Tulsa - Oklahoma.
2019.
Pov. Bella
Os quase três dias que minha mãe passou fora da cidade foram bem tranquilos. Eu apenas trabalhei, aproveitei que a chuva havia passado e que segundo a meteorologia iria ficar um tempinho sem aparecer e dei uma limpada em meu jardim e estufa, tirando as flores e folhas feias e murchas, dando uma poda nas que precisavam e principalmente fazendo a adubação e fertilização, para que elas continuassem bem bonitas. Eu havia entregado todas as encomendas que não havia entregado no dia que não fui trabalhar e ainda fui contratada pelo prefeito para decorar sua casa para um jantar na próxima semana, além de receber um convite para ir, e minha mãe também, contudo ela já não estaria mais no país, e ao perguntar se poderia levar Alice comigo, e ele ter concordado, até porque ela também havia recebido um convite, eu a chamei para ir comigo.
No dia que minha mãe tinha que ir viajar
eu mais uma vez a levei ao aeroporto e para evitar que ela ficasse de conversa
com a minha vizinha e perdesse a hora de novo, eu fiz questão de busca-la em
casa, faltando três horas para seu embarque. A recomendação para voos
internacionais era chegar ao aeroporto faltando duas horas para o embarque. Eu
conferi se ela estava levando tudo na bolsa, passagem, passaporte, dinheiro,
visto, pastilhas para a garganta e principalmente uma muda de roupa e um casaco
mais quente para o caso de fazer muito frio dentro do avião.
Desde que ela voltou de Washington e perguntou se eu havia visto Edward de novo, e eu realmente não havia visto, ela não voltou a tocar no assunto dele novamente, não perguntou se eu voltei a vê-lo e nem me fez prometer não chegar perto dele mais uma vez. Mamãe embarcou e eu fui para o trabalho. Hoje eu tinha que terminar de preparar os arranjos e buquês para a festa do prefeito de amanhã.
No sábado, dia da festa, Alice foi mais cedo comigo para a casa do prefeito para me ajudar a arrumar as coisas, na verdade ela foi fofocar comigo sobre seu último encontro mal sucedido enquanto eu trabalhava. Enquanto eu colocava os arranjos e buquês nos vasos nos lugares pré definido antes pela esposa do prefeito e eu, nós desviávamos das outras pessoas que estavam colocando a mesa e arrumando a casa para o jantar desta noite, e com a senhora O’Brien andando atrás deles para ter certeza de que tudo estaria muito bem feito para hoje à noite, eu ainda não sabia sobre o porquê dessa festa hoje, mas eles estavam muito empolgados.
Depois de pronta eu voltei para a loja depois de deixar Alice em casa, eu ainda tinha algumas encomendas para hoje, e depois fecharia a mesma até segunda feita, já que domingo era meu dia de folga. Entreguei os arranjos e buquês que tinham de encomenda e segui para a minha casa, para onde poderia me vestir e ficar pronta até a hora que havia combinado com Alice.
Tomei meu banho lavando meus cabelos. E enquanto eu secava meu cabelo, deixando-o com algumas leves ondas, eu fui bebendo um pouco de chá, Alice brincava falando que eu era inglesa ao invés de americana de tanto que eu bebia chá, mas não podia negar, que sentir o gosto quentinho descendo pela minha garganta dava uma paz. Fiz uma maquiagem leve, já que nunca gostei de maquiagem pesada ou como as pessoas costumam chamar reboco e fui me vestir. Coloquei um vestido fresco, já que a agora estávamos com o clima quente, tamanho midi e da cor marfim e com alças finas e decote quadrado, a parte do espartilho era feito com uma renda. O tecido era coberto por estrelas, bordado com miçangas brancas e lantejoulas prateadas, um leve efeito ombre na saia, que era quase imperceptível. Coloquei um salto nude e já estava pronta, mandei uma mensagem para Alice e ela ao confirmar que ela estava pronta, saí de casa e segui para a dela.
Eu deveria conhecer Alice melhor, quando ela disse que já estava pronta, significava que ela estava começando a se vestir. Alice sendo Alice! Depois que eu cheguei a sua casa, demorou mais vinte minutos até ela finalmente entrar no carro, pelo menos, graças a Deus, nós chegaríamos na festa com apenas alguns poucos minutos de atraso.
Ao todo tinha uns dez convidados na festa, eu conhecia todos. Eram donos de alguns dos negócios mais lucrativos da cidade. Do escritório do corretor de imóveis até a loja de movéis sob medida, o dono da tinturaria, Alice representando a loja dela e eu a minha floricultura e mais alguns. Ao reconhecer os convidados, eu havia entendido o motivo da festa, era sobre a reforma na cidade, as pessoas que mais precisavam ou mais cobravam pela reforma e os donos e donas dos negócios mais lucrativos.
Todo mundo, assim que me via, perguntavam
onde estava a minha mãe, a resposta já saia até de forma automática. Minha
mãe foi visitar uns parentes distantes, e a pergunta era sempre seguida do
motivo de eu não ter ido junto, e a resposta também era automática eu tinha
que trabalhar. Eu parei de dar as mesmas respostas quando a senhora O’Brien
puxou eu e Alice de lado e começou a comentar sobre as flores, usando palavras
como perfeitas, cheirosas e frescas.
- Essa aqui é a responsável pelas melhores flores da cidade. – eu ouvi a voz do prefeito O’Brien, vindo de trás de mim. – Minha esposa não vive mais sem ela... Acho que prefere mais a ela do que a mim, o próprio esposo. – brincou e ao me virar para saber com quem ele estava falando eu dei de cara com Edward, em um belíssimo e caro terno Armani. – Conheço desde que nasceu, e preciso dizer... Tem uma ótima mão para plantas desde criança... – Edward me encarava sorrindo levemente. – Todo final de primavera, no aniversário da cidade, temos alguns prêmios que são dados a população, e desde criança a Bella ganhava com o melhor jardim. Não tem nem mais concorrência... – brincou.
- Já perdi as contas de quantas vezes ganhei. – brinquei.
- Edward. Essa é a Isabella... Bella... –
- Eu já o conheço senhor O’Brien... – expliquei.
- Foi a senhorita Swan que me explicou onde ficava o escritório do senhor Biers. – emendou ele.
- Oh sim..., mas a senhoria Brandon, acredito que não conheça... –
- Não. A senhorita Brandon eu não conheço. –
- Alice este é Edward Cullen. Edward essa é a Alice. Ela e a Bella são amigas desde... Sempre! Alice herdou a loja de roupas da mãe, que faleceu a um ano, a loja que está no bolo da repaginação, que comentei com o senhor, fica duas ruas atrás da floricultura. –
- Oh sei qual é... É um prazer senhorita Brandon e sinto muito pela sua mãe. –
- Obrigada senhor Cullen e o prazer é meu. –
- Bom, senhoritas e meu amor... Vou terminar de apresenta-lo aos outros convidados. Com licença. –
- Garotas. Eu volto em um minutinho. – e a senhora O’Brien se afastou.
- Esse é o cara que você falou? – Alice perguntou baixo e eu assenti. – Gato! –
- Alice! – e eu a repreendi e ela começou a rir e eu a acompanhei.
Meia hora depois, todos já tinham chegado e já tinham sido apresentados ao Edward e o jantar foi servido. Ao termino do jantar, onde todos se dirigiram para o jardim dos O’Brien para continuar a festa com a sobremesa, mais vinho e café, eu me afastei um pouco deles quando meu telefone tocou, com a foto da minha mãe aparecendo na tela.
- Oi mãe. –
- Oi meu amor. Como está? –
- Ótima e a senhora? – perguntei andando pelo jardim, na parte que estava vazia e que era um pouco iluminado pelos pequenos postes que tinham ali, eu conhecia aquele jardim como a palma de minha mão, a senhora O’Brien não parou de me perturbar até eu arrumar o jardim dela. – Já chegou? –
- Manda outro para ele. Foi tudo bem na viagem? –
- Ah... Nunca é perfeita. A conexão em Berlim atrasou mais do que o previsto o que atrasou toda a viagem, mas já estou em casa e bem. –
- Que bom... –
- Que música é essa que eu estou ouvindo no fundo? – perguntou.
- Está tendo uma festa na casa do prefeito e ele me convidou. – expliquei. Obviamente não contei o motivo da festa e nem quem estava aqui, era capaz dela se materializar ao meu lado só para me tirar daqui e me arrastar pela orelha até em casa. – Todo mundo perguntou sobre a senhora e falaram que, caso eu falasse com a senhora, lhe desejasse uma boa viagem. –
- Eles são uns amores. – disse simplesmente. – Vou deixar você curtir a festa e vou descansar um pouco aqui. Amanhã eu te ligo. –
- Sim senhora. Beijos. Eu te amo. –
- Eu também te amo minha menina. – minha mãe desligou o telefone e eu guardei meu celular na pequena bolsa de mão que carregava comigo.
- Isabella. – eu ouvi a voz de Edward vindo de trás de mim.
- Oh. Olá senhor Cullen. –
- Quando vai parar de me chamar assim? –
- Quando parar de me chamar de Isabella. – retruquei.
- Bella? – perguntou e eu assenti sorrindo. – Então, Bella, aconteceu alguma coisa? Se afastou da festa. –
- Minha mãe. – expliquei. – Ela acabou de chegar na casa do meu tio e me ligou para me avisar. – dei de ombros.
- Espero que tenha feito uma ótima viagem. –
- O que me lembra... Perdoe-me pela forma como ela falou contigo naquele dia. Ela nunca tinha feito aquilo e... –
- Relaxa... Ela não é a primeira pessoa que implica comigo. –
- Mas com certeza é a primeira que obriga a filha a se afastar de você. – comentei e uma de suas sobrancelhas arquearam em confusão. – Minha mãe me fez prometer que eu não iria me reaproximar de você. – respondi dando mais alguns passos e me sentando em um dos bancos que tinham ali.
- O que eu fiz? – perguntou se sentando ao meu lado e eu dei de ombros.
- Não faço a ideia. Ela cismou que está com a intuição de que você não presta. – respondi sinceramente. – Que você é de cidade grande e que quando vem para cidade pequena destrói tudo e depois parte para outra sem o menor peso na consciência... Que você vai destruir a cidade... –
- Diz para a sua mãe que eu nasci nos subúrbios de Glasgow, não sou de cidade grande. – e eu pensei um pouco.
- É escocês? – perguntei e ele assentiu. - Melhor nem comentar que o senhor é britânico, caso contrário ela começa a implicar com o fato de você não ser americano. – e ele balançou a cabeça sorrindo. – Então, podes me contar quais serão os prédios que serão repaginados? – perguntei e ele me encarou com o canto dos olhos. – É segredo? –
- O da senhorita não será. –
- Ótimo. Porque eu gastei uma pequena fortuna, que eu não tinha para arrumar aquela loja... – resmunguei. – Na verdade, eu gasto uma pequena fortuna quase todo ano, porque as lojas do lado estão causando infiltração nas minhas paredes. De seis em seis meses tem que pintar as paredes ou então fazer alguma reforma. –
- O prefeito me falou isso, as lojas do lado serem reformadas, para acabar com esse problema, talvez deva dar uma mexida nas paredes, mas ficará perfeito e não terá que mexer nunca mais. –
- Graça a Deus. –
- Agora... Eu tive uma ideia. Acho que vou precisar da ajuda da senhorita para reformar as lojas. –
- Não sou empreiteira e nem engenheira. –
- Não com isso. – respondeu. – O prefeito disse que você tem as melhores plantas da cidade, além de ter uma mão verde perfeita. Pensei que a senhorita poderia me ajudar em decorar as lojas. Se tiver meios. Não sei quem é o seu parceiro para lhe vender as flores e... –
- Sou eu mesma. – ele me encarou. – Eu planto nos fundos da minha casa. –
- Então não é produção em larga escala? –
- Não. Mas consigo dar conta dos pedidos da cidade, e... Fui eu quem fez esse jardim. Quando é algo grande assim, eu compro a muda e cuido dela em casa até ela estar em um tamanho adequado e faço o replantio. – expliquei.
- Então se eu pedisse para fazer o paisagismo da loja você conseguiria? –
- Sim. Só precisaria ver a loja pronta para eu saber quais plantas eu poderia usar e em qual lugar. E eu garanto, as plantas em que eu coloco a mão, nenhuma morre, pelo menos por causa de plantio, agora, se as pessoas para quem eu vendo não cuidam direito, molham demais e etc., já não é culpa minha! Três vezes ao ano o prefeito me chama para dar uma geral no jardim dele, e até agora, já tem uns quatro anos, não precisei repor nenhuma planta. Apenas as anuais que a senhora O’Brien insiste em ter, mesmo sabendo que após um ano teria que replanta-la. – expliquei.
- Muito bem. Esses dias eu andei dando uma volta pela cidade e vendo o que teria que reformar, é muita coisa, é capaz de eu ter que passar mais de um ano na cidade. – comentou consigo mesmo suspirando. – Me acompanharia em um jantar? – eu o olhei encarando-o. - Para conversarmos sobre o paisagismo. – respondeu.
- Ah sim... Claro, pode ser. –
- E quanto a sua mãe? Não vai se importar sobre o fato de você sair comigo. –
- Em primeiro lugar, é a trabalho. Em segundo lugar, ela não está no país. E em terceiro lugar, ela não precisa saber. Eu já tenho vinte e oito anos, acho que eu posso decidir com quem eu saio ou converso, ou não. –
- Qual é o melhor dia para você, então? –
- Quando você puder. –
- Quarta? – eu pensei um pouco. – Claro. Quer anotar o meu telefone para confirmarmos o dia e o horário? –
- Sim. – e ele pegou o seu Iphone de dentro do bolso de seu paletó e me entregou, desbloqueado. Entrei na pasta de telefone e digitei meu número o salvando, e aproveitei e liguei para o meu celular, para que eu pudesse salvar o seu número também. Deixei dar dois toques e desliguei a chamada, entregando o telefone a ele. – Obrigada. – eu peguei meu celular vendo, a chamada perdida de um número desconhecido e salvei seu número. – Pronto! –
- Bella... – e eu ouvi a voz de Alice, me chamando enquanto se aproximava. – Vamos? Está ficando tarde. –
- Claro. – eu me levantei do banco e Edward levantou junto. – Nós vemos depois, Edward. –
- Até breve, Bella. – e como eu tinha mania desde sempre, me aproximei dele para dar-lhe dois beijos na bochecha, do mesmo jeito que minha mãe havia me ensinado desde que eu era criança. De início, ele ficou meio confuso, mas retribuiu.
- A propósito... – ele falou no meu ouvido. – A senhorita está lindíssima. – comentou deixando meu rosto corado.
- Obrigada. – nós nos afastamos e eu segui com Alice para o meio da festa. Eu me despedi das pessoas e segui para onde meu carro estava estacionado.
Durante todo o caminho até a sua casa, ela foi perguntando o que eu e Edward estávamos conversando no escuro, e eu disse simplesmente que ele estava me convidando para trabalhar com ele, fazendo o paisagismo das novas lojas. Apenas isso, até porque era basicamente isso o que havíamos conversado durante o pouco tempo em que ficamos ali naquele jardim.
Deixei Alice em casa, e após ganhar um beijo na bochecha, ela desceu do carro e eu segui para a minha casa. Estacionei o carro na garagem e segui para a minha casa, após conferir que tudo estava bem fechado, mesmo eu tendo fechado antes de sair de casa, segui para o meu quarto, tirando minha carteira e celular de dentro da bolsa de mão e colocando em cima da cômoda próxima a porta, tirei meus saltos, guardando os saltos e a bolsa no meu armário e após pegar uma toalha e um pijama limpos, segui para o banheiro. Tomei um banho, tirando minha maquiagem e escovando os dentes e fui para a cama. Ao pegar meu telefone em cima da cômoda ao ir para a cama, vi que eu tinha uma mensagem nova, e ao desbloquear o telefone, vi que era uma mensagem de Edward.
Boa noite e durma bem!
Eu não sabia o motivo de um sorriso ter aparecido em meus lábios, mas eu respondi de volta a mesma mensagem que ele me mandou, e ao por o telefone na mesinha de cabeceira ao lado da cama, apaguei o abajur e tratei de ir dormir.
Domingo eu não trabalhava, pelo menos na loja, mas trabalhava bastante no jardim, principalmente por ele ser bem grande, eu não conseguia cuidar dele de uma única vez, então todo mundo eu cuidava de uma área, e ia anotando na minha agenda para eu saber exatamente qual área havia sido cuidada e qual faltava. Hoje eu me dediquei mais a parte do pomar. Colhi as frutas já maduras que estavam prestes a passar do ponto, podem os galhos que estavam ficando feios e adubei e fertilizei as raízes das árvores. No final do dia, eu tinha uma cesta enorme com maçãs, limão siciliano, laranja e amora. Aproveitei e dei uma colhida em algumas framboesas e mirtilos, para fazer uma deliciosa geleia de frutas vermelhas. O resto da tarde, eu fiquei na cozinha fazendo a geleia, tortinhas de maçã e biscoitinhos de laranja para eu levar amanhã para a loja, além de fazer um pão novo para que eu pudesse tomar meu café amanhã, e por volta das 22h, eu fui dormir.
Segunda feira começou como qualquer outro dia, graças a Deus, já tinha um bom tempo que eu não tinha aquele sonho de novo ou sentia alguma dor, caso eu voltasse a ter o sonho ou sentir a dor, sem motivo algum de novo, eu procuraria um médico psiquiatra, contudo, teria que ser antes da minha mãe voltar de viagem.
Já vestida para o trabalho, com as flores colhidas, já no porta malas do carro e os biscoitos e tortas também, segui para o trabalho seguindo a minha rotina de sempre. Chegava mais cedo para arrumar tudo, fazer os arranjos e preparar as flores avulsas e no horário de sempre abri a loja. O dia seguiu com toda a tranquilidade, entrava e saia clientes da loja e durante o tempo em que eu ficava sozinha, eu conversava com a minha mãe por mensagem no WhatsApp, mesmo com o fuso horário, havia sido minha mãe quem havia começado a conversa. Ouvi o barulho do sininho da porta e ao desviar os olhos da última mensagem da minha mãe, dei de cara com o prefeito e Edward.
- Bom dia senhores. – respondi minha mãe e deixei o telefone de lado.
- Bom dia senhorita. – e o prefeito respondeu.
- Nos que posso ajuda-los? –
- Em duas coisas. – os dois se aproximaram do balcão onde eu estava sentada, e os olhos do prefeito foram atraídos pela bandeja ao meu lado. – É tortinha de maçã? – perguntou e eu assenti. – Maçã do seu pomar? – eu assenti de novo.
- Colhi ontem mesmo. Fique à vontade. – ele pegou, sem pensar duas vezes, uma tortinha e mordeu metade e fechou os olhos soltando um gemido. – Essa é a melhor tortinha de maçã que eu já comi. Experimenta, Edward, experimenta. – antes que ele pudesse falar mais alguma coisa seu telefone tocou. – Com licença... – ele atendeu o telefone. – Oi meu amor... Por quê eu estou falando de boca cheia? Estou na floricultura e a Bella trouxe tortinhas de maçã... – respondeu indo para a porta da frente da loja.
- Bom dia senhorita Swan. –
- Bom dia senhor Cullen. – ele balançou a cabeça rindo ao ouvir o senhor.
- Como está? –
- Ótima. E o senhor? –
- Muito bem. –
- Então, o que desejam? – perguntei quando ele olhou para a bandeja com tortinhas e biscoitos. – Pode pegar caso deseje, é um mimo para os clientes. – respondi e ele pegou uma tortinha.
- Viemos ver os estragos em suas paredes. – explicou mordendo a tortinha. – É bom... Muito bom. Quer dizer que além de uma boa mão para plantas, também tem uma boa mão para culinária? – dei de ombros.
- Receita de família. – eu vi algo cintilando em seus olhos. – Está chorando? –
- Não. Desculpa. É que, eu não sei como, mas esse gosto me fez lembrar de umas coisas... –
- Boas? –
- Sim e não. – respondeu mordendo o resto da tortinha e eu apoiei meus dois braços no balcão. – Me faz me lembrar de uma garota que eu conheci. – comentou. – Eu gostava muito dela. Meio que crescemos juntos... –
- Sua namorada? –
- Foi minha esposa, por alguns anos, até que ela faleceu. –
- Sinto muito. – ele respirou fundo.
- Não se preocupe. Já tem tempo, já passou. – antes que mais algo pudesse ser dito o prefeito voltou.
- Muito bem, me perdoem a demora. Bella, não sei se o Edward já comentou que viemos ver os estragos em sua parede... –
- Sim, ele já comentou. Podem ficar à vontade. –
- Enquanto isso pode fazer um buquê de tulipas e... Me sugere algum outro para variar? –
- Está manhã colhi algumas Lisianthus, o que me diz? -
- Que eu não faço a mínima ideia de que flor é essa. – respondeu e eu balancei a cabeça sorrindo enquanto levantava do meu banco.
- É essa aqui... – caminhei até onde eu havia colocando-as e peguei uma de cada, já que eu tinha quatro cores disponíveis. – Elas parecem com rosas, mas as suas pétalas são mais finas e delicadas. Eu tenho disponível nessas cinco cores: branco, rosa, rosa escuro, lilás e roxo. Geralmente são usadas mais em casamentos, mas... – dei de ombros e ele ficou olhando para as flores em minhas mãos.
- Branca e rosa claro. – respondi.
- E as tulipas, rosa claro. –
- Sim senhor. Fiquem à vontade. –
Enquanto eles verificavam as minhas paredes e notavam que eu precisava fazer uma reforma nelas de novo devido a infiltração no prédio ao lado, eu escolhia as melhores flores para montar o buquê. Eu tinha os olhos em meu trabalho e os ouvidos na conversa dos dois, aliás, eu queria saber qual era a gravidade do meu problema. E como eu já sabia, se o problema nos prédios ao lado melhorasse, melhoraria a minha parede de vez, algo que já sabia e que já havia comentado inúmeras vezes com o prefeito, mas o povo ainda não havia votado na reforma da cidade, então mexer nos prédios históricos do lado era impossível, até agora.
- Anotou tudo certinho? – ele perguntou a Edward ao se aproximar de mim e me entregar o seu cartão de crédito.
- Sim. O problema aqui é rápido, acho que em dois, no máximo três dias, as paredes ficaram consertadas para nunca mais dar problema. Mas primeiro, precisamos mexer urgentemente nos prédios ao lado. Espero que o barulho da obra não atrapalhe a senhorita. – comentou me encarando quando entreguei o cartão e os dois buquês para o prefeito.
- Se não me causar mais nenhum problema, serão como músicas para os meus ouvidos. – brinquei e ele balançou a cabeça rindo.
- Edward Cullen rindo? Isabella, você realmente faz milagres. – comentou rindo também. – Obrigada querida. –
- Disponha. – comentei me sentando novamente em meu banco. – E mande um beijo a sua esposa. –
- Sim senhorita. – ele olhou novamente para as tortinhas.
- Pode pegar! – ele pegou mais duas, colocando uma quase inteira na boca.
- Te espero lá fora, Edward. – ele saiu andando com a boca cheia, e fazendo malabarismo, segurando os dois buquês com todo o cuidado do mundo em uma das mãos e a tortinha na outra.
- Já estou saindo. –
- Tudo certo para quarta? –
- Sim. – respondi apoiando meus braços na bancada. – Só preciso que me confirme o local e a hora. –
- O que me sugere como local? Eu não conheço a cidade ainda. –
- Depende. Acho que, para o seu perfil, não tenha lugar nenhum, pelo menos que eu conheça. –
- Meu perfil? – questionou com a sobrancelha arqueada.
- Rico! – disse simplesmente e ele balançou a cabeça sorrindo.
- Sou bastante exigente, mas não sou o tipo de pessoa que frequenta lugares apenas pelo meu perfil. – rebateu. – Então, posso sugerir minha casa? –
- Bom, admito que não tão bem quanto a senhorita, pelo que pude ver com a tortinha, mas eu me esforço. –
- Oh é um menino esforçado? – brinquei. Eu não fazia ideia de onde havia tirado essa intimidade com ele, mas acabou saindo sem querer.
- Não me provoque. –
- Se não? – eu não conseguia parar, tinha algo que emanava dele, que fazia com que a minha educação sumisse, e que eu agisse como se tivesse toda a intimidade do mundo com ele, como se o conhece a décadas. Ele não respondeu, apenas segurou meu queijo com seu dedo indicador e polegar e aproximou meu rosto do dele, e eu vi um brilho, o qual eu não havia conseguido identificar, passando pelos seus olhos.
- Não queira saber, florzinha! – ao falar isso, eu senti meu peito doer de novo, e uma névoa surgiu na frente dos meus olhos, e eu não o via mais a minha frente, e eu via, uma espécie de cena, meio esbranquiçada de duas pessoas, um casal, a mulher toda vestida de branco e o homem de preto.
- Sabe que se minha mãe souber, ela te mata, e eu... eu não conseguiria viver com essa culpa. – eu ouvi a mulher falando enquanto ela olhava para o campo de flores a sua frente, o homem estava atrás dela, de costas para mim, eu não conseguia ver o seu rosto e nem o da mulher.
- Sabe que a sua mãe não me assusta. – a voz dele era grossa, mas mesmo assim linda. – Sabe que eu faria qualquer coisa, e passaria por cima de qualquer um para ficar com você, florzinha! –
- Bella... Bella... – eu comecei a ouvir meu nome soando ao longe, eu balancei a cabeça e pisquei os olhos e a cena havia sumido, Edward estava na minha frente de novo me olhando preocupado. – Bella, você está bem? –
- Sim... – minha voz saiu quase inaudível, e eu apenas limpei a garganta. – Sim, não foi nada. – menti, e pela primeira vez, meu peito não doía mais, ele apenas queimava, mas um calor suportável, levemente incomodo, mas suportável. – Eu lembrei de uma coisa que eu esqueci e, minha mente viajou... Apenas isso. –
- Certeza? –
- Absoluta. – garanti.
- Eu te vejo na quarta, então. Te mando uma mensagem para combinar o horário certinho com você. –
- Claro, sem problemas. Até quarta. – ele saiu da loja e eu respirei fundo algumas vezes. – Meu Deus, o que foi isso? – perguntei para mim mesma. – Eu estou realmente ficando louca! – eu dei um pulo na cadeira ao ouvir meu celular tocando. – Alô. –
- Oi amiga. – eu suspirei aliviada ao ouvir a voz da minha amiga.
- Alice, por favor, corre aqui. Preciso
falar com você! -
Bella está começando a recordar! Renee não ficará nada feliz quando voltar!
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