Alguns dias haviam se passado desde a volta de Aspen, não posso mentir
e dizer que não me divertir mais do que achei que iria, porque seria uma bela e
grande mentira, porque io me divertir, principalmente com Edward. Era bom ter
um professor que queria e gostava de ser amigo de seus alunos.
Alice acordou extasiada e de madrugada essa manhã e ainda acordou-me
junto. Hoje era comemorado “o dia do amor”, um “feriado” completamente
capitalista, já que o dia dos namorados foi semana passada, e ela queria ir bem
vestida para a escola, até porque depois iria sair com Jasper para Port Angeles
ou Seattle, não sei io estava dormindo, e só voltaria à noite. Alice vestiu uma
calça preta e uma blusa de mangas compridas branca com listras pretas e um
casaco longo vermelho e sapatilhas pretas. E ainda faltando cerca de uma hora e
meia para a aula começar ela já está a pronta e me apressava para irmos embora
logo.
Io non estava nem um pouco afim de me “arrumar” estava cansada e com
sono e na primeira noite que io consigo dormir sem pesadelos, Alice me acorda
berrando. Vontade de matar mia prima. Tomei um banho quente e me vesti. Uma
calça jeans, uma camisa branca com finas listras pretas e um pouco largas e um
casaco de crochê cor de mostarda e tênis brancos. Alice torceu o nariz ao ver
que io non havia me arrumado igual a ela e io pouco me importei. Estava de mal
humor.
Por pura falta do que fazer ela me fez chegar à escola meia hora mais
cedo e io deixei-a se agarrando ao namorado e entrei principalmente para me
proteger da neve que começava a cair.
- Que foi menina? - Edward perguntou se aproximando do meu armário
quando io o fechei com força.
- Sono arrabbiato e voglio
uccidere Alice. -
reclamei encostando as costas no armário.
- Por quê? -
- Perché? - retruquei
ironicamente. - Semplice! Perché la prima
notte, che io dormo bene e senza incubi. Alice mi sveglia urlando alle cinque
del mattino. - io quase gritei a última sentença.
- Por quê? -
- Perché lei voleva un aiuto per vestirsi ... Solo perché oggi è il
giorno dell’amore. - reclamei.
- Alice tem merda na cabeça? -
- Sì. - reclamei. - Io sto
caindo de sono. - choraminguei coçando meus olhos.
- Eu não entendo porque fazem todo esse carnaval para o dia do amor. -
virei o rosto o encarando.
- Tu non hai una ragazza? - negou.
- Tive uma durante a faculdade, mas não foi para frente. Depois disso…
- deu de ombros. - Mas mesmo assim nunca tive tanta animação para o dia do amor
ou dos namorados. - pensou um pouco. - Minha mãe acha que é porque nunca
encontrei alguém que eu realmente gostasse. -
- Buona Fortuna! - Cocei os olhos de novo. - Io non
credo que a primeira aula é trigonometria. - reclamei ajeitando a alça da
mochila em meu ombro.
- Começa com trigonometria e termina com biologia. -
- Che palle. -
- Quanta boca suja… - sorri de lado.
- Quando achar ou conhecer um italiano com a boca limpa, noi conversamos. -
- Pode deixar. - disse rindo. - Vai para a aula mocinha. -
- Bene che qui podia ter uma
igreja para se matar aula lá. -
- Por que eu suspeito, após a sua revelação em Aspen, onde você disse
que odeia biologia, que caso tivesse uma igreja aqui, eu nunca iria te ver na
sala de aula? -
- Perché dependendo do
assunto io realmente non iria aparecer. - disse e ele jogou a cabeça para trás
rindo.
- Vai para a aula, Isabella. - suspirei e fui.
As aulas se arrastaram mais lentamente do que das outras vezes, a
diferença era que sempre de uma aula para outra, ou sempre que io pegava a mochila
ou abria o armário tinha um pirulito rosa. Por que diabo io estava recebendo
isso?
Finalmente a minha última aula havia chegado e a minha mochila estava
cheia de pirulitos rosa. Io, como sempre, havia sido a primeira a entrar na
sala e io não via Alice desde que a deixei no estacionamento com Jasper.
- Hey. - Edward disse a me ver entrando na sala.
- Poderia me explicar o motivo de io ter ganho um monte de pirulitos
rosa? -
- Hoje é dia do amor. - disse simplesmente.
- E? - perguntei indiferente.
- Não tinha esse costume em Siena?
De dar um pirulito a pessoa que você estava a fim? - neguei.
- Non. Noi dávamos cartões,
que noi éramos obrigados a fazer na aula de artes e assinar. E você ainda
entregava na cara da pessoa e não jogava dentro da mochila dela e isso no dia
dos namorados. - reclamei abrindo minha mochila vendo o mar de pirulitos rosa e
ele riu.
- Quantos admiradores! - comentou levemente irritado.
- O que io vou fazer com isso? -
- Comer, passa adiante ou joga fora. - bufei jogando minha mochila no
balcão e me sentando.
- Cadê todo mundo? O sinal não bateu? -
- Devem estar se comendo atrás da arquibancada. - ele disse normalmente
e io o encarei. - Que? Acha mesmo que quem tem namorado ou esta ficando com
alguém está na escola? Meu irmão e Alice mal chegaram e foram embora. -
- Então vai dar aula apenas para mim? -
- Sim e não! O que eu vou fazer
é te dar um teste valendo ponto e com isso ferrar todo mundo que não veio e
depois liberar você. - e Ângela entrou correndo na sala. - Você e ela. – se
corrigiu rapidamente.
- Desculpa a demora. - ela disse e se sentou a sua mesa.
- Lápis, borracha e caneta em cima da mesa e o resto embaixo da
cadeira. Teremos teste surpresa que irá integrar a nota da prova, junto com o
trabalho que eu vou passar amanhã. - disse a ela e io peguei minhas coisas
guardando o resto. Ele entregou primeiro a de Ângela e depois a minha. - E eu
acho que agora é a hora em que você surta. -
- Perché? -
- Porque a prova e o trabalho serão sobre anatomia humana. - disse meio
sem jeito. - O que significa que amanhã começaremos sobre anatomia humana. -
olhei para o teto. - Mas precisamente sobre reprodução humana. -
- Caso o senhor non se importe, tem como jogar um raio, dos bem fortes,
em minha cabeça? - pedi a Deus.
- Menos Bella! - ele me entregou o teste e igual ao primeiro, todo em
italiano.
Io e Ângela fizemos o teste, devagar. Edward ficou sentado a sua mesa
nos encarando, enquanto io deslizava a ponta do lápis pelo papel escrevendo as
respostas. Um pouco antes de o sinal tocar Ângela entregou o teste e se foi e
io terminei o meu cinco minutos depois dela.
- Você pode fazer isso? - perguntei entregando meu teste a ele.
- Isso o que? -
- Aplicar um teste sem basicamente ninguém na sala? -
- A partir do momento em que não é feriado, ponto facultativo, ou que
eu não tenha dispensado alguém. Sim, eles faltaram por livre e espontânea
vontade. - ele colocou os dois testes dentro de uma pasta. - A propósito, como
vai para casa? -
- Andando. -
- Sozinha? -
- É non é. Alice me abandonou. - disse fechando minha mochila. - Vou
ligar para a mia madrina, se ela puder me buscar… Se não, vou sozinha. E
torcendo para não me perder, ou ser sequestrada por um palhaço aranha ou não
ver uma aranha palhaço. -
- Primeiro. O que diabo é um palhaço aranha ou uma aranha palhaço? -
perguntou se levantando e parando ao meu lado.
- Palhaço aranha é um palhaço fantasiado de aranha e uma aranha palhaço
é uma aranha fantasiada de palhaço. -
- Tem medo de palhaço e aranha? - assenti.
- E quando io era criança tinha sonhos com isso. - expliquei.
- Vamos, eu te deixo em casa. -
- Melhor non. -
- Por quê? -
- Não quero mais ninguém falando de mim. E nada de carros. - expliquei.
- Vamos caminhando. Emmett pegou meu carro mesmo. - ele suspirou. - Só
espero que ele não esteja fazendo nada dentro do meu carro. - ele se arrepiou
apenas por pensar. - Vou apenas assinar a minha saída e te encontro do lado de
fora da escola.
- Ok. - ajeitei minha mochila sobre meus ombros. Como io estava
proibida de fazer educação física io estava liberada da última aula, e como
ninguém foi para a aula de biologia, ninguém iria para a aula de educação
física.
Não demorou muito e Edward chegou, a escola estava quase que vazia,
tanto que ninguém iria me ver saindo da escola com Edward. Noi fomos caminhando
devagar até a casa de minha madrina, hoje seria um dia do amor igual aos
outros, io iria ficar sozinha em casa, sem fazer nada.
…
-
Vamos para casa, meninas. - ouvi a voz de mio
babbo enquanto ele nos guiava para fora do estádio. - Gostou amor? - perguntou
quando io me joguei em suas costas.
-
Sì. Io amo vir aqui e sentir a vibração vindo
dos tifosi. É algo contagiante. - disse ainda animada pela partida.
Quer comer algo antes de irmos embora? – mia
mamma perguntou colocando a touca preta em minha cabeça.
-
Non, Mamma. - disse e ela sorriu.
Noi deixamos o estádio e caminhamos para o
carro, ainda era cedo, iríamos chegar em Siena no início da noite. Io acabei
dormindo uma boa parte do caminho, mas acordei faltando cerca de uma hora e
meia para chegarmos em casa. Io havia perdido o sono e estava com fome. Peguei
o telefone para jogar algumas palavras quebradas.
-
Babbo, desviar do centro com 11 letras? -
-
Centrifugar. -
Ele respondeu e io escrevi e estava certo,
passei para o próximo nível das palavras quebradas, io estava focada em meu
celular quando ouvi o som de pneus derramando. Não estava nevando, não tinha
gelo ou neve nas estradas, não era para o carro derrapar, levantei a cabeça e vi
uma luz branca e forte me cegando.
Dei um pulo na cama sentindo um aperto forte em minha garganta, meu
coração batia descompassadamente. Levei minha mão até minha testa que estava
molhada e vi que minhas mãos tremiam. Io respirava pela boca, buscando o ar,
mas o aperto em meu peito impedia que o ar chegasse aos meus pulmões. Io
precisa de ar. Corri para a janela e ao abrir a janela, fora como se eu tivesse
levado um soco forte no estômago. Neblina. Toda a rua, o quintal estava coberta
de neblina.
Io me afastei da janela e sentia a neblina invadindo o carro, e me
alcançando, ao mesmo tempo em que io tentava me afastar dela. Conforme a
neblina me alcançava e subia pelas minhas pernas, io sentia a pressão em meu
peito, meus ouvidos zumbindo, sentia minha garganta fechar e minhas mãos
tremendo mais ainda. Corri até o meu telefone que estava carregando ao lado da
cama e o peguei na tentativa de ligar para minha madrina. Porém, antes que io
chegasse ao M, um nome me chamou a atenção. Edward. Ele havia me dado o número dele na segunda semana de aula
para o caso de io precisar falar com ele e io apertei com força a tecla de
ligar.
- Bella? - ele atendeu no segundo toque e io tentava falar, mas a
pressão em meu peito me impedia de falar. - O que foi? -
- Vieni qui, per favore. -
pedi sentindo meus olhos arderem e lágrimas escorrendo de meus olhos.
Ele não disse nada, apenas desligou o telefone e io sai do quarto
fugindo daquela neblina enquanto tentava respirar, sem sucesso. E fiquei
sentada no chão ao lado da porta de casa, e como io temia, a casa estava
assustadoramente vazia e com as cortinas abertas e qualquer luz que vinha do
lado de fora, criava formas assustadoras contra a parede de casa e io me
encolhia mais ainda contra a parede a qual eu me encostava.
Não demorou muito e io ouvi um carro parando bruscamente contra o meio
fio, me escorando na parede, io me levantei e abri a porta ao mesmo tempo em
que ele subiu na varanda. Edward estava bem vestido, camisa branca e paletó
preto.
- Bella, o que foi? - perguntou preocupado e io enlacei seu pescoço com
os meus braços e ele enlaçou minha cintura me levando no colo. - Shiu, calma. -
disse entrando em casa e fechando a porta com o pé enquanto o choro saia com
força e molhava a gola de sua camisa. - O que foi, menina? -
- Io… Io non consigo… Respirar. - disse entre as arfadas de ar e o
choro.
- Está tudo bem. Eu estou aqui agora. - disse mexendo em meu cabelo. -
Cadê seus padrinhos? E Alice? -
- Non se. - respondi quando
ele se sentou no sofá comigo. - Io non vejo Alice desde que cheguei à escola e mios padrinis saíram para jantar e ainda
não voltaram. - expliquei quando ele passou cuidadosamente minhas pernas para o
lado, para me fazer sentar em seu colo e me puxou para seu peito, e io me
aninhei ali.
- Está tudo bem… Você vai ficar bem. - ele repetia baixo enquanto ele
me deixava chorar contra o seu peito.
Edward me deixou chorar em seu pescoço até que io me acalmasse, quando
o pranto tornou-se apenas um choro fraco, ele sentou-me no sofá e io abracei
minhas pernas enquanto ele ia até a cozinha. Não demorou muito e ele se sentou
ao meu lado, me entregando um copo d'água.
- O que aconteceu? - perguntou após io beber a água toda e ele pegar o
copo de minha mão.
- Io… Io tive aquele pesadelo de novo… Só que foi pior. - expliquei
abraçando mais forte meus joelhos.
- Pior quanto? -
- Mio cuore batia rápido
demais, sentia um aperto em meu pescoço, tremores, suor, falta de ar, meus
ouvidos zumbiam e… -
- Sentia-se claustrofóbica? Como se as paredes estivessem apertando
você? - assenti sentindo as lágrimas ainda escorrendo de meus olhos. - Bella,
eu acho melhor você ir a um psiquiatra. - o encarei. - Parece que teve uma
crise de síndrome do pânico ou um início de claustrofobia. Pode piorar e seria
bom se abrir com alguém. -
- Non adianta. -
- Tenta. Logo, antes que isso se repita e você acabe desenvolvendo
depressão profunda. - ele disse segurando minhas mãos.
- Io me abri com você e não adiantou. -
- Mas um psiquiatra pode te receitar alguns remédios para melhorar… -
ele apertava minhas mãos firmes, como se tentasse passar segurança para mim. -
Eu vou falar com a sua madrinha. - eu simplesmente assenti. - Por que ligou
para mim e não para a sua madrinha? -
- Foi o primeiro número que achei. -
- Vem, vou te colocar na cama. - balancei a cabeça negando. - Eu não
vou sair daqui até seus padrinhos chegarem. - garantiu e ele me pegou no colo.
Edward subiu as escadas comigo no colo e deitou-me na cama e se sentou
ao meu lado, passando o braço pelo meu corpo e me abraçando contra seu peito e
mexendo em meu cabelo.
- Io atrapalhei algo? - perguntei após alguns segundos.
- Não, por quê? - perguntou mexendo em meu cabelo.
- Você está arrumado… -
- A verdade é que você me salvou. Minha mãe me arrumou um encontro com
a filha de uma amiga dela. E eu não queria ir. -
- Perché non? -
- Encontro às cegas é a pior coisa do mundo. Vai que a mulher é
psicopata? - brincou sorrindo. -
- Talvez ela fosse la donna della
sua vita.. - eu mantinha o
assunto, por mais que io non quisesse pensar nisso, apenas para não dormir.
- Duvido muito. Pela descrição de minha mãe, ela não é o meu tipo de
mulher. -
- E qual é o seu tipo favorito de donna?
-
- Dorme Bella. – respondeu
simplesmente.
- Io non quero dormir. Estou com paura
de dormir. - disse me aconchegando mais contra o seu peito. - Me conta qual é o
seu tipo preferido de donna. -
- Quer saber isso por quê? -
- Io só quero que fale qualquer coisa para que io non durma. -
- Ok. Essa mulher com quem minha mãe armou para eu sair era… Loira, e
eu nunca fui muito fã de loiras, e, segundo minha mãe, consumista, não
trabalha, não terminou a faculdade, vive com a mãe. -
- Você também vive com tuos
pais. -
- Porque eu moro em Forks e mesmo assim eu me sustento e ajudo nas
despesas, ela não. -
- Resumindo é uma inutile? -
- É. -
- E mesmo assim tua mamma
queria que você saísse com ela? -
- Segundo minha mãe, ela tem um bom coração… Mas do que adianta ter só
um bom coração? - ele continuava a mexer em meus cabelos. - Como disse em
Aspen, não é beleza o que me atrai, é o cérebro. -
- Então em comparação a outros uomini,
a beleza não é a única coisa que importa para você? -
- Nunca foi. - disse simplesmente. - Eu te falei, eu acho mulheres
inteligentes e intelectuais sexy. Pessoas que vivem montada em salto alto,
maquiagem e roupas apertadas, decotadas e curtas… É bonito para algumas
situações, mas uma mulher que vive montada assim e não diz quem é de verdade,
sem aquela montagem toda, nunca me atraiu. Prefiro ao natural. - disse
simplesmente. - E quanto a você? -
- Io nunca me interessei por una
donna. - respondi e ele riu fazendo seu peito chacoalhar levemente.
- Sim, mas, você tem quinze anos, nunca se interessou por nenhum garoto
ou homem? -
- Paixão platônica por ator ou cantor ou personagem fictício serve? -
- Se tiver por algum homem acessível e de verdade… - ele riu.
- Non, pelo menos non em Siena… Acho que era porque io tentava achar
alguém igual ao mio babbo e ao mesmo tempo ele e Jacob impediam que algum homem
se aproximasse de mim. - respirei fundo. - E io nunca me importei, perché io
achava que só se aproximavam de mim, pelo que io terei, e por quem é mio babbo
e non por mim mesmo. Acho que fora mia
famiglia, Lena e Jacob, você foi é a única pessoa que está, em termos, me
conhecendo realmente… E io mal te conheço. -
- Eu também mal te conheço e me abri com você. - apontou.
- Você tem me dado mais atenção do que Alice. - soltei.
- Percebeu isso? – perguntou sem jeito.
- Não tem como não perceber. Antes de isso tudo acontecer, Alice falava
comigo quase todo dia por telefone ou Skype, mas desde que io cheguei, ela fica
o dia todo com Jasper ou com Rosalie. E só me chama para ir ao shopping em
Seattle ou Port Angeles. - reclamei. - Parece que é apenas isso o que ela sabe
fazer. Namorar e compras… - levantei a cabeça o encarando. - E depois você diz
que io não vivo. É isso o que você chama de viver? Correndo atrás de um cara e
andar o dia todo em um shopping? -
- Não. Não é isso o que eu chamo de viver. E é por isso que por mais
que eu ache Alice ou Rosalie bonitas, eu nunca me interessaria por elas. -
- E por mim? - perguntei como quem não quer nada. - Quer dizer… Se
tivéssemos a mesma idade e você não fosse meu professor. – me apressei em dizer.
- Eu nunca liguei para idade. Mas sim, se eu não fosse seu professor,
provavelmente sim. - respondeu. - Eu gostei de conhecer melhor você, pelo menos
em termos… -
- Io não sou assim. - o interrompi. - Nunca fui tão “frágil” desse
jeito. E nunca me senti tão frágil e inutile.
-
- Você não é inútil. -
- Io me sinto uma inutile.
Non consigo dormir sozinha, non posso andar
sozinha, tem sempre alguém em cima de mim, querendo saber se io sto bene ou algo do tipo e eles não veem
que isso me irrita. - reclamei me sentando na cama e me afastando dele. - Non sono una maledetta bambola di
porcellana. - reclamei.
- Admito que sua madrinha esteja exagerando um pouco. Mas ela perdeu a
irmã e por pouco não perdeu a afilhada junto. Ela vai tentar proteger você de
tudo e todos. -
- Non precisa exagerar tanto. - rebati. - Me sinto sufocada. - ele me
puxou pelos ombros para deitar a cabeça em seu peito de novo.
- Conversa com ela e pede para ela afrouxar o aperto. Mas, se ela
levar você a um psiquiatra e ele comprovar que você está no início de
desenvolver uma síndrome do pânico ou depressão… Ela não vai mais tirar os
olhos de você. - explicou.
- Io sto tão cansada. –
resmunguei fungando.
- Dorme. Eu já disse que não vou sair daqui até seus padrinhos
chegarem. -
- Eu não quero ter outro pesadelo. - comentei aninhando meu corpo
contra o dele e ele deu um beijo no topo da minha cabeça. - Fala sobre alguma
coisa… Qualquer coisa. - pedi.
E ele falou. Edward falava sobre algumas besteiras, mas nem isso
impediu que io dormisse. Não demorou muito e io dormir com a cabeça apoiada em
seu peito e com ele fazendo cafuné em meus cabelos. E dessa vez, grazie a Dio, sem pesadelos.
…
- Mas eu não fiz nada. - acordei com Alice gritando e dei um pulo da
cama. Io estava sozinha e o quarto estava escuro, com a cortina fechada e io a
puxei levemente e vi que estava nublado, mas já havia amanhecido. Peguei meu
telefone e vi que tinha um pequeno bilhete em cima dele.
'Oi Bella. Para você estar lendo
isso é porque você acordou e eu não estou mais ai. Um pouco depois que eu
comecei a falar, você dormiu, a verdade é que você apagou em meu colo. Sua madrinha
chegou por volta das duas da manhã e depois de eu ter conversado com ela, eu
fui embora. Do jeito que eu prometi, só fui embora depois que ela chegou.
Qualquer coisa me liga. A qualquer hora. Edward.’
- Exatamente, você não fez nada. - agora a voz que io ouvi foi a de mia
madrina. - Eu falei para você vir para casa cedo, para ficar com a sua prima, e
eu chego aqui às duas da manhã e ela estava com o Edward e você na rua. A
propósito, na rua até agora. - peguei meu celular e vi a hora. Era um pouco
mais das nove da manhã. Como io non havia acordado com o despertador para ir
para a aula. - Alice eu falei com você vinte vezes e você me ignorou as vinte
vezes… Você está de castigo por quinze dias. Só sai para a escola e eu não
quero Jasper aqui. -
- Por quê? Só porque eu cheguei tarde em casa, não é a primeira vez. -
- Porque você deixou a Bella sozinha. Ela teve um surto à noite e não
tinha ninguém aqui para acudi-la. Imagine se algo sério e grave tivesse
acontecido? -
- Mas mãe… -
- Chega. Pro seu quarto. - desci da cama e caminhei até a porta, e
assim que io abri a minha eu ouvi Alice batendo a dela com força, me fazendo
soltar uma careta de dor quando o som reverberou em meus ouvidos.
- Madrina. - a chamei e ela
me encarou.
- Não acredito que Alice te acordou. -
- Perché não me acordou para
ir para a aula? -
- Porque você não vai. Já que acordou, se veste que eu vou te levar ao
médico. -
- Io sto bene. - garanti.
- Eu vou te levar a um psiquiatra, Bella. - disse simplesmente. - Eu
conversei com Edward de madrugada, antes de ele ir embora. É melhor te levar
logo a um psiquiatra antes que o que aconteceu ontem ocorra de novo e pior. -
- Madrina. Pega leve com
Alice. -
- Não Bella. Não defenda sua prima. Eu a mandei chegar em casa cedo e
ela tem que me obedecer. - disse firme. - Agora vai se trocar. - assenti
entrando no quarto novamente.
Peguei uma roupa no armário e segui para o banheiro, antes de seguir
para ele, io parei em frente à porta do quarto de Alice e antes que io pudesse
bater, girei em meus calcanhares e segui para o banheiro. Lavei meus cabelos
lentamente, com o meu shampoo favorito. Terminei meu banho e me enrolei na
toalha e sequei meu cabelo com o secador e me vesti.
Calcei uma calça jeans clara, com dois rasgos nos joelhos, uma camisa
branca e um casaco cor de pele e calcei meus tênis e desci. Depois de tomar
café e subi as escadas para escovar os dentes e depois de pronta segui para o
hospital e nada de Alice aparecer de novo.
Madrina foi caminhando até o hospital comigo, a neve havia parado de
cair e o fim do inverno se aproximava. A psiquiatra se chamava Carmen. Madrina
conversou com ela um pouco e depois me deixou sozinha com ela. E como sugerido
por Edward, io me abri com ela. Contanto tudo, absolutamente tudo. Como existia
a lei médico-paciente, tudo o que io falasse para ela, não sairia de dentro dessas
paredes brancas.
…
Céus, porque io non poderia ser um avestruz e enfiar minha cabeça em um
buraco? Foi o que pensei um mês depois desde a primeira consulta na psiquiatra,
Edward ainda dava aula sobre anatomia humana e passava alguns slides e io mantinha
minhas mãos cobrindo meus olhos e cantarolava mentalmente alguma música para
não ouvir o que ele falava e nem as piadinhas dos outros alunos.
De vez em quando, io abria os olhos para ver se os slides haviam
acabado e via Edward me encarando enquanto explicava e evitava rir enquanto
voltava ao assunto e io fechava os olhos de novo. Perché diavolo colocam essas coisas em uma aula?
Io non sabia quanto tempo havia se passado desde a última vez que io
fechar meus olhos e mentalizava uma música até que ouvi Edward, basicamente,
berrando em meu ouvido. Quando abri os olhos, notei estava na sala sozinha com
o Edward. Nem Alice havia me esperado.
- Achei que estivesse brincando quando disse que ficava envergonhada
com essa matéria. -
- Io odeio essa matéria. Nem sei para que tu ensina isso. -
- Grade curricular. Acredite que para poupar meus ouvidos das merdas
que os alunos falam, eu também abriria mão dessa matéria. - respondeu. - Mas
não foi para isso que eu te chamei. Eu já vou para casa e Alice disse que iria
sair com Rosalie para o shopping. E aproveitando que está um pouco calor hoje,
me acompanha para tomar um sorvete. -
- As pessoas vão nos ver juntos! -
- E daí? Eu sou amigo da sua família há anos… - deu de ombros. - Anda
vamos. -
- Andiamo! - cedi. - Io amo gelato. - disse levantando da cadeira.
- Sabes que esse sorvete não é caseiro igual ao italiano, não sabe? -
- Lo so. E quer mesmo me
fazer desistir? -
- Não. Desculpa. - pediu sorrindo e noi deixamos a sala.
Nós fomos andando até a pequena sorveteria, que não estava muito cheia
e io via as pessoas olhando para noi due,
sentados à mesa, tomando um sorvete e ele ignorava e io fazia o mesmo.
- Então. Eu tenho um convite para te fazer. - io o encarei com a
sobrancelha arqueada. - Nada de carros, contanto que goste de andar. E muito.
Muito do tipo umas duas horas caminhando.
Menos que queria andar de carro por quinze minutos e às duas horas
torna-se apenas uma. -
- Due. -
- Tudo bem. - ele sorriu.
- Para onde? -
- Surpresa. - bufei revirando os olhos. - Porém… Leve toalha e roupa
para entrar na água. -
- Quando? -
- Amanhã. Raridade! Fará sol o final de semana inteiro e eu quero levar
você a um lugar favorito meu aqui em Forks. -
- Devo me assustar? -
- Não. - garantiu.
- Tudo bem. Io vou ver com mia madrina e te aviso. -
- Não precisa. Já falei com ela e ela deixou. Contanto que eu te
devolva do jeito que eu te pegar. - tirei os olhos do meu sorvete io o encarei.
- Quer dizer… - disse puxando um pouco a gola da camisa afrouxando-a e
engolindo em seco. - Quando eu te pegar na sua casa, para irmos a esse lugar. -
disse meio sem jeito e io sorri torto e colocando uma colherada de sorvete na
boca.
- Quem vai? - perguntei
- Eu e você. - respondeu. - Mais ninguém quer ir. É bom... Sua madrinha
acha que você precisa respirar ar fresco e pegar um pouco de sol antes que
fique com raquitismo. -
- Io vou. - garanti.
- Ótimo. - sorriu.
…
E como prometido io ia a esse lugar que ele queria me levar. Nós
teríamos que sair de casa cedo, por volta das seis da manhã e às cinco e meia io já estava pronta. Io acreditava que mios
padrinis iriam falar alguma coisa, mas non, eles apoiavam, principalmente madrina que non queria que io ficasse em
casa o dia todo.
- Está fazendo o que acordada há essa hora? - dei um pulo na frente do
espelho me assustando, ao ouvir a voz de Alice na porta do quarto.
- Terminando de me vestir. - respondi penteando meus cabelos com os
dedos mesmo. Io já estava pronta, Edward havia pedido para que io levasse toalha
e roupa para entrar na água, io havia colocado um biquíni, quando Lena me
ajudou a fazer as malas ela basicamente esvaziou meus guarda roupas nas malas,
porque ela sabia que se tinha uma coisa que io non tinha a menor paciência,
essa coisa era fazer compras. Coloquei uma blusa de alças, larga com os buracos
dos braços grandes, indo quase até a minha barriga, mostrando um pouco do sutiã
do meu biquíni preto, calça de academia preta, tênis e um casaco rosa.
- Para que? São quase seis da manhã. -
- Vou sair. - disse simplesmente.
- Há essa hora? Com quem? -
- Com o Edward. - respondi já incomodada. Alice já non falava comigo
direito desde o pequeno surto que tive mês passado e a mia madrina a colocou de
castigo. - Ele me chamou para fazer uma caminhada. - disse simplesmente. - Ele
disse que chamou vocês, e vocês não quiseram ir. -
- Ninguém me chamou para ir a lugar nenhum. - disse ríspida. - E se eu
fosse você, também não iria. -
- Perché? -
- Ele nunca chamou nenhuma aluna dele para ir a lugar nenhum. Nem mesmo
eu e Rosalie, que basicamente vivemos dentro da casa dele, e isso porque não
quer que essa cidade estúpida fale algo sobre ele se envolver com as alunas
menores de idade… E isso é estranho, porque ele tem trazido você todos os dias,
e andando, levou você ontem para tomar sorvete e agora isso… É estranho. -
- Non. Non é. Perché ele está fazendo o que tu non faz. Dar-me atenção.
- retruquei. - Antes de io vir para cá, tu solo falava que sentia minha falta e
desde que io cheguei tu só sabe correr atrás do Jasper, segurando ele, igual um
cachorro segurando o osso. - ela fechou a cara.
- Tem razão. Eu tenho que passar mais tempo com você. Até porque você
não teve culpa do que aconteceu e nem de ter sido obrigada a vir para cá. -
agora quem fechou a cara foi io, devido à falta de cinismo dela. - Então, para
onde vamos? -
- Vamos? -
- É. Como disse eu tenho que passar mais tempo com a minha priminha.
Então, nada melhor do que começar hoje. Para onde vamos? -
- Tu para lugar nenhum. - disse simplesmente e puxei meu casaco rosa e
sai do quarto. - Tu non quer ser vista com ele, lembra… Para não correr o risco
de a cidade achar que tu está saindo com seu professor mais velho e chifrando o
Jasper. - disse próxima ao ouvido dela e desci as escadas, vestindo meu casaco.
Mal cheguei ao último degrau da escada e a campainha tocou e io apressei-me em
abrir.
- Bom dia. - Edward disse sorrindo.
- Ciao. -
- O que houve? -
- Nulla. - dei de ombros.
- Pronta? - assenti.
- Já vão queridos? - madrina apareceu atrás de mim.
- Já e eu prometo devolvê-la antes do anoitecer. - Edward disse.
- Não se preocupe. Divirtam-se. - ela deu um beijo em minha testa e
sumiu dentro de casa.
- Vamos? -
- Andiamo! - peguei minha
mochila nos pés da escada e saímos de casa.
Foi uma hora caminhando até chegar a uma trilha, fora dos limites da
cidade. Io gostava de andar, nunca reclamei. Volta e meia io voltada da escola
para casa andando e demorava mais de uma hora. Edward havia deixado o carro em
frente a minha casa e de lá seguimos para o norte, na autoestrada 101. Io
gostava de trilhas, até porque io fui obrigada a gostar, mio babbo amava e todo
mundo tinha que fazer junto.
Ao chegarmos à autoestrada 101, viramos a direita na 110, andando mais
um pouco até onde o asfalto terminava e dava lugar ao chão de terra batida e
avermelhada e depois foi mata a dentro. Eu agradecia muito a Dio por Edward
saber para onde ele ia, porque io non fazia a mínima ideia de como se voltava
para casa. Quer dizer, ele sabia para onde íamos, não sabia?
Chegamos à trilha e era mais cinco quilômetros andando, io estava tão
acostumada a fazer trilhas, que quando ele puxou uma garrafinha de água de
dentro de sua mochila e me ofereceu, io já tinha levado o gargalo da minha aos
lábios. A trilha era um pouco difícil, mas io havia andado por trilhas piores,
essa tínhamos que passar por cima de troncos caídos e pedras, escalar algumas
pedras.
A floresta era meio escura devido a copa das árvores altas que impediam
a luz de entrar, mas mesmo assim, Edward sabia para onde estávamos indo. Ele
afastava as samambaias e trepadeiras para que eu pudesse passar e mesmo sem
saber para onde íamos io andava alguns passos a sua frente.
- Estou bem surpreso. - ele disse enquanto subimos algumas pedras. - É quase
raro encontrar garotas que fazem e gostam de trilhas. -
- Io fui obrigada a gostar. - expliquei e bebi um gole de água. Mesmo
sendo úmido dentro da floresta, estava quente e io suava um pouco. - E por ironia,
acabei gostando de verdade. -
- Por quê? -
- Perché gostei ou perché fui obrigada a gostar? - perguntei parando em
uma pedra e olhando para baixo, ele estava duas pedras abaixo de mim.
- Por que foi obrigada?! -
- Mio babbo. Ele adorava vida ao ar livre. Ele e mia mamma se
conheceram em um acampamento, ou numa trilha, ou em algo do tipo. -
- Tinha a ver com natureza! -
- Exatamente. Tu tinha que ver minha casa em Siena. É quase que um giardino botanico. - sorri ao contar. -
Por mim seria mais um zoológico, mas eles nunca me deram os animais que io
queria. -
- Por quê? -
- Non so. Acho que foi perché io pedi um urso polar, um urso panda, uma
girafa, elefante, leão, javali, lêmure e um suricato… - dei de ombros.
- Sério? -
- Sì. Tive que me contentar com eles em pelúcia. - Edward jogou a
cabeça para trás rindo. - E com uma viagem de vinte dias para a África do Sul.
-
- Sabia que você tem tudo para ser mimada? Não se ofenda. -
- Non me ofendi. É a verità.
Meus pais me mimaram, mas de um jeito bom. -
- Concordo. -
- Mas voltando ao assunto… Como disse, babbo e mamma eram apaixonados
pela vida ao ar livre e natureza, babbo mais que mamma e ele meio que me
obrigava a ir acampar e fazer trilhas com eles e com o tempo… E as vistas… Io
me apaixonei. -
- Qual foi a sua favorita? -
- Dolomitas. -
Não!!. - assenti. - Eu to com
uma puta inveja sua. Sempre quis ir a uma trilha nas Dolomitas, mas nunca tive
a oportunidades. -
- É lindo. A trilha pelos Alpes suíços também. - provoquei e ele me
olhou feio e eu ri. - Voltando a Forks… Falta muito? -
- Não muito. -
- Terá que me carregar no caminho de volta. - reclamei tirando a
mochila e colocando no chão e tirando meu casaco e amarrando as mangas na alça
da mochila e a colocando de novo nos ombros e voltando a trilha. - Non vai
mesmo me dizer para onde estamos indo? - perguntei subindo e ele non respondeu.
- Edward? Edward? - me virei e ele continuava parado e me encarando, segui o
caminho que seus olhos faziam… - EDWARD! - gritei e ele deu um pulo pra trás. -
Para onde você estava olhando? -
- Lugar nenhum. - disse limpando a garganta e voltando a andar. - Vamos
antes que fique muito tarde. - ele passou a minha frente. Ele não estava
olhando para a minha bunda? Estava? Non, claro que non!
Noi continuamos a andar por mais algum tempo, non demorou muito e io
avistei uma pequena claridade a alguns metros a frente, uma luminosidade que
surgia de trás dos troncos das árvores grossas, uma luz amarela. Olhei para
Edward, mexendo com a cabeça na direção da luz amarelada e ele assentiu. Era
ali, havíamos chegado.
Io terminei de guiar o caminho e ele me seguiu a alguns passos atrás de
mim. Cheguei a borda de luz e passei por algumas samambaias e finalmente
cheguei, aquele lugar era lindo, um dos lugares mais lindos que já vi, era uma
clareira, grande, o chão era coberto por flores selvagens, violetas, amarelas e
brancas, toda a clareira estava sendo coberta pela luz aconchegante do sol. E
io podia ouvir o som borbulhante e tranquilizador de uma pequena queda d’água e
de um rio que fluía.
Era lindo. Caminhei até o centro da campina sentindo as flores e a
grama silvestre roçando em minhas pernas e sentindo a luz do sol, um pouco
fraca, tocando em minha pele. Ergui o rosto sentindo os raios do sol banhando
meu rosto. Sole, como io senti sua
falta.
- O que achou? - A voz de Edward soou próximo a minha cabeça. Abri os
olhos e abaixei a cabeça e vi que ele estava parado próximo a mim.
- É lindo. - respondi.
- Seu cabelo é um pouco ruivo! - comentou segurando uma mecha de meu
cabelo.
- Apenas no sol. - respondi colocando a mecha solta da minha trança mal
feita atrás da orelha. - Como encontrou esse lugar? -
- Caminhando. - deu de ombros. - Eu ando muito por essas trilhas… E de
repente… Achei. Venho aqui de vez em quando, quando o tempo está bom, ou sol. O
que é um pouco difícil. - sorri de lado. - Tem um lago e… -
- E deve estar congelante. - apontei.
- Às vezes que entrei, não estava. Estamos entrando na primavera, a
água já deve estar mais quente… Entra? - neguei.
- Entra você primeiro, se tu congelar io so que non posso entrar. -
sorri de lado e tirei minha mochila e sentei no chão. Sentindo a grama macia.
As flores silvestres eram tão altas que comigo sentada, quase me cobriam.
Ele tirou a mochila e a jogou no chão e se sentou esticando as pernas.
A caminhada havia sido longa, mas mesmo assim boa e extasiante, valia a pena
andar tanto assim para ver isto. Deitei a cabeça em minha mochila absorvendo o
máximo de vitamina D que conseguia.
- Nunca achei que fosse sentir tanta falta do sol. - comentei me
ajeitando na relva fofa.
- Menina… Você continua me surpreendendo cada dia mais, sabia? -
- E isso é bom? -
- É. Caminhou quase três horas sem reclamar. Escalou pedras e troncos
enormes, cobertos de musgo, e está toda estirada na terra sem nenhum pano por
baixo. - disse e eu sorri.
- Io non ligo para isso. É só não aparecer um palhaço ou aranha que vai
ficar tudo bem. - respondi fechando os olhos e enlaçando meus dedos e apoiando
minhas mãos em cima de minha barriga.
- Posso fazer uma pergunta? -
- Isso já foi uma pergunta. - ele riu baixo. - Mas pode. -
- O que aconteceu antes de eu chegar? - abri os olhos e o encarei.
- Perché acha que aconteceu algo? -
- Você estava estranha… -
- Alice. - disse simplesmente. - Ela não falava comigo direito desde
que a madrina a deixou de castigo. E hoje ela resolveu que queria passar o dia
comigo e… - suspirei.
- E…? -
- E disse que achava estranho o fato de tu ter me chamado para vir aqui
e que se lei fosse io, non viria.
Perché tu nunca deu a lei ou a
Rosalie ou a qualquer outra aluna a mesma atenção que estava me dando, e ela
achava estranho, principalmente perché tu está me levando em casa todos os dias
e perché ontem me chamou para ir à sorveteria e agora isso. - respondi sem
abrir os olhos e sentindo o sol em meu rosto. - Ah e disse que tu non chamou
nenhum deles. -
- E não chamei. - abri os olhos encarando-o. - Todas às vezes que eu os
chamei, eles se recusaram, iria perder tempo de novo por quê? - deu de ombros. - E sim, eu nunca dei tanta
atenção a uma aluna como eu dou a você. Até porque eu nunca tive um motivo para
se aproximar delas e admito que um dos motivos é o fato dessa cidade ser
pequena e qualquer coisa vira uma ogiva e… -
- E qual foi o motivo que teve para se aproximar de mim? Pena? -
- Não! - se apressou em dizer. - Claro que não! É que, depois de anos,
foi bom encontrar alguém da Itália, alguém com quem eu pudesse praticar o meu
italiano e saber como estava as coisas lá, mesmo eu tendo ficado ao norte e
você no centro… E eu não sei mais quais foram os motivos, mas pena não foi, em
momento algum! - eu o encarava e ele me encarava de volta. - Não liga para
Alice. -
- Io mal reconheço a minha prima… Se isso que ela e Jasper tem se chama
amor, io quero passar bem longe disso. - comentei me ajeitando na relva e
voltando a fechar os olhos.
- Amor tem diversos significados. O dela é de Jasper tem um, o de
Emmett e Rosalie outro, dos meus pais outro e o dos seus tios outro. Você pode
não ter um amor igual ao deles. - respondeu. - Alice é muito possessiva com o
Jasper e ele não liga… E você, já pensou em qual tipo de amor quer ter? -
- Provavelmente igual ao dos meus pais. Eles brigavam no mínimo uma vez
por dia. -
- E isso era bom? -
- A briga acabava com os dois gargalhando e no quarto. O que é meio
traumatizante, perché due vezes deu
merda. -
- Por quê? -
- A primeira, io tinha por volta dos quattro anni e estava… Estava ouvindo uns barulhos estranhos e io
achei que estavam matando a mia mamma
e liguei pra policia e me escondi embaixo da cama. - ele jogou a cabeça para
trás rindo. - Depois eu tinha uns dieci
anni e vi mia mamma com um cara
com um uniforme dos bombeiros e falei para o mio babbo que ele estava sendo traído e ele ficou rindo na minha
cara. - ele gargalhou jogando o corpo para trás. - Depois disso ele fez uma
reforma na casa e colocou isolamento acústico nos quatro. O que io agradeci e
muito. -
- Eu também já peguei meus pais transando. E o Emmett. Foi horrível.
Até porque o Emmett tem a bunda mais branca do que não sei o que... - me apoiei
nos cotovelos e o encarando.
- Io non precisava saber
disso. -
- E eu não queria ter visto. -
- E perché diavolo tu vistes? -
- Porque ele estava no meu quarto, porque o dele tava um chiqueiro. -
- Tu jogastes a cama fora, non é? -
- Dei para ele e comprei outra e agora eu só saio de casa após trancar
o meu quarto, muito bem trancado. - tirei meus pesos de meus cotovelos e me
sentei na relva rindo. O sol já cobria toda a clareira, principalmente o
pequeno rio. - Mudando de assunto antes que io pense nisso… Non tem nenhum
bicho nesse rio tem? -
- Tipo peixe? -
- Tipo algo que possa fazer mal a mim. Tipo um peixe carnívoro,
bactéria, ou algo do tipo? -
- Nada. Limpo. -
- Certeza? Posso confiar? - ele assentiu. - Ótimo. - disse e desamarrei
os meus tênis, os tirando junto com as meias.
- Vai fazer o que? - perguntou quando io me pus de pé.
- Fazer o que sugeriu. - respondi tirando a blusa e jogando-a em cima
da minha mochila.
O biquíni era simples e era mais um tope do que um biquíni em si, que
amarrava atrás do pescoço e era preto com desenhos de folhas esverdeadas. Tirei
minha calça, ficando apenas com a calcinha preta e a ajeitei, e me voltei para
Edward.
- Vem ou fica? - perguntei e ele me encarava sem piscar. - Edward?
Edward? - estalei os dedos em frente ao seu rosto e ele piscou algumas vezes os
olhos.
- Oi? Que? - perguntou confuso.
- Io perguntei se vai ou fica. -
- Eu vou depois. -
- Certeza? - assentiu. - Ok. - caminhei descalça, pisando na relva
macia, até a beira do lago e olhei para a água.
Era bem translúcida e io podia ver o fundo, non parecia ter nada
demais. Levei a ponta do pé na água, estava fria, como toda água de rio, mas
nada absurdamente gelado, só não dava para saber se era fundo. Sentei na borda
e entrei devagar na água, sentindo a água fria tocando em meu corpo, não era
muito fundo, batia na altura dos meus seios e io mergulhei, molhando tudo de
uma vez, principalmente a cabeça.
…
Já havia passado algumas horas que estávamos ali. Edward agora estava
apenas de bermuda. Nós estávamos sentados na borda do rio, ele com as pernas
dobradas a sua frente e io tinha uma dobrada e a outra dentro da água. Meu
cabelo estava molhado e um pouco grudado na minha nuca e pescoço. E nós
estávamos jogando “duelo de mãos”, as mãos dele estavam estendidas com as
palmas para cima e as minhas estendidas com as palmas para baixo e io olhava em
seus olhos verdes, tentando acertar as mãos dele, mas mesmo assim eu errava.
- Mi arrendo!-
reclamei após tentar acertar a mão dele e errado. Virei-me de frente para o
lago, colocando as duas pernas dentro da água e deitando na relva. - Io odeio
esse jogo. - riu.
- Posso fazer um comentário? - assenti. - Eu to olhando e pensando onde
você fez as duas tatuagens que faltam, e estou com medo de saber onde você fez.
- comentou encarando a minha tatuagem na minha perna. Que começava na minha
cintura e descia até a minha coxa, de algumas rosas com folhas.
- Io non vou contar. - respondi. - E nem amostrar. - e ele ficou quieto
e em menos de alguns segundos eu senti água gelada batendo em mim e abri os
olhos e vi que Edward havia jogado água em mim. - Non! - ele riu e io chutei a
água nele e ele continuou jogando em mim.
E a guerra de água começou, Edward se jogou na água e me puxou pelos
tornozelos e me deixando cair na água. Quando voltei à superfície, após
afundar, io senti os braços de Edward circundando a minha cintura e me puxando
para cima. Io estava de frente para ele e sentia seus braços fortes apertando a
minha cintura e suas mãos apoiadas na base da minha cintura, próxima ao cós da
minha calcinha e em busca de apoio, apoiei minhas mãos em seus ombros largos.
Quando io levantei o rosto, meu nariz roçou ao dele e io podia sentir
seu hálito, com cheiro de menta, bater em meu rosto. As pontas de nossos
narizes ainda estavam levemente unidas e ele olhava no fundo dos meus olhos e io
nos dele. Propositalmente ele roçou a ponta do nariz ao meu e encostou a testa
na minha e io pude jurar que o ouvi falando meu nome baixíssimo enquanto suas
mãos apertavam a minha cintura, me prensando mais contra ele. Edward desceu as
mãos até o meu quadril e me pegou no colo, passando minhas pernas em sua
cintura. Os lábios de Edward roçaram levemente aos meus e meus olhos se fecharam,
esperando pelo que viria.
Mas o som do meu telefone tocando impediu isso e como se ele tivesse
saído de um transe, afastou o rosto do meu limpando a garganta e me soltando e io
me afastei, dele sem conseguir olhar em seu rosto e me aproximei da borda.
Apoiando as mãos na grama e me impulsionando para cima, para sair da água e me agachando
no chão, ao lado da minha mochila, puxei a toalha lá de dentro e cobrindo
minhas pernas enquanto pegava meu telefone. Alice.
- Che? - atendi entre os
dentes.
- Só para saber se você está bem. -
- Sì. -
- Já está vindo para casa? -
- Non. - e desliguei o telefone.
Edward saiu da água alguns segundos depois e não falou nada do que
quase aconteceu a pouco e io também non tive coragem de tocar no assunto. Que
merda io estava pensando, ele é meu professor. L'inferno! Stupida… Stupida… Stupida… como pode fazer isso? Como
pode. L’inferno Isabella, ele é seu
professor, immagina o que tuos padrinis vão pensar se souber
disso. O que a cidade vai pensar se souber disso. Merda, ele deve estar achando
que io sono una troia.
Algum tempo depois, reunimos nossas coisas e nos vestimos e fomos
embora, sem tocar naquele assunto e tentando falar sobre qualquer outra coisa,
sem muito sucesso, já que ainda pesava um clima estranho tra noi due. Depois de um pouco mais de duas horas, chegamos à casa
de mios padrinis e após noi nos
despedirmos, ele entrou no carro e io em casa, respirando fundo.
- E então? - e io mal fechei a porta e Alice se materializou atrás de
mim. - Onde foram? -
- Caminhar. - respondi simplesmente.
- Para onde? - dei de ombros.
- Sem rumo. Andamos, paramos um pouco para descansar e voltamos. -
passei por ela e antes que pudesse subir as escadas madrina desceu.
- Já chegou querida?! Como foi? -
- Divertido. Muito bom. - confessei. Havia sido bom, tirando, claro, o
final onde surgiu aquele clima estranho tra
noi.
- Que bom, meu anjo. Vai tomar um banho e descansar, quando o jantar
estiver pronto eu te chamo. -
- Sì signora. - disse e subi as escadas.
Peguei uma roupa e segui para o banheiro para o banho e enquanto
passava a esponja ensaboada pelo meu corpo, Io non pude deixar de pensar nas
mãos pesadas de Edward abraçando a minha cintura, apertando o meu corpo contra
o dele e pegando-me em seu colo. E io ainda podia sentir um pouco do formigamento
que sentir quando seus lábios encostaram de leve aos meus.
PARA ISABELLA. Gritei comigo mesmo. Ele é seu professor, pare com isso
agora. Meu cérebro gritava para mim e io resolvi ignorar e fingir que o que
havia acontecido naquele lago não existiu e terminei meu banho e io mal
terminei de pentear meus cabelos, após me vestir e madrina me chamou para
jantar e io desci, o jantar todo, os olhos de Alice em cima de mim. Ela sabia
que algo havia acontecido e ela queria saber o que.
…
Domingo correu rapidamente, principalmente para mim que passei todo o
dia com a cara nos livros, as férias já se aproximavam e as provas finais
estavam perto e io tinha que passar de ano. E também, obviamente, usei a
desculpa de estudar para fugir das indiretas, evasivas de Alice, que tentava a
todo custo descobrir o que havia acontecido.
Segunda feira chegou e hoje tinha mais uma apresentação do trabalho de
Edward, como que diavolo essa merda
de anatomia e reprodução humana não acabava. O dia estava bem quente e o sol
brilhava um pouco. Coloquei um vestido simples, de alças grossas, azul água e
com estampa de flores rosadas, um casaco fino e tênis, pendurei minha mochila e
fui embora.
Basicamente io ia para a escola sozinha e voltava quase sempre com
Edward. Alice não fazia mais questão de me acompanhar à escola, ela odiava ir
andando, e nunca mais me esperou para vir embora. Vivia sempre correndo atrás
de Jasper. Isso não era amor. Era doença.
- Bella? - Edward me chamou na hora do almoço.
- Sì. -
- Vai fazer o que agora? -
- Ir para a sala.
- Ainda faltam dez minutos para a aula. - apontou.
- Melhor dez minutos olhando para o nada a ver due casais trocando saliva. - expliquei.
- Eu quero falar com você antes da aula começar. -
- Fale. -
- Na sala. - disse e io assenti. Noi caminhamos em silêncio até a sala
e ele fechou a porta depois que io entrei e io coloquei a mochila em cima do
balcão onde io ficava sozinha, já que Alice havia se mudado para o balcão de
Jasper.
- Che houve? -
- Me perdoa pelo que vou dizer… - comecei e io olhei para ele confusa.
- Mas infelizmente, nós não vamos mais poder continuar nessa intimidade e
amizade que estamos tendo. Agora a minha relação com você será puramente
professor e aluna, do mesmo jeito que é com os outros. –
Vocabulário.
* Sono arrabbiato e voglio uccidere Alice - Estou com raiva e quero matar Alice.
* Perché – Por quê?...
* Semplice! Perché la prima notte, che io dormo bene e senza incubi. Alice
mi sveglia urlando alle cinque del mattino. - Simples! Porque a primeira noite que io durmo
direito e sem pesados. Alice me acorda gritando às cinco da manhã.
* Perché lei voleva un aiuto per vestirsi ... Solo perché oggi è il
giorno dell’amore. - Porque ela queria ajuda para se vestir. Só porque hoje é dia do amor.
* Tu non hai una ragazza? – Você não tem uma namorada.
* Buona
Fortuna! - Boa sorte!
* Io non credo – Eu não
acredito.
*Che palle – Que merda.
* Bene che qui – Bem que
aqui...
* Vieni qui, per favore – Vem
aqui, por favor.
* Non se – Não sei.
* Mios padrinis – meus padrinhos.
* Mio cuore – Meu coração.
* Perché non? – Por que não?
* La donna della sua vita – A mulher da sua vida.
* Donna – mulher.
* Paura – medo.
* Tuos – Teus.
* Inutile – Inutil.
* Mia famiglia – Minha familia.
* Io sto bene – eu estou bem.
*Non sono una maledetta bambola di porcellana – Não sou uma maldita
boneca de porcelana.
* Perché diavolo – Por que
diabo...?
* Andiamo – Vamos.
* Gelato – Sorvete.
* Lo so – Eu sei.
* Noi due – nós dois.
* Due – Dois/duas.
* Ciao – Oi.
* Nulla – Nada.
* Giardino – Jardim.
* Verità – Verdade.
* Sole – Sol.
* Lei – Ela.
* Quattro anni – Quatro anos.
* Dieci anni – Dez anos.
* Mi arrendo
– Eu desisto.
* L’inferno –
Inferno.
* Stupida – Estupida.
* Troia –
pura.
* Tra noi
due – Entre nós dois.
* Sì signora
– Sim senhora.
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