse eu ficaria com muitas plantas no meu quintal e mais da metade acabariam ficando velhas e eu não gostava quando isso acontecia. Por Bree ser minha vizinha, eu a conhecia desde bebê e sua mãe era amiga da minha, eu deixei a chave do meu portão, apenas do portão com ela, para que ela pudesse ir lá colher as flores também, obviamente após eu ter ensinado a ela a como colher e saber quando colher.
Sexta, após o fim do experiente fui com Alice para a minha casa para que ela pudesse me ajudar a separar a minha roupa para levar para a viagem. Notei que tinha algumas peças que talvez eu precisasse comprar, e para não comprar nada atoa eu escrevi num papelzinho o que fez Alice revirar os olhos. Ela sempre havia sido adepta ao fato de se eu tenho dinheiro eu posso comprar qualquer coisa, eu já era mais adepta ao comprar apenas o que iria usar, não gostava de ficar com roupa estocada no armário sem uso. Além é obvio do bendito vestido de gala que eu teria que arrumar e não fazia a mínima ideia de como escolher aquilo, graças a Deus, eu tinha Alice do meu lado.
Com uma boa parte das coisas que eu já tinha em casa separadas, e com a listinha das coisas que eu teria que comprar, e como em primeiro da lista e escrito em vermelho e com letras garrafais apenas para eu não correr o risco de esquecer estava escrito PROTETOR SOLAR, eu era muito branca e dois minutos no sol sem protetor solar e eu virara um camarão, isso e depois de cinco minutos no sol eu virava cinzas. Sábado de manhã eu saí bem cedinho com Alice, que acabou dormindo aqui, para irmos ao shopping, voltando para casa para casa ao mesmo tempo em que o sol se pôs.
Domingo eu corri para lavar as roupas, não gostava de usar nada recém comprado sem lavar, mania que minha mãe havia colocado na minha cabeça e eu não conseguia tirar, e pensando bem, era melhor nem tirar. Durante todo o domingo eu me desdobrei entre lavar as roupas, colocar na secadora, passar e guardar na mala e dar uma limpada de leve em meu jardim, já que a partir de amanhã quem cuidaria dele era Bree.
Segunda pela manhã, Bree apareceu na minha casa antes de ir para a escola para que eu pudesse falar as últimas coisas com ela. Para ela, eu iria viajar com Alice para o Havaí, ela não sabia sobre Edward, até porque ele quase não tinha aparecido na loja durante a semana já que eles estavam trabalhando e de olho nas coisas para que pudesse viajar sem ter dor de cabeça. Assim que Bree saiu, Edward apareceu lá em casa, dessa vez eu não dirigia um conversível, ainda tinha um carro caro, contudo maior. Eu levava duas malas e mais o saco do vestido que tive que comprar para o aniversário de casamento do irmão dele e que não caberia dentro de nenhuma mala, pelo menos não sem amassar, e uma mochila grande com meus documentos e uma muda de roupa além de uma nécessaire. Cerberus estava no banco de trás, dentro do cercado de cachorro para carro.
Sendo recebida com um belo de um beijo de bom dia, ele colocou minhas malas junto com as suas no porta malas, por um leve segundo achei que estava levando coisas demais até perceber que ele carregava a mesma quantidade que eu, além de uma pequena mala de mão com um bordado de osso, ou seja, eram as coisas do Cerberus. Entrei no banco do carona e ele no banco do motorista e eu o guiei até a casa de Alice, não era nenhuma surpresa o fato de ela estar com quase quatro malas.
- Você sabe que são apenas quinze dias, não sabe? – perguntei do lado de fora do carro enquanto via Edward tentando enfiar as quatro malas dela no porta malas, que já estava quase cheio devido as nossas quatro.
- Elas estão quase vazias. Quero trazer mais coisas de lá. A propósito como vai ser o itinerário? – perguntou a Edward após ele desistir e colocar duas malas no chão do banco traseiro.
- Bom. São quase dezesseis horas de viagem. – ela soltou um muxoxo. – Chegaremos à Atenas por volta das sete da manhã de amanhã, podemos descansar da viagem lá e seguiremos assim que acordarmos para Milos, mas caso queiram dar uma volta pela cidade, podemos ir antes ou na hora que voltarmos, voltar uns dias mais cedo para conhecer pelo menos o centro. –
- Ok. Dezesseis horas sentada na mesma posição. Minha coluna vai agradecer. – ironizou ela enquanto Edward fechava o porta malas.
- Relaxa! – eu abri a porta do banco traseiro para ela e antes de entrar ela viu Cerberus dentro dele, e travou arregalando os olhos.
- Que cachorro é esse? – perguntou olhando para ele.
- É o Cerberus! – expliquei.
- Meu cachorro. – ela olhou para Edward, depois para mim e por último para Cerberus que tinha a língua de fora. – Ele é inofensivo. – garantiu.
- Parece que ele vai cravar os dentes na sua jugular?! Parece! Mas ele é um bebezão! – Edward riu da cara de pânico que Alice fez quando Cerberus latiu para ela. – Entra logo Alice. – ela continuou parada no lugar. – Quer ir na frente que eu vou atrás com ele? –
- Não. – se apressou em dizer. – Não, pode ir! – ainda receosa, ela entrou no carro, sentando bem na pontinha no banco, com a mala de mão no colo. Era inevitável rir da cara de pânico que ela fazia, ela nunca teve medo de cachorro, pelo contrário, sempre teve um, até que o último faleceu há dois anos e ela desistiu de ter. Mas bom, ela só tinha cachorros pequenos, se bobear cachorros menores que a cabeça de Cerberus.
Entrei no banco da frente ao mesmo tempo em que Edward entrou no banco do motorista. Ao olhar para trás antes de colocar o cinto, vi que um dos principais motivos dela estar sentada grudada a porta era devido a sua mala no chão do carro. Bom, ninguém mandou ela trazer quatro malas! Ele dirigiu até o aeroporto, mesmo sendo um voo de jato particular, teríamos que apresentar os documentos e o passaporte. Edward pegou um carrinho para que pudesse colocar as malas e foi empurrando-o na frente enquanto eu e Alice íamos a alguns passos atrás comigo levando Cerberus na guia. Allie olhava de forma estranha para os lados, ela provavelmente não estava entendendo o motivo de estarmos andando por uma das pistas de pouso vazia, sem nenhum avião perto ou algo do tipo. Eu também não havia comentado sobre o jato de Edward, primeiro porque tinha esquecido e quando lembrei eu queria apenas ver a cara dela.
- Ele tem um jato? – perguntou com os olhos preso no jato preto parado no meio da pista, com Edward falando com Peter, o piloto, e um comissário de bordo, além de um funcionário do aeroporto, estarem subindo com as malas. – Garota, você ganhou na loteria! – comentou e eu não conseguir evitar o riso.
essa viagem vai ser linda! mas a volta... Renée esta aprontando! esse anel pode ser a chave para Bella se lembrar!
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