Adhara – Continente de Andrômeda –110 Depois da Conquista.
Pov. Bella.
No dia seguinte ao acordar, não foi nenhuma surpresa dar de cara com Calleb parado me encarando na porta do celeiro, e não foi nenhuma surpresa eu ouvi-lo rindo quando eu bufei reclamando por ele estar ali. Não queria perder os seus olhos... Daqui a pouco seria eu, quem os arrancaria e não Edward! Resmunguei fazendo-o rir mais ainda.
Calleb me ajudou a levantar e eu me despedi de Tessarion, falando que em pouco tempo eu viria solta-la assim que eu me trocasse e comesse algo, eu estava faminta, já que não havia comido nada na noite passada. O guarda me acompanhou até o meu quarto, e eu entreguei a ele as mensagens, deixando bem claro qual era qual, e com um aviso, de que John assumiria o posto, ele foi envia-las para mim.
Tomei um banho e comi algo mesmo dentro do quarto, ainda não me sentia bem e nem disposta a encontrar com a minha tia, o máximo que eu pudesse evitar ainda seria pouco. Ao ter terminado de comer, e com John em meu encalço, eu voltei para o celeiro para soltar Tessarion, eu não havia notado que minha tia estava com os pais da noiva de Mike passando pelo pátio das armas, quando o belíssimo dragão azul saiu com toda uma delicadeza de dentro do celeiro.
- Que animal abominável! – cuspiu ela. A senhora é mil vezes pior! Reclamei em pensamento.
- Vamos voar, menina? – perguntei e ela silvou alegremente. Ela estava feliz por estar solta e de poder voar livremente todos os dias.
Tessarion sacudiu as suas asas e deu alguns passos para frente, obrigando a mim e a John que nos afastássemos para que ela pegasse impulso para alçar voo. O olhar da minha tia era de pura repulsa, já os dos senhores Webber, esses eu não sabia identificar direito, acreditava que era a primeira vez que viam um dragão, principalmente de tão perto.
- Bella. – ouvi a voz de Mike me chamando, e eu apenas me virei para ver de onde ele vinha.
- Sim? –
- Vais fazer o que agora? –
- Irei para a campina, a oeste do Honeywine, para ficar de olho em Tessarion. Por que pergunta? –
- Quero conversar com você! –
- Irmão, se for sobre o que aconteceu ontem... Eu peço desculpas por não ter comparecido e... –
- Eu já sei o que a nossa tia fez, não se preocupe. Nem eu quis permanecer naquele jantar depois do ocorrido! – ele suspirou. – De qualquer forma, não tivestes a oportunidade de conhecer a sua futura cunhada! –
- Se ela for igual a nossa tia, eu nem quero! – brinquei e ele riu.
- Ela é igual a você! O que significa que eu terei problemas. Achei que com os casamentos, eu iria me livrar de você e dos problemas que você me colocava, mas eu encontrei uma esposa igual a minha irmã! – eu apenas sorri para ele. – Vai para a campina, eu te encontro lá daqui a pouco! – eu apenas assenti para ele. – Mas queria lhe apresentar a nossa casa antes de voltares a Adhara. –
- Perdoe-me, meu irmão, mas... – suspirei. – Eu não vejo Hightower como minha casa! E infelizmente, tampouco Adhara! Acredito que o único lugar que eu me senti bem em todos os âmbitos, foi nas Ilhas de Verão, e não digo isso apenas porque Edward estava comigo, mas sim porque aquele lugar, foi basicamente o único lugar que eu me senti aceita completamente! – ele apenas assentiu com a cabeça cabisbaixo. – Mas de qualquer forma eu vou adorar o passeio! – os seus lábios se ergueram em um sorriso enorme. – Te encontro daqui a pouco na campina. – ele assentiu e se afastou.
- Como desejas ir até a campina, alteza? Queres ir a garupa, ou que eu arrume um cavalo manso para a senhora, ou então a carruagem? –
- Eu não trouxe a minha roupa de montaria, John, e acho um pouco perigoso eu montar de vestido em um cavalo sozinha. Portanto, na vossa garupa. Nada de carruagem! –
- Pegarei o cavalo. – eu assenti e ele se afastou.
Já estava quase na hora do almoço, e eu não sentia vontade para voltar ao castelo. Aquela brisa fresca que chacoalhava levemente o topo das árvores e as gramas mais altas estava tão gostosa, além do sol que beijava delicadamente o meu rosto, e o cheiro das flores da lua, flores que só nasciam na região de Cygnus, era maravilhoso. Eu havia me livrado de meus sapatos e deitado na relva, debaixo do sol, por um pequeno momento me lembrava de Walano, a não ser pela falta do barulho das ondas do mar, mas me fazia feliz tão lembrança. Volta e meia eu sentia o vento causado pelo bater das asas de Tessarion, que intercalava o seu tempo entre voando sobre o céu azul, ou parada e pousando ao meu lado.
- Bella. – os meus olhos se abriram imediatamente ao ouvir a voz de meu irmão me chamando. Eu me sentei contra a relva e vi que ele se aproximava com uma mulher, a mesma que estava de braços dado com a minha tia noite passada. – Pelos deuses, não acredito que estais deitada nesse mato. –
- Lembro-me das Ilhas. – respondi sinceramente quando eles se aproximaram. – A brisa fresca, o cheiro de flores e o sol leve... Se tivesse o som das ondas do mar seria perfeito. – expliquei ficando de pé, com a ajuda de sua mão. Eu olhei em volta, a procura do guarda que havia vindo comigo, John estava sentado, ao lado do seu cavalo, na sombra de uma enorme árvore, entre as raízes da mesma, e com os olhos bem presos em mim. – E essa? – questionei voltando a atenção para a mulher que tinha os braços dados ao meu irmão.
- Bella... Essa aqui é a dama de quem lhe falei. Minha irmã, essa é a minha noiva Ângela Webber. Ângela, essa é a minha irmã, Isabella. –
Ângela era uma garota bonita, aparentemente, ela não era nada parecida comigo, provavelmente era mais no quesito personalidade. Ângela era bem bonita, e mais alta do que eu, tinha os cabelos castanhos escuros que caiam escorridos até o meio de suas costas, com o sol batendo em seu cabelo, era notável algumas nuances de cor de mel em algumas mechas. Os seus olhos eram grandes e gentis, com sobrancelhas grosas que lhe ajudavam a emoldurar o rosto, junto com os lábios, carnudos e rosados.
- É um prazer alteza, Mike fala muito da senhora. –
- Por favor, não me trate assim. Prefiro ser tratada como uma pessoa normal. – pedi. – Eu lhe vi noite passada, de braços dados com a minha tia. – comentei.
- Sinto muito pelo o que ela falou, jamais imaginaria que um familiar desejasse algo desse tipo a própria família. – eu apenas suspirei.
- Ângela já havia sentido um gostinho de como a nossa tia era antes do casamento, ela nem estranhou! – dei de ombros, não tinha o que falar.
- Espero que os comentários de meus tios noite passada, não tenha, de algum modo, prejudicado o casamento de vocês dois. –
- Não. – ela respondeu. – Está tudo bem! A verdade é que, meus pais não entendem que eu gosto do Mike de verdade, e o meu pai acredita que o meu casamento seja benéfico para a família, mesmo o vosso pai não gostando do príncipe, e mesmo depois de tudo o que está acontecendo! –
- Imagino. Eu mesmo falei para o meu pai quando ele recusou o meu casamento com o príncipe Edward insistindo em me casar com o filho do lorde do Norte... Eu falei que era muito mais vantajoso ele me casar com um príncipe do que com o filho de um lorde esquecido pelos deuses. Como ouvistes ontem, não adiantou, então eu fugi! –
- Espero que o seu casamento faça com que eu ganhe a revanche que ele me deve a anos! – Mike comentou rindo.
- Irmão... Desiste! Sabes muito bem que o Edward não gosta de perder! –
- Mas agora ele é meu cunhado! – rebateu ainda rindo e Ângela soltou uma risada.
- Vosso irmão é inacreditável... – eu lhe acompanhei na risada. – Alteza, Mike me contou que a senhora tens um dragão... – comentou animada.
- Sim... E se a senhorita me chamar de senhora ou de alteza de novo, eu vou fazê-la devorar a senhorita! – ameacei sorrindo e Mike riu da minha ameaça.
- Perdoe-me. – pediu sorrindo.
- Eu vou chama-la. – eu desviei os olhos para ela, encarando o céu azul e procurando pelo dragão azul, que voava no céu azul. Eu assobiei para o céu e em poucos segundos eu ouvi o silvo de Tessarion. Ela ficou planando por cima de nós, até finalmente aterrizar ao meu lado. – Oi menina... –
- Impressionante. – Ângela comentou encarando o dragão ao meu lado. – E ela é linda. –
- Foi presente da princesa Rosalie. –
- Imagino que tenhas contato ou se aproximado do dragão de vosso esposo? –
- Caraxes?! – questionei. – Sim, já voei nele e tudo mais. –
- Meu irmão mais novo vai adorar a senhora. – comentou. - Ele não esteve na festa de ontem, porque a minha mãe falou que ele é novo demais para aquilo, mas de qualquer forma... Ele é fascinado pelas histórias dos dragões do Swan, principalmente por Caraxes. –
- Caraxes é fascinante. Concordo! Syrax também, e eu imagino como Tessarion ficará quando atingir o tamanho igual ao de Syrax... –
Nós nos sentamos na relva macia, com Tessarion deitando a cabeça contra o meu colo e ficamos conversando. Ângela tentou fazer carinho na cabeça do dragão que sibilou para ela, mas quando eu a repreendi, ela aceitou o carinho de minha futura cunhada.
Nós voltamos para a torre no final da tarde, todos famintos. Eu havia colocado Tessarion de volta ao celeiro, prometendo que amanhã eu a soltaria novamente. No dia seguinte pela manhã, Ângela voltou para a sua casa com os pais, e voltaria apenas na próxima semana para o seu casamento com o meu irmão, e assim que eles foram embora, Mike me levou para conhecer a cidade.
Eu não podia negar que Oldtown era uma cidade bonita, mais bonita até que a própria Adhara. Ela tinha cheiro de flores tão intenso, igual a uma viúva perfumada. Em toda a cidade tinha diversos canteiros de flor da lua, e diversas árvores frutíferas de pêssegos e romãs. Eu poderia ser feliz, talvez, se eu crescesse aqui, sem a sombra do que aconteceu com a minha mãe.
Uma semana havia se passado desde que chegamos e hoje aconteceria o casamento do meu irmão. Ângela já estava aqui com a sua família, e dessa vez o seu irmão mais novo estava presente, e ficou conversando comigo durante todo o jantar animado por saber que eu vivia próximo a Caraxes. Eu não me importava, era divertido, me distraia dos comentários e olhares maldosos de meus tios. Eu não havia ficado tão perto deles durante essa uma semana que havia passado, e eu agradecia por isso.
- Senhora. – Calleb me chamou quando eu estava indo soltar Tessarion para alimenta-la. John estava me acompanhou, dizendo que Calleb teria ido resolver uns problemas na cidade.
- Sim. – ele apenas me mostrou dois pergaminhos.
- Do príncipe e da princesa. –
- Obrigada, Calleb. – peguei sorrindo animada, e ele retribuiu o sorrindo. – A propósito, eu já havia avisado, noite passada, ao meu pai de que hoje eu levaria Tessarion para se alimentar, mas como eu ainda não o vi hoje de novo... –
- Se eu o ver, ou se ele perguntar, eu digo. –
- Obrigada, Calleb. -
John me acompanhou para fora e Calleb subiu as escadas. Com Tessarion solta, e voando no céu, mais uma vez. Eu voltei a fazer o mesmo que fazia todos os dias, me sentava na relva fofa, descalça, e dessa vez, com duas mensagens em mãos. Resolvi ler primeiro a de Rosalie.
‘Em primeiro lugar. Não alimente Tessarion com a vossa tia, fará mal para o estômago do pobre animal! Amiga, ignore a presença de seus tios, eu imagino o que eles devam estar fazendo, mas não deixe que isso atrapalhe ou lhe entristeça, lembre-se de que fostes para o casamento do vosso irmão, e não para ver a sua tia. E não penses que estais pior do que eu, acredite que Jéssica está fazendo da minha vida um inferno, na frente de meu pai, é um amor de pessoa, pelas costas dele... Acredita que essa cobra peçonhenta teve a audácia de usar um colar da minha mãe, e ainda reclamar dele?! É bom essa cobra tomar cuidado, pois esse dragão aqui, vai queima-la e não demorar muito! Mudando de assunto, tens alguma noticia de meu tio? Ouvi, em uma reunião do conselho, que ele mandou outro corvo, na verdade foi o Serpente Marinha, mas pelo que eu ouvi, eles estão bem, mas infelizmente com poucos mantimentos, e meu pai se recusa a ajudar. Espero que não tenha lhe deixado aflita com essa informação. Eu lhe adoro, Rose.’
As palavras de Rose me causaram um misto de emoções, primeiro foi risos, ao insinuar que a minha tia faria mal a Tessarion, e eu terminei lendo com um aperto no peito. Edward havia entrado em contato comigo, e eu já havia recebido outra mensagem, contudo, eu sabia que ele não iria tratar comigo assuntos sobre a guerra, então o meu coração pesava ao ler que eles precisavam de ajuda, e o rei continuava negando a ajudar o próprio irmão! Suspirando, deixei a carta de lado, eu pretendia responde-la, e abri a mensagem de Edward.
‘Queria deixar bem claro que a sua vaga tentativa de riscar o último comentário de sua tia falhou miseravelmente e eu consegui ler tranquilamente. Portanto, sabendo que eu vou saber da resposta de qualquer jeito. Eu a quero dar a chance de você mesmo me falar. O que a sua tia fez? E lembre-se, caso não me respondas, Calleb contará! Eu sei que é difícil manter o seu coração calmo, mas não há outra coisa que eu possa pedir. A cada dia que passa eu me arrependo mais ainda de estar participando dessa investida, me arrependo de ter deixando a tranquilidade de Walano para vir para este tormento! Peço desculpas por ter ficado tanto tempo sem ter dando algum sinal de que estava tudo bem, isso não irá repetir, garanto! E eu também, não acredito que estou escrevendo isso, mas eu peço ao Pai e ao Guerreiro para que isso acabe logo, se em algum momento desses dois anos eu estava ansioso por uma guerra, esse momento já passou, eu simplesmente não consigo parar de pensar em como você está, se está bem! Isso é terrível, principalmente agora sabendo que algo está acontecendo em Oldtown e eu não estou ai para lhe proteger! Mas não se preocupe, meu amor, quando eu voltar, e caso ainda desejes, eu resolvo o problema da língua da sua tia, com o maior prazer! Eu te amo, com todo o meu coração. Do seu, e apenas seu, Edward.’
Como eu suspeitava, Edward não me falaria sobre os problemas que estava enfrentando na guerra, mas, de qualquer forma, eu havia ficado um pouco mais tranquila. Talvez a ideia de que os corvos haviam se perdido, não passava de mais uma mentira do meu pai. Eu não pretendia responder Edward agora, eu não podia ficar atormentando-o, ele tinha que resolver e acabar com essa guerra de uma vez para que pudesse voltar logo para casa e para mim, mas eu iria responder logo, contudo não mandaria um corvo atrás do outro. Rosalie eu responderia logo, Edward eu preferia esperar mais alguns dias.
Deitei mais uma vez na relva enquanto Tessarion voava, ela havia vindo se alimentar, mas no atual momento não havia nenhum animal para que isso fosse possível, eu queria que fosse atrás apenas dos selvagens, não queria correr o risco de acabar com algum rebanho dos fazendeiros de Oldtown.
- Eu posso saber onde você estava? – a voz do meu pai me parou, quando eu tentei seguir para o meu quarto para um banho.
A noite já havia chegado, e eu havia ficado uma boa parte da tarde naquela campina, vendo a pequena Tessarion se alimentando, e também inalando o ar completamente puro que não tinha em Adhara. Os animais selvagens só apareceram depois da metade da tarde, e acabou demorando mais do que eu pretendia, para que ela comesse e se desse por satisfeita.
- Eu fui levar Tessarion para se alimentar, pai. Eu havia avisado noite passada e pedi para as criadas e Calleb avisarem ao senhor! –
- Saía, por favor, eu preciso conversar com a minha filha em particular. – pediu a John, que apenas me encarou, ao se aproximar de mim.
- Pode ir, John, não se preocupe. – ele apenas assentiu e se afastou, deixando-me sozinha com meu pai.
- E demorou uma tarde inteira para alimentar aquele pequeno animal? – questionou com um tom de voz acusador.
- Não entendi. A Tessarion ficou quase três dias sem comer, esperava que ela se saciasse em cinco minutos? –
- Quem não está entendendo aqui sou eu, Isabella... Você vive para cima e para baixo com esses homens, principalmente com o tal de Calleb. Ele não desvia os olhos de você um misero minuto sequer! –
- Porque o meu marido o colocou para me vigiar, pois não confia no senhor. Esperava o que? –
- Esperava que os dois se comportassem com decoro, e parassem de se encontrar as escondidas, digo, não tão as escondidas pois está bem na cara. – respondeu. É o que? Ele não podia estar insinuando que eu estava traindo o meu marido, ou estava?
- Estais... Estais querendo insinuar o que, papai? – questionei.
- Eu vi vocês dois conversando e trocando bilhetinhos enquanto nós acampamos nas proximidades da floresta do rei, quando viemos para cá, eu vi vocês dois conversando no canto sozinhos, eu vi as trocas de bilhetes hoje pela manhã! E também viram vocês dois entrando no castelo mal o sol havia nascido no nosso segundo dia na cidade, e os comentários que chegaram até mim foi que o vosso vestido estava todo amassado e o seu cabelo cheio de feno! Aliás, não só eu vi, seus tios também viram! –
- Em primeiro lugar, o meu vestido estava amassado e o meu cabelo com feno porque eu dormi no celeiro com a Tessarion, e mais ninguém, já que graças a sua digníssima cunhada, eu não estava me sentindo bem. E em segundo lugar... Achas que eu estou traindo o meu marido por que eu recebi um bilhete de um guarda? – ele não respondeu. – Quer saber o que tem naquele bilhete, papai? – eu nem dei tempo de ele responder, eu podia ter entregado o que havia recebido hoje, mas meu pai não precisava saber que eu estava reclamando de minha tia, com o meu marido. – Tudo bem, eu pego o bilhete para o senhor ver o tamanho da minha traição para com o meu marido! – falei lhe virando as costas e me afastando.
- Isabella... Pare de fazer uma cena, agora mesmo! –
- Cena? – perguntei alto no meio da escadaria que eu havia subido, pouco me importando para o fato de que tinha gente passando perto. – O senhor está me acusando de trair o meu marido, e quem está fazendo uma cena sou eu? – Calleb e John, que haviam se aproximando ao ouvir que tanto o meu tom de voz, quanto o do meu pai, tinham subido algumas oitavas, se entreolharam confusos, eu não falei mais nada, apenas me virei e continuei subindo as escadas.
- Você precisa parar de agir como uma garota mimada. – meu pai começou a me seguir e reclamar, falando alto. – Como as pessoas querem que eu goste desse seu casamento se é desse jeito que você ficou após ele ter acontecido? A pior coisa que aconteceu na sua vida foi ter se aproximado desse homem! –
- Não, papai! A pior coisa que aconteceu na minha vida, foi ter um pai mentiroso igual ao senhor! – respondi entrando em meu quarto. Eu sabia exatamente onde estava a mensagem que havia recebido de Edward, portanto, não foi nem um pouco difícil pega-la.
- O que está acontecendo aqui? Dá para ouvir vocês falando alto do outro lado do castelo! – Mike se aproximou, já pronto para o seu casamento.
- Foi esse bilhete que o Calleb me entregou. Lê e me fala se houve alguma traição aqui, além da sua traição para com a sua filha. – ele arrancou o papel da minha mão, também ignorando Mike, como eu, e o abriu. – Acha mesmo que eu não sei que é mentira o fato de em três meses o Edward não ter me mandando nenhum corvo? – questionou ao vê-lo suspirar ao ler o teor da mensagem. – Eu ouvi o senhor falando com o rei, eu ouvi o rei falando que não queria mais nenhum corvo de Stepstones na Fortaleza Vermelha, esses corvos sendo para mim ou não. – ao entender o que estava acontecendo, Mike saiu de fininho fechando a porta do meu quarto.
- Isabella... –
- O senhor ficou me torturando por meses sem saber como o meu marido estava. Preferiu ser mais leal ao seu rei do que a sua própria família! – os meus olhos ardiam devido as lágrimas que eu me recusava a derramar. – Então, já que eu não teria nenhuma notícia do meu marido vindo do senhor, eu dei o meu jeito. Não é só o meistre da Fortaleza Vermelha que envia corvos em Adhara, papai, deveria saber disso, pois o Calleb sabe, e foi esse papel que eu recebi, uma notícia do meu marido depois de três meses. E a que ele me entregou hoje, foi um corvo de Rosalie, já que eu descobri que eu não posso mandar nenhum corvo para ninguém através do senhor, já que o senhor ainda pensa que tem o direito de ler o teor das minhas conversas pessoais. –
- Eu segui ordens. – ele disse simplesmente.
- Engraçado. As suas palavras foram que mesmo não gostando do meu casamento, o senhor gostava menos ainda de me ver sofrer! Não parece, parece que até se regozija por isso. –
- Não diga besteiras, Isabella. – ele falou sério e furioso.
- Besteiras? O senhor estava me acusando de trair o meu marido e quem está dizendo besteiras sou eu?! – eu passei a mão pelo meu rosto. – A verdade papai, é que todo aquele vosso discurso alguns dias depois que eu voltei a Adhara era mentira. –
- Não era. –
- Era! O senhor não confia em mim! Não pode acontecer nada perto de mim, que sou eu a primeira pessoa que o senhor joga a culpa. Eu sei, eu entendo, que eu menti para o senhor e isso causou uma quebra de confiança, eu entendo isso, mas as vossas palavras era que o senhor havia remendado essa confiança. Não parece! Parece que se um pássaro morrer em algum canto de Saggita, de algum modo o senhor vai colocar a culpa em mim e em meu casamento. Eu sei que o senhor não é feliz com a decisão que eu tomei, não precisa me lembrar a cada meio segundo. – gritei para ele. – Quem tem que estar feliz nesse casamento sou eu, e não o senhor! Não o vosso irmão! Não a vossa cunhada! Sou eu! – apontei apontando para o meu próprio peito. - Eu só escuto o senhor reclamar e agir com raiva e desgosto ao ouvir falar sobre o meu matrimonio, achas que eu fico feliz com o que o vosso irmão e vossa cunhada falam? Acha que eu fiquei feliz ao ouvir a minha própria tia se regozijando porque em dois anos de casamento eu não tive um filho? Acha que eu fiquei feliz ouvi-la se regozijar por meu marido não está aqui e torcendo para que ele morra? E o senhor não teve a decência de me defender! Gostando ou não do meu casamento, eu sou a sua filha! E graças ao seu senhor a sua filha não está feliz! – acusei. – E em grande parte a minha infelicidade se deve ao vosso rei, vosso amigo, pois o meu marido não está aqui, por causa dele. Está lutando uma guerra, que o vosso rei não queria que ocorresse, mas que no final, ele será o maior vangloriado e beneficiário. –
- Como você ouviu a minha conversa com o rei, se você estava dormindo? –
- Não é só porque eu estava com os olhos fechados que eu estava dormindo papai! Até porque, o senhor e o rei fizeram o enorme favor de entrarem igual a uma manada no quarto. – menti.
- Isabella, você precisa entender, que antes dos seus anseios, vem os anseios do rei. Se o rei não quer que nenhuma mensagem chegue de Edward, o que você quer que eu faça? –
- Que peça para ele deixar de ser hipócrita. –
- Isabella. – ele me repreendeu.
- Num dia ele fala que não quer, em hipótese alguma, quaisquer mensagens vindas de Stepstones, no dia seguinte, ele finge que está preocupado pois o Edward não manda notícias e pede para a o senhor mandar um corvo exigindo notícias? Se isso não é hipocrisia, é o que? – questionei.
- Eu já te expliquei. Ele não está sabendo separar as coisas e desconta as frustrações que está sentindo pelo irmão em você. –
- Eu não tenho nada a ver com a decisão de Edward! Por mais que todos em Adhara adorem dizer isso. Eu não tenho nada a ver com as decisões de Edward. –
- Minha filha... Eu vou ver o que eu posso fazer por você e... –
- Eu não preciso mais do senhor... O meu “amante” – fiz aspas no ar. – Ele se preocupa mais comigo, do que o senhor, meu pai, e dá um jeito de mandar um corvo até o meu marido. Não preciso que o senhor mande mais nada por mim. – ele suspirou. – E não se preocupe, Edward não vai saber disso! Mas eu quero que o senhor saiba, que eu não estou nem um pouco feliz, e graças ao senhor! – ele tentou abrir a boca e eu o impedi. – Eu só vim para cá pelo Mike, não para conhecer Oldtown. Oldtown... Hightower não é a minha casa, nunca foi, deveria saber disso, me tirou daqui com cinco anos, como espera que eu visse essa cidade como o meu lar?! –
- Vai me dizer que Adhara é o seu lar? – rebateu e eu neguei.
- Em Adhara tem pessoas que eu gosto, e que mesmo não sendo, parecem ser da minha família, como Rose. Mas, eu não me sinto em casa em Adhara e aqui tampouco! – respondi e passei as mãos por debaixo dos meus olhos. – Agora eu peço para o senhor me dar licença, para que eu possa me trocar para o casamento do meu irmão, que foi o único motivo, que me fez vir para cá. E de qualquer forma, amanhã mesmo eu vou começar a arrumar as minhas coisas para voltar a Adhara! –
- Eu não vou voltar amanhã, Isabella. –
- Eu não vou voltar com o senhor! – respondi simplesmente. – Eu vim para o casamento do meu irmão, assim que ele acontecer, eu não terei mais motivos para ficar aqui. Então, eu irei embora. Mike entenderá perfeitamente. –
- Pretende ir embora sozinha? –
- Sozinha, não! Eu vou com os meus amantes, mesmo! – ironizei deixando-o com mais raiva ainda. - Eles dois e Tessarion, com certeza, são muito melhores do que quaisquer exército de Oldtown. –
- Eu não te dou permissão para ir embora sozinha! – ele disse entre os dentes.
- Eu não preciso mais da vossa permissão! Eu sou uma mulher casada! – lembrei-o.
- E o seu marido? Cadê ele que eu não estou vendo?! – provocou. - Na falta de seu marido, você me deve obediência! Eu sou o seu pai! Gostando ou não! –
- E o senhor, meu pai, vai contra dois guardas dos Mantos Dourados? – provoquei. – Lembre-se do que o vosso irmão disse. Eu me casei com um príncipe, isso me faz uma princesa. E se eu precisar usar desse titulo para ir embora! Eu vou usar! Quem acha que vão obedecer? O senhor ou a mim? – questionei. – E já aviso... Assim que eu voltar a Adhara, eu vou para Dragonstone com a Rosalie, o senhor gostando, ou não! Agora, por favor, deixe-me sozinha para que eu possa me trocar. –
Ele tentou dar um passo para mais perto, mas algo falou em seu ouvido e ele apenas fechou os olhos e respirou fundo, e sem falar mais nada foi embora. Eu deixei as minhas pernas tombarem no chão, eu estava cansada, emocionalmente cansada. Não demorou muito e uma batida soou na porta, John querendo saber se podia dar permissão para a criada entrar, e eu concordei.
Eu me obriguei a sair do chão ao mesmo tempo em que a criada baixinha entrou no quarto. Ela ajudou-me a me livrar do vestido e a tomar um banho. Quando ela tentou escolher a roupa para mim eu a barrei, eu não iria usar o que ela tinha escolhido. Até porque ela tinha escolhido um vestido verde água, quase azul, da cor da minha casa, e hoje, eu não estava tão orgulhosa assim de pertencer a casa Hightower. Fiquei andando de um lado para o outro do quatro trajando apenas o robe de tecido fino e levemente transparente, o que fazia a criada ficar olhando para o chão, enquanto eu procurava entre as minhas roupas, o vestido que eu tinha em mente. E o meu sorriso foi enorme ao encontrar o que eu estava procurando.
- Senhora... – a criada falou quando peguei o meu vestido, tirando-o do baú. – Não é apropriado. –
- E eu posso saber o motivo? –
- O certo é usar as cores da nossa casa e... –
- E a partir do momento em que eu me casei, eu passei a fazer parte de duas casas. Se isso não tinha ficado claro ainda, ficará a partir de hoje! – respondi. – Ajudando-me ou não, eu vou com esse vestido! – contrariada ela veio me ajudar a por o vestido.
Eu notava o quão contrariada que ela estava a cada puxão que ela dava nas amarras do meu vestido, mas eu pouco me importava com isso, na verdade me importava com a opinião de apenas duas pessoas, e esperava que elas não se importassem. Eu iria passar a imagem que todos estavam pintando de mim, era algo que Edward faria, e era o que eu iria passar fazer! Agir com os outros do mesmo jeito que me pintavam. Assim que ela terminou de amarrar o meu vestido, eu a dispensei, pedindo para chamar o meu irmão.
Enquanto a criada saia, eu fui terminar de me arrumar sozinha. Eu penteei todo o meu cabelo, o desembaraçando-o bem, separei algumas mechas e fiz uma trança grossa que eu prendi de um lado ao outro da minha cabeça, deixando todo o resto do meu cabelo solto, e duas mechas finíssimas soltas, caindo na lateral de minha cabeça. Vasculhei a minha caixa de joias e meu sorriso se alargou mais ainda ao encontrar o que eu procurava, o conjunto de tiara e colar de pérolas, que Edward havia me dado durante o tempo em que morávamos em Walano. Prendi a tiara de duas fileiras de pérolas em minha cabeça, a frente da “tiara” de trança que havia feito, e prendi o colar que três fileiras em volta do meu pescoço.
- Entre. – eu estava terminando de passar um batom avermelhado em meus lábios, quando ouvi uma batida na porta.
- Chamou-me? – eu ouvi a voz de Mike, entrando no quarto e eu me virei de frente para ele. – O que é isso? Uma declaração de guerra? Devo mudar as cores do farol para vermelho? – perguntou rindo e eu o acompanhei.
- Se importa? – questionei apontando da minha cabeça até os meus pés. – Se você se importar ou achar que Ângela se importará... –
- Acredito que não, Isabella! Sinta-se à vontade! Mas... Me explique, o motivo, da óbvia, declaração de guerra. –
- Não disse mais cedo que a minha discussão com o papai dava para se ouvir do outro lado do castelo? – retruquei.
- E realmente dava. Mas eu gostaria de saber como ela começou. Qual foi o estopim da vez. –
- Ele estava me acusando de trair o Edward com os guardas. – respondi e vi os seus olhos se esbugalhando, enquanto a sua boca se abria e se fechava enquanto ele tentava compreender o que eu havia dito. – Isso tudo, porque ele me segue para cima e para baixo, por ordens do próprio Edward, porque viu risos das nossas partes por motivos completamente aleatórios, porque viu Calleb me entregando alguns bilhetes... Sendo que esses bilhetes eram mensagens do meu marido, que o meu pai recebeu várias durante esses três últimos meses, e não me entregou, por ordem do rei, deixando agoniada enquanto pensava que o meu marido não estava bem! E o melhor, porque criados me viram entrando no castelo mal o sol havia raiado com o vestido amassado e o cabelo cheio de feno, com Calleb, logo atrás de mim, sendo que eu apenas havia dormido no celeiro com a Tessarion depois do que a minha tia fez! –
- Se precisar de ajuda contra o papai... Estarei a postos! –
- Não se preocupe. Acredito que esta pequena declaração de guerra, como dizes, já seja o suficiente por agora. – pelo menos era o que eu esperava. – Outra coisa, ficaras chateado caso eu volte mais cedo para Adhara? –
- Papai disse que ficaria até a próxima fase da lua. –
- Eu sei. Estou falando que eu irei sozinha com os meus guardas e Tessarion. Eu não quero ficar perto dos meus tios, e no atual momento, também não quero ficar perto de meu pai. E se o vosso casamento for parecido com o que foi o meu, você ficará bastante ocupado com a vossa esposa, e eu não quero ficar... Sozinha por um lugar desconhecido! –
- Minha irmã... Eu quero que você se sinta bem e feliz, se aqui não é o que está acontecendo, eu não ficarei ressentido por ires embora mais cedo. – respondeu sorrindo. – Eu sei que só viestes porque é o meu casamento. – eu me aproximei dele e lhe dei um abraço bem apertado. – Eu te amo, minha irmã. –
- Eu também te amo! – ele me apertou mais uma vez, e soltou-me logo em seguida após dar um beijo em minha têmpora.
- Eu vou descer, pois eu não quero perder a cara que o papai vai fazer quando te vir assim! – comentou animado e eu acabei rindo.
- Eu já estou descendo. – anunciei e ele apenas assentiu e me deixou sozinha.
Ao ficar sozinha no quarto, eu acabei me virando de frente para o espelho, que me revelava da cabeça aos pés, e eu senti um reboliço em meu estômago. Eu tinha total certeza de depois da minha discussão com o meu pai, se eu entrasse no casamento do meu irmão, que aconteceria dentro da sede da minha casa, com essa roupa que eu usava, eu sabia que não teria mais volta. A guerra entre mim e o meu pai seria declarada, e isso só me afastaria mais ainda dele. Suspirei, eu não queria me afastar do meu pai, eu queria que nós realmente nos entendêssemos. Eu fiquei tentada a trocar de roupa, por algo mais... Neutro, por assim dizer, contudo, mal eu levei a mão para as amarras do meu vestido, e tudo voltou com força em minha cabeça. O que a minha tia falou, meu pai não me defendendo, mentindo para mim quanto aos corvos de Edward, e pior ainda... Acusar-me de trair o meu marido.
Não! Eu não trocaria de roupa! Eu iria declarar a minha guerra. Hoje o farol dos Hightower ia se acender para a anunciar uma guerra, e dessa vez, não seria na cor verde!
Arautos começaram a percorrer os corredores avisando que o casamento começaria em alguns minutos. Eu poderia simplesmente aparecer no meio da cerimônia, mas eu não podia fazer isso com o meu irmão e a minha futura cunhada, nenhum dos dois tinham nada haver com os meus problemas com meu pai e com meus tios. Rapidamente, escrevi uma pequena mensagem para Rosalie, avisando que assim que voltasse a Adhara, eu queria partir para Dragonstone, e avisando que já estava deixando a cidade de Hightower, enrolei o pequeno pergaminho e o escondi no vão de meus seios, e dando uma última e leve ajeitada em meu vestido e em meus cabelos, eu saí do quarto.
- Está sentindo esse cheiro, Calleb? – eu ouvi a voz de John vindo de trás de mim, quando eu sai do quarto, parando no meio do corredor. – É cheiro de guerra! – disse animado.
- E você ainda disse que ainda não tinha a animação da guerra que tinha em Stepstones. –
Eu não falei nada. O meu vestido falava por si. Se até mesmo os dois guardas que pegaram pela metade a discussão com o meu pai, já tinham entendido o que tinha acontecido, todos que estariam presentes nesse casamento entenderiam. Eu empurrei o nervosismo e o rebuliço em meu estômago enquanto descia as escadas. Eu mantinha a minha cabeça erguida, não pretendia abaixa-la para ninguém que me desrespeitasse de novo, e o meu sorriso aumentava a cada pessoa presente no castelo que me olhava assustado.
Havia chegado no salão de casamento, respirei fundo mais uma vez e ajeitei a roupa pela última vez e dei o primeiro passo para dentro do salão.
O primeiro que havia me visto havia sido meu tio, seus olhos quase saltaram de seu rosto, e a veia de seu pescoço quase explodiu de raiva. Eu estava longe, mas eu tinha certeza de que ele tinha reclamado com meu pai, que estava de costas para mim. Mike, que estava ao lado do meu tio, se esforçava para não rir, ele tentava manter a pose, mas era difícil. A expressão do meu pai foi bastante similar que a do meu tio, contudo, eu via outra coisa em seus olhos além da raiva. Eu via o constrangimento... E a decepção!
Mas eu ignorei, ignorei também a boca da minha tia que não parava de se mexer, e eu não duvidava nada de que ela estava me xingando para o meu pai, eu ignorei até os olhares dos pais de Ângela. A lady Webber me olhava com pena, já seu marido, com desgosto. Na cabeça deles, com certeza, se passava a ideia de que eu havia renegado a minha casa! E mesmo sentindo o nervoso tomar conta completamente de meu corpo, eu continuei andando, e sentindo os olhares de todos os que estavam presentes no recinto, sentindo os olhares de todos que tinham os olhos presos em meu vestido vermelho e preto, as cores da casa do meu marido, completamente distintas do verde água dos Hightower.
O meu vestido tinha sido mais um presente de Edward, eu nunca soube ao certo o motivo de ele ter me dado tal roupa, se em algum momento se passou pela cabeça dele que eu faria isso, mas de certa forma ele foi bastante útil. Ele jamais tinha sido usado, e ele estreou de um jeito dramático. Ele era lindo, justo ao corpo, realçando as minhas curvas, o topo do meu vestido, a cima dos meus ombros, era um ponto pontudo para cima, deixando os meus ombros desnudos, e as mangas eram justas até a metade do meu cotovelo, e depois se alargavam, até o meu pulso. Ele era em um tom degrade, o busto e até a metade da minha cintura era vermelho, e dali para baixo era preto, e as cores se misturam uma na outra de um jeito incrível. Eu adorava aquele vestido.
- O que você tem na cabeça, Isabella? – meu pai ralhou comigo quando eu me postei ao lado do meu irmão, que havia estendido a mão para mim, para que eu subisse os poucos degraus que me levariam ao altar. – Que afronta é essa? Vai imediatamente trocar de roupa. – mandou e eu simplesmente virei a cabeça na sua direção.
- Não! – falei firme.
- Você não tem respeito pela nossa casa, garota? Fazer isso na frente dos nos vassalos. Você não tem o mínimo de respeito e, e não passa de uma garota idiota e burra, que... – meu tio começou a falar.
- Calleb. – eu simplesmente chamei o guarda que estava atrás de mim.
- Sim, alteza? –
- Da próxima vez que o meu tio me faltar com o respeito, arranque a língua dele fora! –
- Sim senhora! – ele disse simplesmente.
- Você não pode fazer isso! – meu tio rosnou para mim.
- Como o senhor bem disse há alguns dias, meu tio, eu sou uma princesa. E o senhor é apenas um lorde! – lembrei-o.
- Isso é uma falta de respeito com o seu tio... – meu pai falou e eu apenas o olhei de novo.
- Desejas que o aviso seja direcionado ao senhor também? – questionei e os seus olhos faiscaram de pura raiva.
Ninguém falou mais nada, já que a música, anunciando a entrada de Ângela se iniciou. Virei milimetricamente os meus olhos para o meu irmão, me encarava sorrindo. Ele estava se divertindo e não disfarçava.
Por um momento eu fiquei ressentida e aborrecida por ter feito o que eu fiz. Todos os olhos dos convidados do casamento estavam em meu vestido e não em Ângela. E queria pedir desculpas pela cena feita em seu casamento, contudo, ela sorria, volta e meia de forma arteira para mim, e isso só me fazia imaginar que Mike, havia dado um jeito que contar a ela o que estava acontecendo. Isso me fez ficar feliz pelo meu irmão, por ele ter sido uma das poucas pessoas que tiveram a chance de encontrar uma cumplice como esposa.
- Calleb. – eu o chamei novamente quando a cerimonia se encerrou e meu irmão e, agora, a sua esposa, foram para a pista de dança.
- Senhora. –
- Mande o mais rápido que puder um corvo até Adhara. – eu falava na frente do meu pai, pouco me importando com a sua presença. – Quero que essa mensagem chegue o mais rápido possível as mãos da princesa Rosalie. – falei tirando o pergaminho enrolado do vão dos meus seios.
- Sim senhora! –
- E comecem a arrumar as vossas coisas, eu quero deixar Hightower, no mais tardar, depois de amanhã. Ah... E iremos apenas nós três e Tessarion. –
- Sim senhora. – ele repetiu e se afastou.
Ignorando os olhares furiosos de meu pai e tios, eu tentei descer do altar, mas meu pai me segurou pelo braço, firme, machucando-me. Ele sequer teve tempo de falar algo, e os dois guardas se aproximaram, com as mãos no pomo de suas espadas. Nenhuma palavra foi dita, e meu pai tirou a mão do meu braço, se afastando.
Eu fiquei mais um tempo na festa e me retirei, eu realmente queria ir embora o mais rápido possível, e a minha cabeça latejava. Eu só queria chorar e colocar para fora toda a raiva e dor que eu estava sentindo. E quando eu fiquei sozinha no quarto escuro, toda a confiança e poder que eu sentia, sumiram, e eu desabei no chão, abraçando as minhas pernas e deixando o choro se evadir pelo meu peito.
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