Transilvânia – Romênia.
Narrador.
A nossa história, queridos leitores, começa em uma aldeia que ficava as margens de uma floresta considerada amaldiçoada, pois escondido entre as grandes copas das árvores se erguia um sombrio castelo, onde uma terrível criatura bebedora de sangue e sugadora de almas, vivia. Aos pés deste castelo existia uma grande campina, um circulo quase perfeito a céu aberto com a grama curta e macia. Por mais amaldiçoada que a floresta fosse, ela não deixava de ser bem rica e a principal fonte de alimentação da pequena aldeia, que tirava dela uma grande parte de seu sustento. Animais de diversas espécies moravam ali, diversos arbustos frutíferos eram possíveis encontrar por ela…
Porém havia um preço!
Como uma forma de proteção contra a besta bebedora de sangue, os aldeões faziam, desde os seus primórdios, sacrifícios humanos, para que a besta não viesse atrás de toda a aldeia e a massacrasse de uma única vez. Portanto, todo início de inverno, uma virgem era sacrificada a besta, sendo presa a correntes no meio da campina e com um corte profundo em algum lugar pulsante para que o cheiro atraísse o monstro e ele se saciasse com a jovem virgem e deixassem as outras pessoas em paz.
Alias, o que era uma vida em prol de dezenas?
Contudo, nos últimos anos os sacrifícios se tornaram escassos, os pais passaram a casar as suas filhas assim que a primeira menstruação descesse, justamente para que elas não fossem as escolhidas, e isso enfurecia severamente os anciões, que a cada ano se tornava mais difícil realizar tal sacrifício.
E sem ter por onde recorrer, eles passaram a escolher quaisquer tipos de mulheres jovens e bonitas, mesmo se elas fossem casadas. A besta precisava ser saciada para que a vila sobrevivesse!
E é nesse ponto que a nossa história começa.
Naquele ano o inverno anterior tinha sido rigoroso, algumas pessoas que ousaram se aventurar pela floresta haviam desaparecido e foram encontradas mortas no verão, como a neve e o frio haviam preservado os seus corpos, era possível imaginar a causa da morte. Falta de sangue! Dois pequenos furos no pescoço!
E para evitar que mais pessoas fossem mortas no inverno de 1555, os anciões escolheram uma mulher, jovem, recém casada e que tinha acabado de ter uma filha, para ser o sacrifício perfeito para a besta. Por ela ter acabado de dar a luz, os anciões pensaram que a inocência e o sangue virginal do bebê, uma menina, ainda percorresse o sangue da jovem mãe e isso saciasse mais ainda a fera.
E debaixo do choro de fome e desespero do bebê recém nascido e dos gritos de protestos do marido, que era segurado por homens fortes. A jovem Renée Swan foi arrancada do seio de seu lar e arrastada, quase que pelos cabelos para dentro da floresta. Quanto mais ela se debatia, tentando se livrar, mais ela se feria, ou entre os galhos nus dos arbustos, ou com os homens que a levaram até a campina.
Sete anos depois, Charlie cuidava da filha sozinha, ele só não tinha deixado a aldeia por não ter outro lugar para ir. Ele havia nascido e crescido naquele ambiente e simplesmente não podia sair sem rumo com uma filha pequena. Mas ele se tornou recluso, não interagia mais com os vizinhos, e já havia agredido dois ou três homens que o lembraram do que fizeram com a sua esposa há sete anos. Ele havia reforçado todas as portas e janelas da casa, para que quem tivesse do lado de fora, não conseguisse entrar.
Ele não se preocupava com a besta! Ele se preocupava com os aldeões. E havia prometido que jamais iria deixar que fizessem com a sua filha, o que fizeram com a sua esposa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário