Tulsa – Oklahoma.
2019.
Bella.
O beijo foi interrompido assim que nossos
pulmões começaram a implorar por oxigênio e eu não entendia o porquê de cada
grama dos meus instintos querer ignorar o fato de eu precisar de oxigênio e
querer continuar com meus lábios grudados ao dele. Eu não tinha certeza de em
qual momento foi, mas ele havia me deitado em cima de suas almofadas, que
estavam no chão, e ele estava entre as minhas pernas e meu vestido, que era no
estilo midi, estava todo embolado do meio das minhas coxas até a minha cintura.
Com o beijo interrompido ele apoiou a testa na minha.
- Eu preciso ir embora. – falei baixo, eu podia murmurar que de tão perto que seu rosto estava do meu ele iria ouvir.
- Por quê? – ele devolveu também em um tom baixo.
- Está tarde. Amanhã eu tenho que ir trabalhar... E você também! – ele ficou alguns segundos em silêncio e roçou seus lábios aos meus mais uma vez.
- Tudo bem. Eu te levo. – ele saiu de cima de mim e eu me sentei na almofada, puxando o meu vestido para baixo.
- Não precisa. Eu posso chamar um Uber... – ele não disse nada, apenas se levantou e esticou as mãos para me ajudar a levantar. – Obrigada. – eu peguei meu celular dentro da minha bolsa para chamar um Uber e vi dez ligações perdidas da minha mãe. – Olha que legal, minha mãe ligou e eu não ouvi... Ela provavelmente está entrando em um avião e voltando de tão desesperada que ela é. No Uber eu ligo para ela... – dei de ombros.
- Eu deixo você em casa. Está tarde demais para entrar em um carro de um completo desconhecido. –
- Você bebeu. – lembrei-o.
- Não se preocupe. Estou ótimo. – ele pegou as chaves do carro no bolso da sua calça. Ele tinha uma expressão no rosto que indicava que não importasse a desculpa que eu desse, ele não iria aceitar.
- Então vamos. – eu peguei minha bolsa e daqui a pouco eu ligaria para a minha mãe, antes de falar com ela eu teria que confirmar uma coisa antes. (n/a: se dirigir não beba!)
Enquanto eu ia o seguindo até a porta de sua casa eu mandei uma mensagem para Alice. Oi, minha mãe te ligou? Já era um pouco tarde, mas o visto do seu WhatsApp anunciava que tinha dois minutos que ela tinha olhando o aplicativo. Foi só Edward abrir a porta e Cerberus voltou, depois de um longo tempo quieto, latindo, com muito mais vontade do que quando eu cheguei, e como uma cobra, foi serpenteando entre as minhas pernas, eu não sabia se ele estava tentando me derrubar, até que eu senti sua cabeça encostando na altura de minhas coxas e me empurrando para longe da porta. Ele não queria que eu fosse embora!
- Cerberus, ela tem que ir. – Edward disse tirando-o de trás de mim e ele começou a chorar e aquilo doeu no meu fundo do meu coração. Como se ele se recusasse a aceitar o que seu dono havia dito, ele colocou a boca cheia de dentes na barra do meu vestido e me puxou para longe da porta. – Cerberus! –
- Olha. – eu tirei meu vestido da boca dele e me agachei no chão, sobre meus saltos e segurei a cabeça dele entre as minhas duas mãos, e eu não sabia como aquele cachorro enorme conseguia ter uma carinha tão fofa, e com as orelhas abaixadas, parecia com a expressão de um cachorro que caiu do caminhão da mudança. – Olha Cerberus, eu prometo que eu volto para ficar apenas com você. – eu falava com o cachorro enquanto fazia carinho com meus polegares na cara dele. – E talvez, seu dono, possa levar você para dar uma volta pela cidade... – falei alto para Edward ouvir. – E assim, como quem não quer nada, vocês dois acabem esbarrando em mim... – com um latido que parecia que ele estava animado, isso se ele tivesse entendido o que eu havia dito, ele subiu nas suas patas traseiras, apoiando suas patas dianteiras em meus ombros e encostou a cabeça contra o meu rosto.
- Agora estou surpreso. Ele gostou de você! – eu virei o rosto olhando para Edward. – Ele não gosta de ninguém, não nesse nível. – fiz um carinho em suas orelhas e ele lambeu a lateral do meu rosto.
- Oh. Obrigada Cerberus. Eu também gostei de você... –
- Eu vou pegar um lenço para você, espera um pouco. – rindo, ele seguiu pelo corredor, me deixando sozinha com seu cachorro.
- Vou poder ir embora? – e ele tirou as patas dos meus ombros e se sentou no chão. – Bom menino. Se o seu dono não me convidar de novo eu venho só pra ver você. – falei baixo para Edward não acabar ouvindo e eu me levantei.
- Aqui. – ele voltou com uma caixinha de lenços umedecidos.
- Obrigada. – eu puxei dois lenços e passei no meu rosto onde o cachorro tinha lambido, e graças ao fato de eu usar pouca e quase nenhuma maquiagem, o lenço saiu limpo. – Obrigada. – ele pegou o lenço usado da minha mão e colocou junto a caixa, na mesinha ao lado da porta.
- Depois jogo fora. Vamos. – eu fiz mais um carinho rápido na cabeça de Cerberus e saí de casa com Edward, sentindo um vento fresco me encontrando e fazendo com que todos os pelinhos do meu braço se arrepiassem.
- O tempo esfriou... – comentei comigo mesmo e senti algo apoiando em meus ombros e ao olhar, vi que Edward havia tirado seu paletó e apoiou sobre meus ombros. – Não era necessário. –
- Vamos! – ele destrancou o carro dele com o chaveiro. Ele abriu a porta do carro para mim, e assim que ele fechou a porta, após eu me sentar e colocar o cinto, eu vi que Alice havia respondido Ligou, mas eu estava ocupada e não vi.
- Ótimo. – comentei vendo a mensagem da Alice e digitando o telefone da minha mãe.
- O que? – Edward perguntou entrando no carro.
- Minha mãe não falou com a Alice. – disse simplesmente. – Assim, eu tenho uma desculpa e... – eu ouvi a ligação sendo atendida. – Oi mãe. -
- Por quê não me atendeu? Eu te liguei dez vezes e você não me atendeu. Onde você estava? –
- Eu saí com a Alice. – menti.
- Eu liguei para Alice e ela também não me atendeu. –
- Mãe, ela me chamou para ir ao cinema, nós tiramos o som do celular e não vimos. Ela acabou de me deixar em casa, só agora peguei no telefone. –
- Oh e qual filme vocês viram? – eu odiava quando ela fazia isso, perguntava qual filme eu havia assistido só para confirmar se estava em cartaz.
- Nós íamos assistir Nós. Mas Alice atrasou, como sempre, e perdemos o inicio do filme, então ela me arrastou para ver Dumbo. – menti usando os únicos dois filmes que eu lembrava que estavam em cartaz e eu vi com o canto dos olhos Edward morder os lábios para evitar rir.
- Dumbo? – ela perguntou sem acreditar muito. – Duas garotas de quase trinta anos foram assistir Dumbo? –
- No caso a maioria das pessoas que estavam na sala do cinema aparentavam ter mais de trinta anos. – menti só mais um pouquinho. – Se a senhora não acredita, é só ligar para Alice. –
- Não. Não é necessário. Confio em você. Mas da próxima vez avisa, por favor, fiquei pensando nas piores coisas. –
- Desculpa mãe, não sabia que você iria me ligar, até porque eu já havia falado com a senhora hoje. –
- Tudo bem. Só liguei para saber se você está bem e se alimentando direito. –
- Sim senhora. –
- Então eu falo com você amanhã, meu amor. –
- Até amanhã mamãe. - ela desligou o telefone. – Minha mãe ainda acha que eu sou uma criança. – comentei irritada enquanto digitava uma mensagem para Alice. Se a minha mãe te ligar, nós fomos no cinema hoje à noite, nós íamos assistir Nós, mas você atrasou e para não perder a viagem assistimos Dumbo.
- Dumbo, Bella? – perguntou rindo e parando o carro.
- Dumbo e Nós foram os únicos filmes que eu lembrei que estavam em cartaz. Se ela perguntasse como foi o filme, o que é a cara dela, eu saberia mentir sobre Dumbo. É só falar que não tem nada haver com a animação e que a animação é mil vezes melhor. Essa é a minha resposta para todos os live actions da Disney, menos Malévola. Malévola é maravilhoso! – ele balançou a cabeça rindo e saiu do carro, ao mesmo tempo em que Alice respondeu minha mensagem com Dumbo? emoji de riso Ok.
- Entregue. – ele disse abrindo a porta para mim.
- Não precisa me levar até a porta de casa. – comentei, mas ele apenas deu de ombros. Nós andamos até a porta da minha casa, onde eu a destranquei. – Agora sim entregue. – com a porta destrancada, eu apenas me encostei na mesma ainda fechada, e ele levou a mão ao meu rosto.
- Eu vejo você amanhã. –
- Amanhã? – perguntei.
- Amanhã iremos começar a reformar em um dos prédios ao lado da sua loja, para te livrar logo do problema. –
- Graças a Deus!! Você é um anjo que surgiu na minha vida, não tem outra explicação. – seus lábios se repuxaram em um sorriso e aproximando seu rosto do meu, uniu nossos lábios mais uma vez.
Uma de suas mãos segurou a minha nuca e seu outro braço me abraçou pela cintura e eu o abracei pelo pescoço. O beijo estava mais intenso, um pouco mais urgente, como se um não quisesse se afastar do outro.
- Melhor eu entrar e você ir embora. – falei entre o beijo com meus lábios unidos ao dele. – Antes que eu acabe levando você para o meu quarto. – ele soltou minha boca, seguindo para o meu pescoço, e agora ele abraçava minha cintura com as duas mãos.
- Acredite que eu não iria me importar. – comentou próximo em meu ouvido com a voz rouca, e eu não consegui segurar um gemido baixo, e outro um pouco mais alto ao sentir seus lábios em meu pescoço. – Como eu senti falta desse cheiro. – comentou consigo mesmo de forma quase inaudível.
- O que? – perguntei sem entender e ele se afastou limpando a garganta.
- Nada... – meio sem jeito, limpou a garganta. – Acho melhor eu ir. Você tem que descansar para trabalhar amanhã... E eu também. –
- Então, até amanhã? – perguntei tirando seu paletó e devolvendo a ele.
- Até amanhã. – respondeu sorrindo e uniu seus lábios aos meus bem rapinho. – Durma bem. – ele partiu. Ao vê-lo entrando em seu carro, eu entrei em casa, trancando a porta e me encostando na mesma. Eu ainda conseguia sentir a macieis de seus lábios contra o meus com um leve gosto do vinho que havíamos tomado durante a noite.
Conferindo se a porta principal e a da cozinha estavam bem trancadas, parei na frente da escada e tirei meus saltos e subi as escadas, joguei minhas sandálias dentro do meu armário e fui para o banheiro tomar banho para ir dormir.
O dia seguinte começou como sempre, sem
contar com o fato de que o tempo estava ficando cada vez mais quente, com a
aproximação do verão. Conforme os dias iam ficando mais quentes, a porta da
loja costumava ficar fechada devido ao ar condicionado, deixando-a bem fresquinha,
e nos dias muito quentes, servindo como um refugio para as pessoas que passam
na rua, que entram apenas para se refrescar e acabam levando alguma coisa.
Eu estava sentada na minha cadeira de frente para o meu balcão, o rádio estava ligado em uma estação local, e enquanto eu cantarolava a música de George Michael que soava pela loja, eu montava um pequeno arranjo de suculentas e cactos. As marteladas e serras haviam começado cedo na loja a minha direita, e eu havia deixado o som um pouco mais alto que o normal para poder abafar um pouco a obra, e funcionava, mas quando eles batiam justamente na parede que fazia divisa com a minha loja, pareciam que estavam batendo na minha cabeça.
- I’m never gonna dance again. Guilty feet have got no rhythm... – eu cantarolei baixo a música.
- Bom dia. – eu ouvi a voz de Edward, me assustando e eu dei um pulo na cadeira quase derrubando um vasinho de Echeveria. – Desculpa. –
- Está tudo bem. É que eu não te ouvi entrando. – eu levantei a cabeça o olhando. – Talvez o rádio esteja um pouco alto demais. –
- Desculpa pelo barulho. –
- Eu disse, se for acabar com os meus problemas, os barulhos serão como músicas. – respondi replantando a suculenta. – Deseja alguma coisa? –
- Quer almoçar comigo? –
- Achei que já tínhamos avançado bastante no paisagismo. –
- Eu não te chamei para almoçar comigo para conversar sobre o paisagismo. – eu olhei para ele mais uma vez com a sobrancelha arqueada. – Quero sua companhia. –
- Bella. – eu ouvi meu nome ser chamado alto e eu vi que Jéssica entrava na loja com o seu filho de oito anos e eu respirei fundo.
- Oi Jéssica. – ela se aproximou de mim, deixando o filho solto na loja.
- A minha mãe ligou para você mais cedo, e... Luke, já falei para não mexer em nada... Eu estou em uma correria... Luke! –
- Um minuto. – falei quando ela foi atrás do filho que quase tinha derrubado um vasinho. – Eu já volto. – eu desci do meu banco. - Não o deixa destruir a minha loja. – falei baixo para Edward e entrei no depósito. A mãe de Jéssica havia me ligado mais cedo encomendando um arranjo de Astromélias e havia dito que sua filha viria busca-lo, só não havia dito que Jéssica iria trazer o filho junto. Eu adorava crianças, mas passei a gostar menos depois que Luke destruiu minha loja uma vez que Jéssica nem para repreender o menino. Como a senhora Stanley não havia dito que o neto viria junto, eu já tinha deixado o arranjo montado dentro do vaso de vidro e com água, para evitar acidentes, eu, com todo o cuidado tirei a água do vaso e voltei para frente da loja. – Jéssica. – eu a chamei. – Não demore para entrega-lo a sua mãe porque ela tem que ir para a água logo. –
- Minha mãe disse que já viria com água e... – eu ergui uma sobrancelha. – Luke! - eu assenti. – Ela já deixou pago, certo? –
- Sim, transferência. –
- Obrigada. –
- Cuidado com esse vaso porque se ele quebrar ele corta até a alma. – alertei.
- Não se preocupe. Vem Luke. –
- Qual é a história? – Edward perguntou depois que ficamos a sós de novo e eu voltei a terminar o meu arranjo de suculenta.
- Ano passado, o filho dela veio com ela buscar um arranjo para a avó. Eu e Jéssica estudamos juntas, só que ao acabar o ensino médio ela deixou a cidade para estudar na faculdade e havia voltado ano passado recém divorciada e com o filho de sete anos. Ela resolveu me contar tudo o que ela havia feito nesses últimos dez anos e quando eu percebi o filho dela tinha destruído mais da metade da minha loja. Arrancando pétalas das flores, as folhas, amassando as plantas, tinha quebrado dois vasinhos e um arranjo caríssimo, foi quando eu notei a bagunça. –
- Cobrou dela? –
- Antes de ter a chance ela catou o filho e o arranjo e foi embora. A mãe dela veio um mês depois e eu com toda a delicadeza pedi para não trazer mais o menino e ao explicar ela fez questão de pagar e eu não deixei... – respondi pegando mais um vasinho só que dessa vez com cactos. – Minha mãe me chamou de idiota. E talvez eu tenha sido. Mas, ainda acho que quem tinha que arcar com os prejuízos era a mãe e não a avó. Depois disso, essa é a primeira vez que ela volta aqui, e para ter ficado em cima do menino, era porque a avó deu esporro. – expliquei. – Aposto o que você quiser que aquele arranjo não chegará inteiro na casa dela. -
- Nossa. – eu suspirei. Odiava ver alguém maltratando as plantas. – Ainda não me respondeu. Quer almoçar comigo? –
- Onde? –
- Onde você sugere? Onde você costuma ir, gosta de ir? –
- A maioria das pessoas costumam ir na Sue’s. É muito bom, mas não é nenhum restaurante cinco estrelas. –
- Não ligo. – deu de ombros.
- Deixa só eu terminar isso aqui. – pedi
pegando o último vasinho com cactos.
- Sem presa. É alguma encomenda? – perguntou enquanto eu replantava o último cactos.
- Não. Eu faço alguns arranjos a mais como um jeito de me acalmar ou passar o tempo. Alguns eu mesma levo para a minha casa, outros chega alguém quando eu estou acabando e pergunta se eu vou vender e eu vendo. – dei de ombros. Dessa vez eu não iria precisar de nenhuma pedrinha branca para adornar o vaso já que todo centímetro do vaso havia ficado tampado com alguma suculenta ou cacto. – O que acha? – perguntei virando o prato de frente para ele.
- Ficou muito bom, lindo. –
- Obrigada. Me deixa só limpar a bagunça. – eu tinha um prato para vasos grande do meu lado, onde eu havia colocado todas as suculentas ou cactos que eu usaria e que havia tirando as plantas dos vasinhos dentro dela, o que significava que eu não tinha feito bagunça nenhuma.
Desci do meu banquinho e peguei o prato com resto de terra e vasinhos vazios e segui para o depósito da loja, deixando na mesa que tinha lá atrás e indo até o banheiro para que eu pudesse limpar minhas mãos e tirar quaisquer vestígios de terra das minhas unhas curtas, por mexer com plantas e consequentemente com terra todo santo dia, eu preferia deixar minhas unhas bem curtinhas, mas às vezes ainda ficavam alguns pequenos resquícios. Usei uma escovinha que eu deixo estrategicamente no armário do banheiro para que pudesse limpar bem por debaixo das unhas e dei uma ajeitada no meu cabelo antes de poder voltar para a frente da loja.
- Vamos. – eu peguei minha bolsa debaixo da minha bancada e o meu celular que estava carregando perto da caixa registradora.
- Vamos. – eu passei pelo balcão e ele passou a mão pela minha cintura, me puxando para perto dele e roçando seus lábios aos meus.
- Pelo visto gostou de me beijar. – brinquei sorrindo.
- Não faz ideia do quanto. – comentou baixo antes de aprofundar o beijo. Ele me encostou na minha bancada, ainda mantendo suas mãos em minha cintura. Minhas mãos foram para os seus ombros e dessa vez foi a minha mão se infiltrar no cabelo dele. O beijo foi interrompido com ele mordiscando de leve meu lábio inferior. – Agora nós podemos ir. –
Nós saímos da floricultura e por o restaurante da Sue’s ser perto, em menos de dez minutos andando, nós já estaríamos lá. Ao mesmo tempo em que nós dois havíamos saído para almoçar, eu vi que os funcionários de Edward que estavam fazendo a reforma na loja do lado haviam dado uma pausa para o almoço também. O restaurante da Sue’s tinha mesa do lado de fora, o que era muito bom nos períodos frescos, e foi onde nós preferimos nos sentar na mesa do lado de fora.
- Hoje, quando eu passei por aqui para ir para a loja eu pensei em uma coisa, me dê sua opinião.
- Diga. – respondeu após termos feito nosso pedido.
- Você havia me amostrando ontem o desenho que tinha para o Sue’s, que essa parte que estaríamos seria fechada com um teto e vai ter uma cerca de ferro para separar o restaurante da calçada. –
- Sim. Foi o que eu havia conversado com a própria Sue e ela havia concordado. Qual é a sua ideia? –
- E se substituir a cerca por uma pequena mureta onde poderia virar uma pequena plantação de lavanda e tulipas roxas? –
- Continue. – ele apoiou os dois cotovelos prestando atenção no que eu estava dizendo.
- E ao invés do teto ser de concreto, ser daquelas madeiras... – eu comecei a estalar os dedos tentando lembrar o nome. – Aqueles tetos que as pessoas usam para trepadeira... Eu tenho no meu jardim e eu esqueci o nome... –
- Pergolado? –
- Isso! A pessoa tem uma dessas no jardim e esquece o nome... Só eu mesmo. – resmunguei comigo mesmo. – Continuando. Fazer o teto pergolado e usar Glicínias? É uma espécie de trepadeira, as flores iriam cair no inverno e continuar brotando na primavera, mas mesmo durante o inverno, onde a área externa não seria usada devido ao frio, ainda estaria um pouco coberta pela trepadeira. –
- Se eu imaginei certo. Eu gostei. Não tenho muita certeza do que é essa Glicínia, mas sei o que é uma trepadeira. – e eu balancei a cabeça sorrindo. – Se a Sue concordar, mudo o desenho hoje mesmo. –
- E dependendo da cor que ela for usar na nova reforma, podemos trocar a cor roxa pela rosa, trocar a glicínia pela Bougainville e também é muito bonita... E se as pessoas deixarem eu vou encher essa cidade com Bougainville, se você deixar até a sua casa. – ele se engasgou com a água que bebia por ter começado a rir. – Se bem que eu acho que não vai combinar muito bem com a casa toda preta. –
- Bella querida... – eu ouvi a voz da Sue. – Quanto tempo, menina. -
- Oi Sue. – eu me levantei dar um abraço nela. – Não conta para a minha mãe que eu estou aqui com ele, por favor. – falei perto do ouvido dela bem baixinho apenas para ela ouvir.
- Bella! – ela retrucou com um tom reprovador.
- Depois eu explico. – prometi e voltei a me sentar.
- Estávamos conversando sobre a reforma do seu restaurante. – Edward comentou após eu me sentar.
- Eu amei a ideia que ele teve, menina. Você tem que ver. – comentou puxando uma cadeira e se sentando ao meu lado.
- Ela acabou de mudar minha ideia toda. – ele me entregou e ela riu.
- Eu mudei o material, não o conceito. –
- Qual é o seu conceito então menina? – os dois me encararam.
- Eu sugeri, foi apenas uma sugestão, que ele trocasse as cercas que vão delimitar o terreno do restaurante por uma mureta que vai virar canteiro com tulipas roxas e lavandas. E o teto de concreto poderia mudar para pergolado, onde plantaríamos glicínias. Isso iria depender da paleta de cores que você escolheu. Podemos trocar por Bougainville, ou qualquer outro tipo de trepadeira que preferir. –
- Glicínias não é aquela trepadeira de flor lilás que você é louca para ter e está tentando usar isso como desculpa para comprar uma para você também?
- Talvez. – admiti e ela gargalhou, ela me conhecia muito bem. – Isso se eu arrumar um lugar para colocar ela lá em casa. –
- Não tem mais lugar, Isabella. Todas as paredes da sua casa têm uma trepadeira se eu me lembro bem. Os muros em volta da casa, no telhado e na sacada da sua casa, no pergolado que você fez atrás da casa, você fez um arco de rosa trepadeira em um lugar que estava vazio e colocou um banco de jardim no final. Tem trepadeira na cozinha e na sala também. – eu cobri meu rosto com as mãos. – Você tem planta no banheiro! –
- Elas purificam o ar. – me defendi e os dois riram. – E não tem nenhuma trepadeira na estufa. Ainda! – eles riram mais ainda devido a minha voz saindo abafada.
- O senhor, senhor Cullen, quando acabar de reformar a cidade, podia reformar a casa dela. – eu balancei a cabeça negando. – Está tudo muito bem feito, mas poderia estar um pouco mais organizado. Principalmente o terreno dos fundos. O senhor já viu o terreno dos fundos? –
- Ainda não. – admitiu.
- Ela tem um pequeno pomar, uma horta, uma estufa, e uma relativamente grande plantação de flores. –
- Como você tem tanto espaço assim? –
- A área onde ela mora tinha os maiores terrenos antes que abrirem a nova ala norte, onde estão fazendo as casas mais luxuosas, por assim dizer. Antes ela só tinha o quintal da frente que vinha com o terreno dela. Mas a moradora da casa detrás quis se mudar, vendeu o terreno para a Isabella, ela mandou derrubar a casa e fez o jardim botânico dela. – a Sue explicou.
- Inteligente. – admitiu ele. – Se ela quiser eu organizo o jardim botânico. – se ofereceu.
- Bom, eu vou deixar vocês dois conversando e vou voltar a trabalhar. O almoço de vocês já está vindo. – ela se levantou e colocou a cadeira no lugar. – E Bella... – eu a olhei. – Gostei mais da sua ideia. Faça a ideia dela, por favor. –
- Com todo o prazer. Também prefiro a ideia dela. – ele me encarou sorrindo e eu desviei os olhos para o meu copo tentando não ficar com as bochechas coradas e falhando miseravelmente.
Assim que a Sue nos deixou, o garçom chegou com os nossos pedidos. Durante o almoço, a conversa foi apenas sobre o resto do paisagismo das lojas, eu já tinha até a ideia para a loja da Alice, seria surpresa, mas eu tinha certeza que ela iria adorar. Depois do almoço, e com ele insistindo em pagar a conta, na verdade, com ele pagando a conta quando eu fui até a Sue explicar que sem motivo algum, a minha mãe estava implicando com ele, portanto eu queria que ela guardasse segredo, até porque estávamos apenas conversando sobre trabalho, ele me deixou na floricultura.
- Então... – comecei a falar antes de tirar a placa de fechado da porta da loja. – Pensei que eu poderia retribuir o jantar de ontem. –
- Como? – perguntou.
- Convidando você para ir jantar lá em casa. Talvez no final de semana. –
- Para conversarmos sobre paisagismo? – eu neguei com a cabeça. – Para que então? – eu dei de ombros.
- Por que não deixamos apenas rolar o jantar? Convite de jantar entre amigos... Aí eu posso te mostrar o meu jardim botânico. – brinquei.
- Estou intrigado para conhecê-lo. –
- Sábado? Às 18h? Você até que cozinha bem, poderíamos cozinhar juntos. – sugeri. – Só não marco mais cedo, porque eu fecho a floricultura por volta das quatro e meia. –
- Estarei lá. – meus lábios se repuxaram em um sorriso e eu me aproximei um pouco para unir meus lábios aos dele.
- Chefe. – contudo, o quase beijo foi interrompido por um homem que havia aberto a porta, ela estava destrancada, mas a placa anunciava que ela estava fechada, contudo dava para nos ver através da janela.
- Que? – pelo jeito que havia chamado Edward, era um funcionário dela que fazia a obra na loja ao lado.
- Desculpa interromper. Mas... Achamos mofo preto em uma das paredes. –
- Merda! –
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