Salém,
Massachusetts.
29 de Outubro de 2018.
Pov. Bella.
No dia seguinte após eu seguir toda a minha rotina e de
ter tomado o banho eu me vesti. Uma camiseta branca com listras finas pretas,
com um pequeno nó na parte da frente, uma calça jeans escura e justa. O dia
hoje estava um pouco frito, portanto vesti um casaco um pouco mais grosso e
longo rosa e tênis brancos e desci, já com a minha mochila, deixando-a aos pés
da escada e seguindo para a cozinha.
Mal eu entrei na cozinha e Alice terminou seu café e
subiu para terminar de se aprontar e eu me sentei em minha cadeira, em frente a
um prato com algumas torradas. Minha mãe ainda estava em sua cadeira, lendo o
jornal local. Ontem a noite ela chegou tão tarde da reunião, que eu havia feito
à janta sozinha, eu e Alice já havíamos jantado e Alice já estava ate na cama.
- Mãe. – a chamei enquanto passava um pouco de geleia de
amora em minhas torradas.
- Sim? –
- No final da aula eu posso ir para a casa de Edward?
Vamos começar a fazer o trabalho da senhora. –
- Tudo bem. – respondeu simplesmente sem tirar os olhos
de sua leitura.
- Ok, então. – disse e levei a torrada à boca, mordendo
um pedaço.
- Quando você vai me contar que fez um feitiço para o
Edward ontem? – perguntou tirando os olhos do jornal.
- A senhora mesmo disse que temos um dom e devemos usa-lo.
– dei de ombros repetindo sua palavra de dois dias atrás.
- Eu sei... Mas reclamou tanto com o chá para a senhora
Stewart e fez um feitiço completo para o Edward. –
- Ele não sabe o que aconteceu. Estava com os olhos
fechados... E de qualquer forma, ele não vai contar nada a ninguém. –
- E quanto ao nosso assunto? – e eu a encarei. – Sobre o
seu destino? –
- Eu já disse que não vou fazer aquilo, principalmente
com ele. – respondi irritada.
- Você tem que cumprir seu destino. – disse entre os
dentes.
- Eu me recuso. Eu faço o meu próprio destino. – e ela se
levantou irritada.
- Você sabe o que vai acontecer com o Edward e qualquer
outro por quem você se apaixonar. E não tente esconder de mim, você está
apaixonada por ele. Depois não diga que eu não lhe avisei. – e ela saiu da
cozinha me deixando sozinha e eu joguei o resto da torrada no prato, eu tinha
dado nela apenas uma mordida e já sentia meu estômago revirar. Incrível que
sempre que eu conversava isso com a minha mãe e eu ficava assim.
Ela não podia nem sonhar que eu estava planejando acabar
com essa maldição. Se ela soubesse era capaz de me impedir. Ela sempre diz que
é impossível quebrar uma maldição tão forte assim, mas ela também nunca tentou.
Nem ela e nem ninguém antes dela.
Levantei da mesa e joguei a torrada fora e coloquei a
louça na lavadora. Subi até o meu quarto para escovar os dentes e já estava
pronta, e fui esperar por elas na varanda de casa. Não demorou muito e Alice e
minha mãe vieram e nós partimos para a escola. E para evitar qualquer briga ou
discussão, principalmente na frente da Alice, que ainda não sabia do que a
esperava, eu coloquei meu fone de ouvido e fechei os olhos me concentrando na
melodia da música.
Nós chegamos à escola e minha mãe passou com Alice por
Edward sem nem falar com ele. O que obviamente não lhe passou despercebido.
Ainda faltava um pouco para a primeira aula, portanto eu me sentei calmamente
no banco, enrolando meus fones de ouvido para guarda-lo na bolsa.
- O que aconteceu para a sua mãe estar com aquela cara? –
- Discutimos. Nada demais. – dei de ombros.
- Por quê? Vocês sempre se deram tão bem... –
- Ela... Ela quer que eu faça algo que eu não acho certo
e me recuso a fazer. – respondi.
- E isso me envolve? –
- De certa forma, sim... – respondi sinceramente.
- Como eu sei que você não vai falar mais nada sobre o
assunto... Vai hoje lá para casa? Minha mãe encontrou algumas caixas lá, ela
acha que pode ter algo que possamos usar. –
- Vou sim. Vamos adiantar logo isso de uma vez. –
respondi e o sinal tocou.
- Vamos minha bruxinha, vamos para a aula. – ele disse
normalmente se levantando e estendendo a mão para mim. – O que foi? –
questionou quando eu não me mexi.
- Eu já pedi para você não me chamar assim... –
- Bella, por Deus, qual é o problema? Você não é uma e
qual é o problema das pessoas escutarem? Ninguém acreditaria... –
- Não importa não me chame assim de novo. – e ele
levantou as mãos em sinal de rendição.
- É uma palavra pejorativa? – questionou. – Eu sei que
muitas pessoas consideram essa palavra como algo ruim, mas... – ele se calou. –
Vamos? – questionou de novo e eu suspirei sem me mexer.
- Qual é o problema? –
- Eu não quero entrar... Não quero ir para a aula... A
conversa com a minha mãe acabou com a energia do meu espírito. – reclamei.
- E ainda diz que não é uma bruxa. – balançou a cabeça
rindo e foi quando eu me toquei o que eu havia dito. – Já que não quer ir para
aula... – e ele estendeu a mão para mim.
- O que? –
- Vamos sair daqui? –
- Para onde? – deu de ombros.
- Rodar por ai. – eu peguei sua mão e nós fomos para o
seu carro. Depois eu inventava uma desculpa para minha mãe.
Hoje ele já veio com o seu carro e nós entramos nele,
Edward dirigiu por um tempo em silêncio, o único som ouvido no carro era do
rádio que ele havia ligado. Edward dirigia calmamente pelas ruas tranquilas de
Salém e na metade do caminho eu já sabia para onde ele estava dirigindo. Para
um lugar que nós íamos com certa frequência. Para o parque Winter Island.
Edward estacionou o carro no estacionamento da ilha e
saímos do carro. Com cuidado andávamos pelas pedras até ficarmos perto do
farol. Devido à maré alta da baia de Salém, não era possível chegar muito perto
dele. Mas mesmo assim nós nos sentamos nas pedras, um ao lado do outro, ele
colocou um pequeno cobertor sobre seus ombros e passou um de seus braços pelos
meus ombros e eu deitei a cabeça em seu ombro.
E como sempre nada fora dito, nós ficamos ali em silêncio
por um tempo apenas vendo a água batendo nas pedras e no farol. Nós ficamos ali
encarando a água azul e vendo alguns barquinhos de pescadores ancorados por
ali. O vento que vinha da baia era fresco e um pouco frio, mas eu não ligava, e
nem ele, até porque o cheiro da maresia me acalmava. Edward ficava brincando
com os dedos da de minha mão que estava apoiada em seu joelho, e a segurou
levando-a até seus lábios dando um beijo neles e eu sorri aconchegando minha
cabeça mais contra seu pescoço.
- Bella... – ele chamou após alguns minutos em total
silêncio a não ser pelo som da água.
- Sim? –
- Posso pedir uma coisa? –
- Claro... Se eu puder... –
- Por que você não me conta a verdade? –
- Sobre? –
- Você. – e eu afastei a cabeça de seu ombro o encarando
confusa.
- Do que está falando? Você sabe de tudo sobre mim! –
- Não, eu não sei... – respondeu. – Eu não sei o que você
fez ontem e nem como você fez, mas... –
- Eu não fiz nada Edward... Apenas uma massagem e... –
- E desde quando surge uma luz azulada quando se faz
massagem? – e eu o encarei em pânico.
- Eu falei para você ficar com os olhos fechados... –
- Eu fiquei... Mas fiquei curioso e abri os olhos por um
momento. –
- Por que você fez isso? – perguntei me levantando e me
afastando dele. – Se minha mãe souber que você viu algo ela é capaz de me
matar... – eu quase gritei.
- Bom... Se você me explicar o que aconteceu eu prometo
manter isso apenas entre nós dois... –
- E eu poderia cortar sua língua ou costurar sua boca. –
sugeri erguendo uma sobrancelha.
- Falou igual a uma bruxa. – comentou e eu não respondi
nada. – E isso é porque você é uma... – disse simplesmente. – E não é porque
você segue o wiccanismo, e sim porque, por algum motivo, você nasceu assim... –
- Ninguém sabe por que nós nascemos assim. – respondi
confirmando a sua teoria, ainda parada de frente para ele, de pé e com os
braços cruzados enquanto eu apertava meu casaco em volta de mim.
- Por que não me contou antes? –
- Para que? Uma nova caçada as bruxas? –
- Sabe que eu nunca contaria a ninguém, por Deus
Isabella, pode confiar em mim... – ele falava me encarando calmamente enquanto
procurava em seus olhos algum vestígio de raiva ou repulsa.
- Você disse que não havia bruxas bonitas... – comentei
sem pensar muito.
- Pelo visto eu me enganei. Até porque para mim, bruxas
não existiam. Agora eu sei que existem e que elas são divinamente lindas... –
- Não está assustado? Ou com repulsa? –
- Claro que não. Por que estaria? – dei de ombros e ele
se levantou. Edward caminhou até mim e abraçou minha cintura com um dos braços
e a com a mão livre ele segurou meu queixo. – E eu continuo amando você... –
- Então. Agora que você já sabe sobre mim... Eu vou dizer
mais uma vez e espero que desta vez você me escute... Seria melhor se você se
afastasse de mim... –
- Nunca. – disse firme e convicto. – Eu te falei ontem.
Eu te amo, meu coração escolheu você, e eu vou lutar por você até que ele pare
de bater... –
- Só que ele pode parar de bater cedo demais. – e ele me
encarou confuso. – Minha ancestral amaldiçoou todos descendentes de seu sangue
a não amar. –
- Por quê? –
- Por que, na noite de 31 de outubro de 1693, ela foi
presa acusada de bruxaria e torturada até confessar. Mas... Antes de ela ir
para a fogueira, ela conseguiu fugir e encontrou o amor da vida dela morto. Os
inquisidores o mataram por se envolver com uma bruxa. A floresta de Salém
pegava fogo, e ela morreu queimada dentro da cabana chorando sobre o corpo
inerte dele... – expliquei.
- Mas a sua mãe... –
- Nós só nos envolvemos com homens para a procriação.
Para manter a linhagem de bruxas. Agora somos tão poucas. Aqui mesmo em Salém
temos apenas nós três. – expliquei. – Depois que minha mãe me teve, eu não sei
o que aconteceu com o meu pai, nunca o conheci, nunca conheci o pai de Alice. É
apenas uma noite e depois ele desaparece... – e ele pensou um pouco. – Eu nem
posso dizer se ele está vivo ou não... –
- Foi por isso que você brigou com a sua mãe mais cedo?
Ela quer que eu... –
- Que você seja o pai do meu filho para manter a
linhagem. – e eu o encarei. – Mas eu não quero, eu não posso fazer isso com
você. Não com você. E nem com ninguém. – respondi e senti meus olhos arderem. –
A minha vida inteira eu passei invejando todo mundo, principalmente você. Por
ter um pai e não precisar se esconder do mundo e obviamente por poder se
apaixonar... – e um pequeno soluço rompeu meu peito. – Eu amo você e eu não
podia deixar isso acontecer. Agora eu tenho medo que, por causa disso alguma
coisa aconteça a você... Isso aconteceu com a minha mãe quando ela tinha a
minha idade. Ela se apaixonou por um garoto da idade dela e ele morreu um tempo
depois deles ficarem juntos pela primeira vez... Um acidente de carro. – dei de
ombros. – Mas ela sabe que não foi um acidente de carro qualquer... –
- Quando você diz... Ficaram juntos... Você se refere
a... –
- Sexo. – respondi e ele assentiu.
- Tem uma coisa que eu não entendo. – e eu o encarei. –
Se sua ancestral e o homem que ela amava morreram naquela cabana, como houve um
descendente? –
- Eles tiveram uma filhinha. Quando minha ancestral foi pega,
ele a escondeu com uns amigos ou parentes... – dei de ombros. E ele ficou
quieto por alguns segundos.
- Mesmo assim eu não vou me afastar de você. –
- Edward não seja idiota... – e ele ergueu meu queixo
para que eu o olhasse.
- Eu não vou contra o meu coração. –
- Prefere morrer? –
- Não tem um jeito de quebrar essa maldição? – perguntou
ignorando minha pergunta.
- Não que nós saibamos. E minha mãe não quer me deixar
procurar. Ela quer que eu aceite meu destino. Mas eu não quero um destino
desses... – reclamei sentindo algumas lágrimas escorrendo de meus olhos e ele
as limpou com os dedos.
- Vamos achar um jeito. Você disse que foi a sua ancestral
e que aqui em Salém apenas a sua família é bruxa. Vocês não têm diários ou...?
–
- Grimórios. – o corrigi delicadamente. – Bruxas têm
grimórios. E você viu o meu. –
- Aquele livro da sua bancada de cristais? – assenti e
ele sorriu amplamente. – Qual é a chance de encontrarmos os grimórios das suas
antepassadas? –
- Quase nulas. Mamãe os mantém muito bem escondidos,
provavelmente temendo outra caçada as bruxas. Nem se destruírem aquela casa
eles serão capazes de encontra-los. – expliquei.
- E por que você não tenta criar algo que quebre essa
maldição? –
- É uma maldição de sangue Edward... Feita sob o sangue
de duas pessoas... Só com o sangue delas ou de seus descendentes diretos que
poderia tentar quebrar essa maldição. – expliquei. – Eu tenho o sangue dela.
Mas e quanto ao dele? – perguntei. – Nós nem sabemos se ainda há algum
descendente dele vivo. – e ele sorriu de novo.
- Nós não temos que entrevistar os moradores de Salém? –
- O que sugere? Batermos de porta em porta e perguntarmos
se são parentes de alguém que eu nem sei o nome e que caso a resposta seja
positiva eu pedir uma quantidade, sabe-se-lá quanto de seu sangue? É um
absurdo, se uma caçada as bruxas não se iniciar ai, com toda a certeza serei
mandada a um manicômio. –
- Não necessariamente. – ele pensou um ouço antes de
prosseguir. – Salém é uma cidade pequena. Caso descubramos o nome dele podemos
tentar ver os registros da época na biblioteca, ainda deve ter em microfilmes,
e ai irmos montando a árvore genealógica com os registros de nascimentos
públicos. – não era uma má ideia. – Será difícil, mas não custa nada tentar...
–
- E com eu pego o sangue? –
- Talvez ele possa ser igual a... –
- Apenas mulheres são bruxas. Ninguém sabe explicar. Mas
é algo dentro do corpo de uma mulher, e só dentro do corpo dela que é capaz de
desenvolver a magia. –
- E o que acontece quando tem um filho homem? –
- Não tem. – expliquei. – É complicado Edward, eu não sei
ao certo como funciona. Mas quando você resolve ter seu filho para dar
continuidade a sua linhagem, antes de você se deitar com o homem, você faz uma
poção, não sei qual, bebe uma quantidade dela e ele também, e com isso o
espermatozoide que fecundar será uma menina, é como se houvesse uma barreira
que impedisse de os espermatozoides que vão se transformar em um menino, de
entrar... – tentei explicar, mas era algo confuso até para mim, imagine para
ele que era um mortal.
- Eu acho que entendi... – e ele sacou o celular do
bolso. – São dez horas. Quer tentar revirar a casa antes de sua mãe chegar
atrás desses diários, grimórios, sei lá. –
- Se ela descobrir ela me mata. –
- Se ela descobrir nós entramos no carro e fugimos para o
outro lado do país. – sugeriu sorrindo.
- E ai você morre... –
- É só não transarmos... – brincou e eu não consegui
evitar sorrir. – O que será uma pena, porque eu sou louco para transar com
você. –
- Você é inacreditável... –
- Pelo menos eu posso continuar beijando você... – e ele
me deu um beijo calmo. – Venha, vamos para a sua casa. –
Edward estava mais animado e empolgado do que eu para
procurarmos algo para quebrar essa maldição. Era tão bom e libertador contar a
Edward toda a verdade, mas eu ainda não sabia ao certo como ele havia
descoberto sobre mim. Ver apenas uma luz azul não significa muita coisa. E
conforme ele ia dirigindo eu tentava formar um jeito sensato de ele ter
descoberto sobre isso, em vão.
- Edward. – eu o chamei quando ele parou o carro em
frente a minha casa e ele me encarou. – Como você descobriu sobre mim? –
perguntei.
- Depois que você me deixou sozinho eu meio que li todo o
seu diário... Quer dizer, grimório... E depois pesquisei na internet. –
respondeu saindo do carro e vindo abrir a porta para mim.
- Sabe que isso é invasão de privacidade não sabe? –
questionei e ele riu me ajudando a descer do carro.
- Fiquei curioso, você também ficaria se uma mulher
gostosa estivesse sentada em seu colo, falando coisas não tinha nada haver,
enquanto fazia uma massagem, que sinceramente, é maravilhosa. –
- Não, eu me perguntaria o motivo de ter uma mulher
gostosa em cima de mim. – rebati e ele riu. – E qual mulher gostosa estava em
cima de você? – e ele apontou para mim com o indicador. – Lembre-me de depois
fazer um feitiço para melhorar a sua visão, porque você é cego. –
- Não sou. Eu acho você gostosa e fim da história. – e eu
passei por ele subindo as escadas e abrindo a porta de casa.
Como já esperava a mesma estava em um total silencio, até
porque minha mãe e Alice ainda estavam na escola e não sairiam de lá tão cedo. Ele
entrou e trancou a porta e eu joguei minha mochila no sofá da sala de estar. E
comecei a olhar em volta pensando aonde minha mãe poderia ter escondido as
coisas de nossas antepassadas.
Eu simplesmente não conseguia imaginar um lugar plausível
para minha mãe esconder aquilo de tal modo que, como ela mesma dizia, nem se
colocassem a casa abaixo alguém iria encontrar. Vamos Isabella, onde você
esconderia algo dessa magnitude? Preso na parede? Não, se derrubassem a casa
iriam ver. Sob o piso também iriam encontrar.
- Em que tanto essa cabecinha pensa? – Edward perguntou
abraçando minha cintura.
- Estou tentando pensar onde eu esconderia se fosse minha
mãe, mas não consigo pensar... Será mais difícil do que imaginamos... – e eu o
encarei sorrindo.
- O que foi? –
- Mamãe disse que há algumas coisas no sótão. Que eu
poderia olhar lá para o trabalho de história... –
- Acha que lá pode ter alguma coisa que leva até onde a
sua mãe escondeu as coisas? –
- Ou tenha o nome dele lá perdido e ela não notou, e não
será nem preciso encontrar as coisas. – expliquei e ele sorriu assentindo.
Segurei Edward pela mão e o puxei escada a cima para o
sótão. A entrada do sótão era uma portinhola pequena e quadrada, com uma
cordinha pendurada, no teto. Nem se eu subisse em uma cadeira eu alcançaria
aquilo ali, também, eu media meio metro. Edward não, Edward era alto, mas mesmo
assim ele precisou ficar na ponta dos pés para pegar a cordinha e puxa-la com
cuidado e abrir uma escadinha.
Edward subiu na frente e eu fui logo atrás puxando a
escada para cima, fechando a portinhola. Ninguém ia ali em cima há muito tempo,
ele estava todo empoeirado e cheio de teias de aranha, tinha janelas, mas os
vidros estavam tão sujos que a luz mal entrava, e ao sentir o cheio de mofo e a
poeira, eu acabei espirrando.
- Saúde. – Edward disse com o celular em mãos e lanterna
ligada.
- Obrigada. – agradeci.
- Por onde iremos começar? Deve ter milhares de caixas
aqui em cima. – comentou apontando com a luz da lanterna para as caixas. –
Vamos demorar dias... –
- Iríamos se eu não fosse uma bruxa. – sorri para ele. –
Apaga a lanterna. – pedi e sem questionar, ele apagou e eu fechei os olhos
respirando fundo. Eu não sabia como os objetos eram, mas imaginava como páginas
arrancadas ou um livro bem velho de couro caindo aos pedaços e eu tentava
mentaliza-lo o máximo que podia. – Mãe,
ajude-me a encontrar o que eu preciso... – disse baixo e abri os olhos ao
ouvir um chiado baixo vindo dos fundos do sótão. (n/a: aqui, quando Bella cita a palavra mãe, não é a sua
propriamente dita, e sim a Deusa Mãe da bruxaria.)
- Você está ouvindo isso? – Edward perguntou baixo e eu
assenti. Em silêncio e ainda no escuro e caminhei até onde vinha o som e Edward
me seguia. O som vinha bem do fundo do sótão de um pequeno baú bem velho que
estava debaixo de várias caixas.
Edward me ajudou a pegar o baú, tirando as caixas de cima
do mesmo, e acendeu de novo a lanterna do celular e eu acendi a minha. O baú de
tão velho não possuía mais fechadura, e eu apenas abri a tampa. Havia diversos
papeis ali dentro, vários já comidos pelas traças, mas alguns ainda estavam
quase que intactos. Nós começamos a mexer, com cuidado nos papeis tentando
encontrar algo que pudesse nos dar uma direção, do nome do homem ou de onde
minha mãe havia escondido o baú.
- Bella. – Edward me chamou uns minutos depois desde que
encontramos o baú.
- Sim? – desviei os olhos de um papel, que estava mais da
metade comido pelas traças.
- Olha isso. – e ele me estendeu um pequeno camafeu
antigo, todavia no lugar onde deveria ter uma escultura tinha uma pedra, ou uma
pequena redoma de vidro e do lado de dentro espécies de nuvens roxas, azuis e
lilás, como se formasse uma nébula, e as nuvens se mexiam. – Algo me diz que isso
era de alguma ancestral sua. – comentou e eu estendi a mão e ele deixou o colar
cair em minha mão e ao toque eu arfei sentindo uma pontada forte na cabeça e um
som agudo em meus ouvidos.
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