domingo, 3 de setembro de 2017

Capitulo Quatorze: Trabalho.

Pov. Bella.
Toronto – Canadá.
Eu encarava Edward, completamente chocada, como assim Tanya estava tentando pegar a guarda de Valentina e ele não me fala nada? E por que diabos ela quer a guarda da filha se assim que e a menina nasceu ela sumiu e voltou há poucos meses, a pequena nem sabe qual cara a mãe tem? E para ser sincera, prefiro que ela continue sem ver a cara de vadia que a mãe tinha. Eu abri e fechei a boca varias vezes e a única coisa que eu consegui fazer foi apontar para fora da festa e ele, como por um milagre, sem reclamar, foi e eu o segui. Ele me levou até o jardim dos fundos e esperou que eu falasse algo.
- Me explique isso. – pedi sem saber exatamente em como começar essa conversa.
- Você não tem que se preocupar. É quase certo que eu continue com a guarda da Valentina. –
- Quase certo? Por que não é completamente certo? –
- Reformulando, eu tenho 98% de chances de continuar com a guarda dela. –
- E por que não 100%? O que te impede de ter 100% de chances? –
- Tanya alega que eu estou morando com uma mulher, que é minha secretaria e que eu engravidei. –
- Tirando a última parte ela está certa. –
- Acontece que ela está tentando passar uma imagem de que você não gosta da Valentina e que eu estou deixando a pequena de lado para focar em você e no bebê. E que você é uma péssima influencia para ela. Somando isso, mas a possível e grande e quase confirmada chance da juíza ser uma mulher e gostar de mim, eu tenho chances de perder a guarda. E ela não gosta de mim, porque segundo ela eu soltei um bandido, mas ela não tinha provas de que havia sido o meu cliente e... –
- Edward, dane-se o seu cliente. Que historia é essa de que eu não gosto da Valentina e que eu sou uma péssima influencia a ela? Eu vou é dar a péssima influencia da cara da Tanya dá próxima vez que eu a vir, você pode ter certeza disso. –
- Faz isso e as minhas chances de perder a guarda sobem mais ainda. –
- Eu faço isso depois que o processo acabar. E porque diabos eu sou uma má influencia para ela? –
- Ela disse que você ensina palavrões e essas coisas para ela. –
- Eu? Quem faz isso é a sua babá. - ele passou as mãos pelos cabelos. – E o que mais? –
- Por que acha que tem algo mais? –
- Porque você está passando as mãos pelos cabelos e você só faz isso quando fica nervoso ou algo te aflige ou irrita. –
- Para ser bem sincero, as minhas chances de perder a guarda são bem altas, eu só não quero que você se preocupe. –
- Olha só, mesmo que você tivesse soltado, sei lá OJ Simpson, Al Capone ou todos os mafiosos do mundo e ala da cadeira elétrica, a Tanya ignorou a filha por três anos. Ela deu a luz e sumiu no mundo e você, sozinho, criou a Valentina. – ele suspirou.
- Fora o processo de guarda ela está me processando por violência contra a mulher. –
- Como é que é? – perguntei. – Eu acho que não entendi direito. Ela está te acusando de ter batido nela? –
- É. –
- E você bateu? É bom que tenha batido. – ele arqueou as sobrancelhas. – Sou contra a violência contra a mulher, não contra violência à vadias, quer dizer, a vadias também, mas sendo a Tanya eu não ligo. –
- Eu não bati nela. –
- Então... –
- Ela invadiu a minha sala, nós brigamos e eu devo ter segurado o pulso dela e a pulseira arrebentou e deixou o pulso dela roxo. –
- E por que você não me contou essa historia? –
- Eu não queria lhe preocupar. Eu não queria... –
- O que você quer? – perguntei. – Eu não sei o que você quer. Você quer que eu seja a mãe da Valentina, mas algo acontece com ela e você não me conta. –
- Eu não quero lhe preocupar. –
- Me preocupar? –
- Eu não sei se você notou, mas você está grávida de quase sete meses, eu não quero que você fique nervosa ou algo do tipo e acabe, sei lá, entrando em trabalho de parto fora da hora ou algo pior. Eu estou tentando apenas te proteger, então, por favor, coopere. –
- Tá. – disse contraria e a vontade de meter a mão na cara de Tanya aumentava mais ainda. – Mas me conte as coisas, é só o que eu te peço. –
- Não se preocupe. – garantiu, porém eu sabia que ele não iria me contar nada.
- E agora? O que faremos? –
- É provável que recebamos a visita de uma assistente social para ver como é a rotina lá em casa, por ordens da juíza e nós não sabemos quando. –
- Então eu tenho que voltar para casa? –
- Não. –
- Eu não perguntei se você quer que eu volte... –
- Eu sei. Entretanto acontece que se você voltar para casa agora vai causar uma péssima impressão, porque Tanya já disse que você está morando lá. –
- E o fato de eu estar morando lá não vai trazer problemas? –
- Bom, eu disse à juíza que você está morando lá porque nós estamos juntos, confirmei que o bebê é meu e deixei claro, com todas as letras, que você não é uma má influencia a Valentina, que ela gosta de você e já está te chamando de mãe. Quando a assistente for lá, ela vai passar o dia inteiro lá para ver a nossa rotina, é para agirmos como se ela não estivesse lá e ela vai ver o que eu vejo todo dia: Você cuidando muito bem da Valentina e ela gostando de você, ela vai ver que os fundamentos de Tanya não estão certos, mas se você sair de lá pode acabar causando a impressão errada nela. –
- Qual é o problema da Tanya? –
- Adoraria saber. Agora, por favor, pare de pensar nisso, tudo bem. –
- E Aro? –
- Está apoiando ela. –
- Além de ele transar com ela, ele está do lado dela? –
- Ele morre de medo de que Tanya conte à esposa que ele está tendo um caso, então ele vai fazer o que a Tanya quiser. –
- Não sabia que ele era tão babaca assim. –
- O escritório é da esposa dele. A empresa é da família dela, entretanto ela largou a advocacia para cuidar dos filhos e deixou-o encarregado de tudo. E certa vez, onde ele estava bêbado, ele disse que no contrato de casamento há uma clausula sobre traições. –
- E ele teme que Tanya abra o bico, o casamento acabe e ele fique sem nada. –
- Exatamente. Porque ele não tem nada. –
- E o dinheiro que ele ganha de sua consultoria, de seus casos? –
- Ele gasta tudo com vadias. Acha mesmo que Tanya é a única amante dele? Aro tem uma vida mais podre do que esgoto. –
- Espera ai, me conta essa fofoca. – pedi e ele balançou a cabeça sorrindo.
- Já ouviu falar em clubes de swing? –
- Sim. –
- Ele é frequentador assíduo de um. – meus olhos esbugalharam. – E ele tem certos fetiches bem estranhos. Sabe cinquenta tons de cinza? –
- Ele é o Christian Grey? –
- Não. Ele é a Anastácia. – meus olhos quase pularam para fora.
- Ele transa com homens? –
- Não. No caso ele é o submisso e a mulher é a dominadora. –
- Eu tenho medo de perguntar como você sabe disso. –
- Um dos fetiches de Aro era ser dominado no escritório. Ele achou que o escritório estava vazio e chamou à dominadora. Eu fui entregar uns relatórios a ele, a porta estava aberta e eu vi uma cena grotesca. –
- Ele pelado? –
- Pior. Ele usando uma cueca de látex, bem justa, uma daquelas bolas na boca e coleira e estava de quatro no chão bebendo água de uma vasilha de cachorro enquanto a mulher estava totalmente vestida com roupas de látex e batia na bunda dele com um chicote. – eu mordia o lábio inferior tentando não rir, mas não consegui evitar e joguei a cabeça para trás gargalhando.
- Está falando serio? – perguntei rindo e ele assentiu.
- Ele me viu e eu sai como se não tivesse visto nada e no dia seguinte ele foi me implorar para não contar nada a ninguém, sugeriu até aumentar o meu salário. – eu precisei me sentar em uma das espreguiçadeiras próximas a piscina de tanto que eu ria, e eu estava a ponto de fazer xixi na calcinha. – Isso me lembra de uma coisa. Se por acaso, algum dia, obviamente depois do bebê nascer você inventar de querer inovar desse tipo, eu só aceito algemas. – revirei os olhos.
- Edward. – o encarei. – Você podia usar isso a seu favor. –
- Eu não vou jogar do mesmo jeito que Tanya. –
- Não, me escuta. – segurei a mão dele e fiz com que ele se sentasse ao meu lado. – Para Aro, o que seria pior, a esposa descobrir da traição ou descobrir que o marido serve de cachorro para qualquer uma? –
- Provavelmente a última. –
- Não estou falando para agir igual à Tanya. Estou falando para você apenas conversar com Aro e apenas lembra-lo que você sabe de coisas piores do que apenas a amante dele. Não é para ele fazer com que Tanya mude de ideia, mas é para ele contar para você os planos dela ou arrumar um jeito de acabar com ela no tribunal. Ou você acha que a juíza, por mais raiva que ela sinta de você, irá dar a Valentina para uma mulher que é amante de um cara casado? –
- Eu não quero ser igual a ela. –
- Não estou falando para ser igual a ela, estou falando para usar as mesmas armas que ela está usando. Você está em desvantagem. Pois pense comigo, como ela pode saber que a Tina está falando palavrão sem ela estar por perto? Quem foi que ensinou palavrão a Tina? –
- Acha que isso tem dedo da Bree? –
- Bree me odeia, lembre-se disso, de certo modo fiz com que ela fosse demitida. Edward é só você pensar... Valentina te perguntou o que era sexo e quando perguntamos onde ela havia escutado aquela palavra o que ela disse? – ele parou um pouco para pensar.
- Que ouviu a Bree falando no telefone e dizendo... –
- Eles estão lá em cima fazendo sexo. – lembrei-o. – Quem foi que ensinou vários palavrões e palavras feias para Valentina? –
- A Bree. –
- E não acha um pouco estranho essas palavras começarem a surgir depois que eu entrei na vida de vocês e depois que Tanya apareceu? –
- Mas como Tanya descobriu sobre Bree? –
- Você disse que ela veio até a casa de sua mãe há alguns meses para tentar ver a menina. E se, por caso, ela tivesse ido a sua casa quando você estava trabalhando e Bree abriu a porta, ou ela pode ter ido à hora que a pequena tava na creche e Bree disse a ela que era a sua babá? –
- Como foi que eu não achei estranho o fato de Tanya saber que Valentina tinha falado um palavrão? – reclamou puxando os cabelos.
- Ela está em vantagem porque fez com que Bree criasse provas para ela e tendo Aro do lado. Por que você não equilibra o jogo lembrando a Aro que você sabe sobre o segredo dele e que também sabe do caso dele com Tanya? –
- Eu vou fazer o seguinte. Vai ter uma conversa com a juíza dentro de alguns dias, onde ela vai confirmar ou não se enviara uma assistente social. Dependendo do que houver naquela conversa eu vou falar com Aro. – me aproximei um pouco dele e lhe dei um beijo na bochecha, apoiando a cabeça em meu ombro. – Eu estou achando que a assistente só vai aparecer lá depois que o bebê nascer. –
- Por quê? –
- Se Tanya e Aro conseguirem falar com ela antes, eles vão falar para ela ir lá depois que o bebê nascer. Porque eles vão querer provar de que nós não estamos dando devida atenção a Valentina por causa da gravidez. –
- Isso é idiotice. Todo mundo sabe que um bebê recém-nascido dá muito trabalho. –
- Eles não estão nem ai com isso, eles querem apenas ganhar. – eu ainda tinha a cabeça apoiada em seu ombro. – E se eles comprarem a assistente social é bem nessa época que ela vai aparecer, pode ter certeza. Ou a juíza pode manda-la lá duas vezes, uma antes de o bebê nascer e uma depois. –
- E como eles sabem quanto tempo eu estou? –
- Ela perguntou e eu tive que responder. E ela também perguntou quais são as chances de você estar apenas me dando um golpe da barriga. –
- De novo essa história? Pelo amor de Deus. – reclamei. – Já contou a Aro que está indo embora? –
- Já e como imaginava ele não gostou muito... E colocou a culpa em você. –
- Em mim? –
- É. Disse que antes que você ter aparecido grávida eu não havia dado sinais de que iria embora. –
- Não foi até eu ter aparecido grávida, foi quando ele contratou a vadia da sua ex-namorada. –
- Ele sabe disso só não assume. E ficou irritado quando eu disse que iria abrir o meu próprio escritório, porque eu estava cansado de trabalhar para os outros. –
- Me responda sinceramente. Naquele dia, que saímos de Sue e você teve que voltar correndo ao escritório... –
- Foi quando Aro me disse que estava assumindo o caso de Tanya para pegar a guarda da Valentina. As palavras dela foram: Você já vai ganhar mais um não precisa mais dela. –
- Como essa mulher consegue ficar cada vez mais asquerosa? O que o fato de eu ter um bebê tem haver com a Valentina? O que? Se já tem um filho não precisa de outro? Que mulherzinha ridícula. – resmunguei. – Serio como você conseguiu transar com ela? –
- Eu estava bêbado. Eu vivia bêbado para ser bem sincero. –
- Bêbado e drogado não é? – ele riu me dando um beijo na testa.
- Venha, vamos entrar, antes que minha mãe venha atrás de nós. - ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar a me levantar.
- Só uma pergunta. – ele esperou que eu a fizesse. – Ela não vai me vendar e me fazer adivinhar quais são os presentes e todos que eu errar ela vai me pintar não, ou vai? –
- Não. Pelo menos eu acho que não. – olhei feio para ele. – Não se preocupe, se ela inventar algo do tipo eu tento salvar você. – aceitei a mão dele e me levantei da espreguiçadeira e nós voltamos para dentro da festa.
Valentina brincava de pique com os primos e os seis corriam por todo o pequeno salão com os pais pedindo para que parassem de correr antes que se caíssem e se machucassem. O chá de bebê acabou cedo, mas acabou se transformando em uma espécie de jantar que Esme criou para que pudesse ter a oportunidade de conversar e conhecer mais a minha mãe e obviamente as duas se adoraram e Phil sofreu um pouco para fazer com que minha mãe fosse para casa a noite.
Um pouco depois que minha mãe se foi, Edward e eu fomos embora, Valentina exausta de tanto correr junto com os primos acabou dormindo no colo do pai antes de irmos embora. Assim que chegamos a casa, Edward foi trocar a roupa da filha e coloca-la na cama enquanto eu caminhei descalça e de roupa já trocada até o quarto do bebê. Aquele quarto era o mais bonito que eu já havia visto na vida, mamãe havia se superado com ele.
- Pretende ficar a noite toda aqui? – a voz de Edward apareceu atrás de mim e eu me virei para olha-lo. Ele também já havia se trocado, estava apenas com uma calça de moletom e estava parado, encostado, no batente do quarto da porta do bebê.
- Estou apenas vendo o quarto do bebê. –
- Ele está quase completo. – comentou entrando no quarto.
- Quase? O que está falando? –
- Nosso bebê. – disse levantando a minha blusa e acariciando a minha barriga.
- Falta pouco, não vejo a hora de ver o rostinho dele. –
- E eu estou louco para ganhar a aposta. – balancei a cabeça rindo.
- Você não vai ganhar a aposta. Eu vou. Já disse é uma menina. –
- Não, não é, é um menino. –
- Não é... –
- Independentemente disso... Está a fim de se divertir um pouquinho? –
- Como o que, por exemplo? –
- Uma brincadeirinha debaixo dos lençóis. –
- Sexo? – assentiu. – Como você quer transar comigo com essa barriga? –
- Continua gostosa. –
- Nem pensar Cullen. – respondi e sai do quarto.  
- Você nunca me deixa eu me divertir. Porra, eu já estava até duro. Se eu ficar com as bolas azuis a culpa é sua. –
- Você tem mão, não tem? Até onde eu saiba você não nasceu aleijado, portanto use-a. –.
- Eu pretendia usa-la, mas não em mim. – disse entrando no quarto atrás de mim.
(...)
Faltava cerca de um mês para o bebê nascer, a assistente social ainda não tinha dado aparecido e sim, a juíza que não gostava de Edward era a juíza que havia assumido o caso. Edward conversou com Aro lembrando-o da cena grotesca que havia presenciado e pelo visto ele ficou com mais medo de Edward abrir a boca do que Tanya e confirmou a suspeita de Edward e a minha certeza de que Bree estava envolvida nisso e que Tanya pretendia usa-la na audiência, mas segundo ele, ele não sabia de mais nada.
Mesmo faltando cerca de um mês para o bebê nascer, tudo já estava pronto. O quarto já estava pronto, as roupinhas já estavam lavadas e guardadas e até a mala da maternidade já estava arrumada. Edward já havia encontrando um ótimo lugar para abrir o seu novo escritório e ele agora passava por reformas e como seu irmão era arquiteto e seu cunhado engenheiro, ele deixou tudo a cargo deles e ia lá apenas de vez em quando, apenas para checar se estava saindo tudo de acordo com os seus planos.
Valentina já estava de férias e o verão já havia chegado, nós dois estávamos sentado debaixo de um grande guarda sol, nos fundos da casa, perto da piscina enquanto Valentina brincava em sua casinha de bonecas. Nós ainda não havíamos tomado café, mas como ninguém tinha que trabalhar ou sair de casa, ninguém aqui tinha pressa para tomar café.
- Você já decidiu? – perguntou ele depois de um longo tempo em silêncio.
- O que? –
- Falta um mês para o bebê nascer. Como pretende que ele nasça? –
- Ainda não sei. Eu tenho medo de cirurgia. – confessei. – Quando eu precisei operar as amídalas quando criança foi, praticamente, preciso me dar um calmante e depois me dopar. Não sei se vou querer que abram a minha barriga. –
- Cesárea é mais “fácil”. – ele fez aspas no ar ao dizer que era fácil. – Mas a recuperação é bem devagar, dolorosa e o risco de complicações depois é alto. –
- É, mas em contra partida eu não sei se teria força para empurra-lo para fora. E só têm esses dois tipos. –
- Não, têm vários. Tem o parto na água e... –
- E eu quis dizer que ou é me abrindo ou é fazendo força. – expliquei.
- Ah sim, nesse caso sim. Até porque eu fico imaginando outro jeito e não acho. –
- Quem foi que teve a ideia de abrir a barriga de uma mulher e tirar o bebê de lá? –
- E quem foi que teve a ideia de ver um ovo saindo do cu da galinha e comer? – ele retrucou com um assunto que não tinha nada haver e eu joguei a cabeça para trás rindo.
- Sempre me perguntei isso. – concordei.
- Mas agora é serio. Você ter que se decidir antes de entrar em trabalho de parto. –
- O que me sugere? –
- Por mim tanto faz, vai ter que ficar de resguardo quarenta dias do mesmo jeito. – eu olhei feio para ele. – Brincadeira. –
- Idiota. –
- Se fosse eu. Eu iria preferir o normal, a recuperação é mais rápida e não precisa ficar um longo tempo de repouso no hospital. –
- Com ou sem anestesia? –
- Isso vai depender da sua capacidade de suportar a dor. –
- Nula. – agora quem rirá fora ele.
- Mas isso você resolve na hora. Meu pai contou que minha mãe resolveu das três vezes que daria a luz por parto normal e sem anestesia e nas três vezes, na primeira força que ela fez, ela começou a implorar por anestesia. –
- Você, não está ajudando. –
- Desculpa. – ele sorriu de lado. – Eu vou fazer o café. Fica de olho nela? – perguntou apontando para a pequena que continuava brincando em sua casinha.
- Claro. – ele se levantou, me deu um beijo rápido nos lábios e entrou. Pouco tempo depois que ele entrou, eu já pude sentir o cheirinho delicioso de café fresco e a campainha tocando. Quem viria aqui há essa hora? 
- Bella. – Edward me chamou. – Chega aqui rapidinho. – com cuidado eu me levantei e entrei em casa. Edward estava no meio de sua sala de estar com uma mulher do lado, talvez um pouco mais velha do que eu, com a pele no tom azeitonado, com um terninho de segunda mão cinza, cabelos pretos escuros presos em uns coques e grandes óculos de grau no rosto que cobriam seus grandes olhos negros, e uma pasta, tipo de advogado, em uma das mãos e na outra uma pasta parta. – Está é Emily Young. Assistente Social enviada pela juíza Sarah. – explicou. – Senhoria Young está é Isabella Swan. –
- Sua namorada? –
- Certo. –
- E Valentina? – perguntou após ler o nome da menina na pasta em suas mãos, que deveria ser os dados do caso.
- Brincando lá fora. – respondeu. – Eu estava lá, mas vim fazer o café da manhã. –
- Claro... Leva-me até ela, senhorita Swan? –
- Claro. – Edward voltou para a cozinha. – Por aqui. – e eu acompanhei a assistente social até a casinha de brinquedos da Tina.
- Então, senhorita Swan, quanto tempo falta para o bebê nascer?
- Quatro semanas. – expliquei.
- Já sabe se será um menino ou uma menina? –
- Ainda não sabemos, resolvemos descobrir apenas na hora do parto. – contei e vi que ela anotava tudo em um bloquinho. – Tina, vem aqui amorzinho. – a chamei e ela desceu o escorrega.
- Oi mamãe. – desde que eu fora busca-la com Edward na creche e ela me chamou de mãe pela primeira vez, ela nunca mais parou.
- Oi meu amor. – a peguei no colo, eu sustentava todo o seu peso em meus braços, mas ela ainda estava levemente apoiada em minha barriga. – Papai está fazendo o café para o bebê e essa é a senhorita Emily Young, ela ficará hoje conosco e veio conhecer você. –
- Oi moça. – disse sorrindo e balançando a mãozinha para ela.
- Olá mocinha. Como vai? –
- Bem e você? –
- Vou bem. –
- Vamos tomar café, meu amor? – perguntei e ela assentiu e eu a coloquei no chão, se Edward me visse carregando Valentina no colo ele era bem capaz de me matar.
Nós entramos e tomamos café, sempre com Emily nos vigiando e fazendo anotações em seu bloquinho e eu queria saber o que ela tanto anotava, mas eu sabia que se perguntasse ela, não iria responder. Após o café, Tina foi para a sala assistir um pouco de desenhos e Emily ficou na cozinha conosco, nos fazendo algumas perguntas.
- E agora o que vocês costumam fazer? –
- Bom, a Tina entrou de férias essa semana e nós não temos planos. – Edward respondeu.
- E o que vocês faziam antes, nas outras férias? –
- Depende. Eu costumava sair por algumas semanas de férias com ela, ou se eu estivesse trabalhando ela ficaria com a minha mãe. –
- E dessa vez não quis viajar? –
- Tem como ir viajar com a Bella faltando menos de um mês para dar a luz. – explicou.
- E o seu trabalho, senhor Cullen? –
- Eu me demiti do escritório de Aro e estou abrindo um meu, que está em obras, portanto, estou apenas atendendo clientes antigos e aqui em casa. –
- E quanto a você, senhorita Swan? – perguntou quando eu mordi um muffin que Edward havia comprado ontem.
- Bella se demitiu do escritório de Aro há alguns meses. –
- Mas na ficha consta que ela é sua secretaria. – disse lendo o papel. E como Edward estava respondendo, eu resolvi que continuaria a comer.
- Bella está na metade da faculdade de direito e estagiava comigo, mas quando eu demiti minha antiga secretaria por justa causa eu coloquei a Bella no cargo, e como Tanya estava sempre nos incomodando, eu resolvi que ela iria sair e trabalhar em casa, para que não afetasse o bebê, mas nisso eu já tinha a tirado da empresa de Aro e ela trabalhava apenas com os meus casos antigos. E se me permiti acrescentar, há dois meses Tanya derrubou Isabella no chão, acho que isso deveria ser levado em conta já que querem tirar a minha filha e dar aquela mulher. –
- Então, quando vocês dois começaram a ter um caso e a senhorita Swan engravidou, ela não era sua secretaria? –
- Não. Ela era apenas minha estagiaria. – Edward ia falando e ela continuava anotando.
- Entendido. –
- E como tem sido a rotina de Valentina depois que a senhorita Swan veio morar com vocês? –
- Normal. – respondi. - Edward a deixava na creche pela manha e a pegava no inicio da tarde, ela assistia um pouco de desenhos, brincava lá fora ou no quarto e ia dormir cedo. E alguns dias da semana a avó ia busca-la na creche e ficava o dia todo com ela e às vezes dormia lá. –
- E quando foi que ela começou a te chamar de mãe? –
- Há uns dois, três meses. –
- Na frente dela. – Edward emendou.
- Não entendi. –
- Valentina sempre ficava chateada e triste por não ter uma mãe, que ela via as amiguinhas da creche com as mães e ela não. Quando eu apresentei a Bella a Tina, ela passou o primeiro mês chamando-a de tia, como ela faz com todo mundo, entretanto quando ela soube que ia ter um irmão, ela ficava perguntando se a Bella seria a mãe dela e eu falava que ia perguntar para ver se a Bella aceitava, mas já a chamava de mãe na minha frente e na frente dos meus pais e há uns três meses ela perguntou se a Bella seria a mãe dela, Bella aceitou e ela foi aos poucos até que agora só a chama de mãe. –
- Valentina já teve contato com Tanya? –
- Não que eu saiba. – Emily o encarou. – Antes de eu e a Bella deixarmos a empresa, ela tinha uma babá, a filha da minha vizinha. Quando Tanya apareceu ela foi até a casa da minha mãe, tentar ver a menina, minha mãe me ligou e eu fui até ela, eu não deixei que ela visse a minha filha, entretanto eu não sei se ela chegou a vir aqui quando eu não estava. –
- Não confia em sua antiga babá? –
- Eu confiava até descobrir as coisas que ela estava ensinando a minha filha. –
- Foi ela quem ensinou aquelas palavras e palavrões? –
- Exato. Assim que a Tina disse que ouviu a Bree, a babá, falando eu fui até a casa dela, conversei com ela e com a mãe e a mesma admitiu ter ensinado. Eu perguntei se Tanya veio aqui, mas ela negou que não e que nunca viu a Tanya, mas eu sinto que é mentira. –
- E por que não quis que Tanya visse a filha? –
- Porque não é nem um pouco justo ela sumir e depois de três anos voltar querendo ver à menina como se tivesse algum direito sobre ela. –
- Mas ela tem. -
- Se fosse com a senhorita? – perguntei. – Se o seu marido ou namorado largasse você quando estava grávida e anos depois ele resolvesse voltar querendo ver à criança, você deixaria? –
- Provavelmente não. – respondeu depois de um tempo.
- Então não sei por que a juíza está considerando a hipótese de dar a guarda de Valentina para Tanya. – comentei e ela se voltou para Edward.
- Senhor Cullen, ao longo do dia, além de ver a rotina da casa, eu gostaria de conversar a sós com o senhor, a sós com a senhorita Swan e se permitir a sós com a Valentina. –
- Claro. - me levantei da cadeira da cozinha.
- Eu vou para a sala ver um pouco de desenho com a Tina para que possam conversar. – deixei a cozinha, e com cuidado, sentei ao lado de Tina na sala, enquanto ela assistia a um filme infantil.
De vez em quando eu olhava, com o canto dos olhos para a mesa de jantar e via que os dois conversavam e ele parecia bem calmo, pelo visto ela não estava fazendo nenhum tipo de pergunta que pudesse irrita-lo ou ele estava guardando muito bem os sentimentos. Qualquer passo em falso e as chances dele perder a guarda aumentam cada vez mais.
Tina havia dormido durante o filme e eu a cobri com a manta que Edward sempre mantinha ali no sofá e fui para o quarto, eu precisa ir ao banheiro, não via a hora de parar de ir ao banheiro a cada minuto. Ajeitei o meu vestido, que era a única coisa nos últimos meses que eu usava e sai do quarto e antes mesmo que eu pudesse descer, mal abri a porta do quarto e dei de cara com Emily.
- Oi, estava te procurando e Edward disse que eu podia lhe encontrar aqui ou no quarto do bebê. –
- Eu só vim ao banheiro. – expliquei.
- Podemos conversar? –
- Claro, entra. – ela entrou e se sentou a poltrona e eu me sentei no pufe em frente à cama. – O que deseja? –
- Só fazer algumas perguntas. –
- Pois faça. –
- Como você vê a relação de Edward com a Tina? –
- Melhor impossível. Acredito que ele é o melhor pai que ela poderia ter. Eu queria ter tido um pai desses. –
- Como assim? –
- Meu pai abandonou minha mãe quando soube da gravidez, eu não o conheço, não sei quem ele é ou algo do tipo. E podemos dizer que eu só tive a experiência de ter um pai quando minha mãe começou a namorar o novo namorado, e ele se mudou lá para casa e agora eles vão ter dois bebês. – respondi. – Mas mesmo assim sei que Edward é o melhor pai que a Valentina poderia ter. –
- Alguma vez foi o viu colocando em segundo plano para fazer algo para os outros ou para você? –
- Não. Ele sempre coloca os interesses da filha em cima do dos outros e dos dele próprio. Confesso que depois da gravidez e conforme os meses iam passando e a data do parto vai se aproximando, ele está cada vez mais protetor, mas a filha continua em primeiro lugar. – respondi.
- Você ficou sabendo da suposta agressão de Edward sobre Tanya? –
- Para ser bem sincera com você, eu não acredito nisso. Tanya irrita todo mundo, claro que dá vontade de bater nela, mas Edward nunca faria isso. Ele não é esse tipo de homem, se a mãe dele soubesse dessa historia mataria o filho. – ou Tanya, para ser bem sincera, eu acho que ela mataria a Tanya, mas Emily não precisa saber disso. – Ele nunca faria mal a uma mosca. –
- Ele nunca foi agressivo ou algo do tipo com você? –
- Não. Nunca. Como eu disse, Edward não é esse tipo de homem. – garanti.
- Então por que acha que Tanya foi até a polícia fazer um boletim de ocorrência contra ele?
- Porque Tanya gosta de aparecer. – disse o obvio. – Ela irrita todo mundo e sinceramente eu não sei como alguém ainda não bateu nela. Mas não o Edward, ele nunca faria isso. –
- Como você se sente em ter que dividir a sua atenção agora entre um bebê e a Valentina? –
- Eu adoro aquela menina, eu a amo como se realmente fosse minha. Já ouviu aquele ditado de que diz: pai/mãe não é quem faz é que cria? –
- Já. –
- Eu estou aqui a menos de nove meses, mas mesmo assim eu já cuido dela, eu já gosto dela e sinceramente eu não consigo mais imaginar a minha vida sem ela... Melhor, sem os dois. –
- Muito bem, acho que é apenas isso, qualquer eu lhe procuro depois. Quando Valentina acordar eu vou conversar com ela. – disse se levantando da poltrona.
- Tudo bem. – e ela saiu do quarto. Logo em seguida eu sai do quarto e vi que Emily estava sentada na mesa da cozinha escrevendo alguma coisa em seu bloquinho, o que ela mais fazia era escrever, e escrever e escrever, queria muito sabia o que ela anda escrevendo ali.
- Também está querendo saber o que ela tanto escreve? – Edward perguntou parado atrás de mim e me assustando.
- Ela não para desde a hora que chegou aqui. Tudo que fazemos ou falamos ela escreve. Obvio que eu quero saber. –
- O que ela te perguntou? –
- Se eu achava que a sua relação com a Tina era boa, se você já havia deixado-a em segundo plano por algum motivo, se eu acreditava que você havia batido em Tanya e se em algum momento você foi agressivo comigo. –
- Eu suspeitava que ela fosse perguntar isso mesmo. – suspirou passando as mãos pela cabeça. – Eu só quero saber o que ela vai perguntar a Valentina. –
- O que ela dizer vai ter algum valor? –
- Não. Mas provavelmente a juíza vai pedir para irmos para leva-la a um psicólogo infantil, eu já vi fazendo isso com diversos casos de guarda, mas o que ela quase nunca é levada em conta, já que é uma criança e ainda não sabe muito que quer. Eu só espero que acabemos com isso logo e não se prolongue por anos. – ele passou o braço por sobre os meus ombros e me deu um beijo na lateral da cabeça. – Está sentindo alguma coisa? –
- Não. Está tudo bem, não se preocupe. –
- Certeza? –
- Edward... – o encarei. – Para. Eu já disse que se sentir alguma coisa eu te falo. Ainda não está na hora. –
- Tudo bem. –
Valentina acordou por volta da hora do almoço e enquanto Edward terminava de fazer o almoço, Emily conversava com ela, nós não ouvimos o que elas falavam, porém podíamos vê-las. Emily conversava e anotava tudo enquanto Valentina desenhava em algumas folhas de papel e eu tinha que ficar na cozinha com Edward, não podia me aproximar.
(...)
Emily só foi embora depois que Valentina foi para a cama e depois de dizer que a juíza iria entrar em contato para saber sobre o que aconteceria em seguida e em uma semana depois Edward teve mais uma reunião com a juíza, Tanya e Aro. A impressão de Emily era favorável a Edward, mas a juíza ainda não estava convencida sobre a possível agressão de Edward sobre Tanya e queria ver como seria para Valentina depois que o bebê nascer, portanto, adiou, mais uma vez, a decisão final, mas que, segundo ela, depois dessa não passava. Pelo menos a guarda permanecia com Edward até a sua decisão final.
Mamãe e Phil já haviam escolhido os nomes dos gêmeos que nasceriam daqui a dois meses, seriam Robert e Noah, e o quarto já está impecavelmente arrumado e ela reclamava que a sua barriga estava maior do que se sabe lá Deus o que, mas não se podia negar de que ela estava feliz.
Toda semana eu e Edward íamos a uma consulta com Sue para ver como o bebê estava e a dilatação. Faltava uma semana para o bebê nascer e Edward ia ficando cada vez mais chato, eu não podia falar nada que ele entrava desespero e quase me arrastava para o hospital. Mesmo ele sabendo que ainda faltava uma semana para o bebê nascer e que eu só tinha um centímetro de dilatação, e pelo menos o bebê já estava praticamente todo encaixado, a minha barriga antes durinha e redondinha e bem bonitinha, havia caído um pouco e ficado meio estranha e seguindo Sue, isso era completamente normal, queria dizer que o bebê estava quase pronto para nascer, o que era uma boa noticia.
Edward teve que ir ao tribunal para o caso de um de seus antigos clientes que ele ainda cuidava, e Valentina estava na casa da avó, na piscina com os primos e eu fui ficar um pouco com na casa da minha mãe, parecia que eu não pisava aqui há tempos, e realmente eu não pisava.
- Você, pretende ou não voltar à faculdade? – Phil perguntou sentando-se ao meu lado no sofá, enquanto minha mãe dormia um pouco no quarto, ela reclamava muito de dores nos pés e na coluna.
- Depois que o bebê estiver um pouco maior sim. Edward disse que me ajudaria se eu precisasse. –
- E vai continuar na faculdade de direito? –
- Sim. –
- Bella, todo mundo sabe que você não gosta de direito. –
- Eu vou gostar com o tempo. – respondi e senti uma dor forte no estomago, uma de minhas mãos foram para a minha barriga e a outra apertou o braço do sofá. – Ai meu Deus. –
- O que foi? –
- Eu acho que tive uma contração. – respondi.
- Tipo uma contração do bebê? –
- Acho que sim. – ele passou a mão pelo rosto nervoso. – Eu não sei, nunca tive uma antes. – respirei fundo. – Meu estômago está todo embrulhado e eu sinto uma pressão. –
- Certo... E agora? O que nós... Fazemos? – perguntou nervoso, e se estivesse tudo bem eu iria começar a rir só por imaginar quando minha mãe entrasse em trabalho de parto.
- Nós cronometramos, minha obstetra falou. – ele segurou minha mão como se fosse para me acalmar. - Não vou para o hospital antes que esteja há quatro minutos. – um grito escapou no final de minutos e eu apertei a mão dele com força.
- Certo... Vou marcar... Estou marcando. – disse encarando o relógio enquanto eu apertava a sua mão. – Tudo bem? –
- Não. Lá vem outra. – apertei a mão dele de novo.
- Calma, respire fundo, eu acho. – respirei fundo. – Respira... Inspira. – respirei fundo e inspirei. – Ótimo. –
- Tudo bem... Está tudo bem... – disse respirando fundo.
- Bella. – ele me chamou e eu o encarei. – Esses intervalos foram menos que um minuto. Eu acho que é melhor irmos para o hospital... Tipo... Agora. –
Phil teve que acordar a mamãe que ficou mais nervosa do que eu. Os dois estavam cada vez mais nervosos do que eu, e olha que era quem estava em possível trabalho de parto. Enquanto ele dirigia desesperado para o hospital, minha mãe ia ligando para Edward, que chegou lá um pouco depois de nós, quase que desesperado, mas já estava tudo tranquilo e eu não sentia mais nada.
- É chamado de contrações de Braxton Hicks. – o obstetra de plantão disse. Eu havia trocado de roupa e Edward estava do meu lado. – Ou falso trabalho de parto. –
- Então, eu não entrei em trabalho de parto? –
- Não, foi alarme falso. – ele garantiu e eu passei a mão pelo rosto. – Foi apenas o seu corpo se preparando para o parto. – explicou e eu olhei par ao Edward.
- Desculpe ter te tirado do tribunal. –
- Está tudo bem, já tinha acabado e fizemos um ensaio... Cheguei aqui em dez minutos. – o encarei.
- Recebeu quantas multas de transito? –
- Umas vinte. – respondeu e eu não consegui evitar o riso.
- Agora você já sabe a diferença... É bem difícil falar durante as contrações. E quando for Braxton Hicks se colocar seus pés para cima e beber um copo d’água, a dor vai diminuir. Contrações de verdade não. –
- Entendi. Obrigada. Espero que não aconteça de novo. – o médico assentiu com a cabeça e saiu da sala.
- Você quase fez a sua mãe enfartar e entrar em um possível trabalho de parto, três meses antes. –
- Eu não. Phil que entrou em desespero. E olha que ele é professor de biologia. – ele começou a rir e me ajudou a descer da mesa. – Acalma os dois para mim, enquanto eu me troco. –
- Precisa de ajuda? –
- Não, vai lá. – ele assentiu e saiu da sala e eu me troquei e eu fui me trocar.
Duas semanas se passaram e o tempo previsto para o bebê nascer também e Edward ficava cada vez mais nervoso e angustiado. Eu tive mais algumas contrações de Braxton Hicks, que foram confirmadas quando eu bebi um pouco d’água e coloquei os pés para cima. Faltavam alguns dias para o aniversario de Edward e Esme estava planejando fazer alguma coisa para comemorar o aniversario dele, porém Edward não queria por medo que o bebê nascesse no meio da festa.
Faltavam dois dias para o aniversário de Edward e Esme havia decido que pelo menos um jantar ela faria. Quando mais algumas contrações de Braxton Hicks começaram, mas dessa vez elas não passaram quando eu coloquei as pernas para cima e bebi água e estava vindo mais forte, Edward estava comigo em casa dessa vez e estava cronometrando o tempo e estava a oito minutos e se diminuísse ele iria me levar para o hospital, eram por volta de sete da noite e graças a Deus Esme levou Valentina para ficar na casa dela.
O tempo entre as contrações foram diminuindo e quando chegou há seis minutos ele resolveu que era hora de me levar para o hospital e eu quase quebrei a fechadura da porta de seu carro quando uma contração veio bem forte. A dor na base da coluna era completamente dolorosa, ao chegarmos ao hospital, fui levada imediatamente para o quarto, que Edward havia insistido que seria em um quarto particular. Eu estava nua, usando apenas a camisola do hospital e já estava ligada a alguns aparelhos, que mediam os batimentos cardíacos dos bebês e ainda não tinha a dilatação necessária para o bebê nascer.
- Senhorita Swan. – a enfermeira entrou na sala.
- Que? – perguntei sentindo outra contração e apertando a mão de Edward firme.
- Agora é um bom momento para aplicar a anestesia... Quer a anestesia? –
- Eu ainda não decidi se quero pelo menos tentar dar a luz naturalmente e... –
- AI MEU DEUS... TIRA ISSO DE DENTRO DE MIM. – eu ouvi o grito histérico de uma mulher que também estava dando a luz e eu encarei a enfermeira.
- Eu quero a anestesia. – pedi.
- Senhorita Swan eu preciso que sente para que eu possa lhe ligar ao soro e tirar seu sangue e ver seu nível de plaqueta. Será bem rápido. – garantiu e Edward me ajudou a sentar na cama enquanto a enfermeira tirava o meu sangue.
- Respira... Inspira... Lembra-se daquelas dicas que minha mãe e a sua mãe lhe deram e... –
- Cala a boca. – gritei sentindo outra depois que a enfermeira terminou de tirar o meu sangue. Eu segurava o soro enquanto andava um pouco pelo quarto para ver se melhorava as dores enquanto esperava que a enfermeira voltasse com a maldita anestesia. – Cadê ela? – perguntei sentindo meus olhos lacrimejarem um pouco.
- Calma, respira... –
- Cala a boca. – gritei com ele de novo. – Finalmente... – a enfermeira entrou no quarto. – Pelo amor de Deus, me fala que vai aplicar a anestesia agora. –
- Eu sinto muito, mas não. –
- Por quê? – Edward perguntou.
- Os níveis de suas plaquetas estão baixos, é muito arriscado, você pode sangrar muito. –
- Eu vou ter que dar a luz sem anestesia? –
- Sim. –
E a minha bolsa ainda não havia estourado e eu teria que ficar se sabe lá mais quanto tempo sentindo essa dor horrível. Edward havia avisado a minha mãe e a Phil, mas havia pedido para eles ficarem em casa até que a hora do bebê nascer e também avisou a mãe. As horas foram se passando e minha dilatação congelou em 6 centímetros e as contrações vinham a cada dois minutos e tudo foi tentando para estimular. Andar um pouco pelo quarto e até o corredor, banho quente, bola de ioga e nada, eu fiquei nisso por mais quatro horas desde as primeiras dores.
- Eu nunca mais vou ter um filho na minha vida. – gritei durante uma contração.
- Hey... Respira... Inspira... – Edward disse tentando me acalmar e eu o segurei firme pela gola da camisa.
- Se você não calar a boca eu vou matar você. – gritei com ele apertando firme o ferro onde o meu soro e o aparelho que media os batimentos do bebê estavam presos.
- Pode gritar, ajuda... –
- Me distraia. – pedi me mexendo um pouco sobre a bola de ioga.
- O processo da guarda da Valentina está praticamente ganho. – disse andando de um lado para o outro. – Aliás, já viu a The Walking Dead? Nós poderíamos ver juntos. –
- Eu odiei. –
- Tá tudo bem... Eu não sei o que falar para te distrair. –
- Pega na minha bolsa o livro. – disse ao vir outra contração.
- Que livro? –
- O que está na minha bolsa, o que eu sempre carrego comigo. – ele caminhou até a minha bolsa, que estava em cima do sofá do quarto e pegou.
- Você está lendo O Morro dos Ventos Uivantes? –
- Lê para mim. Eu estou no final do capitulo 25, lá pra página 325. – pedi.
- Tá, tudo bem... Acalme-se. – pediu, abrindo o livro e o folheando. – “— Essas coisas aconteceram no inverno passado — disse a Sra. Dean —, pouco mais do que há um ano atrás. No inverno passado, eu não poderia imaginar que, doze meses depois, eu distrairia uma pessoa estranha à família contando-lhe esses fatos! Mas quem sabe até quando o senhor vai ser estranho à família? É demasiado jovem para continuar a viver satisfeito sozinho; e eu acho que ninguém pode conhecer Catherine Linton sem amá-la. O senhor sorri, mas. . . por que mostra sempre tanto interesse quando eu falo dela? E por que me pediu para pendurar o retrato dela sobre a sua lareira? E por que. . .
 — Chega, minha amiga! — exclamei. — É possível que eu venha a amá-la. Mas ela me amaria? A dúvida é demasiado grande para que eu arrisque a minha tranquilidade, caindo em tentação: além disso, eu não sou daqui. Pertenço ao mundo apressado, ocupado, e a ele tenho de voltar. Mas continue. Catherine obedeceu às ordens do pai?”. -  ele lia para mim aumentando a voz sempre que eu gritava.
Ele foi lendo para mim enquanto eu andava pelo quarto, tomava outro banho quente, sentava na bola de ioga, até que a dor se tornou tão insuportável que eu não conseguia mais ficar em pé e eu tive que deitar na cama e aguentar a dor deitada. Eu fiquei ali a noite inteira, acordada e sentindo dor e ele lendo o livro para mim.
Por volta de duas da manhã, as dores continuavam insuportáveis e Edward havia acabado de ler o livro, dizendo que depois iria ler o livro inteiro. Ele caçou em PDF na internet Orgulho e Preconceito de Jane Austin e ia lendo para mim para ver se assim eu relaxava. Eu queria manda-lo descansar e ir dormir, mas eu sabia melhor do que ninguém que ele não conseguiria dormir com os meus gritos e com os gritos das outras mulheres que estavam, ou em trabalho de parto, ou dando a luz.
Vinte e quatro horas depois da primeira contração e eu já não aguentando mais, a enfermeira voltou e disse que eu estava com dez centímetros de dilatação e agora era só esperar a minha bolsa romper. E graças ao bom Deus ela rompeu quase uma hora depois e a obstetra veio para finalmente tira-lo de dentro de mim.
- Muito bem Bella, está na hora de você começar a empurrar. – ela disse se sentando a minha frente, com luvas, óculos. Eu já estava há horas deitada na cama e já estava com as pernas abertas, Edward já havia avisado a minha mãe e a sua mãe e elas provavelmente já vinham para cá, a obstetra estava apenas com uma enfermeira e Edward estava ao meu lado. – Vamos Bella, está na hora. – ele segurou a minha mão firme e eu respirei fundo. – Vamos... No três. Um... Dois... Três... – e eu empurrei.
Eu não sei de onde eu tirava tanta força para empurrar, obviamente eu não esperava que no primeiro empurrão o bebê já fosse sair, mas eu esperava que não demorasse tanto assim. Tudo que eu achava que um parto demorava bem menos tempo, eu me enganei uma vez e poderia muito bem me enganar de novo. Edward não hesitou em sair do meu lado, ficou ali todo o tempo, segurando a minha mão, acariciando o meu cabelo e dizendo como eu estava indo bem e que já estava acabando.
- Força, Bella... Só mais um pouco. – a médica dizia enquanto eu empurrava.
- Querida, você está indo muito bem. – Edward disse segurando a minha mão e dando um beijo na minha cabeça.
Uma hora depois e nada ainda e eu não tinha mais forças, eu não tinha mais lugar nenhum para tirar minhas forças e nem mesmo todo o apoio e força que Edward me passava estava adiantando, eu estava mais suada do que sabe lá Deus o que.
- Bella, vamos... Empurra, só mais um pouco. –
- Eu não consigo. – disse deitando a cabeça no travesseiro e sentindo algumas lágrimas escorrendo de meus olhos. – Eu não aguento mais. Eu estou cansada. Muito cansada. –
- Deus do que céu por que essa demora? – minha mãe invadiu o meu quarto.
- Mãe. – estendi a mão para ela que prontamente pegou, se eu já estava sofrendo assim, imagina quando ela for dar a luz aos seus dois. – Eu não aguento mais. Eu não consigo. – reclamei chorando.

- Eu sei... Por que você acha que você nasceu de cesárea e os meninos também vão nascer de cesárea? – a encarei.
- A senhora disse que eu nasci de parto normal. –
- Eu não queria lhe desanimar. – eu não aguentei e acabei soltando uma risada de frustração. – Agora, engula essa dor toda e empurre... Empurre ou eu vou arrancar essa criança daí eu mesma. – ela praticamente rosnou para mim.


- Tá... Tá... – Edward que estava em silencio desde que a minha mãe entrou no quarto, passou a mão livre pela minha testa tirando os cabelos que estavam ali grudados.
- Pronta? – ele perguntou e eu assenti.
- Vamos lá, Bella... Um... Dois... Três... Empurra. – eu apertei as mãos dos dois e busquei força bem do fundo e empurrei com toda a força que eu consegui e sentir a cabeça do bebê saindo e rasgando  tudo lá embaixo e a dor pareceu pior ainda do que antes. – Vamos Bella... Só mais um pouquinho de força... – ela pediu e eu respirei fundo novamente e empurrei ouvindo o chorinho fino tomando conta do quarto e a dor sumiu imediatamente.

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- Acabou? –
- Acabou meu amor... – minha mãe disse me abraçando pelo pescoço... – Acabou. –
- Droga. – Edward resmungou baixo.
- O que foi? – perguntei deitando a cabeça no travesseiro e eu o encarei e ele sorriu.
- Você tinha razão. Você ganhou a aposta. – disse sorrindo.
- É uma menina. – a médica disse levantando a menina ainda coberta por vérnix, aquela pastinha branca e com os olhinhos fechados.
- Sophia. – disse sorrindo.
- É a nossa Sophia. – ele disse me dando um beijo na cabeça e me abraçando.

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