segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Capítulo 7


Tulsa – Oklahoma.

2019.

Bella.

Na manhã seguinte eu acordei ouvindo uma voz baixa soando pelo quarto, demorou um pouco até eu me lembrar de que Edward havia dormido aqui comigo, apenas dormido. O quarto ainda estava escuro, portanto não tinha como eu ter plena certeza de se já havia amanhecido ou não. Eu me virei de lado na cama, eu ainda usava o mesmo vestido da noite passada, havíamos conversado até dormir, e eu ainda estava com um pouco de preguiça para levantar da cama.

- Eu falo com você depois. – eu ouvi a voz de Edward se aproximando de mim. – Bom dia minha florzinha. – eu o senti deitar em cima de mim e apoiar seu peso em seus braços ao lado da minha cabeça.

- Bom dia. – ele deu um beijo na minha bochecha. – Acordou a muito tempo? –

- Mais ou menos. – ele deitou ao meu lado na cama, de frente para mim. – Tomei a liberdade de fazer o café da manhã para você. –

- Que fofo. – comentei sorrindo.

- E eu tenho uma noticia um pouco ruim para te dar. –

- Não me fala que tem mofo preto até no teto da loja. –

- Não. Não tem nada haver com isso, além do fato de que amanhã sem falta vão começar a limpeza e a retirada de todo o mofo. – comentou quando eu me levantei da cama coçando meus olhos.

- Então? –

- Eu vou ter que fazer uma viagem para fora do país, resolver uns problemas que surgiram na sede da empresa na Europa. Eu te chamaria para ir comigo, mas não sei se está cedo demais e... –

- E eu nem passaporte tenho. –

- É sério? – eu balancei a cabeça assentindo.

- Nunca deixei o país, nunca deixei a cidade, nunca vi a necessidade de ter um passaporte. –

- Então eu vou pedir para a senhorita providenciar um, porque eu vou querer te levar para fora do país. –

- Para onde? – perguntei.

- Para onde o seu coraçãozinho tiver vontade de ir... – comentou baixo e roçou seus lábios de leve aos meus. – E quando eu voltar, nós vamos ter que viajar.  –

- Para onde e para que? –

- Para onde quem vai me dizer será a senhorita e para que, é para comprar as plantas para o paisagismo. –

- Prometo pesquisar isso durante essas duas semanas que eu terei que ficar em casa sem ter nada para fazer... – eu me deitei na cama. – Me dá uns minutinhos para eu tomar um banho e trocar de roupa? –

- Quantos minutos quiser. Vou terminar a ligação lá embaixo. –

Edward deixou o quarto e eu me levantei fazendo a cama. Eu caminhei até o meu armário pegando uma roupa fresca, um short jeans e uma regata, eu não pretendia sair de casa hoje mesmo. Com a roupa em mãos, fui até o banheiro para que pudesse tomar uma ducha fresca e descendo as escadas logo em seguida.

- Eu chego aí em no máximo dois dias, não se preocupe. – conforme eu ia descendo as escadas eu ia ouvindo a voz de Edward soando da cozinha. – Espero resolver isso em uma semana, pois tenho muitas coisas para resolver aqui. – ao chegar na cozinha, o encontrei na porta que dava para o quintal dos fundos, a mesma estava aberta e ele se encontrava no meio dela, olhando para o lado de fora da casa. – Não esquece de separar o que eu te pedi. – comentou se virando após eu fazer barulho colocando o celular em cima da mesa. – Tudo bem, assim que eu embarcar te aviso. – ele desligou o telefone.

- Já conseguiu comprar a passagem? – perguntei vendo a mesa bem posta com um prato cheio de panquecas no centro da mesa.

- Não. – eu desviei os olhos da mesa e o olhei. – Não preciso comprar a passagem, tenho um jatinho me esperando. E sem comentários sobre eu ser rico! – pediu e eu ergui as mãos ficando quieta. – É brincadeira. – ele se aproximou se mim. -  Bom dia. – desejou segurando delicadamente meu rosto entre as mãos.

- Bom dia. – Edward roçou seu nariz no meu antes de encostar seus lábios aos meus, unindo-os em um beijo lento.

- Ver você dormindo é a coisa mais fofa que eu já vi na minha vida. – comentou e meus lábios se repuxaram em um sorriso enquanto sentia minhas bochechas esquentarem. – Na verdade agora estou indeciso. Não sei o que é mais fofo, você dormindo ou ruborizada. –

- Para com isso... – eu escondi meu rosto em seu peito e o ouvi rindo.

- Tudo bem... Gosta de panquecas? –

- Amo. – respondi. – Então vamos comer. –

Ele me deu mais um beijo e me soltou para que eu pudesse me sentar, Edward, como um perfeito cavaleiro, puxou a cadeira para mim e ainda me serviu com suco de laranja que tinha em minha geladeira, e eu peguei uma panqueca para comer, e bom, ele dizia que não era um dos melhores cozinheiro do mundo, mas essa, era sem dúvida, a melhor panqueca que eu já havia comido na minha vida.

Ao terminarmos o café da manhã, e comigo insistindo em limpar a bagunça, ele me ajudou e na verdade limpou quase tudo sozinho. Infelizmente, após o café da manhã ele precisou ir embora, ele ainda tinha que ir em casa apanhar umas coisas e trocar de roupa antes de pegar o seu jatinho para viajar até a Europa. Depois de ter recebido a notícia de que ficaria quase duas semanas sem a minha loja, eu não sabia o que iria fazer, contudo sabia que passaria um tempo com Edward e isso tirava um pouco do meu tédio. Agora, sem ele, eu não sabia o que iria fazer para passar o tempo.

Após ele ter ido embora eu resolvi ir dar uma arrumada na casa. Ela estava limpa e arrumada, mas mesmo assim eu queria dar uma limpeza nas minhas plantas que ficavam dentro de casa e talvez fazer um novo arranjo para a minha sala e cozinha, e aproveitei também para mudar alguns móveis de lugar, e trocar as cortinas e as capas das almofadas. Eu estava realmente entediada.

Segunda pela manhã, eu havia me esquecido de desligar meu despertador, e as cinco e meia da manhã, ele tocou. Eu só tinha uma mensagem em meu celular naquele horário, que era da minha mãe dizendo que por volta de meio dia, horário americano, ela iria me ligar. Enrolei na cama até por volta das sete até me levantar e ir tomar um banho. Enquanto eu tomava um café, chá com torrada do pão que havia feito na sexta, eu fiquei olhando para o meu jardim, caso eu ficasse em casa o dia inteiro eu iria enlouquecer em pouquíssimos dias, portanto, eu só tinha um lugar para ir. Após tomar meu café e limpar a bagunça. Peguei minha tesoura de poda e fui até meu jardim colhendo algumas peônias e rosas claras e um tom quase branco e usando o material que eu tinha na estufa, montei um buquê e saí de casa com as minhas chaves em mãos.

Eu dirigi até o centro e era estranho não ir até a floricultura em plena segunda feira, mas segui para duas ruas depois da minha floricultura e parei o carro próximo ao parque e desci caminhando até a loja da Alice, ela ainda estava fechada, mas eu sabia que ela já estava lá dentro. Eu mandei uma mensagem a ela, e em poucos segundos ela abriu a porta.

- Bom dia. – disse sorrindo.

- Bom dia. Posso entrar? –

- Óbvio. Entra. – ela me deu espaço e voltou a trancar a loja. – Estou terminando de vestir os manequins para poder abrir a loja. –

- Quer ajuda? Pelo amor de Deus, fala que sim, caso contrário irei enlouquecer ficando em casa sem fazer nada. – comentei indo para perto de seu caixa, onde tinha um vaso de flores, já murchas, que ela havia comprado semana passada.

- Claro que eu quero ajuda. – comentou vendo eu trocar as flores murchas pelo buquê de peônias fresco. – Amei o buquê. –

- Obrigada. Fiz hoje pela manhã. – respondi. – E fico feliz por querer minha ajuda, pois tenho notícias para te dar. –

- Diga. –

- Eu acho... – comecei ajeitando as flores no vaso. – Eu acho que eu estou namorando. – ela parou de colocar a blusa no manequim e me encarou, ela ficou me encarando por alguns segundos pensando se eu iria falar mais alguma coisa ou não, e como eu não soltei mais nem meia palavra, ela largou o manequim e a roupa e veio correndo na minha direção.

- O que? Quem? Como foi isso? Me conta tudo. – pediu parando a minha frente do outro lado do balcão.

- Eu acho, porque até o momento não houve um pedido de namoro, e sim um: Então se você acha que o seu coração está pronto para tentar mais uma vez, eu queria ter a oportunidade de fazer tudo certo, seguido por: Enfrentaria qualquer coisa ou pessoa para ficar com você. E terminando com um: Me dá uma chance de fazer as coisas certas? – contei usando as falas exatas que Edward disse. Eu vi seus lábios se repuxarem e formarem um O perfeito e ela agarrou minhas mãos, me sacudindo um pouco.

- Quem foi que falou isso? – eu apenas a encarei. – Edward Gostosão Cullen? – perguntou e eu assenti. Ela soltou um gritinho animado e começou a pular no lugar. – Me conta tudo. Como isso aconteceu? –

- Lembra que eu havia dito que ele me convidou para jantar com ele na casa dele? – ela assentiu. – Então, no dia seguinte ele me convidou para almoçar com ele na Sue’s, e no final do almoço eu o convidei para jantar comigo no sábado, lá em casa. Ele foi, e depois do jantar nós começamos a nos beijar, do nada eu estava sentada no colo dele e como em um piscar de olhos nós estávamos na minha cama. –

- Vocês transaram? – ela quase gritou.

- Quase. Eu parei antes. Contei que não queria me apegar, eu ainda fico um pouco sentida depois do Eric. Ele super entendeu e disse que ele poderia mudar de ideia sobre permanecer na cidade caso tivesse um motivo. E ele disse que o motivo era eu, que eu estava colorindo a vida dele que antes era completamente preto. –

- Que fofo. – ela sussurrou.

- Mesmo assim ele não foi embora e nós ficamos conversando uma boa parte da madrugada até que dormirmos. Quando eu acordei, ele disse que tinha tomado a liberdade e feito o café da manhã para mim, e meu Deus, as panquecas dele são as melhores que eu já comi na minha vida. –

- O que você está fazendo aqui ao invés de estar com o seu gostosão? – eu suspirei.

- Ele teve que viajar. – respondi. – Aconteceu algum problema na sede da empresa na Europa e ele volta semana que vem. Ele disse que me levaria junto, mas como estávamos indo devagar. E ainda emendou que, quando voltasse de viagem iriamos viajar para comprar as árvores do paisagismo, e eu tenho até que me pesquisar isso antes que eu esqueça, e disse para eu arrumar um passaporte porque ele quer me levar para onde o meu coraçãozinho quiser. Palavras dele! –

- Ele tem um irmão? Se tiver, lembre-se da sua amiga. – eu balancei a cabeça rindo.

- O problema é a minha mãe. Por algum motivo ela não gostou do Edward, surgiu uma implicância com ele que eu não sei explicar. Ela jamais vai aceitar esse relacionamento. –

- Bella, você já tem vinte e oito anos. –

- Mas ela é minha mãe. – apontei.

- Sinto muito amiga. – ela afagou a minha mão. – A sua solução é tentar fazer a sua mãe gostar dele, ou então aceitar ele apenas para que você seja feliz. –

- Isso será algo completamente impossível. Você sabe que quando ela cisma com alguém ou alguma coisa... - eu deixei a frase morrer.

- Mas você gosta dele mesmo? –

- Eu não sei explicar... Eu sinto meu coração bater forte quando estou perto dele, mas é preciso lembrar que eu o conheço a pouquíssimo tempo. –

- Amor à primeira vista é assim que funciona. – deu de ombros.

- Para quem está solteira a mais tempo que eu, sabe muito sobre amor. – ela riu e eu olhei o relógio na parede atrás de mim. – Vamos ao que importa... Não está na hora de abrir? – ela olhou para o relógio também.

- Ai meu Deus, sim... Me ajude a vestir esses manequins, por favor. – Eu peguei as roupas que ela havia colocado debaixo do manequim e o vesti. Devido a conversa que nós duas tivemos, a loja acabou abrindo meia hora mais tarde, mas talvez isso não atrapalhasse em nada.

Eu ajudei Alice o dia inteiro, e havia perdido as contas de quantas vezes eu havia respondido que iria ajudar Alice apenas enquanto minha floricultura estava em reforma, e que não tinha mudado de ramo, largando as flores pelas roupas. Algumas clientes da Alice ainda queriam emendar as compras de roupas com as flores. Algumas queriam fechar um pequeno contrato para eu arrumar seu quintal, ou montar arranjos para alguns jantares. E uma queria conhecer o meu jardim para escolher as flores para um jantar de noivado no próximo final de semana.

A loja de roupa, e todas as lojas da cidade, fechavam ao mesmo tempo, ou seja, no horário de sempre eu estava em casa e amanhã só poderia ir ajudar a minha amiga depois do almoço já que os noivos viriam amanhã por volta das dez da manhã. Para recebe-los bem eu preparei alguns biscoitos.

Na manhã seguinte eles chegaram no horário marcado, e eu já tinha deixado uma jarra com limonada e a bandeja com biscoitos na mesa que eu tinha no meu quintal. Eu fiz um pequeno passeio com eles pelas flores e deixei-os um pouco sozinhos para que pudessem escolher com calma, eu me afastei um pouco e ouvi senti meu celular vibrando no bolso traseiro da minha calça.

- Oi. – eu atendi sorrindo igual a uma boba ao ver o nome de Edward aparecer na tela do meu celular.

Oi florzinha. – eu sorri mais ainda. – Como você está? –

- Ótima e você? –

Melhor agora falando com você. – mesmo através do celular eu senti as minhas bochechas ficando coradas.

- Como foi o voo? –

Longo! E mal pousei em Londres e fui direto para uma sala de reunião. Só agora eu tive tempo para tomar um banho, comer e ligar para você. –

- Então eu acho que você deveria ir dormir e não me ligar. –

Eu posso perder algumas horas de sono para falar com você sem problemas. – eu balancei a cabeça sorrindo. – Está ocupada? –

Um pouco! Um casal me procurou para fazer os arranjos de flores do jantar de noivado deles. Eles estão olhando o meu jardim. – expliquei. – E não se preocupe, eu vou procurar um lugar para irmos ver as árvores do paisagismo. – garanti.

Não se preocupe. Eu confio em você. O que está fazendo para passar o tempo? –

Ontem eu fui trabalhar com a Alice e devo ir para lá de novo assim que eu terminar aqui. E devo fazer isso até ter a minha loja de volta. –

Espero voltar logo para que possa te entrega-la em perfeito estado. –

- Espero também. – eu o ouvi rindo e ao levantar os olhos vi que o noivo me chamava com a mão. – Eu preciso desligar. –

Tudo bem. – eu o ouvi suspirar. – Eu falo com você depois de novo. Beijos.  

Beijos. Vá dormir! – mandei e ele riu de novo.

Eu desliguei o telefone e me aproximei do casal. Eles haviam escolhido lírios e rosas cor de rosa, e seis arranjos. Eles queriam três para a mesa que eles teriam um bolo e mais três para a mesa, que segundo eles, seria uma só. Eu fiz o contrato com eles, confirmando a data e a hora que eu teria que entregar os arranjos e eles se foram comentando que me procurariam para o seu casamento, e eu senti um arrepio percorrer a minha espinha, eu não teria tanta matéria prima para decorar um casamento, e eu sabia disso mesmo sem saber qual seria o tamanho. Eu havia salvo o telefone deles para mandar fotos dos arranjos e para que eles pudessem opinar sobre os vasos que eu iria comprar amanhã.

Deixei minha casa e fui ajudar Alice. O resto do dia em que eu fiquei na loja de roupa, eu me dividi em três, ajudar Alice, entrar em contato com meu fornecedor de vasos e artigos para jardinagem, e começar a procurar por um lugar bom e confiável para que pudesse comprar as árvores e as plantas necessárias para o novo paisagismo da cidade.

Quarta feira eu não pude ajudar Alice na loja, eu teria que ir até os subúrbios de Oklahoma City para ir até o meu fornecedor e jardinagem para ver os vasos. Segundo ele, ele tinha novos vasos que estavam na moda no mundo do casamento. Os noivos haviam me passado qual seria o estilo da festa e as cores, assim ficaria mais fácil para que eu pudesse escolher o vaso que combinasse tanto com a festa quanto com as flores. No final, eu havia escolhido três estilos e fotografado e enviado a eles, para que a decisão final fosse, obviamente, dos noivos. Enquanto eu esperava a resposta deles, resolvi dar uma volta pelo garden, ele não era muito grande, tanto que as árvores ou plantas mais difíceis de encontrar em Oklahoma ele vendia apenas por encomenda, não tinha de pronta entrega na loja, e obviamente eu não pude evitar de comprar algumas mudas novas, que eu ainda não tinha para a próxima estação, ou então mudas de plantas que eu já tinha para que pudesse aumentar meu jardim ou então replantar caso tivesse alguma que já estivesse ficando velhinha.

Eu até o momento eu não havia encontrado nenhum vendedor de árvores, e sem pensar duas vezes eu havia perguntado se Scott, o meu fornecedor, conhecia algum, explicando que haviam me convidado para fazer o paisagismo de algumas partes da cidade. E ele tinha um, o fornecedor dele mesmo, que infelizmente não ficava no estado de Oklahoma, e sim na Louisiana, uma fazenda de árvores, que tinha árvores de várias partes do mundo. Junto com as mudas que eu havia comprado, e com alguns artigos de jardinagem, como terra, fertilizante, ferramentas e alguns vasos novos para mim, e os vasos para o jantar de noivado, ele me entregou um folheto da fazenda, que continha telefone e site na internet. E assim que o carro estava carregado, eu tirei uma foto do folheto e enviei a Edward, antes de ligar o GPS para ver o caminho mais rápido e sem trânsito para casa, principalmente porque o final da tarde já se aproximava e eu queria evitar o máximo possível a hora do rush.

O resto da semana eu havia passado preparando os arranjos para o jantar de noivado que eu teria que entregar no sábado a tarde, e alguns outros arranjos que haviam me encomendado pelo telefone. Eu havia falado com Edward e com minha mãe poucas vezes durante a semana, minha mãe não tinha muitas novidades, apenas ligava para perguntar se eu estava bem e como estavam as coisas aqui, além de falar que ela está bem. Já com Edward, eu falava pouco porque ele estava ocupado com as suas reuniões e eu não queria atrapalha-lo. Ele tinha que trabalhar.

Sábado chegou, eu queria ter ajudado a Alice um pouco mais do que eu consegui, mas o fato de a floricultura estar fechada não atrapalhou muito as vendas, algumas pessoas me ligavam ou mandavam mensagem pedindo um arranjo, eu montava tudo em casa e eles vinham buscar, do mesmo jeito que eu fazia antes de ter conseguido comprar a minha loja. Eu havia feito os arranjos do jantar de noivado, e modéstia a parte, havia ficado lindos. Os vasos de cor rosé ficaram enfeitados com alguns lírios abertos na cor rosa, e alguns lírios ainda em botão, além é claro das rosas de um tom mais claro que os lírios. E para encher mais o vaso, alguns folhas verdes. Com todo o cuidado do mundo eu coloquei os arranjos no chão do carro, era o lugar mais seguro para leva-los, já que não corria o risco de cair do banco e estragar, mas um arranjo havia ficado sem lugar no chão e eu tive que colocá-lo no banco do carona e passar o cinto por ele, tomando cuidado para não amassar nenhuma folha ou flor.

Eu cheguei na casa da mãe da noiva e ela me amostrou as mesas, eram duas mesas de madeira grande com um caminho de mesa branco e nada mais, pelo menos ainda, eles estavam começando a arrumar a decoração. E no mesmo instante que eu havia chegado, chegou o bolo, dois andares todo branco, bem perfeitinho. Mal eu havia arrumado o primeiro arranjo bem atrás de onde o bolo havia sido posto e eu senti meu celular vibrando em meu bolso. Era Edward!

- Não é tarde para estar me ligando? – questionei voltando para o carro para que eu pudesse pegar o próximo arranjo.

Seria se eu ainda estivesse em Londres. – respondeu do outro lado da linha.

- Foi para onde agora? – perguntei apoiando o telefone entre o ouvido e o ombro, dobrando um pouco a cabeça para o lado, e pegando o próximo arranjo, que era um pouco mais pesado, com as duas mãos.

Na verdade eu já estou em Tulsa. – respondeu eu por um breve segundo eu parei no lugar.

- Já voltou? – questionei e foi um pouco difícil de conter a animação em minha voz, mas mesmo assim eu voltei a trabalhar.

Sim. Cheguei ontem de madrugada, e por motivos óbvios eu não te liguei, não queria te acordar, e bom, eu acabei acordando agora. –

- Não iria acordar. – respondi apoiando o arranjo próximo a mesa ao mesmo tempo em que a mãe da noiva passou por mim. – Um minuto. – pedi, ajeitando algumas folhas no último arranjo posto a mesa. – Senhora Miller, eu preciso de água para colocar nos vasos. –

- Oh claro, querida. Precisa de um regador também? –

- Não. O regador eu trouxe. –

- Olha, ali perto da garagem tem uma mangueira e você pode pegar a água lá, eu te ajudo e... – ela olhou para trás de mim. – Isso não vai ficar aí. Um minuto Bella, eu já venho te ajudar. – ela nem me deu tempo de responder e saiu andando. – Eu disse que a caixa de som vai ficar ali a direita... –

- Oi, desculpa. –

Está trabalhando? – perguntou.

Vim entregar os arranjos do jantar de noivado, mas em menos de meia hora eu vou voltar para casa e tentar dormir um pouco. – respondi voltando para o carro para pegar o próximo. – Perdi as contas de quantas vezes eu havia feito e desfeito esses arranjos durante a madrugada. – expliquei.

Se não estiver cansada, queria te ver hoje. – o sorriso em meus lábios se repuxou um pouco mais. Eu também queria vê-lo!

- Foi você quem ficou a semana inteira indo de reunião atrás de reunião. Quem tem que decidir se está cansado ou não é você! – rebati.

Cansado ou não, eu estou louco para ver você. Beijar você, sentir o seu cheiro. – como eu poderia dizer que também estava louca para o mesmo sem parecer atirada demais?

- Então onde nós vamos nos encontrar hoje? Na minha casa ou na sua? –

Pode ser na minha. Vou preparar um jantar bem especial para você. –

- Tentando me conquistar pela barriga? – brinquei arrumando mais um arranjo na mesa.

Mas é óbvio. Vou usar todas as armas que eu tenho. – respondeu rindo.

- Não irei reclamar. Então eu te vejo na sua casa às...? –

Eu posso ir te buscar as sete. –

Não. Não precisa vir me buscar. Eu te encontro lá. Só me manda o endereço. –

Tem certeza? –

- Tenho. –

Despedi-me do Edward e ele ficou de me enviar o seu endereço. Assim que eu desliguei o telefone eu mandei uma mensagem para Alice. Edward voltou de viagem e quer jantar comigo hoje à noite. Preciso de ajuda com a roupa. E não demorou nem dois minutos com ela me respondendo apenas na sua casa às 16h. Guardei meu telefone no bolso mais uma vez e tratei de terminar logo o meu serviço. Eu estava cansada, com uma cara de derrotada, queria dormir um pouco antes de me encontrar com Edward, e quanto mais rápido eu acabasse aqui, mas tempo eu teria para dormir um pouco.

E dito e feito. Em trinta minutos eu havia deixado os arranjos nos lugares e com água, eles foram entregues de forma imaculada, estavam tão perfeitos que, com a permissão dos noivos, eu coloquei as fotos no Instagram da loja. Tratei de voltar logo para casa, assim que havia recebido o resto do meu pagamento, eles haviam feito a transação bancária pelo celular assim que eu havia chegado, e quando saí, confirmei que o pagamento havia caído e fui embora.

Ao chegar em casa, tomei um banho relaxante e usando uma máscara facial que Alice havia me presenteado no último natal, eu deitei na minha cama para descansar um pouco, pelo menos durante o tempo da máscara. Tecnicamente eu havia dormido mais do que o necessário e acordei com Alice me ligando e avisando que já estava vindo para a minha casa, e eu tratei de correr para o banheiro para tirar o creme e torcer para o meu rosto não ter caído. Ela chegou e mal falou comigo e foi direto para o meu armário, procurar alguma coisa, ou melhor, me ajudar a escolher uma roupa.

Alice sempre foi bem espalhafatosa, e o vestido vermelho, que havia ganhando dela no meu último aniversário e usado apenas no Natal, e por insistência dela, já que eu o achava um pouco sexy demais para o meu gosto, foi o escolhido. Não queria parecer muito atirada, mas eu adorava a forma como ele caía em meu corpo, eu só não sabia que estava usando esse vestido em uma ocasião certa, mas me deixei levar pela minha amiga, e coloquei a roupa. O vestido vermelho de alças finas tinha o decote quadrado, era um pouco marcado na cintura e era de tamanho midi, contudo tinha uma fenda do lado esquerdo que ia até a metade da minha coxa, isso porque eu havia pedido para Alice dar uns pontos a mais para fechar um pouco mais a fenda, porque era muito maior ainda. Para não exagerar na maquiagem, igual ao vestido, fiz uma maquiagem mais leve, basicamente apenas um delineado nos olhos e um pouco de rímel e um batom vermelho mais clarinho e deixando meus cabelos soltos, eu estava pronta.

Alice foi embora, ela também tinha que descansar e eu só esperava chegar mais perto do horário para que pudesse ir embora. Eu havia preparado um presente de boas vindas para ele após ter chegado em casa, só esperava que ele não achasse estranho. Faltando meia hora para o horário marcado, as sete, eu peguei tudo o que tinha para apanhar e tranquei a casa e tratei de sair. O caminho era rápido e eu fazia caminhos alternativos para que pudesse evitar o trânsito, quanto menos carros na rua para mim, era melhor. Em vinte minutos eu parei em frente a sua casa, completamente preta, com as luzes todas acessas e desci do carro, pegando tudo o que eu tinha no banco do carona e segui até a sua porta tocando a campainha.

Não demorou muito e eu ouvi Cerberus cheirando por debaixo da porta, sendo seguido pelos passos de Edward e sua voz de veludo mandando o cachorro se afastar da porta. Dei uma última ajeitada no cabelo e no vestido antes que ele pudesse finalmente abrir a porta. Quando a porta se abriu e eu dei de cara com Edward eu senti meu coração batendo um pouco mais forte e uma sensação parecida com asas de borboletas batendo aceleradamente em meu estômago. Ele estava tão gato naquelas roupas um pouco mais despojadas, não era um terno, mas suas roupas despojadas, aquela camisa preta, com as mangas erguidas até os cotovelos e com alguns botões abertos fazia a minha perna tremer. Deus, ele ficava maravilhoso usando preto. Ele me olhou de cima a baixo, e o desespero bateu em minha cabeça ao imaginar que eu não estava usando uma roupa muito apropriada para o jantar.

- Deus, ela está tentando me provocar. Só pode! -

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