domingo, 22 de setembro de 2024

Capítulo 34

                         Walano – Ilhas de Verão –124 Depois da Conquista.

Pov. Edward.

Mais cinco anos haviam se passado e agora já tínhamos três filhos, Arthur estava prestes a completar os seus doze anos, Harry tinha dez e o último que tinha nascido, e recebido o nome de meu pai, Liam, já ia completar os seus cinco anos. As nossas vidas não tinham como estarem melhores, mesmo eu sabendo que volta e meia Isabella sentia falta de seu pai e de Rose, mas até o momento ela não tinha pedido para voltar.

Nós estávamos passando pela época das chuvas, os dragões ficavam mais tempo dentro da caverna do que fora dela. O dragão de Harry havia se chocado, menos de dois meses após ele ser posto, e ele o batizou de Vermax e o dragão de Liam havia se chocado praticamente ao mesmo que o dragão do irmão, e tanto Arthur e Harry haviam entrado em um acordo e o animal foi batizado de Arrax. Dos ovos postos por Tessarion, na primeira ninhada, ainda tínhamos dois, e mais três que ela colocou há dois anos na sua segunda ninhada.

- Parem de correr de um lado para o outro vocês dois! – fui tirado de meus pensamentos, pela voz de Isabella que repreendia nossos filhos por alguma coisa. – Pelos deuses, vocês dois vão me deixar maluca! – reclamou entrando na biblioteca. – Cadê teu filho? – questionou séria e me encarando.

- Qual dos três? –

- Arthur! –

- Eu não sei, não está com os irmãos? – perguntei. – Depois que eles foram dispensados da aula, e mais um corvo chegou de seu pai eu me distrai que eu nem sei que horas são. –

- Notícias ruins? – perguntou após alguns segundos de silêncio e ao se aproximar da mesa.

- Carlisle deu uma piorada! Teve um quarto filho, e recebeu também o nome do nosso pai, mas faleceu poucos dias antes de completar o primeiro ano de vida! – suspirei. – Isso não importa! – eu joguei o papel que eu tinha em mãos dentro da gaveta. – Vamos ver onde está esse moleque! – eu saí do meu escritório e encontrando os dois mais novos sentados em cima do tapete, com vários brinquedos espalhados pela sala. – Cadê o irmão de vocês? – eles apenas deram de ombros. – Vamos, os dois catar esses brinquedos, não quero bagunça. –

- Edward… - eu ouvi a voz de Bella vindo atrás de mim, enquanto eu continuava a andar pela casa atrás do mais velho. – Edward! – ela falou mais séria e me fez parar. – Para de descontar nas crianças os seus problemas! –

- Problemas? Eu não tenho nenhum problema. –

- Não?! Já é a terceira carta que você recebe do meu pai, falando da piora de saúde de seu irmão e você fica desse jeito, distribuindo patada em todo mundo a torto e a direito! Se quer voltar para ver com os próprios olhos como ele está, não tem problema! Nós voltamos! Arthur mesmo a poucas luas perguntou quando ele vai conhecer o avô! –

- Onde você estava? – perguntei vendo Arthur entrar pela porta da cozinha, com um pedaço de bolo e uns papeis em mãos.

- No quintal dos fundos. –

- Você estava perto dos dragões? – Isabella perguntou.

- Não, mamãe. Eu sei que não podemos chegar perto deles sem que a senhora ou o papai estejam junto! –

- O que é isso na sua mão? – ele levantou confuso a mão que segurava o bolo. – Na outra mão. – falei meio ríspido.

- Eu… Eu estava desenhando! –

- Desenhando? – falei com um pouco de desdém que eu sabia que não era para ter saído.

- Edward! – Isabella me repreendeu e eu notei que o menino tinha ficado chateado. – Arthur, vai lavar as mãos para jantarmos. E veja se o Liam lavou as mãos direito! –

- Sim senhora. – falou com a voz carregada de chateação.

- Para de descontar nos meus filhos os seus problemas, Edward. –

- Desculpa, não foi a minha intenção falar desse jeito. – falei me sentando no terceiro degrau da escada que a criadagem usava. – Eu vou parar de ler as cartas que o seu pai me manda, eu… -

- Você está preocupado com o seu irmão e com remorso por ter deixado Adhara brigado com ele e está sabendo que ele encontra piorando o quadro de saúde. É assim que você está e não quer admitir! – falou se sentando ao meu lado. – Eu sei que está com raiva de si próprio, mas não desconte nas crianças. Magoaste o Arthur com esse desdém só por ele estar desenhando. –

- Não foi intencional, eu já disse! –

- Amor, vamos voltar a Adhara! Você não vai se acalmar enquanto não vir o seu irmão com os próprios olhos! As crianças já estão crescidas, já sabem falar! Se alguém tentar alguma coisa elas podem se defender e nos contar! E nós não precisamos ficar em Adhara. Vamos, vemos o seu irmão e vamos para Dragonstone ou para algum lugar de Saggita, que é perto o suficiente para o caso de algo acontecer! –

- Se você quer voltar… -

- O problema dessa vez não sou eu e você sabe! Só que você nunca vai admitir que quer ver o seu irmão! E igual a primeira vez quando fomos embora e voltamos, nós sempre poderemos voltar para cá! –

- Espere uns dias… Isso vai ter passado e será como se nada tivesse acontecido! –

- Tudo bem! Esperaremos mais uns dias, mas se não passar, nós voltamos a Adhara. – ela se levantou. – Agora, desculpe-se com os seus filhos por ter gritado sem motivo com eles! – mandou subindo as escadas, e indo para o andar de cima e me deixando sozinho.

- Papai… - eu virei a cabeça e vi que Liam, me encarava da porta da sala, com receio de se aproximar.

- Vem cá. – chamei-o e ele se aproximou de mim. – Desculpa ter gritado com você, meu filho. – pedi sentando-o em meu joelho.

- Está tudo bem? –

- Está! Seu pai não recebeu uma boa notícia do seu avô, apenas isso! Mas está tudo bem! –

- E quando vamos conhecer o vovô? –

- Quer conhecer o seu avô? – ele balançou a cabeça assentindo.

- Eu também, papai. – a voz de Harry veio da porta, e eu apenas abri o braço para que ele se aproximasse também. – E o Arthur também quer. – ele falou se sentando em meu outro joelho!

- Já que, pelo visto, os três querem ir para Andrômeda, depois do jantar nós vamos conversar sobre isso, tem alguns pontos que precisamos levar em consideração antes de partimos. – suspirei. – Já guardaram os seus brinquedos? – eles negaram. – Então os guarde, por favor, e lavem as mãos para jantar. Eu vou falar com o irmão de vocês! – eu dei um beijo na cabeça de Liam, que desceu primeiro do meu joelho. – Desculpa por ter gritado com você também, meu filho. – pedi a Harry lhe dando um beijo na cabeça também.

- Está tudo bem, papai! –

- Vão guardar as suas coisas! – pedi quando ele desceu e os dois foram para a sala recolher os brinquedos e eu me levantei, eu tinha que me desculpar com Arthur, eu não devia ter falado de forma ríspida e desdenhosa com ele.

Eu subi as escadas e caminhei até o seu quarto, depois que os meninos tinham crescido eles se mudaram para o corredor oposto ao meu e de Isabella, como a mesma dizia, eles não precisavam ouvir e serem traumatizados com os sons de seus pais juntos. Eu bati na porta de seu quarto e esperei que ele permitisse a minha entrada.

- Entra mãe. – falou e eu abri a porta do quarto, sem entrar no mesmo.

- Não é a sua mãe, sou eu! – falei vendo-o guardar algumas coisas na escrivaninha que ele tinha. – Posso entrar? –

- Entra pai. Eu já estava descendo para jantar. –

- Quero pedir desculpas. – falei entrando e fechando a porta. – Eu não devia ter falado do jeito que eu falei com você agora a pouco. – respondi quando ele se sentou na ponta da cama.

- Está tudo bem! –

- Não, não está! – suspirei me sentando ao seu lado.  - Sua mãe tem razão, eu estou com remorso de umas coisas que eu fiz e estou descontando em vocês, que não tem nada haver com a história! –

- Posso perguntar o que houve? –

- Seu avô mandou notícias que a saúde de seu tio piorou! E como a sua mãe tinha dito há dez anos, eu iria sentir remorso por ter deixado Andrômeda brigado com ele! –

- O que aconteceu, pai? Eu escuto, volta e meia, os senhores falando de algo que aconteceu há dez anos, que os fizeram deixar o continente. –

- Saímos de lá para proteger você e o seu irmão! –

- Do que? – insistiu e eu suspirei.

- Há quinze anos seu tio se casou de novo com uma mulher asquerosa, e poucos meses antes de virmos para cá, minha sobrinha te escolheu como herdeiro dela, caso ela não tivesse filhos… -

- Está se referindo a tia Rose? –

- Tia Rose? Ela é prima de vocês! –

- Mas a mamãe sempre fala dela como tia Rose! – explicou e eu acabei balançando a cabeça sorrindo.

- Sim! Tia Rose. Ela te escolheu como sucessor dela, caso ela não tivesse filhos! Só que a esposa do meu irmão não gostou, queria que o trono passasse para o filho mais velho dela, e meu irmão simplesmente aceitou a decisão da minha sobrinha. Ela procurou pela sua mãe, querendo arranjar um casamento entre você e a filha dela, e quando a sua mãe recusou, ela colocou uma cobra no seu berço, não lhe aconteceu nada graças a Tyraxes. Meu irmão não fez nada então nós deixamos Andrômeda para proteger vocês! Você era muito pequeno, não sabia falar, se alguém tentasse algo não teríamos como saber e ninguém sabia que Isabella estava grávida de Harry, então… -

- Estamos escondidos aqui há dez anos! –

- Praticamente! – admiti. – Mas os seus irmãos falaram que querem voltar ao continente para conhecer o avô e segundo eles e segundo a sua mãe, você também! –

- A mamãe fala tanto do vovô, do tio Mike, da tia Rose… - ele deixou a frase morrer e deu de ombros.

- Se vocês querem ir, nós vamos! – falei simplesmente. – Deixa eu ver o que você estava desenhando. – ele negou. – Por quê? –

- Eu joguei fora! –

- Por quê? –

- Eu sou seu filho! O senhor mesmo fala que era o melhor guerreiro de Andrômeda, eu não posso perder o meu tempo desenhando e… -

- E você não tem que seguir os meus passos, Arthur! Você não precisa ir para nenhuma guerra se não quiser. Algo que a sua mãe vai agradecer imensamente! – admiti. – Vamos, pegue o desenho. Eu quero ver! – suspirando, ele se levantou e pegou a bola de papel amassada em cima da sua escrivaninha e me entregou.

- É só um esboço. – deu de ombros quando eu vi um desenho de Tyraxes, pelo menos as cores lembravam.

- Você desenha bem! – falei. – Muito bem! Se eu não soubesse eu poderia dizer que você é filho do seu tio! –

- Do tio Mike? –

- Não! Mike é irmão da sua mãe. Eu me refiro ao Carlisle, ao meu irmão! – expliquei. – Ele era igualzinho a você quando tinha a sua idade, ficava horas desenhando ou raspando madeira. Alguns meses antes de ele ascender ao trono ele tinha feito uma maquete enorme de toda Adhara esculpida em madeira, e logo depois fez uma de toda a Cária… Você nunca mais vai me ouvir falar isso, mas o trabalho que ele fez ficou muito bom! – ele acabou rindo. – Foi ele quem fez aquele dragão de madeira que você tem. – comentei apontando para o objeto, já desgastado e com a ponta da cauda quebrada, que ficava na escrivaninha dele.

- A mamãe disse que ele me deu de aniversário de um ano! –

- E caso não saibas, meu pai também foi um grande guerreiro quando vivo, montou em Vaghar, não é qualquer um que conseguia domar Vaghar, e Carlisle passou bem longe dos passos dele. Tudo bem que meu irmão domou Balerion e foi o último montador que o dragão teve, mas meu irmão não ia para lutas, não se envolvia em guerra, não participava de torneios. Ele não seguiu os passos do nosso pai e nem por isso se tornou menos filho dele, do mesmo jeito que caso você não queria seguir os meus passos, não irá se tornar menos meu filho! Você decidindo empunhar uma espada ou um lápis eu vou te apoiar e amar você de qualquer jeito! – garanti passando o braço por cima de seus ombros e dando um beijo em sua têmpora.

- Eu também amo o senhor, pai! –

- Muito bem! – a voz de Bella foi ouvida, vinda da porta. – É isso o que eu quero ver, meus meninos se dando bem! – ela disse entrando no quarto e se aproximando de nós. Ela segurou o rosto de Arthur entre as mãos e lhe beijou a bochecha.

- Seus filhos querem ir para Adhara. – comentei enquanto ela ajeitava o cabelo de Arthur. – Querem conhecer o vovô. Eu não quero perder quando ele contar como aconteceu o nosso casamento. –

- Edward! –

- Como aconteceu? –

- Ignore o seu pai! Você é novo demais para isso! – se apressou em dizer e eu acabei rindo. – Vamos, o jantar já foi servido e os mais novos estão nos esperando! – Arthur prontamente se levantou e nós deixamos o quarto.

- Já que pelo visto todos querem voltar para Andrômeda… - suspirei. – Eu vou organizar tudo para irmos embora em algumas semanas! –

- Hey. – ela segurou o meu rosto. – Sempre poderemos voltar para Walano. –

- Eu sei! E não importa onde eu esteja, desde que eu esteja com você! – garanti e ela sorriu me dando um beijo. – Eu te amo. –

- Eu te amo! –

- Ergh! – ele reclamou e isso acabou nos fazendo rir.

Como todas as crianças queriam voltar ao continente de Andrômeda para conhecer o avô, eu mandei um corvo endereçado a Charlie avisando e comecei os preparativos para a nossa ida, seria uma viagem bem longa e dessa vez deveria ser feita com calma, teríamos três dragões pequenos nos seguindo e não queríamos correr o risco deles se perderem da nossa vista. Os outros ovos postos por Tessarion iriam nas incubadoras no porão do navio e eu torcia para a região de Stepstones estar calma, quando tínhamos saído há dez anos, havia boatos de a Triarquia estar tentando se reerguer, mas Charlie jamais tinha dito se eles tinham conseguido ou não.

Um pouco mais de dois meses depois, quase três, nós chegamos em Mensa, tivemos que parar na cidade para abastecer devido a uma chuva forte na região de Apus, e resolvemos descer um pouco do barco, os meninos estavam um pouco agitados e enjoados depois de tanto tempo sem pisarem em terra firme.

- Eu não acredito nisso! – nós ouvimos uma voz familiar vindo de trás de mim, e ao nos virarmos demos de cara com Jane, que estava grávida.

- Jane? –

- Bella! – ela se aproximou e as duas se abraçaram.

- Olá primo! –

- Jane! – disse simplesmente. – O que está fazendo aqui? –

- Longa história! – deu de ombros sorrindo. – Vão ficar quanto tempo na cidade? –

- Pouco, só estamos reabastecendo o navio para voltarmos a Adhara! – expliquei.

- Então, enquanto abastecem, eu os convido para ficarem em minha casa! Você tem que conhecer as minhas meninas! – disse afagando o braço de Bella.

- Eu nem sabia que você tinha se casado! –

- Como eu disse, amiga, longa história. – respondeu rindo. – Vamos, pegue o Arthur e vamos! Alias, cadê o menino? – eu apenas apontei para a praia, a alguns passos de nós onde os três garotos estavam com os seus respectivos dragões. – Três filhos?! Andaram ocupados nas Ilhas. –

- Olha quem fala! – Bella rebateu rindo.

- A cidade está segura, Jane? –

- Sim, primo, nos últimos anos Mensa tem estado bem segura! – garantiu. – Caso contrário eu já teria voltado para Driftmark. – eu me voltei para a praia e assobiei alto chamando a atenção de Harry e com a mão eu os chamei.

- Oi pai. – Arthur se aproximou segurando a mão do mais novo.

- Prima de vocês. – disse simplesmente apontando para a Jane. – Mas se depender da mãe de vocês, ela vira sua tia também! – Bella riu.

- Rose é tia deles? – Bella deu de ombros. – Então eu também quero ser tia! – com cuidado, devido a barriga, ela se agachou um pouco. – Olá meninos, eu sou a tia Jane. Você deve ser o Arthur. – o mais velho assentiu. – E quem são os seus irmãos? –

- Esse é o Harry e esse é o Liam. –

- Oi meninos! – ela afagou o cabelo dos três. – Me digam… A viagem das ilhas para cá foi bem longa, não é mesmo? – eles assentiram. – O que me dizem sobre um banho quente, comida quente e uma cama que não balança? – eu não tinha conseguido ver as expressões deles, mas Jane sorriu. – Então vamos para a casa da tia Jane, para vocês descansarem e conhecerem as suas primas! – ela ficou de pé de novo. – Vamos? -  

Ainda iriam demorar umas boas horas até que o navio ficasse pronto, portanto, resolvemos ir até a casa de Jane. Ela morava em uma casa grande a beira mar, de longe, eu conseguia ver um monte verde no meio da areia da praia, no caso, aquele monte era ninguém menos que Vaghar. Mal nós entramos em casa e duas garotas se aproximaram correndo.

- Parou as duas. – Jane simplesmente ergueu as mãos e elas pararam. – Deixa-me apresenta-las algumas pessoas da família de vocês. –

- Finalmente! –

- Anna! – ela repreendeu uma das garotas enquanto a outra apenas riu.

- Gêmeas? - Bella questionou olhando as meninas que eram praticamente iguais, praticamente a única coisa que distinguia as duas eram o cabelo, uma usava o cabelo cacheado, igual ao da mãe, e que havia acabado de ser repreendida, a Anna, e a outra usava o cabelo liso.

- Gêmeas! – Jane apenas assentiu rindo. – Essa é a Anna. – ela apontou para a menina de dez anos de cabelo cacheado. – E a Emma. – apontou para a outra filha de cabelo liso. – Esse é o meu primo, Edward. A esposa dele, e uma das minhas grandes amigas, Bella, e os filhos deles. Arthur, Harry e Liam. – apresentou. – Eles vão passar uns dias aqui. –

- Nunca falamos nada sobre uns dias, Jane, dizemos que iriamos apenas esperar o navio abastecer! – avisei.

- Eu preciso conversar com a Bella, temos muita coisa para conversar. – rebateu apoiando as mãos nas cinturas.

- Tá bom! – eu apenas suspirei.

- O que foi isso? Ele não vai rebater? –

- Digamos apenas que ele aprendeu do pior jeito possível que não se discute com uma grávida. – Bella contou sorrindo, me fazendo bufar, e Jane riu.

- Garotas, acompanhem os meninos até um quarto para descarem. –

- Tá bom, mãe. – responderam juntas.

- Vão lá! – Bella apenas disse quando Arthur olhou para a mãe. – Comportem-se. Cuidem do irmão de vocês! – cansados, os três foram quase se arrastando pelo corredor enquanto as garotas iam guiando-os na frente.

- E vocês dois querem descansar ou podemos conversar? – perguntou enlaçando o braço ao de Bella.

- Quando a descansar eu estou bem, mas eu adoraria um banho… está muito calor aqui! -

Jane apenas riu, mas balançou a cabeça assentindo. Ela chamou por uma criada que nos acompanhou até um quarto e eu ouvi Bella respirando aliviada ao se deitar em algo macio e estável depois de um pouco mais de dois meses. Alguns minutos depois chegou com água fresca para um banho e uma bandeja com algumas coisas para comer. Depois de um banho, eu deitei na cama e acabei adormecendo, eu estava cansado, na primeira vez que voltei de Walano para Andrômeda, eu tinha de prestar atenção em tomar cuidado com a Triarquia, e agora, na segunda vez, que voltamos para Andrômeda, eu tinha que tomar cuidado para que aqueles três pestinhas não se matassem durante os longos dias de tédio.

Quando eu acordei, foi sentindo um beijo em meus lábios e ao abrir os olhos, Bella estava sentada do meu lado e sorriu quando viu que eu tinha despertado.

- Descansou? – perguntou sorrindo.

- Sim! – respondi. – Que horas são? –

- Já anoiteceu! A pouco tempo na verdade, mas já anoiteceu! –

- Eu dormi! – suspirei ao coçar os olhos e me sentei na cama. – Mas pelo visto, a senhora não dormiu nada. –

- Estava conversando com a Jane. – respondeu. – As crianças acordaram quase agora e estão brincando no jardim com a Anna e a Emma. Se deram bem! –

- Estava conversando com a Jane até agora? –

- Quando ela disse que a história era longa… Ela não brincou. – suspirou. – Quero pedir uma coisa. –

- Pede. Sabe que eu sempre faço o que você quer! –

- Podemos passar um tempo aqui em Mensa? Só até a Jane dar à luz. Ela não quer ficar sozinha! –

- Cadê o marido dela? – ela suspirou de novo.

- Faleceu a alguns meses! –

- Por que ela não voltou a Driftmark? –

- Digamos apenas que… Jane tentou de certa forma, seguir os meus passos! – suspirou. – Ela estava prometida com o filho do senhor do mar de Cetus, ele foi busca-la um pouco depois que fomos embora, só que ela se apaixonou por um homem de Claw Isle, ele insultou o noivo dela, duelaram e o homem de Cetus foi morto! Jacob não ficou feliz com isso e tampouco com o fato de ela ter se casado dois dias depois em segredo e então eles fugiram para cá. Ela disse que tinha cogitado a ideia de voltar para Driftmark quando o marido morreu e ela descobriu que estava grávida, mas disse que Gianna nunca respondeu as cartas dela, que ela já viu Jacob aqui e ele fingiu que a não viu! Então, ela acha que não será bem recebida lá e nem em Adhara, pelo visto, seu irmão também não gostou do que ela tinha feito e Rosalie e Alec também nunca a respondeu! –

- Rosalie jamais a ignoraria. Alec também não! E duvido muito de Gianna e Jacob! –

- Eu sei! Mas ela também disse que enviou dezenas de cartas a Rosalie, tanto para Adhara quanto para Dragonstone e nem Rose e nem o Alec a responderam… E no fundo eu também acho estranho Jacob tê-la ignorado ou de Gianna não a ter respondido! Ela jamais faria isso com a filha! Meu pai era pior do que Jacob e não fez isso comigo! –

- Podemos ficar, não tem problema nenhum. E se ela quiser que interfiramos em nome dela aos pais, não será nenhum problema! – ela suspirou de novo. – Mais o que? –

- Ela contou que desde que as meninas nasceram, há dez anos, que o marido dela prometia que iriam voltar a Driftmark, nem que fosse apenas para Gianna e Jacob conhecessem as meninas, mas… Ela desconfia que o marido tinha um ou mais amantes na cidade… -

- Homens? – questionei e ela apenas assentiu.

- E aparentemente um desses amantes era o príncipe de Mensa, Reggio, algo desse tipo. Sempre que ela citava essa questão de voltar para casa, ele se estressava, falava que os dois não iriam querer ver a filha e nem as meninas… O príncipe queria que o Santiago… O marido dela, usasse a Vaghar para que algumas cidades e reinos vizinhos dobrassem o joelho ao príncipe… -

- Se ele tentasse ele seria morto! – apontei.

- Esse era o problema. Ele tentava convencer a Jane a fazer isso, mas ela sempre recusava… Ela desconfia que o marido tenha sido morto pelo príncipe, e ele está ameaçando tomar a casa de volta, que foi oferecida a eles quando chegaram, caso ela se recuse a ajuda-lo. –

- Ela quer que eu fale com ele? –

- Ela quer parir em paz, Edward, será logo, ela já entrou na última lua, e depois que se recuperar, ela quer voltar a Driftmark e reza para que os pais a aceitem de volta! –

- Amanhã eu vou falar com esse homem. E tenha certeza, Jacob e Gianna vão aceita-la de volta, eu não tenho duvidas disso! –

- Aliás, seus filhos estão me enlouquecendo querendo ver a Vaghar… - comentou ao se levantar da cama e indo para perto da janela. – E espero que os outros dragões estejam longe dela. – eu me levantei da cama.

- Não se preocupe, Vaghar só irá atacar caso se sinta ameaçada e nenhum dragão fará isso, nem os mais novos são idiotas nesse nível! – garanti dando um beijo em sua cabeça e vendo o mar negro devido a noite, a nossa frente. – Eu vou me vestir para descermos! Falar para essas crianças ficarem longe da praia enquanto permanecermos aqui. – uma batida soou na porta. – Entre. –

- Posso entrar? – Jane questionou ao abrir a porta.

- O que houve? –

- Ele está aqui… De novo. – suspirou.

- O príncipe? – questionei e ela suspirou. - Receba-o, eu vou resolver esse problema! – ela suspirou aliviada.

- Obrigada, primo! –

- Vou ver as crianças, eu te espero lá embaixo. – Bella me deu um beijo antes de sair do quarto junto com a Jane.

A tina estava cheia com água fresca mais uma vez, e como Bella tinha dito mais cedo, está um calor insuportável aqui em Mensa, eu precisei de outro banho antes de me vestir para descer. Ao descer as escadas as minhas narinas eram preenchidas por cheiro de comida nova, fresca e quente e isso era muito bom depois de bastante tempo.

- Minha querida Jane, poderia me apresentar a sua lindíssima amiga? – eu ouvi uma voz grossa ao entrar no salão de jantar.

- Ponha-se em seu lugar. – mandei ao me fazer presente. – E saía de perto da minha esposa antes que eu lhe corte a cabeça! – ameacei.

- Oh… Que agradável surpresa… Príncipe Edward! Não sabia que tinhas voltado das Ilhas de Verão! –

- Paramos apenas para abastecer e aproveitamos para ver a minha prima… A qual, você não deveria se referir a ela, pelo primeiro nome! – rebati.

- Foi o próprio Santiago quem tinha permitido! –

- E pelo que soube… Ele não está mais aqui! – rebati. – Por que não vamos jantar e você me explica o que tanto quer com a minha prima? – sugeri para amenizar o clima e eu também estava faminto. – Onde estão as crianças? – perguntei a Bella.

- Jantando com a Anna e a Emma! –

Nós nos sentamos a mesa de jantar que estava bem abastecida, com vários tipos de carne, frutas e pães. O príncipe de Mensa não tinha vindo sozinho, tinha trazido mais umas cinco pessoas junto com ele, todos homens, provavelmente para tentar intimidar Jane, e esperava eu que fosse apenas para intimidação e não algo pior. Eles só não contavam com o fato de eu estar na cidade.

- Preciso dizer Jane, esse coração de cordeiro estava magnifico. – comentou lambendo o dedão e Jane sorriu sem graça, ela não gostava da intimidade que ele pensava ter com ela.

- Somos muito afortunados na culinária de Andrômeda, vossa excelência! A sobremesa será um bolo de ameixas… Capaz de brigarmos pelas migalhas! –

- Então antes que a guerra comece… - ele pegou o seu cálice de vinho. – Um brinde a Henry, o Conquistador, glorificado antepassado de vocês dois. – apontou o vinho para mim e para Jane. – Que se juntou a causa contra Syrena, no Século de Sangue. Em seu grande dragão Balerion, ele voou para nos socorrer em Tarrin e queimou uma frota de navios inimigos virando assim a maré! –

- A Henry, o Conquistador! – disse simplesmente sem muita emoção e virando o restante do meu vinho de uma única vez.

- Preciso comentar… ainda é estranho ver um Swan e uma Hightower casados, mesmo depois de… Quanto tempo mesmo? –

- Vai completar dezessete anos! – eu segurei a mão de Bella, que estava apoiada na mesa e beijei seus dedos.

- Dezessete anos! Pelos deuses, muito tempo para aturar uma única mulher! – disse rindo e eu virei os olhos na sua direção e Isabella também. – Mas tenho certeza de que andou se divertindo fora do casamento?  Não é mesmo? Todos nós sabemos como são as mulheres em Walano e… -

- E se você ofender a minha esposa de novo, eu vou te servir de jantar para o Caraxes! – ameacei. – Por que não me conta o motivo de ter vindo até a minha prima? Estou deveras curioso! –

- Apenas negócios! – deu de ombros. – E como pude ver na praia que existem mais dragões além da Vaghar… Eu gostaria de fazer uma proposta agora aos dois, pelo espirito da honrada e célebre aliança que eu tinha com Santiago, eu gostaria de ter com o senhor também! –

- Estou ouvindo! –

- Se o senhor deseja se casar com uma de minhas filhas, poderia ter dito logo e nos poupados da aula de história! Além de a resposta ser não! – Jane se apressou em dizer, sem nem esperar o príncipe terminar de falar.

- Eu não me considero tão merecedor assim, minha senhora Jane. Bom, como o vosso marido não está mais entre nós e o único homem presente é o seu primo… - ele se virou para mim. – Eu gostaria de oferecer moradia permanente em Mensa. Essa casa será dada ao senhor de imediato, bem como, suas fazendas, terras, vinhedo e a floresta. Os inquilinos pagariam seus tributos anualmente para o seu novo senhorio Swan. O senhor teria liberdade na cidade e no porto, benefícios de seu status real! –

- Em troca de? – Isabella questionou.

- Tarris e seus aliados ascenderam de novo. Soube que a Triarquia entrou em acordo com Aro Volturi, de Apus. No momento, talvez eles possam voltar seus olhares para o Norte. A sua família tem dragões! Pelo que eu pude ver, seis agora, talvez nove no futuro! Meu objetivo é proteger Mensa dos olhos gananciosos da Triarquia. Auxilie Mensa nisso, como Henry fez e a minha gratidão encherá o seu copo e transbordará! –

- Edward! –

- É uma oferta muito generosa, irei pensar no assunto! –

- Mamãe… - a voz de Liam soou baixa entre Isabella e eu.

- Que foi? –

- Eu estou com sono. Me coloca na cama? –

- Claro, meu amor. – ela tirou o guardanapo do colo e deixou em cima da mesa. Ela tinha ficado estressada, não havia gostado da minha resposta. – Dê boa noite ao seu pai. –

- Boa noite, papai. –

- Boa noite, Liam. – eu apoiei a minha testa contra a sua cabeça e lhe afaguei os fios loiros quase brancos. Ele passou por trás da minha cadeira e foi para perto de Jane.

- Boa noite, tia Jane. –

- Boa noite, principezinho. – ela lhe beijou a bochecha.

- Bom, príncipe Reggio, foi um prazer conhecer o senhor, mas eu preciso colocar meu filho na cama. Tenha uma boa noite! – disse ao pegar o Liam no colo, quando ele voltou para perto dela com os braços estendidos.

- Prazer estaria em… -

- Respeita a minha esposa! – falei entre os dentes e Isabella simplesmente o ignorou e saiu.

- Foi apenas uma brincadeira, vossa alteza. –

- A próxima brincadeira, e lhe corto a língua fora! –

- Perdoe-me. –

- Bom, já está tarde. – eu me levantei. – Temos que descansar da longa viagem que fizemos… Jane também precisa descansar. – estendi a mão para ajuda-la a se levantar, e em agradecimento ela apenas sorriu para mim. – Eu pensarei na vossa resposta e pessoalmente lhe responderei. Boa noite, príncipe Reggio. –

- Boa noite, vossa alteza… Lady Jane. –

- Caso não se lembre, a minha prima, mãe dela, também é uma princesa. Então o título de vossa alteza também tem que se estender a ela! E a minha esposa também, por motivos óbvios! –

- Mas é claro! Boa noite, vossas altezas. – corrigiu, mas eu ouvia o deboche em sua voz.

- Com licença. –

- Não está cogitando realmente essa ideia, está? – Jane questionou ao subir as escadas ao meu lado. – Eu quero que minhas filhas cresçam em Driftmark e não escondida aqui, e quando a minha a hora chegar, eu quero ter uma morte digna de um cavaleiro de dragão e não uma morte medíocre de um lorde qualquer! –

- Jane, eu deixei Walano porque minha esposa e meus filhos queriam ver Charlie e Mike, eu estou há quase três meses preso dentro de um navio e se você acha que eu vou deixar tudo isso de lado por causa de ouro… Você realmente não me conhece, e principalmente não conhece Isabella, ela jamais iria permitir que eu aceite essa proposta! –

- Então por que não a recusou de uma vez? –

- Porque se eu a recusasse, ele iria te colocar na rua. Isabella me disse que o bebê pode nascer a qualquer momento, não é? – ela apenas assentiu. – Então, assim que o bebê nascer e você se recuperar, nós vamos embora e se eu tiver a sorte eu arranco a língua desse merda desse homem! – respondi. – Agora me explique uma coisa. O que ele quis dizer com temos seis dragões e se os deuses quiserem teremos nove? –

- Há quase dez anos nós recebemos dois ovos do seu irmão, foi a primeira e última vez que alguém de Andrômeda falou comigo depois do que eu fiz, só que os ovos das meninas nunca chocaram! Eles empedraram! Elas ficaram tão mal com isso. Eu mandei um corvo a minha mãe e a Rose, pedindo novos ovos ou dragões filhotes para elas, mas eu nunca obtive resposta! – suspirei.

- Tem alguns ovos de Tessarion nas incubadoras do navio. Amanhã eu levo as meninas até lá, para que elas possam escolher os ovos, mas não é garantido que nasçam! –

- Eu sei! Obrigado primo! –

- E elas aproveitam e escolhe um para o irmão ou irmã! – eu acariciei de leve a sua barriga e senti um chute em retribuição.

- Preciso dizer, se não for inconveniente. Isabella sempre quis uma menina, não vão tentar? –

- E em algum momento nós paramos? – rebati e ela riu. – Eu sei que ela quer uma menina e eu também quero e se ela vier igual a mãe, melhor ainda! Quando tiver que vir, virá! – dei de ombros. – Não quero ficar ansioso e nem deixar Isabella ansiosa, isso é o pior. Ela sofreu dois abortos durante esses dez anos. Um antes do Liam e um depois. –

- Eu sinto muito. –

- Está… está tudo bem! – dei de ombros enquanto voltamos a subir as escadas. – Ela ainda não tinha descoberto, foi bem início e no fundo ela ainda tem duvidas se foi um aborto mesmo ou apenas a regra que desceu! Agora vai descansar, imagino quanto queira se livrar desse vestido e colocar os pés para o alto! –

- Quero muito! – admitiu. – Eu achei que nunca ia sentir algo pior do que uma gravidez de gêmeos, mas pelo visto estou esperando dois de novo, ou mais, porque o peso é igual ao peso de quando engravidei das meninas! –

- Vai descansar! E não se preocupe, nós não vamos ficar aqui! –

- Obrigada, primo! – ela seguiu pelo corredor e eu segui para o meu quarto.

- Quando vamos conhecer o vovô? – eu ouvi a voz de Harry ao passar em frente ao quarto que ele dividia com os irmãos.

- Logo! – Bella respondeu e eu parei na porta. Liam já dormia profundamente e Arthur também. Bella estava sentada na beirada da cama cobrindo o filho do meio. – Assim que a Jane der à luz ao bebê e estiver recuperada para uma viagem de quase duas semanas, nós vamos embora! –

- Mais duas semanas dentro do barco? –

- Você aguentou dois meses… aguenta quinze dias! – ela lhe afagou a bochecha. – Agora vai dormir e descansar. Qualquer coisa, eu e o seu pai estamos no quarto da frente, é só chamar! –

- Sim senhora. – ela se debruçou sobre o filho e lhe deu um beijo na testa.

- Durma bem. – ela se levantou e se sobressaltou ao me ver ali na porta.

- Quero deixar bem claro que eu não vou aceitar a proposta de Reggio. – disse quando ela saiu e fechou a porta atrás de si. – Só disse aquilo para que ele não colocasse Jane na rua! –

- Depois que eu me acalmei eu pensei nessa possibilidade. Sabe que eu faria da sua vida um inferno se aceitasse isso! – apontou quando eu abri a porta do nosso quarto. – Esse homem é simplesmente… - ela não terminou a frase. – Eu achei que os homens de Adhara eram mal educados, mas pelo visto aqui são piores! – ela se sentou na ponta da cama para tirar os sapatos. – Não vi isso da primeira vez que vim aqui! –

- Isabella, já esqueceu do homem que eu cortei o braço fora porque tentou lhe puxar? – questionei.

- Eu não esperava que a monarquia fosse assim. – se corrigiu. – Em Andrômeda, em Apus e em Walano, eles se comportam! –

- Em Walano, em Apus e em Andrômeda, são pessoas que foram criadas desde cedo para assumirem os postos reais, completamente diferente de Mensa. – descalça ela se levantou da cama. – Deixa que eu abro o vestido. – disse ela se aproximou de mim, de costas, e colocando o cabelo para frente. – Agora, vamos ao que importa, já que o dragão é seu… Jane comentou sobre os ovos das filhas? –

- Não! Eu pensei que como ela não falava com o continente de Andrômeda as meninas sequer tinham recebido os ovos. –

- Receberam de Carlisle um pouco depois que elas nasceram, mas os ovos petrificaram e ao mandar um corvo a Rose e a Gianna para enviarem novos ovos, não teve resposta! Ofereci os ovos de Tessarion, mas o dragão é seu, e caso não se importe… -

- Claro que não! Podem escolher à vontade, e escolher para o mais novo também, sem o menor problema! –

- Foi o que eu suspeitei! Amanhã vou levar as meninas até o navio para escolherem os ovos! – comentei ao terminar de abrir o seu vestido. – Agora, se troque e vá descansar, não dormistes nada desde ontem! –

- Estou exausta, preciso admitir! – ela tirou todo o vestido ficando nua. – Me diga, acha mesmo que Aro se uniu a Triarquia? – questionou pegando uma camisola dentro do baú e a vestindo.

- Duvido muito! Mas quando voltarmos a Andrômeda eu vou enviar um corvo a Dimitri. –

Ela deitou na cama e eu terminei de me trocar, apagando a maioria das velas e deitei ao seu lado. Bella me deu um beijo e deitou a cabeça em meu ombro e eu a abracei.

Na manhã seguinte depois que termos acordado e depois do dejejum, eu chamei as duas garotas para irem comigo até o navio, de início elas ficaram um pouco receosas, elas iriam apenas comigo, Isabella iria ficar com Jane, que não estava se sentindo muito bem, mas após a mãe dizer que elas podiam ir, elas vieram. A casa onde Jane morava era um pouco afastada do porto, mas nós chegamos lá bem rápido.

- O que viemos fazer aqui? – Anna perguntou ao chegarmos no porão do navio, onde estavam as incubadoras.

- A mãe de vocês me contou que os ovos que as duas ganharam empedraram. – elas apenas assentiram. Eu peguei uma luva grossa, e abri as incubadoras que estavam ligadas e com os ovos dentro. – Podem escolher! – disse simplesmente e elas se aproximaram animadas. – Cuidado, porque está bem quente! – alertei. – Podem escolher os de vocês e os do bebê. –

- É sério? – Anna questionou e eu apenas assenti.

- Isabella permitiu, são de Tessarion, assim como Arrax e Vermax. – contei. – Mas já alerto, não garanto que eles irão se chocar! – elas assentiram.

- Tá. –

- Escolham, não toquem neles, e a noite eles estarão com as duas, e o do bebê irá para o berço dele quando ele nascer! –

As duas olharam os ovos disponíveis e os escolheram. Anna escolheu o ovo de escamas verde claro com um brilho perolado, Emma escolheu um ovo todo prata e para o bebê um ovo vermelho. Com os ovos escolhidos, eu avisei ao mestre para preparem os ovos verdes e o prateado e que depois os levassem para a casa de Jane e nós voltamos para casa.

Mal voltamos para casa e elas foram correndo para contar a mãe. No final daquela tarde, os ovos chegaram para as meninas, que os colocaram perto da lareira de seu quarto para que eles ficassem aquecidos até se chocarem.

Três dias depois no meio da noite, mal nós tínhamos nos retirado para dormir, e uma criada veio avisar que Jane tinha entrado em trabalho de parto. E ela seguiu em trabalho de parto por um dia inteiro e nada do bebê nascer. A noite já tinha caído mais uma vez e até o momento nada.

- Como ela está? – perguntei quando Bella entrou no quarto, ela estava cansada, e imaginava eu que Jane estava muito pior. Ela não respondeu, apenas balançou a cabeça negando.

- O bebê não saí. – ela se sentou na cadeira suspirando. – Deram leite de papoula para ela dormir e o médico quer… permissão para abrir a barriga dela e tentar salvar o bebê! Você é o único homem aqui! –

- Eu não posso decidir isso, Isabella. Jane é apenas a filha da minha prima! –

- E você acha que o médico vai aceitar o que a Jane quer? – rebateu. – Ele quer falar com você… E você sabe muito bem o que vai acontecer com ela caso ele abra a barriga dela! –

- O mesmo que aconteceu com a Esme. – disse andando de um lado para o outro no quarto. – Por isso eu não posso me meter. – ela suspirou de novo.

- Ela não vai sobreviver de qualquer jeito, Edward! As chances são mínimas! Já perdeu sangue demais, e quando eu saí ela já estava começando a arder em febre. –

- Isabella o que você quer que eu faça? Eu não posso tomar essa decisão por ela! – reclamei. – Se fosse você eu não precisaria pensar duas vezes, mas não é… -

- Conversa com ela. Ela não sabe o que está acontecendo! – suspirei. – Eu não sei o que falar com a Anna e com a Emma. –

- Eu vou falar com ela! – suspirei.

- Aquele quarto deve estar pior do que um campo de guerra, não se assuste! – eu caminhei para perto dela e segurei o seu rosto entre as mãos.

- Descansa! – eu apenas beijei a sua testa.

- Eu vou ver as meninas. – ela se levantou da cama. – Devem estar preocupadas com a mãe. –

Nós dois saímos do quarto e ela foi até o quarto das meninas e eu fui até o quarto de Jane. Ao entrar no quarto eu entendi o que Isabella queria dizer com “pior do que um campo de guerra”, os lençóis brancos da cama, estavam vermelho vivo, tinha uma pequena poça aos pés da cama, onde algumas criadas limpavam, e jogado ao lado da porta uma pequena pilha de panos sujos de sangue.

- Alteza. – o médico exausto se aproximou de mim. O suor escorria de seu rosto e pelos seus cabelos e pela barba. – Eu já cheguei ao limite da minha arte. – comentou enquanto eu via Jane deitada na cama, tão pálida e com o peito subindo tão devagar que qualquer um já a classificaria como morta. – A única chance que temos é abrir a barriga e tentar tirar o bebê, mas eu não posso garantir que ele sobreviverá. –

- E a mãe? – questionei sabendo já sabendo da resposta, ele não disse nada, apenas negou com a cabeça. - Eu não posso decidir isso, ela é só a minha prima! – apontei.

- O senhor é o único nesta casa. – rebateu com a voz baixa e eu olhei para a cama, encontrando-a vazia.

- Jane? – o médico olhou para a cama também. – Ela não estava dormindo? – questionei.

- Eu mesmo dei o leite de papoula a ela. – eu saí do quarto e o corredor estava vazio.

No chão, um pequeno rastro de sangue seguia na direção da escada, eu desci as escadas apressado e o andar debaixo estava completamente escuro, não dava para ver se tinha algum rastro no chão.

- O que houve? – a voz de Bella veio de trás de mim.

- Viu a Jane? – questionei e ela piscou os olhos confusa. – Ela saiu da cama enquanto eu falava com o médico e eu não estou encontrando-a. –

- Não! Eu estava com as garotas! –

- Tinha um pequeno rastro de sangue no chão vindo para o andar debaixo, mas eu não estou vendo mais! –

- Ela ouviu você falando com o médico? –

- Eu achei que ela estava dormindo! –

- Vaghar! – ela disse simplesmente. – Ela foi até a Vaghar. –

Bella seguiu pelo corredor escuro que levava a uma pequena porta que levava até a praia onde os dragões, principalmente Vaghar estava. De longe dava para ver Jane de joelho na areia a frente da cabeça de seu dragão que tinha a cabeça levantada. Quando a enorme boca do dragão centenário se abriu com um brilho verde começando a aparecer, eu puxei Isabella para tampar seus olhos e não ver o fogo verde de Vaghar atingindo Jane.

- As meninas! – Bella disse em voz baixa e me soltou voltando para dentro da casa. Eu levantei a cabeça e conseguia ver a silhueta de duas pessoas na janela do segundo andar da casa, olhando diretamente para o corpo de Jane que queimava.

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