Adhara – Continente de Andrômeda –114 Depois da Conquista.
Pov. Edward.
Um silêncio sepulcral tomou conta da sala do pequeno conselho quando eu joguei o cadáver na cobra em cima da mesa. Ao ver o animal em cima da mesa, Arthur voltou a chorar e Charlie se afastou para acalma-lo, o único que não tinha ficado com os olhos vidrados no animal havia sido o meistre, que passava uma pasta esbranquiçada na marca avermelhada no braço de Bella, e eu notava que as suas mãos, principalmente as pontas de seus dedos ainda tremiam.
- Onde estava isso? – Carlisle quebrou o silêncio.
- No berço do meu filho! – falei entre os dentes.
- Não… - Bella falou em fio de voz. – Eu mesma arrumei o berço de Arthur antes de coloca-lo para dormir e não tinha nada lá! Eu mesma vi! –
- Quem entrou no quarto depois que eu saí? –
- Duas criadas com o café da manhã! –
- Mais ninguém? – ela negou. – Certeza? –
- Tenho! Depois que elas saíram e de ele ter comido, ele dormiu e eu fui tomar um banho e quando eu estava terminando de me arrumar que isso aconteceu! – contou.
- Criston disse que a babá de Alice entrou no quarto! – contei, Charlie, Carlisle e Isabella me encararam.
- Não entrou! Eu não a vi! –
- Ele disse que ela entrou, ficou três minutos dentro do quarto e falou o que tinha para falar com você e foi embora! –
- Eu não a vi! – ela falou com a voz subindo umas oitavas devido ao nervosismo.
- Calma, minha filha! – Charlie pediu se aproximando dela e lhe afagando os cabelos. – Calma, isso vai ser resolvido! –
- Jéssica veio falar comigo ontem a noite… - contou me encarando e esquecendo que tanto o meu irmão quanto os outros membros do conselho estavam dentro da sala. – Ela… Ela disse que ia falar com o rei para fazer um… um acordo para que Arthur se casasse com a Alice, e que eu tinha que te convencer a aceitar, porque seria o melhor para todo mundo… E eu neguei, falei que não ia fazer nada disso, e ela ficou insistindo que seria o melhor para todo mundo e quando eu ameacei te chamar, ela foi embora! –
- Por que não me contou? –
- Eu esqueci! – falou em um fio de voz. – Eu… Eu fui te contar das últimas notícias que a Rosalie havia mandado e eu esqueci! –
- Que história é essa? Eu já tinha dito a ela que eu não iria fazer nenhum acordo para casar Alice com o Arthur! – Carlisle falou.
- Ele não está seguro aqui… - ela falou em um fio de voz, olhando para o filho no colo do pai. – Não depois do que a Rosalie fez! –
- Calma, minha filha… -
- Pronto. O curativo foi feito, peço que não o molhe e nem pegue peso com esse braço, senhora, amanhã eu refaço o curativo. – o meistre disse após enrolar com uma faixa branca o antebraço de Bella.
- Me dá o meu filho! – Charlie entregou o neto para Isabella.
- Deixe-me dar uma olhada no menino. – o meistre pediu e Bella deixou o homem já idade pegar o Arthur.
- Edward… - meu irmão começou e eu apenas levei o dedo até a boca, para que ele se calasse.
- Ele está bem, a cobra não o feriu e parece que a chama do dragão não encostou nele. – o meistre disse devolvendo meu filho a mãe dele.
- Charlie, leva Isabella para a sua torre, até terminarmos isso aqui! – pedi.
- Claro. Vem filha! –
- Peça para o valete leva-la, você tem de participar da conversa e… - meu irmão falou.
- Perdoe-me majestade, eu sempre cumpri as vossas ordens, porém essa eu não vou! É a minha filha! E até ser explicado como esse animal apareceu no berço do meu neto, eu não confio em mais ninguém nesse castelo! – Bella se levantou, trocando o filho de braço, para não colocar o peso no filho no braço machucado. – Quer que o leve? – ela apenas negou e apertou o filho mais contra o corpo.
- Eu vou resolver isso, tá bom? – falei quando ela passou por mim. – Fica calma, eu vou resolver isso! Não sai da torre do seu pai até eu ou ele te buscar! – ela assentiu para mim e eu dei um beijo em sua testa. – Vai com o seu pai! – ela saiu com Charlie indo logo atrás dela. - Então? – questionei ao meu irmão, apoiando as minhas mãos na cadeira de Jacob, que ficava do outro lado da mesa, na frente do meu irmão e a mesma se encontrava vazia. – Tudo isso é apenas uma consciência ou o que? –
- Perdão, alteza… - Johnson disse. – Está querendo acusar a sua rainha de tentar matar o seu filho? – perguntou. – É visível que a vossa esposa esteja perturbada com o que aconteceu e esteja vendo coisas onde não… -
- Cale a boca, Johnson, essa conversa é com o meu irmão e não com você! – cuspi. – Mas respondendo a sua pergunta, não, eu não estou querendo acusar, eu estou afirmando. Porque eu não acredito em coincidências! – falei sério. – É coincidência demais, não acha? Foi só passar alguns meses desde que Rosalie escolheu Arthur como seu herdeiro, e depois que a minha esposa arruma o berço do nosso filho e a babá da filha do meu irmão aparece no meu quarto, sem que a minha esposa veja, e um animal desses aparece no berço do meu filho, no dia seguinte após a sua rainha querer que minha esposa aceite a exigência dela de casar a filha com o meu filho?! Não tem cobras em Adhara, apenas as que são vendidas no mercado. Cobras não sobem torres e nem escadas, o que significa que ela não foi parar no berço do meu filho, sozinha! – eu respirei fundo antes de avançar para cima daquele homem, ou de algum outro. – Outra incrível coincidência é que a cobra é o símbolo da casa da sua esposa, não é mesmo, meu irmão?! – questionei e ele apenas passou a mão pelo rosto. – Isabella desconfiou que Jéssica pudesse fazer alguma coisa com Arthur depois da decisão de Rosalie, mas eu jurava que vocês tivessem sido inteligentes o suficiente para alertarem a ela que eu iria retribuir de um jeito muito pior! – eu gritei o final da frase e o meistre, que era o mais perto de mim, deu um pulo na cadeira. – E eu não me importo com o fato de ela ser a sua esposa! Da mesma forma que ela não se importou com o fato de o Arthur ser o meu filho! – gritei de novo ouvindo a porta se abrindo e ao olhar para o lado eu vi Charlie entrando na sala.
- Ela está na minha sala, com um guarda de Oldtown na porta. Ninguém entra ali sem ser eu ou você! – ele disse simplesmente.
- Vai dizer, o senhor também, que desconfia da sua rainha? – Johnson questionou incrédulo.
- Eu não acredito em coincidências! – ele disse simplesmente ao se sentar ao lado do meu irmão.
- Edward… -
- Eu quero saber, meu irmão, se você vai ser homem o suficiente para resolver essa situação, ou eu vou ter que resolver! –
- Me arrume provas! Me arrume provas que eu faço o que você quiser! –
- Provas? Traz a babá de Alice aqui! Porque o animal apareceu no berço no espaço de tempo em que minha esposa estava no banho, que é o mesmo espaço de tempo em que a babá entrou em meu quarto! E alias, devo ressaltar que o menor dos problemas é o fato de que ninguém deu autorização para que ela entrasse no meu quarto! Sendo para dar um recado da sua esposa ou da reencarnação do próprio Pai! – (n/a: Pai é um dos deuses, e um dos principais, que fazem parte da Fé dos Sete de Andrômeda, é representante da Justiça e julgador das almas dos mortos).
- Muito bem! Mande trazer a babá da Alice! –
- Eu a chamo, majestade! – Johnson se levantou.
- Você não vai a lugar nenhum! – falei entre os dentes.
- Sente-me Robert! Eu não vou conseguir controla-lo por muito mais tempo! Não piore a situação! – Carlisle avisou e ele voltou a se sentar. – Charlie, chame-a por favor. Diga que são ordens minhas que ela venha aqui, sozinha! – pediu e devido ao esforço ele teve uma crise de tosse, usando o lenço preto em mãos para cobrir a boca.
- Sim senhor! – ele se levantou e deixou a sala.
- Você sabe muito bem o motivo de vir resolver isso com você, não sabe? – perguntei. – Eu vim, só porque você é meu irmão! E porque nós ainda nos damos bem, caso contrário, eu iria apenas seguir o jeito que o nosso avô nos criou! Sabe muito bem como ele é! -
- Olho por olho. Filho por filho! Eu sei! – ele disse. – Eu agradeço por você ter vindo. Nós… Nós vamos resolver isso da melhor maneira possível, não se preocupe! –
- Nunca pensei que a sua esposa fosse burra o suficiente para mexer com o meu filho! –
- Majestade. – Charlie voltou. – Foi bem rápido encontrar a babá, ela estava indo para o jardim com as crianças. Alice está com a babá de Henry. – explicou se sentando em sua cadeira e deixando a babá parada perto de mim, e eu me afastei, eu estava tão estressado que eu podia acabar descontando em quem cumpriu a ordem, se bobear sem nem saber do se tratava.
- Mandou me chamar, majestade? – perguntou confusa. – Aconteceu algo? –
- Você entrou no quarto do meu irmão, hoje? – questionou Carlisle bem calmo, mas calmo do que deveria.
- Eu? Sim! A rainha pediu para que eu desse um recado a princesa Isabella, mas ela estava ocupada e eu apenas fui embora! – respondeu.
- Segundo o meu valete, as suas palavras foram que você deu o recado a minha esposa e que ainda ficou por cerca de três minutos no meu quarto! –
- Não alteza, ele deve ter se confundido. Eu entrei no quarto, vi que a vossa esposa não estava disponível, e eu apenas fui embora! –
- Quer que eu traga o meu valete aqui para você dizer na cara dele que você ficou menos de cinco segundos dentro do meu quarto? – questionei andando de um lado para o outro logo atrás a cadeira de Charlie.
- O que você foi fazer no quarto do meu irmão? E você se aproximou do berço do meu sobrinho? –
- A rainha havia me pedido para que eu desse um recado a princesa e desse aquele boneco que o senhor havia dado, há algumas semanas, para o príncipe Henry. Segundo a rainha, o príncipe Arthur teria visto e gostado do boneco e ela pediu para que eu entregasse ao menino. E eu pensei que não iriam se importar caso eu apenas deixasse o boneco com ele, já que eu não encontrei a princesa Isabella para dar o recado a ela! –
- E qual era o recado que ela tinha para a minha esposa? – questionei.
- O recado era que a vossa esposa pensasse melhor no que a rainha tinha pedido na noite anterior! – respondeu.
- Preste atenção no que você vai fazer! – Carlisle apoiou as mãos na mesa para se levantar. – Você vai para o seu quarto e não vai sair de lá até que eu mande! Apenas eu! E você também não vai receber ninguém! –
- Majestade, eu não compreendo! –
- Já vais compreender! Agora, para o seu quarto! Guardas! – ele chamou e dois guardas apareceram na sala. – Escoltem-na até o quarto e fique na porta de guarda, ela só sairá de lá quando eu a chamar e ninguém entrar, e esse ninguém inclui a rainha de vocês! –
- Sim senhor! – ela acompanhou os guardas com calma, era visível no rosto dela que ela não fazia ideia do que estava acontecendo, eu não duvidava nada de que ela era apenas mais um peão que seguiu as ordens da rainha, e eu raramente me enganava quando o assunto era ler alguém.
- E você… - Carlisle chamou-me a atenção quando a porta se fechou. – Vá para o quarto e veja se encontra esse tal boneco que ela disse! – eu apenas assenti. – Todo mundo desse conselho está dispensado, com exceção de Charlie, e eu não quero que uma misera palavra saia desta sala, e nem que este assunto chegue aos ouvidos da rainha… Ouviu lorde Johnson? É uma ordem! –
- Sim, majestade! –
- Saiam daqui! – mandou deixando o corpo ceder sobre a cadeira, como se não tivesse mais forças para aguentar mais o peso do próprio corpo. – Pegue um pouco de leite de papoula para mim, por favor. – ele pediu ao Charlie quando nós saímos do quarto.
Eu me apressei em ir para ao meu quarto que estava vazio, eu questionei ao valete, que continuava na porta, se alguém tinha entrado e ele apenas negou. Foi um pouco difícil de encontrar o boneco de madeira, que tinha sido levemente queimado, ele tinha ido parar entre o berço e a parede no chão, provavelmente enquanto Tyraxes atacava a cobra, e destruía o colchão, o boneco voou para fora do berço e consequentemente para o chão, e eu só o encontrei quando afastei o berço da parede.
Era um bonequinho de madeira, do jeito que meu irmão gostava de esculpir, ele estava sem a cabeça, que estava escondida no meio das penas queimadas. O boneco de madeira era oco por dentro e o pescoço era mais fino do que o resto do corpo, e principalmente mais fino que a cabeça, para que uma parte pudesse se encaixar na outra. A cobra que eu havia encontrado era bem fina e pequena, o suficiente para caber ali dentro, e isso só confirmava mais ainda a minha teoria de que Jéssica colocara o animal ali e deixara a cabeça mal encaixada, para que qualquer empurrão que a cobra desse, ela conseguisse separar a cabeça do corpo e sair.
Saí do quarto com o objeto em mãos, e pedindo para que fossem limpar o quarto e trazerem um berço novo, e segui mais uma vez para a sala do pequeno conselho Charlie ainda estava ali e não era apenas Carlisle quem bebia um pouco de leite de papoula, Charlie também, enquanto massageava as têmporas e ouvia o meu irmão se queixar, que não era possível que a esposa tivesse feito tal coisa! Eu não falei nada ao adentrar na sala, apenas coloquei a sua frente, o corpo do boneco e a cabeça solta, ambos levemente chamuscados. Carlisle não falou nada, apenas fechou os olhos respirando fundo e quando os reabriu, com um puro olhar de tristeza, ele apenas me pediu calma e disse que iria resolver! E no fundo eu tinha duvidas que ele iria de fato resolver.
Eu voltei a deixar os dois sozinhos e fui para a sala de Charlie, na torre mais alta da fortaleza, encontrando dois homens trajando uma armadura prateada com o símbolo da casa Hightower na porta, e ao me aproximar, eles abriram a porta para que eu entrasse.
e
- Bella. – eu a chamei mal eu cruzei a porta. Ela estava sentada no pequeno sofá perto da janela com Arthur em seu colo. – Você está bem? – e finalmente eu havia me deixado me preocupar com eles. – Vocês dois estão bem? – perguntei me abaixando no chão perto deles.
- Sim. Meu braço está incomodando agora, acho que a adrenalina do nervosismo passou e o meu braço começou a doer! – contou e eu dei um beijo em sua testa e peguei Arthur no colo, mesmo que o meistre tenha dito que ele estava bem, eu queria conferir com os meus próprios olhos.
- Quero te perguntar uma coisa. – comecei ao apoiar Arthur na mesa do avó para tirar o pano fino que o envolvia, vendo que ele trajava apenas uma fralda. – Você viu o Arthur brincar com algum brinquedo de Henry, recentemente? –
- Não. – respondeu sem precisar pensar. – Eles não ficam juntos, é bem raro, apenas quando acontece algo no castelo, mas fora isso não, e já tem mais de uma lua que os dois não ficam juntos no mesmo ambiente. – explicou. – Por que a pergunta? –
- A babá de Alice disse que o Arthur estava de olho no novo brinquedo que Carlisle deu a Henry, e Jéssica pediu para que ela fosse ao nosso quarto entregar o boneco ao nosso filho. – expliquei.
- Isso é completamente impossível! Eu não quero meu filho perto dos filhos dela e tampouco o deixo brincar com os brinquedos deles! Mas… Tinha esse brinquedo no berço? –
- Sim. A cabeça estava solta, cabia um filhote de cobra ali dentro e ele estava levemente chamuscado. – admiti.
- A babá não sabia, Edward! –
- Eu sei. Eu tenho noção disso! Ela foi só um peão de Jéssica! – eu voltei a envolver o meu filho com o pano e me sentei ao lado de minha esposa no sofá.
- O que vamos fazer agora? Jéssica não vai parar até eu aceitar o que ela quer ou até conseguir matar o nosso filho! Isso porque ela sequer sabe que eu estou grávida, caso contrário iria tentar fazer algo comigo também! –
- Eu a mato com as minhas próprias mãos se ela tentar fazer algo de novo com vocês! – falei sério e eu respirei fundo para me acalmar. – Carlisle pediu para que eu esperasse, ele está com o seu pai na sala e vai resolver esse problema… Mas eu conheço o meu irmão, Isabella, ele não vai resolver nada! – falei colocando Arthur de volta no colo da mãe e me levantei de novo, eu estava nervoso e ansioso demais para conseguir ficar parado. – Para mim, ele sequer vai levar o caso a ela! Se fosse antigamente, eu teria resolvido esse problema do jeito que o meu avô nos criou! E saiba que eu só não vou fazer isso, por sua causa. –
- Minha causa? –
- É! Por que se eu fizesse eu sei que iria extrapolar os limites que você pôs no nosso casamento! – admiti andando de um lado para o outro.
- O que você iria fazer, Edward? – perguntou séria.
- O que o meu avô me ensinou. Do jeito que eu e Carlisle fomos criados! Olho por olho e filho por filho! –
- Nem pensar! – ela me cortou mal eu terminei de falar. – Henry e Alice não tem culpa do que a mãe fez! – falou se levantando e deixando o filho no chão, sobre o tapete. – São duas crianças, Edward! Eles não têm nada haver com essa história! Quer fazer com a Jéssica, eu não me importo e ainda vou querer ajudar! Mas eu jamais vou permitir que você desça a um nível tão baixo a ponto de ferir uma criança! Você não iria gostar que viessem vingar em nosso filho algo que você fez! –
- Mudaria de ideia se tivesse acontecido algo com Arthur! –
- Não, eu não mudaria! Graças aos deuses não aconteceu nada com o Arthur, mas de qualquer forma, eu nunca iria permitir que você fizesse isso, e se fizesse, eu jamais iria olhar na sua cara de novo! Henry e nem Alice tem nada haver com o que aconteceu, eles não fizeram nada, eles não sabem e tampouco entendem nada! Eles não podem ser sentenciados e julgados por algo que a mãe fez! Quer se vingar, vingue-se de Jéssica, ela sabe o que ela fez, ela sabe os motivos pelos quais ela fez isso. Ela tem noção que os atos dela iriam trazer consequências e… -
- Não percebe que a mesma coisa?! Você iria sofrer pelo que aconteceu ao nosso filho e ela iria sofrer pelo que iria acontecer ao dela! É assim que funciona uma vingança, Isabella, mata-la seria fácil e indolor, tenha certeza disso! –
- E o seu irmão merece sentir a mesma dor que você iria sentir? – rebateu quando eu me virei de costas. – Sabe que Carlisle não faz nada sem que ninguém lhe faça a cabeça, você sabe que ele não se casou com ela porque ele quis, ele não teve os outros filhos porque ele quis, mas ele os ama do mesmo jeito. Ele merecia sentir a dor de perder um filho, pelas mãos do próprio irmão, por causa dela? –
- Ele sabe como as coisas funcionam! Ele foi criado do mesmo jeito que eu! Se isso tivesse acontecido com o meu avô ainda vivo, ele iria perguntar o motivo de eu não ter feito o que eu deveria fazer! E era capaz de ainda fazer Carlisle assistir! –
- Eu não entendo a tamanha implicância que você tem com o seu irmão, passa do limite do aceitável, Edward! Porém, você pode falar o que quiser, mas você ama e se importa com Carlisle, e no fundo, você sabe que não iria conseguir fazer isso com o filho dele! Você sabe que você é o único que se importa com ele de verdade! Se não se importasse não teria perdido quatro anos do nosso casamento travando uma batalha por ele, para depois ouvir que ele não te pediu nada! – ela suspirou. – Sinceramente, eu não tenho cabeça e nem emoção para me preocupar com isso agora, mas eu só te peço para que não me faça perder o amor que eu sinto por você, Edward! – pediu. – Não depois de tudo o que já fizemos! – eu me virei e vi que ela tinha se sentado de novo e pegado o filho. – Faça o que quiser! Mas se você fizer algo contra o Henry ou com a Alice, saiba que quando você voltar, eu não vou estar aqui e tampouco o Arthur! –
- Atrapalho algo? – a voz de Charlie foi ouvida da porta.
- Não. – disse simplesmente.
- Está tudo bem aqui? – eu apenas assenti.
- O que ele decidiu? – perguntei simplesmente ao me virar de costas para os dois, e passando os dedos por debaixo dos meus olhos que tinham lacrimejado sem que eu me desse conta.
- Você não vai gostar! –
- Ele não vai fazer nada! – deduzi.
- Não! – respondeu quando eu ouvi um arranhar de pés de uma cadeira contra o chão de pedra. – Ele foi falar com ela agora, não sabe o que falar e tampouco quer acreditar que ela desceu a um nível tão baixo a ponto de tentar matar um bebê. – ele suspirou de novo. – Ele se sente culpado até hoje por ter matado a primeira esposa, e ele não vai querer carregar nas costas a ordem de matar a segunda, mesmo sabendo que o que ela fez, e pelos motivos que a levou a fazer isso, tenha como sentença a morte! Ele já se sente muito mal por ter deixado Rosalie órfã, e não vai fazer isso com Henry ou Alice! – ele ficou em silêncio por um tempo. – Eu vou dar a vocês um conselho que eu jamais pensei que daria, na verdade, não é um conselho, é um favor que eu quero te pedir! – eu me virei para olha-lo. – Tira ela e o Arthur daqui! – pediu. – Deixem Adhara, deixem Andrômeda, voltem para Walano, é longe o suficiente e ela não vai conseguir fazer nada com vocês lá! Com Arthur sendo escolhido para herdar o trono depois de Rosalie, deixando assim Henry completamente fora da linha de sucessão, Jéssica não vai descansar até que vocês renunciem, aceitem a vontade dela de casa-lo com Alice, para que assim ela tente controlar o Arthur, ou que ela o mate! –
- Eu não deveria ter que sair da minha casa por causa dela! – apontei. – E de qualquer forma, se deixarmos Adhara, e com Rosalie em Dragonstone, nós deixamos o caminho completamente livre para Jéssica por Henry no trono! E caso aconteça algo com o meu irmão, estaremos a mais de uma viagem de dois meses de distância. –
- Não comigo aqui! Ela pode ser a rainha, mas quando Carlisle faltar, quem rege até a próxima coroação sou eu! Seu irmão estava pensando em trazer Strong de volta a corte, sem coloca-lo no pequeno conselho de novo, apenas para deixar a esposa feliz, mas depois do que ela fez hoje, eu duvido que ele o queira aqui de novo, e está começando a desconfiar do Johnson. Johnson e Strong são amigos, e Robert está muito empenhado em proteger a rainha… Não duvido que ele possa ter tentado ajuda-la. Jéssica não sai da fortaleza, principalmente para ir até a baixada das pulgas, ela mandou alguém atrás daquele animal e eu não duvido nada que o capacho do Johnson foi o escolhido! – ele passou a mão pelo rosto. – Eu não acredito que eu vou dizer isso, mas ter aquele animal como cão de guarda é deveras útil! –
- Eu não acredito que isso vai ficar assim! – reclamei me afastando dos dois e indo para perto da porta.
- O que você vai fazer? – ela questionou.
- Eu vou resolver essa merda! – respondi simplesmente e saí do quarto.
Que inferno! Uma parte, pequena até, de mim queria resolver esse problema do jeito que eu tinha sido criado, ela mexeu com o meu filho e eu mexeria com o dela. Simples de resolver! Era assim desde antes da minha família deixar a Cária e vir para Andrômeda… Mas eu sabia que Isabella jamais iria me perdoar se eu fizesse isso, e o amor que eu sentia por ela é infinitamente maior do que a sede de vingança que eu sentia o momento, eu deixaria passar dessa vez porque Arthur estava vivo e ileso, Isabella tinha se machucado no braço, mas também não era algo preocupante. Porém, as coisas seriam completamente diferentes caso o pior tivesse ocorrido! E eu deveria concordar com Isabella, se Jéssica soubesse da gravidez ela não iria mais atacar o Arthur e sim o bebê que minha esposa carregava.
Ao chegar em meu quarto, eu vi que as criadas tinham começado a arrumar a bagunça. Imediatamente eu as mandei parar e arrumar tudo o que fosse meu, de Isabella e Arthur, que esvaziassem tudo, as cômodas, a penteadeira, tudo, e arrumassem no baú. Elas só poderiam sair daquele quarto quando tudo estivesse guardado, eu iria embora ainda essa noite, eu não deixaria que minha esposa e meu filho corressem mais um misero segundo de perigo. Eu nunca quis colocar Isabella grávida ou Arthur muito novo dentro de um navio durante uma travessia de dois meses sem nenhuma ilha por perto para que eu pudesse desembarcar, mas não havia outra opção, para qualquer lugar que eu fosse, Jéssica podia mandar alguém atrás, mas para Walano não. As pessoas que ela arrumaria não se misturariam na ilha e seria bem fácil de visualizar caso ela mandasse alguém, e ela com certeza desconfiava disso.
Com a ordem no quarto dado eu fui até o meistre. Eu tinha muita coisa para resolver e já estávamos no meio da tarde, eu tinha pouco tempo para organizar tudo. O meistre estava em sua sala e eu apenas queria que ele separasse uma boa quantidade da pasta e das ataduras que ele usou no braço de Isabella, além que separasse algumas ervas para chás caso ela sentisse muito enjoo e coisas desse tipo e com essa parte resolvida, eu deixei o castelo na direção do porto.
Não tinha nenhum navio seguindo para as Ilhas de Verão, mas com um pouco de educação, ameaça na verdade, bem rápido surgiu um navio que poderia ser usado para tal fim. Ele queria no mínimo uma semana para que pudesse preparar o navio para a longa viagem, porém eu neguei. Ele teria poucas horas, mas eu garanti que iriamos parar em Apus e que esperava que lá ele pudesse preparar o navio do jeito que pretendia.
Com a parte do navio resolvida, eu fui resolver o problema dos mantos dourados, e eu só via o tempo passando, e eu ainda tinha que ir até o fosso para soltar os dragões, eu não tinha mais muito tempo e ainda tinha muita coisa para resolver!
Eu só voltei ao castelo depois que a noite caiu, eu não sabia onde minha esposa estava, mas desconfiava que ela ainda pudesse estar com o pai. Mandei um soldado ir até a torre da Mão do Rei e pedir que ela se encontrasse comigo no pátio de armas do castelo, e com tal ordem dada eu fui de novo até a sala o meistre, eu tinha algumas mensagens para enviar e eram bem curtas. A primeira era para Rosalie, eu não contei o que tinha acontecido, disse apenas que estava tirando Isabella e Arthur de Andrômeda e que depois que chegássemos a Walano eu mandaria maiores notícias. A segunda era para Dimitri, príncipe de Apus, diferente da primeira vez, eu avisei que precisaria aportar e passar uns dias na cidade, mas que não era nenhuma invasão ou algo do tipo, eu esperasse que ele compreendesse, até porque eu não tinha tempo para esperar uma resposta. E a terceira e última era um corvo para Walano, para a casa que eu continuava mantendo e para os criados que moravam lá, apenas para que soubessem da minha volta a ilha e que deixassem tudo arrumado e limpo. Entreguei as mensagens ao meistre, que as despachou em três corvos que voaram para direções diferente e ele me entregou um pequeno, porém pesado, baú, segundo ele, ali tinha tudo o que iria precisar para uma longa viagem com uma gestante e um bebê.
- O que você fez? – eu ouvi a voz de Isabella, e era palpável que ela estava preocupada com a resposta que eu daria.
Eu já estava deixando o castelo, para ir me encontrar com a minha esposa no pátio de armas, mas acabei sendo surpreendido por ela antes mesmo que tivesse a chance de passar pela porta, eu não iria me despedir de Carlisle, eu estava furioso e estressado com ele, e sabia que podia colocar tudo a perder se fosse me despedir dele, eu sabia que Charlie iria explicar os motivos que me levaram a praticamente fugir, mais uma vez, da capital durante a noite. Eu me virei para Isabella, que estava atrás de mim, parada nos últimos degraus da escadaria, ela não estava com Arthur e me olhava com um olhar de preocupação e medo, e eu não queria que ela me olhasse de tal forma.
- Cadê o Arthur? –
- O que você fez? – perguntou de novo.
- Eu arrumei tudo para que deixemos a capital agora mesmo! – respondi. – Eu fiquei o dia todo fora do castelo e não cheguei perto do Henry, nem de Alice! Eu juro! Jamais colocaria uma vingança acima do que eu sinto por você! Eles estão bem e vão ficar bem! – suspirei. – O destino vai cobrar a Jéssica no futuro tudo o que ela fez! – mal terminei de responder e Bella se aproximou de mim, jogando-se em meus braços.
- Eu sabia que você não faria uma coisa dessas! – ela falou contra a minha boca.
- É por isso que vamos deixar Andrômeda, porque se acontecer de novo, eu não vou me controlar! – eu a abracei forte contra o meu peito. – Eu não acredito que irei rezar aos deuses para que não ocorra nada nessa viagem, e não aconteça nada com você e com o bebê ou com Arthur! – eu dei um beijo no topo de sua cabeça. – Onde ele está? –
- Com o meu pai. –
- Então vai pega-lo e se despeça de seu pai! Temos que ir logo. –
- Não vais se despedir de seu irmão? –
- Eu sinto que eu não vou me controlar se eu o vir de novo! Agora vai, pegue o Arthur, despeça-se de seu pai e vamos, não podemos nos atrasar! –
- E… As nossas coisas?! –
- Tudo dentro do navio! Eu tinha que manter a minha cabeça ocupada antes que eu fizesse algo. – admiti. – Vai logo! Eu vou na frente para terminar de agilizar as coisas, peça ao seu pai para te levar até o navio, a carruagem já está lá fora esperando, eu vou com Belfast. – pedi mais uma vez e ela apenas assentiu e voltou para dentro do castelo.
- O que está fazendo? – eu fui interrompido por outra voz ao tentar passar pelas portas, e dessa vez era a voz do meu irmão. – Fui até o seu quarto te procurar, o mesmo está desocupado, seu valete não está mais porta e agora eu escuto que está indo embora de novo? – ele saiu da escuridão de um dos corredores.
- Esperava que eu fizesse o que? – perguntei simplesmente. – Fique aqui e espere que a sua esposa consiga matar os meus filhos ou a minha esposa? – retruquei. – Deixa eu deixar uma coisa bem claro, Carlisle, eu não fiz nada com o Henry não foi por sua causa, foi por causa da minha esposa, mas eu sei que se fizerem algo de novo, eu não vou ter a mesma consideração com um pedido feito por ela! Então, se para manter a minha família a salvo eu preciso deixar a minha casa, eu deixo! Não tem problema! –
- Eu também sou a sua família! –
- É mesmo? Mesmo? – questionei. – Eu sacrifiquei muitos anos da minha vida em prol de você, e no final eu nunca recebi nem um obrigado, talvez você fosse família para mim, mas o contrário não era, disso eu sempre soube! Você nunca deu importância para a minha opinião, para o que eu sentia. Acha que é engraçado uma pessoa como eu ter entrado em desespero com o que aconteceu hoje… -
- Não é verdade, isso é apenas coisa da sua cabeça! Eu me preocupei sim com o que aconteceu ao meu sobrinho hoje! –
- Se preocupou? E o que vai fazer a respeito para que isso não aconteça de novo? Conversar com a sua esposa? –
- Ela disse que não faz ideia de como aquele animal entrou no boneco… Que ele possa ter entrado quando Henry estava no jardim e… -
- E Adhara é uma cidade quente demais para ter cobras, sabe disso, principalmente no calor infernal que está tendo esses últimos dias! Só você acredita nisso! Eu já me cansei de você e do seu jeito mole de nunca querer se comprometer com nada, de sempre querer agradar os dois lados para que no final você não tenha trabalho! Mas isso não funciona para mim, nunca funcionou e não será agora que vai funcionar! A melhor coisa que a sua filha fez foi se afastar de você! E a melhor coisa que eu faço é me afastar de você! Você tem sorte, irmão, por Charlie não fazer o mesmo, porque caso contrário você estaria sozinho e perdido cercado por sanguessugas, e eu não vou voltar para salvar o seu rabo de novo igual da primeira vez! – eu senti uma mão tocando em meu braço e ao virar a cabeça Isabella estava ali, com seu pai a poucos passos dela e com o neto no colo.
- Vamos? –
- Vamos! Acompanha ela até o porto? – questionei a Charlie que apenas assentiu e ela se aproximou do pai.
- Vem com a mamãe… -
- Isabella… - meu irmão começou a falar agora diretamente com a minha esposa. – Não tem a menor necessidade disso! – ela não respondeu. – Quando Rosalie voltar… -
- Eu não dou até a aurora do dia para ela já saber o que aconteceu aqui, Carlisle. – avisei. – Eu mandei um corvo a ela a poucos minutos! –
- Charlie… - ele tentou apelar ao amigo. – Vai deixa-la ir embora de novo? Como pode? –
- O senhor vai tomar alguma providencia sobre o ocorrido desta tarde? – ele questionou simplesmente e meu irmão apenas suspirou sem responder. – É assim que eu posso deixa-la ir! Eu quero minha filha e os meus netos bem e seguros, e isso é algo que eles não estarão aqui! – respondeu. – Vamos! –
- Posso… Pelo menos me despedir do meu sobrinho? – Isabella não respondeu, mas permitiu que ele pegasse o menino. – Se eu voltar a te ver você já vai ser um homem! – meu irmão falava com a voz levemente embargada, e Arthur tentou se afastar dele e ir para o colo da mãe.
- Majestade, devolve o meu filho, por favor. – ela pediu quando Arthur começou a chorar querendo deixar o meu irmão, que o apertava mais contra o peito, eu via que meu irmão tinha a boca, próxima a cabeça do menino e balbuciava alguma coisa baixo, enquanto eu via uma pequena lágrima escorrer de seus olhos. Eu me aproximei um pouco para que pudesse solta-lo e o ouvi murmurando repetidamente desculpa ao menino.
- Carlisle. – ele parou ao ouvir a minha voz mais perto dele. – Devolve o meu filho para a mãe dele! – pedi.
- Desculpa. – ele pediu em volta alta e entregou Arthur para Isabella, eu apenas apontei com a cabeça para porta e ela apenas assentiu. – Desculpa, meu irmão… - pediu levando a mão até a cabeça e cambaleando por um momento, tendo precisado tanto de mim quanto de Charlie para se manter de pé e não cair.
- Guardas! – Charlie chamou, e saindo da escuridão dos corredores, dois se aproximaram de nós. – Levem o rei para o quarto e chamem o meistre! –
- Desculpa, meu amigo… - ele continuava murmurando pedidos de desculpa.
Os guardas seguraram o meu irmão com cuidado e o levou na direção da escada, para que pudessem seguir para o seu quarto, e sem falar mais nada, Charlie apenas saiu, sem nem olhar para trás. Eu fiquei mais alguns segundos vendo meu irmão subindo as escadas, degrau por degraus, bem devagar, sem escorado por dois guardas. Ele estava cada dia pior e era capaz de quando eu voltar, ele não estar mais aqui. Antes de sair eu vi a sombra de alguém no passadiço em cima da escada e ao olhar para lá eu vi que Jéssica estava ali, parada e me encarando, ela com certeza teria ouvido a conversa.
- Se você pensa que eu estou indo embora e que com isso eu vou deixar o caminho para o trono livre, pode esquecer… Henry, ou qualquer filho seu, só sobe no trono por cima do meu cadáver! –
Eu não dei tempo para que ela falasse nada e tratei de sair dali, antes de mudasse de ideia e fosse atrás da minha vingança. A carruagem com Isabella já tinha ido para o porto e apenas Belfast ainda estava ali esperando por mim. Montei em meu cavalo e o esporrei para fora dos muros da Fortaleza, indo para a direção do porto, encontrando as ruas mais cheias de pessoas, que tinham deixado as suas casas e ido para a rua em busca de um ar mais fresco.
Desci do cavalo ao chegar ao porto, e um dos empregados do barco subiram com o Belfast, para acomoda-lo dentro do navio e eu me aproximei de onde Bella estava com o pai, que tinha o neto no colo. Ao me aproximar eu vi a pele de minha esposa se arrepiando devido ao vento frio que passou por nós vindo da baia da água negra.
- Vocês dois ficaram bem aquecidos? – Charlie perguntou ajeitando a manta que tinha em volta de Arthur, para protege-lo do vento.
- Vamos, não precisa se preocupar, pai. – Bella respondeu ao pai e só percebeu que eu tinha chegado e estava perto deles, após eu tirar a jaqueta, que eu tinha pego em meu quarto antes de vir resolver as coisas na rua, e a coloquei sobre os seus ombros.
- Pronta? – ela apenas assentiu e eu ouvi Charlie suspirando.
- Carlisle tem razão. Da próxima vez que eu te ver, você já será um homem! – falou para o neto que olhava a situação sem entender nada.
- E eu espero que quando eu voltar, você esteja vivo! –
- Edward! –
- O que? Eu disse que quero que ele esteja vivo! E definitivamente essa foi a melhor coisa que eu já disse a ele! – ela bufou. – Quero vê-lo contar aos netos que eu te sequestrei. – ironizei e ela me olhou feio.
- Eu prefiro essa versão, a versão de que ela fugiu com você porque quis! – Charlie resmungou.
- Pelos deuses! Parem com essa rixa idiota de vocês dois! Já está quase fazendo sete anos! – Isabella reclamou.
- Alteza… - o capitão do navio se aproximou de nós. – O navio está pronto para partirmos! –
- Estamos indo! – ele assentiu e voltou para o navio.
- Cuida dele e se cuida! – Charlie pediu, ao dar mais um abraço apertado no neto, antes de devolve-lo para a mãe. – Quando chegar, mande noticias. – pediu. – A mim! Não a Rosalie! –
- Não se preocupe. – garantiu ela sorrindo.
- Caso chegue algum corvo para você vindo de Rosalie, eu o envio para Walano. –
- E o senhor tente não se matar de trabalhar! E tome cuidado com Jéssica! –
- Não se preocupe comigo, filha! E pode deixar que eu aviso ao seu irmão. –
- Me avise quando o filho de Mike nascer. – pediu e ele apenas assentiu. – Eu te amo, pai. –
- Eu também te amo, minha filha. – De forma meio torta, já que Isabella tinha o filho nos braços, ele deu um abraço na filha, sendo seguido por um beijo na testa de Isabella e de Arthur.
- Vai entrando que eu já vou! – pedi e ela assentiu. – Jéssica ouviu a conversa! – contei a ele quando Isabella subiu no barco. – Toma cuidado com ela! – ele assentiu.
- Já disse. Com o seu irmão vivo ela não vai fazer nada! – garantiu.
- Espero que estejas certo! E me envie notícias do meu irmão, do quadro de saúde dele, principalmente, qualquer coisa eu volto o mais rápido possível! –
- Não precisa se preocupar! Cuida dos três e caso algo aconteça com a minha filha ou com os meus netos, me avise imediatamente. Agora vai, a viagem é longa e cuidado na travessia do mar de verão, caso veja uma tempestade se aproximando volte imediatamente a Apus. –
- Eu sei! Eu já mandei um corvo a Dimitri, avisando que irei aportar na cidade e provavelmente ficar alguns dias. Eu quero deixar Adhara logo e não daria tempo para abastecer o barco devidamente e não tem como fazer isso em Dragonstone, pois caso desse era para lá que iriamos primeiro. – expliquei. – Quando chegarmos em Apus eu mando um corvo! –
- Certo! Vão, eu vou ver como seu irmão está! –
Charlie voltou para perto da carruagem que o levaria de volta para a fortaleza e eu entrei no barco, dando uma última olhada na cidade onde eu havia nascido e que eu odiava, antes de ir embora. Sempre pensei que eu iria deixar Adhara porque eu queria, ou porque Isabella queria, mas nunca pensei que eu fosse deixar o lugar que eu nasci porque meus filhos corriam perigo e meu irmão não tomava uma atitude. Eu tinha certeza de que se meu avô tivesse vivo e visse isso, ele daria o trono para qualquer outra pessoa, até mesmo para Gianna, ou para alguém que não fosse um Swan, só para não deixar o trono na mão de alguém frouxa igual a Carlisle.
Assim que eu pisei no convés do navio eu olhei para cima, e contra o céu negro que cobria a baia da água negra, eu via a sombra de dois dragões sobrevoando a cidade, Tessarion e Caraxes já estavam voando a bastante tempo e mesmo após o ocorrido no parto de Arthur, Tessarion estava ótima e não tinha adquirido nenhum tipo de sequela do ferimento que a acometeu. No meio dos dois dragões voando, era possível, com muito esforço, ver um pequeno pontinho tentando voar no mesmo ritmo, era Tyraxes, ele, do tamanho que tinha, jamais iria conseguir voar até Apus, quem dirá até Walano, e enquanto eu ouvia a prancha que ligava o barco ao porto, ser puxada para dentro do navio, eu assobiei para o pequeno dragão descer, e como Tessarion, que era maior que ele na época, ele viria dentro do barco, e sempre que possível ele seria solto para que pudesse esticar as asas, mas eu sabia que ele jamais se afastaria tanto assim de Arthur.
Eu não fiquei olhando o navio se afastar da costa de Adhara e desci para o quarto, onde minha esposa já estava com o nosso filho. Bella tinha conseguido colocar Arthur para dormir e o colocou no berço, que eu tinha mandado trazer do castelo e tinha se sentado na cama. Tirei Tyraxes, que estava em meu ombro, e a coloquei no berço ao lado do menino adormecido e deitei na cama, ao seu lado, apoiando a cabeça em seu colo.
As quase quatro semanas, devido ao tempo ruim, dentro daquele navio havia sido um inferno! Se Adhara passava por uma semana infernal de calor, de Cervus até Apus, passava por uma semana chuvosa, que deixava os ventos fortes e frios e o mar estreito agitado. Devido as ondas que batiam contra o casco, fazendo o barco balançar mais do que o de costume, e pela gravidez Isabella ficava mais enjoada do que durante a travessia até Mensa, e em contra partida Arthur havia ficado deveras agitado e não parava de chorar, se tornando quase que impossível acalma-lo.
Mesmo com a chuva, assim que atracamos em Sunspear, nós deixamos o barco, para ver se, principalmente, Arthur se acalmava, ele estava bem aquecido, além de ter uma manta protegendo-o e a sua cabeça para que não se molhasse, mesmo que estivéssemos debaixo de uma pequena marquise do porto.
- E agora? – Bella questionou quando eu me aproximei dela, quase que completamente encharcado devido a minha conversa com o capitão, com Arthur deitado, com a cabeça contra os seios da mãe, na mão o dragão de madeira, que Carlisle tinha dado a ele, com o rabo do brinquedo na boca, mordiscando com os poucos dentes que tinha na boca, e deitado nos ombros de Bella, tinha Tyraxes, que também estava agoniado com a tempestade.
- Eu tinha mandado um corvo ao Dimitri antes de sair, não esperei por resposta. Pensei que teríamos que ficar poucos dias apenas para abastecer o navio para a viagem, mas eu não vou seguir com esse tempo. Se em duas semanas Arthur ficou enjoado e irritadiço, imagina por dois meses sem nenhum lugar para atracar! – respondi e ela levou uma das mãos até o rosto, passando os dedos pelos olhos. – Está cansada? – ela apenas assentiu. Ela não era a única, todos estavam cansados, a tempestade e o choro de Arthur não deixavam ninguém dormir. – Vou ver se encontro alguma pousada para descansarmos. –
- O capitão está te chamando. - ela contou e ao me virar, eu o encontrei agitando a mão na minha direção.
- Não sai daqui. – ela apenas assentiu e eu voltei para a chuva indo para perto do capitão. – O que é? –
- O príncipe de Apus. – respondeu apontando para um homem, a alguns passos de nós, com a cabeça coberta por uma capa.
- Olha quem apareceu… - comentou levantando a cabeça quando eu me aproximei dele.
- Recebeu o meu corvo? – questionei.
- Recebi. Será bem vindo no castelo pelo tempo que precisar, principalmente com essa chuva. Se não tivesse dito que era urgente, eu teria mandado um corvo anunciando da tempestade! Por que era tão urgente assim a sua saída de Adhara para não ter nem abastecido o barco? Alias, cadê sua esposa? –
- Debaixo da marquise do porto! – respondi. – A esposa do meu irmão tentou matar o meu filho e Carlisle não fez nada! –
- E por que você não fez? –
- Porque se eu fizesse, Isabella não olharia mais na minha cara! – admiti.
- Você iria mexer com o filho do seu irmão e não com a esposa dele! – deduziu e eu apenas assenti. – Eu trouxe a carruagem, pegue o que vão precisar e a sua esposa e vamos para o castelo. –
- Tem alguma noção de quando essa chuva vai passar? –
- Está há quase um mês chovendo direto, todo mundo espera que passe logo! Vai buscar a sua esposa. –
Eu me afastei dele e voltei para perto do capitão. Eu já contava com a guarida de Dimitri, e tinha deixando algumas coisas já separadas, ordenei para que o capitão trouxesse os baús que eu tinha separado e entreguei a ele um pequeno saco com peças de ouro para que ele abrigasse toda a população, a viagem havia sido longa e cansativa, queria que eles descansassem antes de começassem a abastecer o barco, mas já tinha deixado avisado que nós só iriamos sair daqui quando a chuva passasse ou melhorasse bastante.
- O que houve? – Bella perguntou quando eu me reaproximei dela tirando a minha jaqueta pesada.
- Dimitri está aí, ele recebeu o meu corvo. – expliquei. – Ofereceu para ficarmos no palácio até tudo estar pronto e a chuva passar. – contei colocando a minha jaqueta sobre a cabeça de Isabella e de Arthur.
- Você vai ficar doente se continuar se molhando com essa água fria! –
- Eu ficar doente é o de menos, quem não pode ficar é você e o Arthur! E assim que chegarmos no palácio eu vou me secar, não se preocupe. Vamos! – falei, ela ajeitou a jaqueta em sua cabeça e na de Arthur e eu fui andando na frente dela até onde Dimitri estava, ao lado da carruagem, com alguns empregados do navio que tínhamos vindo, levando as coisas que eu tinha separado para dentro da parte traseira da carruagem.
- Olá Isabella. – Dimitri falou quando ela sentou dentro da carruagem e me entregou a jaqueta molhada.
- Olá Dimitri! – disse simplesmente apertando mais a manta seca envolta de Arthur.
- Vamos sair dessa chuva. – ele disse simplesmente. – No calor do palácio nós conversamos! –
- Eu te encontro lá! –
- Saí dessa chuva! – mandou e eu apenas sorri.
- Eu estou todo molhado, se eu entrar nessa carruagem eu vou molhar tudo! Não se preocupa que eu vou ficar bem! Se sentir alguma coisa avisa ao cocheiro! – ela apenas assentiu.
Eu fechei a porta e Dimitri mandou o cocheiro seguir para o palácio e eu montei em Belfast. Nós íamos seguindo a carruagem debaixo da chuva forte até o palácio de Water Gardens, a viagem já era longa em tempo bom, e na chuva era maior ainda, principalmente quando se passava por estradas de terra. Ao chegarmos ao castelo, Arthur estava bem inquieto e chorando, eu não sabia se era devido ao cansaço, fome ou frio, mas ele não se acalmava.
- Isso é um bebê chorando? – Heidi, a esposa de Dimitri, apareceu. – Quanto tempo eu não vejo um bebê… - ela parou ao olhar para mim e para o seu esposo vendo a água escorrendo de nós e formando uma poça sobre os nossos pés. – Vocês dois estão parecendo dois pintos molhados! – ironizou rindo. – Isabella, quanto tempo… -
- Olá Heidi. –
- O que houve, neném? – perguntou se aproximando de Bella. – Posso? – ela apenas assentiu. – Oi… - ela pegou o meu filho, deixando-o enrolado na manta. – Por que está chorando? –
- Ele está inquieto desde que pegamos a tempestade! –
- Você é maluco a ponto de colocar esse menino em um navio com essa chuva? – ela me encarou.
- Em Adhara está um calor infernal! – respondei. – Pegamos chuva no meio de Cervus e segundo o capitão o mar estava revolto demais para dar meia volta! –
- Oh… Vamos… Qual é o nome dele? – perguntou.
- Arthur. –
- Vamos, Arthur, vamos para um quarto bem quentinho, que não balança e comer algo bem gostoso e quentinho! – falou ajeitando a manta em volta de Arthur. – Vem, meu bem! Vocês dois vão se secar. Aro disse para vocês descansarem e no jantar ele vê você! – falou para mim.
Heidi acompanhou a Bella até um quarto e eu fui logo atrás, após Dimitri mandar os criados pegar as coisas e levarem para o quarto e eu me despedi do meu velho amigo. Heidi nos acomodou em um quarto e se despediu, devolvendo o Arthur para a mãe. Demorou mais um bom tempinho até que ele se acalmasse e dormisse, só depois de ter tomado um banho quente e comido algumas colheradas de um cozido de coelho bem quente.
Depois de eu ter me secado após um banho bem quente eu deitei na cama, macia e que não balançava, e não demorou muito e eu acabei dormindo, profundamente, pela primeira vez, em bastante tempo.
- Espera… Eu não entendi. – nós só voltamos a ver os nossos anfitriões no dia seguinte, estávamos tão cansados que dormíamos direto até a manhã do próximo dia.
A chuva continuava a cair forte, deixando o clima bem frio. Nós nos juntamos com os príncipes de Apus no horário do almoço, eu estava sentado ao lado de Dimitri e de Aro e Bella com Heidi, esposa de Dimitri e Ellie, a nova esposa de Aro, e algumas crianças.
- Sua sobrinha escolheu o seu filho como sucessor e sua cunhada colocou uma cobra venenosa no berço dele? – Dimitri perguntou quando eu levei a minha taça de vinho a boca.
- Exatamente! – respondi.
- Se isso tivesse acontecido com um filho meu, eu não teria ido embora! – Aro disse. – Ela teria ido embora! -
- O principal motivo para eu ter escolhido deixar Adhara, e no geral Andrômeda, é porque a minha esposa quer! A amiga está casada e Isabella sempre quis voltar as Ilhas, o que aconteceu apenas adiantou a nossa decisão de sairmos daqui! – eu bebi outro gole do vinho. – Mas uma coisa que o Hightower disse faz sentido. Meu irmão se sente deveras culpado por ter matado a primeira esposa, que jamais iria mandar matar a segunda também, independentemente do que ela fizesse. Ela sempre foi sonso e frouxo, sempre acreditou mais nos outros do que em mim, não foi nenhuma surpresa ele ter acreditado que Jéssica não sabia como a cobra parou dentro de um boneco que ele fez, e ela foi gentil o suficiente para dar ao meu filho, sendo que Arthur sequer fica perto de Henry ou de Alice! –
- Parando para pensar, não seria ruim se no futuro o Arthur se casasse com a sua sobrinha! – Dimitri falou e eu apenas o encarei. – Edward, com você vivo, acha mesmo que Jéssica iria conseguir controlar o seu filho?! –
- Não, ela não iria! – Aro respondeu. – Ela iria fazer o possível para, dependendo da idade dos dois, obviamente, fazer com que a filha engravidasse, sendo do Arthur ou de qualquer outro, e quando isso acontecesse, ela simplesmente mataria Arthur, pois assim o neto dela ela iria conseguir controlar! –
- É boa uma teoria, Aro, devo admitir, mas não foi esse motivo de me fazer negar essa ideia. Eu não sei se Carlisle pensou nessa possibilidade que o senhor disse, para ter negado essa ideia de início. A questão principal, é que eu sempre ouvi Jéssica criticando a forma que a nossa família agia, antes de ela se casar eu já a ouvi reclamando com o irmão dos costumes que trouxemos da antiga Cária de mantermos o sangue o mais puro possível! De qualquer forma, minha esposa não gosta de Jéssica, só ela sabe o quanto ela teve aguentar, não apenas nos quatro anos em que eu estive fora na guerra de Stepstones, quanto quando elas ainda eram crianças e adolescentes, então, se Isabella não quer nossos filhos perto do dela… Nossos filhos não ficaram! –
- Edward… - Bella me chamou do outro lado do salão. – Pega o Arthur. –
- Cadê ele? –
- Olha para baixo. – respondeu e ao olhar para baixo, para o meio de minhas pernas, eu a cabecinha de Arthur, com os cabelos loiros, saindo debaixo da mesa, engatinhando.
- Oi pequeno. – eu o peguei no colo, o tirando debaixo da cama, e o sentei sobre o meu joelho, e ele tentou pegar a taça do meu vinho. – Não… Isso aqui você não pode. – eu afastei a minha taça da dele, e peguei um copo com água que tinham trazido para ele, e o levei até a sua boca.
- Tem certeza de que ele é filho de Isabella? – Dimitri questionou e eu o encarei. – Ele não se parece em nada com a mãe! –
- Ele não puxando o pai no temperamento e comportamento… - Bella se pronunciou ao se aproximar de nós. – Por mim tudo bem! – ela se sentou ao meu lado fazendo Dimitri rir. – Um Edward eu aguento, dois ou mais não! –
- E dessa vez pretende ficar na ilha para sempre? – questionou, olhando diretamente para Isabella.
- Porra nenhuma! – eu respondi. – Não aguenta ficar tanto tempo longe da Rosalie e do pai! – ela acabou dando de ombros e rindo.
- Talvez o tempo suficiente para as crianças saberem falar a ponto de falarem caso fizerem algo com elas! –
- Só tem uma! – Aro apontou para Arthur sentado em meu joelho.
- Bella está grávida! – respondi. – Mas um motivo para deixarmos Adhara. Pouquíssimas pessoas sabem disso! – apontei.
- Vocês dois são loucos a ponto de atravessarem o mar de verão com ela grávida! – Heidi apontou ao se sentar ao lado do marido.
- Faria o que? Deixaria Jéssica tentar e conseguir fazer algo de novo com o Arthur ou com Isabella? Seria pior ainda, porque eu a mataria e seria exilado de novo! –
- De novo? – Bella questionou. – Quando seu irmão te exilou? –
- Não lembra? – ela negou. – Lembra que um pouco depois que ele assumiu o trono e Esme perdeu outro bebê e eu fiquei quase três anos longe? – ela assentiu. – Bom, me viram em um bordel bebendo enquanto todo mundo estava chorando pela morte do herdeiro e alguém, provavelmente espião do seu pai, contou a ele que eu estava comemorando a morte do bebê e ele me exilou! –
- E estava? – ela questionou.
- Quer que eu realmente responda? –
- Não! – se apressou em dizer. – E meu pai reclamava de mim… Sendo que o máximo que eu fazia era colocar a culpa no meu irmão quando eu fazia algo… -
- Só isso? –
- Tá bom que eu ri quando ele quase se afogou na baía de Oldtown, mas eu tinha cinco anos! – se defendeu e eu acabei rindo. – Não queira comparar o que eu fiz com cinco anos ao que você fez com vinte e dois! –
- A poucos meses atrás você insinuou que a filha dele não era dele! – apontei.
- Do mesmo jeito que ele disse que tinha controvérsias sobre o Arthur ser meu filho! E eu apenas disse que eu tinha certeza de que era porque saiu de mim, e não podemos dizer o mesmo dele, pois a Anna não saiu dele! – rebateu e Dimitri escondeu o rosto na mesa rindo.
- Mama… - Arthur chamou a mãe, querendo ir para o colo dela.
- Que foi, meu amor? – ela o pegou no colo, o colocando sentado sobre as suas pernas, de frente para ela, e ele apenas apoiou a cabeça contra os seus seios bocejando.
- Vai dormir! – apontei quando ele fechou os olhos.
Não demorou muito e Arthur dormiu contra o colo da mãe, com ela deslizando a ponta dos dedos pelos cabelos curtos e loiros do menino.
Nós acabamos ficando mais tempo do que o esperado em Sunspear, a chuva não passava de jeito nenhum e ninguém aguentava mais, se o calor massacrava nas terras da coroa e queimava as plantações em volta, aqui a chuva as alagava. Depois de uma semana, presos no palácio de Water Gates, a nuvem escura que cobria a região começou a clarear, e a chuva forte se tornou apenas uma garoa espaçada ao longo dos dias. Ao que tudo indicava a tempestade havia passado, por enquanto, e com o barco pronto havia sido a hora de nos despedirmos e torcemos para que, do mesmo modo que a tempestade tenha passado no continente, tenha passado no mar de verão também.
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