Salém,
Massachusetts.
29 de Outubro de 2018.
Pov. Bella.
A pontada na cabeça era absurdamente forte e a apito em
meus ouvidos também, tanto que me deixava surda. Levei as mãos até a cabeça, em
uma vaga tentativa de diminuir ou aplacar a dor. Mas ela parecia ficar apenas
pior e o apito mais forte. Que diabo era isso, eu nunca havia sentido algo
assim em toda a minha vida. Eu sentia como se um grito rasgasse meu peito e se
tornasse mais forte conforme a tudo se tornava mais forte e sem aguentar mais,
deixei o grito sair e abri os olhos.
Eu não estava mais em meu sótão com Edward ao meu lado.
Eu estava em um casebre de madeira velho, com as paredes começando a serem
consumidas pelas chamas. Eu estava ajoelhada no chão, usando nada mais que uma
bata suja, com alguns rasgões na barra da saia, e toda manchada de sangue. Eu
sentia todo o meu corpo doer, eu olhei para minhas mãos, braços e pernas e eles
estavam machucados. As solas de meus pés estavam sujas de sangue e lama, e meu
corpo doía absurdamente, porém, a maior dor era a que eu sentia em meu peito,
como se algo se quebrasse dentro dele.
Eu me virei para frente e vi um corpo de homem no chão,
com a garganta cortada, o sangue não escorria mais, todavia eu podia vê-lo
completamente sujo de sangue. Seu rosto estava pálido com alguns pontos
arroxeados, como no canto dos lábios e ao redor dos olhos e mais alguns pontos
pelo corpo. Eu me aproximei um pouco para ver o rosto com mais facilidade
devido a fumaça que tomava conta da casa, e pude ver seu rosto.
Eu reprimi um grito ao ver o rosto de Edward ali naquele
corpo, seus olhos verdes estavam abertos e vagos. Outro crepitar do fogo atraiu
minha atenção, mas dessa vez para um espelho a minha frente. Lá, eu observava o
meu reflexo e o reflexo do corpo de Edward, a diferença era que o meu reflexo
se mexia no espelho, eu estava parada, mas ela se mexia. Sua boca se mexia como
se ela falasse algo. Ela/eu deu um beijo na testa de Edward e puxou um punhal
da mesa ao meu lado esquerdo, e falando algo ela cortou a palma da mão, e seu
sangue caiu no chão, sobre o sangue de Edward.
- Não. – gritei.
- Bella... Hey, Bella, calma... – eu abri os olhos, que
não sabia que estavam fechados e dei de cara com Edward me encarando assustado.
Eu estava ofegante, olhava em volta e estava em meu sótão. O camafeu que ele
havia me entregado estava jogado no chão. – Calma. – ele estava bem perto de
mim e me abraçou forte, dando um beijo em minha testa. – Calma. –
Ele me deixou em quieta enquanto eu acalmava meu coração
que batia descompassadamente. Edward estava basicamente sentado no chão e eu em
seu colo, ele mexia em meu cabelo enquanto falava baixo em meu ouvido, algumas
coisas para que eu me acalmasse e volta e meia dava um beijo em minha bochecha.
Eu escondi meu rosto em seu peito, me agarrando a sua camisa. Eu estava
completamente assustada, isso nunca havia acontecido comigo antes, eu não sabia
o que era isso e nem porque tinha acontecido.
- Mais calma? – perguntou após uns dez minutos terem se
passado.
- Sim. Ainda assustada mais sim. – e ele deu um beijo no
topo de minha cabeça.
- O que houve? – perguntou sem me tirar da proteção de
seus braços.
- Eu não sei. – confessei em um fio de voz. – Nunca tinha
acontecido antes. Mas quando o camafeu tocou em minha mão, eu senti uma dor de
cabeça tão forte e um som, como um apito em meus ouvidos, que iam ficando mais
forte e mais forte. Quando eu voltei a abrir os olhos eu não estava mais
aqui... Estava numa espécie de cabana, ou casebre de madeira que estava pegando
fogo. – eu falava e ele me abraçava cada vez mais. – Eu voltei no tempo, no dia
que minha antepassada lançou a maldição sobre nós. – respondi sentindo meus
olhos arderem. – Eu senti o que ela sentiu ao vê-lo morto, e é simplesmente
horrível. – comentei deixando o choro preso em peito sair.
- Está tudo bem. Agora você está aqui comigo. E nada vai
acontecer com você. – garantiu e me deu outro beijo.
- Era você. – contei entre o soluço que rasgava meu
peito.
- Eu o que? –
- O corpo... O homem que ela amava era... Era idêntico a
você. –
- Tem certeza? – e eu assenti escondendo mais ainda meu
rosto em seu peito e deixando as lágrimas rolarem livremente.
- Dói demais. Eu não quero sentir aquilo... –
- Shiu calma... Calma... – e ele estreitou mais ainda o
abraço em volta de meu corpo, que se sacudia levemente devido aos soluços.
Deveria ter passado cerca de meia hora até que eu
consegui levantar do chão e com todo o cuidado nós deixamos o sótão e fomos
para a cozinha. Eu ainda chorava, a dor que eu senti era tão real, era como se
eu estivesse por alguns segundos dentro dela, sendo ela, sentindo o que ela
sentia. E se aquela era a dor que a perda de um amor verdadeiro causa, eu não
quero senti-la. E ao mesmo tempo em que isso me dava forças para ir atrás de
algo que pudesse quebrar esta maldição, mas medo eu sentia e maior era a
vontade de me esconder igual a uma menininha medrosa debaixo das cobertas.
- Bebe isso aqui.
– ele me entregou um copo com água depois que eu me sentei na cadeira da
cozinha. Enquanto eu bebia a água, ele se sentava ao meu lado e puxava a
cadeira para mais perto de mim. - Mais calma? – perguntou acariciando minha
bochecha depois de eu ter bebido toda a água do copo.
- Sim. Obrigada. – respondi e ganhei um beijo na
bochecha.
- O que quer fazer agora? –
- Não sei. – admiti dando de ombros. – Ao mesmo tempo em
que me da força para continuar... Também me dá um enorme pavor do que está por
vir, e eu sinto uma enorme vontade de me esconder debaixo das cobertas. –
- Bella, eu estava pensando em uma coisa... – e eu o
encarei. – Se esse homem era a minha cara, significa que ele era da minha
família e... –
- Não necessariamente. Você pode ser apenas uma
reencarnação de seu corpo, sem ser seu parente de sangue. – e ele enfiou a mão
no bolso e puxou o camafeu de lá. – Deixe isso longe de mim... – pedi afastando
minha cadeira dele.
- Calma. Não vou deixar você tocar nisso de novo... –
garantiu. – É que isso aqui abre, e eu ainda não consegui abrir. – disse
tentando abrir o camafeu.
- Deve ter oxidado.
–
- Tem uma faquinha de ponta... –
- Terceira gaveta à direita ao lado do fogão. – expliquei
e ele se levantou indo até lá, e depois do barulho da gaveta abrindo e fechando
e do farfalhar dos talheres, ele se sentou ao meu lado de novo, com uma pequena
faquinha de ponta em mãos. – Cuidado
para não se cortar. – alertei e ele tentou abrir o camafeu. E depois de um
pouco de esforço, ele conseguiu abri-lo.
- Nossa... –
- O que? –
- Eu acho que eu entendi o motivo de o tal amor da vida
da sua ancestral ter a minha cara... – e eu o encarei esperando sua resposta. –
É porque você tem o mesmo rosto que ela. – e ele virou a parte de dentro do
camafeu, e eu pude ver duas pinturas dentro dele. Um casal. O homem era igual a
Edward, apenas um pouco mais velho e com barba, mas tirando isso era idêntico a
ele. E a mulher idêntica a mim, provavelmente até com a mesma idade que eu
tenho agora, ou talvez até com um ou dois anos mais velha, mas com certeza não
passava disso.
- Pela deusa. – eu disse me aproximando daquilo, todavia
sem encostar-se a ele. – Então, eu não estava no lugar dela. Eu era ela... –
comentei comigo mesmo lembrando-me da viagem que havia feito a menos de uma
hora.
- Será que... Isso pode parecer bem idiota... Mas será
que somos almas gêmeas? –
- Destinados a ficarmos um sem o outro? – terminei por
ele. Claro que o que ele havia dito não era idiotice, todo mundo tinha uma alma
gêmea, poucas realmente se encontravam, e elas só teriam paz quando se
reencontrassem e ficassem juntas, e assim elas parariam de reencanar.
- Talvez tenhamos reencarnado ou nos reencontrado agora
para poder quebrar essa maldição. –
- Mas naqueles papeis não tem nada sobre ela ou ele.
Apenas esse camafeu e... – eu me virei de frente para ele. – Pense comigo. Se
isso era dela e estava no baú daqui de casa, e se no outro baú que minha mãe
escondeu, também tiver algo que pertence a ela... –
- Você quer tentar achar o baú usando esse colar? – eu
assenti. – É possível? – e eu pensei um pouco, lembrando-me de um feitiço que eu
adorava fazer quando perdia algo.
- É. – respondi sorrindo. – Fique aqui. – eu me levantei
correndo e segui para o meu quarto, indo direto para o meu grimório. Dentro
dele eu tinha uma planta desta casa e peguei um pendulo de ametista em cima da
bancada e desci as escadas correndo. – Fecha as cortinas para mim. – respondi
colocando a planta da casa aberta sobre a mesa.
- Dessa vez eu posso ficar com os olhos abertos? –
perguntou após fechar todas as cortinas para mim.
- Sim. Pode. – respondi. – Coloque o camafeu no centro da
planta. – e ele o pôs. Prendi a corrente do pêndulo na palma de minha mão dando
duas voltas nela e deixei o mesmo pairando em cima da planta e do camafeu. Ele
se girou um pouco devido ao movimento de tê-lo prendido em minha mão, mas não
demorou muito e ele parou de se mexer. – Não está aqui. – comentei.
- Como assim? –
- Se estivesse dentro desta casa e deste terreno o
pêndulo ia se mexer e apontar para onde deveríamos ir. Mas ele está parado. –
- Isso significa exatamente? –
- Que ou minha mãe o protegeu com uma magia que só ela
pode quebrar, ou não está nesta casa. –
- Espere um minuto. –
Edward correu até a sala de estar, pegando sua mochila e
voltando com ela. Ele a pôs em cima da cadeira e a abriu, puxando uma pasta de
lá e tirando um mapa de dentro da mesma. Ele tirou rapidamente os papeis da
planta da minha casa da mesa, substituindo por um mapa. Era o mapa de Salém, e
pôs o camafeu no centro e em menos de dois segundos, o pêndulo começou a se
mexer devagar.
- Se não está em sua casa, está em algum canto dessa
cidade... – ele comentou ao ver o pendulo se mexer sozinho, já que eu mantinha
minha mão bem parada.
- Você é um gênio. Mas por que anda com um mapa de Salém
na mochila? –
- Eu gosto de explorar essa cidade, vai que eu me perca. –
- Você é inacreditável. – eu encarava o mapa e comecei a
mexer minha mão por sobre ele. Eu passava a mão por todo o mapa bem devagar, e
quando sentia que ele girava mais rápido, eu demorava mais tempo na área que o
fazia ir mais rápido.
Salém não era uma cidade grande, mas eu ia bem devagar,
para não perder nenhum centímetro dessa cidade, e quando eu cheguei mais perto
do norte da cidade, o pêndulo girava absurdamente rápido, e a sua força o
empurrou para baixo, até a sua ponta parada encostasse-se a uma área do mapa.
- Ela o escondeu no cemitério. – respondi sorrindo
amplamente.
- Por isso que ninguém iria encontrar nada mesmo se
derrubasse a casa. –
- É porque não está aqui. – e eu o encarei.
- Vamos até lá? –
- Vamos! – ele pegou o camafeu e colocou dentro da
mochila e eu coloquei o pendulo e o mapa, tudo dentro de sua mochila e deixamos
a cozinha. Eu peguei minha mochila em cima do sofá e minhas chaves e saímos de
casa, ao abrimos a porta para sairmos, demos de cara com minha mãe e Alice.
- Mãe?! – perguntei em choque, não sabia que já era tão
tarde assim, ao ponto dela já ter acabado seu turno na escola.
- Olá Bella. Olá Edward. – respondeu.
- Eddie... – e Alice se jogou em seu colo.
- Oi baixinha. –
- Você está bem Bella? – minha mãe perguntou. – Já que
não apareceu em nenhuma aula. –
- Sim. Foi só uma enxaqueca que já passou... – me
apressei em dizer. – Nós estamos indo para a casa do Edward para fazer o
trabalho da senhora. À noite eu volto mamãe. – disse quando ele colocou minha
irmã no chão e eu o puxei para fora da casa. – Tchau mãe. –
- Tchau senhora Swan... Tchau Allie. – nós descemos as
escadas e entramos em seu carro e ele começou a dirigir. – Para que essa
pressa? –
- Eu não sei
mentir para a minha mãe. – respondi e ele dirigiu para o norte.
Sua casa e o cemitério da cidade ficavam ao norte. Ele
foi dirigindo devagar, com uma mão na minha, soltando-a apenas quando tinha que
mudar a marcha. Edward parou o carro no estacionamento do cemitério, mas nem
saímos do carro. Ele estava cheio, deveria estar havendo algum enterro. Não
poderíamos sair andando com um pendulo rodando em cima de um mapa por ai ainda
mais a luz do dia.
O carro não ficou nem dois minutos e ele saiu dali,
dirigindo para a sua casa. Demorou cerca
de dez minutos ele parou o carro em frente a sua casa. Eu já havia vindo
algumas vezes a sua casa, principalmente para fazer trabalhos da escola. A casa
dele era maior que a minha, e também era apenas para três pessoas, já que
Edward era filho único. Tinha um enorme e lindo jardim, que estava muito bem
cuidado, mesmo estando no outono. Esme, a mãe de Edward, tinha uma mão perfeita
para flores. A casa grande de três andares se estendia em seu belo estilo vitoriano,
com o telhado de telhas pretas.
Nós descemos do carro e seguimos o caminho traçado no
meio do jardim até a porta da cozinha, mas perto de onde Edward havia parado o carro.
Nós entramos na enorme cozinha de piso de madeira, diversos armários brancos e
com enormes janelas para o quintal dos fundos. No meio dela uma grande bancada
com uma pia e com cinco cadeiras para o café da manhã. Esme, a mãe de Edward,
estava parada de costas para nós lavando algo na pia. Edward soltou minha mãe e
se aproximou da mãe, dando um beijo em sua bochecha e abraçando sua cintura,
fazendo-a soltar um gritinho assustado que me fez rir.
- Seu filho da puta. – e ela começou a bater nele com um
pano de prato. – Você está pensando o que infeliz? Quer matar sua mãe do
coração? – Edward ria da mãe e eu ria dos dois.
- Mãe, menos... Temos visitas... – e ela me viu na porta.
- Bella. – e ela se aproximou de mim com os braços
abertos. – Oi minha querida. – e ela me abraçou forte. – Quanto tempo... – e eu
retribui o seu abraço.
- Oi Srª Cullen. –
- Eu já falei para não me chamar de senhora... – e ela me
bateu com o pano de prato também.
- Deus, essa mulher está agressiva hoje. – Edward
comentou rindo. – Mãe, onde estão àquelas caixas que a senhora disse que
encontrou? –
- Coloquei em seu quarto. – respondeu. – Vocês estão com
fome? Bella você tem comido direito? Está tão magrinha... –
- Sempre foi. – Edward comentou se aproximando de mim. –
Mas é linda do mesmo jeito. – e deu um beijo demorado em minha bochecha.
- Vocês dois são tão fofos juntos. – e ela apertou nossas
bochechas. – Mas não responderam... Estão com fome? –
- Um pouco mãe. Mas nós vamos começar o trabalho e depois
descemos para comer alguma coisa. –
- Tudo bem, vão lá estudar... Bella fica para jantar? – e
eu abri a boca.
- Talvez mãe, nós ficamos de sair hoje à noite, vamos ao
cinema. – Edward disse e eu assenti.
- Isso significa que engataram em um namoro? –
- Quase mãe... – e ela sorriu amplamente. – Mas agora nós
vamos subir. – e ele saiu me puxando para as escadas e quando chegamos ao andar
de cima, longe dos ouvidos atentos de sua mãe, eu lhe dei uma tapa na cabeça. –
Todo mundo vai me bater hoje? Qual é o problema? –
- Por que disse para a sua mãe que estamos quase
namorando? –
- Você acha mesmo que depois que acabarmos essa maldição
nós não vamos ficar juntos? –
- Nós nem sabemos se vamos conseguir desfazer essa
maldição, então pare de deixa-la animada por nada. –
- Venha, vamos ver o que encontramos naquelas caixas. –
disse me ignorando e me puxando para o seu quarto.
Nós entramos no
quarto de Edward, ele não era grande, tinha o piso de madeira claro, três
paredes e o teto pintado de azul clara e uma de azul mais escuro, onde a cama
ficava encostada, sem cabeceira, apenas a cama com uma colcha azul escura e no
chão algumas caixas. Edward colocou nossas mochilas na cama e nós nos sentamos
no chão, em cima do tapete e ele abriu a caixa, com cuidado para não espalhar a
poeira. Ele pegou as caixas pequenas lá de dentro e espalhou no chão.
Havia uma caixinha de joias bem antiga, alguns papeis,
alguns já consumido pelas traças, algumas fotos de tempos mais recentes e
retratos mais antigos. Devagar nós fomos abrindo as coisas e lendo as cartas,
era um pouco complicado, já que o modo de escrever, e algumas palavras eram
diferentes do dia de hoje, mesmo se tratando do mesmo idioma.
Já tinha cerca de duas horas que estávamos ali e ainda
não havíamos encontrado nada que estávamos procurando. Minha coluna já doía de
tanto ficar sentada no chão e na mesma posição, a minha bunda eu nem sentia
mais. Meu estomago já dois uma pouco de fome, e como um sexto sentido de Esme,
ela entrou no quarto no momento certo com uma bandeja em mãos.
- Com licença. – e ela colocou a bandeja em cima da
escrivaninha do filho. – Como vocês dois não descem, eu resolvi trazer um
lanche para vocês. Mas não se empanturrem que daqui a pouco o jantar vai sair.
E os dois não vão sair para lugar algum sem jantar. –
- Obrigada Esme. – disse sorrindo e ela sorriu amplamente
para mim.
- Obrigada mãe. –
- Qualquer coisa chame. – e ela caminhou para a porta.
- Mãe... – e Edward a chamou.
- Sim? –
- De quem era esse diário? – perguntou ele vendo um
diário quase caindo aos pedaços.
- Não sei. – respondeu e se aproximou do filho e com
cuidado pegou o livro das mãos do filho. – Essa tralha toda era de meu sogro e
ele nunca deixou jogar fora... –
- A família de vocês está nessa casa desde sempre, não é?
– eu perguntei.
- A família de Carlisle sim, querida. – respondeu abrindo
a capa do livro. – É um diário de uma tal de Elizabeth Cullen. – respondeu
lendo o nome. – A primeira data é de 31 de outubro de 1698. – respondeu e eu e
Edward nos encaramos. – Pode ser de alguma ancestral sua ou algo do tipo. –
respondeu entregando a Edward. – Vou descer, cuidado com a poeira. – e ela se
levantou e saiu do quarto. Assim que ela saiu, eu me aproximei mais ainda de
Edward com o diário em mãos.
- Quando você disse que a sua antepassada morreu? –
- 1693. – respondi.
- E você disse que ela teve uma filha com a pessoa que se
parece comigo? – assenti. – Essa Elizabeth pode ser a filha deles. Ela teria
por volta dos cinco ou seis anos. –
- Me fala que seu pai tem uma arvore genealógica da
família? –
- No escritório. – respondeu. – Vamos lavar as mãos,
comermos algo e ainda descemos para ver se há alguma Elizabeth na arvore. – e
eu assenti.
Ele se levantou primeiro e estendeu a mão para mim e
quando eu levantei eu estava toda travada, a bunda dormente a coluna dura e uma
vontade louca de ir ao banheiro. Edward foi primeiro ao banheiro e eu fui logo
em seguida, lavando as mãos para limpar a poeira e depois de aliviar minha
bexiga lavei as mãos de novo voltando para o quarto. Dessa vez nós nos sentamos
na cama, onde ele já havia colocado a bandeja da mãe, com um dois pratos com
sanduiches de peito de peru, dois sacos de batatinhas e duas latas de Coca
Cola.
Enquanto nós dois comíamos eu tinha o diário apoiado em
meu colo e ia lendo as primeiras páginas. As primeiras páginas não tinha nada
de mais. Era realmente o diário de uma menina de cinco anos que colocava apenas
coisas bobas do seu dia a dia. Pelo menos até o ano de 1704.
- Edward, escuta isso. - chamei sua atenção após beber um
gole do refrigerante e li a página. – “14
de Maio de 1704. Hoje meu aniversário de 11 anos, tio Caius contou-me uma
história aterrorizadora, mas que agora faz sentido para coisas que estão
acontecendo comigo. Tio Caius contou sobre meu pai e minha mãe. Segundo ele,
meu pai se chamava Owen e minha mãe se chamava Gwen. E segundo ele também,
minha mãe era uma bruxa, que havia sido morta durante os julgamentos que
ocorreram no ano que eu nasci, no mesmo ano que papai também morreu... – e
eu pulei uma grande parte da página que estava quase que impossível de ler
devido a letra absurdamente cursiva e dos buracos das traças. – De inicio eu não acreditei que no que tio
Caius havia me dito, mas agora fazia total sentido com o que vinha acontecendo
comigo ultimamente. Fazer coisas leves e pequenas levitarem, a janela da
cozinha que eu estourei em um momento de raiva. Isso só é possível porque há
magia em meu sangue, magia vinda de
minha mãe... Tio Caius me fez prometer não contar nada disto para ninguém,
principalmente para tia Renata e nem para Alec, mal sabe ele que é quase
impossível esconder algo daquele menino bisbilhoteiro... –
- Para... – Edward disse e eu parei de ler. – Alec...
Alec Cullen... – ele se levantou e saiu do quarto correndo. Eu coloquei o
diário no chão e o prato com metade do sanduiche em cima da mesa e o segui.
Edward havia descido as escadas rapidamente e seguiu para
o escritório do pai e eu fui atrás fechando a porta. Ele seguiu para trás da
mesa de mogno escuro do pai, onde tinha um quadro enorme com a árvore genealógica
dos Cullen. Ele ia passando o dedo pelo vidro devagar até chegar ao primeiro
nome da arvore.
- Achei... Eu sabia que já havia ouvido esse nome. Aqui.
A arvore genealógica dos Cullen começam com dois homens, Owen e Caius, a linha
de Owen acaba com Elizabeth e a de Caius segue, com Alec e vários outros nomes
e... –
- Até chegar a você. – disse vendo que o nome de Edward
era o último na arvore.
- Então, isso significa que eu sou... –
- Você é descendente direto de sangue de Owen... Owen era
o pai da primeira Swan amaldiçoada, ela teve uma filha, mas não entrou na sua
arvore genealógica, deve ter entrado na do marido... – comentei. – Mas de
qualquer forma, dá em mim. – respondi.
- Ou após ela perder o amor da vida ela não tenha se
casado... –
- Tem isso também... São muitas vertentes a observar. Ela
pode ter sido morta na inquisição... –
- Olha o lado bom... – e eu o encarei. – Já temos os dois
sangues para nos livrarmos da maldição... –
- Só não sabemos como fazer isso. – respondi encarando a
árvore genealógica de Edward.
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