terça-feira, 26 de março de 2019

Capitulo 008

Pov. Edward.

Hoje o dia no hospital não foi tão tranquilo conforme eu havia pensado, logo cedo, mal cheguei ao hospital e já tive uma operação para fazer, Jacob pediu ajuda um dos meus internos para o Esquadrão Vagina, como Tyler batizou, Alice quis ir com ele, era um parto de trigêmeas, e ela sempre quis assistir ou participar de um parto. Pedi para Jessica ajudar na ortopedia e Tyler e Mike para a emergência e ficar lá até eu voltar a chama-los ou até que algum medico pedisse ajuda.

A operação foi caótica, eu conhecia muito bem aquele paciente, eu cuidava dele há muito tempo, ele tinha um tumor no cérebro, operável, mas era perigoso, já que ele se encontrava no estágio três e ele queria tentar a cirurgia. 15 horas de cirurgia. Eu estava exausto quando deixei o hospital, meu pai havia ligado para Kebi e pedido para que ela dormisse com as meninas porque devido à cirurgia eu não tinha hora pra voltar, mas assim que ela terminou, eu não queria ir para casa, eu me sentia mal de mais para ir para lá, então eu dirigi para o único lugar possível.  

- Edward? – Isabella abriu a porta do seu apartamento. – Que cara é essa? O que houve? –

- Posso entrar? –

- Claro. – ela me deu passagem e eu entrei enquanto ela fechava a porta atrás de mim.

- Me... Perdoe-me por vir aqui quase 2h da manhã, mas eu não sabia o que fazer. – falei me sentando no sofá dela e joguei as chaves em cima da mesinha de centro.

- O que houve? –

- Dia cheio. – disse simplesmente.

- O que aconteceu? – perguntou se sentando ao meu lado.

- Perdi um paciente. Nem era mais praticamente um paciente, de tantos anos cuidando dele, ele praticamente virou um amigo. Eu o deixei morrer. –

- Não diz isso. –

- É a verdade. –

- Por que acha que você o deixou morrer? –

- Ele estava no estagio três de um tumor no lóbulo frontal, e quis operar. 15 malditas horas para ele morrer devido à merda de uma parada cardíaca. –

- Ele sabia dos riscos? –

- Sabia. –

- Então você não teve culpa. –

- Mas eu me sinto mal. –

- Quando você entrou para a medicina já entrou sabendo que iria perder pacientes. Você já entrou sabendo que salvaria muitas vidas, mas que também perderia muitas. Meus pais sempre falavam para não se apegar. –

- Todo mundo fala isso, mas na hora... – senti um cafuné discreto em meus cabelos e quando dei por mim, percebi que era Bella fazendo cafuné.

- Disse que estava às 15h em uma cirurgia? – assenti. – Quer comer alguma coisa? –

- Não. Vou para casa, está tarde e eu nem deveria ter vindo para cá. – falei me levantando e antes que eu pudesse pegar as chaves, Bella pegou primeiro. – Me dá as chaves, por favor. –

- Nem pensar. Você está cansado, triste não vai dirigir. Depois acontece um acidente e eu vou me sentir mal. –

- Eu dirijo muito bem. –

- Mas está a mais de 15 horas acordado, trabalhando, não vou te deixar dirigir. – ela se levantou. – Se quiser ir embora, vá a pé ou de táxi, mas dirigindo você não vai. – ela seguiu até o que eu acho ser seu quarto e eu realmente fiquei tentado a ir a pé ou de táxi, mas ela voltou do quarto e se encostou ao batente da porta e ficou me encarando, como que se esperasse pelo que eu faria.

- Onde é o banheiro? – ela apontou para a porta atrás de si e eu entrei nela. – Aqui é o seu quarto. – falei ao ver a cama no meio do cômodo escuro. – Segunda porta a direita. – ela disse e eu segui para lá, liguei a luz do banheiro e por um pequeno instante quase dei um pulo me assustando com o lugar.

O banheiro era todo branco com vários detalhes rosa claro. O chão era branco e bem limpo, já que assim que eu acendi a luz, ele refletiu quase me chegando. E além de ser muito branco e rosa ele era bem grande, uma pequena penteadeira perto de uma pequena janela com cortina rosa, e um pequeno armário com toalhas ao lado, de frente para a porta que eu havia entrado. Ao meu lado esquerdo tinha uma banheira debaixo de um arco na parede, com dois candelabros antigos na parede, e um gancho com um roupão rosa pendurado e de frente para ela uma pia com dois pequenos vasos de flores e um grande espelho retangular e com mais dois candelabros ao lado dele e ao meu lado esquerdo tinha um pequeno box retangular com portas de vidro e notei uma pequena porta perto da banheira, provavelmente onde ficava a privada. Caminhei até a pia e abri a torneira e molhei meu rosto umas duas vezes e me olhei no espelho, eu estava realmente cansado, com olheiras fundas, só faltava à barba para parecer um maníaco. Deixei o banheiro e Bella me esperava sentava na cama mexendo no celular. Céus o que essa pessoa estava fazendo no celular às 2h da manhã?


- Pra você. – ela largou o celular a me ver na porta do banheiro e me entregou uma xícara cinza, pelo menos não era rosa.

- O que isso? – perguntei tentando ver o que tinha dentro, mas como o quarto estava iluminado apenas pela luz do poste da rua e por um pequeno abajur que tinha a luz fraca ao lado da cama não deu para ver direito.

- Só cala a boca e bebe. Não estou te drogando e nem nada do tipo. – ordenou voltando a se sentar na cama, só que dessa vez no meio da mesma e eu bebi fechando a cara. Chá de camomila. – Que foi? Tá fraco? –

- Tá quente. – expliquei o motivo da minha cara fechada.

- Que bom, porque chá de camomila gelado é ruim. Senta aqui um pouquinho. – deu uma batidinha na cama ao seu lado. – Pelo menos até acabar de beber o chá. – me sentei ao lado dela, e a cama dela era bem macia, eu acho que bem mais macia que a minha.

Enquanto eu terminava meu chá, perguntei como havia sido o dia dela, para tentar espantar a memoria de que mais um paciente havia morrido em minhas mãos e que eu não pude evitar. E para a minha felicidade Bella respondeu, ela não parecia incomodada com o fato de eu ter praticamente invadido a casa dela às 2h da manha e nem de tê-la acordado mais uma vez. Eu não sabia se era a luz fraca do quarto, ou o colchão muito macio, o cansaço de 15h de cirurgia ou o chá de camomila que havia feito efeito, eu simplesmente não sabia o que era eu só sabia que havia apagado.

X... X... X...

Acordei no dia seguinte com o sol queimando meu rosto, cocei os olhos e os abri, estancando imediatamente ao ver um enorme lustre pendurado no teto, eu não tinha um lustre no teto do meu quarto, e nem uma cama muito macia assim. Onde é que eu estava? Sentei-me na cama tentando me orientar e olhei em volta.

O quarto grande, com piso de madeira claro, paredes meio acinzentadas e teto de madeira, duas pequenas janelas ao lado da cama, e duas pequenas mesas de cabeceira ao lado da cama e uma pequena poltrona perto dela, não era do meu quarto. E muito menos a penteadeira em frente à cama, com um espelho redondo pequeno e outro grande, retangular, em pé, encostado na parede ao lado, com algumas luzes em volta e algumas caixas no chão e algumas bolsas da Victoria’s Secrets com algumas tulipas cor de rosa dentro, não era o meu quarto. Vi um porta retrato ao lado da cama e resolvi pega-lo para tentar me localizar. Era uma foto da Bella, com duas pessoas ao lado, provavelmente seus pais. A é me lembrei, eu sai do hospital e vim para a casa da Bella, tinha me esquecido disso. 


Levantei da cama e sai do quarto, a cama estava vazia então Bella já havia acordado, assim que abri a porta do quarto e o deixei ouvi uma musica tocando baixinha, se eu não me enganava era My Life Would Suck Without You, da Kelly Clarkson, e não, eu não ouvia Kelly Clarkson, mais Alice sim, e sempre que saímos juntos ela ficava cantando essas benditas musicas. Segui o som da musica e conforme fui me aproximando de onde o som vinha eu sentia um cheirinho waffles, e eu fui seguindo o cheiro e acabei chegando à cozinha.

A cozinha era um amplo espaço, de bobear o maior do apartamento. Piso de madeira escura e parede escuras, quase cobertas completamente por armários brancos, no meio dela uma pequena ilha com a construção de madeira escura e o balcão de mármore branco com uma pia no meio, e na frente dela era feito um banco com varias almofadas cinza e uma mesa redonda com mais duas cadeiras pretas perto dela.


- Bom dia. – a voz de Bella me chamou a atenção.

Ela estava do outro lado da cozinha, perto da geladeira, de frente para mim. E ela ainda estava de pijamas, quer dizer, ela estava com aquela roupa ontem? O pijama dela era no mínimo... Fofo. Uma camisa branca, um pouco larga, com o desenho de uma enorme xícara branca de café escrito Coffee is my Lover, com um coração no lugar do O em Lover, e com algumas corações saindo do café como se fosse a fumaça, e um short rosa com varias xícaras pequenas de café. Ela estava com aquela roupa ontem? Nem havia percebido.


- Bom dia. – falei. – Acabei dormindo na sua cama e você nem para me acordar para me mandar sair de lá, né? –

- Queria dormir onde? – ela se aproximou de mim com uma enorme xicara de café fumegante em mãos.

- No sofá?! Obrigado. -

- Ia acordar todo miúdo, já dormi lá uma vez, fiquei com dor na coluna por uma semana. E além do que, você praticamente deitou na minha cama e desmaiou. Sem exagero. – ela disse pegando outra xicara em cima da mesa.

- Você gosta de rosa em... – falei me lembrando do banheiro e da roupa dela e ela deu de ombros.

- Sou uma menina. – ela me disse e eu quase me engasguei com o café, já que ela começou a rir. – E por falar em menina... Se eu fosse você, eu ligaria para a Alice, que se eu não me engano você disse que era sua irmã. Ela já te ligou umas vinte vezes. –

- Depois falo com ela. É melhor eu ir embora, já te atrapalhei demais. – falei e ela revirou os olhos bebendo um gole do café.

- Primeiro você não atrapalha e segundo você vai tomar café, não fiz waffles a toa. Pra dizer a verdade eu sempre faço para mim, mas se eu comer todos eles eu vou virar uma bola. –

- Você sempre fala tudo que vem a cabeça? –

- Infelizmente sim, e para piorar, costumo fazer tudo que vem a cabeça. Agora senta a bunda e come. – ordenou e eu comecei a rir, parecia até a minha irmã querendo dar ordens em mim. Uma coisinha de meio metro dando ordens a uma coisa de quase dois metros, mas eu estava com fome, não havia comido nada ontem, quer dizer, apenas o café da manhã e depois mais nada. Sentei-me a mesa no meio estante que ela havia colocado o prato com waffles na mesa e se sentou, com uma perna dobrada em cima do banco e a outra arqueada, com o pé em cima do banco.

- Sabia que sentar assim faz mal quando se come? – ela revirou os olhos, mas abaixou a perna, sentando na posição de lótus, melhor do que ter a perna pressionando a barriga enquanto come. Bella pegou um dos waffles e o pote de nutela e derramou mais da metade em cima dela. – Não me surpreende em você virar uma bola, além de comer waffles que já tem calda, você ainda joga meio pote de nutela. Como você é tão magra? –

- Eu enfio o dedo na goela e vomito. – falou chupando o dedão que tinha se sujado de nutela e eu olhei feio para ela. – É brincadeira. – relaxei. - Céus, você é pior que meu pai. – reclamou. – E eu faço exercícios sempre que posso, e além do que, eu como feito sei lá o que e não engordo. – explicou e cortou um pedaço enorme do waffles com nutela e enfiou na boca.

Sorri, era impossível não sorrir com essa louca por perto. Acho que o acidente de carro que sofreu há uns anos danificou o cérebro dela. Tratei de sossegar também e comer, depois de termos terminado de comer, praticamente enchi a paciência dela para que pudesse limpar a cozinha enquanto ela se arrumava para o trabalho. Depois de ter terminado, bati na porta do quarto dela, eu precisava muito usar o banheiro, estava bem apertado, ela disse que eu podia entrar, entrei no quarto e ela não estava nele e nem no banheiro, ou tem outra porta para outro lugar ou não sei.

Dentro do banheiro, achei uma escova de dente, nova, ainda na embalagem em cima da pia, estava obvio que ela estava ali para que eu a usasse. Fiz minhas necessidades e escovei os dentes e deixei o banheiro, Bella estava de frente para a penteadeira, penteando o cabelo e tinha uma porta, ao lado da penteadeira, a qual eu não havia notado antes, a porta estava aberta então dava para perceber que era o armário dela. Além de comer e não engordar essa garota fica a cada vez que eu a vejo mais linda, e eu nem sei se isso é possível. Ela usava uma calça jeans escura justa, que realçava muito bem seu quadril, uma blusa branca de botões com os primeiros abertos, onde dava para perceber um pedaço de seu sutiã, um colar branco com alguns detalhes amarelos.


- Gostou da minha bunda? – perguntou tirando minha atenção da roupa dela. Percebi que ela tinha parado de pentear o cabelo e me encarava pelo espelho. Pego no flagra. E como eu disse antes, ela não era normal.

- Nem estava olhando para ela. Estava olhando para um ponto qualquer. – tentei disfarçar.

- Sei um ponto qualquer que no caso é a minha bunda. Limpa a baba Dr. Cullen. – falou terminando de pentear o cabelo.

- Sabe que eu não sei o seu sobrenome. – tentei mudar de assunto e ela riu, se sentando na cama para calçar seus saltos, como havia dito antes, não sei como mulheres conseguem andar naquilo.

- Swan. Isabella Swan. – falou se levantando e pegando a bolsa. – Vamos? –

- Minhas chaves. – a lembrei.

- A é, verdade, tinha até esquecido. – ela abriu uma gaveta e eu juro que vi varias calcinhas dentro dela, e ela puxou minhas chaves de lá.

- Você escondeu minhas chaves na sua gaveta de calcinhas? – perguntei incrédulo.

- Achei que fosse o único lugar que você não iria procurar. – ela me entregou as chaves rindo. – Fica tranquilo, as calcinhas estão limpas, e são macias. A maioria é da Victoria’s Secretes, mas eu acho que você não precisava saber disso não é. –

- Tem toda a razão, não precisava. –

- Como disse antes, eu falo tudo que me vem à cabeça. –

- Percebe-se. – deixamos o quarto dela, e seguimos para a sala, ela pegou as chaves dela e o celular em cima da mesinha de centro e deixamos o apartamento, pegando o elevador para descer. – Me diga como é que você consegue ficar em cima desse salto o dia inteiro? – perguntei olhando para seus pés.

- Eu sou baixinha. Ou fico em cima disso ou ninguém me vê. –

- Você parece ser maior que a minha irmã. –

- Amém, senhor, achei alguém menor que eu. – ela falou e eu ri quando as portas do elevador se abriram e seguimos para a rua, onde nossos carros estavam parados. Ela abriu a porta do carona de seu carro e jogou a bolsa e o celular lá, ficando apenas com as chaves na mão e voltou a fecha-la.

- Obrigado. – agradeci. – E me desculpe se te incomodei. –

- Não incomodou. – deu de ombros sorrindo e olhou para os lados com o canto dos olhos. – Lembra do que eu disse a pouco tempo que eu falava tudo que me vinha à cabeça? –

- Lembro. –

- E que eu disse que, além disso, eu fazia tudo que me vinha à cabeça? –

- Lembro o que tem? – perguntei e ela não respondeu. Pelo menos não com palavras, para minha completa surpresa, ela me empurrou devagar contra a lateral do meu carro, colocou a mão na minha nuca e uniu nossas bocas. Obviamente, fiquei surpreso no inicio, mas meu corpo agiu sem ouvir minha cabeça e minhas mãos foram parar na sua cintura a apertando com força e unindo mais o corpo dela contra o meu e passando a língua pelos seus lábios e tendo eles reabertos, como resposta. Quando o ar se fez necessário, o beijo se encerrou e ela se afastou um pouco, para minha infelicidade.

- Tenha um bom dia no hospital, Dr. Cullen. – desejou com as bochechas coradas.

- Você também, Drª. Swan. – mal terminei de falar e ela uniu nossas bocas mais umas duas vezes, em selinhos rápidos e depois por fim se afastou de vez, indo para o seu carro. Ela entrou nele, o ligou e foi embora, respirei fundo e dei a volta no meu, entrando nele e indo para casa, eu iria para o hospital, mas precisava tomar banho e trocar de roupa antes.

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