quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Capítulo 02


Salém, Massachusetts.
28 de Outubro de 2018.

Pov. Bella.

O dia seguinte chegou com a mesma gostosa rotina da manhã. Com uma diferença, eu estava animada, assustada e determinada a por um fim na maldição que recai sobre as Swan há quase 400 anos. Eu só não sabia por onde começar, mas sabia que começaria por algum lugar. E como no dia anterior, eu levantei, caminhei até a cortina, abrindo a mesma e a janela logo em seguida e sendo recebida pela brisa fresca e pelo cheirinho de terra molhada. Havia chovido um pouco na noite anterior, hoje, olhando para as nuvens, via-se que também iria chover, mas chuva passageira e fraca, não era nenhuma tempestade.

Fiz a cama e segui para o banheiro, seguindo mais uma vez a mesma rotina do dia anterior. Entrei no banheiro e prendi meu cabelo em um coque bem frouxo no topo da cabeça e após me livrar de meu pijama, tomei um banho, e ao terminar o banho e me enrolar na toalha, eu caminhei até meu armário para me vestir. Pesquei uma calça jeans preta no armário e a vesti, após colocar a lingerie, e uma camiseta branca. Eu terminaria de me vestir depois do café. Deixei o quarto indo para a cozinha, Alice já estava comendo suas torradas com geleia de amora e minhas panquecas já estavam na mesa e minha mãe tinha acabado de sentar assim que eu entrei na cozinha.



- Bom dia mãe. – disse e lhe dei um beijo na bochecha. – Bom dia baixinha. – e dei outro beijo em Alice e me sentei.

- Bom dia. – minha mãe disse sem desviar os olhos de seu celular.

- Bom dia Bella. – Alice disse com a boca cheia de torrada, e com geleia de amora em seu nariz. Eu balancei a cabeça rindo enquanto puxava um guardanapo e limpava seu nariz e boca.

- Você se importa em trazer Alice sozinha? – minha mãe perguntou desviando os olhos de seu celular.

- Aconteceu algo? – perguntei.

- Não. Apenas uma reunião de última hora na escola. Acabaram de avisar. –

- Posso sim. –

- Ótimo. Então terminem de comer antes que nos atrasemos. –

Eu me pus a comer e não demorou muito e Alice terminou de comer suas torradas e beber seu suco. Eu terminei meu café logo em seguida, após colocar as louças na lava louças, eu subi para o meu quarto. Escovei os dentes e soltei meus cabelos, e corri até o armário, peguei uma camisa de flanela vermelha com listras grossas na vertical e horizontal, formando pequenos quadrados, e calcei um par de botas marrons clara, de cano e salto curto. Ajeitei minha mochila, não me esquecendo, obviamente, do guarda chuva e depois de pronta desci.

Quando nós saímos de casa a garoa já começava a cair. Entramos no carro e seguimos para a escola. Devido à garoa, nós descemos do carro e entramos direto na escola. Minha mãe seguiu com Alice para a sua sala e eu para a minha. A primeira aula do dia era Química e quando cheguei na sala, Edward já estava lá, na sua cadeira de sempre, ao lado da minha e com uma carinha levemente chateada.

- Bom dia. – e como o professor ainda não estava na sala, eu dei um beijo rápido em sua bochecha e ele sorriu torto, um sorriso que eu adorava.

- Bom dia menina. –

- O que foi? – perguntei colocando minha mochila em cima da mesa e me sentando.

- Dor de cabeça. – disse simplesmente e o professor entrou na sala. O professor de biologia era o carrasco em pessoa, ninguém poderia conversar ou abrir a boca que já corria o risco de ir para a detenção. Tanto que foi quase que impossível conversarmos na sala de aula.

Nosso almoço foi antecipado por uma hora, já que o professor de trigonometria estava doente e não veio hoje e nós ficamos na arquibancada do campo de futebol do lado de fora da escola. Aproveitando que não estava chovendo, eu me sentei na mesma e ele deitou em meu colo e eu fiquei mexendo em seus cabelos, vendo seus olhos fechados.

Edward reclamava o dia inteiro da dor de cabeça que remédio nenhum melhorava, e olha que os pais de Edward eram médicos, então eles sabiam, melhor do que ninguém. Enquanto ele estava deitado em meu colo, eu fiquei fazendo carinho em seus cabelos, tentando aliviar sua dor de cabeça, eu sabia que havia dado uma melhorada, ele me contara, mas sabia que não iria demorar muito e ela apareceria de novo.

Na hora do almoço, deixamos a arquibancada e seguimos para o refeitório, principalmente porque a chuva havia voltado. Nós pegamos nosso almoço e nos sentamos em uma mesa vazia, sem ninguém, sem nenhum amigo de Edward e logo em seguida seguimos para a sala de aula. E mais uma vez teríamos aula de história com a minha mãe. Nós nos sentamos em nossa habitual mesa e ele deitou a cabeça em cima de sua mochila e eu continuei a mexer em seus cabelos tentando aliviar a sua enxaqueca.

- Bom dia alunos. – minha mãe disse entrando na sala, poucos segundos antes de o sinal tocar. – Como eu disse ontem, nós iremos falar durante toda a semana sobre o Halloween, Hoje, eu quero uma redação de quinze a trinta linhas sobre o tema. Irei recolher faltando quinze minutos antes de a aula acabar, e hoje irei passar um trabalho em dupla. – ela explicava andando pela sala. – A redação pode ser feito em dupla, já com a dupla de seu trabalho. – e o farfalhar de cadernos e folhas, o abrir e fechar de zíperes começou. – O que houve? – minha mãe perguntou baixo quando Edward não se mexeu, e eu continuava com o cafuné com uma mão e a outra eu pegava meu caderno.

- Enxaqueca. – respondi baixo, até porque eu não sabia se Edward havia dormido.

- Deixa-o descansar. – assenti. Eu fiz a redação sozinha, e obviamente, coloquei o nome de Edward, e fui a primeira a entregar a redação e aproximei minha cadeira de Edward.

- E ai preguiçoso. – disse o chamando. Ele não havia dormido, volta e meia ele abria os olhos durante a aula.

- Desculpe ter te feito fazer a redação sozinha. – respondeu baixo e me encarando.

- Não se preocupe. – e dei um beijo rápido em sua bochecha e continuei a mexer em seus cabelos.

- Seu cafuné é gostoso. – comentou baixo e eu balancei a cabeça sorrindo.

Ele continuou deitado e recebendo o cafuné enquanto esperávamos os outros alunos trabalharem. Mesmo eles trabalhando em grupo eles demoravam muito para escrever, no mínimo quinze linhas. Eu escrevi trinta em vinte minutos. Minha mãe só conseguiu recolher todas as redações faltando cinco minutos para acabar.

- Muito bem. Pessoal... Deixe-me passar o trabalho. – minha mãe atraiu a atenção de todos. – Amanhã eu irei explicar sobre os julgamentos de Salém. E bom, como mais de metade da turma tem antepassados que moram aqui a gerações. Eu gostaria que vocês, revirassem seus sótãos e porões em busca de algum item de seus antepassados que moraram aqui antes, durante ou depois dos julgamentos. Quem não tem antepassado de Salém, tragam a coisa mais antiga que vocês acharem de sua família. –

- Como o que, por exemplo? – Tanya perguntou.

- Retratos, livros, diários, joias. Qualquer coisa. – minha mãe deu de ombros. – Isso eu quero que cada pessoa da dupla tragam, vocês vão explicar o que é, amostrar a turma, e contar a história do objeto... Agora, a dupla em si, eu quero que entreguem um trabalho de até três laudas sobre a origem pagã e cristã do Halloween e sobre os julgamentos de Salém. Todavia... Atenção... Não quero pesquisa de internet... Eu quero que vocês pesquisem o máximo que puderem entrevistando os moradores. Eles são as almas da nossa sociedade. Eles não estavam lá. O que é bem óbvio, já tem quase 400 anos dos julgamentos, ninguém daquela época está viva ainda... Mas como dizem, as histórias passam de geração para geração, como toda a certeza as pessoas sabem de histórias dessa época. Caso isso não dê as três laudas que eu pedi, vocês podem ir até a biblioteca da cidade, e procurar nos jornais antigos através dos microfilmes. Alguma pergunta? –

- Para quando? –

- Obviamente. Dia 31. – respondeu simplesmente. – Mas vejam bem... Essa redação e o trabalho valem metade da nota da média. Ou seja, ou entregam nota vermelha. – disse calmamente e o sinal tocou. – Podem ir... – e todo mundo recolheu suas coisas e foram embora. Eu levantei da cadeira e segui até ela.

- Isso significa que eu vou poder mexer nas coisas da vovó? – perguntei baixo enquanto Edward levantava da cadeira.

- Em algumas coisas... Vejo você em casa... – e ela me deu um beijo na testa.

- Até a noite mamãe. – nós saímos da sala e Edward pegou minha mão.

- Sua mãe não vai? – perguntou quando eu o guiei para a sala de Alice.

- Reunião dos professores. Vou com andando com Alice. – respondi e bati na porta e a professora a abriu. – Boa tarde a... –

- A sua mãe avisou. – a senhora Adams, a professora de Alice e mãe de Tanya, me interrompeu. Ela me odiava pelo simples motivo de Edward gostar de mim e não de sua filha, incrível. Tanya conseguiu fazer a sua mãe, que mal me via, me odiar. Ela era assim... – Alice. – e Alice veio correndo com a mochila lilás nas costas.

- Eddie... – e ela estendeu os braços e ele a pegou no colo.

- E ai baixinha? – a senhora Adams fechou a porta em nossa cara e entrou e nós saímos da escola.

Edward estava sem carro hoje, parece que não funcionou e seus pais lhe deram uma carona quando foram para o hospital e agora ele iria a pé, e como a casa dele é um pouco depois da minha, ele resolveu nos acompanhar. Eu coloquei a capa de chuva em Alice, que ia andando a nossa frente, pulando nas poças de água e eu ia andando com Edward, poucos passos, atrás dela, com ele segurando meu guarda chuva e com um braço em meus ombros.

Nós fomos andando e conversando muito pouco, a enxaqueca estava forte e eu queria ajuda-lo. Em vinte minutos andando, nós chegamos a minha casa e paramos em frente a ela. A casa enorme se estendia com seus quatro andares, dois funcionais, onde ficava a sala, cozinha e os quartos, e embaixo o porão e em cima o sótão. Ela era toda branca, com diversas janelas, deixando a casa bem iluminada e arejada, quando estavam abertas. O jardim bem cuidado e uma pequena cerca branca limitava a casa. Eu entreguei a chave a Alice, que entrou em casa correndo após se despedir de Edward, lhe dando um beijo na bochecha e nós ficamos parados na pequena escada que levava para a varanda e para a porta da entrada.


Edward passou a mão pela cabeça, provavelmente devido à dor e a frase de minha mãe soou em minha cabeça. Filha. Nós recebemos um dom. E nós temos que usa-lo, por que não compartilharmos nosso dom ajudando as pessoas que querem as coisas com o coração? E eu encarei Edward enquanto a frase de minha mãe rodava em minha cabeça. Seria muita hipocrisia se ela brigasse comigo depois de ela ter feito a vizinha engravidar.

- Edward. – eu o chamei baixo e ele me encarou. – Você... Você confia em mim? – questionei.

- Claro Bella. A minha vida. –

- Então vem. – estendi a mão para ele e ele me encarou confuso.

- Tem... Tem certeza? Sua mãe não está em casa... –

- Tenho venha... – e ele continuou com o olhar de confusão. – Não se preocupe, não vou lhe comer... – brinquei e ele riu e por fim pegou minha mão. Eu o guiei para dentro de casa, assim que nós passamos pela porta, eu a tranquei e subimos as escadas. Deixei Edward no corredor e caminhei até o quarto de Alice e a encontrei sentada em sua cama fazendo seu dever. – Allie, quer comer alguma coisa? –

- Não Bella... –

- Pois bem... Eu vou estar no meu quarto com Edward. Vou fazer uma coisa para a dor de cabeça que ele está sentindo melhorar. Quando eu acabar, vou vir ver você, e como sabe, só atrapalha se for muito importante... –

- Tudo bem Bella. – e eu dei um beijo em sua bochecha. Sai de seu quarto e encontrei Edward onde eu havia deixado-o.

- Vem... – eu abri a porta de meu quarto e ele entrou.

- Seu quarto é fofo e tem a sua cara... – comentou vendo o quarto claro, de paredes e teto brancos, piso de madeira clara. A cama box de casal com a cabeceira branca no centro do quarto, com travesseiros brancos e algumas almofadas rosa clara, o grosso edredom eram branco e uma colcha feita a mão era rosa clara. Um tapete felpudo no chão, uma mesinha de vidro entre a porta do banheiro e do closet, com um jarro de vidro com crisântemos rosa. – Isso aqui é estranho, e é algo que eu não esperava de você. – Edward comentou vendo minha mesinha de cristais em frente a cama.


- Eu sou uma garota de gosta de cristais. – dei de ombros e coloquei minha mochila em cima do pufe.

- Tantos assim? – perguntou chocado e eu me aproximei da mesa. Era uma bancada branca com diversos tipos de cristais, de crus a lapidados espalhados pela mesa e alguns em uma peça de madeira em força de triangulo. – E uma vela com um pentagrama... E o que é mais estranho é que foi usada. – comentou vendo o pavio escurecido.


- Ao contrário do que todos pensam, o pentagrama é um símbolo de proteção. Ele seria ligado a satanás se ele estivesse invertido, com um dos vértices apontados para baixo. – expliquei.

- E o livro de feitiços da lua? – perguntou pegando o livro e antes que pudesse arranca-lo de sua mão, ele abriu e o folheou. – E você escreveu nele. Fez anotações... – e eu arranquei-o de sua mão. – Até parece que você pratica o wiccanismo. – comentou sorrindo.

- Você não veio aqui para isso. – respondi talvez um pouco grossa. – Tudo bem... – comentei comigo mesma colocando o livro no lugar e prendendo meu cabelo em um coque alto. – Tira o tênis e deita na cama. – mandei tirando minha camisa de flanela e ficando descalça.

- Como assim deitar na sua cama? O que você vai fazer? –

- Você disse que confia a sua vida em mim... –

- E confio, quando você diz o que vai fazer... – e eu me aproximei dele colocando as mãos em seus ombros e ficando um pouco na ponta dos pés e eu uni meus lábios aos dele.

- Relaxa. Confia em mim e faz o que eu mandei. – e dando outro beijo em seus lábios me afastei até a bancada com os cristais.

- Tudo bem... – respirou fundo. – Tirar os tênis e deitar na cama? –

- Isso. –

- Vestido? – e eu o encarei.

- É Edward. Vestido. – e ele assentiu. – Abre apenas a camisa. – e ele me encarou levemente assustado. – Não vou abusar de você. – e eu continuava a encarar minha bancada de cristais. – Como você explicaria a sua dor de cabeça? Estresse ou tensão... –

- Acredito que um pouco dos dois. – e eu peguei meus lápis-lazúlis e me virei. Edward já estava deitado na cama sem camisa.

- Vai fazer o que? Deitar aqui comigo? –

- Depois. – eu tirei deixei-o com apenas um travesseiro. – Eu vou colocar uma coisa em volta da sua cabeça e não é para você se mexer mais. Ouviu? – e ele abriu a boca. – E eu não vou falar o que estou fazendo. Vai ter que confiar em mim. –

- Tudo bem. – eu posicionei os cristais em volta de sua cabeça. Após ajeita-los, caminhei até a janela, fechando a mesma e fechando as cortinas. Eu fechei todas as frestas do quarto, para deixa-lo o mais escuro possível e ascendi minha vela, que Edward havia comentado agora a pouco. – Eu vou pegar uma coisa ali em baixo e já volto. –

- Tudo bem. – disse sem se mexer e eu desci as escadas.

Corri até o quintal dos fundos, até um canteiro com lavandas e cortei alguns ramos e logo em seguida para o canteiro com hortelãs, pegando algumas folhas de hortelã-pimenta, e corri para a cozinha. Eu uma tigela de vidro funda, fiz uma compressa fria com a hortelã-pimenta e a lavanda e pegando um pano limpo subi as escadas, colocando a tigela na mesinha ao lado da cama. Ele não havia se mexido, mas tentava ver, o máximo que podia, do que eu fazia. Pegando o pano dentro da água, torci o máximo e coloquei em sua testa.

- Agora você vai ficar ai quietinho, sem se mexer e tente não pensar em nada ruim. –

- Eu sei que você não quer me contar o que está fazendo... Mas pode me dizer o motivo? –

- Acabar com a sua dor de cabeça. – respondi. – Agora quietinho. – e eu lhe dei um beijo rápido levantando da cama.

Edward ficou tão quieto que eu achei que ele tivesse dormindo, principalmente depois que ele fechou os olhos. Ele só abria os olhos quando eu ia trocar as compressas, quando ela chegava a temperatura de seu corpo. Eu troquei a compressa cerca de cinco vezes e na última eu tirei os cristais, colocando-as dentro da água de hortelã-pimenta com lavanda, para lava-las e coloca-las ao sol depois. E Edward abriu os olhos novamente.

- Como se sente? – perguntei ao voltar para perto da cama com uma ametista lapidada em mãos.

- Ela está mais fraca, mas ainda incomoda... –

- Ela vai sumir. – respondi sentando em seu colo, com uma perna de cada lado do seu quadril.

- Ahn... Bella, o que está fazendo? – e eu segurei seu queixo fazendo-o me encarar.

- Quietinho. Olhos fechados. Sem falar nada. –

- Tudo bem. Se você me der um beijo... – e eu sorri e uni nossos lábios em um beijo rápido.

- Segure-a com a sua mão esquerda. – e ele segurou. – Eu não vou lhe machucar. – garanti.

- Eu confio em você. – disse simplesmente e eu sorri e por impulso lhe dei outro beijo.

- Agora quietinho e fecha os olhos. – eu peguei uma mistura de óleo carreador de girassol, com uma pitadinha de pó do banimento e três gotas de manjerona e melei minhas mãos e coloquei as mãos em sua nuca melando-a um pouco e puxando para seu pescoço.

Eu fazia uma massagem vinda de sua nuca até a altura das vértebras dorsais T5 e T8 e subia de novo para a sua nuca, pressionando nos pontos certos. Eu refazia o trajeto até todo o olho se impregnar em seu corpo e minha mão estar quase sem nenhum resquício dele. Melei mais um pouco minha mão, principalmente meus dedos e pressionei os dedos em sua nuca e subi até as suas têmporas e enquanto pressionava levemente os dedos em suas têmporas e fazia movimentos circulares com os polegares em sua testa. 

E eu podia sentir a magia começando a surgir. Uma luz azulada saia do chão e ia subindo conforme subia lentamente pela minha cama até a cabeça de Edward. Fechei os olhos enquanto sentia a magia fluir e recitei em voz baixa para que ele não ouvisse, mas alta o suficiente para fazer efeito.

- Luz da cura, luz da vida, cure este corpo, até a ferida. – eu recitei e conforme sentia a luz azulada alcançando a cabeça de Edward  eu intensificava os movimentos circulares em sua testa, que era para onde a luz deveria migrar e repetia a frase. - Luz da cura, luz da vida, cure este corpo, até a ferida. – eu repeti e abri os olhos vendo sua cabeça cheia de luz e ouvi um suspiro de alivio vindo de Edward e eu sorri amplamente e terminei o feitiço. – Que assim seja e que assim se faça. – e a luz se infiltrou em sua cabeça, sumindo e Edward abriu os olhos, mesmo sem eu ter mandando. – Como se sente? – perguntei.

- Como você fez isso? – perguntou.

- Não importa. – dei de ombros. – Apenas que você está melhor. – respondi.

- Você é simplesmente incrível. Parece até uma bruxa. – e eu engoli em seco. – Isso se houver bruxas lindas assim iguais a você. – e eu sorri de lado.

- Você é um amor. - respondi e sai de cima dele, me sentando ao seu lado.

- E eu amo você, já disse. –

- E eu já disse que é melhor você deixar isso para lá e se interessar por outra pessoa. –

- Não posso fazer nada se o meu coração escolheu você. O que eu posso fazer? Brigar com ele? – perguntou me encarando. – Prefiro lutar com ele, ou seja, eu e ele vamos lutar por você. – disse levando a mão até a minha nuca e puxou com delicadeza meu rosto para perto do dele. – Até meu coração parar de bater. Até o fim. –

- Acho que está na hora de você ir... – disse antes que ele pudesse me beijar. – Amanhã vamos combinar no almoço como vamos fazer nosso trabalho. Nós temos que... –

- Eu ouvi. Eu sei o que temos que fazer... – e ele soltou minha nuca e se sentou na cama. – Eu vou perguntar a minha mãe se tem algo de algum antepassado dessa época. Se ela disser que tem, amanhã depois da escola podemos ir lá olhar e escolher. –

- Tido bem, e no dia seguinte procuramos aqui em casa e depois vamos fazer as pesquisas pela rua. – disse sorrindo e eu suspirei. – Vou ver Alice e te deixar sozinho para se vestir. – ele assentiu e eu me levantei da cama e sai do quarto, fechando a porta.

Eu caminhei até o quarto de Alice e ela não estava mais lá. Desci as escadas e a encontrei na sala assistindo televisão e lhe dei um beijo. Eu perguntei se ela queria comer e ela negou. Já eram quase sete horas e minha mãe ainda não havia chegado. Eu fui até o jardim dos fundos e peguei alguns ramos de verbena no jardim de minha mãe e segui para a cozinha colocando-as dentro de um saquinho transparente e fechando com um nó.

Enquanto eu esperava Edward descer, eu pegava algumas coisas para fazer ou adiantar o jantar. Mamãe era sempre assim, sempre antes de sair de casa ela já separava o que faria no jantar. Ouvi passos na escada e logo em seguida Edward falando com Alice. Eu cheguei a sala com o saquinho em mãos e vi Alice no colo de Edward e ele brincando com ela. Claro que ainda era muito cedo para falar isso, Edward tinha apenas 18 anos, mas mesmo assim eu sentia que ele seria um ótimo pai, mas um bom motivo para eu não poder fazer com ele o que minha mãe queria que eu fizesse.

- Eu vejo você amanhã baixinha. – e ele a colocou no sofá de novo quando o programa que ela assistia voltava do intervalo. – E você minha bruxinha... – ele disse baixo.

- Não me chame assim. – pedi e ele sorriu. – Tome. – e eu entreguei o saquinho a ele.

- Obrigado... E o que é isso? –

- Verbena... – respondi e ele me encarou. – Caso a dor de cabeça volte, que eu acho que não vai voltar. Você ferve água e joga os ramos, lavados em água fria e corrente, e deixa em infusão por dez minutos. Côa, adoce se preferir e bebe. Em menos de dez minutos a dor some. –

- Eu disse que você é uma bruxinha... Uma bruxinha linda. –

- Eu sei apenas o básico sobre herbalismo. – menti e eu ouvi uma buzina do lado de fora.

- Meu pai chegou. Eu liguei para ele e pedi para vir me buscar. –

- Eu te deixo na porta. – respondi e abri a mesma e nós saímos.

- Olá Bella. – Carlisle gritou do meio fio.

- Olá Dr. Cullen. – gritei de volta.

- Te vejo amanhã? –

- Com certeza. – respondi e ele levou a mão até a minha nuca e a cabeça até o meu cabelo, inalando profundamente o cheiro do meu cabelo. – Eu amo o cheiro do seu cabelo. – e ele inalou de novo.

- É lavanda. – respondi.

- Eu amo lavanda. – e ele me deu um beijo demorado na bochecha. – Até amanhã Bella... – e ele se afastou e eu o puxei pela mão.

- Pode me fazer um favor? – ele assentiu. – Não conte a ninguém o que aconteceu no meu quarto hoje. –

- Pode deixar. – e eu lhe dei um beijo rápido e ele desceu os pequenos degraus e seguiu para o carro do pai.

Antes de entrar, ele se virou e acenou para mim e eu acenei para ele. Edward entrou no carro e Carlisle buzinou e eu acenei para ele também e eles se afastaram. Quando eles viraram a esquina eu entrei em casa e segui para a cozinha para adiantar o jantar, que amanhã seria um longo e novo dia.

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