quinta-feira, 6 de julho de 2023

Capítulo 12

                                      Mar de Verão e Adhara – Continente de Andrômeda –110 Depois da Conquista.

Pov. Edward.

Um pouco mais de um mês já tinha se passado desde que tínhamos deixado Walano, e aos poucos nós começávamos a nos aproximar do continente de Saggita, já que estávamos, o máximo possível, tentando ficar longe de Andrômeda, local onde a Triarquia estava tomando conta das ilhas. Conforme nos aproximávamos do norte e nos afastávamos das ilhas, as coisas iam mudando, por mais que durante quase um mês as nossas visões eram apenas o azul do mar e o azul do céu, além do navio dos Black que navegava bem perto de nós, as coisas começavam a mudar.

A água que era azul cristalina das ilhas, e que próximo ao raso era possível ver o fundo, estava se tornando cada vez mais escura, o vento fresco que percorria as ilhas, agora era um vento frio, mesmo que se ficasse quase o dia inteiro debaixo do sol, ainda era possível sentir um pouco de frio, e depois que a chuva, por mais que fraca, começou a cair, ficou mais frio ainda.

Nós estávamos nos aproximando de Stepstones, ainda faltam alguns dias, uma semana mais ou menos, para que as ilhas praticamente abandonas, aparecessem em nossos horizontes, mas vestígios de pedaços de madeira, de navios que a Triarquia naufragava, já começava a aparecer e bater contra o casco dos nossos navios. Eu estava parado, na proa do navio, a garoa caia sobre a minha cabeça, coberta pela capa que eu usava, enquanto via um pedaço de madeira, boiando a nossa frente, com um pedaço de uma bandeira, onde era possível ver a bandeira de Apus, rasgada em cima. Provavelmente algum navio de Apus também havia sido atacado e naufragado.

- O que está fazendo aqui fora na chuva e no frio? – eu ouvi a voz de Bella, vindo de trás de mim, e ao me virar para trás, eu pude vê-la parada a alguns passos atrás de mim. Ela já não usava as roupas de Walano, estava frio e eles eram finos demais para que ela pudesse usar sem adoecer, e além de um dos vestidos de Adhara, ela ainda tinha uma capa grossa sobre os seus ombros, e o capuz sobre a sua cabeça, para se proteger da garoa que começava a apertar.

- E o que a senhora está fazendo aqui fora na chuva e no frio? – repeti a sua pergunta e ela balançou a cabeça rindo.

- Estou entediada. – admitiu se aproximando de mim e parando ao meu lado, e apoiando os seus braços na madeira da proa do navio.

- Vou pedir para que aproveite o lado de fora, pois conforme nos aproximarmos de Stepstones, e do jeito que Jacob falou, eu vou pedir para que fique dentro do quarto. –

- Só não se esqueça que o quarto tem uma janela enorme, e se o objetivo é que eu não veja como está Stepstones, irá falhar miseravelmente. – apontou. – Tem algum jeito de irmos direto a Adhara sem precisar parar? – eu apenas neguei. – Como vamos parar em Apus? –

- Não vamos parar em Apus. – falei. – Teremos que racionar o que resta até conseguirmos chegar em Mensa, e essa viagem vai durar quase duas semanas, em média. Se os ventos ajudarem, algo que ele não está fazendo muito. – apontei, apoiando as minhas mãos no pomo da irmã sombria, que estava presa em minha cintura. Eu havia voltado a vesti-la, conforme nos aproximávamos das zonas de conflitos. – De Mensa até Adhara é rápido! Mais umas duas semanas, no máximo. – ela suspirou, provavelmente ao fazer a conta e perceber que vai ficar quase três meses presa dentro do navio. – Lembro-me de alguém aqui que havia dito, há dois anos, que ficaria um ano se fosse necessário dentro de um navio. –

- A situação é diferente. –

- E por que? –

- Porque você está estranho. – respondeu olhando para a água a nossa frente. – Está mais concentrado, não sei se é na guerra, ou então, em chegarmos a Adhara vivos. Quando faz sexo comigo é quando é mais visível ainda que a sua cabeça está em outro lugar. – falou meio sem jeito.

- Eu queria que você tivesse dito que era para ficarmos em Walano. – admiti. – Que não era para eu me envolver. –

- Mas você quer se envolver! – respondeu, virando a cabeça para me olhar. – Se não quisesse não teria pedido a minha opinião. Do mesmo jeito que eu sei que você só pediu a minha opinião quando a herança do trono de ferro, porque eu sou amiga da Rosalie. Porque caso contrário, teria decidido por conta própria. Porque você sabe que eu não conseguia olhar para a Rose, caso tivesse subido ao trono com você. –

- Acha que eu menti quando disse que havia desistido do trono, porque eu finalmente tinha o que eu mais queria, que no caso é você. Ou que eu menti quando disse que o meu lado protetor não queria se afastar? –

- Não, eu não acho que mentiu! Eu tenho certeza de que o que você disse era verdade. Mas... Eu não sei explicar, parece que você quer que eu te impeça de fazer as coisas que você quer! Você queria a minha opinião quanto a sucessão e agora queria a minha opinião quanto a se juntar ou não a essa guerra, sendo que se tal proposta tivesse aparecido há três anos, você não teria pensado duas vezes antes de pegar o Caraxes e ir para Stepstones. –

- É porque há três anos, eu não tinha você! O que eu tinha a perder? Nada! Ninguém no reino jamais iria permitir que eu subisse ao trono, a menos que eu fosse a última opção, não tinha você, não sabia dos seus sentimentos por mim e sabia que se dependesse do seu pai... – deixei a frase morrer. – O que eu perderia se pegasse o Caraxes e fosse para Stepstones? – dei de ombros. – Acho o principal motivo para estar mais receoso por deixar você sozinha em Adhara, e por me lembrar perfeitamente do jeito que você se sentiu quando aparecemos lá depois do nosso casamento. Você está mal por estar ali, estava desconfortável. Eu sei que comigo ali, ninguém vai falar nada, fazer nada e nem te olhar de um jeito que te deixe mal. Se eu não tiver lá, eu não sei o que elas podem fazer. –

- Eu sabia o que me aguardaria no futuro quando aceitei fugir com você! – eu apoiei os meus braços na proa do navio, igual a ela. – Do mesmo jeito que eu sei que mais cedo ou mais tarde eu vou ter que enfrentar isso. Do mesmo jeito que eu sei que mais cedo ou mais tarde eu vou ter que enfrentar o meu pai! –

- E por que você teria que fazer isso sozinha, se você não fugiu sozinha? –

- Porque eu sou uma mulher! Independentemente do que eu faço, a culpa sempre vai recair em mim! Penso eu, que o povo de Adhara só não fala que eu o seduzi, pois conhecem a vossa índole. – brincou, me fazendo rir.

- É mais fácil as pessoas acharem que eu te sequestrei e estuprei, porque eu não duvido nada que o seu pai e os amiguinhos dele tenham espalharam essa notícia. –

- Quanto ao sequestro, talvez..., Mas quanto ao resto não. Eles conhecem o meu pai, sabem que se ele quisesse, ele pegava o exército de Oldtown e me levaria dali você querendo ou não, até porque, seu irmão não ficaria do seu lado, caso eu não estivesse ali por vontade própria. Sou filha da Mão do rei e melhor amiga da princesa, não seria muito inteligente, caso fizessem algo contra mim, sabendo que podia envolver o rei. –

- É nisso que eu estou me agarrando, quanto ao fato de lhe deixar sozinha lá. –

- Eu não vou estar sozinha, eu vou ter a Rose. Vai fazer como era há três anos! -

- Vem cá... – eu a chamei, me desencostando da proa, e ela se aproximou de mim, encostando o seu quadril contra a madeira do barco, ficando parada de frente para mim. – Peço desculpas. –

- Pelo que? –

- Por não ter suprido as suas expectativas quando dormirmos juntos nas últimas vezes e... –

- Acredite, mesmo com a cabeça longe, você me fez ver estrelas. – respondeu sorrindo quando eu abracei a sua cintura. – Eu te amo. – eu abaixei a cabeça e rocei o meu nariz contra o dela.

- Eu te amo. – abaixei um pouco mais a minha cabeça, dando um beijo em seus lábios.

Eu deixei uma das mãos apoiadas em sua cintura, e subi com a outra até a sua nuca, acariciei o seu lábio inferior com a ponta da minha língua, e a sua boca se entreabriu para mim, para que eu pudesse deslizar a minha boca para dentro da dela. As nossas línguas se enroscavam uma na outra, se acariciando enquanto eu apertava mais o meu braço contra a sua cintura. Usei a mão que estava em sua nuca, e abracei os seus ombros, abraçando um pouco mais o beijo. E quando o ar se fez, afastei a minha boca da dela, apoiando a minha testa a sua.

- Quer ir para o quarto comigo? – perguntou.

- Sempre. – respondi baixo e sorrindo para ela.

Isabella ficou na ponta dos pés, e me deu um beijo nos lábios e me empurrou um pouco para trás, para se afastar da proa do barco, e segurou a minha mão, me puxando para o lado de dentro, para irmos para a cabine. Mal a porta se fechou e ela voltou a unir os lábios aos meus e se livrou da minha capa, junto com a minha jaqueta, e eu deixei o cinto, que prendia a irmã sombria, cair no chão.

Eu abri o broche, que fechava a sua capa, deixando os dois caírem no chão, ouvindo um pequeno baque quando o broche de prata caiu contra a madeira, e eu levei as minhas mãos para as amarras de seu vestido, sem conseguir desfazer o nó.

- Que merda de vestido. – reclamei interrompendo o beijo e a virando de costas para mim, para que pudesse ver o nó e o desamarrasse. – Eu sempre vou preferir o vestido da ilha. – reclamei de novo, fazendo Isabella rir, quando eu me abaixei para usar os dentes para desfazer o nó.

- Foi você quem amarrou! – apontou ela, rindo.

- Eu sou melhor em desamarrar! – rebati e ela gargalhou.

- Corta o nó, homem! – reclamou rindo, e eu peguei a adaga em minha cintura e cortei a parte do nó. Guardei a adaga, e abri todo o vestido de Isabella.

- Finalmente. – exclamei ao conseguir me livrar do seu vestido, deixando-a apenas com o seu corpete e a anágua. – Perdoe-me, meu amor, mas eu não serei tão gentil como o de costume, caso não se importe. –

- Não... Eu não me importo. –

Um pouco bruscamente, mas com cuidado para não a machucar, eu a coloquei sobre a mesa redonda, a qual usávamos para fazer as nossas refeições, de costas para mim, e me livrei de sua anágua, deixando-a apenas com o corpete. Chupei meus dedos – indicador e médio – e levei-os até a sua buceta, estimulando-a um pouco e ouvindo os seus gemidos baixos, que escapavam da sua boca. Ainda usando os meus dedos, eu a penetrei, e ela gemeu um pouco mais alto. Eu não seria tão gentil quanto de costume, então eu queria que ela estivesse bem excitada quando eu a penetrasse com o meu pênis. Os meus dedos entravam e saiam sem a menor dificuldade de dentro dela, e Isabella já se encontrava bem excitada, portanto, tirei os meus dedos de dentro de sua buceta, ganhando um resmungo em troca, e abri as minhas calças, abaixando-as apenas o necessário para liberar o meu pênis.

Eu deslizei a cabecinha dele, pela sua vagina molhada, apenas para que entrasse com mais facilidade, e meio que de supetão, eu a penetrei de uma vez só, ganhando um gemido alto de surpresa dela, e soltando um, por sentir as paredes quentes de sua buceta me apertando. Apoiei as minhas mãos em sua cintura e comecei a investir o meu quadril contra o dela com força, rápido não, só forte, eu queria prolongar o máximo possível, mas eu não queria que acabasse logo, e pelo visto, nem ela, já que os seus gemidos de prazer eram altos a cada investida de meu quadril contra o dela.

- Ed... Edward... – ela me chamou com a voz baixa e durante um gemido. Eu tinha fechado os meus olhos para que apenas sentisse e me concentrasse na sensação da sua buceta quente contra o meu pau, tal sensação que eu jamais iria me acostumar. – Eu quero ficar por cima... – pediu gemendo, e eu deslizei a mão, que estava em sua cintura, até o seu quadril, acariciando-o antes de lhe esbofetear, fazendo-a soltar um gemido mais alto.

- Vem! – eu a chamei, saindo de dentro dela. ajudei Bella a se levantar, e assim que ela se virou de frente para mm, ela uniu os nossos lábios de novo, não seria um beijo que se prolongaria muito, devido ao fato de estarmos levemente arfantes.

Desgrudando a minha boca da dela, Bella me empurrou para a cama, fazendo com que eu me sentasse na beirada da mesma, e veio para o meu colo, colocando, sentando de frente para mim. Segurei o meu pênis duro e ereto, e quando ela aproximou o quadril do meu, eu encaixei o meu pênis em sua entrada e ela foi se sentando devagar, com as mãos apoiadas em meus ombros. Bem devagar, ela começou a se mexer sobre o meu colo, comigo tendo as minhas mãos apoiadas e segurando o seu quadril.

Quando ela começou a se mexer sozinha, e um pouco mais rápido, eu tirei as mãos de sua bunda, levando-as até as amarras do seu corpete, na frente do seu peito, e as desamarrando, para deixa-la completamente nua sobre o meu colo, e sem pensar duas vezes, eu tomei um de seus seios entre os meus lábios. Minhas mãos voltaram ao seu quadril, e os seus braços abraçavam o meu pescoço, prendendo a minha cabeça nos seus seios, que eu ia intercalando a boca de um para o outro.

Bella começou a se mexer um pouco mais devagar devido as paredes de sua buceta começarem a apertar o meu pau, e eu tirei a boca de seu seio, levantando os olhos para o rosto de Bella, que sorriu para mim, e uniu os nossos lábios. Eu me levantei da cama, sentindo o meu pênis sair de dentro dela e a soltei sobre a cama, fazendo-a rir, segurei os seus tornozelos e a virei na cama, deixando-a de bruços, e bruscamente, puxei os seus quadris para cima, deixando-a de quatro contra o colchão e deixando o seu peito abaixando.

Ajeitei-me atrás dela e voltei a encaixar o meu pênis dentro dela, ganhando uma rebolada, para que ele encaixasse todo dentro dela, e eu lhe dei uma tapa contra a carne de sua bunda. Comecei investindo o meu quadril contra o dela, devagar e aos poucos fui aumentando o ritmo, e ouvindo os seus gemidos baixos contra o colchão. Quando Bella gozou, puxando os lençóis entre os dedos, quase rasgando-os, ela deixou o seu corpo tombar contra o colchão, e eu continuei investindo o seu quadril contra o dela, até gozar dentro dela.

Já havia anoitecido, e nós continuávamos no quarto e na cama, nossas roupas jogadas no chão, e os nossos corpos cobertos pelo lençol, e ela tinha a cabeça deitada contra o meu peito. Ela ainda estava acordada, mesmo estando em silêncio a um pouco já, mas as pontas de seus dedos, deslizavam delicadamente, como o toque de uma pluma pelos meus dedos.

- Quer comer alguma coisa para dormir? – questionei, fazendo um cafuné em seus cabelos.

- Não! – falou com a voz baixa e já um pouco sonolenta.

- Vai dormir sem comer nada? Não está com fome? –

- O meu cansaço é maior que a minha fome. – rebateu me fazendo rir. – Eu acho... Não sei, divertido, parar e pensar quanto a isso. –

- Quanto a que? Que o seu cansaço é maior que a sua fome! –

- Não! – se apressou em dizer. – Quanto a isso eu já me acostumei, desde que me casei com você! – respondeu, me fazendo rir mais ainda. – Mas é que... Nem em meus melhores sonhos eu cheguei a imaginar que o meu casamento seria assim! –

- Assim como? –

- Assim... Dividindo o mesmo quarto, a mesma cama, fazendo sexo por prazer e não só para gerar uma criança... – ela se ajeitou na cama, apoiando os dois braços contra o meu peito, e apoiando a cabeça em seus braços, e me olhando. – Eu não consigo olhar para as pessoas e pensar nisso. Seja sincero, você não olha para o seu irmão, ou para qualquer outro lorde, e pensa nisso... Eu não consigo olhar para o meu pai e pensar que ele tenha dormido com a minha mãe por outro motivo sem ser gerar filhos! –

- Amor, me pede para imaginar qualquer coisa, menos o seu pai transando com alguém, pelo amor dos sete deuses! – pedi e ela riu. – E para ser sincero, eu não olho para ninguém e penso em como ele dorme com a esposa ou vice e versa! Até porque a única mulher e no único sexo que me interessa pensar e em você e com você! – ela sorriu para mim. – Mas, para ser sincero, do jeito que eu vi você sendo criada, eu não imaginei também que o nosso casamento seria desse jeito, você sempre me aparentou ser o tipo inocente. – comentei. Eu nos virei na cama, deixando-a deitada de bruços ao meu lado e deitando o meu corpo por cima do dela. – Bem que falam que as inocentes são as piores.  – falei com a voz baixa, e segurando o seu queixo entre o meu polegar e indicador, e rocei o meu nariz contra o dela. – Jamais imaginaria que você tinha um apetite tão insaciável assim. – a minha voz era baixa e rouca, quando eu uni os meus lábios aos dela, em um beijo ávido. Bella se ajeitou debaixo do meu corpo, e levou a mão até o meu pênis, masturbando-o, para que ficasse duro. – Não disse que estava cansada? –

- Ainda tenho energia! –

- Não falei... Você é insaciável! – comentei quando ela sorriu para mim, enquanto encaixava o meu pênis em sua buceta.

...

Mais uma semana havia se passado e nós tínhamos chegado à região de Stepstones. Mesmo com tudo o que Jacob falou, a imagem a minha frente parecia muito pior. A água, que costumava ser azul, em volta das ilhas rochosas estavam completamente vermelhas de tanto sangue que havia sido derramado. Era impossível contar a quantidade de mastros de navios quebrados que boiavam no mar ou que estava encalhado entre as pedras. A visão era horrível, a chuva havia piorado, mas isso não limpava o cheiro de sangue e morte que pairava no ar, o céu estava completamente escuro, mesmo a noite ainda não tendo caído, e era quase impossível ver o contorno dos dragões, mesmo eu sabendo e sentindo que eles estavam sobrevoando os navios.

- Pelos Deuses! – ouvi a exclamação de Isabella vinda de perto de mim.

- Eu tinha pedido para que ficasse dentro da cabine. – lembrei-a.

- E eu já tinha te dito que a cabine tem uma janela enorme e de qualquer forma eu iria conseguir ver isso! – lembrou-me. – Isso... Isso são gritos? – perguntou ao quando ouvimos uns barulhos agudos vindos ao longe, por cima do vento fraco.

- Provavelmente dos marinheiros que estão sendo devorados pelos caranguejos. –

- Navio se aproximando a bombordo! – eu ouvi o capitão gritando, e ao olhar para a esquerda, já que eu sabia que o navio de Jacob estava à direita, eu vi um navio completamente negro, e com a bandeira da Triarquia se aproximando, bem rápido, de nós.

- Pela primeira vez na sua vida, me obedece, desce e fica dentro do quarto e só saí de lá quando eu chamar! – mandei a Isabella. Ela não falou nada, não me obedeceu e nem retrucou, até porque ela não teve tempo, já que no primeiro passo que ela deu para descer para a cabine, o navio da Triarquia chocou-se contra o nosso bruscamente, fazendo com que todos que estavam de pé, caíssem sobre o convés. – Se machucou? – perguntei, quando me pus de pé e ajudei a Bella a se levantar.

- Não! –

- Certeza? – ela apenas balançou a cabeça assentindo, e ao olhar para o horizonte, eu vi mais três navios se aproximando, e um se aproximando do navio de Jacob.

O navio que estava a bombordo, se afastou um pouco de novo, ele provavelmente iria se chocar contra o nosso de novo, devia ser assim que eles faziam os navios naufragarem, batiam em suas partes mais vulneráveis, ou os faziam virar, mas antes que eles conseguissem se chocar contra nós de novo, um fogo avermelhado atingiu o seu convés, na parte que estava a maior parte da tripulação do navio inimigo, eu sabia a quem pertencia aquela chama. Caraxes! Ele sempre aparecia quando eu precisava, sem que precisasse lhe chamar. A nossa sintonia era uma das melhores entre dragão e montador. A minha surpresa foi quando um fogo azul, atingiu em cheio o capitão do navio, que continuava a reaproximar, o navio em chamas do nosso. O fogo azul era de Tessarion, já estava acostumado a ver tal coloração quando ela se alimentava, mas não imaginava de que ela já atacaria sem uma ordem direta de Isabella.

- Desce amor. – mandei de novo a Isabella, quando os tripulantes dos outros três navios, que se aproximavam, começaram a disparar flechas contra os dragões, que continuavam cuspindo fogo nas velas, enquanto desviavam das flechas. – Desce, fecha as cortinas, e só saí de lá quando eu chamar. – mandei, tentando empurra-la para a porta, que a levaria para a parte de baixo do convés, mas ela não se mexia, e ao olhar em seus olhos eu via a angustia de estar vendo as flechas sendo arremessadas contra os dragões. – Ela vai ficar bem! – falei, fazendo-a me olhar. – Uma flecha dessas não machuca um dragão, fique tranquila, que a Tessarion não vai se machucar! – garanti.

- Flechas! – alguém do navio gritou, eu não sabia se eram contra nós, contra os dragões, ou contra o barco de Jacob, eu apenas puxei Isabella contra o chão, deixando o meu corpo sobre o dela, ao mesmo tempo em que eu ouvi uma flecha rasgando o céu sobre a minha cabeça e atingindo o pequeno mastro ao nosso lado.

Um rugido alto, e delicado, preencheu os meus ouvidos, era um rugido de dragão fêmea, contudo, Tessarion ainda não rugia tão alto assim, eu apenas levantei a cabeça e vi que Meleys estava mergulhando, do céu cinzento, para cima do navio ao nosso lado, que disparava flechas para dentro do meu, e que já tinha acertado, pelo que eu conseguia ver, três ou quatro pessoas da minha tripulação. Quando ouvi o cuspir de fogo de Meleys, eu protegi mais ainda o corpo de Isabella sobre o meu, ela não havia cuspido fogo sobre nós, mas ele era quente, e o navio estava perto de nós, o que fez com que o seu calor, que podia machucar, chegasse até nós dois.

Com os três dragões no céu e cuspindo fogo em quem tentasse se aproximar dos nossos navios, dois, dos três navios que tinham se aproximando haviam batido em retirada, enquanto os outros dois, o primeiro que tinha aparecido e um dos três que apareceu logo em seguida, ardiam em chamas avermelhadas e azuis dos três dragões.

- Você está bem? – questionou saindo de cima de Isabella, e deixando que ela se levantasse.

- Estou! – ela estava um pouco arfante, talvez por medo ou adrenalina.

- Vocês dois estão bem? – eu ouvi a voz de minha prima gritando para nós. Ela havia abaixando Meleys o máximo que havia conseguido, sem que ela encostasse na água ou esbarrasse no navio, apenas para eu pudesse ouvi-la, e para que ela pudesse me ouvir.

- Sim! – respondi. – Fico devendo! – falei alto para ela, e a ouvi rir, enquanto subia para o céu cinzento de novo, com o seu dragão.

Os tripulantes, que não haviam se machucado, estavam lendo os feridos para baixo do convés e quando Tessarion, que era um pouco maior que um cavalo, pousou no convés aberto a nossa frente, Bella me soltou e correu para perto do dragão, para conferir se ela estava bem mesmo! Isabella só se acalmou quando verificou milímetro pro milímetro do corpo do dragão para saber se ela está bem. Tessarion podia ser um dragão novo, mas o seu couro era duro, não seria uma flecha normal que conseguira machuca-la.

- Senhor. – o capitão me chamou enquanto eu ficava de olho em Isabella, que havia se sentado no chão e tinha a cabeça de Tessarion apoiada em suas pernas. Bella fazia, uma espécie de carinho, na cabeça do dragão azul, desviando e tomando cuidado com os chifres, que começavam a se tornar pontudos, e consequentemente afiados.

- Os homens estão vivos? – perguntei e Bella levantou a cabeça para prestar atenção na conversa, ela provavelmente não tinha prestado atenção que algumas pessoas da tripulação tinham se ferido com as chuvas de flechas.

- Por enquanto, precisamos atracar o mais rápido possível, porque eles vão precisar de um médico e de remédios que nós não temos. – explicou. – E outra coisa, pior. – respirei fundo já imaginando o que ele iria dizer. – Sofremos danos no casco do navio, tem um pouco de água entrando no porão de armazenamento. –

- Vamos naufragar? – Bella perguntou do chão.

- Não senhora. Estamos tentando conter a água, que está entrando bem pouca, mas... –

- Qualquer batida que seja, mesmo que uma onda mais forte, o casco vai quebrar mais ainda. – apontei.

- Exatamente, senhor. Há alguma possibilidade de fazermos uma parada antes de Mensa? –

- Me arruma um mapa. – pedi. – Eu quero homens em cada um dos três castelos, e quero ser avisado a cada barco que se aproximar do horizonte. – mandei e ele tratou de ir correndo fazer o que eu havia mandado. – Vem cá. – eu estiquei a mão para Isabella, que segurou e eu a ajudei a ficar de pé, fazendo com que Tessarion tirasse a cabeça de suas pernas. – Você está bem mesmo, não está? Tem certeza que não se machucou? –

- Tenho, amor, se acalme. Eu estou bem. Não precisa ficar preocupado e... – a sua atenção foi atraída por alto a cima do meu ombro. – O que o lorde Black está fazendo? – questionou, e ao olhar para trás, eu vi que o navio, sob a bandeira dos Black, estava bem perto do nosso, e uma tabua havia sido posta entre os dois, para que ele fizesse a passagem.

- Tentando se matar, até porque não há outra explicação. – um dos tripulantes, ajudou Jacob a pular para dentro do convés, sem que ele caísse no mar. – Você é maluco, não é mais nenhum rapaz para ficar pulando de navio para o outro! –

- Nosso mastro principal está quebrado. – comentou ignorando completamente a minha reclamação. – Os marinheiros não vão aguentar remar por muito tempo! Vão ter que nos rebocar. –

- Não sei se será possível. Nosso casco está danificado, qualquer batida que seja, ele quebra mais ainda. Temos que arrumar um lugar para aportar o mais rápido possível. Tenho homens feridos e um navio para consertar. –

- Senhor, o mapa. – o capitão voltou com um navio, e eu o estiquei sobre o convés mesmo, não havia tempo para procurar uma mesa ou algo do tipo.

- Estais bem senhora Isabella? – Jacob perguntou a minha esposa.

- Sim... Só não sei se eu quero entrar em navio de novo pelo resto da minha vida! – comentou e eu ouvi Jacob rindo.

- A cidade mais perto de onde estamos em Tyrosh. – o capitão comentou.

- Sem chances. – Jacob o cortou de uma vez. – A Triarquia está sendo financiada pelas cidades livres, e Tyrosh é uma delas. Se aportarmos lá, com as nossas bandeiras, ou caso eles nos reconheçam é morte na certa. E Myr é a mesma coisa! –

- Mas de Myr até Mensa tem uma área enorme, não tem nenhuma cidade para aportar ali? – Bella perguntou se agachando ao meu lado no chão.

- Não. O território entre Myr e Mensa é formado por planícies de areia, não tem nenhuma cidade ali. – expliquei. – Podemos tentar nos aproximar de Andrômeda e tentar aportar em Cervus. –

- É loucura. Navegar pela baía dos naufrágios? – questionou incrédulo. - Eu não vou condenar os meus homens aquele lugar, já falei e repito, a costa de Cervus é amaldiçoada. –

- Mas a baía dos naufrágios tem esse nome, só por coincidência, não é? – Bella perguntou.

- Não... É o lugar que mais tem naufrágios de toda Andrômeda devido as tempestades que aparecem do nada e das encostas pedregosas. Temos Tarth. – falei olhando para Jacob. – É o último porto antes de chegarmos perto da baía da água negra e consequentemente ao território de Adhara. Para chegarmos à ilha de Tarth não precisamos adentrar a baía dos naufrágios. – apontei e encarei o capitão. – Tem como chegarmos a Tarth e rebocarmos o outro barco? –

- Sim. Se os ventos ajudarem aportaremos em Tarth em no máximo dois dias, para Mensa demoraríamos quase uma semana! –

- Então mude de a rota para Tarth, e reboque o barco dos Black. – eu me levantei, trazendo o mapa comigo e enrolando, antes de devolve-lo ao capitão, e estendendo a mão para ajudar a Isabella a ficar de pé.

- Voltarei ao meu navio. –

- Tente não se matar. – alertei e ele apenas bufou. – Vem, vamos voltar para a cabine. –

...

Como o capitão supôs, em dois dias tínhamos aportado em Tarth, conhecida com a Ilha Safira, devido ao mar azul que safira que a cercava, completamente o oposto da baía dos naufrágios a qual ficava a sudoeste da ilha. Tarth era uma ilha linda, já havia me refugiado alguns dias aqui, era um bom “esconderijo” lagos, cachoeiras, montanhas altas, prados altos e vales sombreados. Quando eu vinha aqui, ninguém sequer desconfiava. Descemos um pouco no porto, para que os operários pudessem consertar os dois navios.

- Ficarei preso aqui por quase duas semanas, menos tempo torço eu. – Jacob comentou ao seu aproximar de mim e de Isabella, com Gianna ao seu lado.

- Eu ficarei preso aqui por uns dias também até reparar o casco do navio e dos homens se recuperarem, pelo menos não perdemos ninguém. As opções... – comecei olhando para Isabella ao meu lado. – Ou ficamos aqui e esperamos o navio, ou vamos a Adhara voando sobre Caraxes, chegaremos durante a noite. – sugeri e vi que Gianna olhou para o marido como se dissesse que aquela sugestão também serviria para ele, só que eles chegariam em Driftmark pela manhã do dia seguinte, já que eu havia notado um quarto dragão voando pelos céus de Tarth, e não duvidava nada de que Seasmoke, tivesse seguido Meleys até onde o seu montador se encontrava.

- Nem me olha com essa cara, mulher... – Jacob começou e minha prima começou a rir. – Eu só monto nessa coisa morto! Eu fico aqui duas semanas, um mês se necessário, mas eu não vou montar nesse dragão! – minha prima gargalhava com a resposta do marido, Jacob sempre temeu se aproximar, se quer montar, em um dragão. Jacob ainda reclamando e Gianna ainda rindo, os dois se afastaram, e eu me virei para Isabella.

- O que acha? –

- Você quer ir para Adhara hoje? – rebateu. – O que vais ficar fazendo lá enquanto espera o lorde Black voltar a Driftmark para reabastecer os navios para a guerra? Vais ficar arrumando problemas com o seu irmão e o meu pai? –

- É um esporte. – ela me olhou feio, sorrindo, eu apenas segurei o seu rosto entre as minhas mãos e lhe dei um beijo nos lábios, que a fez sorrir. – Mas tem razão. Até Jacob consertar o navio, chegar a Driftmark, reabastecer, pegar os seus homens e voltar para a guerra... Vai demorar quase um mês. Tudo bem... – afaguei a sua bochecha. – Vamos... Vamos procurar um lugar para ficar aqui pela ilha! – eu a abracei e dei um beijo no topo da sua cabeça.

Eu arrumei um quarto em uma estalagem para ficarmos enquanto o barco era consertado. Aproveitei para levar Bella até alguns lugares que eu sabia que ela iria gosta daqui da pequena ilha de Tarth. E poucos dias depois de completar uma semana que estávamos em Tarth, os dois navios ficaram prontos para que pudéssemos continuar a nossa viagem, eu e Bella para Adhara e Jacob e Gianna para Driftmark, eu tinha marcado de me encontrar com ele amanhã em Driftmark, pois antes de partirmos para Stepstones, eu iria com Alec até Mensa atrás de alguns mercenários, já que Carlisle não estava disposto a cooperar, nós tínhamos que recorrer a mercenários.

Quando o navio atracou no porto de Adhara, não foi nenhuma surpresa ver o olhar de espanto ao me ver saindo no navio no inicio da tarde e o espanto ficou pior ainda ao verem e reconhecerem Isabella ao meu lado. Isabella foi comigo até o fosso, com o meu cavalo, que estava dentro do navio, para que pudéssemos deixar Caraxes e Tessarion no fosso, já que eles não iriam sozinhos, principalmente Tessarion, que provavelmente tinha se desacostumado a ficar presa no fosso.

Os guardiões ficaram assustados ao ouvir o rugido de Caraxes, quando ele pousou, provavelmente não esperava vê-lo tão cedo. Eu e Bella, ainda montados em meu cavalo, com Isabella tendo o queixo apoiado em meu ombro, estávamos parados na entrada do fosso, um lugar onde tanto os dragões quanto os guardiões conseguissem nos ver. Quando Tessarion pousou, eu notei a surpresa nos olhos deles, eles não esperavam que ela pudesse ter crescido tanto assim em dois anos. Caraxes entrou no fosso sozinho, ele estava acostumado, mesmo que passasse temporadas livre, uma maior parte de sua vida foi presa no fosso, já Tessarion estranhou os guardiões que se aproximaram dela, e relutou em entrar no fosso, e eu ouvi um suspiro de Bella, próxima ao meu ouvido, e eu apenas lhe afaguei as costas das mãos para acalma-la.

Com os dragões no fosso, eu esporrei o cavalo para voltar para a fortaleza vermelha, era um dos caminhos mais conhecidos por mim. Eu cruzei toda a cidade até chegar à fortaleza e parar o cavalo no meio do pátio central, em frente a enorme escadaria. Eu notava, enquanto ajudava Bella a desmontar do cavalo, os olhares dos soldados, criados e morados do castelo, que olhavam para mim como se tivessem visto uma assombração. Isabella estava um pouco desconsertada, eu não sabia o que ela tinha feito com o discurso que semanas atrás, onde ela dizia que tinha que mais cedo ou mais tarde ela teria que enfrentar o povo de Adhara devido as decisões que ela tinha tomado. Pelo visto, ela não estava pronta para enfrentar ninguém, se ela estava assim ao ver pessoas insignificantes em sua vida, queria nem imaginar quando ela estivesse cara a cara com o seu pai.

- Bella! – nós dois ouvimos a voz de Rosalie. Ela estava parada no topo da escadaria com o seu pai e Charlie ao seu lado. Ao ver a amiga, eu notei que a expressão facial e corporal de Isabella mudou, foi como se todas as outras pessoas tivessem sumido da sua volta. Rose, levantou um pouco a saia do vestido e desceu a escadaria o mais rápido possível, se jogando no colo da amiga, e fazendo as duas quase caírem não chão, se não tivesse sido por mim, e por outro guarda se aproximou rápido. Elas não pareciam se importar com o fato de quase terem caído no chão, já que elas riram completamente. – Você voltou! – Rosalie abraçava a amiga com força, quase que a sufocando.

- Até parece que você não fez chantagem emocional. – brincou Bella, ainda rindo, quando Rose desafrouxou o abraço.

- Fiz mesmo! – admitiu. – Olá tio. –

- Oi princesa. – ela se afastou um pouco da amiga para que pudesse olhar para nós.

- Esses anos nas ilhas fizeram bem a vocês em... Levem-me na próxima vez. – comentou e Bella riu, quando a amiga se pendurou em seu pescoço, a abraçando forte de novo.

- Olha quem voltou! – Carlisle e Charlie desceram as escadas lado a lado, e foi palpável a mudança de comportamento de Bella, que voltara a ficar receosa, com a presença de seu pai, ela mal conseguia olhar para o pai. – Preciso concordar com a minha filha, a ilha fez bem aos dois! – ele tinha duas mãos atrás costas. Charlie estava imóvel e em silêncio, e não tirava os olhos da filha, só que ao contrario do que havia sido há dois anos, o que eu encontrava nos olhos de Charlie era a expressão de alivio ao ver Isabella ali. – Olá meu irmão... Isabella. –

- Olá majestade! –

- Irmão... – disse simplesmente e meu irmão passou a encarar Charlie, que continuava imóvel.

- Pare de se fazer de difícil homem! – Carlisle ralhou com o amigo. – Você ficava todo dia perturbando porque não tinha notícias dela! Vai falar com a sua filha. – meu irmão empurrou Charlie na direção de Isabella.

- Oi Bella. –

- Oi pai. – ela falou quando Rose a soltou. Charlie puxou a filha para um abraço, que prontamente retribuiu o abraço apertado e ele afundou a cabeça nos cabelos soltos da filha.

- Você está bem? –

- Estou ótima, papai! –

- Eu não disse que iria trazê-la de volta inteira? – perguntei provocando e ele me encarou com raiva.

- Amor. – ela me recriminou, ao afastar a cabeça do peito do pai e me encarou, e eu apenas ergui as mãos em rendição, até porque eu sempre me rendia para ela.

- Amor? Que fofo! – Carlisle ironizou e eu ignorei.

- Eu preciso falar com você. – falei com o meu irmão. – E, infelizmente, com você também. – falei encarando Charlie e Bella me olhou feio de novo, já Charlie, apenas assentiu, ele provavelmente desconfiava o motivo da conversa.

- Então, enquanto vocês conversam... Eu vou sequestrar a minha amiga. – Rose disse simplesmente, e tampouco deu tempo de alguém falar qualquer coisa, e segurando a mão de Isabella, ela a puxou para dentro do castelo. – Eu quero saber de tudo. Absolutamente tudo! –

- Você precisa ver como Tessarion cresceu nesses dois anos! – ouvi Bella comentando enquanto subia as escadas ao lado de Rosalie, e foi quando eu entendi o que ela tinha dito, que enquanto eu estivesse fora, seria como era há três anos, quando ela vivia para cima e para baixo ao lado de Rose. Eu tinha a certeza de que ela não ficaria sozinha.

- E por falar em Tessarion... – Charlie se prostou a minha frente. – Que ideia idiota e absurda foi essa de dar um dragão para a minha filha? – questionou com raiva.

- A ideia foi da princesa! – disse simplesmente. – Apenas concordei. Quer satisfação sobre isso? Pergunte a quem permitiu. – falei apontando para o meu irmão, fazendo com que Charlie olhasse confuso para ele, que arrumava um jeito de se esquivar da minha denúncia. Charlie não sabia que nenhum ovo saía do fosso sem a permissão do rei? – Agora, quem pergunta aqui sou eu. Que ideia absurda é essa de recusar apoio a Jacob na guerra contra a Triarquia? –

- Você voltou por causa disso? – rebateu irritado.

- Ele foi atrás de mim em Walano, me obrigando a colocar Isabella em um risco tremendamente desnecessário para termos que passar por Stepstones, por causa disso, além do fato, é claro, de que Alec foi junto com um pergaminho, um tanto quanto, peculiar de sua filha, contando que você pretende se casar com a filha do Strong. Esse casamento é sério? O que se passou na sua cabeça por aceitar isso sabendo de tudo o que eu já falei contra ele? –

- O que você falou sobre ele é irrelevante. Olha o tanto que você falou sobre Charlie nos últimos anos e olha só... Está casado com a filha dele! – rebateu.

- Graças aos Deus, ela não se parece com o pai em praticamente nada! – Charlie me olhou furioso. – E não podemos dizer o mesmo quanto aos filhos do Larry. Eles são a copia mal feita do pai! – ele apenas suspirou.

- Vamos... Vamos conversar sobre isso em outro lugar. Vamos para a sala do pequeno conselho... – pediu. – Venha Charlie. –

Nós subimos as escadas, comigo andando atrás dos dois, e conforme trilhávamos o caminho até a sala do pequeno conselho, eu ia recebendo olhares acusadores dos moradores do castelo, ao mesmo tempo em que olhavam confusos para o fato do Hightower estar andando com uma aparência tão calma a pouquíssimos passos de mim, eles provavelmente estavam esperando que Edward estivesse com as mãos em volta do meu pescoço, me esganando até a minha morte, e com meu irmão o apoiando.

Entramos na sala do pequeno conselho e um valete veio correndo logo atrás. Ele servia três taças com vinho enquanto assumíamos os nossos lugares. Meu irmão sentou-se a ponta da mesa, Charlie em seu lado direito e eu na cadeira ao seu lado esquerdo, a qual eu ainda não sabia se era minha, mas eu não me importava se ela ainda era minha ou não, no momento. O valete colocou as taças as nossas frentes e deixou uma jarra cheia no meio da mesa, e saiu, deixando-nos nós três sozinhos. Peguei a minha taça de vinho, fazendo uma careta ao sentir o vinho mais suave do que eu bebia nos dois últimos anos.

- Desde quando faz careta ao beber o melhor vinho de Andrômeda? – meu irmão questionou.

- Desde quando eu estava acostumado com um vinho mais forte de Walano. – rebati. – E eu não vim até aqui para conversar sobre o meu gosto por vinhos. – ele suspirou por eu voltar ao assunto. – Qual é o seu problema? Sabe que o vovô sempre quis acabar com a Triarquia, e agora que você tem a chance de acabar com ela, por que está dando para trás? –

- Eu não vou arrumar briga com as Cidades Livres de Saggita. – ele bateu a mão na mesa, e foi quando eu notei que ele usava luva de couro apenas na mão esquerda. – Eu não quero que elas venham para cima de nós. Eu governo um reino que está há mais de dez anos em paz, não vou arrumar uma guerra logo agora. –

- Qual é a dificuldade que você tem de entender que acabar com a Triarquia é benéfico para todo mundo? Principalmente para você! – ele abriu a boca para falar. – Pelo que soube pela boca de Jacob essa guerra está acontecendo há quase um ano, e em momento algum você ou Rosalie comentaram isso em nenhum dos corvos que mandaram. Iria esperar eu voltar com a Bella e ter o navio naufragado por eles para descobrir? – perguntei furioso. – Pois então, meus parabéns, meu irmão, o meu navio quase foi naufragado. – eu virei a minha atenção a Charlie. – E caso isso acontecesse, a culpa seria dele pelo que aconteceria com a sua filha! –

- Nada iria acontecer com a minha filha, alteza, caso ela estivesse onde ela deveria estar, que é na casa dela. –

- Casa dela, Charlie? – eu me aproximei da mesa, apoiando os meus dois braços sobre a madeira. – Vamos então chamar Isabella aqui e você pergunta qual é a casa dela, já que eu ouvi da própria Isabella, que ela nunca viu Adhara, e tampouco Oldtown, como a casa. –

- Nós não estamos aqui para falar sobre a minha filha, alteza. – apontou. – Até porque, por mais que já tenham se passado dois anos, eu ainda não me acostumei, e ainda não aceito esse casamento. –

- Você não tem que aceitar nada! – disse simplesmente me encostando no encosto da cadeira.

- E por falar em casamento... Se eu me lembro bem, vocês dois saíram daqui com ela grávida. Cadê o meu neto? –

- Não tem neto. Nunca houve. E ele sabia! – apontei para o meu irmão.

- Eu só soube depois... Não vem me meter nos problemas que você arruma! –

- Incrível. Menos de dois dias que a minha filha passou com o senhor naquela época, e ela se tornou uma bela de uma mentirosa! – acusou bebendo outro gole de seu vinho.

- Quer falar de mentiras, Charlie? Então tá, quando você vai contar a verdade aos seus filhos sobre o jeito que a mãe deles morreu? – Charlie me olhou furioso.

- Já chega! – Carlisle apartou a briga. – Enquanto você não tiver provas que a morte de lady Renée foi um acidente, esse assunto não será tratado dentro desse reino. Então, não será ele quem vai proibir isso, sou eu, você está terminantemente proibido de comentar sobre isso com Isabella e com o Mike. Me ouviu? – Carlisle perguntou olhando com raiva para mim.

- Acha mesmo que eu vou fazer isso com a minha esposa? – rebati entre os dentes. – Deixe-a pensar que o pai dela é um santo! –

- Edward, não vou mandar você parar de novo! – ele falava sério.

- Eu não voltei a Adhara para tratar sobre isso, e nem por causa de seu casamento. Eu vim para resolver um problema que você não tem culhões para resolver, e me faz sair da puta que pariu para fazer o que você nunca teve coragem! –

- Ninguém aqui te chamou para acabar com a Triarquia. – ele falou entre os dentes.

- Jacob, me chamou! –

- Jacob está insatisfeito por eu ter recusado o casamento com Jane e quer arrumar qualquer pretexto para se rebelar e... –

- Se rebelar? Desde quando acabar com o maior problema que está bem perto de suas encostas é um ato de rebelião? Rebelião seria se ele declarasse Driftmark um reino independente onde Gianna seria a rainha. O que, meu irmão, sinto em lhe informar, que eu não duvido nada, que ela teria culhões suficiente para ir, ela própria, atrás da Triarquia. Porque, pelo que vejo, você jamais vai honrar as calças que veste! –

- Edward... –

- Alteza... Majestade... Vamos nos acalmar e manter o decoro. – Charlie pediu tentando acalmar a situação. – Releve a ira do vosso irmão, majestade, ele está há meses preso dentro de um navio, e deve estar exausto e estressado com a viagem! Verás que quando ele tiver uma boa noite de sono, em uma cama, que não balança, ele verá com mais clareza os vossos motivos para não entrar em guerra no momento. –

- Então trate de ir dormir e se acalmar. Não se esqueça que eu posso ser o seu irmão, mas eu continuo sendo o seu rei! Não é só porque ficou dois anos fora da ilha que essa situação mudou! –

- Você não vai mudar nunca! Nunca! – reclamei, me levantando de supetão. – Quando a merda toda estourar na sua cara, não venha me chamar para resolver o seu problema, como você sempre fez! – eu me afastei da mesa para deixar a sala.

- Edward. – a voz do meu irmão me fez parar, quando eu tentei sair da sala, mas eu não me virei. – Se você se juntar a essa investida do Serpente Marinha, e sobreviver, nem precisa voltar, pois se você passar pela aquela porta, você vai sair por ela, dois segundos depois, isso se eu mesmo não lhe cortar a cabeça! – ameaçou. – É uma ordem do seu rei, não do seu irmão, eu lhe proibido de voltar a Stepstones! Quer ficar em Adhara, será bem-vindo. Quer pegar a sua esposa e ir para qualquer lugar, sinta-se à vontade, mas você está proibido de ir para Stepstones! –

Ignorei o que o meu irmão havia dito e saí da sala, mal a porta se fechou atrás de mim, e eu a ouvi se abrindo novamente, e passos vindo logo atrás. Era só que me faltava, meu irmão vindo atrás de mim para continuar com a “discussão”, mas ao me virar para confronta-lo, pois eu não me importava muito com o fato de ele ser o rei, e dei de cara com Charlie.

- Alteza... – ele se aproximou de mim, com as mãos atrás das costas, e falando baixo. – Suponho eu, que conhecendo-o bem, que o senhor aceitou a proposta de lorde Black e irá a guerra contra a Triarquia. –

- Eu disse a ele que iria conversar com a minha esposa, porque uma coisa que eu não queria de jeito nenhum deixa-la sozinha aqui. – apontei apoiando as minhas mãos no pomo da irmã sombria. – Mas ela meio que pediu para que eu fosse achando que comigo e com Caraxes, a guerra acabaria mais rápido, ou então que o meu irmão mudasse de ideia. –

- Bom, eu sou obrigado a concordar com a minha filha. Tenho inúmeros problemas com o senhor, mas não posso negar que eis um dos melhores guerreiros de Andrômeda. – comentou e eu sabia que era a contragosto. – E Isabella, o que pretende fazer com ela? –

- Deixar aqui, com Rosalie, mesmo eu não gostando muito dessa ideia. – expliquei. – Uma coisa que ela disse, e espero eu, que ela tenha razão, de que você não vai fazer nada com ela, e agirá do modo que eu penso que agirá caso alguém tente deixa-la desconfortável, ou algo do tipo. E não é só porque ela é sua filha, mas sim porque você sabe que eu mato você se fizer algo contra ela. –

- Eu jamais machucaria a minha filha. – disse entre os dentes.

- E como foi essa história de Carlisle querer se casar com a Jéssica? – mudei de assunto.

- Parece que um tempo depois que a rainha morreu, o lorde Strong enviou a filha para fazer companhia ao rei, ele jura que ela nunca dormiu com ele, apenas fazia companhia, conversando. O conselho começou a pressionar para que ele se casasse e tivesse um filho homem, e desistisse da ideia de colocar Rosalie ao trono, mesmo tendo feito todo o reino jurar lealdade. – suspirou. – Todo mundo do pequeno conselho, o aconselhou a desposar a Jane Black, e no final, para surpresa de todos nós, menos do lorde Strong, óbvio, ele escolheu a filha do Strong. Gianna está furiosa! – comentou, ela não parecia furiosa enquanto estava conosco por Stepstones, e na ilha de Tarth, ou então ela sabia separar as coisas, e sabia que eu não tinha nada a ver com as decisões de Carlisle. – Se mudou com a família, e parece de vez, para Driftmark. –

- Não apoia esse casamento? – ele balançou a cabeça negando.

- Sinto que, se o rei tiver um filho com a descendência dos Strong... – ele suspirou. – Problemas enormes vão acontecer, porque Larry não vai aceitar a princesa Rose no trono, mesmo o rei já tendo garantido que, mesmo tendo cinco filhos homens com Jéssica, não irá mudar a linha de sucessão! –

- Eu quero que você me prometa uma coisa. Se a Bella descobrir que está grávida, você vai me avisar, quando estiver perto do bebê nascer! Eu prometi a ela, que eu iria ficar do lado dela durante o parto, e eu pretendo cumprir a minha promessa. Pois, graças a você, que contou como Esme morreu, ela estava, mais imagino que ainda esteja amedrontada com um parto. – ele passou a mão pelo rosto, e apenas assentiu.

- Não se preocupe! Como disse, continuo odiando o fato de você ter se casado com a minha filha, mas eu não quero que ela sofra por sua causa, por nenhum motivo que seja! –

- Ótimo. Eu preciso, realmente, dormir, fiquei de me encontrar com Jacob amanhã em Driftmark, para que pudéssemos ir atrás de homens. – ele assentiu, e eu apenas me virei, caminhando para o meu antigo quarto.

Eu desconfiava que Bella ainda estivesse com Rosalie, mesmo que já tivesse anoitecido, e já fosse tarde, então fazendo um pequeno desvio de caminho, eu segui primeiro para o quarto da princesa. O guarda não estava na porta, e ele não deveria ter saído dali, mas de qualquer forma, eu me aproximei da mesma para que pudesse bater na mesma.

- Espera. – a voz de Rosalie, vindo de dentro do quarto me fez parar quando eu tentei bater na porta. – Você não contou a ele que perdeu o bebê? – eu olhei atônito para a porta. Que história era essa?

- Eu não tive coragem! – ouvi a voz de Bella logo em seguida. – Demorou para que eu conseguisse assimilar o que tinha acontecido! –

- Mas, Bella, você sequer chegou a desconfiar que estava grávida? –

- Não! Eu não senti nada, absolutamente nada! – eu conseguia ouvir a voz de Bella do outro lado da porta e apoiei a testa na madeira, em completo silêncio. – Eu só descobri quando eu perdi o bebê! Então, eu comecei a pensar, para que eu iria contar a ele? Ele não precisava saber! Depois de eu ter perdido a minha mãe, o pior sentimento que eu senti, foi olhar nos olhos do seu tio, e mentir para ele, falando que eu estava bem e que aquele sangue todo era apenas menstruação que havia descido, enquanto eu estava sentindo dor! – suspirei. Eu sabia que o que tinha acontecido há um pouco mais de seis meses não era nada de mais, como ela tinha garantido, eu tinha a certeza disso, mas jamais havia me passado isso pela cabeça.

- Meu tio nunca desconfiou? –

- Eu tenho certeza de que ele desconfia até hoje, que eu tenha mentido sobre o sangue ou a dor, mas não sei se em algum momento passou na mente dele, que poderia ser um filho que eu estava perdendo. – elas ficaram em silêncio por alguns segundos. – Só que, antes de deixarmos a ilha, ele veio falar comigo, querendo que eu prometesse, que caso eu descobrisse que estava grávida, era para lhe enviar um corvo quando estivesse perto de entrar em trabalho de parto, porque ele quer ficar perto de mim. eu não entendi porque ele trouxe esse assunto do nada, desde o casamento, nenhum de nós dois tocamos no assunto de filhos! –

- Simples! Ele não vai estar aqui para ver se você vai sentir alguma coisa, e na guerra, ninguém iria contar nada a ele, e mesmo ele fazendo todo mundo prometer que vai avisa-lo, ele sabe que as chances de realmente chegar quaisquer notícias quanto a isso, são pequenas, porque sabem que se ele deixar a guerra, é pior! –

- De qualquer forma, eu espero que essa porcaria acabe rápido! – ouvi passos se aproximando do corredor, e ao virar a cabeça eu vi que o escudo juramentado de Rosalie, se aproximava da porta, e eu apenas respirei fundo para me recompor e bati a porta.

- Entre. – ouvi a voz de Rosalie, e eu abri a mesma, ficando parado debaixo do batente da mesma. – Oi tio. – falou sorrindo, como se ela e a amiga não estivessem falando nada demais a pouquíssimos segundos. Rosalie estava sentada no meio da cama, com as costas apoiadas na cabeceira da cama, e Isabella deitada próxima a beirada da cama, com os pés no chão, e o que mais espantava era a calma com que Isabella me olhava.

- Oi princesa. – respirei fundo de novo, para continuar. – Ainda tem mais para conversar ou quer passar a última noite comigo antes de eu ir embora? – perguntei a Bella, ela apenas levou a cabeça um pouco para trás, para olhar a amiga sorrindo.

- Eu te vejo amanhã. – também sorrindo, Rose se desencostou a cabeceira da cama e deu um beijo na testa de Bella.

- Até amanhã. – Bella se levantou da cama, e caminhou, calmamente, para perto de mim. Quando eu fechei a porta, após ter passado, o escudo juramentado já tinha assumido o seu posto, e Bella parou no meio do corredor me encarando.

- Você está bem? – perguntou. Como eu estaria depois do que eu acabei de ouvir? Pensei, mas apenas balancei a cabeça assentindo.

- Discuti com o meu irmão. – comentei, passando o braço por sobre os seus ombros e a trazendo para perto do meu peito. – E eu também não quero deixar você! – emendei dando um beijo em sua testa.

- Eu vou ficar bem, meu amor! – comentou abraçando a minha cintura. – Vai ver que essa guerra vai acabar rápido e não vai demorar muito e você vai estar aqui comigo de novo. –

- Espero! – eu a abracei forte, dando-lhe outro beijo, só que dessa vez, no topo da sua cabeça.

- Comandante. Que bom em revê-lo. – nós fomos parados por Calleb, assim que chegamos à porta do meu quarto, como se ele estivesse me esperando ali, e ele parecia bem feliz em me ver, uma reação um pouco rara que eu causava nas pessoas. – Boa noite lady Isabella. -

- Olá Calleb. Eu não sou mais o seu comandante. –

- O senhor sempre será o comandante dos Mantos Dourados, até porque o vosso irmão em dois anos não colocou outra pessoa no cargo, esperando o senhor voltar. – comentou e eu apenas balancei a cabeça sorrindo.

- Deseja algo? –

- Preciso falar com o senhor. –

- Me espera lá dentro? – perguntei olhando a Bella, que apenas assentiu. – Eu já entro. – tirei o meu braço de cima de seus ombros e ela entrou no quarto, e eu apenas apontei com a cabeça, para o final do corredor. – Diga. –

- Imagino que a vossa volta, seja em decorrência da investida do Serpente Marinha contra Stepstones. – apenas assenti. – Ótimo. Os mantos dourados desejam se juntar a ela. –

- Eu não posso levar vocês, Calleb. – disse simplesmente. – Vocês servem a coroa, e o meu irmão acabou de me proibir de ir. Algo que eu não ligo, eu assumo as consequências dos meus atos, mas eu não posso permitir que vocês se fodam por causa disso! Até porque eu preciso de vocês na cidade. –

- Para que? –

- Deixa-la segura! Espero que nesses dois anos o número de crimes tenha diminuído. –

- Na verdade, alguns subiram de novo, alteza, depois que o senhor deixou Adhara, o povo achou que nenhuma outra carnificina iria ocorrer novamente, estamos tentando agir o máximo possível de suas ordens, sem causar outro banho de sangue, já que o próprio rei, nos disse que caso aquilo se repetisse novamente, ele mesmo empunharia a espada, que nos deceparia. – explicou.

- Então eu quero que vocês deixem a cidade segura para a minha esposa e minha sobrinha. Não precisam fazer uma carnificina. – suspirei. – Eu tenho uma missão para você, e se achar que é demais, pode colocar alguém de confiança para lhe ajudar, mas não quero que espalhe aos quatro ventos. –

- Estou ouvindo. –

- Eu quero você de olho vivo em minha esposa. Se ela deixar o castelo, eu quero que você vá atrás dela, ela indo com a princesa ou não, ela indo com o pai ou não. Ela indo com a reencarnação da Mãe, eu quero você atrás dela! – ele apenas assentiu. – Se alguém tentar fazer alguma coisa a ela, ou a minha sobrinha, tens a minha permissão para matar o desgraçado se julgares necessário, e se o caso chegar aos ouvidos do meu irmão, diga apenas que foi uma ordem minha e que quando eu voltar eu me acerto com ele. –

- Sim senhor... –

- E outra coisa. – eu me aproximei mais dele, para que ninguém mais ouvisse. – Ela sabe sobre as passagens secretas! – ele apenas assentiu, ele era umas das poucas pessoas a quem eu tinha contado. – Eu imagino que ela não irá deixar o castelo por elas, mas de qualquer forma, fique de olho na saída das passagens! –

- Sim senhor. –

- Caso ela saía. Deixei-a fazer o que bem entender, obviamente, tomando conta dela e evitando que algo aconteça, caso veja que algo de ruim possa acontecer, intervenha e aja como se apenas estivesse fazendo uma ronda pela cidade! – ele apenas assentiu. – Isabella me conhece o suficiente e vai desconfiar que eu coloquei os Mantos Dourados de olho nela, mas de qualquer forma, não quero que ela veja vocês! –

- Entendido senhor, não se preocupe! –

- Ótimo! Boa Calleb... Foi bom rever você também! – ele assentiu sorrindo e deixou o corredor e eu entrei no quarto.

Isabella estava sentada na ponta da cama, alguns baús tinham chegado e sido postos ao meu quarto, mas eles estavam abertos, ela tinha mexido e procurado pelas coisas dela, mas haviam trazido apenas os meus pertences ao meu quarto, provavelmente levando os dela, para o seu antigo quarto, achando que ficaríamos sozinhos. Uma batida soou na porta e ao abrir, era uma criada com uma enorme bandeja de comida, dizendo que o lorde Hightower havia pedido para que trouxessem algo, obviamente por causa da filha dele, por ele, eu poderia morrer de fome, disso eu tinha certeza, e ao mesmo tempo em que a criada chegou, o meu antigo valete, também se aproximou para tomar-lhe o seu antigo posto. Avisei aos dois que as coisas de Isabella eram para serem levadas ao meu quarto, já que permaneceríamos dividindo o quarto, quer dizer, a menos que, em quanto ela estivesse fora, ela quisesse voltar ao seu antigo cômodo, algo que ela rapidamente negou!

Com as ordens dadas, a criada foi embora, avisando que já tinha deixado também a tina cheia para um banho. Comemos um pouco e após um banho, Bella vestiu uma roupa minha, para que pudéssemos ir para a cama. E bem lento, como se eu quisesse fincar cada parte, cada centímetro, do corpo de Isabella em minhas mãos, boca e em meus pensamentos, nós fizemos amor, um amor com gosto de despedida, mas que eu esperava que essa despedida durasse pouco tempo, para que eu pudesse tê-las em meus braços de novo. Bella adormeceu bem rápido, com a cabeça contra o meu peito e o com o deslizar das pontas dos meus dedos pelas suas costas. Já eu, havia demorado bastante para conseguir pegar no sono, já que toda vez que eu tentava fechar os meus olhos, eu lembrava das falas de Bella para minha sobrinha a pouco, contando que havia perdido o nosso filho!

No dia seguinte, eu iria sair bem cedo de Adhara com Caraxes para ir, primeiro a Driftmark, por mais que o meu irmão tenha me proibido de ir, eu iria do mesmo jeito, portanto eu tinha que sair antes que todos, principalmente ele, acordassem. Bella insistia em ir comigo até o fosso, e para que ela não fosse até o antigo quarto atrás de um vestido, eu mesmo fui, e após ter se vestido seguimos até onde o meu dragão estava, com alguns guardas dos mantos dourados, incluindo o próprio Calleb, junto.

Bella ficou segurando o meu elmo entre as mãos, enquanto eu mesma ia para dentro do fosso em busca do meu dragão. Caraxes estava agitado enquanto esperava para que eu montasse nele, parecia que ele sentia a batalha se aproximava, e ele também estava ansioso por ela. Para me despedir, abracei a cintura de Bella, tomando cuidado para não lhe machucar com as pontas da minha armadura, e ela me deu um beijo calmo e lento. E me fazendo prometer que eu voltaria inteiro, bem, vivo e logo para casa, ela pôs o elmo sobre a minha cabeça.

Eu a abracei mais uma vez e olhei direto para Calleb, e tentando ser o mais discreto possível, apontei, com os meus dedos – indicador e médio – para ele, logo em seguida para os meus olhos, e por fim para Isabella, lembrando-o que era para ele ficar de olho nela, e ele apenas mexeu a cabeça assentindo. Beijei-lhe os lábios mais uma vez, e meus braços se recusavam a solta-la, mas eu obriguei a largar o seu corpo quente, e me aproximei de Caraxes, que apenas deu alguns passos na direção de minha esposa, encostou delicadamente a sua enorme cabeça contra a dela, como se também se despedisse, e como sempre, soltou uma bufada de ar quente contra o rosto de Isabella, fazendo-a rir mais uma vez.

Ela deu uns bons passos para trás e eu puxei as rédeas de Caraxes para fazê-lo alçar voo, e para se proteger do vento forte que as asas do dragão faziam, ela virou o rosto, e não demorou muito e ele alcançou a imensidão do céu, que começava a clarear, com o sol que começava a nascer, enquanto eu guiava o meu dragão para Driftmark, e para a primeira parte dessa guerra!

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