domingo, 5 de novembro de 2017

Capitulo 3 – Felizes Para Sempre?

Boston
Uma semana depois
POV Narrador

A morena se olhava no espelho tentando achar algo que nem ela mesma sabia o que era.

- Droga. - ela bufou sozinha sem esperar que alguém escutasse. Ela estava vestida da sua velha forma habitual, mas depois das palavras venenosas de sua tão amada sogra, ela não se sentia bem com a calça jeans e o all star velho.

“Ele merece uma inglesa, que saiba se portar e se vestir ao lado dele. Olhe só para você. Olhe suas roupas. Isso é jeito de se vestir para um almoço tão formal quanto conhecer a família do namorado”.

Especialmente aquelas palavras martelavam em sua cabeça. Afinal, ela se vestia tão mal ao ponto de fazer seu namorado passar vergonha? Era o que ela estava se perguntando ao ver seu reflexo no espelho.

Merda. Ela era uma universitária, e universitários se vestiam assim não era?

Calça jeans, tênis e camiseta. Certos que alguns eram de marcas melhores que as outras, mas era tudo a mesma coisa. Exceto talvez o pessoal do curso de moda, esses usavam vestido, salto alto e sapatos que tinham aspecto de desconfortável, mas com estilo gritando "eu estou na moda". E também tinha os alunos do curso de Direito, que assim como Edward, no ultimo ano em muitos momentos usavam terno e gravata. Ternos esses muito bem cortados e alinhados, muito eles feitos sob medidas e assinados por grifes como Empório Armani, Gucci, Dolce e Gabanna e muitos outros que ela se quer sabia.

Ela ainda podia se dar o luxo de não se vestir assim certo? Ela poderia esperar mais alguns anos e se vestir de forma eximia como a maioria das mulheres na sala do seu namorado. Mulheres essas que chamavam atenção em suas saias lapis justas e seus vestidos acentuados nas cinturas e exibindo o par de seios novos ganhos de presente de verão dos papais depois de visitas a Cirurgiões plásticos, os mais caros deles, entre eles Dr. Robert Ray, que cobravam o valor que uma família de classe baixa usava para comer durante alguns meses.

Mas sua sogra pensava que não. Porcaria, ela deveria se vestir como Kate Middleton?

Talvez sim, quem sabe sua sogra lhe olhasse com outros olhos, quem sabe assim, até mesmo seus pais respeitar-iam-na um pouco mais. Pensando por esse ângulo, talvez, só talvez, ela devesse investir em uma produção um pouco melhor, afinal, se bem não fizesse, mal também não iria fazer. Pensando assim ela seguiu até seu closet e rapidamente tirou as roupas ficando somente de calcinha e sutiã tentando analisar suas roupas a sua frente.

Calças jeans. Não! Camisetas de bandas. Não! Tênis all star. Não! "Merda, isso vai ser difícil" ela pensava enquanto ia arrancando as roupas com brutalidade dos cabides e jogando no chão. Até que ela chegou a uma parte em que ela nunca pensou que mexeria, pelo menos não por agora, roupas que sua amiga Alice, justamente do curso de moda a tentava fazer usar de qualquer modo.

Certo, o que se usaria para uma consulta ao Psiquiatra? Só de pensar na palavra sentia seu corpo tremer da cabeça aos pés e um arrepio frio tomava conta do seu corpo, após acordar no hospital uma semana atrás, Edward a tinha feito prometer que iria procurar um especialista no assunto, merda, aquilo o tinha realmente assustado. Ela por se sentir culpada e envergonhada prometeria o que quer que ele peça.

Flashback on.

Edward se encontrava perdido em pensamentos olhando a morena pálida deitada usando uma camisola hospitalar que agravava a sua aparência de doente, enquanto segurava a mão fria e delicada e fazia pequenos círculos aleatórios nas costas da mão que não estava furada recebendo soro e pelo o que o médico disse: complemento de ferro para ajudar na anemia profunda. Sua respiração era lenta e parecia até mesmo debilitada. Ele pensava nas atitudes que teria que tomar para poder ajudá-la a sair daquele lugar onde ela estava se enfiando. Ele pouco sabia sobre automutilação, mas sabia o suficiente para saber que aquilo podia resultar de uma forma trágica em morte. E ele não poderia nem pensar na morte da garota a sua frente.

"Deus me ajude" ele pensou enquanto levava sua mão livre ao seu cabelo e abaixava sua cabeça em uma prece silenciosa a Deus, ele não sabia como agir, não sabia o que falar. Ele estava perdido e sem saber qual seria o seu próximo passo. Quando ele se lembrava do estado em que a encontrou no banheiro, algo em seu peito apertava e doía antes mesmo dele tomar ciência dos machucados que ela tinha e ela ainda carregava uma expressão triste em seu rosto, ele sabia que não era somente pelos machucados, era por algo que sua mãe tinha dito a garota.

"Inferno" ele pensou enquanto tencionava o maxilar. Aquilo de certa forma era culpa de sua mãe, sabia que algo que ela tinha dito, havia desencadeado essa crise de Bella. Mas o que exatamente? Tinha certeza que sua mãe não diria, e duvidava fortemente que Bella o fizesse. Algum dia ele saberia?

Ainda de cabeça baixa e com uma das mãos mexendo furiosamente em seu cabelo e a outra segurando a mão da morena fortemente ele pediu a Deus que ela acordasse logo e o tirasse da merda que ele se encontrava. Ele precisava saber o que tinha acontecido. O silêncio no quarto era sepulcral, do lado de fora podia se ouvir o som baixo de uma TV, e passos rápidos de enfermeiras e médicos subindo e descendo pelo corredor, e o cheiro de hospital o estava deixando enjoado, ele odiava aquele ambiente.

Ainda pensando em quais atitudes tomaria, ele sentiu a mão da morena, que ele segurava como se sua vida dependesse disso, mexer suavemente. Ele rapidamente levantou a cabeça e a viu apertar os olhos com força como se estivesse lutando para acordar.  Ele a ouviu gemer ao tentar levar a mão livre ao rosto, cuja mão se encontrava recebendo o soro, o que a levou a gemer e abaixar o braço antes que ele tivesse tempo de falar qualquer coisa.
- Baby... - ele chamou baixinho, olhando ansiosamente para o rosto da morena enquanto ela tentava se habituar ao local.

- Onde... - a voz dela saiu rouca e grossa, enquanto ela tentava limpar a garganta. Ele rapidamente levantou e foi até a mesa ao lado da cama pegando um copo d’água e estendendo para a morena e ajudando-a a sentar. Edward segurou o copo nos lábios da namorada enquanto ela sorvia o liquido como se sua vida dependesse disso. Quando o copo de água acabou ele o colocou de volta na mesinha e se sentou novamente na cadeira ao lado da cama.

A morena se encontrava perdia, sem saber onde estava e porque sentia um gosto estranho em sua boca. Sua mente estava uma bagunça e sentia seu corpo dolorido. Ela levantou a mão que estava sem o soro até os olhos e os esfregou rapidamente, depois os levou até seu próprio cabelo.

- Onde eu estou? - ela perguntou finalmente quando sentiu que sua voz não iria mais falhar, graças à água que Edward tinha lhe dado.

- No hospital. Como você está se sentindo? - ele perguntou enquanto levava uma mão na altura do joelho da garota a sua frente e afagava lentamente. Rapidamente ela virou a cabeça e olhou para o namorado. Como um raio as lembranças dos últimos momentos lúcidas voltaram a sua cabeça.

Almoço. Casa dos sogros. Sogra. Conversa. Banheiro. E por fim ela se cortando.

"Mas que merda." Ela pensou enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas e rapidamente lágrimas enormes começaram a rolar livremente pelo seu rosto e soluços tomaram seus corpos. Antes que ela pudesse pronunciar qualquer coisa viu o namorado levantar rapidamente e a envolver em um abraço.

- Shiiiii... Fica calma. Ta tudo bem meu amor, eu estou aqui. - Quando Edward viu o estado que a namorada ficou, entrou em estado de alerta, e antes que ela pudesse reagir a envolveu em um abraço apertado e começou a sussurrar em seu ouvido. - Eu to aqui com você, se acalma, por favor, não vai te fazer bem ficar desse jeito. - ele dizia enquanto com um braço a mantinha apertada em seu peito e a outra mão afagava lenta e carinhosamente sua cabeça e cabelo. Ele podia sentir os soluços que vinham do corpo da morena e apertou o abraço a ouvindo gemer em seguida quando acertou o local que estava cheio de pontos. Rapidamente ele retirou o braço da sua volta. - Me perdoa eu te machuquei? - ele perguntou desesperado. Já não bastavam os machucados, ele ainda lhe causava mais dor? Freneticamente ela negou com a cabeça.

- Nã... Não. - ela disse enquanto soluçava.

- Bella, baby, por favor, não chora, eu te imploro, eu não sei o que fazer, eu estou perdido aqui me ajuda. - ele disse desesperado e com a voz rouca. Enquanto envolvia a mão livre dela entre as suas e encostava a testa contra a dela.

- Eu... Nãaa... Não... Sei. - ele a interrompeu com um selinho longo.

- Shiii. Não precisa falar nada agora okay? Depois a gente conversa, agora eu preciso chamar o médico e dizer que você está acordada. - ele dizia enquanto olhava dentro dos olhos azuis da morena, olhos esses que refletiam confusão e dor. Ela balançou a cabeça assentindo sem tirar os olhos dos dele. Ele levantou a mão até o botão do lado da cama e não muito tempo depois uma enfermeira apareceu na porta do quarto.

- Oh, vejo que você acordou, vou chamar o Doutor. Só um minuto. - e assim como entrou, rapidamente ela saiu.

Bella olhou para o namorado sem saber exatamente o que iria dizer. Porra, ele a tinha socorrido depois da merda de um surto aonde mais uma vez ela tinha se cortado, dessa vez tinha saído um pouco do controle e tinha precisado de pontos. Que merda ele deveria estar pensando sobre ela, ou pior, sobre eles? "Oh, merda, vai ser agora que ele vai me colocar para fora da sua vida." Ela pensou e junto com o pensamento veio uma nova onda de lágrimas, tremores e soluços.

- Amor, por favor, não fica sim, eu não sei como fazer aqui, me ajuda, por favor. Eu estou totalmente perdido, não sei o que falar o que fazer ou como agir, então se você, por favor, puder olhar pra mim e despejar tudo o que está acontecendo eu realmente vou ser grato. - ele se encontrava desesperado ao lado da morena, se podia ver os olhos dele ficando molhados e lágrimas começarem a escorrer pelo rosto do rapaz.

Ao ver aquilo ela mais uma vez se sentiu uma merda. A mãe dele tinha razão, ela iria destruí-lo, eles estavam juntos há três meses, quantas vezes ela o tinha visto chorar? Nenhuma! E agora ali estava ele, perdido, sem saber como agir e chorando. Por causa dela, por causa das suas atitudes. Ela abriu a boca pra falar, mas antes que tivesse a chance de falar qualquer coisa o médico passou pela porta.

- Olá, Srta. Isabella, eu sou o Doutor Willam McAllister, eu sou o plantonista de hoje, e fui eu quem te atendeu quando você deu entrada. - ele dizia enquanto lia o prontuário dela em frente à cama. Ela somente assentiu com a cabeça. - Srta Swan, eu gostaria de saber como a senhorita esta se sentindo nesse momento. - ele disse olhando para a morena deitada na cama.

Bella até aquele momento não tinha tomado consciência da extensão do seu corpo, sendo assim, não tinha tomado a noção das suas dores. Quando tomou noção das ardências em seu braço e sua coxa ela estremeceu. Ela sentia um leve ardor no local dos cortes e um pulsar incessante. Coisas a qual já estava acostumada.

- Bem, eu me sinto bem. - ela disse sem coragem de olhar para ninguém direcionando seu olhar para a coberta na cama.

- Certo. Srta Swan, você deu entrada com dois contes profundos, um na parte interna do braço, e outra na coxa, ambas com comprimentos extensos. - ele disse olhando para a jovem que mantinha a cabeça baixa sem ter coragem de olhar para ninguém dentro do quarto. Tomando fôlego ele continuou – Senhorita Swan, pela minha experiência com traumas e machucados, e os exames feitos por mim previamente, tudo leva a crer que os cortes foram propositais e causados por você mesma. Senhorita Swan, poderia confirmar ou negar, se a senhorita foi quem causou os cortes em si? - ele terminou olhando da morena para o rapaz que se encontrava tenso ao lado da cama em uma postura totalmente rígida. Parecia que nem respirava. Ele sabia o que tinha acontecido, mas ter a confirmação pela parte dela levaria a situação a se concretizar, e algo dentro dele ainda gritava para que tudo aquilo fosse um terrível mal-entendido. Bella se encontrava nesse momento com o sentimento de fracasso. Há quanto ela fazia aquilo? Há quanto ela se cortava e ninguém nunca chegou perto de se quer desconfiar? A vontade dela era de negar e inventar uma historia estapafúrdia que provavelmente ninguém iria acreditar, porém, ninguém contestaria. - Srta Swan, antes de dar a sua resposta, devo lembra-la que por lei, quando um paciente da entrada ao hospital, e após o exame inicial do médico de plantão, for constatado um ferimento da magnitude do seu, e as causas não forem esclarecidas de forma satisfatória, eu tenho a obrigação de chamar policia. –

Após as palavras do médico Bella levantou a cabeça com lágrimas nos olhos. Se a policia fosse acionada, rapidamente seus pais iriam ser avisados do que estava acontecendo, e a última coisa que ela queria era seu nome e problema nas manchetes de jornal, ainda mais um que com certeza iniciaria uma reportagem internacional. Ela já podia até imaginar as manchetes: "FILHA DE JUIZ E PROMOTORA DOS EUA DA ENTRADA NO HOSPITAL APÓS SURTO PSIQUIÁTRICO"; "JOVEM PROMISSORA TEM CARREIRA AMEAÇADA POR DESEQUILÍBRIO MENTAL"; "NAMORADA DO PROMISSOR SUCESSOR DA ADVOCACIA CULLEN É PSIQUIATRICAMENTE INCAPAZ". Não, ela não queria isso definitivamente. Sem ter mais como negar ela se viu acenando positivamente com a cabeça.

- Sim, fui eu. - ela disse sussurrando o mais baixo possível. Porém, todos ali escutaram.

- Certo... O procedimento correto seria eu te encaminhar para o psiquiatra de plantão no hospital, mas como o seu namorado me informou antes, vocês não são daqui. O melhor para todos seria evitar algum transtorno. Sendo assim, após chegar os seus exames de sangue dependendo do resultado eu irei te dar alta ou fazer uma transfusão de sangue. Não sei se a senhorita sabe, mas se encontra em um caso de anemia profunda, o que me parece ser de antes do episódio de hoje, sendo assim, ele acabou sendo agravado. - Bella escutava tudo com muita atenção, ela queria sair dali o mais rápido possível e chafurdar na autocomiseração que ela merecia, ela não prestava para nada. E novamente as palavras de sua sogra vieram a sua mente. Ela era um fracasso como mulher, era fraca, nada do que ela poderia fazer apagaria o episódio que tinha acabado de acontecer. Independente de qualquer coisa, Edward já tinha descoberto o seu maior "segredo sujo", ele era uma pessoa incrível, não merecia ficar com alguém estragada como ela. - Assim que saírem os exames eu voltarei aqui, qualquer coisa nesse meio tempo, vocês fiquem à vontade para me chamar. - com apenas mais um aceno de cabeça o médico se retirou. Edward e Bella se encontravam cada um perdido em seus próprios pensamentos. Cada um com sua própria forma de ver aquela situação.

- Edward... –

- Baby... – Os dois falaram ao mesmo tempo.
- Posso falar primeiro antes de tudo? - Edward perguntou olhando dentro dos olhos azuis da sua namorada. Ela assentiu. Ele sentou na cadeira ao seu lado, pegou a mão dela e envolveu dentro das suas. - Baby, eu não vou mentir para você. Essa porra toda me assustou como o inferno. Você não tem noção de como foi para mim, te pegar daquele jeito cheia de sangue e desfalecendo nos meus braços... - ele engoliu seco e seus olhos ficaram úmidos. - Baby, pensar que eu ia te perder foi doloroso como o inferno, ainda mais para uma situação assim. Porque você nunca me disse que isso acontecia? Porque você nunca me falou que você passava por uma situação desse nível? Eu achei que não tínhamos segredos desse nível, eu te amo tanto Bella, e a simples ideia de que você não confia em mim da mesma forma que eu confio em você, simplesmente me quebra, por que eu sinceramente não sei aonde eu errei querida, não sei onde eu passei a imagem de que não sou confiável para você. - ele parou e deu um beijo na mão dela. Quando ele viu que ela iria interrompê-lo ele continuou. - Eu sei baby, que dessa vez tem dedo da minha mãe envolvido, e eu espero que você me conte cada palavra do minha mãe te disse Bella, por que se não, eu mesmo irei perguntar e eu te garanto que isso não será nada agradável, então, eu te peço amor, se você puder evitar que um confronto entre minha mãe e eu aconteça, me conte exatamente às palavras que ela te disse. – Ele sabia que aquilo era jogar baixo, Bella sempre foi contra ele bater de frente com a própria família, quando ela o via ignorar as ligações da mãe, eles sempre discutiam sobre os motivos dele não poder ignora-la.

- Edward, não é necessário mexer nisso. Eu te peço, por favor, esqueça isso o que aconteceu, eu prometo que irei me afastar para que nada disso respingue em você. Eu sei que eu sou toxica para você e... –

- Porra Isabella, você escutou algo do que eu disse? Escutou as merdas que você esta dizendo? Eu estou pouco me fodendo com o que vai acontecer com a porra da minha imagem, a única merda que me importa nesse momento é que a minha mulher não está bem, e não confia em mim o suficiente para contar que porra está acontecendo e isso está me deixando totalmente frustrado. Inferno! - ele disse quase gritando e arrancando os próprios cabelos. – Isabella, inferno! EU. TE. AMO. E não tem o inferno na terra que mude isso você ta me entendo? - ele disse segurando o rosto dela entre suas mãos, que a essa altura estava cheio de lágrimas.

- Eu também te amo Edward. – ela disse chorando e olhando para ele.

- Se você me ama baby, confia em mim. Conte-me tudo o que esta acontecendo, eu só quero te ajudar. Eu simplesmente não posso suportar a ideia de te perder você entende? Você é minha vida, Isabella. - e depois de dizer isso ele colou seus lábios nos dela. Em resposta ela levou as mãos aos cabelos dele e aprofundou o beijo. Depois de um tempo em que eles precisavam respirar ele colou a testa com a dela. - Por favor, baby, me conta tudo. - Ela assentiu com a cabeça.

- Sim, eu conto. – E ela contou. Contou desde o começo quando ela se cortou a primeira vez, até as palavras que a mãe dele disse. Em nenhum momento ele se pronunciou ou expressou qualquer reação. Ele segurou a mão dela em todo momento e somente limpava algumas lágrimas que escorriam de vez em quando por parte dela.
- Eu não posso acreditar que Esme teve a coragem de dizer essas coisas para você! Que porra ela pensa que é para tentar comandar minha vida dessa forma inferno?! - ele perguntou revoltado com o rosto vermelho e uma veia na sua testa exaltada.

- Ela é sua mãe, e tem o direito de saber o que é bom ou ruim para você. E no caso eu não sou boa o suf... –

- Não se atreva a terminar essa frase está me ouvindo? Você é perfeita para mim Isabella, exatamente do jeito que você é. Esme tenta controlar minha vida desde o ensino médio. Ela afugenta qualquer garota que eu faça questão de apresentar, depois de um tempo eu simplesmente desisti de apresenta-las, nenhuma pelo menos valeu a pena como você vale, mas sim, ela fez muitas vezes isso. Ela tem uma visão arcaica da vida e eu só posso sentir nojo por isso. Naquele momento em que eu me afastei com o meu pai, foi para exatamente pedir que ele colocasse um freio nela, mas pelo visto não fui rápido o bastante. - ele tinha um olhar torturado. De uma forma ou de outra ele estava se sentindo culpado pelo o que aconteceu, era a sua mãe, se ele não tivesse insistido para apresenta-los, hoje eles não estariam em um hospital. Se ele não tivesse se afastado para pedir ajuda para o papai como um moleque medroso, eles não estariam ali.

- Visão arcaica ou não, de certa forma ela esta certa e você sabe disso. Edward, ano que vem você termina a faculdade, você vai precisar voltar para cá, eu ainda tenho mais três anos. O que vai acontecer com a gente? Namoro a distancia? Nós sabemos o quanto essa merda é complicada, não aguentaríamos. - ela disse baixinho com um olhar triste e apertando a mão dele e fazendo um carinho nela.

- Baby, vamos deixar para nos preocupar com isso quando o momento chegar okay? Por enquanto só me interessa resolver o seu problema. - ele falou fazendo um carinho no rosto dela

- Como assim resolver? - ela perguntou franzindo as sobrancelhas sem entender aonde ele queria chegar com aquilo.

- eu vou falar com a minha mãe quando a gente sair daqui e obrigar... –

- NÃO. VOCÊ NÃO VAI FALAR NADA COM A SUA MÃE - ela disse desesperada apertando mais forte a mão dele – Me prometa Edward, você não vai falar nada com a sua mãe, eu só quero ir para casa. Não quero que ninguém saiba o que aconteceu aqui. Por favor, eu te imploro. - ela disse com os olhos voltando a lacrimejar.

- Shiii baby, eu prometo. Mas com uma condição... Quando voltarmos para casa, você vai procurar um médico para se tratar. Amor isso é uma doença, e tem tratamento, eu não aguento a mínima possibilidade de imaginar que você se machuca Bella. - ele engoliu em seco e seus olhos ficaram úmidos novamente – Eu já tinha reparado algumas cicatrizes em você, alguns riscos aqui e ali, mas nunca me passou pela cabeça a gravidade da coisa. Você precisa procurar ajuda baby, e eu irei estar junto com você em todos os momentos. Mas você tem que me prometer que vai procurar ajuda. Você me promete Isabella? - ele terminou olhando no fundo dos olhos dela, e viu que assim como ela, ele estava com algumas lágrimas perdidas rolando pelo rosto.

- Sim, eu te prometo. – ela disse encostando a testa com a dele. E sim, ela falou a verdade, ela viu ali, que ela não estava mais somente se machucando, mas causando dor nele também, e a última coisa que queria era causar dor no homem que ela amava. Deus, ela faria qualquer coisa por ele. Inclusive procurar uma médica.

- Deus, eu te amo garota. Você não tem noção do quanto. - Ele disse e a beijou profundamente.

- Eu também te amo. Muito – ela disse quando eles se afastaram em busca de ar. Pouco tempo depois o médico entrou no quarto.

- Desculpem interromper, mas os seus exames chegaram. Bem, apesar de a anemia estar severa, e da perda de sangue elevada que você teve, não será necessário uma transfusão de sangue. - sem que o médico terminasse ela sorriu e puxou Edward para um abraço. - Mas vocês terão que me prometer que irão procurar ajuda assim que voltarem para casa. - ele disse olhando para o rapaz que estava ao lado da namorada segurando sua mão e fazendo um carinho na cabeça dela. Ele sabia, ele seria de grande necessidade para ela, pessoas com essa doença precisavam e muito de apoio. - E você senhorita Swan, repouso absoluto até a retirada dos pontos okay? - ele perguntou olhando seriamente para ela.

- Eu prometo que ela ira repousar, e que assim que nós chegarmos a casa eu mesmo irei marcar uma consulta para ela. Obrigada pela ajuda Doutor. –

- Qualquer problema e vocês podem me ligar, eu passarei seu histórico médico para quem quer que seja que irá te atender por lá. Por enquanto é isso, e espero não ver nenhum dos dois em breve okay? – Eles assentiram sorrindo e ele saiu da sala.

- Vamos para casa? - ele perguntou com a testa encostada na dela.

- Sim vamos. - ela lhe deu um sorriso e os dois se beijaram.

Flashback off.

- Baby, está pronta? – Edward perguntou do lado de fora do quarto da jovem.

- Quase. – Bella gritou para ele ainda encarando mais uma vez as roupas finas que Alice havia lhe dado e passou direto para elas, pegando uma simples calça jeans de lavagem clara, com alguns rasgos na altura do joelho, uma blusa branca fina, quase que transparente e que amostrava levemente um pouco de seu sutiã de renda transparente e um casaco salmão de crochê que batia no meio de suas coxas e calçou um par de tênis brancos e saiu do quarto guardando seu celular no bolso do casaco. – Estou pronta, vamos? – Edward assentiu apanhando as chaves do carro em cima da mesinha de centro do apartamento de Bella e de mãos dadas seguiram para o elevador.


Em menos de cinco minutos eles estavam dentro do carro de Edward, com ele dirigindo para o centro, onde ficava o psiquiatra que altamente recomendado para Edward, o Dra. Sue Clearwater. Em menos de meia hora, Edward estacionara seu carro no estacionamento do prédio onde ficava o consultório e subiram para o vigésimo andar, onde Sue consultava.

- Você pode parar com isso, é só uma psiquiatra. – Edward disse segurando as mãos que Bella apertava uma na outra incansavelmente e inconscientemente. – Eu vou entrar com você, caso queira. Quer? – Bella assentiu nervosamente, ela nunca havia exposto os seus sentimentos a ninguém e nem o real motivo pelo que fazia.

- Senhorita Swan. – a recepcionista do consultório a chamou e o casal se ergueu. – Desculpe senhor, mas na primeira consulta apenas a senhorita Swan. –

- Tudo bem. Eu vou ficar amor, não se preocupe. – garantiu segurando o rosto dela. – Só conte a verdade. – Bella assentiu e Edward depositou um beijo casto e rápido nos lábios da namorada e ela seguiu com a recepcionista para dentro do consultório da médica.

- Isabella Swan? – Sue perguntou ao ver Isabella parada no meio da sala e a sua recepcionista saindo.

- Sim senhora. –

- Por favor, apenas Sue. Sente-se. – apontou para a cadeira a sua frente e Bella se sentou um pouco desconfortável e apertando seus dedos um nos outros. – Eu sei que possa se sentir um pouco desconfortável, é a sua primeira vez? – Isabella apenas assentiu. – Ótimo. Por que veio me ver? –

- Meu namorado me convenceu a vir. –

- Por quê? –

- Ele meio que descobriu... – ela limpou a garganta. – Descobriu que eu me cortava. – explicou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e olhando para a sua calça jeans.

- E a senhorita já faz há algum tempo? –

- Sim senhora... Quer dizer, Sue. –

- E por que você faz isso? O que te levou a se cortar pela primeira vez? – perguntou cruzando as mãos e as apoiando na mesa e se debruçando um pouco sob ela, chegando um pouco mais perto de Isabella.

- Não foi proposital! – Bella disse imediatamente. – A primeira vez aconteceu sem querer. – confessou. – Depois de uma discussão com os meus pais, acabei tendo uma crise de ansiedade e para descontar a raiva, eu quebrei algumas coisas em meu quarto, dentre elas o meu espelho. – Bella engoliu em seco e voltou a falar. – Eu dei um murro nele e acabei cortando a mão e quando percebi... – ela limpou a garganta. – Quando percebi o corte, a dor e o sangue escorrendo do ferimento, qualquer motivo que tenha sido a briga fora esquecido. Então eu achei ali uma saída. – explicou sentindo os olhos arderem. – Externar a dor para que ela seja ao menos suportável. – terminou sentindo as lágrimas quentes escorrendo pelos seus olhos.

- E como você se sente sobre isso? – perguntou Sue depois de um tempo e de escrever algo no papel a sua frente.

- Eu me sinto um lixo. – disse rapidamente. – Muitas vezes eu acho que sou louca, que preciso de um sério tratamento. Mas quando vêm as crises, quando vem à dor... Eu simplesmente não consigo pensar e quando percebo... Eu já me cortei. – Bella passou a mão pelo rosto, principalmente pelos olhos e nariz, tentando engolir o choro. – E é uma merda tudo isso, porque parece que qualquer situação ou pessoa tem controle sobre mim. Eu me sinto tão fraca por isso, tão inútil. – agora as lágrimas saiam livremente, ela estava fazendo isso por Edward e não por ela. – Quer dizer que tipo de pessoa doente e maluca eu sou? –

A médica anotou mais algumas coisas em sua ficha e estendeu uma caixa com lenços para Isabella que pegou alguns e assoou o nariz e limpou os olhos. Sue fez mais algumas perguntas a Isabella que respondia com toda a sinceridade do mundo, uma coisa que ela não fazia com muitos. Faltando cinco minutos para se encerrar a primeira consulta, ela entregou um copo de água fresca para Bella, para que ela se acalmasse e depois que ela parou de chorar, chorar de soluçar, Sue se levantou de sua poltrona e caminhou até a porta, pedindo que Edward entrasse e ele prontamente entrou e se sentou ao lado da namorada e segurando firme a mão dela.

- Então? – Edward perguntou.

- Primeiro eu quero dizer uma coisa aos dois... A senhorita Swan me contou que veio aqui hoje, apenas porque o senhor insistiu, porque ela não queria vir, pois não se era louca para ir a um psicólogo. Isso é certo, senhor Cullen? –

- Sim, Dra. fora eu quem a convenceu a vir, mas eu não acho que ela é louca, só acho que ela tem uma doença seria e que precisa de ajuda psiquiátrica, além da ajuda das pessoas que a amam. – Edward respondeu sinceramente.

- E tem razão. Isabella. – a médica a chamou e ela ergueu a cabeça. – Eu quero que entenda que não é somente loucos ou doentes mentais que precisam de um psiquiatra. Às vezes, as pessoas passam por algumas coisas, algumas situações que precisam procurar um psiquiatra. Assim como você vai ao ortopedista quando quebra um osso, ou ao cardiologista quando tem um problema no coração, você precisa de um psiquiatra para ajudar a por as ideias em ordem. Todo mundo precisa disso em algum momento da vida. Não se sinta mal por vir a um psicólogo, não se sinta uma louca, pois você não é. Como seu namorado disse você tem uma doença séria e que tem cura, basta você permitir que eu, que seu namorado e que todos que te amam te ajudem. Certo? –

- Certo. –

- Ótimo, eu quero que venha de novo na sexta e até lá quero que viva normalmente. Entretanto, caso sinta alguma crise de ansiedade e vontade de se cortar, eu quero que faça uma coisa por mim. Se estiver sozinha, eu quero que pare, respire fundo e conte até dez e se estiver com Edward por perto, eu quero que o procure e se abra com ele. E Edward... Quando você perceber que ela está entrando ou enfrentando uma crise de ansiedade, eu quero que a faça parar, respirar fundo e se abrir com você, e quando ela fizer isso eu quero que você a compreenda e não a julgue pelo que ela está passando. –

- Eu nunca a julguei. – disse simplesmente e um pouco ofendido pela médica ter insinuado que ele a tivesse julgado. – E nunca faria isso. –

A consulta se encerrou com Sue fazendo Bella prometer que voltaria na sexta feira e após Edward garantir que ele mesmo levaria a namorada até ela, eles partiram para o apartamento da morena de novo. Mal cruzaram a soleira da porta e Bella, arrancando o casaco, partiu em disparada para o seu quarto, vendo todas as suas roupas “normais” jogadas por todo ele. Ela seguiu para o guarda roupa, terminando de tirar o resto das roupas cafonas que tinha.

- Baby fazer algo simples para comermos, vai querer? –

- Tanto faz. – disse esvaziando as gavetas da cômoda.

- O que está fazendo? – perguntou vendo Bella dobrando as roupas, que ele gostava tanto.

- Vou doa-las. –

- Por quê? –

- Resolvi que vou mudar o meu guarda-roupa. – disse simplesmente e continuou a dobrar as roupas.

- Por quê? – questionou de novo quando Bella passou por ele na porta e correu até a área de serviço, pegando algumas caixas de papelão lá, que ela havia usado para fazer a mudança da casa do pai para cá e voltou para o quarto.

- Sue disse que talvez eu mudasse as roupas, eu me sentiria um pouco melhor comigo mesma. – respondeu simplesmente colocando a caixa na cama e colocando as roupas dentro dela.

- Bella, você não tem que mudar as roupas para se sentir bem, você tem que se sentir bem com as roupas que você está acostumada a usar, com as roupas que eu gosto. –

- Edward, você quer que eu vá à psicóloga e de que adianta eu ir e não seguir o que ela fala? Você pediu para eu ir, e eu fui. Agora você não quer que eu faça o que ela pediu? Você tem que decidir o que você quer. Como você mesmo disse não adianta nada, ir lá, colocar tudo para fora e não fazer o que ela falou. – resmungou ela e continuou a empacotar as roupas e pegando o telefone e ligando para a sua amiga, rápido, antes que Edward conseguisse falar mais alguma coisa. – Oi Allie. Você está ocupada hoje à noite? –

- Oi Bella. Não, por quê? –

- Vamos ao shopping hoje? Eu vou deixar você realizar o seu sonho e me ajudar a comprar roupas novas. – Bella disse e Edward bufou audivelmente e saiu do quarto da morena enquanto Alice, animada, soltou um gritinho, ela já desejava fazer isso há muito tempo e Bella nunca deixou.

Edward seguiu mal-humorado para a cozinha, ele não conseguia acreditar que a psicóloga havia dito uma besteira dessas de que se Bella mudasse o modo de se vestir, o modo que ele gostava tanto, ela iria se sentir melhor. Que tipo de psicóloga é essa? Ela tinha que ajudar a Bella a se sentir melhor consigo mesmo.

Três Meses Depois
Alguns meses haviam se passado desde a primeira consulta de Bella com Sue, e ela havia mudado da água para o vinho. Todas as suas roupas simples e que Edward adorava foram entregues a doação, até as camisas de bandas favoritas de Isabella foram entregues a doação e ela passou a usar roupas mais finas e chiques. Edward não se importava tanto com o tipo de roupa que ela usava, mas ele preferia as antigas.

Ele preferia o jeito descontraído de Bella, quando ficava na casa dele ou na dela apenas com uma camisa puída e velha e uma calcinha e nada mais, entretanto, desde a primeira consulta que essas roupas sumiram e ela passou a usar mais vestidos do que o habitual. Ele sentia que no fundo aquela mudança era mais para a mãe dele aceitá-la do que por ela mesma, ou porque a psicóloga havia dito aquilo, até porque ele sentia que no fundo ela não havia dito aquilo, uma médica de respeito nunca diria para ela mudar para se sentir bem.

A única coisa que não havia mudado muito era o sexo, continuam como dois coelhos no cio e se deixassem eles transavam a todo o momento em que tinham livre, incluindo tempos vagos entre as aulas, torciam por algum professor faltar e para terem tempo vago no mesmo horário para que pudessem dar uma escapulida para o apartamento de um dos dois para que pudessem ter um tempo a sós.

O único momento que a Bella não se vestia impecavelmente era após o sexo, a noite, quando ela se contentava em ficar apenas com a camisa usada e larga de Edward e era um grande momento quando ele tinha a sua “Bella Original” mesmo que por pouco tempo. E era assim que eles estavam agora.

Nus. Deitados na cama. Bella tinha a cabeça apoiada no ombro de Edward e uma das pernas envolta em sua cintura e Edward tinha os dois braços em volta da sua amada. E o coberto jazia todo embolado aos pés da cama e a roupa dos dois estavam arremessadas por todo o canto do quarto, tanto que a calcinha de Bella estava pendurada na tela do notebook de Edward na escrivaninha.

Desde que Bella se tocou de que faltavam menos de três meses para o Edward se formar e voltar para a Inglaterra para assumir os negócios da família e então ela não sabia o que aconteceria com ele. Eles terminariam ou manteriam o relacionamento a distancia? Relacionamento a distancia não daria certo, principalmente com a Bella tendo uma sogra maravilhosa daquelas, notem a ironia. Enquanto Bella pensava em como eles manteriam um relacionamento a distancia, Edward pensava em avançar um novo passo e temendo que estivesse indo muito rápido.

- Bella, você dormiu? – Edward perguntou depois de um tempo em que ela estava em completo silencio, perdida nos próprios pensamentos.

- Não. – respondeu mexendo a cabeça em seu peito.

- Eu estive pensando em uma coisa. –

- Pode falar. –

- Você sabe que dentro de alguns dias eu vou me formar e ter que voltar para Londres. –

- Eu sei. – Bella respondeu abraçando Edward mais forte, com o braço e a perna envolta de sua cintura. – O que faremos? Eu estou no meio de minha faculdade. –

- Você poderia pedir transferência para uma faculdade londrina e vir comigo. – ela levantou a cabeça o encarando.

- É o que? –

- Vem comigo. – disse com todas as palavras e Bella começou a rir.

- Claro. – disse rindo e se sentando na cama para encara-lo. – Com certeza, os meus pais vão adorar a ideia de eu ir morar com você sem estar casa e coisa e tal. –

- Não seja por isso... Nós nos casamos. – Edward respondeu simplesmente.

- Claro... Claro... Amanhã mesmo o que acha? Já que hoje está meio tarde? – perguntou com deboche e deitando a cabeça no travesseiro e se cobrindo para ir dormir.

- Okay. – disse sinceramente e não percebendo o deboche dela e se levantando da cama e puxando a mala de debaixo da cama.

Edward, ainda nu, começou a colocar algumas roupas dentro da mala mediana e Bella demorou um pouco até perceber o que o namorado estava fazendo. Bella se sentou na cama o encarando por alguns segundo enquanto o via dobrar cuidadosamente as roupas e guardando dentro da mala.

 - Edward, o que você pensa que está fazendo? – Bella perguntou vendo-o terminando de ajeitar a mala.

- Estou arrumando a mala para irmos amanhã para Vegas para nos casarmos. – disse fechando a mala e a colocando próxima a porta.

- É o que? Você estava falando sério? –

- Lógico que estou. – ele se sentou na cama. – Bella eu te amo e quero que venha comigo para Londres. Eu não ligo para um casamento luxuoso, a menos que você queira isso, eu espero, mas se não se importar com um casamento grande, luxuoso e tal. Sim eu estou falando sério, vamos para Vegas amanhã mesmo e nos casamos, quando eu me formar, vamos para a Londres e você termina a faculdade lá. Então sim, eu estou falando sério. –

- Sabe que não parece que está falando muito sério quando você está me pedindo em casamento pelado. – Bella apontou e ele balançou a cabeça sorrindo torto. Deus como Bella amava esse sorriso.

- Eu posso estar nu ou com um smoking, eu estou falando completamente sério quando eu digo que quero me casar com você.  –

- O que me diz? Você vai para casa, arruma uma mala e vamos ao próximo voo para Vegas e nos casamos e quando eu me formar você vem comigo. –

- E quanto aos seus pais? –

- Eu não me importo com eles. E eu já disse isso, então, se você não se importar em se casar comigo enquanto um cara gordo com uma fantasia ridícula de Elvis Presley rege a cerimônia... – Isabella via nos olhos do ruivo que ele estava sendo sincero, talvez à primeira vez que ele fora totalmente sincero com ela. – O que me diz? – questionou encarando os olhos da morena, que não lhe diziam nada.

Isabella não respondeu nada, apenas levantou-se da cama e jogou-se sobre o colo do amado o beijando e para ele aquela resposta já era o suficiente. Completamente animado, Edward interrompeu o beijo e pediu a futura esposa que se vestisse para que ela fosse ao apartamento para arrumar as malas para que eles fossem o mais rápido possível para Vegas. Bella se vestiu na velocidade da luz e ele a levou até o apartamento dela e enquanto ela arrumava a mala, ele correu até a joalheria mais próxima e comprou as alianças.

Ele sabia que a mãe implicaria ao saber do casamento dos dois, até porque desde que o filho nasceu ela planejava um casamento enorme para que pudesse aparecer para todos os amigos da família e também no jornal, já que a mesma aprendeu com a mãe de que uma pessoa só deveria aparecer no jornal em três situações: Quando ela nasce; Quando ela casa e Quando ela morre. E bom, Edward estava casando, era uma das três situações para ele aparecer no jornal, segundo sua mãe.

Ao comprar as alianças, e gravar o nome de ambos, ele voltou ao apartamento da namorada, que já se encontrava pronta e com uma mala mediana ao lado, na portaria do prédio e enquanto eles seguiram para o aeroporto, Edward dirigia e falava no celular, viva a voz, com a atendente do aeroporto atrás de um voo que sairia ainda hoje para Las Vegas, Nevada. E como se eles tivessem sorte, tinha um voo, quase lotado, que sairia em menos de duas horas e ele prontamente o reservou.

Durante todo o trajeto para o Aeroporto Boston Logan e de lá para o aeroporto McCarran, durante todas às cinco horas de voo, algo revirava no estômago de Isabella, ela estava nervosa, não com o casamento, mas como a futura sogra iria reagir. Se ela reagiu daquele jeito quando conheceu Isabella imagine quando souber que os dois se casaram em uma capela de quinta com um cara gordo, com um papel que dizia que ele tinha a jurisdição de casar alguém no estado de Nevada, que provavelmente ele apanhou pela internet. Com certeza, Esme não gostaria da Isabella depois disso, bom, ela já não gostava de Isabella, mas agora seria pior.

Em momento algum a Bella pensou nos pais, até porque Charlie e Renné não ligavam para o relacionamento de Bella com Edward, para ser muito sincero, eles não ligavam muito para o que Isabella fazia da vida e para quem ela dava ou deixava de dar, contanto que ela cursasse e exercesse o direito, mas eles estavam propensos a reconsiderar, caso ela se casasse com um cara rico. Edward era rico, portanto...

Edward e Isabella chegaram ao aeroposto McCarran no inicio da madrugada e foram de imediato para a capela mais próxima e uma das poucas que estavam vazias. O taxi deixou os dois pombinhos na The Little Vegas Chapel, e enquanto Edward desembolsava mais um pequeno, grande, valor, Bella se trocava. Ela não podia se casar de calça jeans. Se ela queria que a sogra gostasse dela, ela teria que se vestir adequadamente.

Era um vestido simples, ela não poderia negar, mas era branco, o importante do casamento era o vestido branco. Ela tirou a roupa e vestiu o vestido, ele era branco, que batia na altura dos joelhos, marcado na cintura e um pouco plissado ali perto, com forro branco e uma saia maior e um pouco mais esvoaçante por cima. Decote quadrado e alças finas e ajeitou um pouco o cabelo e seguiu para a capela onde Edward a esperava.


Enquanto mentalizava um pé na frente do outro, primeiro o direito e depois o esquerdo, ela foi andando com calma até perto de Edward, tomando todo o cuidado do mundo para não cair até parar ao lado de Edward, desviando os olhos dela, apenas quando um cover de Elvis chamou atenção dos dois, começando a cerimônia.

- Agora repita comigo. – “Elvis” disse encarando Edward. – “Eu, diga seu nome, recebo a ti, nome de sua noiva, como minha legítima esposa. Prometo ser fiel. Amar-te e respeitar-te. Na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Por todos os dias da nossa vida. Até que a morte nos separe”. –

- Eu, Edward, recebo a ti, Isabella, como minha legítima esposa. Prometo ser fiel. Amar-te e respeitar-te. Na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Por todos os dias da nossa vida. Até que a morte nos separe”. – Edward disse segurando as mãos da esposa enquanto a olhava nos olhos.

- Agora a senhorita. – “Elvis” avisou a Bella.

- Eu... Eu Isabella, recebo a ti, Edward, como meu legitimo esposo. Prometo ser fiel. Amar-te e respeitar-te. Na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Por todos os dias da nossa vida. Até que a morte nos separe”. – Bella repetiu gaguejando um pouco durante a repetição.

- Com o... –

- Um minuto. – Edward interrompeu o gordo fantasiado de Elvis. – Eu escrevi os meus votos e gostaria de dizer. – Isabella arregalou os olhos, ela não havia preparado nada, ela não sabia que eles trocariam votos.

- Podes dizer. – “Elvis” deu um passo para trás para lhe dar espaço a eles.

- Bella. – ao dizer o nome da amada, ele apertou firme e carinhosamente, as mãos delicadas dela, acariciando as costas das mesmas com os polegares. – Você me mostrou que nem tudo é o que parece, você me mostrou que calma e paciência as coisas sempre podem melhorar. Você me fez enxergar um futuro onde estarei ao seu lado de cabelos brancos e cheios de netos ao redor. Eu te amo. Eu te amo de uma forma assustadora e avassaladora. Você me dominou, me faz querer ser melhor a cada dia, me faz querer te merecer, lutar por esse amor, o tornar mais forte a cada dia que passa... A cada prova. Por isso Bella, se um dia o meu amor por você não for mais o suficiente ou se ele enfraquecer e tudo começar a dar errado, eu prometo a você que irei me lembrar dos motivos que me fizeram te amar. – Isabella respirou profundamente sentindo os olhos lacrimejando.

- Sua vez, Isabella... –

- Eu não havia preparado nada. – admitiu. – Eu não sabia que iríamos trocar votos, mas vamos de improviso e torcendo para não ficar ruim. – ela respirou fundo, com os olhos fechados e repetiu o que a sua mente e o seu coração gritava. – Edward, você chegou a minha vida de uma forma totalmente inesperada. Mostrou-me que as melhores coisas da vida vêm assim, sem planejamentos, você me salvou de mim mesma, quando ninguém mais poderia fazer ou quando ninguém queria nem ao menos tentar. Eu te amo. Eu te amo mais que ontem e menos que amanhã. Prometo ser aquela que nunca vai estar atrás de você ou a sua frente, mas serei aquela que sempre estará ao seu lado. Como sua parceira, nas horas boas e ruins, sendo a sua força quando você estiver fraco, seu sorriso quando você estiver triste e sua direção quando estiver perdido. Prometo ser fiel e te provar a cada dia que você é o único homem na minha vida. – Bella terminou sentindo seus olhos lacrimejarem e ela respirou profundamente mais uma vez engolindo o choro.

- Nossa... Se isso foi de improviso, imagina se ela estivesse escrito com antecedência. – o Elvis gordo brincou e Bella sorriu enquanto sentia algumas lágrimas escorrendo de seus olhos. – Bom... Agora, como o poder investido em mim, pelo estado de Nevada, eu os declaro, marido e mulher... Beija logo a moça, cara, antes que eu beije. – Edward não esperou que o cover de Elvis falasse mais nada e puxou-a pela cintura e a beijando, pouco se importando se tinha alguém assistindo ou não.

Isabella achou que quando eles deixassem a capela iriam para algum hotel ou algo do tipo, mas não, Edward a arrastou novamente para o aeroporto, e assim que eles pisaram no terminal sete, Isabella achou que eles voltariam para Boston, até porque no meio da semana seria a festa de formatura de Edward, e talvez ele quisesse ir com os amigos. Edward não negou e nem confirmou se eles iriam voltar para Boston, até porque Bella não perguntara.

Ela mal sabia que Edward estava pouco se importando para a festa no meio da semana de sua formatura, ele só iria para a formatura de fato porque tinha que pegar aquele canudo ridículo e porque seus pais viriam, entretanto, se tudo ocorresse do jeito que ele desejava, ele poderia simplesmente se esquecer da formatura. Quando a voz eletrônica soou por todo o aeroporto alertando que o voo para o aeroporto Heraclião em Creta, uma das ilhas gregas e Edward estendeu a mão para Isabella, foi quando ela percebeu que eles não voltariam para Boston e que eles teriam uma lua de mel de verdade. E isso fez o estômago de Isabella embrulhar e ela não sabia o motivo.


Agora eles estavam juntos, pela lei dos EUA eles estavam casados, faltava ela saber se na Inglaterra e para a mãe de Edward, o casamento deles seria valido. Isabella amava tanto Edward que mudaria sem pensar duas vezes, ela queria agradar a sogra e fazer com que, agora, seu marido, se orgulhasse dela e não sentisse vergonha ao apresenta-la para os amigos e sócios da família. Se para isso ela tivesse que reencarnar a Lady Di, ou então imitar Kate Middleton, ela faria com o maior prazer. Ela poderia não ser uma inglesa, mas se comportaria como uma para que sua sogra não tentasse sabotar o casamento com o amor de sua vida. E foi com esse pensamento que ela pisou, com o pé direto, dentro do avião. Desejando que Esme não atrapalhasse seu casamento. 

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