Tulsa - Oklahoma.
2019.
Bella.
Ao ficar sozinha a primeira coisa que eu fiz foi mandar uma mensagem para Alice pedindo para ela dar um pulinho aqui para ver a minha loja, e ao ler a sua mensagem que dizia apenas um a caminho, eu resolvi olhar cada cantinho dela e pensando em como eu iria arruma-la agora com as coisas completamente trocadas de lugar. Sentei-me na bancada de mármore no centro da mesma, lugar de onde eu conseguia ter uma visão ótima dela toda.
A porta estava fechada e com as janelas cobertas ninguém saberia que tinha gente aqui, Alice saberia já que eu a avisei que era só entrar, deitei a coluna para trás no mármore olhando para o teto que agora era feito de pergolado e fiquei pensando no que eu poderia colocar ali. Talvez uma trepadeira ou usar para pendurar alguns buquês de folhas e flores para secar. Ainda não sabia o que colocaria no teto e nem no arco que eu tinha na entrada da porta, o arco já estava lá, mas ainda não havia posto nenhuma planta lá depois do último inverno.
Eu não sabia quanto tempo havia ficado ali deitada no mármore olhando para o teto quando ouvi o sininho da porta, joguei a cabeça um pouco mais para trás e vi Alice entrando na loja, olhando a loja com a boca entreaberta.
- Amei! Se ele fizer algo minimamente parecido na minha loja eu roubo o teu namorado. – respondendo fechando a porta atrás de si e eu comecei a rir. – Foi pago como? Com Xerecard? –
- Alice, modos! – eu a repreendi, contudo continuei a rir. – Na verdade ele está querendo que eu pague de outro jeito e esse era um dos motivos que me levou a te chamar aqui. – comentei quando ela deitou ao meu lado.
- Bunda? –
- Que? – eu virei a cabeça para olha-la confusa.
- Ele quer que você pague com a bunda? –
- Não Alice, pelo amor de Deus! –
- Então? –
- Ele quer que eu tire o meu passaporte para poder viajar com ele. –
- E qual é o problema? –
- Terça a minha mãe me ligou. –
- Ela vai voltar mais cedo? – nós conversávamos cada uma olhando para o teto.
- Pelo contrário. Ela disse que deve demorar cerca de uma ou duas semanas a mais porque o meu tio quer leva-la até Santorini, eu acabei comentando sobre com Edward, que eu sempre quis ir até a Grécia e ele falou para eu arrumar um passaporte que ele me levaria até Milos, pois tem uma casa lá. Aí quando ele me deixou aqui e disse que eu posso pagar a reforma a mais que ele fez comigo tirando o passaporte até o final do mês, porque no final do mês o irmão dele vai fazer bodas de casamento e pediu a casa dele em Milos emprestada para a festa, que só vai família e disse que ele podia levar alguém, e ele quer me levar. – expliquei.
- E o que você está esperando para tirar esse passaporte? -
- Em primeiro lugar sabe que se minha descobre que eu estou me envolvendo com ele, ela me mata e se eu viajar, para fora do país então... –
- Ela não precisa saber. Pelo que ele disse, você vai e volta antes dela, ela jamais vai saber. –
- Mas... –
- Mas nada, Isabella. Pelo amor de Deus, você tem vinte e oito anos e não pode deixar a sua mãe controlar a sua vida para sempre. – reclamou. – Quando ela voltar você vai fazer o que? Terminar com ele, com o cara que você gosta porque sua mãe não foi com a cara dele e deixar de ser feliz. –
- E aí eu vou simplesmente trocar a minha mãe por um homem? Eu não fiz isso com o Scott. Eu não consegui deixar a minha mãe para estudar em outro estado. –
- Você não tem que deixar a sua mãe, Bella! Mas você e ela precisam entender que você não é mais uma criança. Você não é mais uma adolescente. É uma mulher adulta, que mora sozinha, se sustenta. Você pode e deve escolher com quem vai se relacionar ou para onde vai sair e ela não pode mais te obrigar a fazer o que ela quer. – eu apenas respirei fundo. – E você sabe disso. O pior é que você sabe. Bella. Sua mãe gosta de você e você gosta do Edward. Ela vai ter que aceitar o Edward e fim da história. – eu levei as mãos aos cabelos puxando antes de esconder meu rosto nas minhas mãos. – Você gosta dele de verdade? – eu assenti com o rosto entre as mãos. – Imagina a sua vida sem ele? Sem a presença... Cheiro e... –
- Para Alice. Já entendi. – resmunguei quase gritando com ela e me sentado na bancada.
- Você está apaixonada, Bella. Nem se você quiser vai conseguir terminar com ele por causa da sua mãe. – respirei fundo.
- Ele me chamou de amor hoje mais cedo. – comentei baixo. – Escapou e depois agiu como se não tivesse feito nada e estava todo constrangido. Muito fofo. – sorri ao me lembrar de ver suas bochechas ficando avermelhadas.
- Pelo amor de Deus, casa logo com esse homem. – ela empurrou de leve ao meu ombro quando se sentou ao meu lado. – O que você vai fazer? – eu respirei fundo algumas vezes antes de responder.
- Vou dar entrada no meu passaporte. –
- Isso garota... – ela me abraçou pelos ombros dando um beijo na minha bochecha. – Nunca me decepciona. –
- Mas eu ainda me sinto mal e dessa vez não é pela minha mãe. –
- Então? –
- Sabe que eu nunca gostei das pessoas pagando nada para mim, sabe que eu sempre dividi as coisas com o Scott quando saiamos ou então pagava a minha parte. Como vai ser agora com o Edward? No domingo ele me deu uma caixa de chocolate suíço que custa mais caro que o meu rim. É o melhor chocolate que eu já comi na vida? É! Mas mesmo assim custa um rim! Esse final de semana ele vai me levar até a Louisiana para comprarmos algumas plantas para fazer o paisagismo da cidade, e eu tenho certeza de que ele não vai me deixar pagar uma garrafa d’água. –
- Bom... Eu já penso que... Se ele tem dinheiro e quer gastar com você, isso não é um problema. –
- Alice! Eu não penso assim e você sabe disso. –
- Então... Con-Ver-Sa Com E-L-E! –
- Você ajuda tanto. –
- Quero ser a madrinha. – eu a empurrei e ela começou a gargalhar.
- Não foi muito bem para isso que eu havia pensado que seria usado essa bancada, mas também serve. – eu ouvi a voz de Edward vindo de trás de nós. – Oi meninas. –
- Oi. Está quanto tempo aí? –
- Acabei de chegar. – respondeu. – Vim te buscar para almoçar. – explicou. – E se a Alice quiser vir junto, fique à vontade. – convidou-a enquanto se aproximava de nós.
- Eu quero. – Alice pulou para o chão. – Posso usar o banheiro? –
- Desde quando você pede? – ela ignorou minha pergunta e seguiu para o depósito onde ficava o banheiro. – E para que o senhor tinha pensado em usar essa bancada? – perguntei e ele abriu as minhas pernas, ficando entre elas. Ele apoiou as mãos em minhas coxas descobertas pelo vestido e subiu com as mesmas até a minha cintura e me puxou para mais perto dele. – Pervertido. – murmurei e ele riu. Aproximei mais um pouco a minha cabeça da dele. – Enquanto a loja não for reinaugurada ainda dá. – brinquei falando com a voz mais rouca que eu conseguia.
- E quando pretende reinaugura-la? –
- Queria que fosse amanhã, mas como vamos para Baton Rouge... – dei de ombros. – Acho que só segunda. – comentei apoiando os braços em seus ombros.
- Bom saber. – rebateu com a voz mais rouca que a minha e aproximou a boca da minha.
- Vamos? – Alice voltou do banheiro.
- Vamos. – ainda com os braços debaixo do meu vestido, ele passou os mesmos por debaixo do meu quadril e me colocou no chão.
Nós três saímos da loja e eu fechei a porta após Alice, que foi a última a passar. Nós seguimos até o restaurante da Sue’s. o dia estava quente, mas passava uma brisa fresca então preferimos ficar do lado de fora. Nós fizemos o pedido e Edward começou a puxar assunto sobre a reforma na loja dela que começaria nos próximos dias, na verdade, apenas ele falava e nós duas apenas escutávamos. Ele falava tão empolgado das reformas da mesma forma que eu falava empolgada das minhas plantas. Eu não sabia muito bem do motivo, mas enquanto ele falava eu mexia devagar em seus cabelos e volta e meia ele me encarava sorrindo. Eu ouvi o barulho o meu celular vibrando na mesa e ao desbloquear a tela vi que era uma mensagem da Alice.
Eu sou tão cadelinha de vocês dois! Eu desviei os olhos do telefone e olhei para Alice, por cima dos cílios, sem mexer a cabeça nem um milímetro sequer e eu a vi sorrindo prestando atenção no que ele falava da reforma. Até com o cotovelo apoiado na mesa e o rosto apoiado na mão ela estava.
- Então Alice. – ele mudou de assunto do nada após o garçom levar os pratos a nossa mesa. – Me ajuda a convencer a essa cabeça dura a viajar comigo. – pediu de repente e minha mão parou e eu o encarei.
- Jogando sujo, Cullen? – perguntei e ele sorriu abertamente para mim.
- Ela me contou. – Alice contou cantarolando. – A propósito se quiser me levar junto eu não vou reclamar. – encarei Alice com a sobrancelha arqueada. – E se tiver outro irmão ou amigo para apresentar... – eu a chutei, talvez com um pouco de força demais, sua canela. – Aí. – ela levou a mão até a perna, provavelmente esfregando onde eu chutei. – Eu quero ser feliz também. Fique feliz por eu não tentar roubar ele de você. –
- Vou te chutar de novo. – ameacei.
- Bom, Alice. Eu até tenho dois irmãos, mas ambos já são casados. Mas sim, tenho um amigo que talvez você goste de conhecer. –
- Não dá trela. –
- Caso tenha um passaporte, vem conosco para a Grécia. –
- Você tinha dito que seu irmão o tinha concedido um acompanhante. – comentei.
- Mas a casa é minha! – disse o óbvio. – Convido quem eu quiser. Então... –
- Óbvio que eu quero! – ela nem esperou ele terminar de falar. – Prometo não atrapalhar e me fazer de surda caso ouça algo que não deva. – ela mal terminou de falar e o celular de Edward tocou.
- Desculpem senhoritas. Eu preciso atender é o meu fornecedor de material. Não demoro. – ele me deu um beijo antes de sair da mesa atendendo o telefone.
- Você tem problemas? – perguntei a Alice quando ficamos sozinhas.
- Eu sabia que você iria arregar e inventar uma desculpa. Comigo indo, você vai também! E eu juro que não vou atrapalhar. –
- Alice... –
- Eu já pensei em tudo, Bella... Eu vou ligar para a sua mãe e falar que me ligaram de uma agência avisando que eu tinha passagens para vencer, duas passagens. Minha mãe tinha comprado, mas precisou cancelar ou adiar devido a doença e eu tenho até os próximos meses para usufruir das passagens. E como você é a minha única amiga, e comigo fazendo um pouco de drama e choro, ela concorda. –
- E para onde será essa viagem? –
- Isso vemos depois, tem que ser uma viagem que fosse a cara da minha mãe. E você esconde o seu passaporte e a sua mãe nunca vai saber para onde você foi. Escolhemos um lugar que tenha praia perto e ela nem vai saber que você foi para o outro lado do mundo. -
- Ideia brilhante! – admiti. – Um pouco mórbido pela ideia de colocar a sua mãe no meio. Mas brilhante! -
- Eu sei! Minha mãe, que descanse em paz, sempre disse que eu tenho a mente brilhante para o mal. E eu sinto que ela não se importaria com uma mentirinha desse tipo, sabe que ela sempre pensou que sua mãe tinha as rédeas muito apertadas. –
- Eu sei. Sua mãe sempre me salvava quando eu escapava para sair com o Scott. – eu olhei para ela, uma centelha de tristeza passou pelos seus olhos, mas ela piscou algumas vezes para afasta-la. – Tudo bem, eu concordo. Mas não abusa. –
- Sim senhora! – concordou rindo e batendo continência.
- Pronto senhoritas. Perdoe-me pela demora. – Edward se sentou ao meu lado de novo colocando o celular em cima da mesa com a tela virada para baixo. – Então, tem alguma noticia para mim? – perguntou me olhando.
- Eu estava falando para Alice que amanhã mesmo vou dar inicio ao processo do meu passaporte. –
- Vai viajar comigo? – perguntou um pouco surpreso e eu balancei a cabeça assentindo. Um sorriso lindo brincou em seus lábios, acreditava eu que esse havia sido o sorriso mais bonito que ele havia me lançado. – Mas não abusa. – o adverti. – E antes de irmos, antes de irmos para Baton Rouge, nós dois temos que conversar! –
- Sim senhorita. –
- Está gostando da pessoa errada! Ela é chata! – Alice comentou e eu olhei feio para ela, que riu.
Nós almoçamos e logo em seguida tivemos que ir embora. Edward tinha que voltar a trabalhar e eu e Alice iriamos dar início ao plano genial, batizado por ela mesma, para que eu pudesse viajar com Edward, e eu entraria com o meu processo do passaporte. Eu e Alice seguimos para a minha casa e liguei para a minha mãe, após conferir que ela podia falar comigo avisei que Alice precisava muito falar com ela, e eu passei o telefone. Alice começou perguntando como a minha mãe estava e como estava indo a viagem, e enquanto a ouvia falar com a minha mãe enquanto andava de um lado para o outro da minha sala, eu peguei meu computador para entrar no site do departamento de Estados dos EUA.
Ouvi Alice ser cara de pau e pedir um presente de viagem para a minha mãe antes de começar com a história que ela havia criado. Durante o ensino médio Alice fazia parte do grupo de teatro da escola, portanto nós duas sabíamos que ela conseguiria convencer a minha mãe. Fuçando o site, eu anotei em um papel os documentos que eu precisava, eu tinha todos, tinha apenas que os achar. Com os documentos anotados no papel, agendei uma hora nos Correios, pelo site e imprimi os boletos das taxas que eu teria que pagar. E passei a prestar atenção na história que minha amiga contava a minha mãe, com certeza ela iria me perguntar algo e eu teria que saber a resposta.
- Então tia. Eu não sei se a minha mãe comentou com a senhora, já que comigo ela não comentou, mas ela tinha comprado um pacote de viagem para o Havaí, só que ela descobriu o câncer e ao entrar em contato com a agência, ela conseguiu adiar sem marcar uma data, mas ela tinha o prazo de um ano para viajar. Essa semana a agência entrou em contato comigo avisando que o prazo para viajar acaba mês que vem e eu não posso adiar de novo ou pedir o dinheiro. E bom eu queria saber se a Bella pode ir comigo. – eu prestei atenção na expressão corporal de Alice. – Eu sei que a senhora está viajando, tia. Mas... Eu também não queria ir, mas o rapaz da agência disse que quando a minha mãe foi comprar o pacote, ela comentou que era meu presente de aniversário e que ela havia juntado dinheiro por muito tempo para conseguir fazer isso. – ela começou a fazer uma voz chorosa. – Eu não queria ir sem ela, mas ou eu vou ou perco o dinheiro que ela juntou e acho que isso seria pior. Acho que minha mãe iria querer que eu fosse, e ela gostava muito da Bella, ela com certeza iria querer que ela fosse junto. – Alice ficou em silêncio esperando a resposta da minha mãe. – Esperar a senhora voltar para ir junto? Tia, não dá tempo... Eu sei que disse que o pacote vence mês que vem, mas nós temos que embarcar até o final do mês. Pelo que o rapaz me explicou, quando a viagem vencer nós temos que estar voltando de viagem. E a Bella comentou que a senhora vai ficar mais um tempinho aí... Tia a senhora não precisa vir mais cedo para ir conosco. Tia, não confia na gente? Nós não vamos fazer nada, vamos aproveitar um pouco do sol e conhecer a ilha, nada mais... Por favor tia, pela minha mãe. – ela fazia uma cara de sofrimento como se a história fosse verdade, a expressão sumiu dando espaço a uma dancinha da vitória ridícula. – Não se preocupe, tia. Nós vamos nos comportar, ligar todos os dias, atender a todas as ligações e ficaremos longe de garotos. – Céus, minha mãe achava que eu ainda tinha quinze anos. – Obrigada tia. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. – ela desligou o telefone. – Eu deveria virar atriz. – comentou se jogando no meu sofá.
- Ficar longe de garotos? – perguntei. – Eu tenho o que? Quinze anos? – ela suspirou.
Eu não falei mais nada e nem ela. Alice teve que ir para a sua casa e eu fiquei sozinha na minha. Subi até o meu quarto, indo até onde eu guardava os meus documentos e comecei a separar o que tinha que levar. Para evitar de ir ao banco, paguei os boletos pelo aplicativo do banco no celular e deixei tudo separado. Sexta eu tinha que levar tudo aos correios de manhã às 10h.
Sexta de manhã eu já estava pronta para ir até a Louisiana com Edward, não havia conseguido conversar com ele ainda, mas teria três horas de viagem para fazer isso. Minha mala já estava pronta para a viagem, e ele me buscou na minha casa cedo, junto a Cerberus e me levaria até os Correios. Demorou quase duas horas até conseguirmos ir para o pequeno aeroporto da cidade, ele não me levou até o guichê para despachar as bagagens, na verdade ele não tinha dito nada sobre as passagens, e nas vezes que eu o perguntei sempre dizia que eu não precisava me preocupar com isso, e ficava por isso mesmo. Ele me levou até uma pista afastada dos outros aviões onde tinha um jato preto parado com a porta aberta.
- Você tem um jato? – perguntei parada ao lado dele e vendo um homem vestido de piloto se aproximando.
- Mais fácil do que ficar esperando por datas de voo. – deu de ombros. – Por isso que você não precisaria se preocupar com as passagens. – ele sorriu para mim.
- Boa tarde senhor Cullen. –
- Boa tarde Peter. Peter, essa é Isabella, minha namorada. Bella, esse é Peter, meu piloto. –
- É um prazer senhorita. – ele esticou a mão para apertar a minha.
- O prazer é meu. – apertei a mão dele.
- Como está o tempo para voar hoje? – Edward perguntou passando o braço por cima dos meus ombros.
- Ótimo. Céu azul e com pouquíssimas nuvens. O avião está apenas terminando de ser abastecido, caso queria almoçar antes de partimos, podem deixar as malas e o Cerberus que embarcamos com tudo. –
- Tudo bem, dá um toque no meu celular, por favor, quando o jato estiver pronto. – Peter assentiu e se afastou de nós. – Onde deseja almoçar? – perguntou.
- Namorada? – retruquei. Eu não conseguia ver seus olhos devido os óculos escuros, mas vi seus lábios se repuxarem em um sorriso. – Não me lembro de ter sido pedida em namoro. -
- Você é apressada demais. –
- Eu? Você me apresenta as pessoas como sua namorada e a apressada sou eu? – questionei. – A alguns dias atrás me chamou de amor e agora me apresenta como sua namorada? E nem avisada sobre isso eu fui! –
- Como eu disse. Apressada demais! – comentou segurando meu queixo entre seus dedos e me deu um beijo. – Venha, vamos almoçar. –
Edward segurou minha mão e me levou para um restaurante próximo ao aeroporto, era um restaurante caro, era o perfil dele, eu precisava conversar com ele logo sobre isso, mas eu nunca tinha oportunidade, até porque quando eu estava perto dele, eu queria apenas pular em cima dele e nada mais. Mal terminamos o almoço e o seu celular tocou, o jato estava pronto para partir.
Igual do lado de fora, e igual a tudo referente a vida de Edward, o lado de dentro do jato também era preto. Preto com alguns detalhes em vermelho, cinza, dourado e alguns bem pouquinhos em branco. Ele não parecia ser muito grande por fora, mas por dentro era. Assim que você entrava, tinha a porta que dava para a cabine do piloto e Edward foi me guiando para a direita do avião. Pelo que eu podia notar era dividido em quatro sessões. A primeira tinha um sofá de um lado da nave e do outro uma televisão de tela plana, e no sofá de couro, Cerberus estava deitado, e mais uma vez ele tinha a bolinha que havia dado de brinquedo para ele por perto. A segunda sessão tinha mais um sofá e em frente a ele um pequeno bar, com uma estante de vidro com copos, taças e várias bebidas. A sessão seguinte era dividida em duas, na primeira parte tinha quatro poltronas, duas de cada lado do jato e uma de frente para outra, e um pouco mais para trás, tinha mais um sofá e mais quatro poltronas, todas viradas para o sofá e a última sessão do jato era a área de jantar, que tinha duas mesas e seis poltronas separadas. De um lado quatro poltronas e do outro duas.
Edward me levou até onde ficavam as poltronas, eu me sentei em uma e ele em outra. O copiloto fechou a porta ao mesmo tempo em que a voz do piloto soou pelo jato pedindo para desligar os celulares. Mandei uma mensagem para Alice avisando que estava decolando e desliguei o telefone guardando dentro da bolsa, que eu coloquei na poltrona do outro lado do corredor, já que Edward estava sentado na da minha frente. Ele chamou Cerberus junto com um assobio e ele veio imediatamente, sentando em cima do colo de Edward e mal ele terminou de ajeitar o cinto e eu ouvi o motor do jato ligando.
- O que você queria conversar comigo antes dessa viagem e que não conversou? – perguntou alguns minutos após termos nos estabilizados no ar e dele ter soltado tanto o cinto quanto o cachorro que voltou para o sofá.
- Sinceramente eu não sei como começar essa conversa. –
- Desistiu de viajar? – questionou.
- Não. Mas tem haver. – ele apenas abriu os botões do seu paletó e esperou eu continuar a falar. – Isso é algo meu e que eu carrego desde novinha. Eu... Eu nunca gostei que as pessoas pagassem as coisas para mim. – ele suspirou, tinha entendido onde eu queria chegar. – E nem que me dessem presentes caros. Eu não tive muitos namorados na vida, mas toda vez que eu me relacionei com alguém ou sai com alguém eu sempre fui o tipo de pessoa que quer dividir a conta ou que cada um pague o seu. Eu nunca gostei de ser bancada! – respondi sinceramente. – E todas as vezes que saímos juntos... –
- Eu entendi. – ele me interrompeu. – Talvez o meu defeito possa ter sido achar que você era umas mulheres que gostavam de ser bancadas e com certeza um dos meus maiores defeitos é gostar de dar presentes as pessoas que eu goste de verdade e olhar o valor nunca foi o problema para mim. E bom, fui criado a sempre pagar a conta. –
- Estamos em 2019 acho que essa história de o homem pagar a conta já é passado. – opinei.
- O que quer fazer então? –
- Me deixa pagar as minhas coisas. Pode até ser um pouco de orgulho, mas eu prefiro. Você sabe que o meu mundo não é esse... – eu mexi as mãos para o jato em si. – De restaurantes que custam os meus órgãos ou de um jatinho particular. – seus lábios se repuxaram em um sorriso fofo.
- Suposição. Caso fiquemos juntos e resolvamos viver juntos. Como vai ser? Você vai pertencer ao meu mundo. Como vai ser? –
- Vou continuar com o mesmo pensamento. Eu tenho meu trabalho, minha renda, que com toda a certeza não chega nem perto de um por cento da sua, eu sempre tive o pensamento que quando me casasse, ou se me casasse, eu não iria parar de trabalhar. –
- Nem te pediria isso. Eu vejo o brilho nos seus olhos quando você está mexendo com as plantas ou falando delas. Jamais poderia tentar acabar com esse brilho. –
- Como vai ser então? –
- Vamos um viver no mundo do outro. Você vive no meu e eu no seu. Quando saímos juntos podemos dividir a conta, eu pago pelas minhas coisas e você pelas suas, se é o que quer. E prometo não te entupir de presentes ou de presentes que custem os seus órgãos, mas eu quero que aceite os que eu der. –
- Contanto que não invente de usar o pretexto de presente para qualquer coisa que me der. – ele sorriu. - Posso viver assim! –
- Você vem comigo em passeios mais caros e eu vou com você para passeios que você gosta. –
- Não diga isso porque caso contrário irá todos os dias a um jardim botânico. – ele riu.
- Vem cá. – ele me chamou com a voz baixa. Eu tirei meu cinto e segui até a poltrona que ele estava, ele abriu os braços para que eu pudesse me sentar em seu colo e passou os braços pela minha cintura, me abraçando. – Minha florzinha orgulhosa! – ele me abraçou forte e deu um beijo na minha têmpora.
- Estava me sentindo em uma relação com um sugar daddy. – brinquei e ele riu.
Nós ficamos ali, daquele jeito, comigo sentada no colo mais um tempinho, até que fomos ao sofá atrás de nós para podermos ficar um pouco mais confortável. Eu tinha deitado a cabeça em seu ombro e ele fazia um cafuné em minha cabeça e eu acabei tirando um cochilo durante a viagem.
Quase três horas depois, ele me acordou com cuidado e carinho, o jato iria pousar em Batom Rouge e tínhamos que voltar as poltronas. Ainda com os olhos coçando, deixei o sofá e segui para a poltrona apertando o meu cinto para que o jato pudesse pousar. Nós chegamos a Louisiana por volta das quatro da tarde, não daria tempo de irmos até a fazenda de árvores, portanto seguimos até o hotel que ele havia reservado, um quarto para nós dois. Um quarto não, uma suíte para nós dois. Eu ainda estava um pouco sonolenta e assim que nos hospedamos e instalamos no quarto, eu tirei meus sapatos e deitei na cama, com ele deitando ao meu lado e acabei dormindo mais um pouquinho, mais uma vez, deitada contra o seu ombro.
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