Isabella ficou encarando a irmã por alguns segundos e viu que as cores da sua aura demonstravam a mesma coisa que Edward havia dito hoje pela manhã, puro medo. Ela apenas suspirou, definitivamente Jane era a última pessoa que ela queria ajudar, mas talvez seu marido estivesse certo em seu pensamento, ela era mais uma vítima de Charlie e se fosse essa verdade, ela ficaria mal caso não ajudasse a irmã.
- Senta. – mandou apontando para a cadeira ao seu lado. – O que houve? – questionou.
- Depois de tudo o que o nosso pai fez, ele fugiu para Londres e não demorou e ele logo ganhou a confiança de Seth, foi a pior coisa que ele pode ter feito na vida! – suspirou. – Dois ou três meses mais ou menos desde que tínhamos chegado a Londres ele veio falar comigo e que tinha um plano, que, segundo ele, o meu trabalho seria o mais fácil! Eu só teria que dar um filho, de preferência, homem para Seth! – comentou. – Eu não queria e eu não tive escolha. Ele me obrigava a ir quase todo dia para o quarto dele e eu não queria! – Isabella respirou fundo. – Eu não aguento mais! – ela começou a chorar ao seu lado e Bella sentiu a garganta fechando.
- Por... Por que você ajudou o nosso pai a enganar o Edward? –
- Eu não tive escolha! –
- Você gostou Jane, Edward me disse que você estava gostando! –
- Ele tinha me dito que eu iria me casar com ele e que eu só teria que fingir que era você pelo resto da minha vida, e eu aceitei porque isso significava me ver livre do nosso pai! Você não sabe o que eu aguentei durante todo esse tempo em que você ficou em Paris... – ela choramingou.
- Você não é igual a mim, ele não podia te ameaçar com nada! –
- E você acha que os inquisidores iriam acreditar em mim ou nele? – rebateu. – Só que, do nada, quando se aproximou o dia do casamento, você chegou e eu não entendi nada, ele me trancou no quarto e te trouxe para Castela, alguns dias depois que ele veio embora, os criados me tiraram do quarto e me tacaram dentro de uma carruagem, e quando eu vi, o nosso pai estava comigo dentro de um navio dizendo que íamos para a Inglaterra! – contou. – Eu reclamei que não era justo, que era para eu ter me casado com o rei, e ele disse simplesmente que o rei iria acabar com o maior problema da vida dele e que tinha planos muito melhores para mim! Ele realmente esperava que te entregasse para os inquisidores! – ela passou as mãos pelo rosto. – Eu só quero me livrar do nosso pai e de Seth. –
- Você sabe o que eles vieram fazer aqui? –
- A única coisa que eu sei, eu juro, é que o Seth está quase perdendo o reino porque ele não tem apoio de ninguém e está sofrendo ameaças da Escócia e Dinamarca, e que o nosso pai disse que aqui ele iria conseguir aliados porque a filha dele era esposa do rei! –
- Então ele sabia que eu estava viva? –
- Soube a pouco, ele não sabia que você tinha filhas... No aniversário de Seth, o rei de Portugal foi até Londres e comentou com o nosso pai que o rei de Castela tinha enlouquecido e colocado uma mulher, a filha mais velha, como duquesa de Granada, nosso pai perguntou quantos anos a menina tinha e ele respondeu, cinco anos e tinha cinco anos desde que deixamos Castela e ele perguntou o nome da esposa do rei e ele respondeu Isabella, foi quando ele soube que não tinham te entregado a Igreja e que você tinha filhas. – explicou e Bella apenas suspirou passando a mão pelo rosto. – Vais me ajudar? Eu sei que você é a última pessoa a quem eu deveria pedir ajuda, principalmente depois de tudo o que eu já fiz, mas... –
- Majestade... – ela foi interrompida pela voz da preceptora de uma das meninas. – Majestade, com licença... – a voz da preceptora era de puro desespero e ela ouviu um chorinho fino e fraco vindo da menina em seu colo.
- O que houve? – perguntou preocupada.
- Charlotte caiu, eu, eu não tive tempo de segura-la, perdão, e ela não quer que eu a leve ao médico, quer a mãe, a senhora! –
- Dê-me... – com cuidado, a babá passou o bebê de dois anos para o colo da mãe. – E Sofia? –
- Com a babá... –
- Shiu, meu amor, a mamãe está aqui! – ela abraçou contra o peito o bebê em seu colo. – Como ela caiu? –
- Elas estavam brincando no jardim, uma correndo atrás da outra, nós estávamos atentas e a postos, a Charlotte ela... Eu não sei, tropeçou em uma pedra e caiu, eu não tive tempo de impedir e... –
- Calma! Calma! – Bella pediu. – Calma, está tudo bem! Ela é uma criança, é normal ela cair! – a preceptora apenas balançou a cabeça assentindo. – Deixe-a aqui comigo e pode ir ficar com a Sofia. –
- Sim senhora, com licença. – ela fez uma reverência e saiu.
- Você se machucou, meu amor? – Charlotte que estava deitada no colo da mãe apenas assentiu enquanto algumas lágrimas translucidas escorriam de seus olhinhos verdes. – Onde? –
- Joelho! – falou baixo e Bella, ao levantar o vestido da filha, viu um arranhado no joelho da filha.
- Tá, vem que a mamãe vai cuidar de você! – ela ajeitou a filha no colo. – Jane... Eu preciso conversar com Edward, sabe muito bem que eu, sozinha, não consigo te ajudar! – ela apenas assentiu. – Enquanto você estiver aqui em Castela e meu pai tentar te obrigar a algo, você me pede ajuda. Você tem razão, eu deveria ser a última pessoa a quem você deveria pedir ajuda, principalmente depois de tudo o que me fez, eu só vou te ajudar, por dois motivos. Primeiro, porque de certa forma eu devo até agradecer, o Edward é uma pessoa maravilhosa e segundo, pela nossa mãe! Que nunca quis que fossemos postas uma contra a outra! – Jane apenas balançou a cabeça assentindo mais uma vez. - Mas agora, eu preciso cuidar do machucado da minha filha! Assim que eu conversar com o Edward, eu venho falar com você. –
- Tá bom! Obrigada. –
- Com licença. – com cuidado, ela se levantou da cadeira e Charlotte abraçou o pescoço da mãe. Ela ainda chorava, baixo contra o ouvido da mãe, devido ao arranhão em seu joelho e Bella apenas ia mexendo nos cabelos da filha para acalma-la.
- Seth, eu já falei que depois nós vamos conversar, eu tenho problemas para resolver... – ela ouviu a voz do marido vindo do corredor enquanto ela subia as escadas. – Se quisesse exclusividade, deveria ter avisado que vinha e... Bella? O que houve? – ele se aproximou da esposa e da filha. – O que houve com a Charlotte? –
- Nada. Ela estava brincando, caiu e ralou o joelho! Ela não quer que chame o médico então eu vou cuidar dela. –
- Oh minha filha. – ele afagou os cabelos ruivos da menina. – Quer vir com o papai? – a menina virou o rosto, tirando-o do pescoço da mãe e olhando para o pai. – Quer vir com o papai? – perguntou de novo e ela apenas assentiu. – Vem, minha princesa. – com cuidado, Edward pegou a pequena Charlotte no colo e ela choramingou quando sentiu o joelho. – Calma, princesa, o papai está aqui! – ele beijou a cabeça da filha.
- Edward! – Seth falou indignado.
- Seth, ouviu que a minha filha se machucou? Eu vou cuidar da minha filha e depois eu falo com você! Minhas filhas são mais importantes do que qualquer outra coisa! –
- Mamãe! – ela choramingou quando Edward deu um passo para continuar subindo as escadas.
- Eu estou aqui, meu amor, mamãe está aqui! –
Segurando a mão da mãe e indo no colo do pai, os três subiram e foram direto para o quarto dos reis. Edward se sentou na ponta da cama, com a filha no colo e Bella pegou um pano limpo dando uma molhada na ponta, e vindo para perto da filha. Ela levantou a saia do vestido da filha e encontrou o machucado avermelhado, na primeira passada da ponta do pano para limpar o machucado, Charlotte voltou a chorar e Edward começou a acalmar a menina. Isabella assoprava o joelho da filha enquanto limpava e machucado, e com ele todo limpo viu que não era nada demais e que em pouquíssimos dias estava tudo bem.
Com o arranhão limpo, Edward se levantou da cama, com a filha no colo e começou a nina-la para que ela dormisse um pouco, enquanto fazia cafuné em sua cabeça.
- Cadê a Sofia? – ele perguntou falando baixo enquanto andava de um lado para o outro do quarto com a filha, quase adormecida nos braços.
- Estava com a babá, já deve estar dentro do castelo. – respondeu se sentando na cama. – O que Seth queria? –
- Ele quer conversar comigo sobre o motivo de ter vindo, mas ele quer que eu pare tudo o que eu estou fazendo para dar atenção apenas a ele! – bufou vendo que Charlotte havia dormido e tentou coloca-la na cama, mas a menina, ao sentir que havia perdido contato com o corpo do pai, acordou e voltou a chorar. – Minha princesa, o papai estar aqui! – ele pegou a filha no colo de novo.
- Conversei com Jane. –
- O que ela quer? –
- Ajuda para se livrar de Seth e do nosso pai! Ela quer voltar para Castela, por assim dizer! – suspirou se livrando de seus sapatos e colocando as pernas em cima da cama. – Se podemos acreditar nela, e pela aura dela eu vi que podemos, meu pai a ameaçou quando vocês se conheceram, se ela não fingisse ser eu iria mentir a igreja que ela era uma bruxa também, ela aceitou, pois caso ela se casasse com você ela iria estar livre dele! –
- Mas você disse que ele próprio te mandou voltar de Paris para se casar! –
- Ela disse que ele a trancou no quarto e me trouxe para cá e ela só saiu de lá quando foram para Londres. Segundo ela, ele estava realmente torcendo para que você e a sua mãe me entregassem a Igreja! – Bella suspirou vendo o marido andando de um lado para o outro. – Disse que ele só soube que eu ainda estava viva quando seu digníssimo amigo, o rei de Portugal, disse que você estava louco por ter dado um ducado a uma mulher, no caso a sua filha, e quando ele soube a idade da menina, perguntou o nome da sua esposa e descobriu que eu ainda estava viva! –
- Só por isso ela quer fugir deles ou aconteceu algo mais? –
- Meu pai a obriga há cinco a dormir com Seth, para que lhe dê um filho homem, segundo ela, nenhuma dessas vezes foi um ato consentido por ela! –
- Filho da puta! – xingou.
- Eu... Eu não sei como ajuda-la, eu não posso dizer que a quero aqui, porque o meu pai não vai acreditar! – Bella suspirou. – Quer dizer, tem um jeito, mas pode dar terrivelmente errado e eu não sei se eu quero me arriscar! –
- Que jeito? – perguntou subindo com cuidado na cama e deitando na mesma, deixando a sua filha deitada em seu peito.
- Tem... Tem uma mistura de ervas que causa uma morte falsa em quem beber, dura algumas horas, alguns estudos dizem que feito corretamente dura o tempo necessário do velório e do enterro, mas qualquer grama errada, qualquer coisinha errada, a pessoa não acorda! Eu não quero correr o risco de ajudar a minha irmã e acidentalmente acabar realmente a matando. E de qualquer forma, depois que ela acordasse faria o que? Todos saberiam que ela tinha morrido e se ela ficar aqui eles iriam descobrir! –
- Vamos pensar em outra coisa! – ele suspirou. – Ela sabe do motivo de eles terem vindo? –
- Disse que a única coisa que ela sabe é que Seth está quase perdendo o reino porque ele não tem apoio de ninguém e está sofrendo ameaças da Escócia e Dinamarca, e que o nosso pai disse que aqui ele iria conseguir aliados porque a filha dele era a sua esposa! –
- Eu não estou gostando nem um pouco dessa história! – Edward suspirou. – Na hora do almoço nos vamos acabar com isso! Vem cá, deita aqui um pouco conosco. – ele apontou para a filha que estava completamente adormecida em seu colo.
- Minha princesinha. – Bella se aproximou deles e beijou a testa da filha.
Isabella deitou a cabeça contra o ombro do marido, que passou o braço por sobre o corpo da esposa e ela começou, delicadamente, a fazer um cafuné nos cachinhos ruivos da filha que ressonava tranquilamente contra o peito do pai.
Os dois reis acabaram adormecendo também e despertaram com uma batida na porta anunciando que já estava chegando perto o horário do almoço, Charlotte continuava dormindo e assim eles a deixaram, colocando-a deitada no meio da cama dos dois. Edward trocou a blusa, que agora estava babada devido ao sono profundo de sua filha e Bella apenas ajeitou os cabelos e a saia do vestido, ambos amassados, e para espantar o sono, esfregou os dedos nos olhos.
Eles não queriam estar ali, era quase que palpável quando os dois se sentaram no salão de jantar onde Charlie e Seth já se encontravam. Seth encarava de Edward para Isabella, sem sequer tentar disfarçar o seu incomodo pela rainha estar presente, com o almoço servido, Bella pediu as criadas que levassem o almoço das meninas em seus respectivos quartos, já que agora, Charlotte estava em seu quarto com Sofia e com as babás.
- Algum problema Seth? – Edward questionou bebendo um gole do seu vinho. – Não tiras os olhos da minha esposa, eu sei que ela é linda, mas ela não é para o vosso bico! –
- Pensei que iriamos conversar durante o almoço. –
- E vamos! É só falar o que quer. –
- Na frente dela? –
- Majestade, o assunto que temos para tratar não diz respeito a minha filha! – Charlie tentou intervir.
- Charlie, a sua filha, é minha esposa! Rainha deste reino e por você ser um cidadão de Castela, mesmo não morando aqui a cinco anos, ela é sua rainha! E a única pessoa que pode dizer se o assunto diz ou não respeito a ela, sou eu! E todos os assuntos do meu reino dizem respeito a minha esposa, pois, caso eu precise me ausentar, é ela quem cuida de Castela até a minha volta! – ele se ajeitou na cadeira e bebeu outro gole do vinho. – Portanto, ou falem na frente dela ou não falem, mas ela vai fazer parte desta conversa! –
- Tudo bem! Queremos fazer um acordo com Castela. –
- Qual acordo? –
- Casamento, envolvendo a primogênita de vocês! –
- A primogênita? – Bella perguntou divertida. – Para que? Para no final das contas vocês tomarem Castela? –
- Em primeiro lugar, sem chance, Anastásia é minha herdeira, portanto ela não irá se casar com primogênito de lugar algum, mas de qualquer forma, sane a minha curiosidade... Quem é o noivo? – Charlie e Seth se entreolharam.
- No caso sou eu mesmo! – Seth respondeu. – Ela ficaria com vocês até ter a primeira menstruação e depois vocês a mandaria para Londres. –
- Enlouqueceu? – Isabella questionou com raiva. – Você quer se casar com a minha filha? Ela tem cinco anos! –
- Estais vendo majestade, porque esse assunto não diz respeito a minha filha e... –
- Cale-se Charlie. – Edward disse entre os dentes. – Eu não vou falar de novo que todos os assuntos deste reino dizem respeito a minha esposa, principalmente se envolver as nossas filhas! – ele desviou os olhos para Seth. – Você enlouqueceu? –
- Sabe que isso é uma das coisas mais normais e... –
- Não é normal para mim! – ele falou entre os dentes. – Quando minha filha menstruar você vai ter quase cinquenta anos! –
- Minha mãe tinha dezesseis quando se casou com o meu pai e ele tinha quase sessenta e... –
- Foda-se! – Edward gritou para ele. – Eu não ligo para o que vocês fazem ou deixam de fazer na Inglaterra, mas não vão fazer o mesmo com a minha filha! Se o seu avô não tinha um pingo de noção ao casar a filha de dezesseis anos com um velho de sessenta, eu tenho! E já falo, a minha filha, não vai se casar com você e nem com ninguém que seja cinco anos mais velho do que ela! Então se foi para esse absurdo que você veio! Vá embora agora mesmo! –
- Majestade! –
- A ideia foi sua, não foi? – Isabella questionou a Charlie.
- Eu não estou falando com você! –
- Mas eu estou! Tinha que ter vindo de você essa ideia absurda! Você me dá nojo! – sem esperar que ninguém falasse mais nada, ela se levantou e saiu do salão.
- Majestade... – Charlie tentou falar de novo com Edward, que tinha se levantando e ido para trás do sogro. – Se parar para pensar, como um rei e não como um pai, vai ver que é ótimo para os dois reinos e... – Edward o segurou pelo colarinho com força, fazendo a gola da camisa de Charlie apertar a sua garganta.
- Se você falar com a minha esposa desse jeito de novo, eu mesmo corto a sua língua e depois a sua cabeça! Você entendeu? –
- Sim senhor! – Charlie falou sem ar.
- Presta atenção... Quer entregar Isabella ao Papa? Entregue, eu sei de tanta merda que você fez que é mais fácil ele irem atrás de você do que dela! – Edward falava baixo apenas para ele ouvir. – Vai embora de Castela e não volte nunca mais, porque se voltar, se você se aproximar da minha esposa ou das minhas filhas, eu mato você bem devagar! Se você abrir a boca para falar qualquer coisa sobre a minha família eu te caço até o inferno! – Edward soltou o colarinho de Charlie que começou a tossir enquanto buscava o ar que lhe faltava. - Saía do meu reino! – falou para Seth e seguiu pelo mesmo caminho que Isabella havia feito.
A rainha de Castela, ao ter saído do salão de jantar, tratou de ir atrás da sua irmã, ela queria ajudar a irmã, mas elas não tinham muito tempo, os criados informaram a rainha que Jane estava no quarto que haviam separado para ela e para lá ela foi andando rápido, ignorando todos que passavam por ela, e entrou de supetão no quarto da irmã a assustando.
- Jane. –
- Eu não fiz nada! – se defendeu ao ver a irmã com raiva.
- Falou sério quando disse que quer fugir do nosso pai e do Seth? –
- Sim. Por quê? –
- Edward acabou de expulsar Seth e nosso pai daqui, temos que agir rápido. A única ideia que eu tenho, pode dar muito ruim! – ela olhou para Isabella confusa. – Eu vou fazer uma bebida e você vai dormir por horas, e eles vão te dar como morta, o efeito dura quase que um dia inteiro, o tempo necessário para um velório e um enterro. Depois você teria que se virar para fugir deles e não permitir que eles te encontrem. –
- E porque disse que pode dar ruim? –
- Porque se eu errar, você morre! -
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