segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Capítulo 32.

                                                                        Tulsa – Oklahoma.

2019.

Bella.

Engoli o líquido espeço e doce e repousei o copo de vidro em cima da bancada ao lado da ânfora. Eu fazia um esforço absurdo para não acabar vomitando devido a tamanha doçura, mas eu sabia bem que o esforço não havia chegado ao meu rosto, e provavelmente uma careta era esboçada nele. Desviei os meus olhos para o Edward me encarava pressionando os dois lábios, como se tentasse evitar o riso, provavelmente da careta que eu fazia.

- Isso é horrível. – respondi em um fio de voz e ele encostou a cabeça no mármore preto e começou a rir. – O gosto é horrível... Eu quero tirar esse gosto da minha boca. – resmunguei e ele gargalhou mais ainda. – Para de rir idiota! – era em vão, qualquer coisa que eu falasse, ele ria mais ainda.

- Desculpa amor, mas a careta que você fez foi maravilhosa. – respondeu tirando a cabeça do balcão de mármore e eu bufei. Parando de rir ele ficou me encarando por alguns segundos.

- Mudou alguma coisa? –

- Aparentemente não Está sentindo algo diferente? –

- Tirando o fato de que provavelmente a minha glicose atingiu um pico devido a doçura disso e o gosto horrível que não saí da minha boca. Não, eu não estou sentindo nada. –

- Eu vou fazer o café para tirar esse gosto da boca. – respondeu se aproximando do fogão, perto de onde estava a cafeteira.

- E como vamos saber se funcionou? –

- Bom. A ambrosia sempre tem um efeito. E para uma mortal só tem duas opções a morte ou a imortalidade. Você está bem e respirando, o que significa que funcionou. –

- Quer testar? – perguntei e ele me olhou feio. – Não? – ele negou. – Tudo bem então! – dei de ombros e ele me entregou uma xicara com café fresco. Peguei a xicara que estava ficando quente devido a temperatura do líquido preto, e levei até a boca, assoprando um pouco antes de beber o líquido quente, sentindo o gosto amargo do café aliviar o gosto doce da ambrosia.

- Melhor? – eu apenas assenti enquanto bebia mais um gole do café. – Ótimo. Então... – ele se aproximou de mim, e tirou a xicara das minhas mãos e segurou o meu rosto entre as suas. – Bom dia amor. – desejou, me fazendo sorrir.

- Bom dia amor. – ele roçou o nariz no meu antes de encostar os lábios aos meus. Sua língua deslizou pelo meu lábio inferior, que se entreabriu.

- Urgh! – a voz de uma das meninas, já que eu ainda não conseguia identificar quem era quem apenas pela voz, exclamou ao entrar na cozinha. – Vocês dois não mudam, não? – Edward interrompeu o beijo e apenas me deu um beijo rápido antes de se afastar.

- Você também não, Melinoe, por que eu iria mudar? – perguntou sorrindo, e me fazendo sorrir também.

- Bom dia, mãe. – ela se aproximou de mim e beijou-me a bochecha e vi Edward nos encarar com o canto dos olhos enquanto derramava café em sua xicara.

- Bom dia, Meli. – eu retribui o beijo na bochecha.

- Bom dia, pai. – ela se aproximou do pai.

- Bom dia, princesa. – ele beijou a testa da filha. – E sua irmã? –

- Ainda está dormindo! – respondeu perguntou ao ver a ânfora em cima da bancada. – Héstia já trouxe a ambrosia? –

- E ela já bebeu! – respondeu levando a xicara a boca e bebendo um gole do café e Melinoe me encarou.

- Não estou sentindo nada de diferente. – me apressei em responder antes que ela tivesse a oportunidade de perguntar algo.

- Filha, abre a porta para mim, por favor. Hermes está aí. –

- Como... – antes que eu tivesse a oportunidade de perguntar a campainha tocou.

- Claro. – Melinoe deixou a cozinha indo abrir a porta. Edward apoiou os braços cruzados no mármore preto e me encarou divertido.

- Que foi? –

- Mãe? – perguntou.

- Ela pediu e eu deixei! – dei de ombros. – Ela só me chama assim quando estamos sozinhas. E, a propósito, todos esses dias que ela ficou aqui, ela dormiu comigo, pelo menos até o dia que você voltou. –

- Ela sempre foi apegada a você! Vivia te seguindo para cima e para baixo! Mesmo depois de receber o oficio de ser a deusa das oferendas. –

- Você acha que elas vão se adaptar a vida mortal aqui em Tulsa? De qualquer forma é uma cidade pequena e do interior. –

- Eu estou mais preocupado no fato de se essa cidade vai se adaptar a elas, principalmente a Meli. Eu sei muito bem, e agora você também sabe, o que ela faz quando está entediada. –

- Acha que ela pode fazer isso de novo? –

- Bom, avisei a ela que se ela fizer eu vou prendê-la numa ilha igual a de Deméter e não estava brincando quando eu falei isso! –

- Bom dia meus amores. – Alice entrou na cozinha.

- Oi. – ela se aproximou e abraçou os meus ombros e me dando um abraço. – Como você está? –

- Eu estou bem! Eu e o Jasper combinamos de ir ao cinema hoje a noite, vamos? – ela perguntou e eu olhei para o Edward.

- Podemos ver... Tem as meninas, vamos ver isso depois... – respondeu. – Agora eu tenho uma pergunta importante para te fazer... Mudou de ideia? –

- Quanto a que? – ela perguntou e Jasper entrou na cozinha.

- Héstia já trouxe a ambrosia? –

- Oh isso! Não, eu não mudei de ideia, não! – respondeu. – Eu não vou deixar a minha amiga. – explicou me obrigando a segurar o riso com a cara de tacho que Jasper fez.

- É cara. Ela está nessa pela amiga, e não por você. – Edward provocou o amigo, o que acabou me fazendo rir.

- Que? Não... – Alice tentou se defender me fazendo rir mais ainda. – Quer dizer também... Para de rir Isabella! – ela ralhou comigo enquanto eu continuava a gargalhar. – Eu vou contar para todo o mundo sobre a nossa formatura no ensino médio e... –

- Parei! Parei! – levantei a minha mão em sinal de rendição e me obrigando a parar de rir.

- O que aconteceu na formatura de vocês duas. – Jasper perguntou olhando de uma para a outra.

- Nada! Não aconteceu nada. – me apressei em dizer antes que Alice abrisse a boca e eu tratei de mudar de assunto. – Agora um conselho importante... Não vomita. O gosto é horrível! –

- Como é que você sabe? Já bebeu? – eu apenas assenti e ela deu um passo para trás me encarando. – Você parece normal! –

- Eu me sinto normal! – um barulho de vidro tocando no mármore chamou a nossa atenção. Edward havia despejado a mesma quantidade em outra taça e colocou no balcão na frente da Alice. Ela pegou a taça e levou a altura do rosto. – Não cheira. – alertei.

- Tem cheiro de que? –

- Lembra de quando nós éramos crianças e quando ficávamos gripadas a sua mãe nos dava um xarope de tutti frutti? – questionei e ela torceu o nariz. – É pior! Tanto o gosto quanto o cheiro! –

- Não sei se eu quero mais não! –

- Toma. Ajuda a tirar o gosto ruim! – eu empurrei a minha xícara, que ainda estava pela metade de café na direção dela.

- Tá... Tudo bem! Como eu falava para a minha mãe... Eu consigo! –

- Você falava que preferia ficar gripada! – eu a corrigi e Edward e Jasper riram.

- Cala a boca! – mandou. – Bora Alice. Você consegue! – a mão livre ela levou até o nariz, tampando-o o nariz e virou o líquido espesso, fazendo careta ao engolir.

- Para com isso que você já engoliu coisa pior que eu sei! – provoquei e ela deu uma tapa em meu braço com os olhos esbugalhados.

- Não vai prestar essas duas imortais, não Hermes! – Edward comentou rindo enquanto Alice virava a xícara de café na boca.

- Fique feliz por Isabella não conseguir os poderes de Perséfone de novo, porque a personalidade eu já sei que ela tem! –

- Pior! – Edward o corrigiu e eu o encarei com a sobrancelha arqueada. – Não disse que eu não gostava! –

- As ninfas do submundo vão agradecer! –

- Hermes fica quieto! – Edward ralhou com ele e ele riu!

- Que coisa horrível! Eu gosto de doce, mas isso é demais! – ela olhou para o Jasper. – Mudou algo? –

- Aparentemente não! Sente algo? –

- Não! Nada! – ela suspirou. – Então, vamos ao cinema essa noite? –

- Ela acabou de beber ambrosia e segue a vida como se nada tivesse acontecido? – Edward perguntou surpreso ao meu lado.

- Vou fazer o que? – rebateu ela dando de ombros, quando o seu telefone tocou. – Vejam se vão e me avisem, eu tenho que correr até a loja, vão entregar coisas lá. – ela virou para Jasper. – Vem comigo? –

- Claro. A gente se fala. – ele deu um tapinha no braço de Edward e eles foram embora.

Mal os dois se foram e as meninas desceram para tomar café conosco. Depois do café, Edward foi para a minha casa, ele queria apressar o máximo possível a obra para que ela acabasse logo e ao ver as duas meninas sentadas no sofá eu pensei em uma coisa, para tentar me aproximar mais um pouco de Macária. Deixei as duas ali e subi até o quarto que eu estava dividindo com o Edward e tomei um banho rápido e colocando uma roupa fresca.

- Meninas... – eu chamei a atenção das duas quando eu voltei para a sala. – Eu estou pensando em dar um pulo no shopping da cidade vizinha, querem ir junto? –

- O que é um shopping? –

- Um shopping é um prédio com várias tipos de lojas diferentes, desde lojas de comida, a lojas de roupas e muitas outras coisas. Querem ir? –

- Eu quero! – Meli disse animada e levantando do sofá. – Ainda dá tempo de eu trocar de roupa? –

- Sem pressa! – ela subiu as escadas correndo. – Cuidado para não se machucar! – alertei e me virei para Macária. – E você, quer vir junto? –

- Não sei se deveria! –

- E por que não? –

- Meu pai sabe? – questionou.

- Eu não falei com ele, mas acredito que ele não se importaria! – ela desviou os olhos de mim para a almofada do sofá. – Você não quer ficar sozinha em casa, quer Macária? Então por que não vem com a gente? – ela não respondeu, apenas suspirou. – Macária... – eu contornei o sofá e me sentei ao seu lado no mesmo. – Eu sei e entendo o fato de ainda estar receosa comigo, mas se você não me der nenhuma brecha eu não consigo mostrar que eu estou aqui e que não pretendo ir embora! – ela ficou em silêncio e eu suspirei. – Seu pai falou que você concordou com o que eu propus de ficar seis meses aqui e seis meses na Grécia, não foi? – ela apenas assentiu. – Como você quer que dê certo e que todos se deem bem, se você não tentar se abrir para mim? –

- Papai falou que você é diferente da minha mãe! Que por mais que fisicamente seja igual, o resto não é! –

- Eu não sou Perséfone e infelizmente não sou a sua mãe. E talvez nunca vou conseguir chegar nem perto do que a sua mãe era, mas eu amo o seu pai, não teria escolhido beber a ambrosia caso eu não gostasse dele, e eu gosto da Meli e tenho certeza de caso você abra uma brecha eu posso também gostar bastante de você, até porque mesmo do jeito que está, eu gosto de você, e é algo que eu simplesmente não sei explicar..., mas essa é a graça do sentimento, não é mesmo? Ser algo inexplicável. – tímida, ela sorriu para mim. – Mas é claro que caso você ajude, fica mais fácil. – ela continuou em silêncio. – Eu sei que você sempre foi a filha certinha, perfeita que não quer desapontar os pais, o seu pai me mostrou isso e... E eu era igualzinha a você, então, caso queira ligar para o seu pai e avisar ou pedir permissão, sinta-se a vontade. Tudo bem? – ela apenas assentiu. – Eu volto daqui a pouco ver a sua resposta. – ela assentiu de novo e eu levantei do sofá.

Eu subi as escadas de novo e voltei até o meu quarto para pegar a minha bolsa e as chaves do meu carro, ao mesmo tempo eu que eu comecei a descer as escadas, Melinoe apareceu saindo do quarto anunciando estar pronta para irmos ao shopping. Ao descer as escadas, eu encontrei o sofá, onde a poucos minutos Macária estava sentada, ela não estava mais ali. E eu sabia que não tinha mais ninguém no andar de cima. Meli me acompanhou até o meu carro que estava estacionado no meio fio em frente a casa de Edward.

- Eu vou junto. – a voz de Macária surgiu atrás de nós mal eu destravei o meu carro. Nós duas nos viramos para trás e a vimos sair de dentro de casa com um casaco preto em mãos. Ela não estava lá dentro há dois minutos. – Eu falei com o meu pai e ele deixou. – ela falou parando a nossa frente.

- Macária, você foi perturbar o papai por causa disso? Nós estamos com a mamãe! – disse como se fosse óbvio.

- Deixa ela. Se ela se sente melhor avisando ao pai de vocês, não tem problema nenhum! Vamos. –

- Posso dirigir? – Melinoe perguntou para mim, bastante animada.

- O que o seu pai disse? – retruquei. – Que não, não foi? – o seu sorriso murchou. – Eu sou a pior pessoa para te ensinar a dirigir, então, espere o seu pai! – o seu sorriso que tinha murchado se tornou um grande bico. – Venha vamos... –

- Eu vou na frente. – Melinoe se apressou em dizer e tratou de entrar no banco do carona e ao olhar para Macária, eu vi que ela revirou os olhos para a irmã mais velha.

Eu abri a porta de trás do carro para que Macária entrasse e enquanto ela ia entrando eu dei a volta no mesmo e entrei no banco do motorista. Enquanto eu ia dirigindo para o shopping, Meli foi mexendo no rádio do carro, torcendo o nariz, junto a irmã, que estava atrás, a cada música que tocava no rádio, até que ela decidiu desligar o mesmo e ficou apenas olhando as ruas que passavam do lado de fora da janela.

No shopping, eu precisei ir segurando, literalmente, porque ela parecia uma criança agitada, querendo ir para todos os lugares ao mesmo tempo, e em contra partida Macária ficava recolhida e encolhida, introvertida, o mais perto possível de mim, como se tivesse medo de se perder no meio de tantas pessoas.

De inicio eu as deixei dando uma olhada nas lojas, para que se habituassem a aquilo tudo que era praticamente novo para ela, já que Edward falava que elas mal deixavam o submundo, e quando eu via que elas se interessavam por alguma das vitrines das lojas ou pelo estilo de coisas que elas vendiam, eu as instigava a entrarem nas lojas e se eu via que elas gostavam de alguma coisa eu perguntava se elas queriam, e eu notasse em seus olhos que elas haviam gostado, e mesmo elas recusando, eu comprava para elas.

Quando era o horário do almoço, nós paramos na praça de alimentação e eu deixei que elas escolhessem alguma coisa para comer, e quando estávamos todas sentadas e com as nossas refeições a nossa frente eu decidi tocar no assunto do cinema, que Alice havia trazido mais cedo.

- Então garotas, gostando? –

- É legal. –

- É muito cheio! – Melinoe e Macária falaram ao mesmo tempo me fazendo rir.

- Nem está tão cheio assim. – comentei com Macária, tem épocas do ano que isso aqui fica quase que impossível de andar. – contei e ela me olhou assustada enquanto mexia com um garfo em sua comida. – Deixa eu perguntar a vocês. A Alice nos chamou para ir ao cinema hoje... – Meli abriu a boca. – Uma grande sala escura, onde passa um filme. –

- Tipo um teatro? – perguntou e eu pensei um pouco tentando me lembrar das aulas de história que falavam sobre teatro na Grécia antiga.

- Podemos dizer que sim. Mas ao invés de as pessoas estarem atuando ao vivo, quer dizer, na frente dos telespectadores, é algo gravado. Geralmente tem uma duração de umas duas horas. O que me dizem? –

- Pode ser. – responderam juntas.

Elas pararam de falar e foram terminar de comer. Mandei uma mensagem a Edward avisando que as meninas tinham concordado com a ida ao cinema. Ao termos terminado de comer nós fomos dar outra volta no shopping antes de voltar para cada quase no final da tarde.

Quando estava anoitecendo, faltando apenas uma hora para o horário que havíamos combinado com Alice, na porta do cinema, e eu já estava pronta e as meninas estavam terminando de se aprontar, quando ouvi a porta de casa abrindo e um latido de Cerberus, e não demorou muito e Edward apareceu na porta da cozinha.

- Se perdeu? Disse que ia chegar cedo, antes de o sol se pôr. –

- O prefeito me ligou. Quer cobrar o resto da reforma, que já era para eu ter terminado. –

- Errado ele não está! – apontei.

- Eu sei! Eu sei! – resmungou se aproximando de mim e me dando um beijo rápido nos lábios. – Consegui mais tempo! Aleguei que não tinha como eu terminar as reformas sem que você faça a parte do paisagismo e que para isso eu precisava ajeitar, de novo, a sua loja. O bom dele, é que ele é bem influenciável! O que é engraçado para um político, geralmente eles são influenciadores e não influenciados! – suspirou, visivelmente cansado. - Cadê as garotas? –

- Terminando de se arrumar. – expliquei. – Mas caso estejas cansado, podemos desmarcar ou algo do tipo. –

- Não se preocupe. Em cinco minutos eu estou pronto. – ele me deu outro beijo antes de subir para o quarto.

Segui para a sala e me sentei no sofá, esperando pelos três e mandando uma mensagem para Alice falando que talvez fossemos demorar um pouco. Depois alguns minutos Macária desceu, com Melinoe vindo logo em seguida e por último veio Edward, eu sabia que se não tivesse as meninas, ele provavelmente iria desmarcar a saída, ele estava cansado, principalmente mentalmente depois de falar com o prefeito. E mesmo eu perguntando de novo, enquanto as duas iriam para o carro, se ele queria desmarcar, e mais uma vez ele recusou.

Seguimos para o cinema, onde Alice e Jasper já estavam nos esperando. Com o filme escolhido os ingressos em mãos, Edward comprou um pacote mediano para as meninas  e dois copos de coca cola, e o mesmo para nós dois e Alice e Jasper com o mesmo para eles. Entramos na sessão e ao mesmo tempo em que nos ajeitamos nas poltronas e as luzes do mesmo se apagou. As duas meninas estavam sentadas uma ao lado da outra, ao lado de Edward, eu e Alice estávamos no meio dos dois e Jasper ao seu lado.

O braço que separava a minha poltrona da de Edward havia sido levantado e ele passou o braço pelos meus ombros e eu apoiei a cabeça em seu ombro. Volta e meia durante o filme eu desviava os olhos para as meninas, e notava que Edward também olhava, elas pareciam muito bem ali, muito tranquilas enquanto assistia o filme romântico, meloso e dramático, que Alice havia escolhido, eu não sabia ao certo o motivo do motivo de ainda deixar a Alice escolher os filmes.

Quando o filme acabou, fomos em um restaurante perto para jantar e era bom ver que as meninas estavam bem e tranquilas ali no meio, como se sempre pertencessem aquele lugar, como se fossem duas adolescentes normais que sempre pertenceram a esse mundo.

Ao chegar em casa, já era bem tarde, quase uma da manhã, e com certeza Edward agradecia por amanhã ser sábado e ele não precisar trabalhar. Ele estava bem cansado tentando, principalmente, terminar a minha casa e a minha loja prontas o mais rápido possível.

- Elas já dormiram? – Edward perguntou quando eu sai do quarto de as duas meninas dormiam profundamente.

- Profundamente. – respondi fechando a porta. Cerberus havia subido junto a Edward e arranhou a porta do quarto, até que eu abrisse e ele entrou subindo na cama de Macária, se aninhando entre as suas pernas.

- Quando ele voltar para cuidar o submundo vai ser difícil mantê-lo no lugar dele! – Edward resmungou quando eu voltei a fechar a porta. – Se bem que já era bem difícil desde que as crianças nasceram mesmo! –

- Vem... Vamos dormir, porque você está cansado! – eu estiquei a mão para ele, e ele a segurou entrelaçando seus dedos aos meus para que fossemos para o quarto.

Eu tomei um banho rápido apenas para me refrescar, do verão que estava chegando, e enquanto eu terminava de me vestir e subia na cama, o Edward fazia o mesmo. Já trocado, ele deixou o banheiro, fechando a porta atrás dele e apagando a luz, ele subiu na cama, deitando ao meu lado e mal deixei ele terminar de se ajeitar no colchão e eu já me aninhei ao seu lado, deitando a cabeça em seu peito e ele me abraçou puxando as cobertas um pouco mais para cima.

- Eu estava pensando em uma coisa. – ele comentou alguns minutos depois, quando eu estava quase pegando no sono. – Dormiu? – perguntou logo em seguida quando eu não respondi.

- Não! Pode falar. – respondi aninhando a minha cabeça contra os eu pescoço.

- Durante seis meses do ano você e a Alice não terão nada para fazer enquanto estivermos na Grécia. – disse. – Eu já expliquei que por mais que vocês agora sejam imortais, não tem a responsabilidades de um deus, não tem os seus dons e ofícios, portanto as únicas responsabilidades que terão serão de não quebrar nenhuma regra. – explicou. – Pensei que talvez a Alice, pudesse meio que abrir uma loja, igual a que ela tem aqui, lá na Grécia e a senhorita também, abrir uma floricultura la também. –

- Mas... Pensei que eu teria que ficar no submundo e a Alice... No Olimpo? Não sei onde Jasper fica! –

- Hermes fica no Olimpo, por ele ser o mensageiro dos deuses, principalmente de Zeus, ele fica muito tempo lá em cima, mas não significa que não possa descer, do mesmo jeito que não significa que eu não possa subir, até porque, já estou quase quatro meses aqui com você, além de estar há eras atrás de você! Até porque muitos deuses estão passando mais tempo fora do que dentro do Olimpo! –

- E já ficou decidido quando vamos ou onde vamos ficar? –

- Podemos continuar no ritmo que estávamos com Perséfone. –

- Inverno no submundo e verão em Tulsa? – questionei apoiando o meu queixo em seu peito e o olhando, encontrando apenas o brilho dos seus olhos esverdeados no escuro.

- Podemos dizer que tem mais coisa para fazer durante o verão do que durante o inverno! E bom, onde podemos ficar depende de vocês, caso vocês concordem com a ideia que eu dei, podemos ficar em Atenas, ou em alguma das ilhas da Cíclades, ou mesmo até em Milos. –

- Para a Alice a sua ideia é até que ótima, mas, sabemos muito bem que uma floricultura não se da muito bem com o inverno! –

- Parece que você não me conhece mesmo! – respondeu e eu o encarei com a sobrancelha arqueada.

- O que quer dizer com isso? –

-Vamos dormir! Que amanhã você tem coisas para fazer. –

- Tipo o que? – perguntei ignorando o fato de que ele tinha mudado de assunto.

- Talvez eu tenha conseguido terminar a sua casa! –

- Sério? – questionei animada e ele apenas balançou a cabeça assentindo. – Por que não me contou? –

- Porque do jeito que você é, é capaz de você querer ir para lá aquele horário para trabalhar... –

- Não... Não duvido nada! – concordei e senti o seu peito tremendo devido a risada que ele havia dado. Ele passou os dois braços pelo meu corpo, me abraçando forte e beijou o topo da minha cabeça.

- Segunda os homens vão cuidar da sua loja e será mais rápido. – garantiu aninhando a cabeça próxima a minha. – Ah propósito, o seu jardim está separado para ficar arrumado, vê se não bagunça tudo de novo! – resmungou e quem riu agora tinha sido eu. – Agora você tem quase uma quadra inteira só de jardim, o que mais tem é espaço. –

- Eu ainda nem vi como ficou. –

- Você vai gostar... Talvez agora você tenha espaço para fazer o que queria e não dava! –

- Você é maluco! Daqui a pouco compra toda a Tulsa e transforma em um jardim para mim! – ele riu de novo.

- Eu criei um jardim para você no submundo, comprar Tulsa seria bem mais fácil! –

- Não inventa! – cortei-o logo e ele gargalhou aconchegando meu corpo mais contra o dele.

- Assim que você terminar de arrumar tudo, ajeitar do seu jeito, nós podemos nos mudar para lá. –

- E esperar anos até as árvores e as flores chegarem ao que estava antes. –

- Talvez menos tempo! – respondeu apoiando o rosto em meu cabelo. – Agora vamos dormir. – ele beijou o topo da minha cabeça e eu senti os seus braços apertando o abraço contra o meu corpo, aninhei a minha cabeça mais contra o seu peito e contra o seu pescoço.

...

No dia seguinte eu acordei sentindo um cafuné em meus cabelos, antes de abrir os meus olhos, levei as mãos até os meus olhos o coçando e logo em seguida, os abri e encontrei com Edward já acordado, com os olhos presos em mim enquanto mexia em meus cabelos. Ele sorriu ao me ver acordada e abaixou a cabeça para dar um beijo em minha testa. Nós dois ficamos ali mais um tempinho até termos nos levantado. Depois de um banho tomado e com o estômago cheio, Edward finalmente me levou para a minha casa para que eu pudesse ver como ela estava.

A casa em si não havia mudado muito, a estrutura ainda estava lá, sem as plantas que tinha antes, mas a estrutura ainda estava lá do jeito que era, não havia aumentado mais nada, até porque a casa já era grande o suficiente para caber quatro pessoas, e as meninas nem iriam precisar dividir o quarto caso não quisesse, apenas Edward que não teria o seu escritório, mas era algo que dava para se dar um jeito sem o menor problema. Agora, contudo, o jardim estava simplesmente enorme e todo dividido, uma área grande para as árvores que eu já tinha, a maior estava separada para as flores. A estufa ainda estava ali, restaurada, mas anda estava ali. Todo o jardim estava divinamente separado, como ele mesmo falava e esperava que eu não o bagunçasse como estava antes.

Tinha uma pequena área ali com uma pequena fonte, uma mesa de madeira e algumas cadeiras debaixo de um pergolado que eu esperava colocar as minhas trepadeiras de novo. A casa e o quintal pareciam completamente sem vida sem as plantas, mas eu me recusava a sair desse jardim esse final de semana sem que todas as mudas e sementes estivessem devidamente plantadas.

Edward colocou Jasper para trabalhar e o ajudar a levar as plantas, que estavam no quintal de Edward, para a minha casa e ainda um pouco receosas as garotas me ajudaram, só depois de eu ter insistido bastante para que elas me ajudassem, já que elas, eram iguais ao pai, que tinha medo de mexer nas plantas e acabar matando-as. E só aceitaram me ajudar quando eu garanti que isso não iria acontecer, que elas não matavam as coisas apenas por tocarem nelas.

Segunda feira todas as plantas estavam devidamente plantadas, agora era só esperar o passar dos anos até que as árvores estivessem crescidas e esperar meses para as flores florirem. Edward saiu cedo para cuidar da reforma da minha floricultura e de outra loja que ele havia pego para restaurar ao mesmo tempo para que o prefeito parasse de incomoda-lo, e eu resolvi pegar as meninas e ir até o shopping para comprar as coisas para a minha casa que estava completamente vazia, já que todos os móveis, eletrodomésticos e tudo que era possível quebrar, Leah havia deixado em completo pedaços, tentei deixar para trás o cartão que Edward havia deixado para que eu comprasse as coisas, mas ele provavelmente tinha dito as meninas sobre ele, e Melinoe havia levado o cartão e me entregado no carro.

As duas haviam decidido continuar dividir o quarto, por mais que elas fossem diferentes, elas gostavam de ficar juntas, e queriam ficar juntas. Fomos em uma loja de moveis e resolvi começar pelo quarto das duas, achei que seria o mais fácil, ledo engano meu. As suas personalidades e gostos eram completamente diferentes, em palavras mais simples... Melinoe era a irmã gótica e Macária a irmã patricinha!

Demorou um bom tempo e uma bela ligação do Edward mandando as duas se comportarem e entrarem em um acordo antes que ele mandasse as duas de volta para o mundo inferior. Eu não havia ligado para ele, na verdade eu não fazia a mínima ideia de como ele soube que as duas estavam tendo uma leve discussão. Depois, que as duas finamente entraram em um acordo e decidiram dividir o quarto ao meio e cada uma iria decorar a sua metade do seu jeito e o banheiro que elas dividiriam seria uma área neutra.

Nós ficamos o dia inteiro no shopping, chegando a casa do Edward apenas no início da noite, depois das duas quase estourarem o cartão do pai, que nem limite tinha, mas elas quase o encontraram, mas tudo da casa havia sido comprado, o que elas tinham escolhido para decorar, tanto a casa quanto o jardim, porque elas haviam adorado e comprado diversos daqueles anões de jardim, foram levados para casa e o resto era só esperar as lojas entregarem, que alguns demorariam alguns dias ou algumas semanas.

Uma semana havia se passado e eu havia recebido uma mensagem de uma das lojas de móveis falando que iriam entregar em uma hora. Quando chegamos a casa, o caminhão da loja já estava na porta para fazer a entrega. Eram os moveis dos quartos que haviam chegado, e Melinoe foi na frente guiando os entregadores animada, enquanto puxava a irmã. Ela já tinha escolhido qual seria o seu quarto, o terceiro quarto que tinha na casa havia sido cedido para o Edward montar o seu escritório.

- E agora? – perguntei a Edward enquanto via os entregadores entrando com as caixas de moveis.

- Bom. Assim que a casa estiver arrumada e pronta, nós nos mudamos para cá e eu coloco a minha a venda. – explicou.

- Conversei com Jasper esses dias sobre aquela ideia que eu tive de Alice e você fazerem uma loja na Grécia e ele disse que iria levar esse assunto a ela, e depois que tiver a resposta irá nos avisar e ai então será preciso apenas da sua resposta. –

- Já disse que não tem como ter uma floricultura no inverno, amor. –

- E eu já disse que isso é muito simples de resolver. Portanto, eu irei considerar isso como um sim. –

- Com licença... – um dos entregadores voltou para o lado de fora da casa. – Se me permitam o comentário, mas belo jardim que os senhores tem em... – comentou e eu olhei para ele sem entender.

- Ela quem fez! – Edward respondeu sorrindo.

- Parabéns... Bom, deixa eu terminar de carregar as coisas. Com licença. – ele entrou no caminhão de novo.

- Do que ele está falando? Só tem mudas e olhe lá! –

- Vai lá ver! – disse sorrindo e apontando com a cabeça para a porta que dava ao meu jardim.

Eu entrei no meu quintal e segui para a parte dos fundos e encontrei todo o meu jardim florido. As árvores estavam adultas e com frutos, as mudas de flores estavam adultas e floridas. O jardim em poucos dias havia se tornado uma explosão de cores e cheiros. Era possível sentir a presença de Edward atrás de mim, eu abri e fechei a boca diversas vezes tentando encontrar a minha voz e as palavras e era difícil.

- Considere como uma... Recompensa ou pedido de desculpas de Zeus. Não verá isso novamente. – ele respondeu baixo próximo a minha orelha enquanto passava os braços em volta da minha cintura.

- Pelo que? –

- Pelo que sua mãe e Despina fizeram! –

- Mas... Ele tinha me dito em Atenas que ele nunca pode fazer nada, que essa história envolvia apenas você e a minha mãe! –

- Sim, mas ele não impediu a sua mãe de sumir com você de novo e tampouco que Despina destruísse tudo! Então, como Héstia agora está fazendo o trabalho que Deméter fazia, ele pediu que ela viesse aqui e deixasse tudo novo. –

- É isso o que você estava se referindo sobre ser fácil eu ter uma floricultura em pleno inverno grego? –

- Hm... – ele ponderou um pouco. – Basicamente isso! – respondeu por fim.

- Certo... Agora como eu vou explicar isso para as pessoas? –

- Ninguém vai perguntar! – deu de ombros ainda abraçando a minha cintura. – Tentarei terminar a sua loja em uma semana, o que significa que em poucos dias você poderá voltar á ativa e ser feliz. –

- Mas eu sou feliz! Agora eu sou completamente feliz. – ele suspirou apertando mais ainda a minha cintura e o meu corpo contra o dele, e suspirou.

- Digo o mesmo. Finalmente eu posso dizer o mesmo! -

Nenhum comentário:

Postar um comentário