Grécia - a.C.
Narrador.
Algumas luas haviam se passado desde a conversa com Zeus, e Hades não tinha voltado a ver Perséfone. Com Deméter no Olimpo, ele sabia que seria impossível que ela se afastasse da filha. De tempos em tempos, ele recebia recados de Zeus e Afrodite, mãe e filha não estavam mais no Olimpo, tinham ido para Esparta, era o auge da época da colheita e o culto para as duas eram quase sempre realizados juntos, uma completava o poder da outra.
Desde que Deméter voltara de Creta ele não havia posto os pés para fora do mundo inferior novamente, passava o dia inteiro, que havia voltado a ser longo e monótono, sentado em um trono vendo os juízes julgarem as almas dos mortos recém chegados. Mas, hoje as coisas haviam mudado, Hermes, havia resolvido vir perturba-lo, contudo, ele odiava ficar aqui embaixo, e Hades, entediado, acabou aceitando vir para o mundo superior com ele.
- Já decidiu quando vai conversar com Deméter? –
- Assim que elas voltarem de Esparta. Esse tempo todo sem Perséfone está sendo um doloroso martírio. –
- Ela não vai aceitar tão fácil. –
- Eu sei. – suspirou. – Ela sempre gostou de complicar as coisas e... – sua fala foi interrompida com um cheiro de flores tomando conta de suas narinas. – Está sentindo? –
- O que? – questionou o deus mensageiro.
- Esse... Esse cheiro de flores. –
- Hades, você está em um campo com flores, é óbvio que vai ter cheiro de flores! – respondeu o óbvio.
- Não... É diferente. – ele sentia o cheiro ficando cada vez mais perto e mais forte, e parecia que vinha atrás dele. – É mais forte e... – quando ele se virou para ver de onde vinha o cheiro, Perséfone se materializou a sua frente, jogando-se em seus braços e derrubando os dois no chão sobre a relva úmida devido ao orvalho da noite. – Eu sabia que era um cheiro de flores diferente. – comentou ainda deitado no chão fazendo ela rir.
- Sentiu minha falta? – perguntou rindo.
- Não faz ideia do quanto. – respondeu em um fio de voz e puxando a deusa pela nuca para unir seus lábios. Hermes havia se virado de costas para dar privacidade aos dois, mas ao mesmo tempo ele também não podia correr o risco de deixar algum mortal ver o que acontecia ali, por mais que qualquer mortal não conseguisse ver nenhum dos três, eles com certeza veriam as diversas flores que simplesmente surgiam do nada.
- Oi para você também, Perséfone. –
- Oi Hermes. – respondeu ela um pouco arfante e interrompendo o beijo. – Meu pai está te chamando. – disse simplesmente e voltou a unir os lábios aos de Hades.
- Vão para um lugar mais privativo, por favor! Os mortais vão ver todas essas flores surgindo de repente. – alertou antes de subir para o Olimpo e essa fala fez com que os dois se separassem um pouco.
- Nossa... Exagerei. – comentou ela sentada na relva macia e vendo que o campo, que antes tinha no máximo cinco flores, estava todo estourado por elas, tanto que não restava um único espaço sem que tivesse uma flor com o botão aberto. – Eu não consigo me controlar quando estou perto de você. –
- Deverias ficar feliz. Conseguiu uma proeza que eu julgava impossível. –
- Qual? – questionou ela virando a cabeça para olha-lo.
- Você conseguiu fazer brotar algumas flores no submundo. –
- Eu sou boa no que eu faço. – gabou-se brincando.
- És maravilhosa. – respondeu ele unindo seus lábios aos dela e deitando-a na relva novamente. – Cadê sua mãe? – perguntou antes de aprofundar o beijo.
- Ithaca. E vai ficar lá um bom tempo. – respondeu sorrindo e ele tomou-lhe os lábios ávido e urgente. Perséfone virou um pouco o rosto, interrompendo o beijo e a boca de Hades desceu para seu pescoço. – Leva-me lá para baixo, por favor. Eu quero calar as vozes do Olimpo. – pediu.
- Com prazer. – ele envolveu o corpo dela, abraçando-a e tomando seus lábios novamente em um beijo ávido.
Seus corpos estavam completamente entrelaçados, como se fossem um corpo só. A perna de Perséfone enlaçou a cintura de Hades, e ele desceu para a sua morada com ela. Eles apareceram no quarto de Hades, com ela deitada no meio de sua cama, uma bela mulher vestida de branco no meio de lençóis de linho preto. Era um contraste prefeito na visão de Hades.
Algumas luas haviam se passado e Hades ainda não tinha tomado coragem de ir falar com Deméter, que ainda não tinha voltado de Ithaca. Perséfone passava mais tempo no mundo inferior com Hades do que no Olimpo ou em qualquer outro lugar da Grécia, saindo de lá apenas para poder se alimentar e longo em seguida voltava. Ela já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha dormido no mundo inferior, a sua parte favorita, após a companhia de Hades, era o silêncio que vinha do Olimpo, ela conseguia ouvir os gritos das almas torturadas, mas ela conseguia silencia-las, mas do que ela conseguia silenciar as vozes do Olimpo.
Já estava quase amanhecendo e Perséfone dormia tranquila e profundamente na cama de Hades. Ele ainda estava acordado, na verdade ele passava uma boa parte das noites que ela dormia aqui acordado, velando seu sono, ele ainda não conseguia acreditar que ela estava com ele, e que estava por livre e espontânea vontade. Hades estava com as costas apoiadas na cabeceira da cama, vendo aquela mulher ressoando profundamente em sua cama. Ele havia percebido que a luz clara e branca que emanava de Perséfone estava apagando aos poucos, e isso iria acontecer ate se extinguir por completo, pelo simples fato de ela estar passando muito tempo aqui embaixo.
Ele levou a mão pálida atrás costas desnudas de Perséfone, que tinha apenas da cintura para baixo coberta por um lençol de linho preto. Ela era dele! Apenas dele! Do mesmo jeito que ele era apenas dela. Ele subiu com a caricia até a bochecha da deusa, afagando-a delicadamente. Desencostando-se da cabeceira da cama, ele abaixou a coluna e depositou um beijo nas costas da jovem. Ele ia distribuindo beijos pelas suas costas de forma lenta e amorosa, e aos poucos Perséfone foi despertando.
- Amor... Vai dormir. – pediu com a voz de sono ao mesmo tempo em que o rosto do deus se aproximou do pescoço, inalando o cheiro de flores.
- Já está na hora de acordar. Já está amanhecendo. –
- Eu não quero ir embora. – choramingou ela.
- Nem eu. Mas você está aqui a muito tempo, já deve estar começando a ficar com fome. – ele beijo atrás da orelha da deusa. – Principalmente após a noite de ontem. – comentou baixo em seu ouvido e os lábios avermelhados dela se repuxaram em um sorriso. – Eu te amo. –
- Eu te amo. – ela levantou a cabeça e ele aproximou os lábios do dela.
Após alguns minutos, Perséfone se levantou e pegou seu vestido do chão e o prendeu com um broche. Hades não desviava os olhos dela enquanto ela se vestia. Ela era tão linda, a mulher mais bonita que ele já tinha visto na vida, seu corpo parecia ter sido esculpido e modelado pelas mãos dos melhores artistas que já há haviam passado pela terra. Ela era simplesmente perfeita.
Mal Perséfone terminou de prendeu o broche para que Hades a puxasse para o seu colo e de volta para a cama.
Ele não aguentava mais todo dia isso de Perséfone vir e ter que ir embora ao amanhecer, ele tinha que falar logo com Deméter, e não passaria de amanhã. Assim que amanhecesse e Perséfone fosse embora, ele iria atrás de Deméter. Já estava entardecendo no mundo dos vivos e Perséfone não havia chegado ainda, e ele começava a ficar preocupado. Em uma ida rápida ao mundo dos vivos, ver se tinha algum sinal da deusa da primavera, ele a encontrou sentada debaixo de uma árvore, sozinha.
- Amor, o que foi? – ele se postou próximo a Perséfone, a assustando e fazendo-a dar um pulo. – Me perdoe. – pediu. – O que houve? Por que não desceu e? – ela se levantando, ficando de pé com os braços cruzados.
- Eu estou aqui há um tempo pensando. – respondeu fungando.
- Você... Por que está chorando? Quem te fez chorar? – desesperado, ele se aproximou dela, e segurando seu pulso, a virou de frente para ele. – Quem foi o desgraçado que eu vou matar com as minhas próprias mãos. –
- Você... Você me ama? De verdade? –
- Que pergunta é essa? – questionou segurando o rosto de Perséfone entre as mãos. – Óbvio que eu te amo, mais do que qualquer coisa e qualquer pessoa nesse mundo. – Hades respondia olhando no fundo dos olhos castanhos e tristonhos de Perséfone, vendo pequenas gotas cintilantes e transparentes escorrendo de seus olhos. – Meu amor, eu já lhe disse uma vez e direi quantas vezes forem necessárias. Eu mataria qualquer pessoa que ousasse te machucar. Eu destruiria o mundo por você. Eu te amo com todas as forças do meu ser, e se fosse necessário, daria a minha vida e a minha divindade por você. –
- A minha mãe vai nos matar. – ela disse simplesmente fungando mais uma vez.
- Eu não tenho medo da sua mãe. Já lhe disse. –
- Então porque ainda não falou com ela? –
- O fato de eu não ter falado com ela ainda não significa que eu tenha medo dela. você precisa entender que não tem um jeito fácil de contar a Deméter que eu estou condenando a única filha dela ao inferno. –
- Eu estou grávida. – respondeu o cortando.
- O que? –
- Héstia acabou de me contar. E ela disse que vai contar a minha mãe. Que se até a lua se por amanhã eu não for até Ithaca, ela mesmo vai. –
- Você está... Esperando um filho meu? – Hades perguntou sorrindo de orelha a orelha.
- De tudo o que eu falei, só ouviu isso? –
- Na verdade eu só me importei com isso! – admitiu dando um beijo em seus lábios avermelhados. – Você está esperando um filho meu! –
- Minha mãe vai nos matar! –
- Jamais permitiria isso. E eu vou falar com ela amanhã de manhã mesmo. –
- Amanhã? Por que não agora? –
- Porque eu tenho um presente para você... – ele passou a mão pela fenda do vestido de Perséfone, subindo com a mão pela sua coxa até o seu quadril e a pegou no colo. - E porque eu quero aproveitar essa notícia. – ela abraçou o quadril de Hades com as pernas.
- Estais feliz? –
- Completamente! – respondeu sorrindo.
Hades desceu para o submundo levando Perséfone consigo, indo direto para o seu quarto e deitando a jovem deusa em sua cama e subindo na mesma logo em seguida. A boca de Hades foi direto para a coxa macia, beijando-a e aos poucos foi subindo com a boca pelo seu corpo, beijando por cima da túnica que ela usava, até chegar em seus seios, coberto pelo vestido de tecido fino.
Prendendo o bico de seus seios entre os dentes, fazendo-a soltar um gemido baixo. Soltando seus seios, ele tomou os lábios de Perséfone em um beijo. As pernas da deusa abraçaram a cintura do deus e suas mãos foram direito para as calças dele, abaixando-as. Hades ajeitou seu pênis na entrada da buceta de Perséfone, penetrando-a devagar. Ele chocava seu quadril ao dela, e com isso o beijo teve que ser interrompido, devido ao gemido dos dois. Ele investia devagar, mas com força dentro dela.
Perséfone virou na cama, deitando Hades no colchão e ficando por cima dele, as mãos do deus estavam apoiados na cintura da amada, ajudando-a a cavalgar em seu colo. As mãos da jovem buscavam apoio no peito do homem. Ela estava com os olhou fechados, aproveitando e sentindo as melhores sensações que já sentira na vida, enquanto ele tinha os olhos bem presos no rosto dela. A deusa abriu os olhos, encontrando os olhos pretos de Hades presos nela. Sorrindo, abaixou a coluna para unir seus lábios aos dele. Ele os virou na cama de novo, ficando de lado, um de frente para o outro, com ele prendendo a perna dela em sua cintura, enquanto seus quadris continuavam naquela dança maravilhosa para os dois, até os dois, juntos, atingirem seus ápices.
- Eu te amo. – os dois falaram ao mesmo tempo com os lábios bem próximos um do outro.
- Eu achei que você tinha dito que tinha um presente para mim. – Perséfone comentou um tempo depois. Os dois estavam na cama, nus, com Hades tendo a cabeça deitada nos seios de Perséfone, com as mãos acariciavam o ventre da deusa.
- Verdade. – tirando a cabeça dos seios da deusa, ele beijou-lhe o ventre antes de levantar da cama. – Eu pedi para Hefesto fazer isso para você. – contou pegando um pano preto que envolvia o presente e voltando para a cama, encontrando-a sentada lhe esperando. – Eu espero que você goste. –
- Eu sei que já vou gostar pois é você quem está me dando. – respondeu sorrindo e pegando o presente. Ela foi abrindo o pano e encontrou uma coroa preta, com diversas flores e folhas. – O que é isso? –
- Você quer ser a minha rainha do submundo? – ela não respondeu, apenas levou a coroa até a sua cabeça.
- Como ficou? –
- Maravilhosa! – ela sorriu amplamente.
- Meu rei. –
- Minha rainha! – falou ele baixo antes de tomar seus lábios em um beijo, deitando-a na cama e deitando por cima de seu corpo.
Quando o dia raiou, Hades já estava na praia de Ithaca esperando por Zeus, que havia dito que viria interceder a seu favor com Deméter. Ele havia deixado Perséfone dormindo em sua cama, um sono calmo e tranquilo. Ele torcia para que Deméter concordasse, mesmo sabendo que ela não concordaria.
- Pronto? – a voz de Zeus soou atrás de Hades.
- Ela não vai aceitar e vai me matar. –
- Não. Não vai. Sabes que ela não pode te matar. –
- Grande coisa. Não é só porque uma das suas regras é um deus não matar outro, não significa que ela não vá me matar. –
- Vamos. Ela está na campina. –
Os dois caminharam para lá e em pouco tempo os dois chegaram até a campina, onde Deméter estava com algumas ninfas da floresta, semeando um campo aberto. Hades continuou escondido sobre a sombra de uma árvore, enquanto Zeus foi para debaixo da luz do sol, chamando a atenção das ninfas, que não foi nenhuma surpresa que todas elas correram na direção de Zeus, contudo, ao ver a silhueta de Hades nas sombras, fizeram com que todas corressem e fugissem, todo mundo fugia quando via a personificação da morte, quer dizer, todos menos Perséfone.
- O que querem? – Deméter perguntou irritada com um saco de sementes de trigo em mãos. – Saiu do seu esconderijo, irmão? –
- Preciso falar com você. – Hades respondeu simplesmente e Deméter parou de semear e com a sobrancelha ergueu a sobrancelha.
- E precisou que Zeus viesse junto? Eu não mordo! –
- Mas bate! – retrucou. – E ele se ofereceu para vir. –
- Tudo bem. E o que querem? – Hades respirou fundo antes de falar.
- Eu... –
- Ele quer se casar com a Perséfone. – Zeus falou de uma vez e Hades encarou o irmão enquanto Deméter encarava Hades.
- Qual é o seu problema? – ele gritou para Zeus.
- Você é muito lerdo! – bufou.
- Qual é o seu problema? – a voz de Deméter chamou a atenção dos dois. Ela olhava para Hades com ódio e possivelmente nojo. – Ela é um bebê. –
- Bebê? –
- Deméter, por favor, Perséfone tem a idade que você tinha quando engravidou dela. E você não era um bebê. –
- Ela é um bebê para mim. – gritou. – Não. Não. Você não vai chegar perto da minha filha, ainda mais leva-la para aquele inferno. –
- Deméter. – Hades tentou falar.
- Não se atreva a chegar perto da minha filha. Eu mato você. –
- Deméter! – agora havia sido a vez de Zeus, e foi quando ela se voltou ao irmão mais velho.
- Você está concordando com isso? Ela é sua filha também e... –
- E porque ela é minha filha que eu estou concordando com isso. Porque eu estou vendo como ela está, como ela fica quando está perto dele e quando está longe. Eu estou vendo a felicidade de Perséfone, enquanto você está vendo apenas o seu egoísmo. –
- Como alguém pode ser feliz ao lado de alguém como ele? – gritou e Hades sentiu a raiva tomando conta de seu corpo.
- Por que você acha que eu não posso fazer alguém feliz? –
- Como alguém pode ser feliz naquele inferno? Ouvindo aqueles gritos, naquele lugar morto, com alguém que parece estar mais morto do que aquelas almas? –
- Pergunte para Perséfone, porque ela está dormindo tranquila e bem feliz na minha cama. –
- Você dormiu com a minha filha? – a raiva e o ódio transbordavam das palavras cuspidas por Deméter, ela estava furiosa, a terra debaixo de seus pés tremia, ao mesmo tempo em que o sol, que brilhava forte, apagou, deixando aquela campina no completo breu, como se a noite tivesse caído.
- Parabéns Deméter, você vai ser avó! – sabendo que estava ultrapassando todos os limites, Hades provocou mais um pouco, Zeus não sabia se continha Deméter ou se olhava para o irmão mais velho, ninguém, fora Hades, Perséfone e Héstia, sabiam sobre a gravidez. – Entenda uma coisa, Deméter, eu tenho todo o respeito por você, minha irmã, mas eu amo sua filha, do mesmo jeito que ela me ama, você aceitando ou não, gostando ou não, acreditando ou não. E eu não vou desistir dela! E é com todo o respeito que eu falo, que eu passo por cima de qualquer um, principalmente de você, para ficar com ela. -
- Eu vou matar você. – ela rosnou. Deméter projetou o corpo para avançar contra Hades, contudo Zeus a segurou enquanto Hades simplesmente sumira, de volta para o mundo inferior.
Ele estava furioso. Não era assim que eu planejava que fosse acontecer, não era daquele jeito que ele queria ter agido e reagido, ele tinha passado por tantas mudanças durante todo esse tempo em que ele convivia com Perséfone, ele tinha melhorado e muito em seus acessos de raiva e descontrole, e em pouquíssimo tempo de conversa com Deméter, o velho Hades tinha voltado.
- Está tudo bem? – ele ouviu a voz de Perséfone o tirando da antiga escuridão ao qual ele estava acostumado a habitar.
- Não. – admitiu. – A conversa com a sua mãe foi péssima. Tenho certeza que daqui a pouco ela está derrubando esse castelo atrás de você. –
- Não me surpreende. Eu sempre soube que ela não iria aceitar. –
- Eu provavelmente só saí vivo de lá porque Zeus a segurou. – comentou ele virando de frente para ela. – O que você está fazendo? – perguntou em choque vendo que ela tinha uma romã aberta em mãos.
- Alimentando nosso filho, ou filha! – ela respondeu como se fosse óbvio.
- Você... Você comeu? –
- Achou que a minha mãe iria me deixar vir por vontade própria?! Agora ela não tem escolha. – deu de ombros colocando mais uma semente de romã na boca.
- Você é louca! – Perséfone riu. Hades estava mais calmo, pelo menos um pouco mais calmo.
- HADES! – a voz de Zeus reverberou por todo o castelo no mundo inferior.
- Ele tem permissão de entrar aqui? –
- E ele precisa de permissão para fazer o que bem entender?! –
- Hades! – Zeus abriu a porta do quarto do irmão mais velho furioso. – Perséfone. –
- Oi pai. – ela disse simplesmente sem olhar para o pai furioso.
- Da próxima vez, me conta antes o que está acontecendo, se não for pedir muito. O que ele falou é verdade? – virou-se para a filha.
- O que? – perguntou confusa.
- Que estais grávida. –
- Contou a ele? –
- Ele contou para a sua mãe! – com os olhos arregalados ela encarou Hades.
- Você acha que eu quase sai de lá morto, por que? –
- Perséfone. – Zeus chamou a atenção da filha. – É verdade ou não? –
- Foi a Héstia quem disse. –
- Héstia nunca erra, então é verdade. Tudo bem eu... – ele viu a romã comida ao lado da filha. – Quem comeu essa fruta? Hades? –
- Fui eu! E sim, eu sabia o que significava comer algo daqui de baixo. –
- Quando eu cheguei, ela já tinha comido. –
- Eu quero os dois lá em cima agora! – mal ele terminou de falar e sumiu.
- Eu... Eu compliquei a situação? – perguntou ela receosa.
- Não, meu amor, talvez tenha apenas descomplicado. –
Os dois subiram para o Olimpo, apenas Deméter, completamente furiosa. Zeus, com o pedaço da romã comido em mãos. Hera estava ali, só por estar, pois ela não se importava com nenhum dos dois ou com o que estava acontecendo. E Héstia, em seu canto, nos fundos da sala, cuidando de sua fogueira.
Toda a coragem que Perséfone sentia, se esvaiu quando sentiu o olha de raiva de Deméter sobre ela. Com certeza, ela só não se aproximou da filha para possivelmente matá-la devido a presença de Zeus. Deméter não havia saído do lugar, mas os gritos que ela começou a desferir a Perséfone, doíam mais na jovem deusa do que qualquer outra reação da mãe.
- Como pode fazer isso comigo, Perséfone? Como pode? –
- A senhora jamais iria concordar com qualquer decisão que eu tomasse, pela senhora eu viveria trancada aqui. –
- Eu estava planejando o melhor para você. –
- Eu sei o que é melhor para mim. –
- Ele? ELE? É o melhor para você? – perguntou rindo de forma debochada. – Você não sabe de nada. –
- Não estamos aqui para decidir se ela sabe o que é melhor para ela ou não. – Zeus interrompeu os dois. – Temos algo mais importante para resolver. –
- Ela não vai com ele! – Deméter falou a Zeus por entre os dentes.
- Não é você quem decide isso. –
- O que quer dizer com isso? – Zeus amostrou a romã com as seis sementes comidas. – Não! Você comeu? Zeus, faça alguma coisa. Obviamente ele a forçou a comer. –
Hades não teve nem tempo de defender Perséfone, já que Deméter não parava de gritar com Zeus para que ele tomasse uma providencia, enquanto acusava Hades de ter enganado e ludibriado a jovem e inocente deusa primavera.
- Chega. – Zeus berrou e sua voz reverberou contra as colunas de mármore. – Cale-se Deméter, você não deixa ninguém pensar ou falar. Perséfone não é mais uma criança, ela sabe muito bem o que ela faz da própria vida. Se ela se envolveu com Hades e dormiu com ele, foi porque ela quis, e não porque ele a obrigou. Até porque, se ele tivesse a obrigado a alguma coisa, ele iria se entender comigo. – ele falou sério olhando de Deméter para Hades.
- Eu exijo que algo seja feito. Ela não vai descer pro mundo inferior. Eu sei que ele a forçou e... –
- Chega! Perséfone... – ele levantou do seu trono e caminhou na direção da filha, que estava acuada próxima a Hades. – Você comeu as sementes por livre e espontânea vontade? – perguntou com a voz mais calma e segurando o queixo da filha entre seu polegar e indicador.
- Sim. –
- Hades te forçou a algo? –
- Pelos céus, pai. Não! Ele não me forçou a nada. É mais fácil eu ter forçado ele a alguma coisa! – brincou com um sorriso fraco nos lábios e ele retribuiu o sorriso a filha. – Pai, o senhor sabe melhor do que ninguém, talvez não tão bem como Afrodite, mas o senhor sabe o que eu sinto por ele. Eu quero ficar com ele, pai! – Zeus afagou as bochechas da filha e beijou-lhe a testa.
- Sabe no que isso implica, não sabe? Não vai mais poder sentar-se conosco nas decisões e... –
- Como se alguém aqui se importasse com o que eu falasse. – interrompeu ela. – Eu não interfiro em nada na vida dos mortais para poder palpitar qualquer coisa nas decisões. Eu não ligo de perder o meu lugar entre os olimpianos. Eu... – ela suspirou sorrindo. – Eu só quero ser feliz. E eu sei que só vou ser feliz ao lado dele. –
- Eu sei. – sussurrou ele para ela. – Sabe, que infelizmente, não tem como voltar atrás caso se arrependa. –
- Eu sei. Não ligo e sei que não vou me arrepender. Mamãe pode não aceitar, mas não é ela quem decide isso. O fio já estava tecido. –
- O fio já estava tecido? – provando que ela estava ouvindo tudo o que a filha falou, Deméter se fez presente.
- As moiras já tinham dito que o fio da vida de Perséfone se enroscava e se ligava com o Hades. – Zeus respondeu se virando para a irmã. – Você não pode fazer nada Deméter, nem eu e nem ninguém. Ela quer ficar com ele e ele quer ficar com ela. O fio já está entrelaçado. – ele se afastou da filha voltando na direção do seu trono e Perséfone se aproximou de Hades, abraçando-o pela cintura.
- Ela não vai lá para baixo. – Deméter choramingou com a voz baixa e falha.
- E temos o fato também de que Perséfone comeu, por livre e espontânea vontade, sem ser persuadida por ninguém, seis caroços de romã. – ele respirou fundo e coçou a barba rala. – Ela comeu a comida do submundo e sabemos as regras, quem se alimentar de qualquer coisa no mundo inferior, passará a viver no mesmo. Então Perséfone se muda para o mundo dos mortos com Hades, e eu tenho certeza que ele não irá se importar, caso Perséfone venha fazer algumas visitas a Deméter. -
- Caso ela não tente nenhuma artimanha para mantê-la aqui em cima. Sim, Perséfone poderá vir quando bem entender ver a mãe. –
- Muito bem! – Zeus se ajeitou no trono. – Perséfone desce com Hades para o mundo dos mortos. - Com a decisão final de Zeus, Deméter soltou um grito, que fez com que todos os outros que estavam na sala tampassem os ouvidos, devido ao seu grito de dor e raiva.
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