segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Capítulo 3

Adhara – Continente de Andrômeda –108 Depois da Conquista.

Pov. Edward.

Eu só voltei ao castelo quando o sol já tinha nascido. Eu estava imundo, completamente imundo, minha armadura e minhas mãos estavam sujas de sangue, e ele estava quase que completamente seco. Eu precisava me limpar antes que alguém me visse. Quer dizer, eu precisava me limpar antes que a Bella me visse, ela não precisava ver o meu lado, eu tinha a completa noção de que ela sabia da existência desse lado, obviamente o seu pai falava mal de mim para ela, mas ela não precisava ver esse lado, principalmente tão cedo.

- O que aconteceu com o senhor? – contudo, a minha pressa de ir para o quarto, me fez não prestar atenção em quem passava por mim, e ao ouvir a voz de Rosalie, eu apenas desejava que Isabella não estivesse junto, mesmo eu sabendo que isso era impossível, já que as duas viviam grudadas. E ao levantar a cabeça, eu pude ter certeza de que as duas viviam juntas, Isabella estava com ela e vendo o meu pior lado. – Isso é sangue? – perguntou assombrada.

- É. – respondi e notei que os olhos de Isabella completamente arregalados. – Mas não é meu! – eu não sabia se isso melhorava ou se piorava a situação.

- Mas... –

- Alteza. – ela foi interrompida pelo lorde Hightower.

- Lorde Hightower. – ela cumprimentou Charlie, que apenas passou o braço pela cintura da filha de forma protetora.

- Bom dia alteza. Bom dia, minha filha. –

- Bom dia, papai. – ele beijou a têmpora da filha.

- Alteza. – ele se virou para mim. – O rei deseja vê-lo. – anunciou.

- Tudo bem, eu vou apenas me limpar e já o encontro. –

- Imediatamente! – ele nem permitiu que eu terminasse de falar. – Agora! – eu não consegui evitar bufar.

- Com licença senhoritas. – eu desviei dos três, ignorando completamente a presença do lorde Hightower e segui o meu caminho até a sala do conselho, todos já estavam lá ao meu aguardo, com exceção de meu irmão e obviamente Charlie, que, conhecendo-o bem como eu conhecia, ele faria uma entrada dramática ao lado do meu irmão.

Eu sabia sobre o que seria a conversa, então eu concordava com a não presença de Rosalie nessa reunião. Todos os outros mestres do conselho ficaram encarando o sangue em minhas mãos e armadura, enquanto eu ignorava os olhares de todos e caminhava até a mesa, próxima a janela, e enchi até a borda, um cálice com vinho, eu estava faminto, mas deveria esperar mais tempo para me limpar ou comer. Com a taça cheia em mãos, eu me sentei na cadeira ao lado esquerdo da cadeira do meu irmão, colocando o meu elmo em cima da mesa.

- Foi um recolhimento sem precedentes de criminosos de toda a sorte. Seu irmão fez o verdadeiro teatro, sentenciando e executando a sentença ele mesmo. – as portas grossas de madeira foram abertas e os dois entraram na sala. – Informaram-me que foram necessárias duas carroças para levar os corpos desmembrados dos mortos. – eu podia ouvir a voz de Charlie falando com o meu irmão o que tinha acontecido durante a madrugada.

- Que os deuses tenham piedade de nós! – meu irmão suspirou enquanto eu via os outros mestres se levantando para a entrada de Carlisle, e eu continuava sentado bebendo um gole do vinho.

- Majestade, o príncipe não pode agir com essa impunidade desenfreada. –

- Meu irmão. Bom dia! – desejei sorrindo e levando a minha taça de vinho aos lábios.

- Edward. – disse simplesmente se sentando em sua cadeira.

- Continue o que estava dizendo, lorde Hightower, algo creio eu, sobre a minha impunidade desenfreada. – provoquei.

- O senhor, vossa alteza, deve explicar as suas ações com a patrulha da cidade. – respondeu se sentando a minha frente, do lado direito do meu irmão. – Os seus novos mantos dourados causaram uma grande impressão ontem à noite, não foi? – perguntou em tom de ironia.

- Causaram! – respondi orgulhoso enquanto olhava sorrindo para o meu irmão.

- A patrulha da cidade não impunha a sua espada por puro capricho. Ela é uma extensão da coroa. –

- A minha patrulha estava fazendo valer as leis da coroa. – respondi simplesmente, encarando Charlie agora. – Não, concorda, lorde Strong? – me virei para o mestre das leis que havia reassumido o meu lugar, e eu o vi engolir em seco, sem saber se concordava comigo ou com a Mão do rei.

- Meu príncipe... – ele tentou falar e Charlie o impediu.

- Eu acredito que violência injustificada não esteja de acordo com as nossas leis. –

- Violência injustificada? – perguntei com a sobrancelha arqueada. – O senhor se recorda que nos próximos dias, lordes de toda a Andrômeda chegarão com as suas famílias, esposas e filhas, para o torneio em comemoração ao dia do meu irmão? O senhor quer que eles sejam assassinados, roubados ou pior estuprados? Algo que descobri recentemente que quase aconteceu com a vossa filha, e o senhor ainda disse que a culpa foi dela?! – ele abriu a boca e eu continuei falando. – Você saberia caso deixasse a segurança da Fortaleza Vermelha, mas, permita-me lhe dizer, que boa parte das Terras da Coroa, é vista pelos plebeus como um lugar sem leis e apavorante. – eu esperei que ele falasse algo, mas como não obtive nenhuma resposta, e notando com o canto dos olhos, os outros mestres olhando para Charlie, após eu contar o ocorrido com a sua filha. – A sua cidade deveria ser segura para o povo. – comentei olhando para o meu irmão e eu vi fechar os olhos e respirando fundo. – Deveria ser segura para o povo do mesmo jeito que é segura para a sua filha. Ou pretende falar a princesa, que o fato de ela quase ter sido roubada, assassinada ou estuprada, foi culpa dela ao invés do criminoso? –

- Eu... Eu concordo com ele. – respondeu meu irmão sério encarando Charlie, que fechou a cara, ele odiava quando não concordavam com ele. – Mas você não precisa mutilar metade da minha cidade para conseguir isso! –

- Isso é o tempo quem dirá! – meu irmão me olhou feio. – E outra, eu e ninguém dos mantos dourados tocamos em nenhuma pessoa inocente! Isso eu posso lhe garantir! –

- Majestade... – Jacob tomou a palavra. – Nós estabelecemos o príncipe Edward para promover a lei e a ordem. E os criminosos devem temer a patrulha da cidade! –

- Muito obrigado pelo apoio lorde Black. – agradeci.

- Deveria ser tão empenhado assim no casamento, igual é com o vosso trabalho. – Charlie provocou.

- Casamento? Eu nem tenho mais esposa! – apontei.

- Mas não dava atenção quando era casado com a lady Nettie. – bufei. – O senhor ficou quase três anos sem colocar os pés no vale e... –

- E tenha certeza de que ela me preferia bem longe dela. E a propósito, caso ela estivesse viva, eu não veria problema nenhum em cedê-la ao senhor, caso precisasse de uma mulher para lhe esquentar a cama. – provoquei e ele se levantou furioso.

- Charlie! Você sabe que o esporte favorito de meu irmão é lhe tirar o juízo. Irá permitir que ele faça isso mais uma vez? – questionou meu irmão, e no fundo parecia que ele se divertia.

- Perdoe-me, majestade. – ele se sentou completamente rígido na sua cadeira.

- Edward. – meu irmão chamou a minha atenção enquanto eu terminava de beber o meu vinho. – Este conselho, com um alto custo, fez melhorias na patrulha da cidade para atender os seus padrões. Faça valer as minhas leis, tem a minha permissão, mas entenda que... Qualquer espetáculo igual ao da noite passada, trará serias consequências para você! –

- Entendido majestade. – respondi sorrindo. – Posso ir? Gostaria de um banho e de algumas horas de sono. – ele apontou para a porta. – Com licença. – eu me levantei e segui para fora da sala.

Finalmente eu consegui seguir para o meu quarto, pedindo ao valete que trouxesse água para um banho e comida para que eu pudesse me alimentar. Por sorte, não demorou até que tudo chegasse e eu pudesse ir tomar um banho e finalmente me limpar. Quando eu acabei meu banho, saí do banheiro com a toalha apoiada em meu ombro, saindo de lá nu, eu estava sozinho, não tinha o menor motivo para me vestir e caminhei para a mesa onde a bandeja com comida estava, com a minha adaga, eu cortei um pedaço de uma maçã e o levei a boca, quando eu ouvi uma batida na porta.

- Entra. – mandei de costas para a porta.

- Alteza... – eu ouvi a voz de Bella entrando em meu quarto. - Ai meu Deus! Perdoe-me, eu não devia ter entrado. – coloquei minha adaga em rente a bandeja, e peguei dentro da minha cômoda, um par de calças e a vestido.

- Quem tem que pedir desculpas sou eu. Esqueci que não estava vestido. – pedi, me aproximando dela. - - Aconteceu alguma coisa? – perguntei me aproximando dela e segurando a sua mão.

- Eu... – ela continuava de costas para mim. – Eu... O senhor está bem? – questionou e eu ouvi a preocupação em sua voz. Sorrindo, eu a virei de frente para mim, apoiando as mãos em sua cintura.

- Estou ótimo. – garanti. – Não precisa se preocupar. – ela tinha olhado primeiro para o meu peito desnudo, subindo com os olhos para os meus. – A senhorita vai saber mesmo daqui a pouco o que aconteceu na cidade durante a madrugada e... –

- Eu já sei! – respondeu quando eu subi com uma das mãos até a sua bochecha. – O rei proibiu que a princesa e eu saíssemos da fortaleza. E eu ouvi meu pai comentando que as ruas estão banhadas de sangue. – suspirei. Charlie realmente não tinha muita noção do que deveria ou não falar com a filha. – Eu... Eu fico pensando, o senhor não resolveu o que eu falei ontem, resolveu? –

- Resolvi. – ela puxou e solou o ar pela boca. – Eu disse que poderia resolver e não o rei e tampouco o seu pai. – lembrei-a acariciando a sua bochecha.

- Eu sei... Mas eu não pensei que seria dessa forma e... –

- Bella, a senhorita sabe o que o seu pai fala de mim. Sabe como eu sou. Qual forma achou que eu iria resolver? – ela não respondeu e eu continuei acariciando a sua bochecha. – Eu vou entender completamente caso recuse o pedido que eu lhe fiz. –

- Bem ou mal, o senhor foi o único que fez algo. – seus lábios se repuxaram em um sorriso. – E de qualquer forma, o senhor tem razão, eu sei bem como o senhor é, não deveria ter me espantado. Mas não posso parar de pensar que esse será o jeito que o senhor irá usar para resolver todos os problemas que eu falar. Temo que eu comente que alguém esbarrou em mim na rua e o senhor queira resolver desta forma! –

- Não, Bella, ao contrário do que o seu pai diz, eu tenho bom senso! Eu não vou matar quem esbarrou em você. – garanti, puxando seu corpo para mais perto do meu, e ela espalmou as mãos em meu peito. – Mas pode ter certeza de que eu vou matar o desgraçado que ousar lhe machucar de qualquer forma. –

- Eu, eu fiquei preocupada, que pudesse ter se ferido. – comentou passando com a ponta dos dedos por uma cicatriz antiga de uma flechada que eu tinha levado há alguns anos.

- Eu sou um dos melhores guerreiros de Andrômeda, ninguém vai me machucar. – garanti e ela levantou os olhos sorrindo.

- Melhor eu ir embora. –

- Não precisa ir se não quiser. Não tem ninguém aqui dentro além de nós dois! –

- Mas suponho que queiras descansar após a noite longa. – comentou e eu apenas neguei. – E de qualquer forma, caso alguém me veja aqui ou saindo daqui eu terei sérios problemas. –

- Espero não tardar o dia o qual possas entrar e sair do meu quarto quantas vezes quiser sem que ninguém fale alguma coisa. – eu desci com o meu polegar até os seus lábios avermelhados, acariciando-as e ela beijou o meu polegar. Eu voltei com a mão até a sua nuca e rocei meus lábios aos dela.

As pontas de seus dedos deslizaram pelo meu peito até os meus ombros e eu abracei a sua cintura, prendendo-a contra o meu corpo. Eu deslizei a ponta da minha língua deslizou pelo seu lábio inferior, que se entreabriu para que eu pudesse deslizar com a minha língua para dentro de sua boca se entrelaçando com a dela. Quando o ar se fez necessário, eu interrompi o beijo mordiscando de leve o seu lábio inferior e o puxando.

Eu desci com a boca pela sua mandíbula, para o seu pescoço, ela jogou um pouco a cabeça para trás. Eu rocei meus dentes de leve pela pele alva de seu pescoço, chupando-a de leve para não deixar nenhuma marca.

- Eu... – ela falou com a voz baixa próxima ao meu ouvido. – Eu preciso ir! – subi de novo com a minha boca até a sua de novo, beijando-a novamente.

- Eu sei que você tem que ir... – falei baixo com os meus lábios roçando ao dela. – Mas eu não quero que você vá. –

- Quando falares com o meu pai, eu não vou precisar ter que ir embora. – comentou.

- Falarei logo, não se preocupe. – garanti.

- Agora eu preciso ir. – eu beijei seus lábios de novo.

- Vai lá. – ela beijou-me os lábios e se afastou indo para perto da porta. Ela abriu a porta e olhou para os dois lados do corredor antes de sair, fechando a porta atrás de si.

Sozinho em meu quarto, eu peguei uma camisa a vestindo e me sentando em uma cadeira em frente a mesa para que pudesse comer. Eu comi até me sentir satisfeito e deitei um pouco na cama para que pudesse descansar um pouco.

Quando a noite chegou, eu finalmente terminei de me vestir e deixei o quarto. Eu tinha me juntado a todos que jantavam no salão de jantar. Eu me sentei em minha cadeira, que era ao lado de Rosalie, que não estava sentada ali, na verdade, que não estava em lugar nenhum daquele salão, Isabella também não estava presente, consegui ouvir de canto, que as duas haviam resolvido jantar no quarto da princesa. 

Quando eu acabei de jantar, despedi-me de meu irmão e de minha cunhada, e voltei na direção do meu quarto, que amanhã seria um longo e novo dia. Eu já estava na metade do caminho, no meio da escada, na direção do meu quarto, quando Charlie apareceu na minha frente, bloqueando o meu caminho.

- Deseja alguma coisa, lorde Hightower? – questionei, quando ele não saiu da minha frente.

- É desse jeito que o senhor tem a ideia absurda de se casar com a minha filha? – perguntou revelando de que Carlisle já tinha falado com ele. – Até parece que ela quer se casar com um sádico igual a você. –

- Mas ela quer! – garanti. – A propósito eu falei com ela quando desci para o jantar. – era mentira, mas ele, definitivamente, não precisava saber que sua filha tinha me procurado em meu quarto. – Ela estava mais preocupada achando que aquele sangue era meu, do que com o que tinha feito durante a madrugada. –

- Fica longe da minha filha! – ele disse entre os dentes.

- E vai fazer o que? – questionei divertido. – Você não pode fazer nada comigo, e se eu fosse você também não ousaria tocar um mísero dedo em Isabella. – alertei e sua sobrancelha se arqueou. – Deve ter visto a quem pertencia uma das cabeças que estavam na carroça. Então, espero que já tenha percebido o que eu sou capaz de fazer com quem sequer ameaça-la. Mesmo que essa pessoa, seja o próprio pai dela! – falei firme e entre os dentes, com os meus olhos presos aos dele, já que eu estava parado bem perto dele. – Eu quero a sua permissão, não porque eu preciso dela, mas só para seguir com a tradição. Ela aceitou o meu pedido, eu não preciso de mais nada. –

- Você só se casa com Isabella por cima do meu cadáver e... –

- Algo muito fácil de resolver. – alertei. – E eu só não faço porque eu não vou magoar a Isabella e nem o meu irmão, que se sabe lá pelos deuses o motivo dele gostar de você! – meus lábios se repuxaram em um sorriso debochado. – E aliás, o que pretende fazer para impedir que eu me case com a sua filha? Charlie... Você pode tranca-la na torre mais alta, que eu vou acha-la. Você pode leva-la para outro continente e tentar escondê-la lá, que eu vou acha-la. – avisei. – Eu disse ao meu irmão, e espero que ele tenha lhe falado dessa parte também, que eu vou ter Isabella de qualquer jeito! Por bem ou por mal! E sejamos sinceros, se você fosse inteligente, aceitaria a minha proposta. Eu não quero dote nenhum, eu só a quero! –

- Eu seria mais inteligente? É mesmo? E por que? –

- Quem você acha que vai assumir o trono quando Carlisle morrer? O conselho não colocou Gianna no trono há sete anos, acha mesmo que vão colocar Rosalie? Eu sou o único herdeiro desse reino. Se você fosse inteligente, iria gostar e querer que a sua única filha se tornasse a próxima rainha de Andrômeda. –

- Esqueceu que a rainha está grávida? O que estais fazendo é traição, além do fato de o rei ter convicção de que é um menino. –

- Isso não é traição, é apontar o obvio. Ele tinha convicção nas outras cinco gravidezes também. E cadê os bebês? Três abortos e dois natimortos. Esse bebê pode não sobreviver ou pode ser mais uma menina, e caso algo dessas duas coisas acontecerem, eu continuo sendo o único herdeiro! –

- Olhando por esse lado, seria muito melhor que Carlisle lhe casasse com a Rosalie, assim manteria a linhagem intacta. –

- Eu não ligo de manter a linhagem intacta. E meu irmão sabe, a muito tempo, que eu quero a Isabella, ele não faria isso comigo! –

- E eu posso saber para que você quer a minha filha? Para trata-la igual tratou a Nettie, para causar a morte dela igual fez com a sua primeira esposa? – segurando-o pela sua jaqueta, eu o prensei contra a parede ao nosso lado.

- Eu não matei a Nettie! Ela caiu daquele cavalo sozinha, eu nem no Vallis estava. E de qualquer forma, eu nunca toquei um mísero dedo em Nettie. Eu só brigo com quem tem condições de revidar, não seria justo eu brigar com uma mulher que é menor e muito mais leve do que eu. Eu só luto de forma justa e não é uma luta justa eu brigar com uma mulher! – respondi. – Eu jamais gostei da Nettie, e todo mundo sabia disso, ela sabia disso quando aceitou o casamento, e além do que, não sou eu quem tem a fama entre os criados de bater na esposa e que possivelmente a espancou até a morte! – ele me olhou furioso. – Imagina se o seu rei descobre isso. Pior! Imagina se os seus filhos descobrem isso! – eu via em seus olhos de que se ele pudesse, ele me matava. – Foi por isso que você praticamente criou os dois aqui em Adhara, ao invés de cria-los em Cygnus, não foi? Para que eles não vissem os machucados na mãe. – provoquei.

- São apenas boatos de empregados descontentes! – respondeu empurrando as minhas mãos, para que eu o soltasse.

- Jura? E você acha que alguém acreditou que uma queda de escada, a qual ninguém viu, mataria sua esposa e a deixaria no estado em que ela estava? – questionei. – Pense Charlie, apenas pense e pense muito bem! Mas não se demore muito, eu já estou esperando bastante tempo e não estou disposto a esperar mais! – eu lhe virei as costas e finalmente consegui voltar ao meu quarto.

x.x.x

O dia do aniversário de meu irmão chegou, e mesmo com a esposa quase parindo, ele resolvera fazer uma caçada e um torneio. Eu não tive mais nenhum tempo a sós com Isabella, quer dizer, eu mal a via, Rosalie passava muito tempo nos últimos dias com a mãe e Isabella estava sempre junto. A comemoração começou com um banquete antes de todos partirem para a floresta do rei, onde acamparíamos durante a noite e voltaríamos antes do dia anoitecer amanhã.

Eu fiquei bem surpreso quando vi Esme entrando na carruagem que levaria para a floresta do rei. Charlie ia a cavalo, portanto sua filha acabou indo na carruagem junto a princesa e os reis. Eu montei em Belfast e fui seguindo a pequena comitiva, lordes de toda Andrômeda haviam descido até Adhara para o aniversário de meu irmão. O acampamento estava montado com a tenda principal enorme e mais tendas menores em volta.

Eu adorava o conceito de caça do meu irmão. Ele ficava sentado bebendo enquanto os guardas de Adhara percorriam a floresta do rei atrás de javalis ou cervo. Encontrei Esme sentada em uma cadeira confortável sendo bajulada, ou então na minha visão, incomodada, pelas ladies do reino, e via também que Rosalie tentava fugir dali, sendo sempre impedida por sua mãe. Isabella não estava ali e o seu pai também não estava cheirando as bolas de meu irmão como sempre. Ficar naquela tenda estava me incomodando, as fofocas das damas da corte estavam me incomodando, ao deixar a tenda, para a claridade da campina, meus olhos foram atraídos para um canto um pouco mais afastado de onde eu estava, Charlie tinha o braço de forma protetora, até demais, na cintura da filha enquanto falava com três pessoas.

- Lembra do lorde Denali? – ouvi a voz de meu irmão vindo detrás de mim.

- Aquele moleque é com quem Charlie quer casar a filha? – perguntei entre os dentes vendo o quanto ela parecia incomodada com o fato do garoto nem piscar os olhos para ela.

- Ele tem quase a mesma idade dela. – respondeu. – Pouquíssimos anos mais velho do que ela. – ele levou o cálice aos lábios bebendo um gole do vinho. – Mas não nego que ela está bem incomodada ali. – admitiu. Eu deixei-o ali sozinho e entrei na tenda de novo, correndo meus olhos por ela até encontrar Rosalie sentada ao lado da mãe, com a maior cara de tédio.

- Princesa. – eu falei baixo próximo ao seu ouvido, ao me aproximar por trás dela. – A sua amiga precisa que você a salve! – ela me olhou confusa, mas mesmo assim ela levantou e seguiu para o lado de fora, após pedir licença. Ela deixou a tenda, e eu fui logo atrás, e ao parar ao lado de meu irmão de novo, eu a vi caminhando até onde a amiga estava.

- Você é inacreditável. – Carlisle riu quando nós dois vimos Rosalie tirando-a dali.

- Ela não vai se casar com ele! – falei sério me afastando dali.

A noite já tinha caído, uma grande parte das pessoas já tinham ido dormir, e a outra parte ainda estava na tenda principal enchendo o cu de bebida e comida. Eu ainda não tinha seguido para a minha tenda, estava sentado em um tronco caído próximo a fogueira que estava acessa. Desde que Rosalie havia tirado Isabella de perto do nortenho, eu só havia voltado a ver as duas na hora do jantar e depois não vi mais.

- Posso sentar? – ouvi a voz de Bella vindo de trás de mim, eu virei apenas a cabeça encontrando-a parada com um xale por cima de seus ombros para se proteger do frio.

- Claro. – eu cheguei mais um pouco para o lado e ela se sentou no tronco. - Onde estava? – perguntei. – Eu não a vi quase que o dia inteiro. – comentei.

- Estava fugindo do filho do Denali. – resmungou enquanto eu bebia um gole da minha cerveja, que estava no meu cantil. – Ele nem me deixa respirar, fica me seguindo para tudo quanto é canto. O único lugar que ele tem bom senso de não ir atrás de mim, e na tenda da princesa e na minha, pelo menos até agora. –

- Quer que eu o mate? – perguntei sorrindo e ela me olhou feio. – É brincadeira. –

- Estais bebendo o que? –

- Cerveja. – respondi.

- Posso? – eu ergui a sobrancelha. – Ou vai falar que não é bebida para uma mulher? –

- Não lembro de ter visto uma bebendo cerveja. – apontei. – Cadê o seu pai? – perguntei antes que ele aparecesse do nada e achasse que eu estava embebedando a filha dele.

– Ou ele está bêbado junto com o rei e com o lorde Denali, ou então ele finge muito bem! – respondeu e eu entreguei o cantil a ela.

- É mais forte que vinho. – apontei. Primeiro ela levou o gargalo do cantil ao nariz, sentindo o cheiro forte da cerveja e torcendo um pouco o nariz, mas mesmo assim, levou o gargalo a boca e sorveu um gole arregalando os olhos mal tinha engolido. – Eu disse. – comentei sorrindo quando ela me devolveu o cantil.

- Pelos deuses. – com a ponta dos dedos, ela limpou os olhos que lacrimejaram um pouco quando ela se engasgou com a cerveja. – Da próxima vez que eu inventar algo idiota desse tipo, não deixa. –

- Não é idiotice você ter curiosidade de experimentar coisas novas. –

- O que está fazendo aqui fora? – perguntou mudando de assunto.

- Podemos dizer que eu estou a postos para proteger a senhorita. –

- De que? –

- Dos animais selvagens. –

- Estamos no meio de uma floresta, o que mais tem é animal selvagem... – a sua voz foi interrompida pelo uivo de um lobo. – Isso... Isso foi um lobo? – perguntou olhando para a direção da floresta que veio o uivo.

- Foi! –

- Ele... Ele não está perto demais do acampamento? –

- É por isso que eu disse que estou a postos para lhe proteger. – ela deslizou para mais perto de mim. – Não se preocupe, o que mais tem a postos são guardas para evitar que os animais entrem no acampamento. – garanti.

- Não sei quem teve a brilhante ideia de passar a noite no meio de uma floresta! – resmungou puxando mais o xale e prendendo-o contra o seu corpo.

- Seu pai! Carlisle tinha inventado apenas o torneio. – comentei bebendo outro gole da cerveja.

- Viagem de caça, está todo mundo sentado e bebendo! – resmungou de novo.

- Essa é a viagem de caça do meu irmão. Os guardas caçam, ele mata e assume as glórias. – ela bufou.

- Bella... – a voz de Rosalie veio das tendas atrás de nós.

- Eu tenho que ir. – ela se levantou. – Até amanhã. –

- Até amanhã, senhorita. Tenha bons sonhos. – sorrindo, ela abaixou um pouco a coluna, e beijou a minha bochecha.

Ela seguiu para onde Rosalie a chamava e eu fiquei ali mais um tempo, terminando a minha cerveja, até seguir para a minha tenda para que pudesse dormir.

O dia seguinte raiou com o anuncio de que os guardas haviam conseguido capturar um cervo para o rei, e assim que ele conseguisse matar o animal e levasse as glórias, nós finalmente podíamos voltar para o castelo, Esme era quem mais queria voltar para o conforto e segurança do castelo. Após se alimentar, o rei partiu com uma pequena comitiva, apenas de homens, para poder matar o cervo que seria servido no jantar. Com o cervo morto, nós voltamos para o castelo e eu consegui ouvir Rosalie comentando com Bella, que ela estava louca por um banho, e com certeza ela não era a única.

Alguns dias após a caçada, o dia do torneio chegou. Eu, mais uma vez, não ficaria de fora, já que eu era o único representante da casa Swan, já que meu irmão, nem na sua juventude, jamais chegou perto de uma justa. Eu já me encontrava pronto, com a minha armadura vestida e o meu elmo em mãos, enquanto seguia para a arena, mais uma vez Charlie estava com a filha e com o lorde Denali e o filho, os quais eu jamais soube os nomes, até porque a parte burocrática e diplomática de um reinado nunca me interessou muito, e mais uma vez eu via o quanto Isabella estava desconfortável pelo daquele moleque.

Eu não tinha voltado a falar com Carlisle e nem com Charlie quanto ao casamento, e esperava que Charlie estivesse sendo inteligente e que essa conversa fosse apenas para acabar com o acordo de casamento entre os dois, antes que eu tivesse que acabar com esse acordo de um jeito que nenhum dos dois iriam gostar. Quando o arauto anunciou que as justas iriam começar, cada um seguiu para o seu lugar. Charlie, a filha e o lorde nortenho, seguiram para o palanque onde meu irmão estava, e o filho do Denali veio para a arena, ele também iria participar do torneio. Esme, mais uma vez, não havia comparecido, contudo Carlisle estava em seu lugar, o qual Charlie logo se juntou ao assento a sua direita, enquanto Bella se sentava na fileira debaixo ao lado de Rosalie.

- E desafiando o príncipe Edward, da casa Swan. – eu ouvi o arauto anunciar o meu nome e desviei os olhos do palanque, vestindo o meu elmo. – O sor Peter Denali de Eridanus. – com o anuncio feito, eu o vi se dirigindo para o palanque central, e eu sabia o que ele planejava fazer, e não permitiria que ele conseguisse. Rapidamente montei em meu cavalo e peguei a minha lança com o meu escudeiro, e trotei o meu cavalo para lá.

- Lady... –

- Lady Hightower. – eu a chamei primeiro do que ele, e quando ela se levantou, eu notei que ela mordia o lado de dentro da bochecha para evitar rir. Ela percebera que eu fiz de propósito! – Me daria a honra de carregar a vossa prenda? – ela não respondeu, apenas se virou e eu sentia os olhos do Denali queimando em mim.

- Boa sorte, alteza. – desejou colocando a sua coroa de flores e fitas, na ponta da minha lança.

Ainda com o olhar do Denali queimando em minhas costas, eu me posicionei no inicio de uma das baias, e provavelmente para não sair como um idiota, principalmente com quase toda Adhara olhando, ele pediu a prenda da filha de Jacob, e mesmo de longe eu via o olhar de reprovação do lorde Denali para cima de Charlie, que desviava o olhar de raiva entre a filha dele e eu.

- Eu gostaria de anunciar que este torneio passou a ter outros motivos. – meu irmão interrompeu o início da minha justa, assim que o filho do senhor do norte se posicionou na outra baia. – A rainha Esme acabou de entrar em trabalho de parto! – ele disse eufórico e a multidão vibrou, ao mesmo tempo em que ele apontou para mim. – Traga essa vitória para o seu futuro rei! – ele estava convicto de que seria um menino e que essa gravidez vingaria, e eu não podia deixar de sentir uma pontada de tristeza, caso ela se decepcionasse, mas uma vez. Preferi não esboçar nenhum comentário, em algumas circunstancias a melhor coisa a se fazer, era permanecer em silêncio.

O arauto reiniciou as lutas, e eu não sabia se o Denali ainda estava furioso por eu ter roubado a prenda de Isabella, ou se ele havia se distraído com o anuncio do rei, mas ele caiu igual uma fruta podre, menos de cinco segundos após a corneta ter soado. Era realmente com esse tipo de homem que Charlie planejava casar a única filha?

A justa ocorreu com várias interrupções! Foi quase impossível não ouvir o berro que a Lady Denali deu, quando seu filho fora desafiado por um cavaleiro de Serpens, e após a justa ter sido dada como empatada, quando nenhum dos dois caíram do cavalo, e ele ter escolhido o combate corpo a corpo, e morrido com uma martelada no meio do rosto. Eu cheguei até sentir pena pela senhora de Eridanus ter presenciado a morte do filho, principalmente dessa forma, mas fiquei aliviado por isso ter significado, de forma definitiva, o término do acordo entre os Hightower e os Denali.

Eu tinha certeza de que algo estava errado! Toda vez que eu olhava para a arquibancada alguém tinha sumido. Os Denali haviam sido os primeiros, para recolher o corpo do filho. Meu irmão sumiu logo em seguida. Seguido por Charlie, Gianna e Jacob, e no final restara apenas Rosalie, Isabella, Jane e Alec. Nenhum dos quatro olhavam mais para as justas, como se estivessem esperando por alguma noticia do motivo de todo mundo ter deixado o torneio.

Uma luta corpo a corpo, que havia acabado de começar, fora interrompida com os sinos da Fortaleza Vermelha tocando. Ninguém mais se mexeu. Ninguém mais respirava. Ao ouvir os sinos, Rosalie se levantou e saiu correndo do palanque, e deixando os dois filhos do Black, Bella foi atrás da amiga. Todos sabiam o que aqueles badalar dos sinos significava. A rainha tinha falecido!

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