Boston
Uma
semana depois
POV
Narrador
A
morena se olhava no espelho tentando achar algo que nem ela mesma sabia o que
era.
- Droga.
- ela bufou sozinha sem esperar que alguém escutasse. Ela estava vestida da sua
velha forma habitual, mas depois das palavras venenosas de sua tão amada sogra,
ela não se sentia bem com a calça jeans e o all star velho.
“Ele
merece uma inglesa, que saiba se portar e se vestir ao lado dele. Olhe só para
você. Olhe suas roupas. Isso é jeito de se vestir para um almoço tão formal
quanto conhecer a família do namorado”.
Especialmente
aquelas palavras martelavam em sua cabeça. Afinal, ela se vestia tão mal ao
ponto de fazer seu namorado passar vergonha? Era o que ela estava se
perguntando ao ver seu reflexo no espelho.
Merda.
Ela era uma universitária, e universitários se vestiam assim não era?
Calça
jeans, tênis e camiseta. Certos que alguns eram de marcas melhores que as
outras, mas era tudo a mesma coisa. Exceto talvez o pessoal do curso de moda,
esses usavam vestido, salto alto e sapatos que tinham aspecto de
desconfortável, mas com estilo gritando "eu estou na moda". E também tinha os alunos do curso de
Direito, que assim como Edward, no ultimo ano em muitos momentos usavam terno e
gravata. Ternos esses muito bem cortados e alinhados, muito eles feitos sob
medidas e assinados por grifes como Empório Armani, Gucci, Dolce e Gabanna e
muitos outros que ela se quer sabia.
Ela
ainda podia se dar o luxo de não se vestir assim certo? Ela poderia esperar
mais alguns anos e se vestir de forma eximia como a maioria das mulheres na
sala do seu namorado. Mulheres essas que chamavam atenção em suas saias lapis
justas e seus vestidos acentuados nas cinturas e exibindo o par de seios novos
ganhos de presente de verão dos papais depois de visitas a Cirurgiões plásticos,
os mais caros deles, entre eles Dr. Robert Ray, que cobravam o valor que uma família
de classe baixa usava para comer durante alguns meses.
Mas
sua sogra pensava que não. Porcaria, ela deveria se vestir como Kate Middleton?
Talvez
sim, quem sabe sua sogra lhe olhasse com outros olhos, quem sabe assim, até
mesmo seus pais respeitar-iam-na um pouco mais. Pensando por esse ângulo,
talvez, só talvez, ela devesse investir em uma produção um pouco melhor,
afinal, se bem não fizesse, mal também não iria fazer. Pensando assim ela
seguiu até seu closet e rapidamente tirou as roupas ficando somente de calcinha
e sutiã tentando analisar suas roupas a sua frente.
Calças
jeans. Não! Camisetas de bandas. Não! Tênis all star. Não! "Merda, isso vai ser difícil"
ela pensava enquanto ia arrancando as roupas com brutalidade dos cabides e
jogando no chão. Até que ela chegou a uma parte em que ela nunca pensou que
mexeria, pelo menos não por agora, roupas que sua amiga Alice, justamente do
curso de moda a tentava fazer usar de qualquer modo.
Certo,
o que se usaria para uma consulta ao Psiquiatra? Só de pensar na palavra sentia
seu corpo tremer da cabeça aos pés e um arrepio frio tomava conta do seu corpo,
após acordar no hospital uma semana atrás, Edward a tinha feito prometer que
iria procurar um especialista no assunto, merda, aquilo o tinha realmente
assustado. Ela por se sentir culpada e envergonhada prometeria o que quer que
ele peça.
Flashback
on.
Edward
se encontrava perdido em pensamentos olhando a morena pálida deitada usando uma
camisola hospitalar que agravava a sua aparência de doente, enquanto segurava a
mão fria e delicada e fazia pequenos círculos aleatórios nas costas da mão que
não estava furada recebendo soro e pelo o que o médico disse: complemento de
ferro para ajudar na anemia profunda. Sua respiração era lenta e parecia até
mesmo debilitada. Ele pensava nas atitudes que teria que tomar para poder
ajudá-la a sair daquele lugar onde ela estava se enfiando. Ele pouco sabia
sobre automutilação, mas sabia o suficiente para saber que aquilo podia
resultar de uma forma trágica em morte. E ele não poderia nem pensar na morte
da garota a sua frente.
"Deus
me ajude" ele pensou enquanto levava sua mão livre ao seu cabelo e
abaixava sua cabeça em uma prece silenciosa a Deus, ele não sabia como agir,
não sabia o que falar. Ele estava perdido e sem saber qual seria o seu próximo
passo. Quando ele se lembrava do estado em que a encontrou no banheiro, algo em
seu peito apertava e doía antes mesmo dele tomar ciência dos machucados que ela
tinha e ela ainda carregava uma expressão triste em seu rosto, ele sabia que
não era somente pelos machucados, era por algo que sua mãe tinha dito a garota.
"Inferno"
ele pensou enquanto tencionava o maxilar. Aquilo de certa forma era culpa de
sua mãe, sabia que algo que ela tinha dito, havia desencadeado essa crise de
Bella. Mas o que exatamente? Tinha certeza que sua mãe não diria, e duvidava
fortemente que Bella o fizesse. Algum dia ele saberia?
Ainda
de cabeça baixa e com uma das mãos mexendo furiosamente em seu cabelo e a outra
segurando a mão da morena fortemente ele pediu a Deus que ela acordasse logo e
o tirasse da merda que ele se encontrava. Ele precisava saber o que tinha acontecido.
O silêncio no quarto era sepulcral, do lado de fora podia se ouvir o som baixo
de uma TV, e passos rápidos de enfermeiras e médicos subindo e descendo pelo
corredor, e o cheiro de hospital o estava deixando enjoado, ele odiava aquele
ambiente.
Ainda
pensando em quais atitudes tomaria, ele sentiu a mão da morena, que ele
segurava como se sua vida dependesse disso, mexer suavemente. Ele rapidamente
levantou a cabeça e a viu apertar os olhos com força como se estivesse lutando
para acordar. Ele a ouviu gemer ao
tentar levar a mão livre ao rosto, cuja mão se encontrava recebendo o soro, o
que a levou a gemer e abaixar o braço antes que ele tivesse tempo de falar
qualquer coisa.
- Baby...
- ele chamou baixinho, olhando ansiosamente para o rosto da morena enquanto ela
tentava se habituar ao local.
- Onde...
- a voz dela saiu rouca e grossa, enquanto ela tentava limpar a garganta. Ele
rapidamente levantou e foi até a mesa ao lado da cama pegando um copo d’água e
estendendo para a morena e ajudando-a a sentar. Edward segurou o copo nos
lábios da namorada enquanto ela sorvia o liquido como se sua vida dependesse
disso. Quando o copo de água acabou ele o colocou de volta na mesinha e se
sentou novamente na cadeira ao lado da cama.
A
morena se encontrava perdia, sem saber onde estava e porque sentia um gosto
estranho em sua boca. Sua mente estava uma bagunça e sentia seu corpo dolorido.
Ela levantou a mão que estava sem o soro até os olhos e os esfregou
rapidamente, depois os levou até seu próprio cabelo.
- Onde
eu estou? - ela perguntou finalmente quando sentiu que sua voz não iria mais
falhar, graças à água que Edward tinha lhe dado.
- No hospital.
Como você está se sentindo? - ele perguntou enquanto levava uma mão na altura
do joelho da garota a sua frente e afagava lentamente. Rapidamente ela virou a
cabeça e olhou para o namorado. Como um raio as lembranças dos últimos momentos
lúcidas voltaram a sua cabeça.
Almoço. Casa dos sogros. Sogra. Conversa. Banheiro.
E por fim ela se cortando.
"Mas
que merda." Ela pensou enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas e
rapidamente lágrimas enormes começaram a rolar livremente pelo seu rosto e
soluços tomaram seus corpos. Antes que ela pudesse pronunciar qualquer coisa
viu o namorado levantar rapidamente e a envolver em um abraço.
- Shiiiii...
Fica calma. Ta tudo bem meu amor, eu estou aqui. - Quando Edward viu o estado
que a namorada ficou, entrou em estado de alerta, e antes que ela pudesse
reagir a envolveu em um abraço apertado e começou a sussurrar em seu ouvido. - Eu
to aqui com você, se acalma, por favor, não vai te fazer bem ficar desse jeito.
- ele dizia enquanto com um braço a mantinha apertada em seu peito e a outra
mão afagava lenta e carinhosamente sua cabeça e cabelo. Ele podia sentir os
soluços que vinham do corpo da morena e apertou o abraço a ouvindo gemer em
seguida quando acertou o local que estava cheio de pontos. Rapidamente ele retirou
o braço da sua volta. - Me perdoa eu te machuquei? - ele perguntou desesperado.
Já não bastavam os machucados, ele ainda lhe causava mais dor? Freneticamente
ela negou com a cabeça.
- Nã...
Não. - ela disse enquanto soluçava.
- Bella,
baby, por favor, não chora, eu te imploro, eu não sei o que fazer, eu estou
perdido aqui me ajuda. - ele disse desesperado e com a voz rouca. Enquanto
envolvia a mão livre dela entre as suas e encostava a testa contra a dela.
- Eu...
Nãaa... Não... Sei. - ele a interrompeu com um selinho longo.
- Shiii.
Não precisa falar nada agora okay? Depois a gente conversa, agora eu preciso
chamar o médico e dizer que você está acordada. - ele dizia enquanto olhava
dentro dos olhos azuis da morena, olhos esses que refletiam confusão e dor. Ela
balançou a cabeça assentindo sem tirar os olhos dos dele. Ele levantou a mão
até o botão do lado da cama e não muito tempo depois uma enfermeira apareceu na
porta do quarto.
- Oh,
vejo que você acordou, vou chamar o Doutor. Só um minuto. - e assim como
entrou, rapidamente ela saiu.
Bella
olhou para o namorado sem saber exatamente o que iria dizer. Porra, ele a tinha
socorrido depois da merda de um surto aonde mais uma vez ela tinha se cortado,
dessa vez tinha saído um pouco do controle e tinha precisado de pontos. Que
merda ele deveria estar pensando sobre ela, ou pior, sobre eles? "Oh,
merda, vai ser agora que ele vai me colocar para fora da sua vida." Ela
pensou e junto com o pensamento veio uma nova onda de lágrimas, tremores e
soluços.
- Amor,
por favor, não fica sim, eu não sei como fazer aqui, me ajuda, por favor. Eu
estou totalmente perdido, não sei o que falar o que fazer ou como agir, então
se você, por favor, puder olhar pra mim e despejar tudo o que está acontecendo
eu realmente vou ser grato. - ele se encontrava desesperado ao lado da morena,
se podia ver os olhos dele ficando molhados e lágrimas começarem a escorrer
pelo rosto do rapaz.
Ao ver
aquilo ela mais uma vez se sentiu uma merda. A mãe dele tinha razão, ela iria destruí-lo,
eles estavam juntos há três meses, quantas vezes ela o tinha visto chorar?
Nenhuma! E agora ali estava ele, perdido, sem saber como agir e chorando. Por
causa dela, por causa das suas atitudes. Ela abriu a boca pra falar, mas antes
que tivesse a chance de falar qualquer coisa o médico passou pela porta.
- Olá,
Srta. Isabella, eu sou o Doutor Willam McAllister, eu sou o plantonista de
hoje, e fui eu quem te atendeu quando você deu entrada. - ele dizia enquanto
lia o prontuário dela em frente à cama. Ela somente assentiu com a cabeça. - Srta
Swan, eu gostaria de saber como a senhorita esta se sentindo nesse momento. -
ele disse olhando para a morena deitada na cama.
Bella
até aquele momento não tinha tomado consciência da extensão do seu corpo, sendo
assim, não tinha tomado a noção das suas dores. Quando tomou noção das ardências
em seu braço e sua coxa ela estremeceu. Ela sentia um leve ardor no local dos
cortes e um pulsar incessante. Coisas a qual já estava acostumada.
- Bem,
eu me sinto bem. - ela disse sem coragem de olhar para ninguém direcionando seu
olhar para a coberta na cama.
- Certo.
Srta Swan, você deu entrada com dois contes profundos, um na parte interna do
braço, e outra na coxa, ambas com comprimentos extensos. - ele disse olhando
para a jovem que mantinha a cabeça baixa sem ter coragem de olhar para ninguém
dentro do quarto. Tomando fôlego ele continuou – Senhorita Swan, pela minha
experiência com traumas e machucados, e os exames feitos por mim previamente,
tudo leva a crer que os cortes foram propositais e causados por você mesma.
Senhorita Swan, poderia confirmar ou negar, se a senhorita foi quem causou os
cortes em si? - ele terminou olhando da morena para o rapaz que se encontrava
tenso ao lado da cama em uma postura totalmente rígida. Parecia que nem
respirava. Ele sabia o que tinha acontecido, mas ter a confirmação pela parte
dela levaria a situação a se concretizar, e algo dentro dele ainda gritava para
que tudo aquilo fosse um terrível mal-entendido. Bella se encontrava nesse
momento com o sentimento de fracasso. Há quanto ela fazia aquilo? Há quanto ela
se cortava e ninguém nunca chegou perto de se quer desconfiar? A vontade dela
era de negar e inventar uma historia estapafúrdia que provavelmente ninguém
iria acreditar, porém, ninguém contestaria. - Srta Swan, antes de dar a sua
resposta, devo lembra-la que por lei, quando um paciente da entrada ao hospital,
e após o exame inicial do médico de plantão, for constatado um ferimento da
magnitude do seu, e as causas não forem esclarecidas de forma satisfatória, eu
tenho a obrigação de chamar policia. –
Após
as palavras do médico Bella levantou a cabeça com lágrimas nos olhos. Se a
policia fosse acionada, rapidamente seus pais iriam ser avisados do que estava
acontecendo, e a última coisa que ela queria era seu nome e problema nas
manchetes de jornal, ainda mais um que com certeza iniciaria uma reportagem
internacional. Ela já podia até imaginar as manchetes: "FILHA DE JUIZ E PROMOTORA
DOS EUA DA ENTRADA NO HOSPITAL APÓS SURTO PSIQUIÁTRICO"; "JOVEM
PROMISSORA TEM CARREIRA AMEAÇADA POR DESEQUILÍBRIO MENTAL"; "NAMORADA
DO PROMISSOR SUCESSOR DA ADVOCACIA CULLEN É PSIQUIATRICAMENTE INCAPAZ". Não,
ela não queria isso definitivamente. Sem ter mais como negar ela se viu
acenando positivamente com a cabeça.
- Sim,
fui eu. - ela disse sussurrando o mais baixo possível. Porém, todos ali
escutaram.
-
Certo... O procedimento correto seria eu te encaminhar para o psiquiatra de
plantão no hospital, mas como o seu namorado me informou antes, vocês não são
daqui. O melhor para todos seria evitar algum transtorno. Sendo assim, após
chegar os seus exames de sangue dependendo do resultado eu irei te dar alta ou
fazer uma transfusão de sangue. Não sei se a senhorita sabe, mas se encontra em
um caso de anemia profunda, o que me parece ser de antes do episódio de hoje,
sendo assim, ele acabou sendo agravado. - Bella escutava tudo com muita
atenção, ela queria sair dali o mais rápido possível e chafurdar na autocomiseração
que ela merecia, ela não prestava para nada. E novamente as palavras de sua
sogra vieram a sua mente. Ela era um fracasso como mulher, era fraca, nada do
que ela poderia fazer apagaria o episódio que tinha acabado de acontecer. Independente
de qualquer coisa, Edward já tinha descoberto o seu maior "segredo
sujo", ele era uma pessoa incrível, não merecia ficar com alguém estragada
como ela. - Assim que saírem os exames eu voltarei aqui, qualquer coisa nesse
meio tempo, vocês fiquem à vontade para me chamar. - com apenas mais um aceno
de cabeça o médico se retirou. Edward e Bella se encontravam cada um perdido em
seus próprios pensamentos. Cada um com sua própria forma de ver aquela situação.
- Edward...
–
- Baby...
– Os dois falaram ao mesmo tempo.
- Posso
falar primeiro antes de tudo? - Edward perguntou olhando dentro dos olhos azuis
da sua namorada. Ela assentiu. Ele sentou na cadeira ao seu lado, pegou a mão
dela e envolveu dentro das suas. - Baby, eu não vou mentir para você. Essa
porra toda me assustou como o inferno. Você não tem noção de como foi para mim,
te pegar daquele jeito cheia de sangue e desfalecendo nos meus braços... - ele
engoliu seco e seus olhos ficaram úmidos. - Baby, pensar que eu ia te perder
foi doloroso como o inferno, ainda mais para uma situação assim. Porque você
nunca me disse que isso acontecia? Porque você nunca me falou que você passava
por uma situação desse nível? Eu achei que não tínhamos segredos desse nível,
eu te amo tanto Bella, e a simples ideia de que você não confia em mim da mesma
forma que eu confio em você, simplesmente me quebra, por que eu sinceramente
não sei aonde eu errei querida, não sei onde eu passei a imagem de que não sou confiável
para você. - ele parou e deu um beijo na mão dela. Quando ele viu que ela iria
interrompê-lo ele continuou. - Eu sei baby, que dessa vez tem dedo da minha mãe
envolvido, e eu espero que você me conte cada palavra do minha mãe te disse
Bella, por que se não, eu mesmo irei perguntar e eu te garanto que isso não
será nada agradável, então, eu te peço amor, se você puder evitar que um
confronto entre minha mãe e eu aconteça, me conte exatamente às palavras que
ela te disse. – Ele sabia que aquilo era jogar baixo, Bella sempre foi contra
ele bater de frente com a própria família, quando ela o via ignorar as ligações
da mãe, eles sempre discutiam sobre os motivos dele não poder ignora-la.
- Edward,
não é necessário mexer nisso. Eu te peço, por favor, esqueça isso o que
aconteceu, eu prometo que irei me afastar para que nada disso respingue em
você. Eu sei que eu sou toxica para você e... –
- Porra
Isabella, você escutou algo do que eu disse? Escutou as merdas que você esta
dizendo? Eu estou pouco me fodendo com o que vai acontecer com a porra da minha
imagem, a única merda que me importa nesse momento é que a minha mulher não
está bem, e não confia em mim o suficiente para contar que porra está
acontecendo e isso está me deixando totalmente frustrado. Inferno! - ele disse
quase gritando e arrancando os próprios cabelos. – Isabella, inferno! EU. TE.
AMO. E não tem o inferno na terra que mude isso você ta me entendo? - ele disse
segurando o rosto dela entre suas mãos, que a essa altura estava cheio de lágrimas.
- Eu também
te amo Edward. – ela disse chorando e olhando para ele.
- Se
você me ama baby, confia em mim. Conte-me tudo o que esta acontecendo, eu só
quero te ajudar. Eu simplesmente não posso suportar a ideia de te perder você
entende? Você é minha vida, Isabella. - e depois de dizer isso ele colou seus lábios
nos dela. Em resposta ela levou as mãos aos cabelos dele e aprofundou o beijo. Depois
de um tempo em que eles precisavam respirar ele colou a testa com a dela. - Por
favor, baby, me conta tudo. - Ela assentiu com a cabeça.
- Sim,
eu conto. – E ela contou. Contou desde o começo quando ela se cortou a primeira
vez, até as palavras que a mãe dele disse. Em nenhum momento ele se pronunciou
ou expressou qualquer reação. Ele segurou a mão dela em todo momento e somente
limpava algumas lágrimas que escorriam de vez em quando por parte dela.
- Eu
não posso acreditar que Esme teve a coragem de dizer essas coisas para você!
Que porra ela pensa que é para tentar comandar minha vida dessa forma inferno?!
- ele perguntou revoltado com o rosto vermelho e uma veia na sua testa
exaltada.
- Ela
é sua mãe, e tem o direito de saber o que é bom ou ruim para você. E no caso eu
não sou boa o suf... –
- Não
se atreva a terminar essa frase está me ouvindo? Você é perfeita para mim
Isabella, exatamente do jeito que você é. Esme tenta controlar minha vida desde
o ensino médio. Ela afugenta qualquer garota que eu faça questão de apresentar,
depois de um tempo eu simplesmente desisti de apresenta-las, nenhuma pelo menos
valeu a pena como você vale, mas sim, ela fez muitas vezes isso. Ela tem uma
visão arcaica da vida e eu só posso sentir nojo por isso. Naquele momento em
que eu me afastei com o meu pai, foi para exatamente pedir que ele colocasse um
freio nela, mas pelo visto não fui rápido o bastante. - ele tinha um olhar
torturado. De uma forma ou de outra ele estava se sentindo culpado pelo o que
aconteceu, era a sua mãe, se ele não tivesse insistido para apresenta-los, hoje
eles não estariam em um hospital. Se ele não tivesse se afastado para pedir
ajuda para o papai como um moleque medroso, eles não estariam ali.
-
Visão arcaica ou não, de certa forma ela esta certa e você sabe disso. Edward,
ano que vem você termina a faculdade, você vai precisar voltar para cá, eu
ainda tenho mais três anos. O que vai acontecer com a gente? Namoro a
distancia? Nós sabemos o quanto essa merda é complicada, não aguentaríamos. -
ela disse baixinho com um olhar triste e apertando a mão dele e fazendo um
carinho nela.
- Baby,
vamos deixar para nos preocupar com isso quando o momento chegar okay? Por
enquanto só me interessa resolver o seu problema. - ele falou fazendo um
carinho no rosto dela
- Como
assim resolver? - ela perguntou franzindo as sobrancelhas sem entender aonde
ele queria chegar com aquilo.
- eu
vou falar com a minha mãe quando a gente sair daqui e obrigar... –
- NÃO.
VOCÊ NÃO VAI FALAR NADA COM A SUA MÃE - ela disse desesperada apertando mais
forte a mão dele – Me prometa Edward, você não vai falar nada com a sua mãe, eu
só quero ir para casa. Não quero que ninguém saiba o que aconteceu aqui. Por
favor, eu te imploro. - ela disse com os olhos voltando a lacrimejar.
- Shiii
baby, eu prometo. Mas com uma condição... Quando voltarmos para casa, você vai
procurar um médico para se tratar. Amor isso é uma doença, e tem tratamento, eu
não aguento a mínima possibilidade de imaginar que você se machuca Bella. - ele
engoliu em seco e seus olhos ficaram úmidos novamente – Eu já tinha reparado
algumas cicatrizes em você, alguns riscos aqui e ali, mas nunca me passou pela
cabeça a gravidade da coisa. Você precisa procurar ajuda baby, e eu irei estar
junto com você em todos os momentos. Mas você tem que me prometer que vai
procurar ajuda. Você me promete Isabella? - ele terminou olhando no fundo dos
olhos dela, e viu que assim como ela, ele estava com algumas lágrimas perdidas
rolando pelo rosto.
- Sim,
eu te prometo. – ela disse encostando a testa com a dele. E sim, ela falou a
verdade, ela viu ali, que ela não estava mais somente se machucando, mas
causando dor nele também, e a última coisa que queria era causar dor no homem
que ela amava. Deus, ela faria qualquer coisa por ele. Inclusive procurar uma médica.
- Deus,
eu te amo garota. Você não tem noção do quanto. - Ele disse e a beijou
profundamente.
- Eu também
te amo. Muito – ela disse quando eles se afastaram em busca de ar. Pouco tempo
depois o médico entrou no quarto.
- Desculpem
interromper, mas os seus exames chegaram. Bem, apesar de a anemia estar severa,
e da perda de sangue elevada que você teve, não será necessário uma transfusão
de sangue. - sem que o médico terminasse ela sorriu e puxou Edward para um
abraço. - Mas vocês terão que me prometer que irão procurar ajuda assim que
voltarem para casa. - ele disse olhando para o rapaz que estava ao lado da namorada
segurando sua mão e fazendo um carinho na cabeça dela. Ele sabia, ele seria de
grande necessidade para ela, pessoas com essa doença precisavam e muito de
apoio. - E você senhorita Swan, repouso absoluto até a retirada dos pontos
okay? - ele perguntou olhando seriamente para ela.
- Eu
prometo que ela ira repousar, e que assim que nós chegarmos a casa eu mesmo
irei marcar uma consulta para ela. Obrigada pela ajuda Doutor. –
- Qualquer
problema e vocês podem me ligar, eu passarei seu histórico médico para quem
quer que seja que irá te atender por lá. Por enquanto é isso, e espero não ver
nenhum dos dois em breve okay? – Eles assentiram sorrindo e ele saiu da sala.
- Vamos
para casa? - ele perguntou com a testa encostada na dela.
- Sim
vamos. - ela lhe deu um sorriso e os dois se beijaram.
Flashback
off.
-
Baby, está pronta? – Edward perguntou do lado de fora do quarto da jovem.
-
Quase. – Bella gritou para ele ainda encarando mais uma vez as roupas finas que
Alice havia lhe dado e passou direto para elas, pegando uma simples calça jeans
de lavagem clara, com alguns rasgos na altura do joelho, uma blusa branca fina,
quase que transparente e que amostrava levemente um pouco de seu sutiã de renda
transparente e um casaco salmão de crochê que batia no meio de suas coxas e
calçou um par de tênis brancos e saiu do quarto guardando seu celular no bolso
do casaco. – Estou pronta, vamos? – Edward assentiu apanhando as chaves do
carro em cima da mesinha de centro do apartamento de Bella e de mãos dadas
seguiram para o elevador.
Em
menos de cinco minutos eles estavam dentro do carro de Edward, com ele
dirigindo para o centro, onde ficava o psiquiatra que altamente recomendado
para Edward, o Dra. Sue Clearwater. Em menos de meia hora, Edward estacionara
seu carro no estacionamento do prédio onde ficava o consultório e subiram para
o vigésimo andar, onde Sue consultava.
- Você
pode parar com isso, é só uma psiquiatra. – Edward disse segurando as mãos que
Bella apertava uma na outra incansavelmente e inconscientemente. – Eu vou
entrar com você, caso queira. Quer? – Bella assentiu nervosamente, ela nunca
havia exposto os seus sentimentos a ninguém e nem o real motivo pelo que fazia.
-
Senhorita Swan. – a recepcionista do consultório a chamou e o casal se ergueu.
– Desculpe senhor, mas na primeira consulta apenas a senhorita Swan. –
- Tudo
bem. Eu vou ficar amor, não se preocupe. – garantiu segurando o rosto dela. –
Só conte a verdade. – Bella assentiu e Edward depositou um beijo casto e rápido
nos lábios da namorada e ela seguiu com a recepcionista para dentro do
consultório da médica.
-
Isabella Swan? – Sue perguntou ao ver Isabella parada no meio da sala e a sua
recepcionista saindo.
- Sim
senhora. –
- Por
favor, apenas Sue. Sente-se. – apontou para a cadeira a sua frente e Bella se
sentou um pouco desconfortável e apertando seus dedos um nos outros. – Eu sei
que possa se sentir um pouco desconfortável, é a sua primeira vez? – Isabella
apenas assentiu. – Ótimo. Por que veio me ver? –
- Meu
namorado me convenceu a vir. –
- Por
quê? –
- Ele
meio que descobriu... – ela limpou a garganta. – Descobriu que eu me cortava. –
explicou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e olhando para a sua
calça jeans.
- E a
senhorita já faz há algum tempo? –
- Sim
senhora... Quer dizer, Sue. –
- E
por que você faz isso? O que te levou a se cortar pela primeira vez? –
perguntou cruzando as mãos e as apoiando na mesa e se debruçando um pouco sob
ela, chegando um pouco mais perto de Isabella.
- Não
foi proposital! – Bella disse imediatamente. – A primeira vez aconteceu sem
querer. – confessou. – Depois de uma discussão com os meus pais, acabei tendo
uma crise de ansiedade e para descontar a raiva, eu quebrei algumas coisas em
meu quarto, dentre elas o meu espelho. – Bella engoliu em seco e voltou a
falar. – Eu dei um murro nele e acabei cortando a mão e quando percebi... – ela
limpou a garganta. – Quando percebi o corte, a dor e o sangue escorrendo do
ferimento, qualquer motivo que tenha sido a briga fora esquecido. Então eu
achei ali uma saída. – explicou sentindo os olhos arderem. – Externar a dor
para que ela seja ao menos suportável. – terminou sentindo as lágrimas quentes
escorrendo pelos seus olhos.
- E
como você se sente sobre isso? – perguntou Sue depois de um tempo e de escrever
algo no papel a sua frente.
- Eu
me sinto um lixo. – disse rapidamente. – Muitas vezes eu acho que sou louca,
que preciso de um sério tratamento. Mas quando vêm as crises, quando vem à
dor... Eu simplesmente não consigo pensar e quando percebo... Eu já me cortei.
– Bella passou a mão pelo rosto, principalmente pelos olhos e nariz, tentando
engolir o choro. – E é uma merda tudo isso, porque parece que qualquer situação
ou pessoa tem controle sobre mim. Eu me sinto tão fraca por isso, tão inútil. –
agora as lágrimas saiam livremente, ela estava fazendo isso por Edward e não
por ela. – Quer dizer que tipo de pessoa doente e maluca eu sou? –
A
médica anotou mais algumas coisas em sua ficha e estendeu uma caixa com lenços
para Isabella que pegou alguns e assoou o nariz e limpou os olhos. Sue fez mais
algumas perguntas a Isabella que respondia com toda a sinceridade do mundo, uma
coisa que ela não fazia com muitos. Faltando cinco minutos para se encerrar a
primeira consulta, ela entregou um copo de água fresca para Bella, para que ela
se acalmasse e depois que ela parou de chorar, chorar de soluçar, Sue se levantou
de sua poltrona e caminhou até a porta, pedindo que Edward entrasse e ele
prontamente entrou e se sentou ao lado da namorada e segurando firme a mão
dela.
-
Então? – Edward perguntou.
-
Primeiro eu quero dizer uma coisa aos dois... A senhorita Swan me contou que
veio aqui hoje, apenas porque o senhor insistiu, porque ela não queria vir,
pois não se era louca para ir a um psicólogo. Isso é certo, senhor Cullen? –
- Sim,
Dra. fora eu quem a convenceu a vir, mas eu não acho que ela é louca, só acho
que ela tem uma doença seria e que precisa de ajuda psiquiátrica, além da ajuda
das pessoas que a amam. – Edward respondeu sinceramente.
- E
tem razão. Isabella. – a médica a chamou e ela ergueu a cabeça. – Eu quero que
entenda que não é somente loucos ou doentes mentais que precisam de um
psiquiatra. Às vezes, as pessoas passam por algumas coisas, algumas situações
que precisam procurar um psiquiatra. Assim como você vai ao ortopedista quando
quebra um osso, ou ao cardiologista quando tem um problema no coração, você
precisa de um psiquiatra para ajudar a por as ideias em ordem. Todo mundo
precisa disso em algum momento da vida. Não se sinta mal por vir a um
psicólogo, não se sinta uma louca, pois você não é. Como seu namorado disse
você tem uma doença séria e que tem cura, basta você permitir que eu, que seu
namorado e que todos que te amam te ajudem. Certo? –
-
Certo. –
-
Ótimo, eu quero que venha de novo na sexta e até lá quero que viva normalmente.
Entretanto, caso sinta alguma crise de ansiedade e vontade de se cortar, eu
quero que faça uma coisa por mim. Se estiver sozinha, eu quero que pare,
respire fundo e conte até dez e se estiver com Edward por perto, eu quero que o
procure e se abra com ele. E Edward... Quando você perceber que ela está
entrando ou enfrentando uma crise de ansiedade, eu quero que a faça parar,
respirar fundo e se abrir com você, e quando ela fizer isso eu quero que você a
compreenda e não a julgue pelo que ela está passando. –
- Eu
nunca a julguei. – disse simplesmente e um pouco ofendido pela médica ter
insinuado que ele a tivesse julgado. – E nunca faria isso. –
A
consulta se encerrou com Sue fazendo Bella prometer que voltaria na sexta feira
e após Edward garantir que ele mesmo levaria a namorada até ela, eles partiram
para o apartamento da morena de novo. Mal cruzaram a soleira da porta e Bella,
arrancando o casaco, partiu em disparada para o seu quarto, vendo todas as suas
roupas “normais” jogadas por todo ele. Ela seguiu para o guarda roupa,
terminando de tirar o resto das roupas cafonas que tinha.
- Baby
fazer algo simples para comermos, vai querer? –
-
Tanto faz. – disse esvaziando as gavetas da cômoda.
- O
que está fazendo? – perguntou vendo Bella dobrando as roupas, que ele gostava
tanto.
- Vou
doa-las. –
- Por
quê? –
-
Resolvi que vou mudar o meu guarda-roupa. – disse simplesmente e continuou a
dobrar as roupas.
- Por
quê? – questionou de novo quando Bella passou por ele na porta e correu até a
área de serviço, pegando algumas caixas de papelão lá, que ela havia usado para
fazer a mudança da casa do pai para cá e voltou para o quarto.
- Sue
disse que talvez eu mudasse as roupas, eu me sentiria um pouco melhor comigo
mesma. – respondeu simplesmente colocando a caixa na cama e colocando as roupas
dentro dela.
-
Bella, você não tem que mudar as roupas para se sentir bem, você tem que se
sentir bem com as roupas que você está acostumada a usar, com as roupas que eu
gosto. –
-
Edward, você quer que eu vá à psicóloga e de que adianta eu ir e não seguir o que
ela fala? Você pediu para eu ir, e eu fui. Agora você não quer que eu faça o
que ela pediu? Você tem que decidir o que você quer. Como você mesmo disse não
adianta nada, ir lá, colocar tudo para fora e não fazer o que ela falou. –
resmungou ela e continuou a empacotar as roupas e pegando o telefone e ligando
para a sua amiga, rápido, antes que Edward conseguisse falar mais alguma coisa.
– Oi Allie. Você está ocupada hoje à noite? –
- Oi
Bella. Não, por quê? –
-
Vamos ao shopping hoje? Eu vou deixar você realizar o seu sonho e me ajudar a
comprar roupas novas. – Bella disse e Edward bufou audivelmente e saiu do
quarto da morena enquanto Alice, animada, soltou um gritinho, ela já desejava
fazer isso há muito tempo e Bella nunca deixou.
Edward
seguiu mal-humorado para a cozinha, ele não conseguia acreditar que a psicóloga
havia dito uma besteira dessas de que se Bella mudasse o modo de se vestir, o
modo que ele gostava tanto, ela iria se sentir melhor. Que tipo de psicóloga é
essa? Ela tinha que ajudar a Bella a se sentir melhor consigo mesmo.
Três
Meses Depois
Alguns
meses haviam se passado desde a primeira consulta de Bella com Sue, e ela havia
mudado da água para o vinho. Todas as suas roupas simples e que Edward adorava
foram entregues a doação, até as camisas de bandas favoritas de Isabella foram
entregues a doação e ela passou a usar roupas mais finas e chiques. Edward não
se importava tanto com o tipo de roupa que ela usava, mas ele preferia as
antigas.
Ele
preferia o jeito descontraído de Bella, quando ficava na casa dele ou na dela
apenas com uma camisa puída e velha e uma calcinha e nada mais, entretanto,
desde a primeira consulta que essas roupas sumiram e ela passou a usar mais
vestidos do que o habitual. Ele sentia que no fundo aquela mudança era mais
para a mãe dele aceitá-la do que por ela mesma, ou porque a psicóloga havia
dito aquilo, até porque ele sentia que no fundo ela não havia dito aquilo, uma
médica de respeito nunca diria para ela mudar para se sentir bem.
A
única coisa que não havia mudado muito era o sexo, continuam como dois coelhos
no cio e se deixassem eles transavam a todo o momento em que tinham livre,
incluindo tempos vagos entre as aulas, torciam por algum professor faltar e
para terem tempo vago no mesmo horário para que pudessem dar uma escapulida
para o apartamento de um dos dois para que pudessem ter um tempo a sós.
O
único momento que a Bella não se vestia impecavelmente era após o sexo, a
noite, quando ela se contentava em ficar apenas com a camisa usada e larga de
Edward e era um grande momento quando ele tinha a sua “Bella Original” mesmo
que por pouco tempo. E era assim que eles estavam agora.
Nus.
Deitados na cama. Bella tinha a cabeça apoiada no ombro de Edward e uma das
pernas envolta em sua cintura e Edward tinha os dois braços em volta da sua
amada. E o coberto jazia todo embolado aos pés da cama e a roupa dos dois
estavam arremessadas por todo o canto do quarto, tanto que a calcinha de Bella
estava pendurada na tela do notebook de Edward na escrivaninha.
Desde
que Bella se tocou de que faltavam menos de três meses para o Edward se formar
e voltar para a Inglaterra para assumir os negócios da família e então ela não
sabia o que aconteceria com ele. Eles terminariam ou manteriam o relacionamento
a distancia? Relacionamento a distancia não daria certo, principalmente com a
Bella tendo uma sogra maravilhosa daquelas, notem a ironia. Enquanto Bella
pensava em como eles manteriam um relacionamento a distancia, Edward pensava em
avançar um novo passo e temendo que estivesse indo muito rápido.
-
Bella, você dormiu? – Edward perguntou depois de um tempo em que ela estava em
completo silencio, perdida nos próprios pensamentos.
- Não.
– respondeu mexendo a cabeça em seu peito.
- Eu
estive pensando em uma coisa. –
- Pode
falar. –
- Você
sabe que dentro de alguns dias eu vou me formar e ter que voltar para Londres.
–
- Eu
sei. – Bella respondeu abraçando Edward mais forte, com o braço e a perna
envolta de sua cintura. – O que faremos? Eu estou no meio de minha faculdade. –
- Você
poderia pedir transferência para uma faculdade londrina e vir comigo. – ela
levantou a cabeça o encarando.
- É o
que? –
- Vem
comigo. – disse com todas as palavras e Bella começou a rir.
-
Claro. – disse rindo e se sentando na cama para encara-lo. – Com certeza, os
meus pais vão adorar a ideia de eu ir morar com você sem estar casa e coisa e
tal. –
- Não
seja por isso... Nós nos casamos. – Edward respondeu simplesmente.
-
Claro... Claro... Amanhã mesmo o que acha? Já que hoje está meio tarde? –
perguntou com deboche e deitando a cabeça no travesseiro e se cobrindo para ir
dormir.
-
Okay. – disse sinceramente e não percebendo o deboche dela e se levantando da
cama e puxando a mala de debaixo da cama.
Edward,
ainda nu, começou a colocar algumas roupas dentro da mala mediana e Bella
demorou um pouco até perceber o que o namorado estava fazendo. Bella se sentou
na cama o encarando por alguns segundo enquanto o via dobrar cuidadosamente as
roupas e guardando dentro da mala.
- Edward, o que você pensa que está fazendo? –
Bella perguntou vendo-o terminando de ajeitar a mala.
-
Estou arrumando a mala para irmos amanhã para Vegas para nos casarmos. – disse
fechando a mala e a colocando próxima a porta.
- É o
que? Você estava falando sério? –
-
Lógico que estou. – ele se sentou na cama. – Bella eu te amo e quero que venha
comigo para Londres. Eu não ligo para um casamento luxuoso, a menos que você
queira isso, eu espero, mas se não se importar com um casamento grande, luxuoso
e tal. Sim eu estou falando sério, vamos para Vegas amanhã mesmo e nos casamos,
quando eu me formar, vamos para a Londres e você termina a faculdade lá. Então
sim, eu estou falando sério. –
- Sabe
que não parece que está falando muito sério quando você está me pedindo em
casamento pelado. – Bella apontou e ele balançou a cabeça sorrindo torto. Deus
como Bella amava esse sorriso.
- Eu
posso estar nu ou com um smoking, eu estou falando completamente sério quando
eu digo que quero me casar com você. –
- O
que me diz? Você vai para casa, arruma uma mala e vamos ao próximo voo para
Vegas e nos casamos e quando eu me formar você vem comigo. –
- E
quanto aos seus pais? –
- Eu
não me importo com eles. E eu já disse isso, então, se você não se importar em
se casar comigo enquanto um cara gordo com uma fantasia ridícula de Elvis
Presley rege a cerimônia... – Isabella via nos olhos do ruivo que ele estava
sendo sincero, talvez à primeira vez que ele fora totalmente sincero com ela. –
O que me diz? – questionou encarando os olhos da morena, que não lhe diziam
nada.
Isabella
não respondeu nada, apenas levantou-se da cama e jogou-se sobre o colo do amado
o beijando e para ele aquela resposta já era o suficiente. Completamente
animado, Edward interrompeu o beijo e pediu a futura esposa que se vestisse
para que ela fosse ao apartamento para arrumar as malas para que eles fossem o
mais rápido possível para Vegas. Bella se vestiu na velocidade da luz e ele a
levou até o apartamento dela e enquanto ela arrumava a mala, ele correu até a
joalheria mais próxima e comprou as alianças.
Ele
sabia que a mãe implicaria ao saber do casamento dos dois, até porque desde que
o filho nasceu ela planejava um casamento enorme para que pudesse aparecer para
todos os amigos da família e também no jornal, já que a mesma aprendeu com a
mãe de que uma pessoa só deveria aparecer no jornal em três situações: Quando
ela nasce; Quando ela casa e Quando ela morre. E bom, Edward estava casando,
era uma das três situações para ele aparecer no jornal, segundo sua mãe.
Ao
comprar as alianças, e gravar o nome de ambos, ele voltou ao apartamento da
namorada, que já se encontrava pronta e com uma mala mediana ao lado, na
portaria do prédio e enquanto eles seguiram para o aeroporto, Edward dirigia e
falava no celular, viva a voz, com a atendente do aeroporto atrás de um voo que
sairia ainda hoje para Las Vegas, Nevada. E como se eles tivessem sorte, tinha
um voo, quase lotado, que sairia em menos de duas horas e ele prontamente o
reservou.
Durante
todo o trajeto para o Aeroporto Boston Logan e de lá para o aeroporto McCarran,
durante todas às cinco horas de voo, algo revirava no estômago de Isabella, ela
estava nervosa, não com o casamento, mas como a futura sogra iria reagir. Se
ela reagiu daquele jeito quando conheceu Isabella imagine quando souber que os
dois se casaram em uma capela de quinta com um cara gordo, com um papel que
dizia que ele tinha a jurisdição de casar alguém no estado de Nevada, que
provavelmente ele apanhou pela internet. Com certeza, Esme não gostaria da
Isabella depois disso, bom, ela já não gostava de Isabella, mas agora seria
pior.
Em
momento algum a Bella pensou nos pais, até porque Charlie e Renné não ligavam
para o relacionamento de Bella com Edward, para ser muito sincero, eles não
ligavam muito para o que Isabella fazia da vida e para quem ela dava ou deixava
de dar, contanto que ela cursasse e exercesse o direito, mas eles estavam
propensos a reconsiderar, caso ela se casasse com um cara rico. Edward era
rico, portanto...
Edward
e Isabella chegaram ao aeroposto McCarran no inicio da madrugada e foram de
imediato para a capela mais próxima e uma das poucas que estavam vazias. O taxi
deixou os dois pombinhos na The Little
Vegas Chapel, e enquanto Edward desembolsava mais um pequeno, grande,
valor, Bella se trocava. Ela não podia se casar de calça jeans. Se ela queria
que a sogra gostasse dela, ela teria que se vestir adequadamente.
Era um
vestido simples, ela não poderia negar, mas era branco, o importante do
casamento era o vestido branco. Ela tirou a roupa e vestiu o vestido, ele era
branco, que batia na altura dos joelhos, marcado na cintura e um pouco plissado
ali perto, com forro branco e uma saia maior e um pouco mais esvoaçante por
cima. Decote quadrado e alças finas e ajeitou um pouco o cabelo e seguiu para a
capela onde Edward a esperava.
Enquanto
mentalizava um pé na frente do outro, primeiro o direito e depois o esquerdo,
ela foi andando com calma até perto de Edward, tomando todo o cuidado do mundo
para não cair até parar ao lado de Edward, desviando os olhos dela, apenas
quando um cover de Elvis chamou atenção dos dois, começando a cerimônia.
-
Agora repita comigo. – “Elvis” disse encarando Edward. – “Eu, diga seu nome, recebo a ti,
nome de sua noiva, como minha legítima esposa. Prometo ser fiel. Amar-te e
respeitar-te. Na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza e na
pobreza. Por todos os dias da nossa vida. Até
que a morte nos separe”. –
-
“Eu, Edward, recebo a ti, Isabella,
como minha legítima esposa. Prometo ser fiel. Amar-te e respeitar-te. Na alegria e na
tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Por todos os dias da
nossa vida. Até que a morte nos separe”.
– Edward disse segurando as mãos da esposa enquanto a olhava nos olhos.
-
Agora a senhorita. – “Elvis” avisou a Bella.
-
“Eu... Eu Isabella, recebo a ti,
Edward, como meu legitimo esposo. Prometo ser fiel. Amar-te e respeitar-te. Na alegria e na
tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Por todos os dias da
nossa vida. Até que a morte nos separe”.
– Bella repetiu gaguejando um pouco durante a repetição.
-
Com o... –
-
Um minuto. – Edward interrompeu o gordo fantasiado de Elvis. – Eu escrevi os
meus votos e gostaria de dizer. – Isabella arregalou os olhos, ela não havia
preparado nada, ela não sabia que eles trocariam votos.
-
Podes dizer. – “Elvis” deu um passo para trás para lhe dar espaço a eles.
-
Bella. – ao dizer o nome da amada, ele apertou firme e carinhosamente, as mãos
delicadas dela, acariciando as costas das mesmas com os polegares. – Você me
mostrou que nem tudo é o que parece, você me mostrou que calma e paciência as
coisas sempre podem melhorar. Você me fez enxergar um futuro onde estarei ao
seu lado de cabelos brancos e cheios de netos ao redor. Eu te amo. Eu te amo de
uma forma assustadora e avassaladora. Você me dominou, me faz querer ser melhor
a cada dia, me faz querer te merecer, lutar por esse amor, o tornar mais forte
a cada dia que passa... A cada prova. Por isso Bella, se um dia o meu amor por
você não for mais o suficiente ou se ele enfraquecer e tudo começar a dar
errado, eu prometo a você que irei me lembrar dos motivos que me fizeram te
amar. – Isabella respirou profundamente sentindo os olhos lacrimejando.
-
Sua vez, Isabella... –
-
Eu não havia preparado nada. – admitiu. – Eu não sabia que iríamos trocar
votos, mas vamos de improviso e torcendo para não ficar ruim. – ela respirou
fundo, com os olhos fechados e repetiu o que a sua mente e o seu coração
gritava. – Edward, você chegou a minha vida de uma forma totalmente inesperada.
Mostrou-me que as melhores coisas da vida vêm assim, sem planejamentos, você me
salvou de mim mesma, quando ninguém mais poderia fazer ou quando ninguém queria
nem ao menos tentar. Eu te amo. Eu te amo mais que ontem e menos que amanhã.
Prometo ser aquela que nunca vai estar atrás de você ou a sua frente, mas serei
aquela que sempre estará ao seu lado. Como sua parceira, nas horas boas e
ruins, sendo a sua força quando você estiver fraco, seu sorriso quando você
estiver triste e sua direção quando estiver perdido. Prometo ser fiel e te
provar a cada dia que você é o único homem na minha vida. – Bella terminou
sentindo seus olhos lacrimejarem e ela respirou profundamente mais uma vez
engolindo o choro.
-
Nossa... Se isso foi de improviso, imagina se ela estivesse escrito com
antecedência. – o Elvis gordo brincou e Bella sorriu enquanto sentia algumas
lágrimas escorrendo de seus olhos. – Bom... Agora, como o poder investido em
mim, pelo estado de Nevada, eu os declaro, marido e mulher... Beija logo a
moça, cara, antes que eu beije. – Edward não esperou que o cover de Elvis
falasse mais nada e puxou-a pela cintura e a beijando, pouco se importando se
tinha alguém assistindo ou não.
Isabella
achou que quando eles deixassem a capela iriam para algum hotel ou algo do
tipo, mas não, Edward a arrastou novamente para o aeroporto, e assim que eles
pisaram no terminal sete, Isabella achou que eles voltariam para Boston, até
porque no meio da semana seria a festa de formatura de Edward, e talvez ele
quisesse ir com os amigos. Edward não negou e nem confirmou se eles iriam
voltar para Boston, até porque Bella não perguntara.
Ela
mal sabia que Edward estava pouco se importando para a festa no meio da semana
de sua formatura, ele só iria para a formatura de fato porque tinha que pegar
aquele canudo ridículo e porque seus pais viriam, entretanto, se tudo ocorresse
do jeito que ele desejava, ele poderia simplesmente se esquecer da formatura.
Quando a voz eletrônica soou por todo o aeroporto alertando que o voo para o
aeroporto Heraclião em Creta, uma das ilhas gregas e Edward estendeu a mão para
Isabella, foi quando ela percebeu que eles não voltariam para Boston e que eles
teriam uma lua de mel de verdade. E isso fez o estômago de Isabella embrulhar e
ela não sabia o motivo.
Agora
eles estavam juntos, pela lei dos EUA eles estavam casados, faltava ela saber
se na Inglaterra e para a mãe de Edward, o casamento deles seria valido.
Isabella amava tanto Edward que mudaria sem pensar duas vezes, ela queria
agradar a sogra e fazer com que, agora, seu marido, se orgulhasse dela e não
sentisse vergonha ao apresenta-la para os amigos e sócios da família. Se para
isso ela tivesse que reencarnar a Lady Di, ou então imitar Kate Middleton, ela faria com o maior prazer. Ela poderia não ser
uma inglesa, mas se comportaria como uma para que sua sogra não tentasse
sabotar o casamento com o amor de sua vida. E foi com esse pensamento que ela
pisou, com o pé direto, dentro do avião. Desejando que Esme não atrapalhasse
seu casamento.
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