domingo, 12 de dezembro de 2021

Capítulo 6

Tulsa - Oklahoma.

2019.

Bella.

Ele me deu um beijo rápido nos lábios e saiu da loja seguindo para a loja ao lado com o seu funcionário. Antes de tirar a plaquinha, eu segui aos fundos da loja para que pudesse ir ao banheiro antes de reabri-la para a segunda parte do expediente. Na parte da tarde, eu havia feito mais alguns arranjos com suculentas que eu tinha, que não haviam sido vendidas de forma separadas, mas dos arranjos que havia feito hoje, três haviam sido vendidos. Durante a parte da tarde não houve barulho de quebradeira ou de algum outro tipo de ferramenta vinda da loja do lado, talvez o aparecimento desse tal de mofo preto fosse algo realmente muito ruim. Já estava perto da hora de fechar havia vendido o último buquê de flores antes de poder fechar o caixa quando o telefone da loja tocou.

- Floricultura Secret Garden, boa tarde. –

- Bella... É a Amanda Stanley. –

Olá senhora Stanley, como vai? As flores chegarem boas? – perguntei e a ouvi suspirar, isso era uma clara resposta que não.

Estou ótima, querida. E não. Vieram todas murchas. Jéssica alegou que você entregou sem a água e por isso murchou... – eu a interrompi.

- Senhora Stanley, sim, eu entreguei sem a água ou sem a esponja, mas a Jéssica veio para cá com o Luke. Eu havia deixado o arranjo perfeito, quando ela chegou com ele, eu não tive escolha a não ser tirar água. – me expliquei e ouvi o sininho da porta, ao ouvi o barulho levantei os olhos e vi Edward entrando com o mesmo funcionário que veio procura-lo a algumas horas. – Senhora Stanley, um minuto, por favor. – eu abafei o telefone no meu ombro. – O que foi? – perguntei.

- Posso dar uma olhada na sua parede? – perguntou um pouco desesperado. Ele estava bem mais desarrumado desde a última vez que o vi. Agora só com a camisa branca, sem a gravata, e com os dois primeiros botões abertos, além das mangas erguidas e os cabelos um pouco revoltos. Ele estava mais bonito do que todo arrumadinho.

- Claro! – respondi após perceber que havia demorado um tempo longo demais para responder. – Qualquer coisa é só chamar. – eu voltei ao telefone. – Oi senhora Stanley, desculpa a demora. –

Ela foi aí com o Luke? Eu havia pedido para ela não voltar na floricultura com ele depois do prejuízo que ele deu. – eu a ouvi suspirar do outro lado da linha. – Ela alegou que teve que ir buscar o menino na escola e por isso murchou. –

- Se fosse assim ela teria demorado nem trinta minutos para chegar em casa, não teriam chegado completamente murchas. – apontei.

Eu sei. Não acreditei na história dela. Da próxima vez eu mesma busco. –

- Então, eu estive pensando em uma coisa, e gostaria de saber se a senhora concorda. – comentei ao ver Edward e seu funcionário tirando os vasos e arranjos das prateleiras e colocando na bancada onde eu fazia os buquês e na bancada grande no meio da loja onde ficavam as flores avulsas. – A senhora gosta muito de Astromélias. Pensei que pudesse fazer um canteiro para a senhora, com as cores que eu tenho em casa. –

Oh você faria isso para mim querida? –

Com todo o prazer. Só marcar o dia que a senhora vai estar disponível que eu faço... – respondi sorrindo, eu adorava a senhora Stanley. E meu sorriso murchou quando eu ouvi uma martelada, e ao olhar na direção de Edward, vi que ele havia quebrado a minha parede. – Senhora Stanley, em cinco minutos eu te ligo. – eu desliguei o telefone sem dar tempo de ela responder. – O que vocês estão fazendo? – eu me aproximei dele.

- Bella, não se aproxima, por favor. – pediu quebrando mais um pedaço da minha parede.

- Por que está quebrando a minha parede? – perguntei sem dar mais um passo. O funcionário de Edward pegou um pedaço da minha parede com a luva grossa que ele usava e amostrou ao patrão, que me olhou suspirando.

- Me desculpa, mas eu vou ter que interditar a loja. –

- O QUE? – eu dei um pequeno grito um pouco histérico demais.

- Pode ir. Avisa ao prefeito. – pediu ao seu funcionário.

- Sim senhor. – ele saiu rápido da minha loja.

- Por que vai interditar a minha loja? – perguntei de novo.

- Está vendo isso aqui. – ele apontou a algo preto com a ponta do martelo. – Isso é mofo preto. –

- E daí? –

- E daí que isso é tóxico! – respondeu como se fosse óbvio. – Pode causar problemas respiratórios e a ordem é quando encontrar mofo preto interditar. – eu apertei a ponte do meu nariz andando de um lado para o outro.

- Isso veio devido a infiltração da loja ao lado, não foi? –

- Foi! Já falei com o prefeito, ele disse que vai arcar com todas as suas despesas. –

- Minhas despesas? E os dias que eu tiver que ficar fechada? Eu só não vou perder muito material porque a maioria é colhida no dia, mas mesmo assim. –

- Ele disse que o tempo em que ficar fechada a loja, ele arca com as despesas. Não tem outra opção a não ser fechar. – explicou. – Tem nas duas lojas, o que significa que tem nas duas paredes, e provavelmente no depósito também. –

- Quanto tempo? –

- No mínimo duas semanas. –

- DUAS SEMANAS? –

- Primeiro é preciso identificar o tipo de mofo, para poder retira-lo e consertar o que está o causando. – suspirou. - Desculpa, disse que não iria mexer na loja, mas provavelmente vamos ter que derrubar as duas paredes. Nas lojas ao lado, as paredes estão cobertas por ele, nós vamos ter que quebrar tudo para ver se tem outros focos do lado de cá. –

- Sabe quantas vezes eu falei para o prefeito que tinha que consertar os prédios ao lado? – perguntei sentindo meus olhos ardendo. – A resposta era apenas que o povo não havia concordado com a reforma por ser prédio histórico. – eu passei a mão pelo rosto. – Há seis meses eu mexi na parede e não tinha nada. –

- Por que você arrumou onde deu infiltração. Eu quebrei bem longe de onde você consertou. Pode ser que ele está começando agora, ou você nunca o encontrou. Ou na pior das hipóteses, a pessoa que você contratou viu e não falou nada ou não soube identificar. –

- Eu estou sentindo ódio. Muito ódio. – ele se aproximou. – Sai, por favor. Olhar para você não estar ajudando. –

- Desculpe ser o arauto de péssimas notícias. –

- Não é nem por isso. É a primeira vez que eu vejo você todo desarrumado e a visão está tirando o meu ódio. – ele balançou a cabeça rindo.

- Se você tivesse dito isso em outra situação tenha certeza que eu beijaria você. Mas eu estou todo sujo de poeira e talvez mofo, então é melhor não me aproximar. –

- Apareça desleixado mais uma vez que talvez eu possa repetir. –

- Tentarei. Agora é sério. Fecha a loja. – eu balancei a cabeça assentindo. – Meus dias de trabalho agora se tornaram chatos... – brincou saindo da loja. – Falo com você depois. – falou da porta e deu uma piscadela para mim me fazendo sorrir.

Ao ficar sozinha eu peguei o telefone mais uma vez e liguei para a senhora Stanley, ela havia gostado de fazer o canteiro de Astromélias dela e marquei para amanhã, e ao perguntar se eu não abriria a loja, eu comentei o problema que havia acontecido e que eu teria que fechar por um tempo. Ao desligar o telefone, peguei meu celular para fazer um post no Instagram da loja, anunciando que ficaríamos fechados por reformas por duas semanas, e tratei de fechar a loja.

Enquanto eu arrumava as coisas que eu levaria para casa no carro, meu telefone começou a tocar. Alguns clientes mandando mensagem perguntando o motivo, Alice mandando mensagens no WhatsApp perguntando o que tinha acontecido e minha mãe me ligando. Mesmo do outro lado do mundo e quase onze horas de fuso horário, ela me ligou e eu tive que explicar o que aconteceu. Antes que ela pudesse reclamar que era desculpa do Edward, o que era a cara dela, eu disse que havia sido outra empresa do prefeito que estava fazendo uma pré vistoria, e ela não comentou nada, mas eu sentia que se falasse que tinha sido Edward, ela iria dizer que era mentira.

Terminei de guardar as plantas que estavam em vasos no carro, ainda bem eu deixava poucos arranjos prontos e fazia mais conforme me faziam pedidos, eu não teria muito prejuízo de material, e basicamente a única coisa que eu tinha na loja era o primeiro arranjo de suculenta que tinha feito. Peguei ele nos braços, ele era um pouco pesado para mim, e pendurei minha bolsa no ombro e saí fechando a porta.

- Já vai? – ouvi a voz de Edward saindo da loja a esquerda, de onde vinha os novos sons de marteladas, e abaixando a máscara que usava.

- Já. Meu horário. -  respondi trancando a porta.

- Mais calma? –

- Não, quero socar alguém, provavelmente o prefeito... Toma... – eu entreguei o pequeno chaveiro com as chaves da loja, tanto a principal quanto as dos fundos. – Vai precisar para entrar. –

- Vou cuidar bem dela, supervisionarei pessoalmente. –

- Só devolve a minha loja o mais rápido que conseguir. –

- Farei o possível. – eu peguei a chave do meu carro dentro da bolsa e o destravei.

- Oh... Lembra-se que eu disse que tinha vontade de dar um pouco de cor a sua casa e fazer você gostar de plantas? –

- Lembro. –

- Começando. – eu apontei com a cabeça para o arranjo que eu segurava.

- Oh, não conseguiu vender e quer empurrar para mim? – brincou.

- Eu já tinha feito esse com a intenção de te dar. – seus olhos piscaram confusos.

- Sério? – eu assenti. – Muitíssimo obrigado. Quanto eu... –

- Nada... Presente de boas-vindas a cidade. –

- Bella. –

- Já disse. É presente, não vou aceitar nada em troca. – meus lábios se repuxaram em um sorriso. – Vai aceitar o presente? –

- Com certeza. – ele se aproximou um pouco de mim para pegar ao arranjo. – Mas eu insisto em pagar depois. Nem que seja com um beijo. –

- Acho que um beijo eu aceito. –

- Te pagaria agora então, mas não posso. Depois eu pago. Com juros. – eu balancei a cabeça sorrindo.

– Pouco sol, mais luz, e poucas regas por semana. Duas ou três vezes na semana é o suficiente, pouca água e tenta molhar apenas a terra. –

- Sim senhorita. Cuidarei muito bem delas. –

- Até sábado. – eu me despedi de Edward e entrei em meu carro indo para casa.

Sexta feira foi um dia insuportável, eu não tinha nada para fazer. Durante a parte da manhã antes do sol ficar mais forte, eu fui fazer o canteiro da senhora Stanley, era um canteiro pequeno debaixo da janela da sala, portanto foi bem rápido de fazer. Havia misturado algumas mudas das cores que eu tinha, das sete cores que existiam, eu tinha apenas quatro, a branca, rosa, amarela e vermelha, e tentando harmoniza-las, eu as misturei criando um canteiro que ficaria colorido e florido logo.

O resto da sexta eu não tinha nada para fazer, eu não precisava fertilizar e nem adubar nada, as podas estavam em dia e as colheitas também, eu não tinha nada para fazer durante o resto da sexta e início de sábado. Bom, fiz a outra coisa que eu mais gostava de fazer: doces! Tanto que quando Edward chegou no sábado, uma parte do jantar já estava adiantada, e eu tinha vários potinhos de vidro com biscoitos, tinha um pão e um bolo feito, além de uma torta na geladeira.

- Olha quem não está usando um terno hoje. – comentei ao abrir a porta e vendo-o com um look mais despojado. – Isso por acaso tem algo a ver com o meu comentário de quinta? –

- Talvez. – admitiu.

- Não espere que eu fique de salto hoje. –

- Se quiser ficar descalça, fique à vontade. – ele levantou uma das mãos mostrando que segurava duas garrafas de vinho.

- Eu disse que não sou de beber. – ele apenas sorriu. – Entra. – e dei espaço para ele entrar. – E bom, como Sue disse, eu tenho plantas em tudo quando é milímetro dessa casa. Não repare. – comentei fechando a porta e ao me virar de frente para ele de novo, ele me beijou. Ainda segurando as garrafas de vinho, ele abraçou a minha cintura e eu apoiei minhas mãos em seu rosto.

- Pagamento pelo arranjo. – falou baixo entre o beijo antes de aprofunda-lo de novo. Ele interrompeu o beijo apoiando a testa a minha. – O que teremos hoje? –

- Vai depender de você. –

- De mim? – perguntou confuso, mas com uma centelha de diversão na voz.

- Do quanto está com disposição para fazer um risoto. – respondi pegando as garrafas da mão dele e segui para a cozinha.

- Me convida para jantar e quem tem que fazer sou eu? – perguntou indignado, porém rindo.

- Eu não tenho força no braço! – me defendi. – Eu deveria fazer mais exercícios físicos, mas sou uma pessoa ocupada. E eu não costumo colocar ninguém para fazer nada da minha casa... Só hoje! – respondi entrando na cozinha.

- Achei que a Sue estava brincando quando disse que você tinha plantas na cozinha. – comentou rindo ao ver a trepadeira que entrava pela janela da cozinha e havia tomado conta de quase duas paredes já.

- Eu sempre coloco um vasinho em algum lugar vazio. – dei de ombros colocando as duas garrafas de vinho em cima da mesa e passando pela porta que dava para a cozinha. – Eu enchi a casa com prateleiras altas para colocar samambaias. – comentei apontando para a parte de cima da parede que separava a sala de jantar da cozinha com uma prateleira com três samambaias. – Mas não se preocupe com isso não, porque tudo é limpinho, não tem terra, folha ou insetos em nada. – garanti e peguei duas taças no armário e voltei para perto dele. – Então, o que quer fazer? – perguntei me sentando na mesa.

- Bom, acho que ainda é cedo. Por que não me amostra o seu jardim botânico? – perguntou abrindo a garrafa de vinho e despejando um pouco nas taças.

- Ok. Vem comigo. – eu desci da mesa pegando a minha taça. Segurei a mão de Edward e o levei para a porta da cozinha. – Aqui saindo pela cozinha nós temos um pequeno pátio com pergolado coberto por trepadeira e um lustre que eu achei no sótão dessa casa depois que eu a comprei, e eu coloquei mesa e essas cadeirinhas aqui porque achei que ficaria muito bonito. Seguindo o caminho de pedras para a esquerda você vai chegar no meu pequeno pomar e na minha pequena horta. E essa mesa e banco estão aqui porque... Porque eu coloquei aqui uma vez quando Alice estava aqui com a minha mãe não último verão e eu simplesmente me esqueci de tirar, e eu acho que nem vou tirar. Só tem que tomar cuidado para as frutas não caírem na cabeça. – comentei e ele riu ainda tendo seus dedos entrelaçados aos meus. – Esse pequeno caminho no meio das árvores nos leva até a minha estufa que eu construí perto do muro no final do terreno. – eu abri a porta da minha estufa e ele entrou para ver. A minha estuga era pequena, em poucos segundos ele deu uma volta por ela antes de sair de novo e nós voltamos para o caminho principal que levava de volta a minha casa. – Aqui, como pode ver, temos o meu arco de rosa trepadeira onde eu taquei um banco no final dele porque era um espaço vazio, segundo a Sue. E aqui. – parei de frente para o lado direito do meu jardim. – É a minha pequena plantação de flores. – eu olhei para ele. – E esse é o meu jardim botânico. –

- Ah até que está organizado. –

- Eu sei. Tenho um pouco de toc quanto a organização. –

- Te vejo morando dentro de uma mata, mas eu gostei. – eu quase me engasguei com o vinho devido a risada que eu acabei soltando. – - Então deixa ver se eu entendi. Fora esse jardim e o da frente, você ainda tem plantas dentro de casa? –

- É. E eu ainda acho que tem pouco espaço. Ainda tem tantas plantas que eu queria e não tenho. –

- Por exemplo. – perguntou.

- Rosa do Deserto, a Glicínia. Eu queria um mini laguinho ou até mesmo uma fonte só para eu tacar Lírios D’Água. Cerejeira. Dália, que muita gente me pede e eu ainda não consegui comprar porque eu não tenho espaço... E algumas outras que eu não me recordo no momento. - 

- Você vai ter que morar em uma fazenda. – comentou.

- Provavelmente. – concordei rindo.

Quando era por volta das sete nós entramos de volta para a minha cozinha para que pudéssemos preparar o risoto, eu já tinha tudo pré pronto, na verdade precisava apenas misturar tudo basicamente, e para aproveitar o clima agradável. Quando eu passei a panela para ele, Edward dobrou as mangas da camisa de botões dele até os cotovelos e dei alguns passos para trás, me sentando em cima da bancada, ficando atrás dele. Eu não podia negar que ele ficava completamente gato com roupas menos formais, principalmente visto de trás. Aquela calça jeans realçava muito bem o seu quadril.

Fui pega em flagrante, como se sentisse meus olhos em sua bunda, ele se virou com a sobrancelha arqueada e para disfarçar eu simplesmente olhei para a trepadeira que entrava pela minha janela virando a taça, que tinha o vinho pela metade, e virei a taça toda de uma vez. Com o risoto pronto, nós aproveitamos que a noite estava fresca e fomos jantar debaixo do pergolado, do lado de fora da casa, e depois de uma rápida limpeza na cozinha, nós voltamos ali para fora com a outra garrafa de vinho.

Edward havia colocado a cadeira bem perto da minha enquanto ficávamos ali mais um pouco debaixo das luzes fracas do lustre. As conversas eram sobre os assuntos mais aleatórios, seguidos por um tempo, às vezes curto às vezes longo de silêncio que não era nem um pouco constrangedor. Durante a conversa, ele mexia em meu cabelo, desde nova eu sentia um pouco de agonia quando alguém mexia em meu cabelo, principalmente próximo a minha nuca, mas com os dedos de Edward mexendo em meus cabelos, eu gostava, causava uns arrepios bons que percorriam principalmente a pele dos meus braços.

Com cuidado, ele puxou minha cabeça para de encontro com a dele, e tomando a iniciativa eu uni meus lábios aos dele. Nossas línguas deslizavam uma contra a outra, em uma dança lenta e gostosa. Eu não sabia qual foi o momento, mas eu troquei a cadeira pelo seu colo, sentando em cima de suas pernas, com meus braços abraçando seu pescoço e com ele acariciando a pele de minha coxa, por baixo do vestido de forma bem lenta, da altura do meu quadril até perto do meu joelho.

E como em um piscar de olhos, eu não estava mais sentado sobre o seu colo, ele havia acabado de me deitar na minha cama, ficando por entre as minhas pernas. A sua camisa havia se perdido no chão do meu quarto junto com os seus sapatos. Ele trajava apenas a sua calça e meu vestido estava embolado na minha cintura. Seus lábios estavam em meu pescoço, minha mão mexia em seus cabelos, puxando-os vez ou outra e com as minhas pernas roçando.

- Para. Para... – falei reunindo as poucas forças que eu tinha para afasta-lo.

- O que foi? – perguntou um pouco arfante.

- É melhor parar. – pedi empurrando-o para o lado, ele deitou na minha cama e eu me sentei abaixando o meu vestido.

- O que eu fiz? –

- Nada. O problema não é você. É que... Eu me apego com muita facilidade as pessoas, e no final acabo sempre me ferrando. –

- Tem medo que eu machuque você. – eu não respondi, até porque não precisava responder.

- Você vai embora em um ano e eu não quero me apegar a alguém e depois ter que vê-la ir embora de novo. –

- De novo? –

- Eu tinha... Eu tinha um namorado no ensino médio. – comentei tirando as sandálias que eu usava e colocava-as no chão. – No final, ele saiu da cidade para fazer a faculdade e decidiu terminar comigo porque eu me recusei a deixar a minha mãe sozinha e ir com ele. –

- Acho que você se livrou. Ele foi egoísta querendo que você deixasse sua mãe sozinha. –

- Esse é o problema. Eu sei disso. Mas mesmo assim, o medo de me apegar a alguém e depois ele resolver ir embora, não me abandona. E eu não estou nem um pouco afim de me apegar a você e depois ter que ver você indo embora. E não negue, você mesmo disse que iria embora em um ano. –

- Mas poderia mudar de ideia sem o menor problema se eu tivesse um motivo para ficar na cidade. – eu virei o rosto o olhando, ele havia se sentado ao meu lado e pegou minha mão, entrelaçando meus dedos aos seus e levando as costas da minha mão até os seus lábios onde depositou um beijo nela.

- O que quer dizer com isso? –

- Quero dizer, Isabella, que você trouxe cor para a minha vida. Antes parecia que tudo era tão preto. – um sorriso brincou em seus lábios. – Mas agora está surgindo alguns focos de cor, e eu quero esses focos cresçam cada vez mais, até a minha vida ficar completamente colorida. Então... – ele se aproximou mais ainda de mim. – Então se você acha que o seu coração está pronto para tentar mais uma vez, eu queria ter a oportunidade de fazer tudo certo. –

- E quanto ao seu coração? Ele está pronto? –

- Eu sinto que está! –

- Sabe que será difícil passar pela minha mãe, não sabe? –

- Enfrentaria qualquer coisa ou pessoa para ficar com você. – eu apoiei a mão em seu rosto e uni meus lábios aos dele. – Me dá uma chance de fazer as coisas certas? – eu assenti concordando e ele roçou seu nariz ao meu. – Então se é para fazer as coisas certas, melhor é devagar, e eu voltar para minha casa. –

- Não é só porque vamos devagar que você precisa ir embora.  Pode ficar aqui e dormir aqui... –

- Se importa então se pegar a minha camisa para que eu possa vestir? –

- Também não precisa colocar a camisa. – comentei e ele riu, me deitando na cama e ficando por cima de mim e unindo seus lábios aos meus mais uma vez.

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