Adhara – Continente de Andrômeda –108 Depois da Conquista.
Pov. Edward.
Sete anos tinham se passado desde que meu irmão havia se tornado o herdeiro do nosso avô, e em menos de um ano após o anuncio, meu avô ficou doente, e acabou morrendo logo em seguida, fazendo meu irmão assumir o trono oficialmente. Esme estava grávida pela sétima vez, e todos esperavam que essa gravidez vingasse e que um homem nascesse. Caso Carlisle falecesse sem um herdeiro varão, as chances de eu subir ao trono eram bem grandes, eu queria o trono, mas jamais desejaria tamanha infelicidade ao meu próprio irmão, a única família que eu ainda tinha. O conselho não daria o controle do reino para Rosalie, não havia dado a Gianna há sete anos, não dariam agora a Rosalie. E a outra única pessoa que tinha condições de concorrer comigo ao trono era Alec, o filho de quinze anos, da minha prima Gianna.
Meu irmão havia colocado Jacob como o Mestre das Mares e dos Navios. Charlie havia sido feito Mão do Rei. De início, eu havia ganhado o posto de Mestre das moedas, onde permaneci por quase dois anos, até ter sido transformado em mestre de leis, ficando nesse cargo por menos de um ano. A parte administrativa do pequeno conselho me entediava e isso aumentava mais ainda a raiva que Charlie sentia de mim, e para me manter longe do conselho, ele havia conseguido fazer a cabeça de meu irmão para me colocar como Comandante da patrulha da cidade, os Mantos Dourados, onde eu tinha me sobressaído muito bem, o que na minha singela opinião não havia sido muito inteligente da parte de Charlie, já que eu tinha agora, além de Caraxes, meu dragão e o maior que tinha no Fosso dos Dragões no momento, já que o maior dragão, Vhagar, vivia em uma caverna próximo a costa de Eridanus, ao norte, eu tinha também mais de dois mil homens fortemente treinados sob o meu comando.
Isabella havia crescido e se tornado uma mulher belíssima, dividindo com a minha sobrinha os olhares dos solteiros, e de alguns casados, da corte. O filho do Strong não havia ido atrás dela de novo, e pouco tempo após a minha ameaça ele resolveu deixar a corte. Nettie, a minha esposa, havia falecido há três anos, após cair do cavalo e bater a cabeça, e mesmo com várias pessoas sugerindo que eu me cassasse novamente para que eu pudesse, finalmente, ter os meus filhos, eu recusava. Estava esperando por Isabella, esperando que ela tivesse idade o suficiente para que eu pudesse me casar com ela. Eu sabia perfeitamente bem que ela poderia se casar a qualquer momento a partir de sua primeira menstruação, e deveria esperar até completar os seus quatorze anos para poder dormir com o seu marido, mas eu queria que ela tivesse mentalidade o suficiente para entender o que eu fazia, para entender as minhas atitudes e o motivo delas.
Eu havia tirado o dia de folga hoje da patrulha e tinha decido deixar um pouco o castelo. Já tinha bastante tempo que eu não vinha ver Caraxes, ou voar com ele, e resolvi hoje, um dia que parecia completamente calmo aqui em Adhara, para que eu pudesse fazer isso. Até porque, quando eu montava no dorso de Caraxes, não existia problemas, a menos que eu estivesse com ele em batalha, algo que não ocorria a um bom tempo. Montei em Belfast e cavalguei na direção do Fosso, lugar onde os dragões ficavam protegidos do tempo e eram cuidados para que não ficassem assombrando e matando os gados da população. Estava me aproximando do fosso, quando encontrei Isabella sentada em uma das pedras, próxima a entrada dele, tendo a carruagem de minha sobrinha a alguns metros atrás dela, e tendo um livro em mãos.
- Lady Hightower. – eu chamei a sua atenção e ela se assustou, dando um pequeno sobressalto na pedra, enquanto procurava de onde vinha a minha voz. – Perdoe-me, não queria assusta-la. – pedi desmontando do cavalo, eu passei as rédeas por cima de sua cabeça, e fui me aproximando dela.
- Bom dia alteza. –
- Bom dia. – retribui o seu sorriso. – O que faz aqui? – questionei.
- A princesa está montando em Syrax e pediu para que eu esperasse por ela aqui. – explicou. Um rosnado alto me vez virar os olhos para a entrada do fosso, vendo que Caraxes já me esperava na entrada do mesmo. Eu olhei de Caraxes para a jovem sentada na pedra a poucos passos de mim.
- A... A senhorita já chegou perto de um dragão? –
- Não. – admitiu. – Eu só ando com a princesa, e ela nunca me convidou para me aproximar de Syrax. – explicou.
- Caso não tenhas medo, venha comigo. – convidei-a, esticando a minha mão coberta pela grossa luva de couro. Ela ficou me encarando por alguns segundos até aceitar a minha mão estendida, e eu a ajudei a ficar de pé.
- Eu... Eu não tenho medo. – explicou ajeitando a saia do vestido. – Mas estamos falando de Caraxes. É o maior dragão que existe no fosso, pelo que Rosalie fala. – comentou.
- Comigo ele não irá te machucar. – garanti, desejando estar sem a luva para que pudesse sentir a quentura e a maciez de sua mão. – Quer? – Caraxes rosnou de dentro da entrada do fosso de novo e ela olhou para ele. De longe era possível vê-lo perfeitamente, ele era realmente o maior dragão do fosso, e o segundo maior vivo em Andrômeda, pelo menos que tínhamos conhecimento.
Caraxes tinha uma aparecia temível, dava medo a qualquer um que pousasse os olhos nele, em batalhas ele era formidável, temível e experiente, todas as batalhas que eu, e seu ex montador, meu falecido tio, pai de Gianna, travamos sobre o seu dorso, em todas elas nós tínhamos saído vitoriosos.
- Meu pai vai me matar. – comentou sorrindo para si mesma e olhando para mim de novo. – Eu só não sei se é por eu chegar tão perto de um dragão... Ou por eu chegar tão perto do senhor. – eu acabei rindo.
- Não se preocupe que com o seu pai, eu me entendo depois. – garanti. – Vem? – mexi a cabeça na direção de Belfast e ela assentiu sorrindo animada. Eu tirei o livro de sua mão, jogando para dentro da carruagem que estava aberta, ao mesmo tempo em que o guarda, que deveria estar cuidando dela, se aproximou. – Espere pela princesa, e não se preocupe, pois a lady Hightower eu mesmo levo para o castelo. –
- Sim alteza. – ele balançou a cabeça assentindo, e eu guiei Isabella para perto do meu cavalo.
- Com licença, senhorita. – pedi antes de segurar a sua cintura, e a sentei sobre o lombo de Belfast, montando a sua frente, logo em seguida. – Segure-se firme em mim. – pedi. – Do mesmo jeito que Caraxes é rápido, Belfast também é! – comentei sentindo os seus braços abraçando a minha cintura de forma firme.
Eu segui com o cavalo até o fosso, onde os guardiões dos dragões tentavam segura-lo. Um dos guardiões se aproximou segurando as rédeas de Belfast quando eu me aproximei, e com ele segurando o cavalo, eu desmontei, ajudando Isabella a descer, logo em seguida, e sentindo o cheiro de seus cabelos impregnando em minhas narinas.
- Espere aqui. – pedi e ela assentiu. Eu via que os guardiões não conseguiam controlar Caraxes direito, e eu sabia o motivo, ele ficava muito irritadiço quando ficava muito tempo preso no fosso. Deixei Isabella bem longe do dragão que rosnava para os guardiões. – Hey. – eu atrai a sua atenção. – Calma... – eu me aproximei de sua cabeça enorme, apoiando a minha mão bem perto de sua boca, onde os dentes enormes e afiados estavam a mostra. – Calma. – eu pedi e ele bufou um bafo quente, que acertou em cheio o meu rosto, mas parou de rosnar. – Desculpa ter ficado muito tempo sem aparecer. – pedi. Eu falava com ele na antiga língua de Cária, na língua morta, a única língua que ele conseguia entender, e ele aproximou a cabeça da minha, e eu apoiei a testa contra ela. – Não vou fazer isso de novo, eu prometo. – ele se acalmou. – Eu quero te apresentar uma pessoa. – comentei. – E eu quero que se comporte. – pedi e ele baforou de novo contra o meu rosto. – Comporte-se. – pedi de novo e ele se acalmou. Eu afastei um pouco a cabeça de Caraxes e olhei para a entrada do Fosso, onde Isabella continuava imóvel sem tirar os olhos de mim e do dragão. Ela não parecia assustada ou amedrontada, apenas admirada. – Venha. – eu a chamei no idioma que ela conseguia entender, e ela veio. – Fique calma. – pedi dessa vez a ela. – Não demonstre medo. – ela sorriu.
- Eu não tenho medo dele. – comentou parando ao meu lado. – Provavelmente deveria, mas não tenho. – ela divagou um pouco. - Eu os acho simplesmente fascinantes. – eu tirei a mão da cabeça de Caraxes, eu segurei a sua mão, levando-a até onde a minha estava a poucos segundos, soltando-a ali, para ver a reação dos dois. Os olhos de Isabella brilhavam ao olhar para o dragão, enquanto seus lábios estavam repuxados em um sorriso maravilhoso, conforme ela acariciava as escamas grossas e duras da cabeça de Caraxes. Já ele, virou a cabeça na sua direção, eu estava a postos para tira-la de frente dele, mas ele apenas inalou o cheiro dela e bufou novamente mais uma vez o seu bafo quente sobre o rosto de Isabella, fazendo a rir. – Ele é incrível! – falou admirada, e se fosse possível eu estava mais encantado por ela ainda, ela estava tranquila, com os olhos brilhando ao estar face a face com Caraxes. Ela era a primeira pessoa, fora da família Swan, que chegava tão perto assim dele e se encontrava tranquila e não tremendo de medo.
- Quer dar uma volta? –
- Perdão? – ela me olhou confusa.
- Quer voar nele? – a sua boca se abriu e fechou algumas vezes. – Obviamente não sozinha. –
- Pretende me levar para onde? – eu não respondi, apenas dei de ombros sorrindo para ela, mesmo sem a minha resposta, ela assentiu concordando.
- Caraxes, abaixe-se. – pedi na língua morta e abaixou uma das asas e o dorso. – Venha. – eu subi na asa de Caraxes, guiando Isabella comigo. Ela pisava com cuidado, era a primeira vez em que ela colocava os pés em um dragão, não sabia que as suas asas de couro eram uma das coisas mais fortes existentes no mundo. Eu me segurei na sela e dei mais uns passos para a frente, fazendo menção para que ela se sentasse, e foi quando ela soltou um sorriso divertido.
- Eu estou de vestido. – comentou. Eu tinha entendido o que ela queria dizer, Caraxes não era um cavalo, o qual ela não poderia se sentar de lado. Com cuidado, eu me sentei na sela primeiro e fiquei com os olhos fixos para a frente, enquanto ela se sentava atrás de mim. Ela provavelmente teve que levantar um pouco a saia do vestido para que pudesse se sentar. – O que eu devo esperar? –
- É como andar a cavalo. – dei de ombros. – Talvez apenas um pouco mais brusco. – comentei. – Segure-se. – ela passou os braços pela minha cintura. – Bem firme. – alertei, não porque eu desejava sentir o seu corpo o mais perto possível do meu, mas sim para que ela ficasse bem segura sobre as rédeas. – Caso caía será uma morte terrível. – admiti e eu a ouvi engolir em seco, enquanto grudava seu corpo mais próximo ao meu, e apertava a minha cintura com os seus braços, o mais forte que ela conseguia. – Pronta? –
- Acho que sim. – admitiu.
- Vamos. – Caraxes se pôs de pé, em um solavanco bem brusco, que caso você não se segurasse direito, cairia facilmente.
- Apenas um pouco mais brusco que um cavalo? – perguntou ela quando o animal começou a andar para fora da caverna, e sem conseguir evitar, eu ri.
- Segure-se. – mandei de novo.
- Eu já estou me segurando e... – a sua voz morreu quando Caraxes levantou voo, fazendo um barulho absurdamente alto com as suas asas que cortavam o ar.
Durante a subida, o seu voo era um pouco irregular, podendo causar um pouco de náuseas para quem estava montando em um dragão pela primeira vez. Mas depois que ele se estabilizasse, era um voo mais regular do que um cavalgar de um cavalo ou com o andar da carruagem.
- A senhorita está bem? – perguntei alto por cima do som do vento.
- Eu posso abrir os olhos? – rebateu ela e eu confirmei rindo, e sentindo os seus braços apertando bem mais forte a minha cintura. Agora ela estava assustada! Mas não pelo dragão, mas possivelmente pela altura.
- Pode. – respondi ainda rindo.
- Pelos sete! – exclamou e eu conseguia sentir sua cabeça virando de um lado para o outro, enquanto seus braços continuavam firmes em volta da minha cintura. – Adhara parece tão pequena olhando daqui de cima. – comentou e eu olhei por sobre o meu ombro, encontrando-a olhando para baixo, enquanto sobrevoamos a cidade.
- Depois que você voa pela primeira vez, montar em um cavalo nunca mais será o mesmo. – comentei enquanto tentava me lembrar se eu já a tinha visto montada em um cavalo.
- Eu nunca montei em um cavalo. – apontou. – Meu pai nunca permitiu. Não é para uma dama. – bufou apoiando o queixo em meu ombro. Eu segurava as rédeas de Caraxes com apenas uma das mãos, e a outra eu levei até as mãos de Isabella, que estavam em minha cintura. Acariciei as costas de sua mão, de forma delicada, com o meu polegar que estava coberto pela luva de couro, antes de entrelaçar meus dedos aos dela.
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Um tempo depois, eu pousei com o meu dragão em um pequeno vale, próximo a um pequeno rio. Ajudei Isabella a descer do animal, deixando-o livre para que ele pudesse se alimentar de algumas vacas ou ovelhas que pastavam aqui por perto. Após Caraxes alçar voo novamente, eu pude olhar para ela desde que tínhamos deixado Adhara, seu vestido estava todo amarrotado e seu cabelo todo bagunçado devido ao vento, ela olhava em volta, pelo vale, provavelmente procurando alguma coisa que pudesse dizer onde ela estava.
- Onde estávamos? – perguntou me olhando um tempo depois.
- Em um dos milhares de vales que compõem o Aquilla Vallis. – respondi e ela me olhou confusa.
- De carruagem demoraríamos um pouco mais de um dia de viagem para chegar aqui. – apontou e eu sorri enquanto me livrava de minhas luvas.
- Eu lhe disse. Caraxes é rápido, muito rápido. – apontei guardando as luvas no bolso da minha jaqueta. – O dragão mais rápido do fosso é o da minha prima Gianna, mas Caraxes não fica muito atrás. –
- Eu acredito que agora entenda o real motivo da sua família gostar tanto dos dragões. – comentou olhando para o céu e vendo Caraxes voando alto. – Eles fazem com que vocês se sintam livres. – seus lábios se repuxaram em um sorriso, que não chegou aos seus olhos. – Livres como pássaros, que podem ir para onde bem entenderem. –
- E a senhorita não se sente assim? – ela suspirou e me lançou um sorriso debochado.
- Meu pai é a Mão do rei, acha mesmo que teria como eu me sentir livre? – questionou se aproximando do pequeno rio. – Isso sem contar o fato de eu ser uma mulher! – ela se sentou na beira do rio, pouco se importando se iria sujar o vestido ou não. Eu tentei abrir a boca para comentar algo, mas ela me interrompeu. - Por que me trouxestes até aqui? – perguntou mergulhando as mãos na água do rio, e eu notei um arrepio percorre-las, provavelmente a água estava bem fria.
- Eu queria ficar um pouco a sós com a senhorita. – admiti vendo-a usar as mãos molhadas para ajeitar os cabelos castanhos. Ela não falou mais nada, apenas continuou usando os dedos úmidos para pentear os cabelos e deixá-los o mais arrumado que conseguia. Eu não tinha certeza se ela tinha me ouvido, devido ao barulho da água, de uma pequena queda d´água, que tinha próxima a nós. – Eu... Eu estou esperando muitos anos para admitir que eu possuo sentimentos pela senhorita. –
- Meu pai diz que o senhor não tem sentimentos por ninguém. – comentou molhando mais uma vez as mãos, e provando que tinha ouvido tudo o que eu tinha dito.
- Eu também achava que não tinha sentimentos por ninguém. – admiti. – Mas eu venho nutrindo um pela senhorita desde os seus doze anos. – ela virou o rosto me encarando, e ficou assim alguns segundos em silêncio, até seus lábios se repuxarem em um sorriso de novo, enquanto ela voltava a molhar as mãos nas águas geladas do rio.
- Agora eu entendi. – comentou se levantando enquanto terminava de ajeitar o cabelo.
- O que? – questionei, vendo-a terminar de secar as mãos na saia de seu vestido.
- No vosso aniversário, há sete anos, o senhor perguntou quantos anos eu tinha. E quando eu respondi que tinha doze, o senhor disse que eu era nova demais. – apontou e eu sorri. – E acredito que tenha entendido também o motivo de ter me dado o colar de sua mãe poucos dias depois. – ela se aproximou de mim.
- Muito perspicaz. – comentei e seu sorriso aumentou mais ainda. – Mas sim, foi por volta dos seus doze anos que eu passei a te ver como uma mulher. – eu aproveitei que ela estava bem perto de mim, e levei a minha mão até o seu rosto, acariciando sua bochecha, sentindo a maciez e o calor que emanava de sua pele. – Esperei o tempo que julguei ser necessário para que a senhorita pudesse entender os meus sentimentos e talvez, se os deuses permitissem, as minhas ações. – desci com a mão de sua bochecha para os seus lábios avermelhados.
Isabella não falou mais nada, apenas levou as mãos até a minha, como os seus lábios e a sua bochecha, as suas mãos também eram bem macias. Ela virou o rosto para dentro da minha mão e respirou fundo, a minha mão, e eu por um todo, provavelmente estava com cheiro de dragão, e ela provavelmente também, mesmo assim, ela não parecia se importar, muito pelo contrário, ela respirou fundo contra a palma da minha mão de novo, antes de roçar os lábios ali. Isabella subiu com a minha mão pela sua bochecha, até leva-la para perto da sua nuca.
Com as pontas dos meus dedos tocando em sua nuca, eu a puxei para mais perto de mim, fazendo-a apoiar as suas mãos em meu peito, para evitar o choque entre os nossos corpos, e eu abaixei a minha cabeça para unir os nossos lábios. Com a minha mão livre, abracei a sua cintura fina, apertando o seu corpo mais contra o meu. Eu sentia o meu coração bater mais rápido conforme o nosso beijo se aprofundava cada vez mais, enquanto sentia a sua mão repousando bem em cima de onde o meu coração batia aceleradamente.
Ela não iria se afastar, a sua mão em meu ombro, me provava isso, portanto eu tirei a mão de sua nuca e abracei fortemente a sua cintura com os meus dois braços, algo que eu desejava a bastante tempo. Quando o ar se fez necessário, ela virou um pouco o rosto para interromper o beijo e eu segui com os meus lábios para o seu pescoço.
- Talvez o senhor tenha demorado tempo demais. – comentou com as duas mãos em meus ombros, agora, ao mesmo tempo em que eu chupei bem de leve o seu pescoço.
- O que quer dizer com isso? – questionei com os meus lábios roçando na pele alva de seu pescoço.
- Meu pai vai me casar com o filho dos Denali no próximo mês. – respondeu e eu tirei a cabeça do vão de seu pescoço.
- E a senhorita quer? –
- Eu tenho escolha? – rebateu com as mãos apoiadas em meus ombros e com os olhos presos aos meus.
- Pode dizer sim para mim. –
- Em primeiro lugar, que para eu dizer sim para alguma coisa do senhor, o senhor precisa pedir primeiro. – apontou e eu balancei a cabeça concordando. – E que de qualquer forma, não sou eu quem tem que dizer sim ou não. Quem escolhe é o meu pai. E nós dois sabendo que ele não gosta nem um pouco do senhor. – sua mão deixou o meu ombro e subiu até o meu rosto, acariciando-o com as pontas dos dedos. – E eu não consigo entender o motivo, o senhor é um amor. – um sorriso torto apareceu em meus lábios, com toda a certeza do mundo, ela era a única que pensava isso.
- Só com você! – admiti. - Tenha certeza disso. – ela sorriu descendo com a ponta dos dedos para os meus lábios, acariciando-o bem lentamente e eu beijei os mesmos. – Você entrou na pequena e seleta lista de pessoas com quem eu me importo, junto com o meu irmão e sobrinha. – eu beijei a ponta de seus lábios de novo. – Se você dizer sim para mim, pode ter certeza de que eu vou conseguir convencer o seu pai. –
- Dizer sim a que? – insistiu sorrindo e eu sorri de volta.
- Casa comigo! Eu posso fazer com que se sinta livre! –
- Isso foi uma pergunta? – brincou rindo e eu revirei os olhos.
- Tenha certeza de que se fosse outra pessoa, eu já teria arrancado a sua língua fora. -
- Nossa. Que romântico! – ironizou rindo mais ainda. Ela se apoiou nas pontas dos pés e apoiando os braços em meus ombros. – Caso convença o meu pai, eu lhe digo sim para a pergunta, a qual o senhor não me fez! – eu sorri amplamente. – Isso se conseguir fazer com que o Denali desista do casamento. –
- Isso será o mais fácil. – garanti.
- Sem mata-lo! –
- Não tão fácil assim! – brinquei e ela sorriu. Eu abaixei a cabeça de novo, roçando a ponta do meu nariz ao dela, antes de tomar-lhe os lábios em um beijo ávido de novo.
Nós ficamos naquele vale por mais um tempo, até que eu assobiei chamando por Caraxes, e ele voltou. Dessa vez, ela já estava um pouco mais tranquila com o alçar voo do dragão, e como na vinda, ela apoiou a cabeça em meu ombro enquanto abraçava a minha cintura, ficando em um completo silêncio. Ao mesmo tempo em que o sol começou a se pôr em Adhara, eu pousei com Caraxes no meio do Fosso, onde os guardiões já o esperavam. Eu ajudei Isabella a desmontar e seguimos com Belfast até a fortaleza.
- Se o meu pai me vê nesse estado, amanhã pela manhã, as nossas cabeças estarão juntas e fincadas nas estacas do portão dos Deuses. – brincou enquanto tentava ajeitar o seu cabelo, em vão, que estava todo embaraçado. – Acho que já entendi o motivo da princesa sempre ir montar com os cabelos presos. – brincou e eu ri. – E meu vestido está todo destruído. – comentou ainda sorrindo, ela não parecia se importar nem um pouco com isso. O seu vestido claro estava todo sujo, e com a barra bem esgarçada e suja com um pouco de lama do rio, provavelmente acabou rasgando nos espinhos do dorso de Caraxes.
- Quanto ao vestido, a senhorita não precisa se preocupar, eu lhe presentearei com um novo. –
- Eu não fiz esse comentário esperando ganhar um vestido novo. – comentou me olhando.
- Eu sei! Mas de certa forma, fui eu quem estragou vosso vestido. Infelizmente não do jeito que eu esperava. – suspirei.
- O que o senhor quer dizer com isso? – perguntou confusa e com a inocência transparecendo em seus olhos.
- Nada. – respondi com os meus lábios se repuxando em um sorriso. – Talvez no futuro eu lhe mostre o que eu quis dizer. – comentei olhando-a, e quando ela entendeu a maldade dos meus dois comentários, eu vi seu rosto ficar vermelho vivo, como se estivesse em brasas.
- Eu... Eu preciso me trocar antes que meu pai me veja desta forma... E... E arrumar uma boa desculpa para ter ficado fora de casa durante todo o dia. – ela começara a falar de forma apressada enquanto olhava a sua volta. – Muito obrigada pelo passeio. Eu adorei! E com licença. – ela não esperou que eu falasse mais nada, apenas seguiu na direção das escadas, e tratou de correr para o andar de cima, me fazendo rir.
- Alteza... – eu mal tive tempo de decidir o que eu faria em seguida, quando o subcomandante da guarda da cidade, me chamou.
- O que foi? – suspirou. Ele não respondeu, apenas me segurou pelo cotovelo e me puxou para um canto afastado, e eu não consegui evitar de ficar perplexo com a sua audácia dessa guarda.
- Eu preciso de permissão para fazer uma coisa, a qual, provavelmente resultará na minha exoneração e na pior das hipóteses, em minha morte. –
- Explique-se. – pedi.
- A minha irmã foi quase estuprada hoje pela manhã enquanto fazia compras no mercado. – explicou. – E eu quero a vossa permissão para resolver o problema. –
- Sabe muito bem Calleb, que não podemos agir sem as ordens da coroa. – lembrei-o. – Fale com o seu rei, em primeiro lugar. –
- Ele disse que não podia fazer nada, pois foi apenas uma tentativa. – respondeu entre os dentes. – Isso porque, com todo o respeito, não foi com ninguém da família dele. – ele respirou fundo para se acalmar. – O senhor sabe o quanto de denúncias estamos recebendo sobre assassinato, roubou e estupro e o rei não faz absolutamente nada. – eu suspirei. – Simplesmente, pois não é com a filha e nem com a esposa dele. Então, eu resolvi me espelhar no senhor. O que o senhor faria caso fosse com alguém de sua família ou alguém que o senhor goste demasiadamente? – eu respirei fundo, fechando as mãos em punhos apenas ao imaginar alguém machucando Isabella, eu não entendia qual tinha sido o impulso para ela ter sido a primeira a surgir em minha mente, a primeira e a única, já que minha sobrinha ou cunhada, não haviam passado nem perto.
- Eu mataria o filho da puta. – respondi simplesmente entre os dentes. Eu entendia o que ele queria dizer e sabia que meu irmão e seu mestre de leis não tomavam nenhuma providência. Bom, se eles não tomavam providência nenhuma, tomaria eu. – Reúna os homens. Reúna os nomes dos denunciados. Quando a madrugada chegar, nós vamos atrás de um por um. E não se preocupe com a sua exoneração, eu me responsabilizo. Vai. Não é para mais ninguém saber o que nós vamos fazer. –
- Sim senhor. Com licença. – ele saiu, deixando-me sozinho, e eu decidi ir falar com o meu irmão, eu esperava que ele não estivesse com os seus cachorrinhos, queria falar com ele em particular. E graças aos deuses, quando eu seguei na sala do pequeno conselho, os seus conselheiros já tinham ido embora, principalmente Charlie, a única que havia permanecido na sala era Rosalie, que desde Carlisle assumiu o trono, ela havia se tornado copeira do pai, era raro não a encontrar durante as reuniões.
- Onde estava? – ele perguntou, mal eu entrei na sala. – Estava em reunião e o meu comandante dos mantos dourados não estava presente para me contar como anda a patrulha, mesmo após ter me feito gastar uma enorme fortuna para retreina-los. -
- Em primeiro lugar, ninguém sequer me avisou que teria reunião hoje. – disse simplesmente me sentando em minha cadeira ao seu lado esquerdo. – E em segundo lugar, eu fui dar uma volta com Caraxes. – eu coloquei as minhas luvas em cima da mesa. – E talvez tenha perdido a hora. – dei de ombros. Rosalie se aproximou de mim, com uma taça vazia e uma jarra, ambas douradas, em mãos.
- Sozinho? – perguntou ela derramando um pouco de vinha na taça que ela havia posto a minha frente. Com toda a certeza o guarda que estava com elas no Fosso, lhe contara que Isabella tinha ido junto comigo.
- A senhorita poderia nos dar licença, princesa? O meu assunto com o vosso pai é um assunto de adultos e um assunto particular. – pedi e ela olhou para o pai. Eu não sabia se Isabella contaria o que eu falei com ela, ou o que aconteceu, portanto eu preferia que ela saísse.
- Saía filha, por favor. –
- Sim senhor. Com licença. – ela largou a jarra, na mesa atrás de mim, e saiu da sala, nos deixando completamente sozinhos.
- O que quer? – perguntou usando uma pena negra para escrever algo em um pergaminho, e sem me olhar.
- Decidi seguir o vosso conselho. – disse simplesmente, e ainda com a ponta da pena no papel, ele virou o rosto me encarando.
- Não me diga. – ele finalmente havia largado a pena, ele parecia um pouco divertido, acho que jamais ouviria essas palavras saindo da minha boca, eu também não achei essas palavras sairiam de mim. – Qual? – ele perguntou entrelaçando os dedos enquanto apoiava os cotovelos na mesa, e o queixo nas mãos.
- Casar-me. –
- Com quem? – eu o olhei sorrindo. Ele não lembrava do que eu tinha dito a ele há sete anos? – Por favor, não me diga que é com uma prostituta. – pediu torcendo o nariz.
- Imagina se o lorde Hightower escuta você chamar a filha dele de prostituta. – ironizei pegando o meu cálice e bebendo um gole do vinho.
- Está se referindo a Isabella Hightower? – perguntou assombrado.
- Charlie tem outra filha? – debochei.
- Boa sorte! Ele jamais vai permitir! Você sabe melhor do que ninguém, que ele te odeia, e sabe melhor ainda, que você deu a ele todos os motivos para isso. – eu bufei enquanto ele pegava o seu cálice, bebendo o vinho.
- Eu sei disso. E é por isso que eu quero que você converse com ele. – respondi simplesmente. – Eu já perguntei a ela, e ela aceitou. – ele me encarou espantando por alguns segundos, com o cálice ainda apoiado em seus lábios.
- Quando falastes com ela? –
- Rosalie vai te contar mesmo... – dei de ombros. – Eu a levei para dar uma volta em Caraxes. –
- Ele a aceitou? Permitiu que ela montasse nele? – perguntou agora surpreso, Caraxes tinha a terrível fama de não aceitar mais ninguém perto dele, além de mim.
- Parece até que gostou dela. – admiti. – E outra. Você sempre soube que eu sempre disse que iria me casar com ela. – lembrei-o. – Ela já não é mais uma menina, a muito tempo, até. Mas eu esperei mesmo assim. Então... Eu quero me casar com ela! –
- Ela já está comprometida. Não sei se ela te contou esse pequeno detalhe. –
- Com o filho do nortenho. Eu sei! Meu irmão, ela está comprometida e não casada. Então, até o alto septão os casar, ela ainda é solteira, e esse acordo ainda pode ser desfeito. –
- Edward... –
- Lembra quando você me tacou na guarda da cidade por que Charlie pediu? – perguntei me estressando com as suas esquivas em me ajudar. – Você disse que me deveria, e eu disse que mais cedo ou mais tarde eu iria cobrar. Você lembra de quando me convenceu a me casar com a Nettie, quando o vovô me obrigou e eu não queria? Você pediu para eu fazer a vontade do nosso avô e que você me deveria depois. E eu lhe avisei, que mesmo que demorasse, eu iria te cobrar. – ele suspirou. – Estou cobrando agora! –
- O fato de eu falar com o Charlie, não significa que ele vá aceitar. – apontou.
- Convença-o! – respondi simplesmente. – Do mesmo jeito que você me convenceu a comandar os mantos dourados, ou pior, quando me convenceu a me casar com a Nettie. –
- Edward. Pelo amor dos Sete! Charlie sabe o jeito que você sempre tratou a sua primeira esposa, acha mesmo que ele vai permitir que você despose a filha dele? –
- Em primeiro lugar, eu nunca quis me casar com ela. – falei me levantando da cadeira. – Eu sempre deixei isso muito claro. Se aquele casamento aconteceu foi porque você conseguiu me convencer. – eu respirei fundo para me acalmar. – Eu gosto da Isabella! Nunca fiz e jamais faria qualquer coisa que pudesse machuca-la, e pode ter certeza de que eu mataria quem ousasse tocar em um único fio de seu cabelo. Eu nunca senti nada pela Nettie e tampouco nunca senti nada por ninguém do jeito que sinto por ela. –
- Eu realmente nunca te vi desse jeito. – ele suspirou. – Eu vou falar com ele, mas eu não posso garantir nada. –
- Mas eu, meu irmão, eu posso garantir que eu vou me casar com a Isabella, Charlie permitindo ou não! Ela já aceitou, eu não preciso de aprovação de mais ninguém. –
- Edward, por favor, não comece uma briga onde... –
- Onde o seu amigo vai perder? – provoquei. – É só ele aceitar a vontade da filha! – garanti e para aliviar um pouco mais os ânimos que haviam ficado levemente acalorados. – E Esme, como está? – questionei.
- Você não liga. – resmungou entre os dentes. – Mas está bem! O meistre acha que ela pode entrar em trabalho de parto dentro das próximas semanas. –
- Eu realmente espero que consiga o filho homem que você tanto quer. – ele me saudou com o seu cálice, e virou o resto na boca, enquanto eu deixava a sala.
Eu deixei a sala do conselho, eu tinha que ir para o meu quarto rápido, para que eu pudesse me trocar. A noite já tinha caído há um tempo, e eu precisava me encontrar com o resto dos mantos dourados. Por sorte, quando eu estava subindo na direção do meu quarto, eu acabei esbarrando no costureiro real, que saía do quarto da rainha, a sua barriga tinha crescido mais dessa vez do que das últimas gestações, e provavelmente estava perdendo muito rápido as suas roupas.
Como eu havia dito que presentearia Isabella com um vestido novo, mesmo ela dizendo que não era necessário, eu faria questão de qualquer forma. Chamei-o de canto e exigindo que fosse bem discreto, principalmente com o pai dela, pedi que ele procurasse pela lady Hightower e lhe tirasse as medidas para um vestido, e que depois me procurasse para que eu pudesse escolher o tecido. E além do vestido, pedi também uma roupa de montaria para ela. E que essa parte deveria ser um segredo meu e dele.
Os moradores do castelo estavam jantando no momento em que eu estava me trocando para me justar com o restante dos mantos dourados. Vesti a minha armadura preta e apanhei o meu manto dourado, pendurando-o lateralmente em meu peito. apanhei a irmã sombria, a minha espada de aço cariano, que pertenceu a ninguém menos que Didyme, uma das três conquistadoras de Andrômeda e guardei-a em sua bainha, prendendo-a em minha cintura. Pronto, eu desci as escadas, comeria alguma coisa após a minha ronda pela cidade, quando o castelo estivesse mais vazio, na verdade, ele já estava bem vazio, já que todos os moradores estavam no grande salão ou em seus respectivos quartos, jantando.
- O senhor fica bem com o manto dourado. – a voz de Isabella, que vinha de trás de mim, me fez parar no meio da escada. Eu me virei para onde vinha a sua voz, e a encontrei descendo as escadas tranquilamente até se aproximar de mim.
- Digo-lhe o mesmo sobre vestidos azuis. – comentei vendo-a mais uma vez vestida de azul.
- É a minha cor favorita. – deu de ombros parando no degrau a cima do meu.
- Não era para estar jantando? –
- E estava. No quarto da princesa. Meu pai está com os reis e o meu irmão ainda não voltou de Oldtown ainda. – deu de ombros. – Está de ronda está noite? –
- Sim. – respondi. Não era mentira, mas ela não precisava saber o que eu planejava fazer. – Vou manter a cidade segura para a senhorita. –
- Alguém precisava fazer isso mesmo, sinceramente. – comentou colocando as mãos nos bolsos da saia de seu vestido. – Está se tornando difícil andar pelas ruas sem ser assediada por um homem. –
- Quem? – questionei sério.
- Eu não sei. – deu de ombros. – A cidade inteira? –
- Alguém em especifico lhe fez alguma coisa? –
- Não. – respondeu rápido e eu olhei sério para ela. – Ninguém me fez nada. – garantiu. – Provavelmente porque eu estava sempre com a princesa e com os guardas? Provavelmente! – respondeu torcendo o nariz. – Se bem que... Teve um homem, certa vez... – ela balançou a cabeça como se quisesse se esquecer do que tinha acabado de lembrar.
- Quem e o ele fez? – ela não respondeu. – Quem, lady Hightower? – insisti e ela suspirou.
- Teve um certo dia, eu tinha deixado a princesa com Syrax e enquanto eu aguardava por ela, resolvi andar pelas ruas do mercado, como sempre fiz. O escudo juramentado da princesa, me acompanhou por ordem dela, ele me deixou em uma das lojas de tecido próxima ao Fosso, quando foi chamado por outros guardas. Ele disse que se ausentaria por alguns minutos, e pediu que eu esperasse por ele ali. – ela não olhava para mim, apenas para o chão. - E foi quando eu notei, um tempo depois, um homem me observando pela vitrine da loja, não tinha mais ninguém ali dentro, além do próprio dono. – ela engoliu em seco. – Eu devo ter ficado quase duas horas esperando o sor Paul voltar ou então aquele homem ir embora e eu poder regressar ao Fosso. Mas ele não ia. – ela falou em um fio de voz. – Até que o próprio dono o percebeu e o mandou embora. Ele o chamou de Amun, e pelo que eu ouvi, ele já tinha feito isso outras vezes, ficar vigiando as mulheres dentro daquela loja, e com a ordem do dono, ele partiu. Pelo menos foi o que eu achei. – ela ajeitou os cabelos soltos e devidamente penteados, colocando-os atrás das orelhas, enquanto continuava a olhar para o chão. – Eu achei que ele tinha ido embora, e achei que o sor Paul tinha se esquecido de mim ou que algo muito sério tinha acontecido. Resolvi deixar a loja e voltar ao Fosso, era um caminho perto, que eu já tinha percorrido algumas vezes, só que duas esquinas depois de ter deixado a loja, eu percebi que ele estava me seguindo. Eu perdi as contas de quantas esquinas tinha virado, e acabei me afastando do fosso, tentando despista-lo. Sor Paul me achou um tempo depois perto da baixada das Pulgas! Dias depois, estava nas ruas com o meu pai, quando eu voltei a ver o tal homem, ele trabalhava na rua da farinha, em uma padaria... Tinha o símbolo de uma rosa, caso eu não esteja enganada. – ela suspirou finalmente me olhando. – Eu falei com o meu pai e não adiantou de nada. – ao encontrar os seus olhos, eu notava resquícios de medo e tristeza, mas mesmo assim ela sorriu, ela continuava sendo a mulher doce e amável que era quando criança, mesmo com alguém lhe fazendo mal, ela conseguia encontrar um jeito de sorrir. – Ele... Ele provavelmente não fez nada porque o sor Paul apareceu. – mas o seu sorriso não chegou aos seus olhos e tampouco conseguiu esconder a voz que havia se tornado um pouco chorosa.
- E seu pai? Ele não falou nada? –
- Ignore. – respondeu simplesmente. – Se ele não fez nada não há crime. Ele podia apenas estar indo pelo mesmo caminho que você. – respirei fundo apertando o pomo da espada. – E eu ainda saí como a errada por ter saído andando pelas ruas sozinha! Disse também, que da próxima vez que eu inventasse algo desse tipo, ele me trancaria em Oldtown! – ela tentou engolir em seco, como se quisesse engolir o bolo que se formara em sua garganta. – Acredito que ele só não fez isso da primeira vez porque os reis e a princesa interviram. –
- Me promete uma coisa? –
- O que? – perguntou e eu me aproximei mais um pouco dela, mesmo ela estando parada um degrau acima do meu, eu ainda ficava um pouquinho mais alto que ela.
- Se alguém, qualquer pessoa, fizer alguma coisa com a senhorita, qualquer coisa, me fala! Não perde tempo indo falar com o seu pai ou com o rei. Fala comigo! Eu posso resolver! Eles não! – garanti. – Promete? – perguntei sendo ousado e tocando em sua bochecha.
- Prometo. – ela continuava sorrindo, mas eu ainda via a centelha de medo em seus olhos, e a odiava ver ali.
- Eu não vou deixar ninguém machucar você! – garanti, acariciando de leve a sua bochecha.
- Ah não? – questionou se aproximando um pouco mais de mim, nossos rostos estavam bem próximos, e em questão de segundos eu poderia unir os meus lábios aos dela. Ela tinha tentado disfarçar o seu desconforto e mudar o tom da conversa. – Vai ser o meu Escudo Juramentado? – perguntou com um tom de provocação na voz, quando minha mão saiu de sua bochecha, seguindo para a sua nuca.
- Caso a senhorita aceite, eu não vejo problema nenhum. –
- Mas até onde eu saiba, são pessoas da minha classe que se tornam escudo juramentado dos monarcas, não ao contrário! –
- Eu juro fidelidade a quem eu quiser. – respondi trazendo a mão para frente de seu rosto, apertando bem de leve o seu queixo entre o meu polegar e indicador. Ela não falou nada, apenas tomou a iniciativa e aproximou a cabeça da minha, roçando os lábios aos meus, mas o som de passos descendo as escadas, fez com que o beijo fosse interrompido e nós nos afastamos o tanto que julgamos ser o certo. Um dos guardas do rei, desceu as escadas.
- Boa noite alteza. – ele fez uma reverência a mim antes de se virar para a Isabella. – Boa noite senhorita! –
- Boa noite! – ela respondeu e ele continuou a sua ronda pelo castelo. - Acho que está na hora de eu voltar ao meu quarto. Está na hora de ir dormir! –
- Lhe desejarei algo que eu nunca desejei a alguém. Tenha bons sonhos. – ela sorriu. – Pode dormir tranquilamente enquanto eu mantenho a cidade segura para a senhorita. –
- Boa noite alteza. – ela se virou e subiu dois degraus, antes mesmo que eu pudesse continuar a descer, ela voltou para perto de mim. – Posso pedir um favor? –
- A senhorita? Todos! –
- Para de me chamar de senhorita. – pediu. – Me chama de Bella! –
- Bella? –
- Era como a minha mãe me chamava, e eu gosto! –
- Tudo bem. Bella! – falei e seus lábios se repuxaram em um sorriso lindo. – Eu gostei! Boa noite, minha Bella! –
- Tente voltar inteiro! – pediu sorrindo e ela voltou a subir alguns degraus, e eu desci alguns. – Boa noite... Meu príncipe. – sua voz me fez parar mais uma vez e eu me virei para olha-la. ela subia as escadas sorrindo e quando ela saiu do meu canto de visão, eu desci.
Eu segui para fora do castelo, onde eu costumava me reunir com os guardas, o castelo estava quase que em completo e absoluto silêncio, e a cidade também, a não ser por algumas pessoas que ainda andavam pelas ruas. Ao chegar ao corredor, onde os guardas já me esperavam, eu podia ouvir o que o subcomandante comentava com ele.
- Silêncio para o comandante. – ele falou alto o suficiente para que todos os homens ali ouvissem.
- Muito bem. Suponho que Calleb já tenha explicado o motivo de eu ter reunido todos vocês aqui esta noite. – me virei para ele. – Já passou os nomes? –
- Sim senhor! –
- Ótimo. – eu tinha as minhas duas mãos para trás, enquanto andava de lado para o outro na frente deles. – Quando eu me juntei a patrulha, vocês pareciam com cães indisciplinados e perdidos. Agora, são uma matilha de cães de caça, satisfeitos e honrados com a caçada. – eles uivaram em resposta. – A cidade do meu irmão, a nossa cidade, caiu na miséria. Os crimes prosperam e ninguém faz nada. Mas a partir desta noite, Adhara aprenderá a temer a cor dourada! E saberá que todas as suas ações terão consequências. Se os diplomatas não fazem nada! Nós faremos! – eles festejaram. – Os únicos que deverão ser punidos são os nomes que Calleb lhes passaram. Nenhuma mulher, criança, idoso ou homem que não constar naquela lista poderão ser tocados. E caso algum de vocês, pensem em tocar em alguma mulher sem permissão, ou pegar alguém que não conste naquela lista irá se ver comigo. – fiz menção para que o portão fosse aberto e eles saíram para a cidade escura. Quando Calleb passou por mim, eu o impedi.
- Comandante? –
- Às vezes você ajuda o sor Paul com a proteção da princesa Rosalie, não é? –
- Sim senhor, em quase todas as vezes em que ela vai ao Fosso, por quê? –
- Estava junto quando, após deixaram a princesa no Fosso, sor Paul deixou a senhorita Hightower em uma loja de tecidos? – ele pensou um pouco.
- Sim. – respondeu após longos segundos pensando. - Nós a deixamos em uma das lojas da rua das Irmãs, e a encontramos horas depois próxima a baixada das pulgas. Ela disse que um homem a perseguia. –
- Viu o homem? –
- Sim! Ele fugiu ao ver a guarda! -
- Saberia reconhece-lo? – ele assentiu. – Ótimo. Atrás dele! E esse é meu! – falei entre os dentes e ele assentiu.
Eu soltei e ele seguiu com os outros soldados. Ele tinha a própria justiça para fazer, e eu tinha uma! Eu saí do corredor caminhando atrás dos nomes que lhe foram passados. Com os barulhos dos gritos, as pessoas começaram a vir para a rua ver o que estava acontecendo. Os guardas pegavam os criminosos, alguns de dentro de suas próprias casas, e gritavam seus crimes, para quem estivesse por perto, soubesse o que estava acontecendo. Os acusados de roubo tinham uma das mãos cortadas. Os estupradores eram castrados e os assassinos eram mortos.
Eu estava parado no meio da praça, via algumas pessoas abismadas com os atos e outras festejavam os castigos que as pessoas estavam recebendo. Calleb apoiou a mão em meu ombro, chamando a minha atenção, e mostrou o homem que era trazido para perto de mim, por dois guardas que seguravam os seus braços. Era Amun, ele tinha me garantido isso. Eu puxei a irmã sombria da bainha presa em minha cintura, e caminhei na direção do homem, que começou a berrar ao ver o tamanho da espada negra em minhas mãos. Ele se debatia fortemente para tentar escapar, mas os dois guardas, eram mais fortes que ele, e não foi nem um pouco difícil lhe cortar a cabeça.
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