Pov. Edward.
No dia
seguinte acordei com o barulho da televisão do quarto, abri os olhos e vi que
Maggie estava deitada na cama, de bruços, com os pés para cima, e ainda
agarrada ao ursinho de pelúcia. Ela estava totalmente atenta à televisão, que
passava Baby Looney Tunes, estava na abertura, a qual ela cantava enquanto balançava
os pezinhos no ar.
- Nós
aqui estamos pra brincar com vocês / Tem muita diversão e coisas
para se fazer / Correr na casa da vovó
/ fazer de tudo, jogar bola / Descer no escorrega, gritar / O Pernalonga e o Patolino / o Taz e a Lola vêm / Piu-Piu é tão fofinho / queremos
você também / Somos animados, venham já
de uma vez / Baby Looney Tunes e você! .
- me sentei na cama e a puxei pelos pés a fazendo vir para
perto de mim, enquanto ela ria alto.
- Bom dia, princesa. – a peguei no colo e dei um beijo na sua
bochecha gordinha.
- Bom dia, papai. –
- Vamos tomar banho e ir tomar café? – ela assentiu
balançando seus cachinhos. – Fica aqui vendo o desenho que papai já vem. –
deitei-a na cama de novo e fui para o banheiro.
Tomei um banho quente, vesti uma calça jeans escura, uma
blusa de mangas compridas branca, calcei meus sapatos marrons, escovei os
dentes e deixei o quarto. Voltei para o quarto e o desenho já tinha terminado,
peguei-a no colo, desligando a televisão e caminhei até o quarto das meninas,
as outras três ainda estavam dormindo, dei um banho em Maggie e a coloquei num
short jeans, uma blusa larguinha branca com listras vermelhas, que tinha
escrito no meio, dentro de uma nuvem, Orange
Juice, e botinhas marrons. As férias delas terminavam em duas semanas,
então eu tinha que deixa-las entretidas por mais quinze dias.
Acordei as outras três, já era por volta das 9:30h, e desci,
deixando Maggie na sala vendo seus desenhos enquanto eu ia para a cozinha, ao
chegar à cozinha, percebi que chovia muito, Deus havia atendido meu pedido de
chover, para que assim eu ficasse em casa e descansasse, amanhã eu tinha que
voltar ao trabalho. Kenzie desceu logo em seguida, usando um vestido roxo, simples,
meia calça cor de mostarda e botas vermelhas, e tinha um casaco branco com
listras cor de mostarda em mãos, Mel foi à próxima e desceu usando um vestido
azul largo, meia calças pretas e botas meio amarelas e uma touca na cabeça, e
por fim, Maddie, que usava uma vestido preto de alça, com saia azul listrada de
branco, botas pretas e um chapéu vermelho.
- Por que estão tão bem vestidas? – perguntei quando as três
se sentaram no mesa da cozinha.
- Tia Alice disse que ia vir hoje para sair com a gente. –
Maddie disse.
- Está chovendo. – falei colocando as panquecas na mesa. –
Vem Maggie. – chamei a tampinha e ela veio correndo, coloquei-a sentada na sua
cadeirinha alta no mesmo tempo que a campainha tocou. – Já volto. – fui até a
porta e a abri dando de cara com Alice.
- Bom dia, irmãozinho. – ela disse fechando seu guarda-chuva
quadriculado.
- Bom dia Alice, entra. – ela entrou e colocou o guarda-chuva
no porta guarda-chuva, ao lado da porta e entrou e eu pude ver sua roupa. Ela
usava uma blusa de botão jeans claro, um casaco marrom claro, calça legging
preta, botas marrons e um cachecol grosso cor de mostarda. – O que deseja? –
- Vim passar o dia com as minhas meninas. –
- As meninas são minhas, mas tudo bem. – fechei a porta. –
Vem tomar café. – mal terminei de falar e percebi que estava sozinha. Revirei
os olhos e segui para a cozinha, onde eu vi Alice falando com as meninas. Ela
se sentou na cadeira vaga e eu fui fazer mais panquecas, e me sentei também.
- Tia o que vamos fazer? – Kenzie perguntou.
- Eu ia levar vocês ao parque, mas está chovendo. – reclamou
colocando meia panqueca na boca. – Já sei o que podemos fazer. – passei a mão
pelo rosto, quando Alice inventa algo, eu tenho até medo. – Vamos fazer bolo e
biscoito juntas, concurso de canto e dança, sessão de pipoca e filmes, e um
pequeno salão de beleza e... –
- Alice. – a chamei bebendo um gole do café. – Lembre-se que amanhã você trabalha. –
- Não tem problema. – deu de ombros, me levantei começando a
tirar a mesa.
- Se eu ouvir você reclamando que está cansada amanhã, eu vou
dobrar suas 48 horas de plantão. – falei no seu ouvido. – E não vai adiantar
nada você reclamar com o papai. – peguei o prato vazio dela e segui para a pia.
- Tá bom, vou maneirar nas coisas pra fazer com as minhas
sobrinhas, aproveite e descanse um pouco, você é insuportável quando está
cansado. – Alice disse me ajudando a tirar a mesa. – Estamos subindo. Venham
meninas. – disse pegando a Maggie no colo. – Vamos para o nosso spa. – elas
subiram e eu terminei de tirar a mesa e lavar a louça e segui para o andar de
cima, fui até o quarto das meninas e encontrei-as sentadas no chão do quarto,
descalças, com bobes no cabelo, enquanto Alice mexia nas unhas dela.
Saí da cozinha e fui para o meu quarto, tirei os sapatos e
deitei-me na cama para descansar um pouco, acabei dormindo por um tempo,
infelizmente, devo ressaltar, sonhar mais uma vez com o dia em que minha esposa
morreu, então resolvi levantar e ver o que as garotas estavam fazendo.
Encontrei-as na cozinha, onde o balcão estava cheio de farinha, as meninas
estavam fazendo biscoito e elas estavam cheias de farinha. Depois que elas
colocaram os biscoitos e bolos no forno, levei as tampinhas para tomarem banho
enquanto deixei, e obriguei, Alice a arrumar a cozinha e depois coloquei as
quatro para ver desenhos na sala enquanto Alice fora se limpar e eu fui fazer
pipoca para elas.
Depois de tudo pronto e todo mundo limpo, coloquei a pipoca
em alguns potes e levei para a sala, junto com Alice que levava bolo, biscoito
e refrigerante. E começou-se a sessão de filmes às 14h. Hercules, A Pequena Sereia, Procurando Nemo e A Bela Adormecida. Os
filmes terminaram e Alice começou um pequeno concurso de dança e canto. Às dez
horas as meninas estavam exaustas, Alice me ajudou a colocar as meninas na cama
e partiu para a casa, amanhã ela teria que estar no hospital às 10h, tomei um
banho, tomei o remédio para dormir e cai
no sono.
No dia seguinte, quando acordei, Kebi já estava em casa, e
com o café todo pronto, eu já estava pronto, tomei um café rápido e assim que
terminei, as meninas tinham acabado de acordar, dei um beijo nas quatro, peguei
minhas coisas e segui para o hospital. Eu estava quase atrasado, troquei de
roupa, colocando meu jaleco branco e segui para a emergência, para saber se
tinha algum caso novo. Descobri que tinha uma operação de emergência hoje, uma
garota de 18 anos, com um pequeno aneurisma cerebral, quase imperceptível. Pedi
para preparem a paciente e fui ver se meus residentes, que estavam dez minutos
atrasados, já haviam chegado.
- Eu estou muito... – me aproximei deles, que viam na minha
direção, eu ouvia Alice falando, ergui uma sobrancelha e ela me encarou. –
Animada. – terminou me vendo e provavelmente se lembrando do que eu falei
ontem. – Bom dia ir... – olhei feio para ela. – Dr. Cullen. –
- Bom dia. Estão atrasados. – reclamei. – Tenho uma missão
para vocês. – os quatro me encararam. – Tirem no palitinho. – falei pegando
quatro palitinhos no bolso. – Quem tirar o palitinho grande vai para uma
operação comigo. – estiquei os palitinhos e cada um tirou um. Alice havia
apanhado o palitinho grande e antes que ela se animasse falei. – Alice e
Jessica, para a emergência. Mike vem comigo e Tyler, termine o que estava
fazendo sábado. – Alice e Tyler me encararam.
- Mas eu tirei o palitinho grande. – Alice reclamou.
- Mas você está muito cansada Alice, não quero que faça merda
na operação. E vê se não faz merda na emergência. – sai andando com Mike ao meu
encalço, trocamos de roupas, antes de entrarmos na sala parei e olhei para o
Mike. – Preste atenção, ninguém leva um residente a uma operação, então tente
não fazer merda. – quase rosnei a ultima parte e ele assentiu assustado.
A operação durou cerca de 10 horas e foi bem tranquila. A
operação foi bem sucedida e deixei Mike para cuidar do pós-operatório. Depois
que a operação acabou fui até a emergência, Alice e Jessica estavam lá,
cuidando de suturas, traumas pequenos e essas coisas e Tyler estava nos exames
renais, eu sabia que isso era sacanagem com ele, mas ele tinha que aprender a
segurar uma criança direito, mas a partir de amanhã eu o colocaria em outro
lugar, contanto que ele não fizesse nada errado de novo. Sai da emergência e
resolvi descansar um pouquinho antes de voltar ao serviço.
- Quero falar com você. – mal tinha fechado os olhos e Alice
invadiu o dormitório, me apoiei nos cotovelos e olhei para ela sem humor algum.
– Aquela cirurgia era minha. – ela começou a reclamar e eu deitei na cama. –
Você disse que quem pegasse o palitinho pequeno iria para a cirurgia e eu
peguei, não o Newton. –
- Reclama com o chefe. – falei fechando os olhos.
- E ela já fez isso. –
- Puta merda. – reclamei ao ouvir a voz do meu pai, me sentei
na cama ao ver meu pai parada atrás de Alice. – Alice, vê se cresce e para de
correr atrás do papai quando algo não te agrada. –
- Aquela cirurgia era minha. –
- Sua? Com você se arrastando e bocejando para cima e para
baixo? – perguntei. – Alice era uma cirurgia onde a paciente poderia morrer,
onde você ficou o dia inteiro brincando com as meninas, você não está se
aguentando em pé. Eu te avisei, que você iria se cansar, mas não quis me ouvir.
Não vou correr o risco de perder nenhum paciente, e pare de correr atrás do
papai, ele tem mais o que fazer, você tem mais o que fazer, e eu tenho mais o
que fazer. Até onde eu sei, não falei para você deixar a emergência. – falei e
me joguei na cama de novo.
- Alice volte ao trabalho. – meu pai falou e ela saiu batendo
os pés.
- Eu disse que não iria funcionar ela ficar comigo, o senhor
não me ouviu. –
- Está ocupado? Queria conversar com você. –
- Acabei de sair da cirurgia, vim descansar. –
- Então vem comigo. – me levantei, verifiquei se meu Pager
estava no bolso do meu jaleco e o segui até a cantina. Nos sentamos em uma das
mesas afastados das outras, com dois copos de café. – Filho, eu e sua mãe
estamos preocupados com você. –
- Comigo? Por quê? –
- Já faz dois anos que não os vemos com nenhuma mulher. –
revirei os olhos e bebi um gole do café quente. – Filho você anda muito
sozinho. –
- Não ando sozinho. –
- Você tem a Madison, Mackenzie, Melanie e a Maggie, mas você
anda sozinho. Edward, você é homem, não se interessa por mulher nenhuma? –
- Sinceramente? Não! –
- Como não? Filho, já vai fazer três anos que Tanya morreu e
você não se interessou por mulher nenhuma. –
- Pai eu amava a Tanya. –
- Eu sei, mas ela se foi, você tem que seguir em frente, era
o que ela iria querer que você fizesse. –
- Pai, se fosse com o senhor? –
- Se eu tivesse perdido sua mãe? – assenti. – Eu seguiria em
frente, do mesmo jeito que eu iria querer que ela seguisse em frente. Edward
você pode se apaixonar de novo. –
- Eu não quero, pai. Você viu o que aconteceu com Tanya. –
- Ela morreu devido a uma complicação no parto, não quer
dizer que com a pessoa vá acontecer à mesma coisa. – passei a mão pelo cabelo,
os puxando de leve. – Você não se sente sozinho? –
- Pai... –
- Esquece as meninas, esquece sua mãe, sua irmã e eu. Você
não se sente sozinha, como homem? Não se sente sozinho à noite? Não sente um
vazio na hora de ir dormir? –
- Um pouco. – confessei.
- Então... –
- Mas eu prometi a Tanya, no dia que ela morreu, que eu não
me interessaria por outra mulher. Que só me importaria com as meninas. –
- E você acha isso certo? Alice me contou que descobriu que
você anda tomando remédio para dormir. Por quê? – eu vou matar a Alice. – Por
que Edward? – me pressionou ele. - Por acaso anda se drogando com remédios?
Porque se for isso, sabe que terei que reportar ao conselho de medicina e... -
- É claro que não, pai. –
- Então por quê? – perguntou firme.
- Porque tenho pesadelos. Todas as noite, não consigo dormir,
porque eu sempre volto ao dia que a Tanya morreu. –
- Edward, esse dia não é apenas o dia que Tanya morreu, e
também o dia que a Maggie nasceu. –
- Eu sei disso. Mas sempre que eu fecho os olhos, eu me
lembro do dia e da hora que Jacob sai daquela sala falando que ela está morta,
se eu não tomar o remédio eu não
durmo. E se eu não durmo, eu não consigo cuidar dos meus pacientes. Fim da
história. – encostei-me às costas da cadeira e fiquei mexendo no copo de café
vazio.
- Já pensou que, o fato de você não conseguir dormir é porque
está sozinho? – olhei para ele com a sobrancelha arqueada, sem entender o que
ele falava. – Já pensou que é como se Tanya tivesse mandando um sinal, como se
ela tivesse tentando dizer que é para você seguir em frente? –
- Pai, não viaja. – meu pager começou a apitar no bolso do jaleco.
Peguei-o e li a mensagem. – Eu tenho que ir até a emergência pai. – me levantei
e ele se levantou junto.
- Antes de ir quer te falar uma coisa. Eu exijo que arrume
uma mulher, não precisa se casar, quero que conheça uma mulher, saia com ela e
volte a viver. Pelo menos tente, ouviu, é uma ordem do seu pai. Você vive
dentro desse hospital, se eu souber que você não me obedeceu e tentou arrumar
uma namorada, eu juro que vou te afastar por um bom tempo. –
- O senhor não pode... –
- Posso sim, sou seu pai e seu chefe, então eu posso. Faça o
que eu mandei, e pare de descontar suas frustrações nos seus internos. Entendeu? -
- Sim. – ele falou e saiu andando, meu pager bipou novamente
e eu segui para a emergência.
Hoje seria plantão bem longo, 48 horas de plantão e para
piorar a situação teve um enorme acidente na interestadual 94 e como esse
hospital era o mais próximo dos acidentes mais da metade dos feridos vinham
para cá, a emergência estava lotada, era ambulância atrás de ambulância, todos
os médicos que tinham internos os liberaram para ajudar na emergência, todas as
salas de cirurgia estavam ocupadas, algumas cirurgias que estavam marcadas para
hoje tiveram que ser remarcadas porque eram muitas vitimas do acidente que
precisavam ser operados.
Eu tive que fazer umas quatro cirurgias, ou mais, eu perdi a
conta, saia de uma e seguia para a outra, saia de uma e seguia para a outra.
Como a maioria dos médicos e enfermeiros estavam ocupados, os internos também
ajudavam nas cirurgias, o que não era muito comum, mas devido a circunstancias.
Nessas 48 horas de plantão muita gente acabou morrendo, principalmente pessoas
do acidente na interestadual 94, mas muitas vidas também foram salvas. Jacob
Black, o medico obstetra-neonatal que cuidou do parto de Maggie, também ajudou
no que pode, pela primeira vez um obstetra-neonatal ajudou a um neurocirurgião
em uma cirurgia importante de traumas, a maioria traumas abertos, devido as
pancadas nos para-brisas, e de alguns que bateram a cabeça no asfalto, e que eu
não o via há muito tempo, tentava evita-lo ao máximo, não porque ele não
conseguiu salvar a vida de minha esposa, mas porque só de vê-lo eu me lembrava
daquele dia, então eu tentava evitar tudo que me lembrasse do dia que Tanya
morreu.
Finalmente às 48h de plantão terminou e eu pude ir para casa,
eu cheguei a casa tarde da noite e todo mundo já estava dormindo, Kebi dormia
no quarto de hospedes. Tomei um banho relaxante e fui deitar, assim que me
sentei na cama, e abri a gaveta para pegar o remédio para dormir, me veio em
mente o que meu pai disse, de que eu deveria arrumar uma namorada, mas eu não
queria. Eu estava bem sozinho, quer dizer, eu literalmente estava bem sozinho
no quesito mulheres, já que as únicas as quais eu me aproximava era as meninas,
Kebi, minha mãe e irmãs e minhas pacientes.
Eu não sabia se eu estava pronto para me apaixonar novamente,
mas eu meio que havia prometido ao papel que iria tentar seguir em frente,
então eu iria tentar, só não sabia como ainda. Mesmo assim, peguei um
comprimido e o tomei, essa ideia do meu pai era absurda, eu conseguiria dormir
apenas com o remédio, só com isso.
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