domingo, 23 de junho de 2024

Capítulo 14

 Edward ficou em silêncio por alguns segundos apenas absorvendo a notícia que sua esposa tinha acabado de contar. Ele ficou pensando por uns minutos, ele imaginava que algo desse tipo pudesse acontecer, por mais que ele tivesse ameaçado Charlie, ele sentia que ele iria acusar a filha de qualquer forma, ele não havia mentido quando disse que tinha provas contra o sogro, durante esses cinco anos ele tinha conseguido juntar umas boas provas contra o mesmo, pensando que em algum momento ele fosse precisar dessas provas, mas ele não podia deixar de pensar que talvez tais provas não fossem o suficiente para salvar a sua esposa do Papa.

- Fala alguma coisa. – Isabella pediu.

- Infelizmente eu imaginei que isso poderia acontecer, mesmo que eu tenha ameaçado seu pai, eu imaginava que ele fosse até o Papa. Eu preciso dizer, eu tenho algumas provas contra o seu pai, mas infelizmente eu não sei se isso tiraria a atenção do Papa de você. – contou. – Você não viu mais nada? – ele negou.

- Eu só vi o valete vindo até nós e avisando isso, que o Papa veio até Castela para averiguar uma denuncia de bruxaria. –

- Podemos cogitar a ideia que não foi você a acusada de bruxaria! – ela virou a cabeça para o marido.

- E por mais quem o próprio Papa viria de Roma para investigar uma acusação de bruxaria? Ele não viria por outra acusação sem ser contra mim ou sua mãe! – suspirou deitando na cama, aninhando a cabeça contra o peito do marido.

- Não precisa se preocupar, meu amor. – ele a abraçou forte, dando um beijo em sua testa. – Eu jamais vou permitir que ninguém faça algo contra você ou contra as meninas, mesmo sendo o próprio Papa ou até mesmo se Jesus vier aqui, ninguém vai fazer nada com você! – garantiu dando outro beijo em sua testa. – Descansa, minha rainha. – falou baixo, fazendo um cafuné em seus cabelos.

Isabella acabou adormecendo em poucos minutos contra o peito do esposo, que continuou fazendo o cafuné nos cabelos de Isabella até que ele próprio acabou adormecendo. Não demorou muito e ele acabou adormecendo também. Infelizmente os dois não haviam dormir o suficiente para que pudessem descansar da noite toda em claro, pois pouco antes do almoço foram até o quarto para avisar que, como a chuva já tinha passado, a comitiva londrina estava indo embora. Devido ao ocorrido do dia anterior com o pai, Isabella não iria participar da partida de Seth e Charlie, portanto Edward apenas deixou a esposa que havia voltado a dormir e apenas se trocou para descer.

Seth apenas se despediu de dona Esme, na verdade ele havia apenas perguntado novamente se queria voltar atrás na decisão do casamento, e com apenas o olhar cortante que o rei de Castela tinha dado a Seth, ele se calou e partiu. Charlie não falou nada, ele lembrava muito bem da ameaça que Edward tinha feito no dia anterior e estava deixando o reino decidido a enviar uma carta formal ao Papa acusando a própria filha mais velha, Jane não disse nada também, além da educação que havia recebido e ter agradecido pela hospitalidade, seu jamais podia sequer imaginar que ela tinha conversado com Edward ou com Isabella.

Mal a comitiva tinha ido embora, por um breve segundo havia passado pela cabeça de Edward de que ele iria finalmente poder voltar para o quarto e descansar mais um pouco, mas pelo contrário, as consequências da tempestade causada por Isabella chegaram bem cedo. Os rios haviam transbordado, algumas aldeias próximas ao castelo haviam sido alagadas e todas as plantações haviam sido perdidas, ninguém havia perdido a casa ou a vida, mas alguns fazendeiros haviam perdido uma parte do gado devido a uma enxurrada que havia passado por algumas fazendas. E ao invés de ir para o quarto descansar, ele foi levado para a sala de reuniões para resolver o problema.

Isabella acordou apenas durante a tarde e a primeira coisa que ela fez, após se limpar e se vestir, foi ir até as meninas, ela não as via desde a manhã anterior. As meninas estavam terminando o almoço para que pudessem ir para as aulas da tarde, e prometendo as meninas de que ela iria coloca-las na cama, ela deixou as meninas irem para as suas aulas e foi atrás do marido, que continuava na sala de reuniões.

- Causei muito estrago? – perguntou parado atrás dele, que se encontrava sozinho em sua sala de reuniões e apoiou as mãos nos ombros do marido, os apertando em uma massagem e os sentindo tensos.

- Um pouco. – admitiu. – Eu não estou com cabeça para resolver isso, por mais urgente que seja, preciso ser sincero. Eu estou muito cansado. – admitiu sentindo as mãos da esposa apertando seus ombros.

- Vai descansar. Depois resolvemos isso juntos. – pediu deslizando as mãos pelo peito do marido até apoiar o queixo contra o ombro de Edward. – Isso aumenta mais ainda a minha vontade de me afastar da corte por um tempo. – o rei levou a mão para o braço da esposa, que continuava apoiado em seu peito e o acariciou.

- Não é a única. Mas antes de nos afastarmos precisamos resolver esse problema. – suspirou. – Eu já mandei distribuírem alguma coisa para os próximos dias, ainda não pensei sobre que faremos sobre a parte do gado perdido. – ele desceu com a mão até a mão da esposa, segurando-a e beijando mesma. – Cadê as meninas? –

- Nas respectivas aulas. Quer que eu vá para o quarto com você para lhe fazer um cafuné? – questionou ela dando um beijo em sua bochecha e ele sorriu. – Eu te amo. – falou perto de seu ouvido e ele sorriu mais ainda.

- Eu também te amo, minha rainha! –

- E se eu ainda não agradeci por ter me ajudado ontem… - ela beijou a bochecha do marido, e apoiando os dedos contra o seu queixo e virou seu rosto na sua direção e lhe beijou os lábios. – Muito obrigada, meu amor! – ela beijou seus lábios de novo.

- Você não tem que me agradecer, minha rainha. – Edward roçou o nariz contra o de Isabella. – Eu faço qualquer coisa por você! – ele roçou a ponta do nariz contra o da esposa mais uma vez antes de lhe beijar os lábios, cujo beijo foi prontamente retribuído.

Edward se levantou da cadeira e juntos os dois seguiram para o quarto, para que ele pudesse descansar, os dois se deitaram na cama, com Edward deitando a cabeça contra os seios da esposa, que começou um cafuné lento contra os cabelos do marido, e devido ao extremo cansaço da noite em claro e das pouquíssimas horas que ele havia conseguido dormir durante a manhã, ele acabou adormecendo em pouquíssimos minutos.

Demorou quase um mês até que tudo foi colocado em ordem. O rei pagou aos fazendeiros que haviam perdido alguma parte do gado, para que eles pudessem comprar novos animais. Desde a tempestade causada por Isabella, ela não permitiu que chovesse de novo, para que a terra secasse o suficiente para que alguma coisa tentasse ser salva e para que os haviam perdido tudo, conseguissem voltar a plantar. Eles não tiveram mais nenhuma notícia vinda de Londres, e pelas contas, a comitiva de Seth deveria estar desembarcando agora em Londres, e por mais que ela tentasse forçar alguma visão sobre o futuro da irmã, ela não conseguia, era uma inconstância, como se Jane não decidisse o que iria fazer, se iria tomar a poção ou não, e Bella simplesmente decidiu que iria deixar a sua vida seguir o seu rumo, ela havia feito a sua parte, havia feito a poção que Jane tinha pedido, agora ela não tinha mais nada haver com isso, e só voltaria a se preocupar com algo vindo de Londres caso ela recebesse alguma carta de sua irmã, e não antes disso.

Os dois tinham decidido se afastar por um momento da corte, queriam levar as meninas para o castelo de verão, as quatro gostavam bastante de lá, mais do que da própria corte em questão, o que já fez com que Edward cogitasse a ideia de mudar, pelo menos por uns anos, a sede da corte de Castela para o castelo de verão, ao invés do castelo no centro da cidade principal do reino, mas até o momento tal pensamento não tinha passado disso, pensamento.

As meninas estavam dormindo profundamente, cada uma em seu respectivo quarto, sem ser pelas gêmeas mais novas que dividiam o quarto ainda. Já estavam na metade da madrugada e os reis ainda se encontravam acordados, deitados, nus, sobre um divã com um pano azul lhes cobrindo. Isabella estava deitada entre as pernas do marido com a cabeça apoiada em seu peito, enquanto os dedos de Edward deslizavam pelo braço descoberto da esposa, que tinha os olhos presos no fogo que crepitava e queimava a lenha.

Sem que Edward percebesse, o brilho esverdeado apareceu nos olhos de Isabella, era uma visão, tinha um bom tempo em que ela não tinha nenhuma. Isabella piscou os olhos e viu que seus pés descalços e sujos, com vestígios de sangue velho, debaixo de seus pés, ela viu algumas tabuas claras e sujas de madeira, e em volta dos pés, galhos finos e secos e pedaços de feno. Ela tentou se mexer e viu que estava amarrada, encostada em algo duro e fino, com seus pulsos presos para trás, e seus tornozelos também estavam amarrados. Bella levantou a cabeça, sentindo algumas fisgadas em seu corpo, e algo apertando na altura de sua cintura. Ao olhar para frente, ela viu uma multidão a sua frente, ela estava acima deles, e via suas bocas se mexendo, mas não ouvia nenhum som. Não tinha som, não tinha cheiro e não tinha gosto!

Ela olhou em volta e percebeu onde ela estava. No centro de uma pira, cercada por madeira seca e palha, olhando para cima, ela viu a ponta da tora fina, onde ela estava amarrada, e o céu sobre a sua cabeça estava completamente nublado. Uma brisa passou por ela fazendo mechas de seu cabelo longo e castanho, cobrirem a visão de seu rosto, e ao olhar novamente para baixo, ela viu um pedaço de um tecido branco, encardido e com alguns rasgos, balançando na brisa, e ao levantar os olhos para o que apertava a sua barriga, ela viu uma corta bem presa na altura de seu ventre, com um leve arredondado. Meu bebê! Tal exclamação preencheu a sua cabeça. Isabella levantou a cabeça de novo, e viu um homem de túnica vermelha se aproximou dela, com uma tocha em mãos, e em seu pescoço uma enorme corrente com um crucifixo de ouro pesado e grosso pendurado na ponta. Ela olhou por sobre o ombro do inquisidor e reconheceu Edward discutindo com outro inquisidor.

Isabella começou a sentir o calor em volta de seus pés, mas tal calor não durou muito, uma chuva forte e gelada começou a cair, fazendo com que o fogo, que tinha se alastrado entre a madeira e palha seca, se apagar quase que imediatamente. Isabella ouviu um grasnar sobre a sua cabeça, e ao olhar para cima viu um corvo apoiado no topo da tora, o animal abaixou a cabeça para baixo e grasnou de novo, olhando diretamente para Isabella, que ofegou ao sentir algo pontudo perfurando seu peito.

Bella saiu da visão com o sobressalto Edward dera. A rainha de Castela tirou os olhos do crepitar do fogo e virou a cabeça para o vidro de onde ela ouvia o barulho de algo batendo contra o vidro, o mesmo barulho que tinha feito Edward se sobressaltar, devido ao silêncio que reinava no carro. Apoiado no beiral da janela, tinha um corvo, que bicava o vidro e ao ver que Isabella tinha o olhado, o animal grasnou para ela, mais uma vez.

- Um corvo? – Edward questionou confuso. – A essa hora? –

- Deve estar procurando comida. – disse simplesmente e com um balançar de dedos discreto, ela fez uma rajada de vento afastar o animal de sua janela.

- Mas a essa hora? – insistiu ele e ela engoliu o nó que sentia em sua garganta.

- Esquece aquele animal, meu amor. – pediu se afastando de Edward e tirando a coberta de sobre seu corpo, ela se sentou contra o colo do marido, de frente para ele, que passou os braços por sobre a cintura delgada e desnuda da esposa. – Está cansado? –

- Cansado? Para a minha esposa? – questionou sorrindo.

Bella sorriu de volta e aproximou a cabeça de Edward e beijou-lhe os lábios. Ele ajeitou a esposa sobre o seu corpo, deslizando com cuidado o seu pênis ereto para dentro da buceta da esposa. Com as mãos apoiadas contra os ombros do marido, ela deixou o corpo leve, enquanto sentia as mãos firmes e fortes de Edward contra a sua cintura, mexendo o quadril da mesma sobre o seu. Com cuidado, ele os virou no divã, deitando Isabella sobre o mesmo e ficando por cima dela e entre as suas pernas.

Edward ia investindo o quadril contra o da esposa devagar, porém firme, fazendo-a gemer contra a boca do marido a cada investida do mesmo. Ele deslizava as mãos pelas pernas e cintura macia de Isabella, intercalando a caricia com alguns apertos. As pernas de Bella estavam envolta da cintura de Edward e ela já conseguia sentir a sensação maravilhosa que Edward sempre lhe proporcionava quando ela estava perto de atingir o seu ápice. Ele investiu mais algumas vezes dentro da esposa, até fazê-la com que atingisse o seu ápice por completo, e abafasse o seu gemido contra a boca do esposo. Edward investiu mais algumas vezes o quadril contra o de Isabella, até se derramar dentro dela, relaxando seu corpo sobre o dela.

- Eu te amo, minha rainha. – ele falou contra os seus lábios.

- Eu te amo, meu rei. – com calma, ele aprofundou o beijo.

Na manhã seguinte quando Edward acordou, Isabella já estava desperta, ainda trajava a sua camisola e continuava na cama, fazendo um cafuné distraído nos cabelos do marido, enquanto tinha os olhos presos no corvo que havia voltado, e também não desviava os olhos de Isabella. Bella não tinha dormido e tampouco percebido que o marido havia acordado, durante toda a madrugada ela foi assombrada pela visão de sua morte na fogueira e do maldito corvo, e quando ele se sentou na cama, após chamar a esposa e ela não responder, o rei percebeu que seus olhos estavam tomados pelo brilho esverdeado.

- Bella. – ele a chamou de novo e ela não respondeu. – Isabella… - ele a sacudiu. – Isabella. – ele a sacudiu com um pouco mais de força, que a fez balançar a cabeça e desviar os olhos do pássaro na sacada do quarto e o brilho sumiu de seus olhos.

- O que foi? – perguntou com a voz carregada de cansaço.

- O que houve? – ele perguntou se aproximando dela e preocupado.

- Sabia que o corvo é um sinal de mau presságio? Em diversas vertentes religiosas desde as pagãs as católicas, ele é considerado como um mau presságio, já que sempre que ele aparece é para anunciar um mau agouro, azar e a morte. – ela falava olhando para o animal com a voz baixa e distante. – E isso tudo porque eles são necrófagos – comem cadáveres -, imitam perfeitamente a voz de alguns animais – o que inclui as vozes dos humanos – e por serem predominantemente preto, cor atribuída às trevas e ao mal. – Edward olhava para a esposa sem entender ao certo o que ela queria dizer e o brilho voltava aos seus olhos de novo. – Eu, por outro lado, vejo que eles têm coisas boas dentro de si, igual a qualquer um. Nos livros de minha mãe dizem que eles podem ser usados como símbolo de proteção e sabedoria. Mas não podemos nos esquecer que bruxas costumam usar a ligação que temos com os corvos, sempre que eles aparecerem é o sinal de uma premonição, além de serem forças espirituais do além, pois este animal tem uma ligação entre o mundo dos vivos e dos mortos. Quando eu era criança, antes de eu ir para Paris, eu ouvi que uma mulher, ela não era nada, uma mortal qualquer, foi morta apenas porque um corvo pousou em sua janela e ela não afugentou o animal. Os inquisidores dizem que os corvos são nossos servos, e que temos a capacidade de nos transformar neles. – seus lábios se repuxaram em um sorriso assustador enquanto ela continuava com os olhos presos no animal no beiral de sua janela. Eu não entendo o motivo de as pessoas terem tanto medo da morte, ela é um processo universal e inevitável. Todos nós vamos morrer… -

- Isabella! – Edward a chamou firme e ela virou a cabeça o encarando, com os olhos castanhos de novo.

- O que foi? –

- Para com isso! – mandou. – Você está estranha, não fala coisa com coisa. -

- Eu? Eu não falei nada! – respondeu confusa.

- Isabella, pelo amor de Deus, você estava falando sobre corvos serem sinais de mau presságio e depois começou a falar sobre morte. – Bella piscou os olhos castanhos confusos.

- Eu… Eu não lembro de ter falado nada! – Edward segurou o rosto da esposa entre as mãos, vendo que ao redor de seus olhos existiam manchas levemente arroxeadas como se ela não tivesse fechado os olhos a noite inteira.

- Você não dormiu nada, não é? – questionou ele.

- Estava sem sono! – deu de ombros. Em uma piscada de olhos da esposa, Edward viu seus olhos começarem a ganhar o tom de verde de novo, mas dessa vez ela os piscou algumas vezes rapidamente e o brilho sumiu.

- Você está estranha. Muito estranha. Praticamente desde que chegamos aqui, melhor desde que sua irmã foi embora, você está estranha! Já cansei de lhe ver preocupada com as coisas, mas nunca chegou nesse nível de você não conseguir controlar os seus olhos! – apontou se levantando da cama e ela suspirou.

- Talvez a visão da chegada do Papa esteja me deixando mais nervosa ainda. – comentou com a voz baixa e puxando os joelhos para perto do corpo, abraçando as suas pernas.

- Eu já lhe disse! Nem que eu tenha que romper de uma vez por todas com Roma, ninguém vai encostar um misero dedo em você ou nas meninas! – falou se reaproximando dela, e se sentou perto de seus pés. – Quando seu pai estava aí, nós pensávamos que você pudesse estar grávida, você já fez algum teste ou sabe se isso possa ser sinal da gravides? –

- Eu nem tive cabeça para isso. – respondeu, tirando as mãos das pernas e levando até o rosto, escondendo o mesmo contra as palmas das mãos.

- Vem, meu amor, deita aqui e vamos dormir um pouco. – ele tentou deitar a esposa na cama, para tentar fazer com que ela descansasse um pouco.

- Não, eu tenho que ver as meninas… -

- As meninas estão bem! – falou firme e puxando o corpo da esposa para que se deitasse na cama. – Está bem cedo, elas sequer acordaram e as babás estão de olho nelas, esse é o trabalho delas, então, por mais que você goste de cuidar das quatro, deixe-as fazer os seus respectivos trabalhos e vá descansar. – ele puxou as cobertas para lhe cobrir o dorso. – Sabes que eu odeio ter que fazer isso, mas isso é uma ordem do seu marido e do seu rei. – falou sério e ela apenas suspirou derrotada, ela estava exausta, por mais que não admitisse, a noite em claro, com a visão da fogueira e o corvo lhe atormentando, a havia deixado deveras exausta.

Edward deitou atrás da esposa e a abraçou forte, Bella se afastou dele, apenas o tempo suficiente para pegar um lenço sobre a mesa da cabeceira do lado da cama onde o seu marido dormia, e voltou a aconchegar o corpo perto do dele, colocando o lenço sobre os olhos. Edward ao sabia ao certo se era devido a claridade que começava a adentrar ao quarto ou se era para que ele não visse caso ela continuasse com os seus olhos abertos e com o brilho esverdeados nele.

Contudo Isabella adormeceu rapidamente, poucos minutos após Edward começar a fazer um cafuné em seus cabelos e ela adormeceu profundamente, ressoando profunda e calmamente. O rei se levantou da cama e se aproximou da janela para que pudesse fechar as cortinhas, que eles tinham se esquecido de fechar antes de dormir, para que o quarto pudesse ficar bem escuro para que sua esposa conseguisse dormir e descansar. E pela primeira vez, ao chegar perto da janela, foi quando ele notou que o corvo tinha voltado e estava parado no mesmo lugar da madrugada, olhando para dentro do quarto com seus olhos mortos.

Edward abriu a porta da sacada, sentindo um vento frio, frio demais para um verão, entrando no quarto e fazendo com que a pele de seu peito e braços, já que ele trajava apenas uma calça, se arrepiasse. O céu estava nublado, muito nublado, como se uma chuva forte fosse cair e ele não sabia se isso era apenas a natureza ou sua esposa, geralmente quando era obra dela, e ela dormia as nuvens se dissipavam, mas dessa vez elas se tornavam mais carregadas ainda. O corvo grasnou para ele e ele o espantou, fazendo o animal fugir grasnando para dentro da floresta ao redor do castelo. Antes que ele pudesse entrar no quarto, e terminar de fechar as janelas, sua atenção foi atraída por um barulho ao longe. Ao se aproximar mais um pouco do beiral da sacada ele viu uma pequena comitiva se aproximando do castelo, cerca de dez guardas a cavalo, uns vinte a pé, e no meio uma carruagem vermelha com uma cruz sobre o teto abobadado da mesma e ele engoliu em seco ao lembra do corvo que ele havia acabado de espantar e das palavras que Isabella havia dito a pouco tempo.

Sabia que o corvo é um sinal de mau presságio? Em diversas vertentes religiosas desde as pagãs as católicas, ele é considerado como um mau presságio, já que sempre que ele aparece é para anunciar um mau agouro, azar e a morte.

A fala de sua esposa veio com tudo em sua mente enquanto ele olhava a comitiva papal se aproximando de seu castelo!

sábado, 15 de junho de 2024

Capítulo 13

 Jane ficou encarando a irmã por alguns segundos sem saber o que fazer. Praticamente, Isabella estava te dizendo que ou ela morria ou ela ficaria presa com Charlie pelo resto da vida. Jane se sentou em sua cadeira, ela sabia que não tinha tempo a perder, se Edward tinha expulsado o rei Seth de Castela, ela teria pouquíssimo tempo para decidir e menos tempos ainda para colocar o plano em pratica. Infelizmente, não havia deixado de passar pela sua cabeça que Isabella poderia estar fazendo isso como uma forma de se vingar por tudo o que ela tinha feito obrigada pelo seu pai.

- Eu digo sem pensar duas vezes, Isabella, que morrer é definitivamente melhor do que ter que ficar passando pelo que eu passo pelo resto dos meus dias… Mas… - ela suspirou. – Você não está usando esse pretexto para se vingar, ou está? –

- Você sabe que eu não consigo fazer mal a uma mosca, quem dirá a você ou ao nosso pai! Acredito que eu só faria algo contra ele, caso ele ousasse tocar em minhas filhas! – Isabella disse calmamente. – Saiba, que caso você escolha isso, eu farei o possível para que você acorde, mas como eu disse, caso eu erre um miligrama eu posso acabar te matando. Portanto… - Isabella suspirou. – A decisão é apenas sua! Mas preciso dizer… Temos que agir rápido, Seth e nosso pai devem partir durante a madrugada, o que significa que possuímos pouquíssimo tempo! – Jane respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos.

- Pode fazer! Eu quero! Eu… Eu vou pensar em um plano! – garantiu. – Se preocupe apenas em fazer essa receita, de forma perfeita! –

- Eu vou tentar fazer algo para atrasar a viagem, pelo menos até o amanhecer! Para que eu possa fazer isso com calma. Fique longe do nosso pai! – a rainha de Castela pediu e Jane apenas assentiu.

A rainha deixou o quarto da irmã, ela tinha tanta coisa para fazer que ela sequer sabia por onde começar, ela sabia que precisava ver as filhas e depois falar com o marido, e principalmente ficar longe do pai, ela sabia que ele estava furioso e sabia perfeitamente bem que ele iria tentar algo com ela.

- Edward. – ela chamou o marido, quando o encontrou ao terminar de descer as escadas da torre onde Jane estava hospedada. – Eu preciso falar com você! –

- Cadê as meninas? –

- No quarto! Eu… Eu ainda não fui até elas, eu preciso falar com você e tem que ser rápido. – ela o puxou para um dos corredores escuros, e ao mesmo tempo em que eles adentraram no corredor, o guarda de ronda se afastou, dando privacidade aos reis. – Jane quer que eu faça aquela coisa que pode dar errado! –

- Ela… -

- Ela sabe dos riscos, eu deixei bem claro a ela! E ela disse que prefere morrer a ter que continuar com meu pai e Seth! – respondeu deixando de fora a parte de que por um curto momento, sua irmã havia desconfiado que era uma forma de vingança de Isabella para com ela.

- O que você precisa? –

- Eu sei que você expulsou meu pai e Seth daqui, mas eu preciso de tempo! Eu preciso de tempo para fazer! – Edward passou a mão pelo rosto não gostando nem um pouco do que a sua esposa tinha dito.

- Eu não posso voltar atrás e dizer para eles ficarem aqui mais um dia ou dois! –

- Eu não preciso de um dia ou dois. Se eu não precisar me preocupar com as meninas ou com Charlie, até o amanhecer eu faço! – explicou. – Eu posso fazer chover! Cair uma tempestade bem forte, que não teria como ninguém sair do castelo, mas sabe que tempestades fortes podem causar danos nas aldeias em volta do castelo! – Edward suspirou.

- Uma tempestade agora vai acabar com todas as plantações. – ele suspirou de novo. – Independentemente do que aconteceu entre Jane e eu… Eu vou me sentir muito culpado caso eu a deixe sair daqui, sabendo do que está acontecendo e não fazer nada… Mas de qualquer forma, não consigo parar de pensar que isso possa ser alguma artimanha de Charlie para ter provas contra você! –

- Jane nunca foi uma boa mentirosa e de qualquer forma, a aura dela não mente! E eu deixei bem claro para ela de que, ela vai estar por conta própria para se livrar de Seth e de meu pai depois de tudo! Ela disse que vai pensar em um plano e eu só preciso me preocupar em fazer a poção! –

- Faça o seguinte, começa com uma chuva fraca, eu vou ver como anda os nossos celeiros, se tivemos como cuidar da população mesmo com o alagamento das plantações, pode deixar cair o temporal. –

- E as garotas? –

- Já tem um guarda na porta de cada quarto e eu já deixei bem claro que apenas eu, você e minha mãe pode entrar lá. Proibi até as entradas das criadas e preceptoras, minha mãe disse que ia ficar com elas, eu vou ver como elas estão e por precaução eu vou colocar um guarda apaisana no corredor de Jane, eu quero saber se Charlie vai até ela e o que eles vão conversar. Se o guarda ouvir algo que seja diferente da história que eu os expulsei, você não faz nada. –

- Então eu vou para a torre… - e como um estalo, ela lembrou-se do ingrediente mais importante da poção. - Droga… -

- O que foi? –

- Eu não tenho beladona! Eu evito usa-la porque dependendo da quantidade ela é mortal, principalmente porque as meninas às vezes mechem nas minhas coisas! –

- Quer que… -

- Não. – se apressou em dizer. – Mandar alguém ir pegar beladona para mim será um claro sinal de bruxaria! E ela não é vendida em qualquer boticário! Eu sei que tem alguns arbustos na floresta atrás do castelo, na parte mais densa, uma vez Victoria pegou um fruto e foi quando eu soube… -

- Me fala como ela é, o que precisa e do quanto precisa, que eu mesmo a pego. –

- É uma planta herbácea vivaz, é um arbusto ereto e que pode atingir até um metro e meio de altura. As folhas são grandes, inteiras, ovadas-acuminadas e geralmente glabras. As folhas superiores são geminadas, e muito desiguais. As flores… -

- Fala a minha língua, minha rainha, por favor. –

- Eu… Eu tenho um desenho dela no livro das sombras de minha mãe. Eu vou fazer começar a chover, vai ver a situação dos celeiros e eu vou pegar o desenho da planta. Eu não me demoro. – ele apenas assentiu. – Pegue a luva e depois a jogue fora, a planta é muito tóxica! – ele apenas assentiu de novo.

Isabella deixou o corredor e tratou de ir para a torre que havia ganhado de Esme para que pudesse fazer as suas magias e feitiços em paz e sem a intromissão de ninguém, e enquanto ela subia os degraus, ela ia murmurando baixo o feitiço de fazer chover que ela sabia de cor e salteado, principalmente porque havia sido o primeiro feitiço que ela tinha aprendido, e mal ela chegou nos últimos degraus e uma chuva fraca começou a cair sobre o castelo.

Edward foi até o seu escritório, chamando o seu valete junto para passar as ordens. Tudo teria que ser feito de forma milimétrica, nada podia dar errado, os dois iriam ajudar a mulher que ajudou a prejudicar ambos, mas isso não os fazia deixar de ter o pé atrás sobre ela! Enquanto ele procurava pelos papeis da quantidade de grãos que tinha nos celeiros, ela ia passando as ordens para o valete, de colocar um guarda disfarçado no corredor e ficar de olho se Charlie ou Seth apareceria por lá e para que ouvisse a conversa.

Com a ordem dada e a situação do celeiro verificada, ele foi atrás da esposa, a encontrando em sua torre, cuja torre era perfeitamente arrumada, com os potes e vidros e todos os tipos de objetos que tinham ali e os livros arrumados de forma milimétrica nas prateleiras e bancadas, mas agora, estava tudo revirado e bagunçado, com cerca de três livros grandes e pesados abertos na mesa ao lado de um caldeirão acesso. O rei dei a autorização para que Isabella pudesse fazer o temporal cair sobre o castelo, anunciando que tinham bastante suprimentos para diversos meses caso fosse necessário e entregou ao marido a página arrancada do livro de sua mãe, onde continha o desenho, até que bem detalhado, da beladona.

Edward guardou o papel no bolso interno de sua jaqueta e Isabella lhe entregou um saco para que ele pudesse colocar a planta, e pediu para que tentasse trazer um arbusto inteiro, pequeno, mas ela iria precisar de tudo, das flores, frutos, folhas, caules e principalmente da raiz e com um singelo aceno de cabeça, ele foi embora da torre. Antes de deixar o castelo, ele passou em seu quarto, para pegar uma capa grossa devido a chuva que começava a ficar mais forte de forma progressiva, e um par de luvas grossas para que não tocasse na planta quando a arrancasse.

E passando despercebido, ele deixou o castelo debaixo da chuva que começava a se tornar torrencial, quando voltasse ele iria se inteirar do que estava acontecendo com a comitiva de Seth. Enquanto o marido iria atras da beladona, Isabella ia preparando a poção, de forma milimétrica, ela lia a mesma sentença, a mesma palavra cinco vezes antes de adicionar alguma coisa no caldeirão, pesava as gramas cinco vezes para ter certeza de que não estava errando em nada, por maiores que fossem os desentendimentos de Bella com a irmã, ela definitivamente não queria ser responsável pela morte de Jane.

Na floresta, na parte mais densa, onde Isabella tinha dito ter visto os arbustos algumas vezes, Edward andava no quase escuro. Eles ainda estavam no final da tarde, era para o sol estar se pondo agora, mas a tormenta que caía havia feito com que o sol sumisse e o céu se tornasse completamente negro, e ele não conseguia se utilizar de uma tocha, por motivos óbvios de que a água da chuva iria apagar a chama da tocha no primeiro segundo que ele a acendesse. Ele deveria tomar cuidado, em primeiro lugar com os animais selvagens, e em segundo lugar com buracos, pedras e com a terra molhada, porém, depois de um bom tempo, com ele todo encharcado, tanto que a capa não tinha feito quase nenhuma diferença, ele tinha conseguido encontrar alguns arbustos que ele não conseguia. Pegando o papel em seu bolso e o molhando completamente, Edward forçou a vista, devido ao escuro, e confirmou que o arbusto que tinha encontrado havia sido o arbusto de beladona que Isabella necessitava.

Com o necessário dentro do saco, ele voltou para o castelo, ao contrário de na saída, foi difícil passar despercebido, já que ao voltar para o lado de dentro, molhando todo o corredor por onde passava, ele acabou esbarrando em Seth, Charlie e Jane, que volta e meia olhava para a escada, torcendo para a sua irmã aparecer, juntos a sua mãe.

- Onde você estava? – a rainha-mãe havia perguntado sobressaltada ao ver o estado do filho, que escondia a sacola dentro da capa.

- Eu fui caminhar para acalmar a minha cabeça e fui pego pela tempestade. – deu de ombros. – O que houve? –

- Vossa mãe não quer nos deixar ir embora! – Seth disse.

- Com essa chuva? Nem pensar! Até porque já fui informada que os rios estão transbordando e algumas pontes estão cobertas pela água. Não podemos permitir que ninguém deixe o castelo nessas circunstâncias! –

- Infelizmente a minha mãe se preocupa com todos! – ironizou Edward. – Bom, se minha mãe está preocupada com vocês, acredito eu, que apenas porque ela não sabe sobre a nossa conversa, fiquem até a chuva diminuir. Eu definitivamente não quero ficar com peso na consciência caso ocorra algo com vocês dentro do meu reino! Mas assim que a chuva passar, vocês voltem para o lugar que sequer deveriam ter saído! Contudo, até a chuva passar, eu quero vocês longe de mim, da minha esposa e principalmente das minhas filhas! Principalmente você! – disse simplesmente olhando diretamente para Charlie. – Com licença, mãe! – sem falar mais nada, ele continuou seguindo o seu caminho para a escada, deixando uma trilha de poças de água atrás de si.

- Muito bem, voltem para os quartos e se agasalhem, o tempo esfriou demais, já esperávamos por essa chuva a um tempo, porém jamais imaginaríamos que cairia justamente durante a vossa vinda, majestade. – Edward continuou ouvindo a voz da mãe. – Qualquer coisa que precisem, não se acanhem e venham me pedir pessoalmente. Agora, eu peço licença. – enquanto começava a subir as escadas, ele ouviu os passos de sua mãe vindo atrás dele, e ele diminuiu o ritmo. – Encontrou? – ela perguntou baixo ao alcança-lo, questionou e Edward a olhou confuso. – Eu já conversei com Isabella! Eu já sei que a chuva é obra dela, já sei o que ela está fazendo e o que esses dois falaram! Por que acha que eu estou os proibindo de sair?! Eles queriam sair daqui com chuva e tudo! –

- Encontrei! – respondeu sem dizer mais nada. – Eu vou levar para Isabella e me trocar. E as meninas? –

- No quarto brincando e já estou indo ficar com elas, já imagino que Isabella vá ficar a madrugada inteira naquela torre. Vá logo se secar e se trocar antes que adoeça. – mandou ao chegarem no final da escadaria, e Esme seguiu para o quarto das meninas e Edward para a torre onde estava a esposa.

- Encontrou? – Isabella perguntou quando ele entrou na torre quente.

- Sim. – ele jogou o saco molhado em cima da mesa, longe dos livros de Bella. – Minha mãe conseguiu convence-los a ficar pelo menos até a chuva diminuir! – avisou.

- Assim que amanhecer a chuva vai diminuir e eles poderão ir embora, não se preocupe. – respondeu abrindo o saco e despejando o conteúdo dele em cima da mesa. – Vai se trocar. E veja se meu pai foi até Jane. –

- Precisa de ajuda? – negou.

- Não. Eu só preciso de silêncio e concentração para não fazer nada errado. –

Ele não disse mais nada e foi embora para se trocar, além de se sentir completamente molhando, ele sentia frio, bastante frio. Ao chegar em seu quarto, ele mandou o valete ir chamar o guarda que estava no corredor do quarto de Jane, e tratou de se livrar das roupas molhadas, Edward se secou e se trocou em frente a lareira acessa para que pudesse aquecer o seu corpo. Segundo o guarda, Charlie tinha ido até o quarto da filha, mas a única coisa que o guarda ouviu foi ele avisando-a para arrumar as coisas porque iriam embora de Castela o mais rápido possível.

A noite e a madrugada se passaram com a chuva caindo de forma muito forte do lado de fora, para que não corresse nenhum risco de eles tentarem ir embora. Edward mandou fechar os portões do castelo e não abrirem até segunda ordem, para que ninguém saísse dali. Ele imaginou que as meninas poderiam estar sentido medo devido aos trovões, e ele foi ficar com elas, que estavam todas juntas no quarto de Anastásia e com isso ele liberou a sua mãe para que ela pudesse ir para o quarto para descansar. Para distrair as meninas, ele pegou um dos vários livros de histórias infantis que elas tinham e se sentou na cama, com duas de cada lado de seu corpo e foi lendo as estórias que elas escolhiam, até que elas acabaram adormecendo.

Tanto Edward, quanto Isabella e Jane não haviam dormido a madrugada inteira. Edward não conseguia parar de pensar em tudo o que tinha ocorrido durante o dia. Isabella estava tentando fazer a poção mais perfeita que já havia feito na vida. E Jane preocupada sem saber o que iria ocorrer de sua vida a partir agora. Faltavam poucos minutos para o sol começar a nascer, quando Edward viu pela janela do quarto das filhas que a chuva começava a diminuir, o que significava que Isabella tinha terminado a poção que estava fazendo, e até ele começava a ficar apreensivo com o fato de que aquilo tudo poderia dar errado.

Isabella entrou no quarto da irmã em silêncio, pensando que a mesma se encontrava ainda adormecida, e acabou se sobressaltando quando a encontrou acordada e sentada na cadeira debaixo da janela.

- Então? – Jane questionou ao se aproximar de uma Isabella que estava visivelmente cansada, tanto física quanto mentalmente. Bella não falou nada, apenas entregou a irmã um frasco que continua um líquido, levemente viscoso, verde escuro quase preto.

- Eu li aquela receita mil vezes, eu pesei cada miligrama três vezes, tem que dar certo! – disse de forma convicta, porém foi para passar confiança mais para si própria do que para a irmã. – O que vai fazer? –

- Eu… Eu conheço um homem que pode me ajudar. Eu… Eu o amo e sei que é algo reciproco, papai não sabe dele. Eu vou voltar para Londres e mandar uma carta e ele, quando receber a confirmação dele, eu tomo isso aqui e ele me desenterra e de lá deixamos a Inglaterra. Ele já havia me convidado para fugir várias vezes, mas com o papai em cima de mim era difícil, agora será mais fácil. –

- E vai para onde? –

- Para as ilhas que descobriram a oeste, é longe o suficiente para nosso pai nos encontrar. Como isso funciona? –

- Você bebe e em menos de uma hora você começa a passar mal. Febre e dor, eu não sei o nível de dor que é sentido. E em poucas horas o seu coração para de bater. O efeito dura no máximo, pelo menos no máximo que se tem estudos, dois dias, o tempo de um velório e um enterro. Mas ele precisa ter te desenterrado antes do efeito passar, caso contrário vai sufocar no caixão. – lembrou-a. – Não é mais fácil você tomar isso aqui? –

- Do jeito que o papai é, capaz de ele acusar você e o rei de terem me envenenado! Ou então pensar que eu lhe pedi ajuda. - ironizou. – Melhor quando eu chegar em Londres, assim não tem como ele ligar você a nada disso! –

- Mas sabe que… -

- Eu sei que até tudo estar organizado com o Félix eu vou ter que continuar me deitando com Seth. Eu sei! Mas para quem está aguentando a cinco anos, eu aguento mais alguns meses, se no final disso tudo eu vou me ver livre dos dois. Fique atenta, ele me contou o que aconteceu ontem, ele vai te entregar a igreja! –

- Eu sei! Eu já vi que o Papa virá até aqui! – ela engoliu em seco. – Eu queria dizer que já vi que o nosso plano deu certo, mas eu estou tão nervosa quanto a isso que eu não consigo. – ela acabou soluçando e limpou rapidamente uma lágrima que escorreu de seu olho.

- Não fique assim. Jamais te culparia se desse errado ou não. Já lhe disse, morrer é melhor do que continuar do que jeito que eu estou vivendo! Se eu soubesse que você iria me ajudar, teria procurado ajuda antes, dado um jeito de tentar falar com você, achei que nunca mais fosse querer me ver! –

- Eu preciso descansar. – Jane apenas assentiu. – Preciso ver minhas filhas e descansar. As pessoas, principalmente nosso pai, não podem me ver com a mesma roupa de ontem e nem me ver saindo daqui! – suspirou. – Guarde isso bem. Eu coloquei em um frasco de perfume para passar o máximo de despercebido possível, mas cuidado com isso! – Jane assentiu de novo. – Deixe bem claro a esse tal de Félix, assim que acabar o seu enterro e todos forem embora, para ele te tirar logo do caixão, para não correr o risco, pois não se sabe ao certo quanto tempo essa poção dura. – Jane não respondia, apenas balançava a cabeça concordando. – Se der certo e você sobreviver, me mande uma carta avisando, para que eu possa ficar calma. E desde já eu peço desculpas pela dor que isso vai te causar e peço perdão caso você não acorde! Eu preciso ir. – sem falar nada, ela se aproximou da porta.

- Isabella. – Jane a chamou antes que a irmã tivesse a chance de sair do quarto. – Muito obrigada por tudo! Isso dando certo ou não! – mesmo preocupada, ela sorriu para Jane e deixou o quarto.

Isabella foi para o seu quarto ao mesmo tempo em que o castelo acordava, ao entrar no mesmo, ela encontrou com Edward, que já tinha deixado as meninas dormindo sozinhas, com os guardas na porta e foi para o quarto esperando encontrar a esposa.

- Já acordou? – ela perguntou ao fechar a porta e se apoiar na mesma para se livrar de seus sapatos, que após a noite toda de pé, estavam lhe machucando.

- Eu não dormi. Passei a noite no quarto com as meninas, elas estavam com medo dos trovões. Vim para cá agora, quando ouvi a chuva começando a diminuir. – explicou. – Então? –

- Acabei de entregar a poção para Jane. – contou abrindo as amarras de seu vestido, ela só queria se livrar daquelas roupas apertadas e dormir, quando acordasse ela tomava um banho. Ela estava exausta!

- Ela tem um plano? – questionou vendo a esposa se despindo.

- Disse que tem um tal de Félix em Londres, ela o ama e disse ser reciproco. Parece que ele já a convidou para fugirem juntos para as ilhas que encontraram, a tal das Américas, mas como nosso pai não a deixava sozinha nunca, ela nunca foi. – deu de ombros ao vestir a camisola. – Disse que ao chegar em Londres vai armar um plano com ele, de assim que ela for enterrada, ele a desenterrar, e fugirem para lá! Não quer tomar a poção aqui para que ninguém pense que eu fiz nada! – suspirou.

- Qual é o problema? –

- Até poucos minutos eu estava preocupada com o fato de ela não acordar devido a poção, agora eu estou preocupada com o fato de ele não a tirar do caixão a tempo e ela sufocar até morrer! –

- Nesse caso, não seria sua culpa. – ele tentou amenizar e Isabella apenas bufou soltando os cabelos. – Venha, venha descansar, é visível e palpável o seu cansaço. – ele a chamou para a cama.

- Preciso te contar uma coisa! – começou ao se sentar na ponta da cama, ao lado de onde o marido estava deitado. – Você lembra que eu disse que as minhas visões podem sempre mudar, não lembra? – ele apenas assentiu. – Durante a madrugada eu tive uma visão. O Papa vai aparecer aqui para investigar uma acusação de bruxaria. -