domingo, 17 de fevereiro de 2019

Capítulo 3: Quermesse


 Pov. Bella


Edward ficou meio sem jeito quando io disse que as minhas outras três tatuagens seriam difíceis de mostrar porque io teria que tirar a roupa, bom, era a verdade, não me arrependia de tê-las feitos, mas ele também não precisava perguntar. Demorou cerca de cinco minutos até que ele voltou a folhear il mio caderno .

- A sua letra é linda. - disse e io sorri colocando uma mecha solta de mio coque atrás da orelha.

- Grazie - io não estava acostumada a ter um professor tão novo, carismático e bonito quando ele. Io estava acostumada a ter aulas com professores quase que decrépitos, ou padres e madres.

- Eu estou bem surpreso. Escolas católicas não costumam dar aula de biologia e tal. - dei de ombros.

- O professor era um padre. -

- Como você aguentava? -

- Io gostava. - respondi sinceramente. - Fui criada dentro da igreja católica. - dei de ombros. - Estou nessa escola desde os três anos, já me acostumei. A maioria dos professores é da igreja, padres, frades, freiras ou madres; acho que apenas uns dois não eram. -

- E o diretor? -

- Padre. E quando ele tinha que ir a alguma reunião ou retiro da igreja ficava a madre superiora… - sorri ao lembrar-me de sua carranca. - E ela me detesta. -

- Por quê?  - perguntou largando o mio caderno e me encarando.

- Por causa de uma brincadeira que io fiz. - dei de ombros. - A verdade é que io já afastei muito amigo por causa dessas brincadeiras. -

- Que brincadeira?  -

- Io lembro de que foi o mio primeiro dia de aula, io estava quieta no meu canto no intervalo e tinha uma rodinha de meninas a poucos passos de mim e a escola é cara, muito cara, só filhos de pessoas com muito dinheiro estuda lá ou fazendo uma prova super difícil. Aí as garotas estavam… Ah mio padre é o prefeito. Mio padre é um médico sei lá o que. Mio babbo é advogado de não sei quem. E io estava quieta na minha e elas viraram: Quem é tuo padre? Aí io: Mio babbo? Mio babbo é o dono da Ferrari, chupa. - falei e ele começou a gargalhar ao meu lado.

- Você não falou isso? -

 - Falei. Mio babbo me ensinou a falar assim. - ele riu mais ainda. - Mia mamma ficou com muita raiva, porque no primeiro dia de aula io fui parar na direção, primeiro dia de aula na vida, mas mio babbo ficou rindo alto, na cara da madre superiora. - ele levou as mãos no rosto rindo. -

- E a amizade que você perdeu? - perguntou rindo.

- Mia mamma tava viajando, tinha ido visitar minha nonna e mio babbo estava na empresa e io nunca tive una bambinaia… Quer dizer, uma babá. Io saí da escola e tinha um trabalho para fazer, io tinha uns seis ou sete anos, e uma amiga tinha ido comigo porque ela era a minha dupla nesse trabalho. Quando terminamos, nós não queríamos ficar lá à toa e tinha uma praça ali perto, e io falei: Babbo, noi podemos ir à praça um pouquinho? - lembrei. - E ele: Non principessa, babbo está trabalhando e não pode ir agora. Aí io pedi para irmos sozinhas e ele: Non! Claro que non, um estranho pode aparecer e tentar sequestrar vocês. E io disse: É só correr. E mio babbo: Você vai correr mais rápido que um adulto? E io disse séria: Nunca disse que teria que correr mais rápido que um adulto, io só teria que correr mais rápido do que lei. - terminei de contar e Edward levou o meu caderno ao rosto, o escondendo enquanto gargalhava. – A mia amiga surtou e começou a chorar e só parou quando il babbo foi buscá-la, depois disso ela nunca mais olhou na minha cara. -

- Menina, você é inacreditável. - Ele tirou o rosto do meio do mio caderno e seu rosto estava completamente vermelho de tanto rir. - Não acredito que falou isso. - dei de ombros.

- Alice é a única que me escuta falando isso e não some ou surta… Acho que ela me atura por ser minha prima! – dei de ombros.

- Quando a sua mãe foi embora? -

- Da onde? -

- Daqui! -

- Mia mamma é italiana. Madrina Renata também, ela veio para cá quando se casou com o padrino Caius. -

- Caius também…? -

- Non, padrino Caius e daqui mesmo, ele estava cursando faculdade ou algo do tipo por lá… Lá por Roma. - expliquei.

- Então, Alice teve a chance de ser italiana? - assenti.

- Ela fica com raiva dos pais por terem vindo para cá, eles vieram três meses antes dela nascer. -

- Você nunca veio para Forks? - neguei.

- Ela que sempre ia para lá. - expliquei. Ele sorriu e levou a mão até o mio rosto e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e acariciou bem de leve a minha bochecha que esquentou instantaneamente, ficando rubra. - Acho melhor começamos a aula, tenho muita matéria para por em dia. -

- Tem razão. - disse e voltou a olhar o meu caderno.

Nós ficamos ali a noite toda e finalmente, e após um leve desconforto na cabeça, ele conseguiu me colocar a par de tudo. Ele explicava em italiano e ficava mais fácil para io entender. Ás nove o meu celular despertou e eu pedi licença para tomar o meu remédio e voltei rapidamente para a sala, quando a porta fora aberta.

- Ainda estão ai? - e Alice entrou em casa com os amigos e o namorado.

- Tecnicamente, acabamos agora. - Edward respondeu fechando os livros.

- Que bom, trouxemos pizza do Logde. - Emmett respondeu entrando em casa com umas dez caixas de pizza.

- Para que tanta pizza? - perguntei.

- Isso é só a parte que ele vai comer. - Edward brincou ao meu lado.

- Eu estou em fase de crescimento. -

- Só se for para os lados. - Jasper ironizou e ele colocou as pizzas em cima da mesinha de centro após termos tirados todos os livros.

- Como foi? - perguntei quando Alice se sentou no sofá tirando os saltos.

- Boa! As festas da FHS é quase sempre a mesma coisa, acaba cedo e é meio sem graça. - explicou. - Tomou o remédio? -

- Tomei. - respondi e ela encarou o Edward.

- Ela tomou o remédio? - io revirei os olhos.

- Tomou Alice. -

- Ótimo. Vamos de pizza. - ela gritou perto do meu ouvido.

- Alice! - chamei sua atenção tampando meus ouvidos.

- Aí meu Deus, desculpa. Foi sem querer. - ela abraçou o meu pescoço. - Desculpa. - disse de novo e deu-me um beijo na bochecha. - Bom vamos comer. - disse deslizando para o chão ficando entre mim e Edward e eu levantei pegando minhas coisas.

- Vai onde? -

- Guarda isso aqui e ir ao banheiro. - expliquei, e segui para as escadas na direção de meu quarto.

Io não dormia muito aqui, ainda tinha pesadelos a noite e preferia dormir no quarto com Alice, mesmo o quarto dela me causando arrepios, mas de vez em quando ela dormia aqui comigo e io acordava sozinha. Ajeitei meus livros na prateleira da prateleira e vi que meu celular, que eu havia deixado no quarto carregando, apitava a chegada de uma nova mensagem.

Desconectei o celular do carregador e sai do quarto e após ir ao banheiro eu desci as escadas e abri a mensagem apenas depois de ter chegado à sala. Era a mensagem do único amigo que io tinha em Siena, se é que podia chama-lo assim, ele era bem mais velho do que io, lá pela casa dos trinta anni. Sentei-me na poltrona da sala lendo a mensagem.

De: Jackie
Hey Bella, como está? Perdono se fui um amigo negligente e não procurei saber como você estava. Mas sabes muito bem que io estava em um treinamento sem celular e io só voltei para casa hoje e foi quando Lena me contou o que tinha acontecido. Mi dispiace per la tua perdita. Tu babbo era um grande uomo e tua mamma era la donna mais gentil que io conheci. Mesmo com toda essa briga stupida entre le nostre famiglie, tu lo sai como eu adorava la tua mamma e tu babbo também, e tu também.
Lena contou-me que tu stai con tuoi padrini, e eu não os conheci, mas sei que eles vão cuidar molto bene de ti. Quando ler esta mensagem me liga ou me responda, gostaria de saber como você realmente está.
Lena quer te ligar, mas lei tem medo que acabe acordando você devido o fuso horário.
Bacios Jackie!

- Que sorriso é esse? - Alice perguntou e foi só aí que eu lembrei que não estava sozinha.

- Deixa ela Alice, deve ser o namorado. – Emmett brincou.

- Non. É apenas uma mensagem do Jacob -

- Viu eu disse que é o namorado dela. -

- Cala a boca, Emmett. Jacob? Qual Jacob? Jacob Black? - ergui apenas os olhos da tela de onde eu digitava a mensagem e ela arregalou seus olhos azuis. - Jacob Black? O Capitão Black? - assenti. - Deus do céu, esse homem é maravilhoso. -

- Alice! - Jasper a chamou como que se fosse para ela lembrar que ele estava ali.

- Epa… Desculpa amor. Mas é a verdade, ele é maravilhoso. Cadê o Facebook dele? -

- Ele não tem. - disse mandando a mensagem onde eu disse que estava bem e que ele e a Lena poderiam me ligar a hora que quisessem.

- Tem foto com ele? - neguei e apertei o botão para enviar. - Tem sim. - ela se levantou e subiu as escadas correndo.

- Pazza! -

- Quem passa? - Emmett perguntou.

- Não Emmett, pazza quer dizer louca em italiano. - Edward explicou.

- Ah. A Alice sempre foi louca. -

- Achei… - ela gritou descendo as escadas. - Aqui ó e você falando que não tinha. - ela quase esfregou a foto na minha cara. - Olha Rosalie. - ela mostrou a foto a Rose. - Agora imagine esse cara de uniforme. -


- Por que diabos ele usaria uniforme? - Rosalie perguntou olhando a foto.

- Porque ele é capitão da polícia. -

- Non! -

- Não é da polícia? -

- Non. Ele é capitão da guarda Salimbeni. -

- E isso significa? -

- Siena é dividida em contrada… -

- Famílias, Emmett. - Alice disse quando Emmett abriu a boca. - Imagina Game of Thrones. Cada região é comandada por uma família era assim na Siena medieval e renascentista. As famílias ainda existem mais não tem a mesma divisão, rivalidade e poder que tinham antigamente. -

- Tecnicamente ainda tem. Alice, perdono, mas você não mora lá, então acredite quando io digo que tem. A contrada de Jacob… É difícil de explicar perché io non sei o motivo certo. Deixa-me começar do início. - respirei fundo. - Buono, prima de tutti, é quase que impossível explicar Siena, porque Siena não é apenas Siena, são um conjunto de 17 contrade, ou se preferir bairros, diferentes e cada um tem seu território, seus governantes e seu brasão. Caso visitem Siena e querem saber onde estão, consulte os cantos externos das casas, há plaquinhas de porcelana que dizem em qual contrada você está. Para noi de Siena, a nossa vida se resume a elas, seus amigos, comunidade, aliados e rivais. Todos os dias do ano. - passei a mão pelos cabelos que estavam soltos. - Io non sei, mas a família de Jackie foi expropriada pelo governo em 1419 e obrigada a deixar a república de Siena, não para sempre, não se sabe o motivo, provavelmente mereceram, mas agora já podem voltar, mas perderam o poder e a influência, mas não a má reputação, e perderam o seu… a sua representatividade no Palio. E para nós se a sua família não está no Palio é uma… Un abominio. -

- Abominação. - Edward e Alice traduziram ao mesmo tempo.

- Sério? – perguntou confuso. - O Palio nem é grande coisa e é um péssimo carro. – Emmett comentou.

- Ela não está falando do carro e sim da corrida de cavalos chamada de Palio. – Alice explicou.

- O famoso Palio de Siena. - Edward disse.

- E por ironia do destino. A minha família e a de Jacob eram inimigos mortais. Mesmo agora ainda existindo bem poucos, a inimizade continua. -

- Por quê? -

- Na idade média a minha família e a dele eram donas de bancos privados. A nossa família. - apontei para mim e Alice. - Era uma das mais ricas e influentes de Siena. E sempre viveram em guerra contra os Salimbeni, a família de Jackie, e elas tentavam provar quem possuía a maior influência na cidade e há histórias de que um colocou fogo na casa do outro. - pensei um pouco. - É tipo Shakespeare. “Duas casas, iguais em seu valor, em Siena, que a nossa cena ostenta…” – falei trocando Verona por Siena.

- Romeu e Julieta. - Jasper disse.

- E Jacob não é um policial. - voltei ao início da história. - Ele é… - balancei um pouco as mãos tentando lembrar-me da palavra em inglês. - Chefe da segurança. - disse lembrando. - Ele é o chefe da segurança do Monte Dei Paschi, no Palazzo Salimbeni, que é um banco, ainda, e o mais antigo do mundo. - expliquei.

- E qual é a sua família? - Rose perguntou.

- Tolomei. - Alice respondeu feliz.

- A família de vocês ainda está no Palio? -

- , mas as duas contradas que ganharam ano passado foram a do Ganso e da Onda. -

- Duas? -

- Sì. São dois Palios ao ano. O primeiro é dia 2 de julho, em homenagem a Madonna of Provenzano, a Patrona e Rainha de Siena e dia 16 de agosto, em homenagem a Assunção de Maria. -

- Não é no mesmo dia do Ferrasgosto? - Alice perguntou confusa nas datas.

- Ferrasgosto é dia 15, que é o dia da Assunção e dia 16 é o Palio em homenagem a Assunção. -

- Quisera eu estudar na Itália. - Alice disse suspirando.

- Por quê? - Jasper perguntou.

- Tem mais feriados do outra coisa… To mentindo? - perguntou para mim.

- Non. Mais ou menos, em termos é igual que aqui, as férias maiores são de junho a setembro e as de inverno são do dia 20 de dezembro a 6 de janeiro. -

- Tá mas no meio disso tem quantos feriados? -

- 3 em fevereiro, mas depende da região, na Toscana tem, mas em outras regiões não. 1 feriado e cinco dias de férias em março, que são as férias de Páscoa. 4 em abril. 6 em maio. 1 em setembro. 1 em outubro. 2 em novembro e 2 em dezembro fora o início das férias de inverno. -

- Ou seja, 25 feriados no ano. Aqui tem quantos? Cinco ao ano? - reclamou.

- Gente… Vamos comer? Eu estou com fome. - Emmett reclamou.

- Você sempre está com fome. - Edward apontou.

- Vem Bee. - Alice disse quando Emmett abriu a caixa e io neguei. - Vem, você gosta de pizza. -

- Allie… -

- Vem. - ela me puxou para o chão.

- Isso tem cheiro estranho. - disse quando ela basicamente esfregou um pedaço de pizza no meu rosto.

- Sim, tem um cheiro maravilhoso. - Emmett mordeu um pedaço enorme de pizza e puxou formando uma linha enorme de queijo.

- Emmett, por favor, modos. - Edward pediu quando me viu encarando o irmão com os olhos quase saltando para fora. - Por favor, finge que a mamãe te deu educação. -

- Vai Bee não seja chata, come um pedacinho. - pediu Alice colocando a fatia da pizza de pepperoni perto de mim. - Mordi um pedaço da pizza e mastiguei devagar sentindo um gosto estranho. Forçando e muito eu engoli.

- Porca miseria. Alice, ha il sapore del cartone. - disse pegando o copo de coca cola dela e virando de uma vez.

- Hey menina. - Edward e Alice falaram ao mesmo tempo.

- O que ela disse? - Emmett e Jasper perguntaram ao mesmo tempo.

- Ela disse que tem gosto de papelão. - Edward traduziu tudo, menos o palavrão.

- Aí Bee, menos, é boa. -

- Non posso credere che una volta che hai mangiato autentica pizza italiana, tu hai il coraggio di dire che questo è buono. È una… Una bestemmia. - desatei em falar em italiano e ela ficou me encarando.

- Só entendi a parte da pizza autêntica italiana. -

- Dio santo! - disse quando vi Emmett encher a pizza de ketchup e Alice seguiu os meus olhos.

- Emmett você quer enfartar a minha prima? -

- Por quê? - perguntou colocando aquela fatia que transbordava de ketchup na boca.

- Se você fizesse isso na Itália, seria linchado em praça pública. - falei com repulsa enquanto ele continuava a comer e a jogar ketchup na pizza.

- Por quê? -

- É uma ofensa ao chef colocar condimentos na pizza. - expliquei. - Io vou pro meu quarto, antes que io leve outra facada no cuore. - disse me levantando.

- Bee. - Alice me chamou quando me levantei e eu me agachei perto dela. - Vai pro meu quarto? - perguntou-me baixíssimo.

- Non. Tuo quarto me assusta. -

- Se não conseguir dormir, desce. - assenti e lhe dei um beijo em sua bochecha.

- Buonanotte. - disse ao me levantar.

- Boa noite florzinha. - peguei meu telefone e subi as escadas.

Ao chegar ao quarto, peguei uma roupa quente e confortável e rumei ao banheiro para tomar um banho quente. Terminei meu banho e me vesti, caminhando para o quarto. Peguei a escova em cima da minha penteadeira e me sentei na cama, com todo o cuidado do mundo eu penteie o meu cabelo, só os fios, tomando todo o cuidado do mundo para não encostar as cercas no couro cabeludo e prendi meu cabelo em duas tranças laterais.

Coloquei a escova na mesinha de cabeceira ao lado da cama, levantei rapidamente, pisando no chão frio com as pontas dos pés até a parede para desligar a luz e voltei para a cama e o quarto ficou levemente iluminado com as pequenas luzes penduradas na cortina atrás da cama e eu deitei na cama, me enfiando debaixo do lençol. Como costume, fiz o sinal da cruz e me animei no travesseiro fechando os olhos.

- Vamos para casa, meninas. - ouvi a voz de meu pai enquanto ele nos guiava para fora do estádio. - Gostou amor? - perguntou quando io me joguei em suas costas.

- Sì. Io amo vir aqui e sentir a vibração vindo dos tifosi. É algo contagiante. - disse ainda animada pela partida.

- Quer comer algo antes de irmos embora? - minha mãe perguntou colocando a touca preta em minha cabeça.

- Non, Mamma. - disse e ela sorriu.

Noi deixamos o estádio e caminhamos para o carro, ainda era cedo, iríamos chegar em Siena no início da noite. Io acabei dormindo uma boa parte do caminho, mas acordei faltando cerca de uma hora e meia para chegarmos a casa. Io havia perdido o sono e estava com fome. Peguei o telefone para jogar algumas palavras quebradas.

- Babbo, desviar do centro com 11 letras? -

- Centrifugar. -

Ele respondeu e io escrevi e estava certo, passei para o próximo nível das palavras quebradas, io estava focada em meu celular quando ouvi o som de pneus derramando. Non estava nevando, non tinha gelo ou neve nas estradas, non era para o carro derrapar, levantei a cabeça e vi uma luz branca e forte me cegando.

- Non. - gritei dando um pulo da cama.

- Calma. - ouvi uma voz musical, suave e de veludo preto de mim e a minha mão ser apertada forte, não para machucar, mas como se fosse para passar confiança. - Calma, foi só um pesadelo. - abri os olhos e io os sentia completamente marejados e por cima das lágrimas, consegui ver Edward agachado ao lado da minha cama. - Calma, está tudo bem. - io sentia minhas mãos tremerem e o choro preso na garganta querendo sair. E io escondi mio rosto no travesseiro, deixando o choro sair. - Outro sonho com o acidente? - assenti com o rosto contra o travesseiro. - Está tudo bem. - garantiu enquanto io sentia sua mão, a que não estava segurando a minha mão, acariciando a minha cabeça levemente.

- O que está fazendo aqui? - perguntei por cima do choro.

- Eu vim ao banheiro e Alice pediu para eu ver como você estava. - respondeu e virei o rosto para encara-lo. - Ela disse que se você estivesse acordada para descer um pouco. - comentou limpando as minhas lágrimas. - Quer descer? -

- Non… Io só quero dormir uma noite inteira tranquilamente. - disse passando a mão livre pelo rosto e engolindo o choro.

- Dorme, eu fico aqui até você dormir. - disse e sem soltar minha mão ou tirar a outra da caminha cabeça, ele sentou no chão.

- Sai daí, o chão está frio. -

- Estou em cima do tapete não se preocupe. - ele levou a mão, com a qual ele segurava a minha, até a minha bochecha acariciando-o de leve. - Vai, fecha os olhos, eu vou ficar aqui até você dormir. - disse continuando a fazer o cafuné. - Se tem tantos pesadelos, por que dorme sozinha? - perguntou alguns segundos depois quando viu que eu não fechei os olhos.

- Alice dorme comigo. - confessei. - Mas mesmo assim às vezes io ainda tenho pesadelos, mesmo com ela aqui. -

- Minha mãe tem uma técnica para dormir e eu sei qual é. Quer que eu faça para você, é rapidinho. -

- Cos'è? -

- É segredo de família. Gosta de chocolate? - assenti. - Pode ficar sozinha por cinco minutos? - assenti de novo e ele se levantou.

- Edward. - o chamei antes de ele soltar minha mão.

- Fala. - se agachou de novo.

- Traz um comprimido para dor de cabeça, per favore. -

- Trago. - ele soltou a minha mão e se levantou saindo do quarto e io me sentei, ligando o meu abajur e abraçando as minhas pernas.

Edward voltou rapidamente, um pouco mais de cinco minutos e entrou em meu quarto com uma caneca e um copo em mãos. E ele colocou a caneca na minha mesinha de cabeceira e me entregou o copo de água e abriu o frasco de remédios e colocou um comprimido em minhas mãos. Coloquei o remédio na boca e engoli com a água, bebendo quase que o copo todo.

- Grazie. - agradeci ao devolver o copo.

- De nulla. - ele sorriu. - Alice já vai subir, seus padrinhos chegaram e nós já vamos embora. - assenti. - Agora beba tudo isso. - disse me entregando a caneca.

- Está quente. -

- Eu sei, mas não muito, pode beber. - levei a caneca aos lábios e a fumaça entrou em minhas narinas. Cioccolata calda. Sorri.

- É chocolate quente. - disse bebendo um gole grande. Eu amava chocolate quente.

- Sim, mas é uma receita de família. - ele sorriu enquanto eu bebia o chocolate.

- É bom, muito bom, o que tem aqui? -

- Segreto! - sorriu travesso. Bebi todo o chocolate quente e ele pegou a caneca. - Agora deita. - deitei na cama e ele ajeitou as cobertas em cima de mim. - Buonanotte. - ele se ajeitou ao meu lado.

- Buonanotte. - Edward colocou a caneca ao lado do copo d’água e voltou a fazer cafuné em meus cabelos.

Não demorou muito, com o líquido quente percorrendo o meu corpo, o cafuné devagar de Edward, io dormi em pouco tempo, não sei quanto tempo ele ficou fazendo cafuné em meus cabelos, mas logo io estava no mundo dos sonhos. E io pude dormir o resto da noite toda sem pesadelos.

(...)

O resto da semana correu igual a anterior, pesadelo atrás de pesadelo, aula atrás de aula, alunos insuportáveis da FHS atrás de alunos insuportáveis, Tanya, Mike, Jéssica e Lauren no meu pé. Por mais incrível que pudesse parecer às poucas horas tranquilas que io tinha era quando eu tinha as aulas particulares com Edward. Ele ficava perguntando sempre se io estava bem, mas era quando a dor de cabeça, devido a grande quantidade de informações que ele passava, aparecia, porém graças a Deus ele não ficava em cima de mim igual meus padrinis e Alice. E ele não insista em saber do acidente e nem de meus pesadelos.

Esse final de semana teria uma pequena quermesse da igreja da cidade e devido ao frio e a neve que não parava de cair, a quermesse seria feita dentro da quadra da escola. Mios padrinis iam, io não via sentido para ir, a única igreja da cidade era protestante e eu também não entendia o motivo de mios padrinis irem. Porém mia madrina basicamente obrigou-me a ir, com o único intuito de que io não ficasse muito tempo em casa e nem sozinha. Infelizmente estava frio demais para ir andando, mas um motivo para eu não querer ir sozinha, mas após ela me dar um calmante leve, eu entrei no banco de trás, agarrada a Alice.

Mesmo o calmante sendo fraco io havia ficado levemente grogue quando chegamos à quadra da escola. Allie foi procurar pelo namorado e mio padrino foi procurar por alguns amigos e eu fiquei com mia madrina.

- Perche io tive que vir? - perguntei coçando os olhos enquanto ela ajeitava o meu grosso cachecol branco, que eu usava junto a uma blusa de mangas compridas de lã grossa e uma calça justa azul e botas acolchoadas.


- Porque eu não ia te deixar sozinha em casa. - explicou quando eu puxei os punhos de minha camisa um pouco larga, aquecendo minhas mãos, io havia esquecido as luvas em cima da cama.

- E perché a senhora vem? Quando foi que a senhora se converteu? -

- Nunca! Mas o que eu posso fazer se essa é a única igreja que tem aqui é protestante? É uma cidade pequena e somos de fora, somos meio que obrigados a seguir os costumes daqui. -

- Questo è ridicolo. - reclamei. - E io nunca tive boas experiências com protestantes. -

- Nem eu, mas não há nada que eu possa fazer. - ela olhou por cima de minha cabeça. - Esme! - disse sorrindo.

- Oi Renata. - ouvi uma voz feminina e doce vindo detrás de mim. - Como está? - uma mulher baixinha e bem bonita, com o rosto em formato de coração, olhos verdes e cabelos arruivados, abraçou minha madrina.

- Ótima e você? -

- Bem, bem… - e ela me viu. - E essa é a sua sobrinha? -

- Afilhada. - madrina a corrigiu. - Bella, essa é Esme Cullen, mãe de Edward e Emmett. -

- Oi querida. - ela disse e me surpreendendo um pouco, já que eu não esperava isso de uma americana, todos falam que americanos não eram muito cordiais. E ela me abraçou forte, como se me conhecesse a vida inteira e não me visse há tempos. - Eu soube de seus pais, sinto muito. - ela me segurava pelos ombros.

- Está tudo bem. - sorri de lado. - É um prazer senhora. -

- Ah não. Nada de senhora, apenas Esme. - ela sorriu e se voltou a mia madrina. - Ela é linda. - disse mexendo em meus cabelos.

- Eu sei. É muito fofa também. - sorri sem graça ao ter a bochecha apertada. Madrina Renata adorava fazer isso e io reclamava de que era bochechuda porque todo mundo perché minhas bochechas. - E Carlisle e seus filhos? -

- Estão por aí. - disse simplesmente dando de ombros.

- Madrina, io vou procurar Alice. -

- Claro vai lá. Qualquer coisa me liga. - assenti.

- Mi scusi.- e sai.

O ginásio era pequeno, mas estava a abarrotado de gente e cheio de barracas de gincanas e comidas. Io me sentia um pouco claustrofóbica por estar em um lugar fechado, com pouca ventilação e abarrotado de gente e io não achava Alice em lugar nenhum e nem ninguém conhecido, estava começando a entrar em pânico.

- Bella! Oi. - e Ângela Weber surgiu na minha frente e io meio que respirei fundo por encontrar alguém conhecido e alguém legal.

- Ciao Ângela. -

- Está perdida? - perguntou olhando-me em meus olhos.

- Confesso que sì. Sto procurando Alice, mas tem tanta gente… -

- Ah, eu vi Alice agora a pouco… -

- Ângela. - um homem de cabelos escuros, pele branca e óculos enormes muito parecido com Ângela a chamou se aproximando. - Achei você… Quem é essa? Nunca vi nos cultos. - perguntou me encarando de cima a baixo.

- Ah pai, essa é a prima de Alice. - explicou.

- Ah a órfã?! - disse simplesmente.

- Pai! - Ângela o repreendeu.

- Por que eu nunca a vi em meus cultos? - perguntou ignorando a filha.

- Io non sou protestante. - expliquei sem jeito.

- Ateia? -

- Non, católica. - expliquei.

- Melhor ser ateia. -

- Pai! - Ângela o repreendeu de novo.

- Pois bem… Diga-me senhorita…? -

- Swan. - respondi entre os dentes.

- Pois bem senhorita Swan, não se sente mal por adorar imagens? Não se sente bem apenas adorando ao nosso senhor? -

- Io non adoro imagens. -

- E quantos aos seus santos? - perguntou olhando fixamente para o colar que io nunca tirava que continha três medalhas. Uma do padroeiro da Contrada da Civetta, Santo Antônio di Padova, uma da Santa Catarina di Siena e a terceira de Nossa Senhora das Graças.

- Noi non adoramos Santos e sì o veneramos. Adorar, adoramos apenas a Deus. Noi veneramos, pois reconhecemos seus valores. Noi os veneramos do mesmo jeito que veneramos nossa pátria e nossos pais. Quer dizer, pelo menos io venero minha pátria e meus pais. -

- E quanto à notícia de padres católicos sendo pedófilos e estupradores? -

- E quanto a olhar a própria bunda e deixar os outros em paz? E que tal deixar as pessoas seguirem a religião que bem entender? E parar de falar mal de noi? Non fazemos mal a ninguém. O senhor está me julgando desde o momento em que me viu. Sabia que julgar os outros é pecado? -

- Não tem respeito com os mais velhos? -

- Tenho. Mas mios pais me ensinaram a lutar e a proteger o que io amo e acredito. - respondi calmamente.

- E o que me diz de deixar esses podres de lado e se unir a uma religião que valha a pena? As portas de minha igreja estão abertas a ovelhas desgarradas. -

- Primeiro: Grazie senhor, mas io non sou nenhuma ovelha desgarrada. Estou muito feliz com minhas crenças e segundo io concordo com o senhor, há podres no Catolicismo e já se fez muita besteira em nome disso. Mas, e o senhor? É anglicano? - assentiu. - Então o que o senhor me diz de seguir uma religião que foi basicamente formada com o único intuito de um homem se divorciar da esposa e se casar com outra? - ele ficou quieto.

- Algum problema? - ouvi a voz de veludo de Edward vindo de trás de mim.

- Comigo está tudo bem. - garanti e o pastor Weber saiu marchando.

- Bella, pelo amor de Deus, me perdoa. - Ângela disse completamente envergonhada. - Ele sempre faz isso e… -

- Non se preocupe. - garanti. - Já estou acostumada, ele non será o primeiro e nem o último. -

- Ângela! - seu pai gritou de longe.

- Perdoa-me mesmo… - pediu de novo e se afastou.

- Você está bem? - ele perguntou quando ela se foi e eu me virei de frente para ele, e io assenti. - O que aconteceu? -

- Ele meio que surtou e basicamente começou a me insultar quando soube que io não era protestante. Disse que era melhor ser ateu do que católico. - respondi segurando minhas medalhinhas.

- Ele é um idiota. Faz isso com todo mundo. E para evitar essas brigas, todo mundo acaba indo aos cultos dele. Eu tenho pena de Ângela, a menina não vive por culpa do pai. -

- Você…? -

- Católico. Não praticante. Não tem como ser praticamente em uma cidade pequena onde a única igreja existente é protestante e o pastor “manda” no prefeito. - explicou. - Mas você está bem mesmo? - assenti.

- Como disse a Ângela… Ele non foi o primeiro e nem o último. - sorri de lado. - Io estava procurando a Alice, a viu? -

- Ela estava com Jasper, se agarrando e trocando saliva. - fiz cara de nojo. - Até parece que nunca trocou saliva com ninguém. -

- E nunca troquei. - confessei.

- Sério? - perguntou confuso. - Nunca beijou ninguém? - neguei. - E quanto ao capitão Black? - perguntou com certa centelha estranha na voz quando citou Jackie.

- Ele tem 30 anos. E é apenas um amigo. Um amigo da família. - expliquei dando de ombros.

- Edward! - um homem alto, loiro e de olhos azuis se aproximou de nós. - Você é a afilhada de Renata e Caius? -

- Sì senhor. - respondi colocando uma mecha de meus cabelos atrás da orelha. -

- Carlisle Cullen, pai desse aqui. -

- Isabella Swan. -

- Então, quando vai me visitar? - perguntou e eu o encarei super confusa.

- Meu pai é chefe e clínico geral do hospital. - Edward explicou.

- Entendi. -

- E bom, pelo que sei a senhorita já está há um mês com essa tala. Certo? -

- Mia madrina tem feito os curativos. - expliquei.

- Sim, eu sei, eu dei umas dicas de fazer um curativo. - explicou. - Mas acho que já está na hora de refazer os exames para ver se está melhorando. Vou falar com ela. -

- Sì senhor. Bom, se vocês me scusarmi, io vou procurar minha prima. -

- Ela está debaixo do placar. - Edward disse.

- Grazie. - e eu caminhei para lá.

Grazie a Dio nós não ficamos muito tempo ali naquela quermesse, principalmente depois de o pastor ter ido dizer as mios padrinis que io era mal educada e mia madrina retrucar e pedir para ele me deixar em paz.

Finalmente nós fomos para casa e io segui para o meu quarto e ter dito a Alice que queria passar essa noite sozinha. Mas io non consegui dormir absolutamente nada, o momento em que o pastor Weber me chamou de órfã rodava pela minha cabeça.

Era assim que as pessoas me denominavam? Órfã? Uma simples órfã sem família que foi obrigada a vir morar aqui por não ter mais ninguém? Era isso mesmo? Quando amanheceu, madrina Renata entrou devagar em meu quarto, na ponta dos pés, tentando não me acordar e quando notou que io já estava acordada, ela caminhou normalmente até a minha cama.

- Acordou cedo. - comentou. - Quer dizer, você dormiu? -

- Non! Non consegui fechar os olhos, fiquei com a fala do pastor na minha cabeça. -

- A maioria dos protestantes é… -

- Non isso. Quanto a isso io já me acostumei. -

- Então? -

- É que… Quando a Ângela disse que io era sua afilhada, ele disse: a órfã? Em alto e bom som. -

- Eu não acredito nisso… Filho da… -

- É assim que essa cidade me vê? Como apenas uma órfã que non teve outra escolha a non ser vir para cá? -

- Bella… -

- Uma garota que merece que todo mundo a trate com pena? -

- Ignora-o. Ele é um idiota. Sim, você perdeu seus pais, mas tem a mim, seu padrino e Alice. E é isso o que importa. - ela acariciou a minha bochecha. - Então, se veste que eu vou levar você ao médico para refazer seus exames. - assenti. - E, você se sente bem para fazer uma pequena viagem? -

- Como assim? -

- É que antes de você vir, nós marcamos de passar um final de semana em Aspen, com os Cullen e os Hale. Até alugamos um pequeno chalé. -

- Para esquiar? -

- De certo modo sim. -

- Io non posso. -

- Eu sei, principessa, eu sei. Tem outras coisas para fazer em Aspen no inverno e eu vou fazê-las todas com você. - garantiu segurando minha mão. - Mas caso não se sinta bem, eu desmarco. -

- Non desmarque seus planos por mia causa… Quanto tempo? -

- Nós vamos sexta, depois da aula e voltamos na terça, feriado de dia do presidente.- explicou.

- Io arrumo. -

- Roupas… -

- Madrina io já passei as férias nos Alpes no inverno. -

- Esfrega mesmo na cara alheia que você já passou as férias nos Alpes Suíços. - ela sorriu e io repuxei meus lábios em um sorriso torto. - Te espero lá embaixo em dez minutos. - assenti e ela saiu do quarto.

Tomei um banho quente e coloquei a roupa mais quente e confortável que io achei. Vesti uma calça jeans escura, uma camisa preta grossa e um casaco de lã fina branca por cima, cachecol grosso, penteie meu cabelo em uma trança grossa lateral e peguei minha touca e um par de luvas de crochê rosa e desci.


Após terminar de tomar o café, coloquei minha touca e as luvas e após tomar um calmante leve entrei no carro, encolhida no banco. Madrina Renata dirigiu até o hospital e me levaram direto para a sala de exames e de lá para o consultório do Dr. Cullen.

- Bom dia. - ele disse entrando no consultório e me encontrando sentada na maca e madrina Renata de pé ao meu lado.

- Bom dia. -

- Como se sente? - perguntou segurando meus exames.

- Bene. -

- Bem? - perguntou a minha madrina que sorriu.

- Ela não consegue ficar sem falar italiano. Sempre coloca uma palavra ou outra nas falas. - ela explicou e io sorri de lado.

- Muito bem… Seus exames estão bons, quer dizer, você está se recuperando bem. Mas concussões demoram a melhorar. -

- Quanto tempo? -

- De seis a doze meses. - ela respondeu a madrina Renata.

- Quer dizer ela pode ter náuseas, enjoos… -

- Vômitos, tonturas de seis a doze meses. - explicou. - Mas está indo tudo bem. Os pontos já se dissolveram e está bem fechado, então não precisa mais usar a tala, só ter cuidado ao lavar e pentear os cabelos. -

- Carlisle. Ela tá com pavor de carros. Para ela entrar em um eu tenho que dar um calmante… -

- É normal depois de um acidente de carro, continua dando os calmantes, não muito, e se for possível andar a pé, e deixa-a ir perdendo o medo sozinha. O acidente ainda é recente, com o tempo pode passar, mas se ficar pior procura um psicólogo. - explicou entregando os exames a mia madrina e ele apertou de leve o meu nariz.

- Tudo bem. Ah a viagem está de pé? -

- Vai com ela assim? -

- Ela disse que está tudo bem… -

- Sabe que vai ter que, basicamente ficar trancada em casa? - perguntou a mim e io simplesmente assenti. - Mesmo assim quer ir? - non é questão de querer ir ou non, é questão que io non ia deixar mios padrinis non fazerem suas coisas por mia causa, portanto io apenas assenti. - Então está. Na sexta à noite nós vamos então. - madrina Renata sorriu. - Vamos descer? - assenti e ele me segurou pela cintura me colocando no chão. - Qualquer coisa traga-a aqui ou me liga. -

- Pode deixar. -

Depois de nos despedirmos de Carlisle saímos do hospital e io acompanhei minha tia até o mercado e enquanto ela fazia suas as compras io via as pessoas me olhando e falando de mim. Elas já sabiam da minha agradável conversa com o pastor Weber e io sentia como se uma nuvem começasse a se aproximar sorrateiramente de mim e uma mão apertasse a minha garganta.

- Está tudo bem? - madrina perguntou parando de ler o rótulo do produto.

- A senhora vai demorar? Io quero ir para casa. -

- Dor de cabeça? - assenti. - Vou apenas pagar. -

Em menos de cinco minutos, ela pegou tudo o que queria, pagamos e fomos para casa. Io a ajudei a entrar com as compras e ela enxotou-me para o quarto para descansar enquanto ela guardava tudo e fazia o almoço. E mais uma vez io não conseguia dormir, como io poderia viver aqui por dois anos assim? Com as pessoas falando de mim pelas costas?

Na hora do almoço, madrina veio me chamar e io desci para almoçar e ela teve que atender a uma ligação urgente. Ela tinha que ir para o trabalho e io ficar sozinha. Io ficaria bem, faltava pouco tempo para Alice chegar, eu ficaria bem, ou assim eu esperava.

Terminei de comer e lavei a louça e voltei para o quarto, io sabia que tinha que fazer a mala e sabia que Alice iria revira-la depois então deixei para fazer quando ela chegasse. Non demorou muito e Alice chegou da escola e ela mesma fez as minhas malas e no pouco tempo em que ela estava ali io consegui dormir um pouco. Pelo menos um pouco.

O dia da viagem chegou e depois de sair da escola fomos direto para casa, trocar de roupa e ir para o aeroporto. Madrina deu-me o calmante antes de io começar a me trocar, para que ele começasse a fazer efeito, seriam quatro horas de viagem, o calmante teria que ser dos fortes. Vesti uma calça legging grossa e uma camisa preta bem grossa, junto com um casaco cinza, cachecol, luvas e gorro grosso e botas que iam até meus joelhos.


E io estava pronta e o táxi nos esperando do lado de fora. Quando entrei no táxi io estava mais calma que um monge e mais grogue que um drogado e io não tinha muita certeza, mas io acho que havia dormido no colo da minha madrina.

(...)

- Hey menina, tá bêbada? - Emmett perguntou rindo quando chegamos a Aspen e io escorava meu peso em meu tio, io havia saído do táxi meio cambaleante e sentindo um ar muito frio me acertar.

- Não. Mas podemos dizer que ela está bem dopada. - Alice brincou rindo. - Ela tomou calmante para entrar no carro e eu acho que o efeito ainda não passou. -

- Ela dormiu o caminho todo. - se eu não me enganava essa voz era de Edward.

- Querido, coloque-a na cama, antes que ela acaba se machucando. - madrina pediu e o frio passou se transformando em algo mais quente, provavelmente já estávamos dentro de casa e io senti meu corpo ser erguido, padrino me pegou no colo e io deitei a cabeça em seu ombro encostando o rosto em seu pescoço coberto pelo cachecol.

- Antes eu tenho que dizer uma coisa… Eu nunca mais alugo nada pela internet. -

- Só isso? - Emmett perguntou rindo.

- O que houve? -

- O anúncio dizia cinco quartos e só tem três. Dois com camas de casal e um com uma beliche, uma cama de solteiro e um sofá cama. -

- Se ninguém se importar, coloca todas as crianças juntas. - Esme sugeriu. - Eles vão se comportar… Não vão Emmett? - ela perguntou diretamente ao filho mais novo.

- Mamãe, eu sou um anjo. -

- Todos de acordo? - ninguém respondeu, provavelmente todos apenas assentiram. Io non via nada, apenas ouvia e muito pouco.

- Ótimo. Alice vem comigo. - meu padrino disse e começou a andar.

- A mim, ninguém carrega. - Alice retrucou sarcasticamente. Ouvi uma porta ser aberta, provavelmente havíamos acabado de entrar no quarto.

- Beliche de cima ou de baixo? -

- Melhor a de baixo. - Alice respondeu e io fui colocada no chão.

Io parecia uma boneca de pano enquanto Alice me ajudava a trocar de roupa e a deitar na cama. Não demorou muito e io aninhei minha cabeça contra o travesseiro macio e io já sentia a mão quente da inconsciência me puxando para ela, e io de bom grado me entregava a ela.

- Já escolheram a cama, sacanagem. - Emmett gritou entrando no quarto.

- Emmett baixo! - Rosalie ralhou com ele. - Eu fico na beliche de cima. -

- E eu com a Rosinha. -

- Não. Se eu não vou dormir com o Jasper você também não vai dormir com a Rosalie. - Alice reclamou sentando na cama.

- Você não dorme com ele porque não quer. Porque se você fizer as contas… Dá para todo mundo dormir junto. Eu com a Rosinha. A baixinha psicopata um com o Jasper e a baixinha talvez psicopata dois com o… -

- Emmett cala a boca. - Edward falou alto. - A Bella está querendo dormir. - Anda… Alice fica com a Bella. Rosalie na beliche de cima, um na cama de solteiro e dois no sofá cama. Anda logo. - mandou sério e todo mundo se calou. Alice deitou ao meu lado e io me deixei ser puxada pelas mãos quentes da inconsciência, agradecendo ao silêncio que passou a reinar.

Vocabulário.

* Grazie – Obrigada.
* Mio – Meu.
* Mio padre – meu pai.
* Mio babbo – meu pai.
* Tuo – teu.
* Perdono – perdão
* Mi dispiace per la tua perdita – Sinto muito pela sua perda.
* Supida – Estúpida.
* Le nostre famiglie – a nossa familia.
* Tu lo sai – você sabe.
* Tu stai com tuoi padrini – Você está com os seus padrinhos.
* Molto bene de ti – Muito bem de você.
* Bacios – Beijos.
* Contrada/Contrade – Bairro/Bairros.
* Perché io non – Porque eu não...
* Buono, prima de tutti – Bom, em primeiro lugar.
* Porca miseria. Alice, ha il sapore del cartone. - Porra! Alice, isso tem gosto de papelão.
* Non posso credere che una volta che hai mangiato autentica pizza italiana, tu hai il coraggio di dire che questo è buono. È una… Una bestemmia. - Eu não posso acreditar que depois de você ter comido uma autêntica pizza italiana, você tem coragem de falar que isso é bom… É uma blasfêmia.
* Dio Santo – Santo Deus!
* Cuore – Coração.
* Buonanotte – Boa Noite.
* Tifosi – Torcedores.
* Cos'è? – O que é?
* De nulla – De nada.
* Segreto – Segredo.
* Questo è ridicolo – Isso é ridículo.
* Mi scusi – Com licença.

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