segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Capítulo 4

Adhara – Continente de Andrômeda –108 Depois da Conquista.

Pov. Edward.

Toda a noite havia sido um tormento! Eu não sabia se consolava a minha sobrinha ou o meu irmão. Na verdade, após eu ter descoberto como Esme falecera, eu não sabia se sentia tristeza ou raiva pelo meu irmão. Ninguém havia dormido no castelo durante toda a noite. Carlisle preferiu ficar sozinho, velando o corpo de sua esposa e de seu filho, que finalmente havia nascido um menino, mas que morrera poucas horas depois da mãe. Sabendo que Carlisle queria ficar sozinho, resolvi ir ver como Rosalie estava, mas quem atendeu a porta de seu quarto tinha sido Bella, com os olhos inchados e o nariz avermelhado.

- Como ela está? – perguntei baixo.

- Por experiência própria eu sei que ela vai ficar bem, mas ela está inconsolável. –

- Ela conseguiu dormir? –

- O meistre deu leite de papoula a ela, e ela finalmente conseguiu dormir. –

- E como você está? –

- Eu... Eu pensei que eu saberia o que falar a ela, principalmente após ter perdido a minha mãe, mas não... Parece apenas que eu revivi a notícia! – deu de ombros com os olhos marejados.

- Vem vá. – falei em um fio de voz, e ela me encarou sem entender muito, mas quando eu abri os braços, ela se aproximou, deitando a cabeça em meu peito e eu a abracei forte. O abraço que eu não podia dar na minha sobrinha agora, eu dei em Isabella, que retribuiu do jeito mais apertado que conseguia, enquanto se esforçava para não chorar.

- Minha cabeça está ficando leve. – suspirou com a voz baixa.

- Você também tomou o leite de papoula? – ela apenas assentiu enquanto eu sentia o seu corpo começando a ficar leve. – Deixa eu te colocar na cama. – eu passei o braço por baixo de suas pernas, pegando-a no colo e entrando no quarto. Eu a deitei na cama, ao lado de Rosalie, e mal seu corpo repousou na cama e ela estava quase adormecida. Eu ajeitei as cobertas em cima das duas, e dei um beijo na cabeça de ambas, antes de deixa-las sozinhas.

Mal o sol tinha nascido e todos os lordes que estavam no castelo para o aniversário de meu irmão, se reuniram junto a família fora dos muros do castelo para a cremação do corpo da ranha e do bebê. Syrax seria o dragão usado para incendiar a pira. Carlisle não abria a boca, ele não chorava, não demonstrava nenhum tipo de sentimento, ele estava em um completo transe, olhando para o chão, sem ter coragem de olhar para os dois corpos. Isabella estava agarrada a cintura do pai, que lhe acariciava os cabelos, seus olhos continuam inchados e seu nariz avermelhado. Rosalie era a que estava mais longe de todos, ela queria distância, principalmente de seu pai. Ela não sabia como a mãe tinha morrido, havia sido ordem de Carlisle que ninguém contasse a ela, mas de qualquer forma, ela também não tinha coragem de dar a ordem para que Syrax cuspisse fogo.

- Estão todos lhe esperando, princesa. – eu falei baixo ao me aproximar dela. Eu falava bem baixo e na língua morta, apenas para que ela ouvisse e entendesse. Carlisle estava absorto demais para prestar atenção no que eu falava. – Acabe logo com o seu sofrimento. –

- Eu... Eu fico pensando tio. Se... Se nas poucas horas de vida que meu irmão teve... Fico pensando se meu pai encontrou a felicidade verdadeira. –

- Seu pai precisa de você agora, Rosalie, mais do nunca! –

- Mas eu nunca vou ser o filho homem que ele tanto quer. – ela falou com a voz chorosa. Rosalie não falou mais nada, apenas deu alguns passos para frente, olhando para o seu dragão que estava parado no topo que uma pequena colina apenas esperando pela sua ordem.

Ela tentou falar, eu havia percebido, mas a voz não saia de sua garganta, ela apenas olhou mais uma vez para o pai, que continuava parado e em transe. Todos estavam com os olhos presos na princesa, incluindo Syrax. Engolindo tudo o que estava sentindo, ela ergueu a cabeça, engoliu em seco e falou em alto e bom som para que todos ouvissem e sem deixar a voz falhar. – Dracarys. – Syrax desceu um ponto a colina, e esticando o pescoço dourado, ela cuspiu a sua chama amarelada nas duas piras, fazendo com que todos, pelo menos os que estavam mais próximos as piras, virassem o rosto para se proteger do calor de sua chama.

Quando a noite chegou, mais uma vez eu não tinha conseguido dormir. Precisava de um pouco de ar fresco e principalmente ficar longe desse castelo e de pessoas. Portanto, resolvi ir até Caraxes, que estava no Fosso, e decidi monta-lo. Mas quando ele chegou ao céu escuro de Adhara, eu tive uma sensação estranha, como se algo estivesse faltando ali comigo, e sorrindo, eu sabia muito bem o que era, ou melhor, quem era. Voei com o dragão na direção do castelo, indo primeiro para o quarto de Rosalie e notando pela janela, que ela dormia profundamente, provavelmente após ter tomado mais leite de papoula e completamente sozinha. Guiei Caraxes até o quarto de Isabella, vendo pelos vidros, que as velas estavam todas acessas, e que ela estava sentada na cama, abraçando os seus joelhos.

Fazendo Caraxes planar próximo a pequena sacada de seu quarto, eu pulei de seu dorso para a mureta da sacada, descendo logo em seguida, ao mesmo tempo em que ele subiu no céu escuro, se empoleirando no topo da torre, eu me aproximei da porta e bati no vidro. Eu conseguia vê-la pela fresta de suas cortinas, contudo, ela não me via. Provavelmente receosa ao ouvir uma batida vindo da sua sacada, ela não se mexeu, e eu bati de novo. Demorou um pouco até que ela decidisse o que iria fazer, se iria até o corredor chamar o guarda, ou se vinha até a sacada. Ela escolheu vir até a sacada.

- Alteza? – perguntou confusa ao me ver ali, com o capuz da minha capa protegendo a minha cabeça. – Como... Como chegou até aqui? – me encostei na soleira de sua porta apenas erguendo a sobrancelha. – Caraxes! – respondeu a sua própria pergunta. – O que deseja? Caso meu pai lhe veja aqui ele te mata. –

- Acho que todo o castelo está dormindo sobre os efeitos do leite de papoula. – comentei. – E eu vejo que, assim como eu, a senhorita também não consegue dormir. – ela suspirou, eu via em seus olhos o quanto ela estava exausta. – Pensei em respirar um ar mais puro e me afastar por algumas horas dessa corte e do ar que está preso neste castelo. E sobrevoar aqui perto, vi as velas de seu quarto acesas, e fiquei pensando se a senhorita não aceitaria vir comigo. Já que Rosalie está dormindo sozinha e... –

- Ela quis ficar sozinha. – ela me interrompeu. – E eu também não consigo olha-la nos olhos depois do que eu soube! – disse sem jeito.

- Vem ser livre por algumas horas comigo. – convidei-a e seus lábios se repuxaram em um sorriso fraco. – Prometo lhe devolver inteira antes do sol nascer. – ela apenas assentiu. – Pegue uma capa, está um pouco frio. – alertei e ela entrou de novo em seu quarto. Da soleira da porta, eu observava todos os seus movimentos.

Primeiro ela pegou uma capa dentro de seu baú, e em silêncio, começou a apagar mais da metade das velas, deixando pouquíssimas acesas, e trancou a porta de seu quarto. Ela voltou para a sacada, pendurando a capa em seus ombros e amarrando forte o laço. Ao mesmo tempo em que ela fechava a porta da sacada, eu assobiei chamando Caraxes, e não demorou nem dois segundos e ele planou a nossa frente.

Eu subi na mureta da sacada, e estiquei a mão para ajuda-la a subir. Ela respirou fundo e engoliu em seco antes de aceitar a minha mão e subir também. Pedi para que ela não olhasse para baixo, para que não olhasse para lugar nenhum, apenas para mim, mesmo estando escuro, era uma altura considerável para assustar qualquer um.

Caraxes estava de frente para nós, com a sua cabeça próxima a mureta da sacada, como ele precisava de suas asas para plainar, nós precisaríamos subir em seu dorso, pela sua cabeça, mesmo eu admitindo que com ele em movimento era difícil e uma ideia muito absurda. Eu estava colocando-a em um risco completamente desnecessário! Com cuidado, mas de forma rápida, ela conseguiu se sentar na parte de trás da sela, e eu me sentei a sua frente. Dessa vez, eu nem pedi para que ela se segurasse, ela tinha entendido muito bem da primeira vez, e mal eu me sentei na sela, e ela circundou a minha cintura com os seus braços, apoiando o rosto na parte de trás do meu ombro.

Eu guiei Caraxes até a ilha de Dragonstone, era o lugar mais perto que eu tinha certeza que estava vazio. A pequena ilha era quase inabitável, a não ser pelo meistre e os poucos criados que moravam no castelo. Já era muito tarde e tinha pouquíssimas velas acessas na pequena fortaleza incrustada na pedra, a pequena ilha era basicamente iluminada apenas pela luz da lua cheia. Como perto da praia estava muito frio, eu pousei o Caraxes até o cume de uma das montanhas da ilha, já que a mesma era formada apenas por pedras e montanhas. Nós estávamos perto da pequena ponte que ligava a entrada do castelo até a praia, Caraxes não voou de novo, ele apenas deitou na pedra atrás de nós, enquanto nós dois nos sentamos nas pedras olhando para o quase breu a nossa frente, ouvindo apenas as ondas quebrando na praia, o vento frio que passava por nós e a respiração de Caraxes, que estava deitado atrás de nós. O bafo que saia de suas narinas do dragão, conforme ele respirava, era o suficiente para nos aquecer e evitar que tremêssemos de frio.

Bella estava em um completo silêncio desde que deixamos o castelo, eu conseguia vê-la muito pouco graças a luz da lua cheia, algumas poucas e finas mechas de seu cabelo voavam com o vento que vinha da praia, enquanto o resto estava preso debaixo do capuz da capa que ela usava. Ela abraçava os seus joelhos enquanto tinha os olhos presos na água escura, e sua cabeça apoiada em seus joelhos.

- Bella. – eu a chamei após um longo tempo em silêncio. Ela não falou nada, apenas virou o rosto na minha direção. – Você disse que não conseguia olhar para Rosalie, depois do que soube. O que quis dizer com isso? – perguntei e ela virou a cabeça para frente do novo suspirando, mas não antes de notar que seus olhos começaram a lacrimejar. – Bella... – eu a chamei de novo, puxando o capuz de sua cabeça.

- Meu pai me contou como a rainha morreu. – respondeu ainda olhando para frente, e eu fechei os olhos respirando fundo, sentindo uma vontade absurda de socar o Charlie. – E... Eu não consigo olhar para a princesa sabendo disso, do mesmo jeito que não consigo olhar para o rei sabendo que ele ordenou aquilo. – ela falou e eu que a sua voz começava a s e tornar chorosa. – Isso... Isso me deixa completamente apavorada e... – sua voz morreu com o choro, que irrompeu pela sua garganta, e Caraxes, que estava com os olhos fechados, os abriu levantando a cabeça. Eu pouco liguei para a pouca intimidade que tínhamos, e passei os meus braços pelo seu corpo, puxando-a para o meu peito.

- Seu pai precisa entender, que tem coisas que não precisam ser contadas. – disse simplesmente enquanto acariciava o seu coro cabeludo com as pontas dos meus dedos, e via, com o canto dos olhos que Caraxes apoiou a cabeça mais perto de Isabella, era incrível o fato de como ele, mesmo em pouquíssimo tempo, aprendeu a gostar da menina. – E com toda a certeza, o que aconteceu com Esme era uma dessas coisas que não deveriam ser contadas. –

- O senhor faria isso comigo? – perguntou de repente, me pegando de surpresa. – Caso estivesse no lugar do rei e eu no lugar da rainha, teria ordenado que abrissem a minha barriga, mesmo sabendo da hemorragia? – questionou e foi impossível não ficar em silêncio por alguns segundos. Eu jamais quis ter filhos, eu achava crianças insuportáveis, mesmo eu querendo Isabella, tal ideia ainda não havia brotado em meus pensamentos, mas com a sua pergunta, foi difícil não esboçar um singelo sorriso ao imaginar Isabella carregando um filho meu.

- Jamais! – garanti, sendo completamente sincero. – Filho... – suspirei. – Filho eu podia fazer outros, mas arrumar uma esposa igual a você, e que eu realmente gosto, seria algo impossível. –

- Eu fico imaginando e pensando em tudo o que ela deve ter sentido e... –

- Shiu... Não pensa nisso. – pedi abraçando-a mais forte ainda. – Eu tenho certeza de que Carlisle se culpará pelo resto da vida. E... E não é só porque isso aconteceu com a rainha, que vai acontecer com todo mundo. – garanti. – E outra, o seu pai precisa, urgentemente, adquirir bom senso e saber o que deve te contar ou não, e com certeza, isso não é algo que deveria ter te contado. – falei sério.

- Eu estou tão cansada e simplesmente não consigo dormir! – comentou saindo dos meus braços, e para a minha surpresa, ela deitou a cabeça em meu colo, deitando-se na pedra. – E se eu fizer o mesmo que todos no castelo estão fazendo, bebendo leite de papoula até apagar, eu acordo muito pior no dia seguinte. -

- Caso queira, eu posso te levar para um quarto. – sugeri. – As camas do castelo de Dragonstone, não são lá essas coisas, mas com certeza é muito melhor do que essa pedra. – tentei brincar para tentar amenizar o clima pesado.

- Mas se eu for para um quarto o senhor não poderá ir comigo. – apontou aninhando mais ainda a cabeça em meu colo. – O dia de ontem foi tão horrível! – comentou quando eu comecei a massagear o seu couro cabeludo e ela cobriu o rosto com uma das mãos. – Ver a morte do garoto Denali do jeito que foi, e depois o que aconteceu com a rainha... – suspirou. – Se eu fosse um homem igual ao senhor e tivesse um dragão, eu já teria deixado Adhara e talvez até Andrômeda, a muito tempo. –

- Não me dê ideias, que é capaz de eu fazer isso e te levar junto. – tentei brincar para dar uma aliviada na situação.

- Esse seria o seu por mal do: eu vou me casar com ela por bem ou por mal? –

- É! – respondi sinceramente. – A única coisa que me faria desistir desse casamento e de você, seria se você olhasse em meus olhos e falasse que não casaria comigo. Fora isso, eu não vou desistir! –

- Então sugiro que aja por mal! – ela ajeitou mais ainda a cabeça em meu colo, tentando ficar mais confortável. – Meu pai disse que assim que o período de luto passar, ele me casa com o irmão do Denali morto! Mesmo que eu já tenha falado que eu não quero, até porque ele é uma criança ainda, mal tem onze anos. Eu não tenho que querer! Palavras dele. Tenho apenas que obedecê-lo. E completou com um eu prefiro te ver morta do que com esse homem! 

- Vamos esperar o período de luto passar, talvez ele mude de ideia. –

- Ele não vai! – garantiu, tirando a mão do rosto e apoiando em minha coxa despretensiosamente, apenas para apoiar o rosto em cima da mesma. – O senhor disse que só precisava da minha permissão para casar comigo. O senhor a tem! Mesmo eu estando completamente apavorada em ter um filho! – admitiu suspirando.

- Quanto a isso não precisa se preocupar. Caso tenha um filho, eu não vou sair do seu lado desde o primeiro sinal de trabalho de parto. – garanti acariciando o seu braço, por cima do tecido do vestido. – A senhorita não vai fazer o filho sozinha! – eu via que ela se esforçava para manter os olhos abertos. – Pode dormir, eu não vou sair daqui! – prometi e passei um dos braços pela sua cintura, como em um abraço torto, e com o outro eu fiquei mexendo em seus cabelos. Bella ficou em silêncio, por um longo período de tempo, eu deitei a minha coluna para trás, apoiando-a no corpo de Caraxes que estava bem atrás de mim e também fechei os meus olhos, tentando dormir um pouco.

- Eu invejo o senhor algumas vezes. – ela falou de repente, após um longo tempo em silêncio.

- Por quê? – perguntei voltando a afastar a minha coluna do dragão.

- Eis um homem! – disse como se fosse obvio. – Pode fazer o que bem entender sem se preocupar com absolutamente nada. E ainda tem a opção de virar um guerreiro ou não! Nem para a guerra precisa ir, enquanto uma mulher vive uma guerra eterna do dia que nasce até o dia que morre! Como a rainha costumava falar, o quarto é o nosso campo de batalha! Irá sangrar dias durante todos os meses, seu pai é praticamente o seu dono e ele vai te casar com quem ele bem entender, para favorece-lo, pouco ligando se ele será um bom marido ou não, e depois o seu marido vira o seu dono, e depois disso eles começam a cobrar por filhos, e se for menina você ainda é quase apedrejada, sangra enquanto está parindo, e eles ainda esperam que em menos de dois meses você esteja gravida de novo, e se torne uma égua parideira! – eu suspirei, já havia escutado Esme falar isso para Rosalie. – Ninguém vai duvidar da sua palavra! Pode ter quantos momentos de distração que desejar, podendo esquecer completamente quem é, e principalmente sem se importar com as mentiras que vão contar do senhor!  E como eu disse, caso deseje, pode simplesmente ir para qualquer canto dos quatro continentes do mundo conhecido, que ninguém vai lhe virar as costas ou algo pior. E ainda me pergunta, o motivo de eu inveja-lo? -

- A única coisa que eu posso dizer para você é que comigo a sua vida não será essa já escrita por você. Isso eu posso te garantir. Quer ter um filho! Vamos ter um filho! Quer de cinco ou vinte! Teremos os cinco ou os vinte! Não quer ter nenhum, não teremos nenhum! Se for menino, eu vou ficar feliz e se for menina ficarei feliz do mesmo jeito! Eu jamais permitirei que alguém duvide de qualquer coisa que você fale, poderá ter todos e quaisquer momentos de distração caso deseja, que caso alguém invente alguma coisa, será ele quem irá se entender comigo. Eu jamais seria ou agiria como o seu dono, eu quero ser o seu companheiro! E principalmente, sempre que você quiser deixar Andrômeda e querer ir para qualquer canto do mundo conhecido, eu vou te levar. Eu só não faço isso agora porque eu sei que a Rosalie precisa mais de você agora do que de qualquer outra pessoa! – garanti. – Você não precisa me invejar, tenha certeza de que serão as outras mulheres que terão inveja de você, porque comigo você será livre do jeito que tanto quer! – eu notei que ela limpava os olhos, de onde ainda escorriam lágrimas. – Se você quiser, quando a situação melhorar um pouco, nós fugimos de Adhara e nos mudamos para um lugar onde ninguém nos conheça, onde não existem títulos e nem nada! Eu, você, o Caraxes, os nossos filhos, caso você os queira ou só nós três! – ela coçou os olhos suspirando. – Agora pode dormir, meu amor. Como eu disse, eu não vou sair daqui até você despertar. – eu peguei a sua mão, que coçava seus olhos e beijei as costas da mesma, repousando-a próxima a outra e voltando a fazer um cafuné em seus cabelos.

Não demorou muito e ela começou a ressonar tranquila e profundamente. Voltei a repousar a minha coluna contra o dorso quente de Caraxes, e fechei os meus olhos, eu continuei a fazer o cafuné em seus cabelos até que eu pegasse no sono, o que também não demorou muito para acontecer.

x.x.x

Eu despertei no dia seguinte com o sol batendo em meu rosto, quando ele começou a nascer. Meu corpo todo doía devido a noite passada sentado em uma pedra e com a coluna toda apoiada em Caraxes. Isabella continuava dormindo em meu colo profundamente, e se a minha coluna doía, o corpo dela deveria estar completamente destruído. Com todo o cuidado eu comecei a desperta-la com uma leve caricia em seu rosto, tão leve e delicado como um toque de uma pena. Eu não sabia de onde eu havia arrumado toda essa delicadeza, mas Isabella era frágil como uma rosa, e se eu não fosse delicado, eu poderia machuca-la sem querer.

Ela acordou pouco tempo depois do início das carícias e ainda tinha um semblante de sono em seu rosto, que estava um pouco inchado, e a parte que estava apoiada em minha coxa, levemente avermelhada. Bella não comentou nada ao se sentar ao meu lado, mas eu sabia que ela sentia dores nas costas e possivelmente em todo o seu corpo. Eu beijei a sua bochecha avermelhada e ela sorriu para mim.

Nós nos levantamos da pedra e eu vi que ela tentou disfarçar a dor que percorreu pelo seu corpo. Ela subiu em Caraxes e dessa vez achei melhor deixa-la sentada a minha frente, onde eu conseguia segura-la, já que eu temia que caso deixasse-a atrás de mim, ela pudesse acabar adormecendo de novo e na pior das hipóteses caindo.

Caraxes chegou rápido na fortaleza, a cidade já estava acordada e provavelmente os informantes de Charlie também, então eu tinha que ser o mais discreto possível enquanto devolvia Isabella ao seu quarto, levando em consideração que eu tinha um dragão adulto de quase quarenta metros de comprimento. Eu a deixei na segurança de sua sacada, e voltei a montar no dragão, mas não antes de lhe roubar um beijo, e mesmo sonolenta ela riu e o retribuiu. Do dorso de Caraxes, eu fiquei observando-a retirar a sua capa e destrancar a porta, antes de deitar na cama, e foi só aí que eu voltei para o Fosso para deixar Caraxes e para que pudesse voltar para o meu quarto.

x.x.x

Os dias foram passando e aos poucos, mesmo que tudo tinha sido ainda recente, as coisas foram começando a voltar ao normal. Eu não tinha saído com a Bella de novo durante a madrugada, já que a maioria das noites ela estava dormindo no quarto com Rosalie, ou Rosalie estava dormindo em seu quarto. Mas hoje eu planejava sair com ela, eu sei que a princesa precisava da companhia da amiga, mas eu também precisava da companhia de Bella.

E eu tinha um plano para essa noite, do que nós faríamos e, e principalmente, em como faríamos, e tudo precisava ocorrer nos mínimos detalhes certos, sem o menor erro. Eu arrumei uma roupa de pajem, e guardei em uma sacola pequena de couro junto com um pergaminho com o desenho da passagem secreta correspondente com o quarto de Bella, que eu tinha visto quando a busquei em seu quarto com Caraxes. Primeiro eu precisava que ninguém estivesse no corredor de seu quarto, e aproveitando que todos estavam jantando no salão de jantar, ordem do rei querendo que as coisas começassem a voltar ao normal, eu peguei a sacola, com a roupa e o pergaminho e segui para o seu quarto, aquela sacola precisava ficar de um jeito discreto para o caso de Rosalie ou seu pai entrarem no quarto, não percebesse, mas não tão discreto assim para que ela conseguisse encontrar. Eu pendurei nas costas da cadeira em frente a pequena mesa, que tinha no meio do quarto, onde um livro estava aberto.

Antes que alguém me visse ali, eu tratei de sair de seu quarto e segui para o salão de jantar, ela me viu entrando no salão de jantar e olhou na minha direção e eu apenas pisquei para ela.

- Vai direto para o seu quarto. – mexi os lábios na sua direção, aproveitando que Charlie estava absorto em uma conversa com meu irmão, tão absorto que nem me viu chegar no salão de jantar, e Rosalie estava mais preocupada com a sua comida. Ela me olhou confusa e eu apenas pisquei para ela de novo e segui para o meu lugar.

Eu não sabia se ela tinha entendido o que eu tinha dito, e agora eu tinha apenas que esperar. Ao terminar o jantar, eu segui para o meu quarto para me trocar, eu tinha que ficar imperceptível e com roupas simples, e deixando o meu quarto pela passagem secreta que tinha nele, eu fui vestindo a minha capa e colocando o capuz enquanto seguia as tochas do caminho que eu já conseguia muito bem. Eu parei no lugar onde ela deveria se encontrar comigo, e apenas esperava que ela entendesse o recado e que principalmente ninguém encontrasse aquela sacola antes dela, ou então que ela não abrisse aquela sacola na frente de alguém.

Enquanto eu esperava para saber se ela viria ou não, eu via as luzes do castelo começarem a se apagar, as pessoas estavam começando a ir dormir. Já era bem tarde quando eu comecei a ouvir barulhos de passos descendo pelas escadas de pedra e não demorou muito e ela apareceu na minha frente com a roupa de pajem, parecendo mais um menino do que uma mulher.

- O que está inventando? – perguntou sorrindo ao encontrar o meu rosto debaixo do capuz escuro da minha capa.

- Estou te levando para um momento de distração, onde não há títulos e nem nada, mas, para a sua segurança, e melhor você não aparentar a mulher bonita que você é! – ela balançou a cabeça sorrindo ao se aproximar de mim. – Talvez se arrependa dos momentos de distração que Adhara tenha a oferecer! –

- Devo temer o que verei? –

- Provavelmente! – comentei rindo, eu sabia muito bem como era Adhara durante a madrugada. – Mas não se preocupe, que ninguém vai encostar na senhorita! –

- Eu não sei se eu me preocupo com o que verei, com o fato de alguém me fazer algo, ou o que meu pai vai fazer caso descubra. Eu sei que ele tem informantes no castelo e... –

- Por isso você está vestido como um garoto e está deixando o castelo pela passagem secreta. E enquanto você não soltar os cabelos, ninguém vai te reconhecer! – garanti. – Mas caso não queira ir... –

- Não. Eu quero! – falou convicta e eu sorri amplamente.

- E Rosalie? – questionei.

- Ela está dormindo profundamente em meu quarto. Suponho que voltaremos antes de ela acordar?! –

- Então torceremos para que ela acorde apenas junto com o sol! – ela sorriu e eu apontei para o restante do caminho e ela veio andando do meu lado enquanto eu a guiava para o lado de fora dos muros da fortaleza, para a parte da cidade que ficava acordada até o nascer do sol.

Do jeito que ela era baixinha, ela parecia um menino andando ao meu lado, um menino que tinha entre doze e quinze anos, eu puxei o capuz cobrindo mais ainda a minha cabeça, eu seria reconhecido facilmente ali, portanto o meu rosto tinha que estar o mais coberto possível, enquanto ela ninguém reconheceria, apenas os informantes de Charlie, mas enquanto os seus cabelos estivessem presos e ninguém olhasse com clareza o seu rosto, ela estava em segurança!

A baixada das pulgas estava completamente acordada. Pessoas que ofereciam leitura de futuro ou de cartas, em troca de dinheiro, músicos e cantores entoavam suas melodias, uma em cima da outra, homens faziam sexo com prostitutas entre os becos apertados, crianças pregavam peças para roubar as pessoas que caiam em seus truques e brincadeiras. Isabella andava ao meu lado com uma mistura de curiosidade e medo, deslumbre e espanto nos olhos.

- Meu pai vai me matar se souber que eu vim aqui! – comentou rindo e virando o rosto na minha direção enquanto eu pegava o meu pequeno cantil no bolso da minha calça.

- Meu irmão vai me matar se ele souber que eu te trouxe aqui! – rebati rindo e bebendo um gole da cerveja, e por educação eu ofereci a ela. Isabella estava animada até demais, com certeza não pelo o que via, mas provavelmente por se sentir livre fora das amarras e olhos do pai, tanto que sabendo que tinha ali e sem hesitar, ela pegou o cantil e bebeu a cerveja, ela engasgou com o liquido forte, mas do mesmo jeito, bebeu outro gole antes de me devolver.

Ela olhava as coisas de forma tão animada, que ela não prestava atenção em algumas coisas a nossa volta, nos guardas que passavam por nós, ou nas crianças ou adultos que sempre ficavam de olho nas coisas de forma discreta, eu percebia os olhares que as pessoas mandavam para ela, não dava para perceber que ela era uma mulher devido as roupas largas, mas todos os gostos eram encontrados na baixada das pulgas, então eu tinha que ficar de olho vivo nela, e sempre que alguém tentava se aproximar dela, eu a puxava para o meu outro lado, afastando da pessoa, tínhamos que ser discretos, mas eu havia prometido não permitir que alguém encostasse nela.

Nós paramos em um beco onde no final dele havia uma apresentação de teatro, sobre algo que o povo mais amava. Falar mal da família real! O deslumbre que ela sentia se tornou espanto e horror ao ouvir as histórias que inventavam sobre o rei e a sua família, principalmente quando falavam de Rosalie.

- Sabem o que falta para a princesa Rosalie poder ascender ao trono? – o narrador da peça perguntou rindo para os plebeus que assistiam há peça. -Inteligência... E uma piroca! – ele berrou enquanto tirava de dentro das calças um pênis feito de pano, e enquanto a plateia gargalhava, Isabella me olhava assombrada e em choque.

- Como... Como vocês permitem isso? – perguntou quando eu a tirei de lá, antes que aquilo pudesse ficar pior.

- É algo que é difícil de conter Isabella. Pelas leis da coroa os atores tem liberdade de expressão para fazerem o que quiserem. –

- Mas olha o que eles falam de vocês! – suspirei com a sua indignação.

- A peça de teatro é a única coisa que os plebeus tem, basicamente, Carlisle não se importa com o que eles pensam, façam ou atuam, mesmo que falem mal da própria filha. Sempre fizeram peças falando mal da monarquia, e nenhum rei antes do meu irmão se importou com elas, com o que eles pensavam. – deu de ombros. – E, Bella, a maioria das pessoas, plebeus ou lordes, acham que a Rosalie não serve para o trono só porque não é um homem! E tenha certeza que, em menos de um ano, o conselho de Carlisle começará a pressiona-lo para se casar de novo e ter um filho homem, isso, se o seu pai não liderar essa pressão! – admiti.

- Isso é tão ridículo! –

- Eu disse que você iria se arrepender de vir até aqui. –

- Eu não me arrependi. – comentou andando alguns passos a minha frente. – Estou assombrada com muita das coisas que eu vi e ouvi? Estou! Mas arrependida não! Mas também o que esperar de quem viveu praticamente dezoito anos presa dentro da fortaleza de Adhara?! – deu de ombros parando em frente a um vendedor de doces. – Mas de qualquer forma eu só queria uma noite de diversão após todos os últimos acontecimentos terríveis, sem ter que me preocupar com nomes ou títulos. – ela pegou um dos doces e eu sorri internamente.

– Pagando cinco moedas de bronze dá para se divertir em qualquer casa da capital. – ela me olhou assustada e discretamente eu apontei para a rua quase que deserta ao seu lado. – Eu pago para você se quiser! – eu não sabia ao certo se ela entendia que eu estava apenas brincando, provavelmente não já que a sua cara de raiva era algo difícil de ser mentira. Ela jogou o jogo em mim e provando que tinha me entendido, ela foi correndo para a rua deserta.

- Hey, garoto! –

- Deixa que eu o pego. – garanti ao vendedor de doces e corri na direção dela.

Eu conseguia ouvir o riso dela reverberando pelas paredes de pedra dos becos desertos que ela entrava, ela virou a um beco a esquerda e eu parei de ouvir o seu riso e apressei a minha corrida. Ela estava parada no meio do corredor deserto e escuro e um guarda dos mantos dourados, tinha segurando-a e impedindo de continuar correndo.

- Lady Isabella? – como ele estava tão perto dela, ele havia conseguido reconhece-la, eu abaixei o meu capuz e ele me olhou por cima da cabeça dela me vendo. – Toma cuidado garoto, antes que acabe se machucando! – ele a soltou e seguiu o seu caminho e eu puxei o capuz cobrindo a minha cabeça de novo.

- Ele? –

- Ele não vai abrir a boca! – garanti ao me aproximar dela de novo. – Ele fez alguma coisa? –

- Além de ter me reconhecido? Não! – garantiu.

- Se divertiu? –

- Vai saber quando vou experimentar a liberdade de novo. – brincou rindo e um pouco arfante devido a corrida.

Seu rosto estava um pouco rosado, provavelmente pela adrenalina recente, e mesmo com o guarda tendo lhe reconhecido, ela continuava com aquele sorriso maravilhoso nos lábios, que mesmo com aquelas roupas masculinas, ela continuava linda e maravilhosa.  Eu a puxei, de forma talvez um pouco brusca demais, pela sua cintura, para perto do meu corpo, unindo meus lábios aos dela. Meu braço apertava a sua cintura contra o meu corpo e minha mão livre segurava em sua nuca. Seus braços abraçavam o meu pescoço e dando dois passos para o lado, eu a prendi contra a parede.

O nosso beijo era avido, já tinha dias que eu não conseguia ficar perto dela, beija-la então! Eu não via a hora que ela fosse minha finalmente, que assim eu não precisaria me esgueirar pelas ruas da Baixada das Pulgas para poder ter um tempo sozinho com ela, e tampouco tomar cuidado para beija-la e ninguém ver.

- Arrumem um quarto, seus pervertidos! – a voz de uma mulher saindo de trás de mim, fez o beijo ser interrompido, eu olhei por sobre o meu ombro e vendo uma idosa passando com uma bengala na mão.

- Não me dê ideias! – cometei baixo e vi Bella sorrindo, enquanto ainda estava um pouco arfante. – Vem comigo. –

Eu segurei a sua mão e segui o resto do corredor, conforme nos aproximamos do muro do castelo, próximo do portão que era muito mal vigiado, já que levava para o pequeno porto da baía da água negra, eu subi as escadas, conferindo que não tinha nenhum guarda ali, dentre as ameias, os parapeitos, nós tínhamos uma boa visão da vida noturna daquela área da cidade. Pedi que ela me esperasse ali e desci a muralha de novo, indo até um dos bares que estavam abertos e comprando duas jarras pequenas de vinho e voltando para a muralha.

- Está tendo uma boa visão dai de cima? – perguntei encontrando Bella sentada na ameia e tendo tirado a touca que prendia os seus cabelos, deixando-os soltos e balançando a cada brisa que batia.

- Uma visão boa de algo não tão bom assim. – brincou sorrindo. Segurando as duas jarras em uma das mãos, eu subi na ameia ao seu lado, abaixando o meu capuz também. – Cerveja de novo? – perguntou ainda com o sorriso divertido nos lábios quando eu estiquei a jarra para ela.

- Não. Vinho! – garanti.

- Como eu bebo isso? – questionou quando notou que não tinha nenhum copo ou taça. Eu não respondi apenas levei o gargalo até a boca bebendo um gole.

– Aqui não tem modos, etiqueta e tampouco regras! – ela sorriu e levou o gargalo até os lábios sorvendo um gole do vinho, fazendo algumas gotas escorrerem pela lateral de sua boca. Levei meu polegar até a sua mandíbula, limpando as gotas que haviam escorrido e lambendo o meu dedo em seguida. Ainda sorrindo, ela olhava para baixo na rua, como aquela parte da muralha era mal iluminada, nós conseguíamos vê-los lá embaixo, mas eles não conseguiam nos ver aqui em cima. – Qual é o problema? –

- Eu acho engraçado o contraste. – comentou ainda olhando para a rua. – Eles não têm nada e são mais felizes do que quem tem muito. Pelo menos são mais do que eu... Do que eu era! Admito que tem um tempo que eu me sinto feliz presa naquela fortaleza. –

- E eu posso saber quando foi que essa felicidade surgiu? – perguntei e ela continuou sem me olhar, mas eu tinha certeza de que suas bochechas se enrubesceram. – Acho que eu sei quando foi que essa felicidade surgiu! Estais cansada? – perguntei vendo-a beber mais um gole do vinho.

- Não, por que? – questionou bebendo mais um gole e limpando os lábios logo em seguida com os dedos.

- Porque caso estejas cansada eu te levaria de volta ao castelo. –

- E como eu não estou pretende me levar para onde? – perguntou e eu não respondi. – Ainda tem algum lugar onde queira me levar por aqui? –

- Ter até tem! Mas não sei se deveria te levar até lá. –

- Você me trouxe ao centro do antro da baixada das pulgas, não pode ser pior do que isso aqui! –

- Na verdade pode! – ela me olhou com os olhos sobressaltados.

- Sabes que eu sou curiosa! –

- Termine esse vinho enquanto eu decido se te levo lá ou não! –

E eu tinha decidido leva-la, mesmo sabendo que corria o risco de me arrepender, eu a levei. Com as duas jarras de vinho terminadas, eu a ajudei a descer do parapeito e deixamos a muralha, e desviando um pouco das baixadas das pulgas, eu a levei até a rua dos prazeres, uma das ruas que mais tinham bordeis em Adhara, ganhando até da rua da Seda. O local estava cheio, de início achei que ela recuaria e pediria para ir embora ao ver para onde eu estava levando-a, mas pelo contrário, ela andava pelo salão desviando das pessoas que estavam ali, com os outros presos nas mulheres nuas no centro de um pequeno palco realizando alguma performasse sensual.

O barulho que vinha do porão, dos quartos onde as pessoas transavam eram altos. Eu não pretendia fazer nada com ela ainda, mas eu queria que ela entendesse algumas coisas e que sentisse outras. Segurando a sua mão, eu a guiei escada abaixo, saindo do meio daquela multidão. Eu tinha me livrado de minha capa, e ao chegarmos na parte do porão do bordel, eu tirei a sua touca, jogando em cima de uma das mesas junto a minha capa e fazendo os seus cabelos ondulados e castanhos caírem em suas costas. Aqui ninguém a reconheceria, Charlie não tinha informantes em lugares desse tipo.

A parte debaixo era pior do que a de cima, enquanto o salão de cima era de certa forma mais contido, não poderia dizer o mesmo do salão que ficava no porão. Aqui em baixo encontrava-se de tudo. Enquanto andávamos, ela vinha me seguindo em silêncio, mas os seus olhos percorriam todo o lugar de forma apressada, ela não relutou e pediu para voltar, ela apenas segurou a minha mão conforme era convidada para se unir a algumas brincadeiras.

- Que lugar é esse? – perguntou baixo.

- É onde as pessoas vêm para terem o que quiserem. – respondi. Aqui embaixo realmente se encontrava de tudo, ménage, orgias, homem transando com homens e mulheres com mulheres. – Sexo é um prazer! – comentei baixo próximo ao seu ouvido. – Tanto para a mulher como para o homem! – eu a virei de frente para mim, para que ela me olhasse. – O casamento é um dever, sim, mas isso não nos impede de fazermos o que quisermos. – a minha voz saia rouca pela minha garganta enquanto eu roçava o meu nariz ao dela e lhe beijava seus lábios. – De fodermos com quem quisermos. -  andando para trás, eu a pressionei contra a parede de pedra fria, beijando seus lábios de novo, enquanto tinha seu rosto entre as minhas mãos. – A sua sorte, ou melhor a minha, é que você é a única que eu quero foder pelo resto da minha vida. – eu beijei seus lábios, aprofundando o beijo dessa vez e descendo com uma das mãos de seu rosto para o seu corpo.

Um gemido baixo escapou de seus lábios quando eu espalmei a minha mão em seu seio e o apertando de leve. Soltando seus lábios, desci com os meus pelo seu pescoço, abrindo os primeiros botões de sua blusa para que pudesse beijar o seu colo e o topo de seus seios. Pelos deuses, toda a sua pele era macia! Desci mais ainda as minhas mãos pela lateral de seu corpo, e um pouco bruscamente, a virei de costas para mim, levando minha boca ao seu pescoço, e sentindo-a colocar a cabeça para trás, apoiada em meu ombro. Eu tinha o seu quadril bem junto ao meu, ela conseguia sentir a minha ereção tocando em sua bunda. Ela deveria estar tão excitada que não sentiria quase que nenhuma dor e eu poderia simplesmente findar esse martírio para nós dois. Eu abri o botão de sua calça, para poder abaixa-la e fazê-la minha contra essa parede fria.

- Edward. – ela gemeu meu nome baixo próximo ao meu ouvido, e foi como se eu tivesse saído do meu transe sexual. Ela era uma dama, não merecia isso e sim algo muito melhor do que ter a primeira vez em um lugar sujo e com mais gente ao redor e contra uma parede fria.

- Não! – falei sério sabendo que assim eu quebraria o clima de excitação que ela sentia e fechava a sua calça.

- É o que? Por... Por que? Eu... Eu fiz... –

- Você não fez nada! – garanti a interrompendo e inalando fundo o cheiro de seu pescoço. – Você merece algo muito melhor do que isso! E com você eu quero fazer as coisas direito. – Bella virou de frente para mim, e pela luz fraca das velas eu via o seu rosto avermelhado, não era um rubor de vergonha, mas sim de excitação. – Não precisa se preocupar. Eu ainda vou te dar todo o prazer do mundo. – eu falava baixo enquanto voltava a fechar os botões de sua camisa. – Mas não será hoje. – ela ficou na ponta dos pés e roçou os lábios nos meus, talvez em uma tentativa de me fazer mudar de ideia. – Espero que seja logo, porque eu também não aguento mais ter que me conter perto de você. Tenha certeza que quando eu finalmente for fazer você ser minha, nós dois não vamos sair do quarto tão cedo! – comentei roçando o seu nariz e logo em seguida os meus lábios aos dela. – E você ainda vai sentir mais prazer do que eu, tenha certeza disso! – ela não falou nada, apenas me puxou pela minha camisa branca e unindo nossos lábios em um beijo ávido, eu desci com as minhas mãos para a sua cintura, apertando seu corpo contra o meu. Eu não transaria com ela hoje, mas eu podia desfrutar mais um pouco de seu corpo e de sua pele macia. Acariciei a pele de sua cintura, por baixo da camisa que ela usava e descendo com as minhas mãos para a sua bunda, apertando-a com força e fazendo-a arfar alto contra os meus lábios.

Eu segurei a mão de Bella e a tirei daquele bordel e a levei de volta para a muralha com mais duas jarras pequenas de vinho. Nós nos sentamos no parapeito de novo e ela sentou bem perto de mim, apoiando a cabeça em meu ombro e eu passei o meu braço pelos seus ombros. Volta e meia eu roçava meus lábios em seu rosto fazendo-a sorrir para mim. Eu só a levei de volta para o castelo quando o dia estava quase amanhecendo, eu a levei até o seu quarto atrás da passagem secreta por dentro das paredes do castelo, nenhum guarda tinha a visto saindo do quarto, e nenhum a veria entrar. Eu abri a passagem de seu quarto, que saia na parede atrás de sua cama, o quarto estava em completo silêncio a não ser pela Rosalie que ressonava tranquilamente.

- Está entregue e com ela ainda dormindo profundamente. – apontei encontrando-a apoiada na parede fria da passagem. – Infelizmente acho que você não vai dormir muito! –

- Não ligo. – deu de ombros sorrindo. – O senhor disse mais cedo que eu tinha sorte, porque eu era a única mulher com quem queria fazer sexo pelo resto da vida. – comentou quando eu me aproximei dela. – Acho que no momento a sorte está com o senhor. –

- Por que? –

- Porque se Rosalie não estivesse dentro do meu quarto, eu estaria te levando lá para dentro! – comentou sorrindo e eu me aproximei dela, segurando seu rosto entre as minhas mãos.

- Acalme-se, não vai demorar muito tempo até você ser completamente minha! – eu rocei meu nariz ao dela, e ela esticando a cabeça, roçou os lábios nos meus. Nossas línguas se enroscavam uma a outra enquanto o beijo seguia de forma calma, ao contrário dos outros do dia. Eu interrompei o beijo, prendendo o seu lábio inferior entre os meus dentes, puxando-o. – Vai descansar, nós nos vemos amanhã. –

- Até amanhã. – falou baixíssimo roçando os lábios aos meus.

- Quer dar uma volta em Caraxes amanhã a noite? –

- Para onde? – questionou com os lábios ainda roçando aos meus.

- Dragonstone ou para o Vallis. Quer? – perguntei de novo e seus lábios se repuxaram em um sorriso.

- Quero. –

- Depois do jantar eu venho te buscar. –

- Preciso sair do quarto igual um garoto? –

- Amanhã não! – respondi sorrindo. – Agora entra antes que Rosalie acabe acordando. – ficando na ponta dos pés ela beijou-me os lábios antes de seguir para a passagem que dava ao seu quarto. – Durma bem minha Bella. –

- Até amanhã, meu príncipe. – ela sorriu para mim antes de fechar a passagem e me deixar sozinho naquele corredor escuro.

x.x.x

Na noite seguinte, Bella me encontrou mais uma vez no final da passagem secreta e dessa vez seguimos para o fosso, onde eu poderia pegar Caraxes. Nós estávamos voando na direção da Dragonstone quando uma chuva começou a cair de forma forte, e em poucos segundos nós estávamos completamente encharcados. Pousei com Caraxes na praia da ilha da Dragonstone, e para tira-la da chuva, a puxei para dentro da maior caverna que tinha ali próximo a praia, mesma caverna onde Caraxes entrou logo em seguida, obrigando-nos a fazermos alguns contorcionismos para que ele passasse, sem nos acertar.

Ela sentou no chão próximo a onde o enorme dragão tinha se sentado e para nos aquecer eu procurei alguns galhos perdidos e secos dentro da caverna, fiz uma pequena fogueira e usando o fogo de Caraxes, eu a acendi, iluminando e aquecendo tanto a caverna como a nós mesmos em poucos segundos. Sentei-me ao lado de Bella no chão, apoiando as costas no dorso do dragão, e ela se aproximou mais ainda, segurando a minha mão e passando meu braço por sobre os seus ombros e deitando a cabeça em meu peito. E ali, em silêncio, apenas com o som da chuva do lado de fora, o crepitar do fogo da fogueira e a respiração e Caraxes, nós passamos a nossa madrugada, não era muito confortável, mas era melhor do que ficarmos presos dentro do castelo.