quarta-feira, 28 de junho de 2023

Capítulo 8

 - Controle-se. – Alice, se postou entre a amiga e lady Webber, cobrindo a visão da lady dos olhos da rainha que estavam começando a serem tomados pela nevoa verde. Ao ter a visão bloqueada do que lhe causava raiva no momento, Bella respirou fundo e se acalmou, balançando a cabeça para dissipar a nevoa de seus olhos.

- Vem comigo, Alice. – ela disse simplesmente e ignorou a presença de Webber e seguiu o seu rumo pelo corredor, e Alice precisou dar uma corridinha para alcança-la.

- O que houve? Enlouqueceu? Por que não se controlou? –

- Está ocupada? – ela ignorou a pergunta de Alice.

- Não. Os gêmeos estão dormindo e Jasper saiu com o meu pai. – explicou.

- Princesa, vai com a tia Alice, que a mamãe precisa resolver um problema? –

- Vai contar para o papai, mamãe? – perguntou baixo.

- Não. – mentiu de novo.

- Vem princesinha, vem com a tia. –

- A mamãe já te pega. –

Bella deu um beijo no topo da cabeça de Anastásia e a entregou a Alice, pedindo que a levasse para o quarto, para que ela pudesse descansar e que ficasse lá até que ela voltasse e foi pelo caminho oposto que a princesa francesa havia feito. Bella começou a andar pelo castelo, e ela apertava as mãos, uma nas outras, para tentar se controlar, mas de qualquer forma, a chuva do lado de fora se tornava cada vez mais forte. Ela ignorava todos que passavam por ela e lhe cumprimentaram, até que parou um soldado perguntando se havia visto pelo seu marido. Ela não iria se acalmar até que alguma providencia fosse tomada.

Isabella estava disposta a engolir todos os sapos que fossem jogados a ela, mas jamais aceitaria os que fossem jogados em suas filhas. Nelas não!

O guarda informou que o rei estava na sala de reuniões com o conselho e para lá, ela marchou enquanto ouvia a chuva, que se tornava, cada vez mais torrencial, caindo do lado de fora. Ela jamais havia interrompido uma reunião de Edward com o conselho, jamais, mesmo ele tendo dito diversas vezes que qualquer coisa que ela precisasse e fosse importante, era só ela entrar na sala, mas mesmo assim ela sempre esperou até que a reunião acabasse e que ele ficasse sozinho, mas hoje seria diferente, hoje ela não estava se importando com o fato de ele estar ocupado, tanto que a sua feição mostrava isso, já que mal ela se aproximou da porta e os valetes que estavam prostados ali, a abriram imediatamente.

Isabella entrou na sala e a única pessoa que continuou sentada foi Edward, todos os outros ministros haviam se levantado de suas cadeiras para a entrada da rainha, e ela ignorou cada um deles, e continuou a sua marcha até a ponta da mesa onde Edward estava. Ao chegar perto dela, ela aproximou a cabeça da dele, deixando o seu cabelo cair como uma cortina, para que ninguém visse o que eles iriam tratar naquele momento.

- Que chuva é essa? – Edward questionou apoiando a mão na cabeça da esposa.

- Ou você dar um jeito na Webber, ou eu vou dar, e ninguém aqui vai gostar do que eu vou fazer! – ele suspirou apoiando a testa contra a de Bella.

- O que ela fez? –

- Ficou falando besteira para a Anastásia e não duvido nada que tenha falado para a Victoria também. –

- Por isso ela estava chorando? – perguntou indignado e Bella apenas assentiu.

- Anastásia veio me dizer que a Webber disse que o nascimento delas foi um erro! Que era para elas serem garotos, que todos preferiam assim! – ele fechou a mão em punho, respirando fundo. – Isso sem falar das gracinhas que eu já a ouvi falando para o grupinho de cobras que ela rege. E eu não duvido nada que outras ladies compartilhem do mesmo pensamento e ato. Para mim elas podem falar o que quiserem, eu aguento, mas eu não vou permitir que ela e nem ninguém mexa com as minhas filhas! – ela falou firme para o marido. - Eu provavelmente teria feito algo se a Alice não tivesse aparecido! Então, resolva, antes que eu resolva! –

- E eu não vou permitir que ela e ninguém mexa com as minhas filhas e tampouco com a minha esposa. – falou se levantando e obrigando a Isabella a dar alguns passos para trás. – Todo mundo para fora. – ele mandou aos seus ministros. – Não acredito que eu vou ter que resolver picuinhas de suas esposas justo no dia do aniversário da minha filha! – falou irritado aos seus ministros e todos olharam imediatamente para o lorde Webber, já que todos ali, sabiam muito bem que quem começava tais picuinhas era a esposa dele. Os reis permaneceram em silêncio até que a sala estivesse completamente vazia, já que, quando os ministros saíram, Edward também ordenou a saída dos guardas, que prontamente obedeceram. – O que ela falou? – perguntou quando a esposa encostou o quadril na mesa de madeira.

- Eu já lhe disse. – respondeu simplesmente cruzando os braços sobre os seus seios.

- Disse, você me disse o que ela falou para a Anastásia. Eu quero saber o que ela falou para você! –

- Isso não importa. Eu já falei! Eu sei me defender, e talvez já tenha me defendido, acredite que ela não pegou aquela urticaria sozinha! – apontou. – O senhor tem que se preocupar com o que ela falou para as nossas filhas! –

- E eu me preocupo. Mas eu também me preocupo com o que ela fala para a minha esposa. Eu não quero que se defenda de um jeito, que possa se arrepender ou se sentir mal depois! – ele se aproximou dela, apoiando as mãos contra o seu quadril. – O que ela falou para você, meu amor? – pediu de novo, com a voz calma e baixa. Bella continuava sem responder e olhando para o nada. Edward levou os dedos ao queixo da esposa, levantando a sua cabeça, fazendo-a olha-lo, encontrando os seus olhos marejados. – O que ela falou para você? – repetiu e Bella engoliu em seco.

- Que eu não tinha a capacidade de lhe dar um filho homem! – ele respirou fundo. – Que provavelmente a sua ex esposa teria feito sem o menor problema. – uma lágrima escorreu dos olhos de Bella, e Edward prontamente a secou.

- Por que se sentiu mal por isso? – perguntou ele sinceramente. – Eu já lhe disse, um filho não me faz falta se eu tenho você e as meninas. Eu não ligo para o reino quer, e você sabe disso! Eles terão que se contentar com as meninas, querendo ou não. –

- E então, elas vão ficar ouvindo essas coisas das esposas dos seus lordes, e provavelmente, do reino inteiro? –

- Claro que não! Se elas ouviram isso, foi porque tal história não havia chegado aos meus ouvidos. Agora que ela chegou, elas, e nem você, vão ouvir algo parecido de novo. –

- Vai fazer o que? Arrancar a língua da Webber? –

- Você gostaria que eu fizesse isso, não? – perguntou divertido.

- Na verdade, eu gostaria mais caso você me deixasse fazer isso! – admitiu e Edward riu.

- Eu vou mandar os Webber embora do castelo, já me causaram problemas demais! Já era algo que eu sentia que deveria fazer a muito tempo, mas não achei que ela tinha mexido com a minha esposa e com as minhas filhas. – ele suspirou. – Vocês cinco, e a minha mãe, são muito mais importantes para mim do que o reino, acredite! – Bella soltou os seus braços, que ainda estavam cruzados, e apoiou as mãos contra o rosto do marido. – E eu vou afastar todo mundo que ousar falar isso de novo para alguém, para você, para as meninas, ou para qualquer outra pessoa nesse castelo. Será o primeiro aviso, o segundo eu já deixo você arrancar as línguas delas! – agora quem sorrira foi Isabella. – Isso mesmo. Eu quero ver um sorriso nos seus lábios e não lágrimas em seus olhos! – ele beijou a sua testa. – Principalmente hoje, hoje eu não quero ninguém mal. Eu te amo! –

- Eu te amo! – Bella falou em um fio de voz e ganhou um beijo em seus lábios, e Edward lhe deu um abraço apertado, como se quisesse tirar todo o sentimento ruim que a esposa estava sentindo.

- Você comentou que só não fez nada porque Alice apareceu... – não havia sido uma pergunta, mas de qualquer forma, Bella assentiu. – Ela viu os seus olhos? –

- Temo que sim! Não consigo ficar calma quando fazem algo com as garotas. –

- Não se preocupe. Eu vou resolver isso! Fica tranquila. – ele afagou os braços da esposa. – Cadê Anastásia? –

- Eu pedi para Alice leva-la ao quarto e tentar fazê-la dormir e ficasse com ela até que eu voltasse. Mas eu não queria que você fosse falar com ela. Eu havia prometido que não iria te contar nada! –

- O que ela pensou que eu pudesse fazer para que não quisesse que eu soubesse? – perguntou e Bella apenas deu de ombros. – Tudo bem, eu vou resolver esse problema, a senhora trate de se acalmar e faça essa chuva, pelo menos, diminuir antes comece a nos causar problemas, e depois eu vou ver a Anastásia. – Isabella apenas assentiu.

- Deixa eu ver as meninas... – ela tentou se afastar, para que pudesse ir embora, contudo, Edward a puxou para perto dele de novo, lhe dando outro abraço apertado e dando um beijo em seus lábios, e só aí, ele permitiu a sua saída.

Assim que Bella saiu, o valete entrou na sala e Edward pediu que ele fosse chamar a rainha mãe. Mesmo Edward sendo o rei, ele não havia perdido a mania de que, quase todas as suas decisões, que envolvessem o reino, ele pedia a opinião da mãe. Principalmente hoje, que podia lhe trazer problemas. Ele não se importava com tais problemas, mas ele queria que a sua mãe estivesse ciente, caso eles aparecessem. Enquanto esperava pela mãe, ele chamou outros valetes para que fizessem o que ele desejava, ele havia mudado de ideia quanto a festa de aniversário da filha, não tinha sentido para ele, dar uma festa para todo o castelo, se mais da metade do castelo, mantinha o pensamento de que as meninas eram um erro, a festa agora iria ocorrer apenas para quem gostava das meninas, ele podia não saber ao certo quem falava tais coisas as garotas, mas ele sabia quem gostava delas, e com isso em mente, ele fez uma lista de convidados, bem enxuta, e entregou aos valetes, para que eles pudessem avisar aos novos e únicos convidados, o horário que começaria a festa.

Esme chegou ao mesmo tempo em que o valete saiu com a lista de convidados. Edward puxou a cadeira a sua mãe, já que ele havia dispensado, mais uma vez, os valetes e os guardas, e quando ela se sentou, ele a serviu uma taça de vinho e serviu outra para si também.

- Em algum momento a senhora sentiu ou desconfiou que algumas ladies do castelo tratavam mal as suas netas? – perguntou e Esme olhou para o filho confusa.

- Mas é claro que não. Se eu desconfiasse, eu já tinha a mandado embora ou a prendido. Por que a pergunta? – ele suspirou.

- Mais cedo a Anastásia estava chorando, desesperadamente, e não me queria perto dela. Bella estava junto, eu me afastei e a Bella veio me contar agora o que houve... –

- E o que houve? – perguntou agoniada.

- Anastásia ouviu a Webber falar que ela e as irmãs eram um erro. Que era para elas serem meninos. –

- Desgraçada! – de supetão, Esme se levantou e começou a andar pela sala. – Por isso é chuva do nada! – apontou e Edward apenas assentiu.

- E Bella também me contou que já ouviu a mesma Webber falar para outras ladies, que ela, Isabella, não tinha capacidade para me dar um filho homem. E que Kate teria feito isso sem problemas, caso tivesse permanecido viva! – Esme tinha andado até o outro lado da mesa, ficando na outra ponta.

- E o que você vai fazer? – perguntou apoiando as mãos na mesa.

- Não vou fazer o que a Isabella quer, que é deixa-la cortar a língua da Webber. Eu vou manda-la embora! Vou deixar bem avisado a todos os moradores da corte, que todo mundo que eu ouvir ou souber que falaram tal coisa para a minha esposa ou a minha filha, vai deixar o castelo, e se voltar a se repetir, podem ser presas por traição e perder os títulos, isso se eu não deixar a Bella corta-lhe as línguas. E vou continuar fazendo isso até que essas coisas parem, ou que fiquem apenas nós seis e a senhora no castelo! – Esme apenas assentiu. – Eu não quero a opinião da senhora, mesmo sabendo que é uma das que eu mais prezo e por mim, teria um lugar a minha direita no conselho, mas a senhora que não quer! – apontou. – Eu quero apenas deixar a senhora avisada, que isso pode trazer problemas para nós. –

- Você pode perder aliados. Mas eu prefiro perder aliados a permitir que as minhas netas chorem por causa dessas mulheres! –

- Outra coisa, reduzi e bastante a lista de convidados que a senhora fez para a festa de hoje a noite de Victoria. Se tiver vinte pessoas será muito. Todos que eu sei ou desconfio que façam tais picuinhas foram retirados da lista, deixei apenas as pessoas que eu tenho certeza que gostem delas, o que incluiu as babás e as preceptoras. –

- Não me importo com isso! A festa é para a Victoria, portanto, tem que estar presente quem gosta dela e de quem ela gosta! –

- E tem mais um assunto, problemático, por assim dizer, que temos que tratar, pois quanto a esse, eu não sei o que fazer! –

- Fale... –

- Webber viu os olhos da Bella. –

- Ai meu Deus! – Esme apoiou os cotovelos na mesa e escondendo o rosto nas mãos.

- Ela disse que não conseguiu se controlar quando a mesma apareceu a sua frente depois do que houve com a Anastásia. Disse que só não fez nada, porque a Alice apareceu! – suspirou. – O que eu faço? De pirraça ela pode ir até algum padre e... – Esme tirou o rosto das mãos.

- Quando a mandar embora, deixe bem claro que quem inventar quaisquer picuinhas ou mentiras sobre a rainha será executada por traição. Ela não tem como provar quanto aos olhos de Isabella. E por ela ser a rainha, a maioria dos padres ficaram sempre um pé atrás quanto a investigar, quem dirá tortura-la. Mas ela precisa se controlar! Mais ninguém nesse castelo pode ver os olhos dela, e Anastásia já tem cinco anos, daqui a pouco a magia começa a aparecer nela, tem que ter cuidado redobrado para que ninguém veja ou desconfie de nada! –

- Isabella está de olho quanto a Anastásia, já disse isso diversas vezes, e pediu para que eu ficasse de olho também. E quanto a ela... Ela não queria que eu soubesse. Por que? Por que ela tinha medo da minha reação, sendo que eu nunca lhe dei motivos? –

- Ela tem cinco anos, Edward. Em todas as aulas que ela tem, ela sempre vê rei, e rainha consorte. Ela não é burra, é bem inteligente para a idade que tem, também é filha de uma bruxa, estranho se não fosse inteligente. Mas de qualquer forma, ela entendeu que uma mulher não sobe ao trono para governar, e por mais que você fale que não se importe... – ela suspirou. – Você já disse isso a ela? Diretamente a ela? –

- Não! Não pensei que fosse precisar. Ela só tem cinco anos, e ainda falta muito para ela subir ao trono, a própria Isabella disse isso! –

- Então, fale para ela e garanta a ela, garanta a elas, as quatro, que o fato de elas serem meninas não muda o que você sente por elas, não muda a sua linha de sucessão! Deixe isso claro a elas, deixe isso claro a todo o reino! E aos reinos vizinhos! Se for preciso, façam o povo jurar fidelidade a ela, logo! – Edward apenas assentiu. – Seu bisavô fez isso quando o primogênito dele nasceu, eram gêmeos. -

- Não é uma ideia ruim! – apontou ele. – A minha cabeça parece que vai explodir. – Edward se levantou da sua cadeira. – Eu vou procurar a minha esposa e ver se ela está mais calma e pedir para ela resolver a minha dor de cabeça. –

- Oh meu Deus, Edward... Não preciso saber disso! – sua mãe reclamou torcendo o nariz.

- Não é nesse sentido, dona Renée. – ele falou simplesmente parado ao lado dela. – Eu te amo. – ele lhe beijou a bochecha. – Se bem, que eu não vou reclamar se for! –

- Deus, Edward! – ela lhe deu uma tapa no braço, fazendo-o rir. – Eu também te amo. –

Edward deixou a sala de reunião, e sua mãe saiu logo depois. O rei caminhou para o seu quarto, Isabella tinha dito a ele, que Anastásia havia sido levada ao seu quarto para descansar, se acalmar, e dormir um pouco antes de seu aniversário, portanto, ele resolveu seguir para o seu quarto. Ao entrar nele, a primeira coisa que ele percebeu foi o breu que tomava conta dos aposentos, pelo que ele se lembrava, as janelas e cortinas estavam bem abertas quando ele deixou o quarto de manhã. E a segunda coisa que ele notou foi o cheiro de camomila e alfazema tomando conta do cômodo. E a terceira coisa que ele notou foi a sua esposa deitada na cama, ressonando tranquilamente, com um pano florido apoiado em seus olhos.

Em completo silêncio, ele se livrou de suas botas e jaqueta, e com cuidado deitou na cama, sobre o corpo de sua esposa, apoiando a cabeça contra os seus seios, apoiando o peso de seu corpo, em seus braços, que ele havia apoiado na cama, um de cada lado do corpo de Isabella.

- O que houve? – ela perguntou com a voz baixa enquanto sentia os dedos de sua rainha deslizando pelos seus cabelos.

- Dor de cabeça. – respondeu simplesmente aninhando a sua cabeça mais contra os seios da esposa. – E a senhora, meu amor, mais calma? –

- Um pouco... A camomila e a alfazema ajudam! Anastásia está dormindo, e as outras meninas também. –

- Depois, antes da festa, eu converso com elas. – Bella continuava a fazer um cafuné nos cabelos de seu marido, e ele conseguia sentir os dedos da esposa, um pouco mais quentes contra a sua cabeça. – Alias, tomei a liberdade e mudei uma boa parte da lista de convidados do aniversário da Victoria. E nos próximos dias eu vou acabar com essas palhaçadas que estão falando sobre as meninas. –

- Fica um pouco quietinho, amor. – ela pediu com a voz levemente sonolenta. – Caso contrário à sua dor de cabeça não vai passar. –

- Desculpa. – ele aninhou mais um pouco a sua cabeça nos seios de Isabella, e fechou os olhos sentindo ainda o cafuné em sua cabeça. – Eu te amo. –

- Shiu! – ela mandou dando uma tapa leve em sua cabeça, para que ele se calasse. – Eu também te amo. –

Edward acordou um tempo depois, ele havia se mexido durante o sono, e saído de cima do corpo de Isabella, deitando ao seu lado e ela também havia se mexido e deitado a cabeça contra o peito do marido. A sua dor de cabeça havia passado e ele se sentia completamente bem. Ele deu um beijo no topo da cabeça de Bella, e com calma ele foi começando a desperta-la. Ele não sabia que horas eram, mas imaginava que estava quase na hora da festa de aniversário de Victoria. Bella acordou e ao levantar a cabeça, ela ganhou um beijo na testa e outro nos lábios.

Ela continuou deitada, enquanto Edward tomava um banho e se trocada para a festa. Ela havia sido informada por uma das criadas que as babás já estavam cuidando e aprontando as crianças. E depois de ter ficado pronto, Edward deixou o quarto, com uma pequena caixinha de madeira em mãos, onde estava guardado o presente da sua filha, para que sua esposa pudesse se arrumar com calma e tranquilamente. Ele estava disposto a ir falar com as meninas primeiro, antes que elas descessem ou antes que sua esposa se unisse a eles.

- Majestade... – contudo ele foi interrompido no meio do corredor, justamente por lady Webber.

- Lady Webber. Deseja algo? –

- Boatos de que, a maioria dos moradores do castelo foram desconvidados para a festa da princesa. – comentou.

- Sim. Por que eu iria querer na festa da minha filha, pessoas que não gostam delas e ficam falando merda para elas e sobre elas? – questionou deixando bem claro que ele já sabia o que tinha acontecido. – Deseja mais algo, eu quero entregar o presente da minha filha? –

- Na verdade, majestade, sim... – ela limpou a garganta. – Estou até meio sem jeito, mas eu... Eu acho que eu vi algo estranho nos olhos da vossa esposa hoje mais cedo e... –

- Lady Webber. Depois conversamos sobre isso, eu não quero ter que resolver mais problemas hoje. Amanhã, amanhã eu vou chamar umas pessoas para conversar, e aí você me fala o que viu nos olhos da minha esposa. –

Ele passou por ela, deixando-a para trás e seguiu o seu caminho para o quarto da filha. O rei bateu a porta fechada, e esperou por alguma permissão para entrar ou para que alguém abrisse a porta. Demorou um pouco, uns bons minutos, até que a babá abriu a porta, se sobressaltando ao vê-lo do outro lado da porta.

- Perdoe-me pela demora, majestade... Estava terminando de vestir a princesa. –

- Não se preocupe. Ela está pronta? –

- Sim senhor. –

- Então, deixe-nos sozinhos, por favor, quero falar com ela. –

- Claro. –

- Ah, traga, por favor, as outras três. – pediu Edward e ela apenas balançou a cabeça assentindo e deixando o quarto. O rei entrou no quarto e viu a princesa Victoria sentada em frente a sua penteadeira, penteando o seu cabelo. – Oi, minha princesa. – ele atraiu a sua atenção, e ela olhou para o espelho.

- Oi papai. – aproximando-se da menina, ele se agachou no chão ao seu lado e lhe dando um beijo demorado em sua bochecha.

- Está tudo bem, princesa? – ela apenas balançou a cabeça assentindo. –Eu trouxe o seu presente de aniversário. – falei colocando a caixa de madeira a sua frente. – Abre. – ela guardou a escova em cima da penteadeira e pegou, aproximando, a caixa mais de si a abrindo. – Uma princesa, não é uma princesa, sem uma tiara, não é mesmo?! – perguntou. – Gostou? –

- Gostei, papai. – sorrindo, ele se levantou, tirando a tiara da caixa e apoiando em sua cabeça, sobre os seus cabelos soltos.

A tiara que o rei tinha mandado fazer para ela era bem simples, e ele pretendia seguir com as meninas a mesma coisa que fez com a esposa, lhe dar a maioria das joias com as cores de seus olhos, e a partir do momento em que a magia havia não havia aparecido na princesa, já que ele não sabia ao certo, de todas iriam herdar a cor dos olhos da mãe, mesmo tendo a mesma descendência, ao mesmo tempo em que ele não sabia se todas iriam herdar a magia da mãe, ele fez de uma cor mais neutra, ela tinha detalhes feito em flores e folhas, todas incrustadas, ou com quartzo branco ou pequenos diamantes, muito parecida com a que ele tinha dado a Anastásia em seu aniversário de cinco anos. Victoria se levantou da banqueta em frente a penteadeira.

- Obrigada, papai. – ele a pegou no colo e lhe deu um abraço apertado.

- Feliz aniversário, minha princesa. – ele lhe deu um beijo em sua bochecha. – Eu te amo. –

- Eu também te amo, papai. – Victoria passou os braços pelo pescoço do pai, abraçando-o.

Os dois ficaram ali um tempinho abraçados, e só se separaram quando uma batida soou na porta, era a babá, que tinha trazido as outras três princesas. Edward pediu que ela saísse, e colocou as quatro sentadas na cama da filha, e pegou a banqueta, que Victoria estava sentada a pouco tempo, e se sentou na frente delas.

- Muito bem... – ele olhou primeiro para a Anastásia. – Está mais calma? – ela apenas balançou a cabeça assentindo. – Ótimo. Vai me contar o que houve? – ela continuou sem responder, e mais uma vez balançou a cabeça, dessa vez negando. – Tudo bem então... Chegou aos meus ouvidos, alguns boatos, que andando falando besteira para vocês, sobre o fato de que era para vocês serem meninos. – tentando serem discretas, as duas mais velhas se entreolharam, enquanto as duas mais novas não entendiam nada do que estava sendo dito. – Eu quero deixar bem claro para as quatro, que para mim não faz a menor diferença vocês serem meninas ou meninos. Vocês são minhas filhas, eu amo vocês mais do que qualquer coisa, e não pensaria duas vezes antes de dar a coroa para uma de vocês, pois eu vou fazer questão que as quatro recebam a mesma educação que eu recebi, isso se não receberem uma melhor ainda. Portanto, caso, alguém venha falar essas besteiras para alguma de vocês, eu não quero que respondam nada, vocês são quatro damas, e não quero que respondam ninguém que seja mais velho que vocês, eu quero que vocês venham me avisar imediatamente para que eu possa tomar uma providência. Eu não vou deixar ninguém tratar mal nenhuma de vocês! – garantiu ele. – Vocês são as princesas desse reino e serão tratadas do jeito que devem, eles gostando ou não! Certo?! – as quatro apenas assentiram. – Muito bem, vamos para a festa! – mal ele se levantou e as meninas se levantaram da cama, e prontamente Charlotte e Sophia ergueram os braços pedindo colo ao pai, que balançou a cabeça rindo, e as pegou no colo.

As duas mais velhas foram andando na frente até o salão de jantar, e ao chegarem no mesmo, Edward notou que a sua mãe havia feito mudanças, ela basicamente havia descido com todos os brinquedos, que estavam no quarto de brinquedos das meninas, ou então eram presentes das poucas pessoas que haviam sido convidadas para a festa. O rei colocou as duas mais novas no chão, e as quatro foram juntas para perto dos brinquedos e das outras crianças para brincar.

- Demorou por que? – Bella perguntou ao se aproximar do marido, deixando Alice e Jasper, sozinhos, e vigiando os filhos, que haviam entrado no meio das crianças que brincavam, ou corriam pelo salão de jantar.

- Fui conversar com as meninas sobre o que você me falou! – respondeu pegando uma taça de vinho, que um dos criados, entregou a ele. – Não disse que foi você quem me disse isso, não se preocupe! Anastásia não faz ideia que foi você me contou. –

- Claro que faz, a minha filha não é burra! E ela não havia contado a mais ninguém. –

- De qualquer forma, conversei com a minha mãe e dentro dos próximos dias eu irei ajeitar tudo para acabar com esse problema de vez. –

- Posso saber o que pretende fazer? – perguntou cruzando os braços sobre os seios e encarando o marido.

- Farei o que o meu bisavô fez! – respondeu e Isabella o olhou confusa. – Minha bisavó teve gêmeos na primeira gestação. E pelo que eu sempre ouvi, sempre ficou naquela duvida de qual dos dois bebês iriam assumir o trono, e meu bisavô, depois que escolheu um, acho que foi o mais velho, não lembro direito, fez todo o reino jurar fidelidade ao herdeiro do trono! –

- E estais pensando em fazer isso com a Anastásia? –

- Ideia da sua sogra. – disse simplesmente, bebendo um gole do vinho. – Com isso, estarei deixando bem claro para toda a corte, todo o reino e todos os reinos vizinhos, quem irá me suceder no torno! Simples! –

- Simples, com exceção do fato de que eles não vão aceitar! –

- Eles não têm que aceitar, e tampouco gostar, eles têm que obedecer e respeitar o que eu decidir! – Bella apenas suspirou. – Você, por acaso, viu alguma coisa referente ao futuro delas? – perguntou baixo. – Quanto ao futuro do reino? – questionou e Bella ficou quieta, olhando para o nada. – O que você viu? – insistiu ele, se aproximando mais dela, para que ninguém mais ouvisse.

- Não sei se tem haver diretamente com a sucessão de Anastásia, e também não sei exatamente em quanto tempo isso vai acontecer! –

- O que você viu? – perguntou de novo.

- Problemas. – respondeu simplesmente e pegando a taça que o marido tinha em mãos e bebendo-a, quase toda em um gole só. – E não adianta insistir, não vou falar nada hoje! É aniversário da Victoria. – apontou. – Por que achas que eu não te falei nada?! Eu sei o quanto você fica paranoico quando eu vejo algum problema se aproximando do território do reino, e eu não queria que ficasse paranoico justo hoje. –

- Quando você viu? Só para saber a quanto tempo você está escondendo isso de mim. –

- Ontem! – respondeu terminando de virar o vinho e Edward apenas fechou os olhos e respirou fundo.

- Assim que essa festa acabar, você vai me falar exatamente o que você viu! –

- Vamos parar os dois... – Esme se aproximou sorrindo. – Está todo mundo vendo vocês dois discutindo... Eu não quero discussão no aniversário da minha neta. –

- Não estamos discutindo! –

- Não, eu só estou descobrindo que ela está escondendo coisas de mim desde ontem! – reclamou Edward.

- Você fala ontem, como se eu tivesse escondendo há cinco anos! – Isabella bufou e Esme apenas olhou confusa para os dois.

- Ela viu problemas se aproximando do reino e não me contou nada! –

- Eu já falei, que eu ia te contar depois que o aniversário da Victoria passasse! Por mais que eu tenha dito que não saiba ao certo quando vai acontecer, não significa que vai acontecer amanhã, ou no próximo mês. –

- Chega! Chega! – Esme parou os dois. – Eu não quero ouvir de problemas hoje! Se ela não te contou foi por um bom motivo, então esquece o que ela falou e se acalma. Hoje é aniversário da sua filha! Esquece problemas, e a partir de amanhã vocês dois se sentam, sozinhos e com calma e conversam sobre isso e sobre tudo o que temos que resolver sobre o que fizeram com as garotas. Agora, parem de discutir! – mandou e se afastou dos dois.

- Desculpa. – Edward passou o braço pela cintura da esposa, aproximando o máximo possível o seu corpo do dela. – Desculpa. – pediu de novo e lhe beijou a bochecha.

- Não é só porque eu disse que eu vi problemas, que signifique que eu tenha visto uma guerra ou algo do tipo aparecendo. – reclamou, se virando de costas para o marido, para que pudesse ficar de frente para as crianças brincando.

- Eu sei... Eu sei... Desculpa! É que você sempre me contou as coisas assim que você via, acho que eu fiquei mais chateado por não ter me dito logo, do que por pensar em problemas aparecendo. –

- Eu não contei por causa da Victoria. –

- Eu sei... Desculpa! Eu te amo. – ele aproximou a boca do ouvido da esposa. – Minha bruxa temperamental! –

- Cala a boca! – ela riu e ele o acompanhou. – Eu também te amo. – ele lhe beijou a bochecha. – Que tiara é aquela na cabeça da Victoria? –

- Meu presente de aniversário para ela! – respondeu. – Gostou? –

- Bonita. Gostei sim! –

- Eu sei que disse que, quando acabasse a festa, eu queria que você me explicasse direito essa história, mas acho que isso pode ficar para amanhã... Acho que quando a festa acabar eu quero fazer outra coisa. –

- O que? – questionou e o rei apenas apertou mais ainda os braços contra o corpo da esposa, pressionando o seu quadril contra o dela. – Oh... Comporte-se homem! – reclamou rindo, ao entender a intenção do marido.

- Problemas... Problemas... Problemas... – Jasper se aproximou dos dois esbaforido e segurando Anastásia no colo, que tinha o rosto escondido contra o pescoço do mesmo.

- O que houve? – Bella perguntou.

- Lá para fora... Lá para fora... – mandou levando a princesa para o corredor, e Edward soltou a esposa para que eles pudessem ir logo atrás.

- O que houve, homem? – Isabella perguntou preocupada, quando Jasper colocou Anastásia no chão, que usava as mãozinhas pequenas para cobrir os olhos. – Filha, o que foi? – ela se agachou na frente da esposa. Não tinha mais ninguém naquela parte do corredor, estavam apenas os quatro.

- Você se machucou, princesa? – Edward perguntou se agachando ao lado da esposa e ela negou, sem tirar as mãos dos olhos. – Jasper o que houve? – ele não respondeu apenas apontou para os próprios olhos, e Bella sorriu ao entender o que ele queria dizer.

- Olha para a mamãe... – pediu e Anastásia negou mais uma vez. – Vem, deixa a mamãe ver... – com delicadeza ela tirou as mãos da princesa de seus olhos e viu um brilho azul esverdeado, tomando conta de toda a sua íris.

- O que é isso, mamãe? – perguntou confusa.

- Vem cá, minha princesa. – Bella puxou a filha para os seus braços, lhe dando um abraço apertado. – Minha bruxinha! – ela deu um beijo na cabeça da filha.

terça-feira, 27 de junho de 2023

Capítulo 11

 Walano – Ilhas de Verão –109 Depois da Conquista.

Pov. Edward.

Um ano havia se passado desde o meu casamento na tradição cariana com Isabella, e a nossa vida não podia estar melhor, sem os problemas que Adhara e Andrômeda nos trazia. Nós tínhamos mandado mais alguns corvos para o meu irmão e minha sobrinha e recebido alguns em resposta. A nossa vida era boa e tranquila, eu não sentia a menor falta de Adhara e se Bella sentia, ela não falava nada.

Hoje tinha sido um dos dias que eu tinha chamado Isabella para sairmos e darmos um passeio bem cedo, em uma das ilhas vizinhas. Nós tínhamos ido até uma cachoeira, ela estava deserta, os dragões estavam voando um pouco afastado de nós, mas eu sabia que era só chama-los que eles voltariam. Eu havia cochilado, e não fazia a mínima ideia de que horas eram quando eu despertei novamente. Nós ainda estávamos próximos ao lago, com a Bella sentada, com as costas apoiadas contra o tronco grosso de uma árvore, e eu tinha a minha cabeça apoiada em suas coxas. Eu despertei sentindo um cafuné em meus cabelos enquanto ouvia um cantarolar baixo. Isabella mexia em meus cabelos enquanto cantarolava alguma coisa.

Eu me ajeitei em seu colo, e me virei de barriga para cima e ao abrir os olhos, a encontrei me olhando e sorrindo. Ela abaixou um pouco a cabeça e me deu um beijo antes de levantar a coluna de novo e voltar a mexer em meus cabelos.

- Eu dormi muito tempo? – perguntei sentindo-a trançar uma mecha do meu cabelo.

- Só um pouco. Mas de qualquer forma, já iria te acordar mesmo, o sol está começando a se pôr e eu estou faminta. – comentou ainda mexendo em meu cabelo.

- Vamos voltar para Walano então... – ela soltou o meu cabelo e eu me levantei, me sentando ao seu lado e passando os dedos pelos meus olhos.

Eu me levantei da relva e estiquei as mãos para ajuda-la a se levantar. Eu coloquei as minhas botas de novo e Bella os seus sapatos e nós voltamos para uma campina próxima, onde tinha espaço suficiente para que Caraxes pudesse pousar, para que pudéssemos montar nele. Assoviei para chama-lo e não demorou muito e ele apareceu no céu sob as nossas cabeças, antes de descer e pousar na campina.

Ao chegarmos de volta a Walano, a noite já tinha caído e eu estava exausto, bem cansado mesmo, tanto que logo após um banho, eu só queria saber da cama, mas Bella havia insistido, isso para não falar, me obrigado, a jantar.

- Você está cansado, não é amor? – perguntou ela quando eu deitei na cama ao seu lado.

- Sim, e não sei de que. Eu realmente não faço nada o dia inteiro. – comentei aninhando a minha cabeça contra os seus seios, enquanto passava o braço por cima de sua cintura, a abraçando. – Estou ficando mole, pelo visto. –

- Ou então está colocando em dia as noites não dormidas e mal dormidas de quando ainda comandava os mantos dourados. –

- Eu prefiro a sua versão. – apontei aninhando mais um pouco a minha cabeça em seu colo, escondendo o meu rosto contra a pele de seus seios, que estava descoberta pelo decote de sua camisola.

- Caso esteja entediado por não ter nada para fazer... –

- Mesmo eu não tendo nada para fazer, eu me sinto muito melhor aqui do que em Adhara. – falei. – Se bem que, agora, tendo você do meu lado, eu me sinto bem em qualquer lugar. -

- Dorme, meu amor. – ela beijou a minha cabeça. – Eu te amo. –

- Eu te amo, minha princesa. –

...

Mais alguns dias tinham se passado e o meu cansaço havia melhorado, depois de algumas longas horas de sono eu havia me recuperado e melhorado bastante. Eu tinha deixado Bella em casa, enquanto ia até o mercado mais uma vez, eu queria comprar para ela mais algumas frutas que ela gostava, e mal eu cheguei em meu pequeno castelo e um mensageiro dos reis da ilha chegou junto, montado em um cavalo. Ele trazia um convite, a princesa iria comemorar seu aniversário, em uma festa decidida de última hora e estava convidando toda a ilha, o que nos incluía. Agradeci o convite e fui leva-lo até Isabella, para que ela decidisse se nós iriamos ou não.

Ao chegar em nosso quarto, ela não estava dormindo ainda, e eu a encontrei no banheiro, na tina, lavando os cabelos. Noite passada havia sido uma das noites em que nós ficamos algumas horas na praia, e sempre que íamos para lá, o resultado eram os nossos cabelos cheios de areia, dessa vez o de Isabella tinha mais areia do que o meu.

- Oi. – eu chamei a sua atenção apoiado na porta do banheiro.

- Oi amor. As criadas me avisaram que você iria sair. Já voltou ou ainda nem foi? – perguntou quando eu me aproximei dela, abaixei a minha coluna, e lhe beijei os lábios.

- Já voltei! E com um convite. – ela me encarou confusa. Eu puxei a banqueta do canto do banheiro, a colocando ao lado da tina, e me sentando, apoiando os meus braços na borda da mesma. – A princesa de Walano nos convidou para o aniversário dela, hoje à noite, pelo que o mensageiro disse, foi algo decidido em cima da hora, portanto todo mundo está sendo chamado agora. Caso queira ir... –

- Se eu conseguir tirar toda a areia do meu cabelo, após a brincadeira da noite passada... – ironizou e eu balancei a cabeça rindo. – Podemos ir. –

- Quer ajuda? – questionei começando a tirar a minha camisa.

- Não! – ela me parou. – Se você entrar nessa tina nós não vamos sair daqui hoje! – reclamou e eu ri.

- Vou te deixar sozinha, então. – eu beijei sua bochecha e deixei o banheiro.

Eu a deixei sozinha para que terminasse de tomar o banho e deitei na cama por um tempo. Um tempo depois, não muito, ela saiu do banheiro, trajando apenas o seu robe e com uma toalha em mãos, ela subiu na cama, se sentando ao meu lado e começou a secar o seu cabelo com a toalha e o desembaraçando-o logo em seguida.

Quando a noite chegou, Bella decidiu que iriamos à festa da princesa Kachiri, e dos vestidos que eu havia comprado para ela, daqui da ilha, ela escolheu um dos meus favoritos, eu amava como aquele vestido havia ficado nela. Ele era azul, sua cor favorita como ela mesma adorava falar, e também uma das coisas que mais lhe caia bem, ele era em dois tons de azul, na parte de cima do vestido era de um azul mais escuro e na barra um tom mais claro, bem parecido com a água azul clara da praia, as suas mangas eram longas e abertas, nos mesmos tons do vestido.

- Com toda a certeza você será a mulher mais bonita daquela festa. – comentei me aproximando dela, sentada em sua escrivaninha, e ao me abaixar um pouco, eu dei um beijo em sua nuca.

- Para com isso. – pediu prendendo os brincos em suas orelhas.

- É a verdade, não sei porque não aceita isso! – eu abri a sua caixa de joias, com o símbolo de minha família, que eu havia dado a ela na noite do nosso casamento, a maioria das joias que tinham ali eram da minha falecida mãe, e mais algumas que eu havia comprado para ela aqui, e a caixinha de joias já estava ficando abarrotada, não deveria demorar muito e teríamos que arrumar outra caixinha. Eu peguei o colar de pérolas que eu a tinha dado, o primeiro presente que eu a havia dado, quando ela ainda tinha os seus doze anos, e prendi em volta do seu pescoço. – Vou ter que me controlar para não arrancar os olhos do desgraçado que ousar olhar para a minha mulher. – comentei beijando seu ombro.

- Devo lembrar que foi você quem me deu esse vestido. – apontou.

- E qual é o problema? Você pode usar o que quiser e gostar e homem nenhum tem que olhar, além de mim! – respondi pegando a tiara de minha mãe, também de férias, e que fazia conjunto com o colar.

- Ei... O que vai fazer com isso? – questionou quando eu tentei colocar a tiara sobre a sua cabeça, e me impedindo, afastando a minha mão.

- Você é uma princesa. – disse simplesmente.

- Em Andrômeda. – lembrou-me.

- Nada disso! Em qualquer canto das ilhas, Andrômeda e Saggita, você é uma princesa nos quatro continentes do mundo conhecido. – expliquei o óbvio, e ignorando a sua mão, eu coloquei a tiara sobre os seus cabelos soltos. – E com certeza, a princesa mais bonita desse mundo. – ela sorriu para mim através do espelho. – Pronta? –

- Pronta! – respondeu. Ao se levantar ela deu uma arfada e ganhando um semblante de susto, enquanto eu a amparava antes que ela pudesse cair para frente.

- O que houve? –

- Nada! – respondeu em um fio de voz e ela limpou a garganta. – Nada, eu apenas chutei o banco. – disse, respirando fundo.

- Certeza? – perguntei, quando ela ficou de pé de novo.

- Tenho. Foi só um chute no banco, só um descuido meu mesmo, sabe como eu sou desastrada, não se preocupe. – ela sorriu para mim, mas o seu belo sorriso não havia chegado aos seus olhos. – Vamos? Daqui a pouco vai ficar muito tarde. – perguntou ajeitado o vestido.

- Vamos. – eu não tinha muito certeza do motivo, mas eu estava desconfiado do que ela tinha me dito, mesmo ela nunca tenha dado motivo para que eu chegasse, sequer pensasse, em desconfiar dela, mas mesmo com o pé atrás, eu resolvi acreditar.

Eu sabia que ela era bem estabanada quando não prestava a devida atenção aos seus passos, tanto que durante toda a sua vida, eu já havia cansado de ver alguns pequenos hematomas em seus braços, os quais Rose havia garantido diversas vezes aos seus pais, e eu havia acabado ouvindo, que aquelas marcas roxas, era apenas Isabella sendo estabanada e esbarrando nas portas, algo que havia melhorado bastante durante o final da sua adolescência.

Nós fomos para o castelo da princesa Kachiri, encontrando todo mundo com quem convivíamos na ilha no jardim do castelo. Ela tinha chamado tanto as pessoas da realeza ou não. Já era bem tarde e eu estava conversando com o pai da princesa, ele já tinha ido algumas vezes a Adhara, onde eu o tinha conhecido e ele perguntava sobre o meu irmão. Bella estava parada ao meu lado, ela tinha saído de perto de Zafrina a pouco tempo, com o braço em cima dos meus ombros e o meu envolta da sua cintura.

- Podia ter nos convidado para o vosso casamento. – a rainha falou ao entrar na conversa.

- Digamos apenas, majestade, que... O nosso casamento foi bem reservado. – respondi e vi com o canto dos olhos, que Bella sorriu junto, mas o seu sorriso morreu quando ela ficou as unhas em meus ombros, e engoliu em seco, discretamente. – O que foi? –

- Nada. – respondeu em um fio de voz, e tentou esboçar um sorriso, sem o menor sucessor, e eu conseguia observar umas centelhas, que pareciam ser de dor, em seus olhos. – Se importa... – ela limpou a garganta. – Se importa se formos para casa mais cedo? – perguntou baixo em meu ouvido, quando a atenção dos reis foi atraída por outra pessoa. – Eu estou um pouco cansada. –

- Tem certeza que não está sentindo nada? – insisti e ela apenas balançou a cabeça negando.

- Tenho! Eu só estou cansada. Só isso! Mas caso queira ficar, não tem problema! –

- Não. Está tudo bem, se estais cansada, vamos para casa. – garanti. – Majestades... – eu atraí a atenção dos dois. – Infelizmente nós já temos que ir. –

- Mas já? Está tão cedo! –

- Estamos um pouco cansados, mas não se preocupem, que outro dia podemos marcar um jantar ou algo do tipo. – garanti.

- Tudo bem, então... Boa noite... E, Isabella, foi um prazer lhe conhecer. –

- O... O prazer é meu, majestade. – a cada palavra que saia de sua boca, uma nota sôfrega saia junto.

Nós nos despedimos apenas das pessoas por quem passávamos na hora de irmos embora, na verdade eu me despedi, já que Bella mal abria a boca. Durante todo o caminho, eu tentava instigar Bella a me falar o que estava acontecendo, o que ela estava sentindo, pois eu sabia que ela estava sentindo algo. Eu sabia que se eu pressionasse, do jeito que eu fazia com as outras pessoas, era capaz de ela me falar, mas eu não queria ter que chegar nesse ponto, pois geralmente, as pessoas costumavam se machucar quando eu pressionava, quer dizer,  eu costumava machucar as pessoas, e eu jamais chegaria perto de fazer algo do tipo com Isabella, portanto, eu apenas aceitava a sua resposta, eu estou cansada, eu aceitava, mesmo sem conseguir acreditar naquilo. Quando chegamos em casa, mal a porta havia sido fechada, e ela soltou a minha mão e subiu as escadas para o andar de cima, quase que correndo, sem nem esperar por mim, algo que ela jamais havia feito, a menos que eu pedisse que ela fosse na frente.

Completamente desconfiado, eu subi as escadas logo em seguida, logo atrás dela, e ao adentrar no quarto, eu não a encontrei, mas eu conseguia ouvi-la dentro do banheiro, mesmo que ela tentasse fazer o mínimo de ruido possível. Aquilo não era cansaço, eu tinha noção, mas eu não fazia ideia de como iria pressiona-la, para saber e entender o que está acontecendo, sem que eu deixasse o meu pior lado aparecer. Ao fechar a porta do quarto, eu notei que a tampa do seu baú, em frente a cama, aberto. Ela tinha pego algo dentro dele, de qualquer jeito, que um vestido, tinha até caído no chão, eu o peguei e o guardei dentro do baú novamente, fechando a tampa e me sentando sobre ele.

Enquanto eu trocava de roupa, eu continuava instigando Isabella a me responder o que ela sentia, e ela continua falando, respondendo do banheiro, que não era nada, que ela já estava saindo. Eu tirei as minhas botas, e estava começando a trocar de roupa em meu quarto, quando ouvi o trinco da porta se abrindo, e lá de dentro ela saiu com a roupa trocada. Ela parecia calma, pelo menos era o que o seu rosto tentava expressar, e o seus olhos diziam completamente o contrário. Isabella não falou mais nada, apenas se aproximou da cama, sentando-se nela, e bem baixo, eu ouvi uma arfada bem baixa, que aparentava ser de dor, em completo silêncio, ela se aproximou de mim, que ainda estava sentado sobre a tampa de seu baú, e deu-me um beijo na bochecha, e deitou-se na cama, de costas para o lado que eu costumava dormir.

Troquei a minha roupa e apaguei a maioria das velas, e deitei na cama. Como sempre, eu a tentei puxa-la para os meus braços, algo que eu nunca havia precisado fazer, e meio contra vontade, ela veio para o meu peito.  Eu abracei a sua cintura e ela prontamente tirou o meu braço dali, apoiando-o um pouco mais acima de seu corpo, e ela prontamente deitou a cabeça em meu ombro. Eu fiquei um bom tempo acordado, tentando entender o que tinha acontecido para que ela ficasse desse jeito, ela havia pegado no sono primeiro, e eu só me permitir ir dormir, depois que eu tive a total certeza de que ela estava no mundo dos sonhos.

Quando eu acordei no dia seguinte, eu estava completamente sozinho no quarto, e antes mesmo que eu tivesse a chance de me levantar da cama, eu ouvi o barulho da chuva caindo e batendo contra o vidro da janela. Hoje o dia havia amanhecido bem nublado, e um pouco frio, eu apenas me vesti e coloquei a minha jaqueta, uma das mais quentes que eu tinha, e deixei o quarto, para procurar pela minha esposa.

- Alteza. – uma das criadas me parou, mal eu havia posto os meus pés no chão do primeiro andar.

- Onde está a minha esposa? – questionei, sem nem lhe dar chance de falar o que ela queria.

- Na tenda, na praia, com o dragão azul. – respondeu. – Ela já estava lá antes mesmo que os criados acordassem. – explicou e eu apenas assenti, tentando deixar o castelo. – Alteza... – ela me parou de novo, e eu apenas me virei de frente para ela de novo, e notando que ela tinha algo estranho em mãos. – O vestido, que a vossa esposa usou noite passada... – ela falava meio sem jeito e foi quando eu percebi e me toquei que essa era a criada que havia acabado de entrar em meu quarto, assim que eu tinha saído dele.

- O que tem? – perguntei, já que ela não continuava a falar de uma vez.

- Ele está... Manchado de sangue. – ela virou o tecido nas mãos e me mostrou a enorme mancha de sangue na saia do vestido. – Acho que vai ser impossível tirar a mancha. –

- Não tem problema. – disse simplesmente. – Depois eu compro outro para ela. – ela apenas assentiu e seguiu o seu caminho, voltando para o andar de cima, para terminar de arrumar o quarto, e eu finalmente, havia conseguido sair de casa. Da entrada do castelo, eu conseguia ver Tessarion deitada no divã da tenda da praia, o que significava, que Isabella ainda estava ali. Eu apenas puxei a minha jaqueta sobre a minha cabeça, para me proteger da chuva, que caía um pouco forte, mais forte do que o costume, e corri até a tenda. Tessarion foi a primeira que me viu, levantando a cabeça da almofada, e ao me ver, e ter certeza que era eu, e não um desconhecido, ela deitou a cabeça novamente. Nesse um ano, ela tinha crescido bastante, ela era criada livre e com comida em abundância, ela estava um pouco maior do que um potro, já não conseguia mais deitar completamente sobre o corpo, e tampouco sobre os ombros, de Isabella, sem machuca-la devido ao peso, e os espinhos de seu dorso começavam a aparecer, o que significava que daqui a pouco eles iriam ser fortes o suficiente para machucar. – Bella. – eu a chamei, ainda parado atrás dela, e assim que ela ouviu a minha voz, ela limpou os olhos, com as mangas de um casaco que usava, e que cobria até as suas mãos. – Está chorando? –

- Não é nada... – respondeu com a voz embargada pelo choro, e ajeitando o casaco, fechando-o mais contra o seu corpo, como se sentisse frio.

- O que houve? – insisti, contornando o divã, que as duas estavam deitadas, e me sentei na ponta dele, vendo os olhos e o nariz de Bella completamente inchados e avermelhados. – Por que estais chorando? –

- É besteira. – deu de ombros, ajeitando o casaco mais uma vez, e eu apenas olhei sério para ela, eu já estava ficando cansado dessas esquivas. – É que... Ontem eu senti falta de Adhara. – ela falou sem jeito e eu fui pego de surpresa, eu realmente não estava esperando por isso. – Senti falta da Rose... – ela continuou falando, fungando e passando os punhos, cobertos, pelo tecido de seu casaco, pelos seus olhos. – Porra, eu senti falta até do meu pai! – Tessarion tirou a cabeça da almofada e deitou-a sobre o corpo de Bella, em um modo semelhante de lhe transmitir conforto.

- Eu já lhe falei inúmeras vezes, que quando quiser ir embora, nós vamos! – falei. – Não precisa ficar assim. – eu levei a minha mão até o seu rosto, limpando as lágrimas que escorriam de seus olhos, e lhe afagando a bochecha. – Quer voltar a Andrômeda? Nós podemos ir embora hoje, se desejar. –

- Não! – ela se apressou em dizer. – Eu também não quero voltar. – eu me perdi com a sua contradição. – Eu... Eu sinto que se eu voltar, eu vou me arrepender. Eu... Eu sinto que eu não estou pronta para voltar a Adhara! –

- Caso se arrependa, nós podemos voltar para cá ou ir para outro lugar, para outra ilha, ou para qualquer uma das cidades livres de Saggita, nós não precisamos ficar em Andrômeda caso não queira. – ela apenas fungou, sem falar mais nada. Eu saí do divã e me ajoelhei no chão, sobre o tapete que cobria a areia, e aproximando a minha cabeça da dela. – Bella, que sangue é aquele no seu vestido? – perguntei com a voz baixa, ainda afagando a sua bochecha.

- Minha regra desceu, apenas isso! –

- E desde quando isso causa dor? –

- E desde quando você menstrua para saber? – perguntou ríspida e irritada, como nunca tinha feito antes. – Perdoe-me. –

- Quem tem que pedir perdão sou eu. Eu não sei realmente o que se sente quando isso acontece, me perdoe! – aproximei a minha cabeça da dela, e lhe dando um beijo em sua testa. – Eu só não quero que esconda as coisas de mim. – pedi lhe acariciando a bochecha, mais uma vez. – Eu fiquei profundamente preocupado quando sentir dor ontem. – ela fechou os olhos, sem falar nada, e eu vi algumas lágrimas translucidas escorrendo de seus olhos. – Tem... Tem certeza que é só isso, Bella? – pressionei mais uma vez, e ela apenas balançou a cabeça assentindo, sem abrir os olhos, e eu continuava sem acreditar no que ela falava. – Devo arrumar as coisas para voltar a Andrômeda? –

- Não! – respondeu em um fio de voz. – Me dá uns dias, que quando isso acabar, eu volto ao normal. – garantiu.

- Tudo bem, então! Quer comer alguma coisa? – ela apenas negou. – Pelos sete deuses, me fala o que eu posso fazer para você se sentir um pouco melhor. – pedi quase que em desespero.

- Deita aqui comigo. – pediu simplesmente.

- Tira ela detrás de você. –

Usando a língua morta, que eu tinha ensinado a ela, ela chamou Tessarion, para que ela viesse para a sua frente, deitando ali. Eu me levantei, andando para trás do divã, e deitei atrás dela, passando a mão por cima de sua cintura, e dessa vez, ela não tirou a mão dali, e a puxei mais um pouco para perto de mim, aninhando a minha cabeça contra a dela.

...

Um pouco mais de seis meses tinham se passado e realmente Isabella não havia comentado mais sobre voltar a Andrômeda, e nem que sentia falta de ninguém. Na verdade, duas semanas após o ocorrido, ela tinha voltado ao normal, voltado ao que ela era antes, contudo, eu continuava sentindo que ela não tinha sido totalmente sincera e verdadeira comigo há seis meses, mas eu havia decidido, que dessa vez, eu não iria continuar insistindo.

Hoje o sol estava bem forte e nós estávamos mais uma vez na praia, algo que fazíamos com bastante frequência quando estava quente. Bella estava sentada na beira da praia, com a água batendo na sua cintura, ela estava complemente molhada com a água salgada do mar, com o vestido e os cabelos pingando, enquanto ambos se grudavam e modelavam o seu corpo, eu estava saindo do mar, e me sentei sobre as suas pernas, que estavam descobertas, já que o seu vestido estava no meio de suas coxas, até porque não tinha ninguém ali, a não ser nós dois. Levei as minhas mãos para o seu rosto, segurando-o e unindo os nossos lábios em um beijo calmo, e logo em seguida desci com a boca pela sua mandíbula, até o seu pescoço, sentindo o sabor salgado tanto em sua boca, quanto em sua pele, e ela deitou na areia, levando consigo o meu corpo, enquanto eu sentia seus pés roçando em minhas pernas.

- Desculpa interromper... – uma voz grossa e masculina chamou a nossa atenção e me fez tirar a boca de seu pescoço, eu virei a minha cabeça, ao mesmo tempo que ela, na direção de onde vinha a voz, e encontramos Jacob, meu primo, parado, a sabe-se lá há quanto tempo, a poucos passos de nós.

- O que está fazendo aqui? – questionei simplesmente, saindo de cima de Bella, que deslizou para o lado, usando o meu corpo para cobrir a visão de Jacob, para que ela pudesse abaixar o vestido e cobrir as suas pernas, pegar o seu xale para se cobrir, já que além de seu vestido marcar o seu corpo, ele era um pouco transparente.

- Precisamos conversar. – respondeu sério. – Infelizmente, acho que as férias de vocês acabaram! –

- Pai... – ao longe eu conseguia ouvir a voz e os passos, contra a areia, de Alec, que logo apareceu por trás de seu pai. – O príncipe Edward não está no castelo e nem a Bella e... – ele nos viu, na verdade, me viu, já que eu cobria a visão dos dois de Isabella. – Oh, o senhor os achou... – falou meio sem jeito ao ver o estado em que nos encontrávamos.

- Esperem por mim na sala de jantar, que assim que eu me secar e me trocar, eu me encontro com vocês! –

- Sim alteza. – Jacob disse simplesmente, e pai e filho nos deram as costas e seguiram para o lado de dentro do castelo.

- Alguma coisa muito ruim aconteceu... – comentei me levantando da areia. – Jacob não viria até aqui pessoalmente caso não fosse algo ruim ou sério. –

- E o que pode ser considerado como algo muito ruim? – perguntou Bella, quando eu a ajudei a se levantar. – Tudo o que passa pela a minha cabeça não é algo muito ruim! É muito péssimo! – respondeu.

Eu não falei mais nada, até porque eu não sabia sobre o que Jacob queria falar comigo, eu só conseguia pensar que algo pudesse ter acontecido com minha sobrinha ou com meu irmão. Nós entramos no castelo, seguindo direto para o nosso quarto, Bella deixou o banheiro livre para que eu pudesse tirar a areia de meu corpo e me trocar rápido, ela estava ansiosa para saber o que Jacob e Alec queriam, e ela não era a única. Deixei o quarto, deixando que Bella se lavasse e se livrasse da areia de seus cabelos, sem ninguém lhe atrapalhando, e eu desci para a sala de jantar, onde eu tinha pedido para eles me esperarem. Bella não participaria da conversa, ela mesma havia decidido isso, e se caso algo tivesse ocorrido com alguém que ela gostava, eu queria que ela soubesse por mim, pois eu sabia que Jacob não seria cordial com ela, do jeito que eu seria.

Eles estavam sentados nas cadeiras, perto da janela, no final da sala, quer dizer, Jacob estava sentado, com uma taça de vinho em mãos, e Alec olhava pela janela, a paisagem que dava para o quintal, e campina dos fundos, onde os dragões estavam. Quando eu entrei na sala, Jacob foi o primeiro a perceber a minha aproximação, mas não falou nada, e Alec só deixou a janela, e se sentou na cadeira ao lado de seu pai ao ouvir os meus passos sobre o piso de pedra. Ao me ver, eu notara que ele havia ficado completamente desconfortável, talvez pelo que acabou presenciando há pouco na praia, enquanto o seu pai, pouco ligava.

- O que você quer? – perguntei simplesmente.

- Depois de dois anos é assim que recebe os seus primos? – rebateu e eu apenas revirei os olhos. – Achei que estaria de bom humor. –

- Eu estou de bom humor, e ele estaria muito melhor caso eu estivesse fazendo o que eu estava planejando fazer com a minha esposa, quando você, meu primo, me atrapalhou. – apontei e ele revirou os olhos.

- Isabella está... Diferente. – comentou mudando de assunto. – Ela está quase irreconhecível, está com um ar muito mais leve, aparenta estar até mais bonita. –

- Jacob... O que você quer? – insisti e ele apenas suspirou.

- Você sabia que alguns escritos dizem que a casa Black e mais antiga do que a própria casa Swan? A grande diferença é que nós não nascemos com os dons de montar em dragões. Desde os primórdios fomos obrigados a cruzar os mares pela nossa sobrevivência. E quando eu acendi ao meu posto, eu sabia o que eu queria! Então eu fui atrás e conquistei! Ao contrário dos outros lordes, fui eu quem construiu o auto posto da minha casa com a força do suor do meu rosto. – Alec olhava confuso para o pai e eu tinha certeza que era a mesma expressão que eu tinha em meu rosto. – Desde o início eu sempre enxerguei a mim e a você como duas pessoas parecidas! –

- Mesmo? – questionei. – Eu não sabia que tinha um irmão rei também! – ironizei.

- Não, Edward, nós somos dois homens que sempre precisamos lutar pelo nosso lugar no mundo, que fomos passados para trás diversas vezes e... –

- Você cruzou todo o mar estreito e o mar de verão, e veio até Walano para atrapalhar a minha vida, apenas para me lembrar da minha baixa posição, lorde Black, ou você tem outro motivo para a visita? – questionei.

- O senhor soube dos problemas em Stepstones? –

- Não, Jacob, eu não soube! Graças aos deuses eu estou há dois anos sem pisar em Andrômeda e sem saber quaisquer noticias que venham de lá. Apenas o que meu irmão e sobrinha mandam! – apontei, me debruçando sobre o encosto da cadeira, em frente a Jacob e Alec.

- A Triarquia tomou Stepstones! De início, o seu irmão, pouco se importou, eles tinham acabado com os piratas, que estavam saqueando os navios da região, na verdade, vosso irmão até ficou feliz, não duvido nada. – suspirou e bebeu outro gole de vinho. – Só que agora, em menos de um mês, quatro navios desapareceram, o último com a minha bandeira, e Stepstones se tornou um lugar de confrontos. Um príncipe de Mensa está alimentando os caranguejos com marinheiros de Andrômeda, meus homens! – explicou, começando a ficar furioso, e eu tentava entender, no que isso me afetava. – Eu solicitei, inúmeras vezes, ao rei, para que ele enviasse um navio meu, com meus soldados, para aquele território, mas ele recusou. Disse que compensaria o meu navio, mercadoria e homens, e compensaria as famílias das vítimas. – cuspiu irritado. – Eu não quero uma compensação. – disse e respirou fundo para se acalmar. – Eu pedi ao seu irmão para enviar um navio meu, para me ceder alguns soldados e ele recusou. Disse que não quer uma guerra com as cidades livres! –

- Eu sempre soube que esse nunca havia sido o ponto forte do meu irmão, lorde Black. – falei, quando ele parou de falar, bebendo o resto do vinho de seu copo, em uma tentativa de se acalmar. Eu me desencostei do encosto da cadeira, e me aproximei da mesinha de canto, próximo a ele, e enchendo uma taça com vinho para mim, e derramando mais um pouco na sua.

- O que exatamente? – questionou vendo eu encher a sua taça. – Obrigado. –

- Ser rei! – respondi sincera e francamente, ao guardar a jarra na mesa de novo. – Carlisle, Carlisle era igual ao meu avô, sempre preferiu a diplomacia! Sempre! – eu bebi um gole de vinho ao voltar para onde eu estava. – A diferença, era que nessa situação, caso meu avô visse que a diplomacia não havia dado certo, ele mandaria todo o seu exército, além de todos os dragões montáveis que ele tinha, isso, se ele próprio não fosse atrás da Triarquia com o Vermithor. – voltei a me apoiar no encosto da cadeira. – Ele sempre quis acabar com a Triarquia, mas ela havia sumido, desde a última vez há dez... Doze anos! – eu bebi mais um gole do vinho. – Explica-me, lorde Black, como chegou até aqui, se a Triarquia está tomando conta de Stepstones, e consequentemente, de uma grande parte do sul do Mar Estreito. – pedi.

- Eles estão mais aglomerados entre Bloodstone, Grey Gallows e Torturer’s Deep, próximo a costa de Apus – explicou. – Eu precisei vir quase contornando a costa de Saggita, e Gianna veio nos escoltando com Meleys, até nos afastarmos de Stepstones. – explicou. – Alteza... – ele colocou a taça de vinho na mesinha ao seu lado. – O senhor precisa entender, que o Engorda Caranguejo, como ele é conhecido por entidades poderosas das Cidades Livres e que desejam ver Andrômeda enfraquecida, está ganhando uma força simplesmente absurda! Boatos que ele está sendo financiado por poderosos das Cidades Livres, e por isso, ele está em territórios tão próximos a Andrômeda, ao invés de pegar todo o território de Stepstones, como a Triarquia fez inúmeras vezes antes. E eu sou obrigado a dizer que os fracassos do rei, está deixando, está permitindo, que ele se fortaleça. Se a rota marítima acabar, a minha casa será afundada. – ele falou entre os dentes. – E eu jamais permitirei que Driftmark e a casa Black empobreçam, enquanto o nosso rei se deleita com banquetes, bailes e torneios. – ele cuspiu.

- Alto lá. – eu o interrompi falando sério e olhando firme para ele. – Eu falarei mal do meu irmão, do jeito que eu bem entender. – falei firme. – Mas você não! – alertei.

- Defender Stepstones, é a vossa chance de provar o seu valor para qualquer um que possa sequer pensar em duvidar. – ele falou sério e me encarando, ignorando completamente o aviso que eu tinha dado anteriormente. – Charlie ainda te odeia, e a cada dia que a filha passa longe de Andrômeda, ele te odeia mais ainda, mas se você provar o vosso valor em Stepstones... – ele deixou a fala morrer. – Nós somos os segundos filhos do reino, Edward, o nosso valor não foi dado, ele deve ser criado! –

- Quando você chegou e falou que tinha sérios problemas, eu pensei que meu irmão ou minha sobrinha estavam morrendo, por um momento pensei até no próprio Charlie, mas em momento algum eu pensei que o problema era que você está tendo problemas em suas rotas marítimas! – reclamei entre os dentes. – E eu não preciso, e tampouco quero, provar o meu valor para Charlie, ou para qualquer outra pessoa, a única pessoa com quem eu me importo com a opinião é a minha esposa! – eu parei de falar ao ouvir a porta se abrindo a alguns passos atrás de mim, e eu suspeitava quem era que estava entrando no salão de jantar.

- Perdoem-me pela intromissão. – eu ouvi a voz de Bella vindo trás de mim. – Está tudo bem? – ela perguntou a mim, ao parar ao meu lado, e eu notei que ela ainda tinha os cabelos bem molhados, eles não escorriam a água, mais ainda estavam bem molhados.

- Está! – garanti. – Rosalie, Carlisle estão bem, é... É problemas de negócios. – resmunguei.

- E meu pai? – ela perguntou olhando para Jacob.

- Lorde Hightower está ótimo, lady Isabella... Quer dizer... Está enlouquecendo a todos por não ter notícias da senhora a tempos, mas ele está ótimo. – garantiu.

- Ah... – Alec se pronunciou após um longo tempo no completo silêncio apenas ouvindo a minha discussão com o seu pai. – A princesa Rosalie pediu que eu lhe entregasse isso, apenas em vossas mãos. – ele tirou de dentro do bolso de sua jaqueta, um pergaminho, até que bem grande, maior do que o de costume, enrolado e selado com o selo do rei.

- Obrigada, Alec. – ela pegou o papel. – Então já que está tudo bem, eu vou deixa-los conversarem e vou ver o que Rose deseja... – ela me encarou, olhando no fundo dos meus olhos. – Você está bem? –

- Estou! Só que a paz que eu senti nesses dois anos já está acabando... – resmunguei e ela sorriu. Ignorando completamente o fato de que nós não estávamos sozinhos, ela levou a mão até o meu rosto, sobre a barba, que estava crescendo, e beijou-me a bochecha. Eu segurei a sua mão, que ainda estava apoiada em meu rosto, e lhe beijei a palma. 

- Com licença, senhores. – com o papel que Alec tinha trazido, ela deixou o salão de jantar.

- Você pode pegar o reino de Stepstones... – ele voltou a falar como se Isabella, não tivesse interrompido a conversa.

- Stepstones? – cuspi. – Eu renuncio ao reino de Andrômeda a favor da minha sobrinha, e você espera que eu tome Stepstones? – questionei entre os dentes.

- Eu deixei bem claro, a minha opinião, de que ouvir a vossa esposa sobre a renuncia fora um erro e... –

- Eu não me arrependo. – o interrompi. – Continuo mantendo o mesmo pensamento de que se fosse com a minha filha, eu jamais aceitaria! E é por ouvir a minha esposa, que eu não sei se devo ou não me juntar a você nessa guerra. –

- Edward, sem você o Caraxes, nós vamos perder e... –

- Você tem Alec e Seasmoke. – eu o interrompi de novo. – Ele pode ser um dragão novo ainda e sem experiência em batalha, mas não deixa de ser um dragão. –

- Dois é melhor do que um! – disse simplesmente. – Com dois, nós podemos acabar com essa guerra mais rápido. –

- Você tem noção de que caso nós nos unirmos a essa guerra, nós poderemos ser considerados como traidores perante a coroa, não sabe? –

- Isso se ganharmos a guerra! –

- Sim, até porque, caso percamos, é porque morremos! E eu me casei a pouco tempo e eu não deixar a minha esposa viúva! – falei entre os dentes. – Além do fato de que eu deixei bem claro, que eu só voltaria a Andrômeda, quando ela quisesse. –

- Se eu estiver certo quando a minha desconfiança, sobre o que a princesa Rosalie escreveu naquele pergaminho para a melhor amiga, ela vai querer voltar hoje mesmo para Adhara. – comentou sorrindo, como se soubesse que isso significava que essa era a minha resposta para entrar nessa investida. – Além do que, pense um pouco, isso não é algo que deveria ser decidido assim. Eu sei. Depois que anos finalmente encontrou uma mulher que goste e que goste de você, algo que devo admitir, todo o reino achou que tal mulher jamais existiria, mas ela existe, e entendo o vosso sentimento de não querer deixa-la viúva tão cedo, e sem filhos, pelo que pude notar, mas como eu disse, converse com ela, e pense e eu sei que amanhã eu terei a minha resposta quando a essa investida. Se bem que eu já desconfio qual ela será. Você é um guerreiro Edward, sempre foi, o melhor guerreiro de Andrômeda, e está simplesmente escondido nessa ilha, fico pensando se você ainda tem aquele fogo pela guerra que você tinha antes! –

- Em primeiro lugar, eu não estou escondido em lugar nenhum. Eu vim para cá porque eu simplesmente não aguento mais a podridão de Adhara, e se o senhor pensar bem, lorde Black, sabe que essa é a minha terceira vinda para a ilha, portanto, esse meu “esconderijo” não é nenhuma novidade. – disse fazendo aspas no ar ao repetir o termo esconderijo. – E em segundo lugar, eu continuo sendo o melhor guerreiro de Andrômeda, mesmo não estando mais no continente, e o fogo pela guerra continua existindo, mas o fogo que eu sinto pela a minha esposa é maior ainda. Em terceiro lugar, eu não lhe dei permissão e tampouco intimidade para notar, ou sequer, mencionar o fato de eu não ter filhos ainda, eu e tampouco a minha esposa estamos com pressa, e de qualquer forma isso não diz a respeito a ninguém além de nós dois. E em quarto, e último lugar, você disse que não tinha acontecido nada de ruim com o meu irmão e sobrinha, a ponto de a minha esposa desejar voltar hoje mesmo a Adhara. – disse entre os dentes e me aproximando dele.

- Mas... De ruim, realmente não aconteceu. – disse, e eu permaneci encarando-o até que ele falasse. – Até porque todos no reino veem um casamento, não do jeito que foi o do senhor, caso permita-me a observação, como algo bom! –

- Quem vai casar? – questionei.

- O rei! –

- Com quem Carlisle vai se casar? –

- Eu havia sugerido Jane, ela não é nenhuma criança, já menstruou, já pode se casar, e ele teria inúmeras vantagens e benefícios caso se casasse com a minha filha e uníssemos as nossas casas mais uma vez, contudo, ele recusou! Pelo que eu ouvi, noventa por cento do conselho, aconselhou o rei a desposar Jane, mas ele não ouviu ninguém, tampouco o melhor amigo, braço direito e Mão do Rei, vosso sogro, e escolheu Jéssica! – falou e eu pensei um pouco, Jéssica era a filha mais nova do lorde Strong, eu já tive problemas com um dos filhos do Strong há alguns anos, e pelo me lembrava, ela diversas vezes tentara ser amiga de Rose, e consequentemente de Bella, e falhara miseravelmente, Rose sempre seria amiga apenas de Isabella, do mesmo jeito que Bella era amiga apenas de Rose. – E pelo que Alec me lembrou, durante a nossa travessia pelo Mar de Verão... A princesa, e consequentemente, a vossa esposa, nunca gostaram de Jéssica! Com toda a certeza, a princesa vai querer a amiga do lado, durante o casamento do pai, menos de dois anos após a morte da própria mãe! –

- Lorde Black... Verei minha esposa. – falei simplesmente e dando por encerrado a conversa. – Os criados levarão o senhor e vosso filho, a uns aposentos para descansar, a menos que queiram permanecer em seus navios. E igual a renúncia, eu irei conversar com a minha esposa, quanto a vossa proposta. Amanhã terás a minha resposta em definitivo! –

- Tudo bem. –

Eu não esperei que ele falasse mais nada, e virei-me de costas, deixando a taça, ainda cheia de vinho, pois eu não havia bebido quase nada, em cima da mesa de jantar, e os deixei ali sozinhos. Ao passar por algumas criadas pedi para que, caso os dois quisessem, levassem-nos para os quartos de hóspede. Com a ordem dada, e a ordem de que o jantar continuaria sendo servido no quarto, já que eu não desejava ver Jacob hoje mais uma vez, eu segui para o andar de cima, e para o quarto, o qual eu dividia com Isabella. Entrei no aposento, e encontrei com Bella sentada no sofá próximo a janela, o qual ela havia pedido para ser posto ali, ao invés de ficar aos pés da cama, para que ela pudesse ver Tessarion voando, ou sentir a brisa fresca enquanto lia alguma coisa. Igual hoje, ela ainda tinha o pergaminho aberto que Rose havia mandando, e pelo tempo em que eu continuei na sala de jantar, após Alec ter lhe entregado o papel, ela provavelmente já lerá aquilo centenas de vezes. Bella só notou a minha presença no quarto, quando eu beijei o topo de sua cabeça, e ela levantou a mesma para me olhar.

- Oi amor. –

- Oi. – abaixei um pouco a cabeça e lhe beijei os lábios, tirando, logo em seguida, as suas pernas de cima do sofá, e colocando-as sobre as minhas coxas. – O que Rosalie escreveu? – perguntei, fingindo não saber sobre a informação que havia chegado a mim por Jacob.

- Ela pediu para eu voltar a Adhara! – respondeu simplesmente. – Parece que o rei resolveu se casar com a Jéssica, e ela quer que eu volte. – ela colocou o pergaminho enrolado na mesinha de canto, que tinha atrás dela. – Eu... Eu só não consigo compreender... Eu nunca vi o rei perto de Jéssica, para decidir se casar com ela de forma tão de repente, pelo que Rose escreveu. – ela apoiou o cotovelo no beiral da janela, e a cabeça em sua mão.

- Bella, você precisa entender, que um pai pode ir bem longe para ter a filha numa posição alta! –

- Acha que o lorde Strong fez a cabeça do rei? –

- Não! – respondi sem precisar pensar, até porque eu sempre soube dessa resposta. – O único que tem poder o suficiente para fazer a cabeça do meu irmão, é o seu pai. – falei e ela me encarou com as sobrancelhas curvadas, criando uns vincos no meio de seus olhos. – Me perdoe, eu sei que você não gosta quando eu falo desse jeito do seu pai, mas é a pura verdade. Carlisle sempre deu ouvido ao Charlie, sempre, ele sempre deu mais ouvido ao seu próprio pai, do que a mim, que era irmão dele! – suspirei. – De qualquer forma, Carlisle sempre foi muito emocional, sempre foi. Larry pode ter usado a fragilidade que ele estava sentindo desde a morte de Esme, e obrigou, ou convenceu, a filha a fazer companhia ao meu irmão, e do jeito que ele é, eu não duvido nada, que ele possa realmente ter se apaixonado por ela. – eu virei o rosto, olhando-a. – Não digo amar, pois para mim, Carlisle sempre vai amar Esme, não importe quanto tempo passe, por mais estranho que tal amor possa ter sido, já que ele teve coragem de fazer o que fez... – suspirei de novo, olhando para frente e para o chão do quarto. – Mas ele não vai amar outra mulher como ele amou Esme, mas isso não muda o fato de que ele possa estar apaixonado! – apontei, ela tirou a mão da janela, e se aproximou um pouco mais de mim, aproximando o seu quadril do meu, e quase subindo ao meu colo, e fazendo com que a minha mão, que estava apoiada em sua panturrilha, deslizasse até parar em sua coxa.

- O que o lorde Black queria? – perguntou mudando de assunto de repente. – Você pode ter dito que estava tudo bem, mas eu sei que não está! – eu respirei fundo. – Estais com a mesma expressão nos olhos, a mesma expressão que estavas no dia que veio falar comigo sobre a sucessão do trono de ferro, que o vosso irmão tinha dito que você era herdeiro dele. –

- Ele quer iniciar uma guerra contra a Triarquia, e quer que eu vá junto. –

-Achei que tinham acabado com a Triarquia há anos! – apontou.

- Eu também! Mas pelo visto se reagruparam, estão sendo financiados pelos governantes das Cidades Livres e tomando conta do mar Estreito, enquanto estão dominando as ilhas mais próximas a Apus. – ela não falou mais nada, apenas fechou os olhos respirando fundo.

- E você quer ir? – perguntou ainda de olhos fechados, e eu não me atrevi a responder. Como eu poderia explicar a ela, que o meu lado guerreiro ansiava a tempos por uma guerra, e em contrapartida o meu lado protetor não queria que eu me afastasse dela, nem por meio minuto sequer, temendo que algo pudesse lhe acontecer? – Bom... – ela deve ter tomado o meu silêncio como uma confirmação. – Com o exército do rei, talvez essa guerra não se estenda muito! –

- Esse é o maior problema! Carlisle não quer ajudar! Ele não quer começar uma guerra com as Cidades Livres e Jacob está tendo problemas com as rotas marítimas, pois a Triarquia já dominou, se não toda, uma boa parte de Stepstones. Estão afundando os navios que passam por ali, e os marinheiros que sobrevivem, o líder está dando-os para os caranguejos das ilhas... –

- Isso... Isso não faz o menor sentido! No final, quem mais perde é Andrômeda! –

- Eu sei! Eu sempre falei que Carlisle não era um bom rei, ele gosta de resolver tudo na diplomacia, sendo que não há, e nunca houve diplomacia com a Triarquia! –

- E isso significa que você vai! – falou simplesmente.

- Eu não quero ir e te deixar sozinha. Uma parte minha quer ir, e a outra quer ficar com você. E eu prefiro, um milhão de vezes, deixar o meu lado protetor vencer essa briga! – ela sorriu amorosamente para mim. – Por mim eu não iria e ficaria com você, mas eu vou te falar, o mesmo que eu falei para o Jacob. Eu iria conversar com você, e caso você pedisse para eu não ir, eu não iria. –

- E eu posso deixar um guerreiro de fora de uma guerra? – questionou sorrindo.

- Pode! Porque se vencermos, as chances de Carlisle, apenas por pirraça, nos acusar de traição é enorme, e se perdemos... Sabe que eu não voltarei para casa! – ela se sentou em meu colo, apoiando a cabeça em meu ombro e me abraçando forte. – E eu não sei, se eu ficaria tranquilo sabendo que você ficará, sabe-se lá, quanto tempo perto do seu pai! – apontei, abraçando o seu corpo também.

- Ele nunca fez nada comigo, meu amor, não será agora que ele vai fazer! –

- Eu não confio! Perdoe-me, mas eu não confio em seu pai. –

- Amor... – ela afastou um pouco a cabeça do meu ombro, mas não desfez o abraço. – Lembra do que me disse após aquela carnificina, que fizestes em Adhara? – perguntei, mas ela voltou a falar sem me deixar ter tempo para responder. – Eis o melhor guerreiro de Andrômeda, e o Caraxes é o melhor dragão de batalha. Seu irmão pode não pensar que a Triarquia dominando Stepstones possa ser um problema, mas eu penso que é. E sinto que você é um dos poucos que pode acabar com isso. –

- Uma guerra demora, Bella. Eu não sei quanto tempo eu ficarei fora, e as chances de eu conseguir sair de lá para te ver, são nulas! –

- Eu sei! – suspirou. – Mas sozinho, o lorde Black, não tem chance ou pode demorar dez anos, e com você pode ser que demore muito menos. E, talvez, com você se juntando, o rei possa mudar de ideia e enviar o exército! –

- Eu não sei exatamente o que o seu pai falou sobre o meu irmão, mas ele mentiu na maioria das vezes! -  

- Meu amor... – ela levou as suas mãos até o meu rosto. – E vou ficar bem, não precisa se preocupar comigo! –

- Você quer voltar a Adhara, não quer? – perguntei logo, mas se recusava a falar.

- Só por um tempo! – admitiu de uma vez. – Depois que você voltar da guerra e a Rose se acostumar com esse casamento, nós voltamos para cá, ou vamos para outro lugar. – ela deu de ombros sorrindo.

- Eu amo esse seu otimismo! – comentei sorrindo e ela riu graciosamente para mim.

- Mas é bom, você voltar para mim inteiro! – comentou séria, e eu apenas sorri mais uma vez para ela, e logo em seguida ela apoiou a cabeça em meu ombro de novo, e eu voltei a abraça-la forte contra o meu corpo.

- Eu prometo fazer o possível e o impossível para voltar vivo e inteiro para você! – garanti dando um beijo no topo de sua cabeça e afagando o seu braço, com o meu polegar. – Mas, você vai ter que me prometer uma coisa também. –

- O que? – questionou aninhando a sua cabeça mais contra o vão do meu pescoço.

- Se você descobrir que estais grávida, você tem que prometer que vai me enviar um mensageiro o mais rápido possível. Independentemente de como estiver a guerra, eu quero voltar e ficar perto de você quando a hora chegar, do jeito que eu prometi. –

- Não se preocupe com isso! – eu a abracei forte de novo e lhe dei outro beijo no topo de sua cabeça.

Eu fiquei o resto do dia no quarto com a Bella, tendo-a em meus braços, já que eu, infelizmente não sabia ao certo de quando eu a teria em meus braços mais uma vez, e mexendo em seus cabelos, ainda úmidos, sentindo o cheiro de seus cabelos recém lavados, fazendo com que eu afundasse o meu rosto nele. Eu ainda tinha dois meses da viagem de volta a Adhara, e a partir de amanhã, nós iriamos começar a preparar as coisas para tentar irmos embora em até uma semana. Jacob iria ficar conosco e ir embora junto, para que tivesse a escolta de Caraxes, já que ele não sabia ao certo se Gianna iria fazer a escolta por Stepstones mais uma vez, já que Alec não havia vindo com Seasmoke. Ao ter a minha resposta, que o ajudaria contra a guerra contra a Triarquia, ele enviou um corvo até Driftmark, onde a sua esposa estava, e ele só torcia para a mensagem chegar a tempo, e que Gianna, conseguisse nos encontrar daqui a um mês, mais ou menos, sobrevoando os céus de Stepstones.

Uma semana foi necessária para que pudéssemos arrumar tudo, e para que eu pudesse colocar a casa em ordem, até porque eu não sabia quando eu conseguiria voltar, mesmo sabendo que eu voltaria, pois Isabella queria voltar. Bella estava saindo daqui com o triplo, ou quadruplo, de coisas que ela havia trazido, mesmo sabendo que não iria usar as roupas que usava aqui.

- Nós precisaremos ir contornando o continente de Saggita. – Jacob comentou, era de manhã bem cedo, os dois navios estavam terminando de serem abastecidos e Bella se despedia de Zafrina a alguns passos a nossa frente.

- E Apus? –

- Apus está com toda a frota protegendo a costa, ninguém que não esteja carregando as bandeiras do principado conseguem se aproximar a costa sem serem derrubados. E outra, depois será quase impossível nós conseguimos nos desviarmos de Grey Gallows. Teremos que torcer para não precisarmos aportar nem em Lys e nem em Tyrosh. –

- Usaremos com sabedoria até nos aproximarmos de Mensa. – apontei. – Vou chamar a minha esposa, para irmos. – ele apenas assentiu e eu me aproximei de Bella e Zafrina.

- Espero que não demore para voltar. –

- Eu também. – ouvi Isabella respondendo a amiga que havia feito aqui nas ilhas rindo.

- E você cuide dela. – falou quando eu me aproximei de Bella, e lhe abracei a sua cintura.

- Não se preocupe com isso. – garanti. – Foi bom ter lhe revisto Zafrina. –

- Digo o mesmo. –

- Vamos? -eu soltei Bella, para que Zafrina pudesse lhe dar um abraço, do jeito que ela tinha dando a entender o que faria. Após nós termos nos afastado de Zafrina, em direção ao barco, Bella olhou para cima, vendo os dois dragões sobrevoando o mar.

- Tessarion vai seguir? Quando viemos, ela veio dentro do navio. –

- Ela vai te seguir! Quanto a isso não se preocupe. – garanti. Eu beijei a bochecha e nos aproximamos dos navios, onde Alec e Jacob estavam na entrada do cais, falando com os capitães.

- Temos que usar tudo o que foi abastecido com sabedoria, nós só conseguiremos atracar em alguma cidade para reabastecer quando chegarmos a Mensa. Eu quero os dois navios próximos um do outro, principalmente quando nos aproximarmos de Stepstones. –

- Sim senhor. –

- Tessarion ataca? – perguntou a Bella.

- Bom... Nunca precisou! –

- Provavelmente se ela sentir que Isabella está em perigo. – falei.

- Ótimo. –

- Por que não trouxe Seasmoke? – Bella questionou a Alec, já que o dragão dele, já era um dragão montável.

- Eu... Eu nunca tinha deixado o continente de Andrômeda, e temi que ele acabasse se perdendo na imensidão do mar de verão, em busca de um lugar de descanso ou comida durante a travessia. – respondeu. – O trajeto máximo que Seasmoke percorre é de Driftmark até Adhara... – deu de ombros.

- Vamos, temos que pegar o máximo de luz do sol possível. – falei.

Jacob e Alec foram para o navio que tinha a bandeira da casa Black, e, segurando a mão de Isabella, eu dei um passo para que pudesse subir no navio, que tinha a bandeira dos Swan, só que Bella não andou comigo. Ela parou olhando para trás de si, para a ilha que foi o seu lar durante quase dois anos, e provavelmente o primeiro lugar onde ela sempre havia se sentindo bem. Uma parte minha queria que ela mudasse de ideia, e falasse que não queria ir mais, e eu simplesmente cancelaria tudo, mas não, ela apenas respirou fundo e se virou de frente para mim, e ao notar que eu tinha os meus dois olhos bem presos nela, ela apenas sorriu para mim, e se aproximou, ficando na ponta dos pés e dando um beijo em meus lábios e me puxando para dentro no navio, me nos levaria de volta a Adhara, e me levaria, por não sei quanto tempo, para longe dela.