segunda-feira, 4 de março de 2019

Capítulo 5: Sorveteria

Pov. Bella

Alguns dias haviam se passado desde a volta de Aspen, não posso mentir e dizer que não me divertir mais do que achei que iria, porque seria uma bela e grande mentira, porque io me divertir, principalmente com Edward. Era bom ter um professor que queria e gostava de ser amigo de seus alunos.

Alice acordou extasiada e de madrugada essa manhã e ainda acordou-me junto. Hoje era comemorado “o dia do amor”, um “feriado” completamente capitalista, já que o dia dos namorados foi semana passada, e ela queria ir bem vestida para a escola, até porque depois iria sair com Jasper para Port Angeles ou Seattle, não sei io estava dormindo, e só voltaria à noite. Alice vestiu uma calça preta e uma blusa de mangas compridas branca com listras pretas e um casaco longo vermelho e sapatilhas pretas. E ainda faltando cerca de uma hora e meia para a aula começar ela já está a pronta e me apressava para irmos embora logo.


Io non estava nem um pouco afim de me “arrumar” estava cansada e com sono e na primeira noite que io consigo dormir sem pesadelos, Alice me acorda berrando. Vontade de matar mia prima. Tomei um banho quente e me vesti. Uma calça jeans, uma camisa branca com finas listras pretas e um pouco largas e um casaco de crochê cor de mostarda e tênis brancos. Alice torceu o nariz ao ver que io non havia me arrumado igual a ela e io pouco me importei. Estava de mal humor.


 Por pura falta do que fazer ela me fez chegar à escola meia hora mais cedo e io deixei-a se agarrando ao namorado e entrei principalmente para me proteger da neve que começava a cair.

- Que foi menina? - Edward perguntou se aproximando do meu armário quando io o fechei com força.

- Sono arrabbiato e voglio uccidere Alice. - reclamei encostando as costas no armário.

- Por quê? -

- Perché?  - retruquei ironicamente. - Semplice! Perché la prima notte, che io dormo bene e senza incubi. Alice mi sveglia urlando alle cinque del mattino. - io quase gritei a última sentença.

- Por quê? -

- Perché lei voleva un aiuto per vestirsi ... Solo perché oggi è il giorno dell’amore.  - reclamei.

- Alice tem merda na cabeça? -

- Sì. - reclamei. - Io sto caindo de sono. - choraminguei coçando meus olhos.

- Eu não entendo porque fazem todo esse carnaval para o dia do amor. - virei o rosto o encarando.

- Tu non hai una ragazza? - negou.

- Tive uma durante a faculdade, mas não foi para frente. Depois disso… - deu de ombros. - Mas mesmo assim nunca tive tanta animação para o dia do amor ou dos namorados. - pensou um pouco. - Minha mãe acha que é porque nunca encontrei alguém que eu realmente gostasse. -

- Buona Fortuna! - Cocei os olhos de novo. - Io non credo que a primeira aula é trigonometria. - reclamei ajeitando a alça da mochila em meu ombro.

- Começa com trigonometria e termina com biologia. -

- Che palle. -

- Quanta boca suja… - sorri de lado.

- Quando achar ou conhecer um italiano com a boca limpa, noi conversamos. -

- Pode deixar. - disse rindo. - Vai para a aula mocinha. -

- Bene che qui podia ter uma igreja para se matar aula lá. -

- Por que eu suspeito, após a sua revelação em Aspen, onde você disse que odeia biologia, que caso tivesse uma igreja aqui, eu nunca iria te ver na sala de aula? -

- Perché dependendo do assunto io realmente non iria aparecer. - disse e ele jogou a cabeça para trás rindo.

- Vai para a aula, Isabella. - suspirei e fui.

As aulas se arrastaram mais lentamente do que das outras vezes, a diferença era que sempre de uma aula para outra, ou sempre que io pegava a mochila ou abria o armário tinha um pirulito rosa. Por que diabo io estava recebendo isso?

Finalmente a minha última aula havia chegado e a minha mochila estava cheia de pirulitos rosa. Io, como sempre, havia sido a primeira a entrar na sala e io não via Alice desde que a deixei no estacionamento com Jasper.

- Hey. - Edward disse a me ver entrando na sala.

- Poderia me explicar o motivo de io ter ganho um monte de pirulitos rosa? -

- Hoje é dia do amor. - disse simplesmente.

- E? - perguntei indiferente.

- Não tinha esse costume em Siena?  De dar um pirulito a pessoa que você estava a fim? - neguei.

- Non. Noi dávamos cartões, que noi éramos obrigados a fazer na aula de artes e assinar. E você ainda entregava na cara da pessoa e não jogava dentro da mochila dela e isso no dia dos namorados. - reclamei abrindo minha mochila vendo o mar de pirulitos rosa e ele riu.

- Quantos admiradores! - comentou levemente irritado.

- O que io vou fazer com isso? -

- Comer, passa adiante ou joga fora. - bufei jogando minha mochila no balcão e me sentando.

- Cadê todo mundo? O sinal não bateu? -

- Devem estar se comendo atrás da arquibancada. - ele disse normalmente e io o encarei. - Que? Acha mesmo que quem tem namorado ou esta ficando com alguém está na escola? Meu irmão e Alice mal chegaram e foram embora. -

- Então vai dar aula apenas para mim? -

- Sim e não!  O que eu vou fazer é te dar um teste valendo ponto e com isso ferrar todo mundo que não veio e depois liberar você. - e Ângela entrou correndo na sala. - Você e ela. – se corrigiu rapidamente.

- Desculpa a demora. - ela disse e se sentou a sua mesa.

- Lápis, borracha e caneta em cima da mesa e o resto embaixo da cadeira. Teremos teste surpresa que irá integrar a nota da prova, junto com o trabalho que eu vou passar amanhã. - disse a ela e io peguei minhas coisas guardando o resto. Ele entregou primeiro a de Ângela e depois a minha. - E eu acho que agora é a hora em que você surta. -

- Perché? -

- Porque a prova e o trabalho serão sobre anatomia humana. - disse meio sem jeito. - O que significa que amanhã começaremos sobre anatomia humana. - olhei para o teto. - Mas precisamente sobre reprodução humana. -

- Caso o senhor non se importe, tem como jogar um raio, dos bem fortes, em minha cabeça? - pedi a Deus.

- Menos Bella! - ele me entregou o teste e igual ao primeiro, todo em italiano.

Io e Ângela fizemos o teste, devagar. Edward ficou sentado a sua mesa nos encarando, enquanto io deslizava a ponta do lápis pelo papel escrevendo as respostas. Um pouco antes de o sinal tocar Ângela entregou o teste e se foi e io terminei o meu cinco minutos depois dela.

- Você pode fazer isso? - perguntei entregando meu teste a ele.

- Isso o que? -

- Aplicar um teste sem basicamente ninguém na sala? -

- A partir do momento em que não é feriado, ponto facultativo, ou que eu não tenha dispensado alguém. Sim, eles faltaram por livre e espontânea vontade. - ele colocou os dois testes dentro de uma pasta. - A propósito, como vai para casa? -

- Andando. -

- Sozinha? -

- É non é. Alice me abandonou. - disse fechando minha mochila. - Vou ligar para a mia madrina, se ela puder me buscar… Se não, vou sozinha. E torcendo para não me perder, ou ser sequestrada por um palhaço aranha ou não ver uma aranha palhaço. -

- Primeiro. O que diabo é um palhaço aranha ou uma aranha palhaço? - perguntou se levantando e parando ao meu lado.

- Palhaço aranha é um palhaço fantasiado de aranha e uma aranha palhaço é uma aranha fantasiada de palhaço. -

- Tem medo de palhaço e aranha? - assenti.

- E quando io era criança tinha sonhos com isso. - expliquei.

- Vamos, eu te deixo em casa. -

- Melhor non. -

- Por quê? -

- Não quero mais ninguém falando de mim. E nada de carros. - expliquei.

- Vamos caminhando. Emmett pegou meu carro mesmo. - ele suspirou. - Só espero que ele não esteja fazendo nada dentro do meu carro. - ele se arrepiou apenas por pensar. - Vou apenas assinar a minha saída e te encontro do lado de fora da escola.

- Ok. - ajeitei minha mochila sobre meus ombros. Como io estava proibida de fazer educação física io estava liberada da última aula, e como ninguém foi para a aula de biologia, ninguém iria para a aula de educação física.

Não demorou muito e Edward chegou, a escola estava quase que vazia, tanto que ninguém iria me ver saindo da escola com Edward. Noi fomos caminhando devagar até a casa de minha madrina, hoje seria um dia do amor igual aos outros, io iria ficar sozinha em casa, sem fazer nada.


-          Vamos para casa, meninas. - ouvi a voz de mio babbo enquanto ele nos guiava para fora do estádio. - Gostou amor? - perguntou quando io me joguei em suas costas.

-          Sì. Io amo vir aqui e sentir a vibração vindo dos tifosi. É algo contagiante. - disse ainda animada pela partida.

Quer comer algo antes de irmos embora? – mia mamma perguntou colocando a touca preta em minha cabeça.

-          Non, Mamma. - disse e ela sorriu.

Noi deixamos o estádio e caminhamos para o carro, ainda era cedo, iríamos chegar em Siena no início da noite. Io acabei dormindo uma boa parte do caminho, mas acordei faltando cerca de uma hora e meia para chegarmos em casa. Io havia perdido o sono e estava com fome. Peguei o telefone para jogar algumas palavras quebradas.

-          Babbo, desviar do centro com 11 letras? -

-          Centrifugar. -

Ele respondeu e io escrevi e estava certo, passei para o próximo nível das palavras quebradas, io estava focada em meu celular quando ouvi o som de pneus derramando. Não estava nevando, não tinha gelo ou neve nas estradas, não era para o carro derrapar, levantei a cabeça e vi uma luz branca e forte me cegando.

Dei um pulo na cama sentindo um aperto forte em minha garganta, meu coração batia descompassadamente. Levei minha mão até minha testa que estava molhada e vi que minhas mãos tremiam. Io respirava pela boca, buscando o ar, mas o aperto em meu peito impedia que o ar chegasse aos meus pulmões. Io precisa de ar. Corri para a janela e ao abrir a janela, fora como se eu tivesse levado um soco forte no estômago. Neblina. Toda a rua, o quintal estava coberta de neblina.

Io me afastei da janela e sentia a neblina invadindo o carro, e me alcançando, ao mesmo tempo em que io tentava me afastar dela. Conforme a neblina me alcançava e subia pelas minhas pernas, io sentia a pressão em meu peito, meus ouvidos zumbindo, sentia minha garganta fechar e minhas mãos tremendo mais ainda. Corri até o meu telefone que estava carregando ao lado da cama e o peguei na tentativa de ligar para minha madrina. Porém, antes que io chegasse ao M, um nome me chamou a atenção. Edward. Ele havia me dado o número dele na segunda semana de aula para o caso de io precisar falar com ele e io apertei com força a tecla de ligar.

- Bella? - ele atendeu no segundo toque e io tentava falar, mas a pressão em meu peito me impedia de falar. - O que foi? -

- Vieni qui, per favore. - pedi sentindo meus olhos arderem e lágrimas escorrendo de meus olhos.

Ele não disse nada, apenas desligou o telefone e io sai do quarto fugindo daquela neblina enquanto tentava respirar, sem sucesso. E fiquei sentada no chão ao lado da porta de casa, e como io temia, a casa estava assustadoramente vazia e com as cortinas abertas e qualquer luz que vinha do lado de fora, criava formas assustadoras contra a parede de casa e io me encolhia mais ainda contra a parede a qual eu me encostava.

Não demorou muito e io ouvi um carro parando bruscamente contra o meio fio, me escorando na parede, io me levantei e abri a porta ao mesmo tempo em que ele subiu na varanda. Edward estava bem vestido, camisa branca e paletó preto.

- Bella, o que foi? - perguntou preocupado e io enlacei seu pescoço com os meus braços e ele enlaçou minha cintura me levando no colo. - Shiu, calma. - disse entrando em casa e fechando a porta com o pé enquanto o choro saia com força e molhava a gola de sua camisa. - O que foi, menina? -

- Io… Io non consigo… Respirar. - disse entre as arfadas de ar e o choro.

- Está tudo bem. Eu estou aqui agora. - disse mexendo em meu cabelo. - Cadê seus padrinhos? E Alice? -

- Non se. - respondi quando ele se sentou no sofá comigo. - Io non vejo Alice desde que cheguei à escola e mios padrinis saíram para jantar e ainda não voltaram. - expliquei quando ele passou cuidadosamente minhas pernas para o lado, para me fazer sentar em seu colo e me puxou para seu peito, e io me aninhei ali.

- Está tudo bem… Você vai ficar bem. - ele repetia baixo enquanto ele me deixava chorar contra o seu peito.

Edward me deixou chorar em seu pescoço até que io me acalmasse, quando o pranto tornou-se apenas um choro fraco, ele sentou-me no sofá e io abracei minhas pernas enquanto ele ia até a cozinha. Não demorou muito e ele se sentou ao meu lado, me entregando um copo d'água.

- O que aconteceu? - perguntou após io beber a água toda e ele pegar o copo de minha mão.

- Io… Io tive aquele pesadelo de novo… Só que foi pior. - expliquei abraçando mais forte meus joelhos.

- Pior quanto? -

- Mio cuore batia rápido demais, sentia um aperto em meu pescoço, tremores, suor, falta de ar, meus ouvidos zumbiam e… -

- Sentia-se claustrofóbica? Como se as paredes estivessem apertando você? - assenti sentindo as lágrimas ainda escorrendo de meus olhos. - Bella, eu acho melhor você ir a um psiquiatra. - o encarei. - Parece que teve uma crise de síndrome do pânico ou um início de claustrofobia. Pode piorar e seria bom se abrir com alguém. -

- Non adianta. -

- Tenta. Logo, antes que isso se repita e você acabe desenvolvendo depressão profunda. - ele disse segurando minhas mãos.

- Io me abri com você e não adiantou. -

- Mas um psiquiatra pode te receitar alguns remédios para melhorar… - ele apertava minhas mãos firmes, como se tentasse passar segurança para mim. - Eu vou falar com a sua madrinha. - eu simplesmente assenti. - Por que ligou para mim e não para a sua madrinha? -

- Foi o primeiro número que achei. -

- Vem, vou te colocar na cama. - balancei a cabeça negando. - Eu não vou sair daqui até seus padrinhos chegarem. - garantiu e ele me pegou no colo.

Edward subiu as escadas comigo no colo e deitou-me na cama e se sentou ao meu lado, passando o braço pelo meu corpo e me abraçando contra seu peito e mexendo em meu cabelo.

- Io atrapalhei algo? - perguntei após alguns segundos.

- Não, por quê? - perguntou mexendo em meu cabelo.

- Você está arrumado… -

- A verdade é que você me salvou. Minha mãe me arrumou um encontro com a filha de uma amiga dela. E eu não queria ir. -

- Perché non? -

- Encontro às cegas é a pior coisa do mundo. Vai que a mulher é psicopata? - brincou sorrindo. -

- Talvez ela fosse la donna della sua vita.. - eu mantinha o assunto, por mais que io non quisesse pensar nisso, apenas para não dormir.

- Duvido muito. Pela descrição de minha mãe, ela não é o meu tipo de mulher. -

- E qual é o seu tipo favorito de donna? -

- Dorme Bella. – respondeu simplesmente.

- Io non quero dormir. Estou com paura de dormir. - disse me aconchegando mais contra o seu peito. - Me conta qual é o seu tipo preferido de donna. -

- Quer saber isso por quê? -

- Io só quero que fale qualquer coisa para que io non durma. -

- Ok. Essa mulher com quem minha mãe armou para eu sair era… Loira, e eu nunca fui muito fã de loiras, e, segundo minha mãe, consumista, não trabalha, não terminou a faculdade, vive com a mãe. -

- Você também vive com tuos pais. -

- Porque eu moro em Forks e mesmo assim eu me sustento e ajudo nas despesas, ela não. -

- Resumindo é uma inutile? -

- É. -

- E mesmo assim tua mamma queria que você saísse com ela? -

- Segundo minha mãe, ela tem um bom coração… Mas do que adianta ter só um bom coração? - ele continuava a mexer em meus cabelos. - Como disse em Aspen, não é beleza o que me atrai, é o cérebro. -

- Então em comparação a outros uomini, a beleza não é a única coisa que importa para você? -

- Nunca foi. - disse simplesmente. - Eu te falei, eu acho mulheres inteligentes e intelectuais sexy. Pessoas que vivem montada em salto alto, maquiagem e roupas apertadas, decotadas e curtas… É bonito para algumas situações, mas uma mulher que vive montada assim e não diz quem é de verdade, sem aquela montagem toda, nunca me atraiu. Prefiro ao natural. - disse simplesmente. - E quanto a você? -

- Io nunca me interessei por una donna. - respondi e ele riu fazendo seu peito chacoalhar levemente.

- Sim, mas, você tem quinze anos, nunca se interessou por nenhum garoto ou homem? -

- Paixão platônica por ator ou cantor ou personagem fictício serve? -

- Se tiver por algum homem acessível e de verdade… - ele riu.

- Non, pelo menos non em Siena… Acho que era porque io tentava achar alguém igual ao mio babbo e ao mesmo tempo ele e Jacob impediam que algum homem se aproximasse de mim. - respirei fundo. - E io nunca me importei, perché io achava que só se aproximavam de mim, pelo que io terei, e por quem é mio babbo e non por mim mesmo. Acho que fora mia famiglia, Lena e Jacob, você foi é a única pessoa que está, em termos, me conhecendo realmente… E io mal te conheço. -

- Eu também mal te conheço e me abri com você. - apontou.

- Você tem me dado mais atenção do que Alice. - soltei.

- Percebeu isso? – perguntou sem jeito.

- Não tem como não perceber. Antes de isso tudo acontecer, Alice falava comigo quase todo dia por telefone ou Skype, mas desde que io cheguei, ela fica o dia todo com Jasper ou com Rosalie. E só me chama para ir ao shopping em Seattle ou Port Angeles. - reclamei. - Parece que é apenas isso o que ela sabe fazer. Namorar e compras… - levantei a cabeça o encarando. - E depois você diz que io não vivo. É isso o que você chama de viver? Correndo atrás de um cara e andar o dia todo em um shopping? -

- Não. Não é isso o que eu chamo de viver. E é por isso que por mais que eu ache Alice ou Rosalie bonitas, eu nunca me interessaria por elas. -

- E por mim? - perguntei como quem não quer nada. - Quer dizer… Se tivéssemos a mesma idade e você não fosse meu professor. – me apressei em dizer.

- Eu nunca liguei para idade. Mas sim, se eu não fosse seu professor, provavelmente sim. - respondeu. - Eu gostei de conhecer melhor você, pelo menos em termos… -

- Io não sou assim. - o interrompi. - Nunca fui tão “frágil” desse jeito. E nunca me senti tão frágil e inutile. -

- Você não é inútil. -

- Io me sinto uma inutile. Non consigo dormir sozinha, non posso andar sozinha, tem sempre alguém em cima de mim, querendo saber se io sto bene ou algo do tipo e eles não veem que isso me irrita. - reclamei me sentando na cama e me afastando dele. - Non sono una maledetta bambola di porcellana. - reclamei.

- Admito que sua madrinha esteja exagerando um pouco. Mas ela perdeu a irmã e por pouco não perdeu a afilhada junto. Ela vai tentar proteger você de tudo e todos. -

- Non precisa exagerar tanto. - rebati. - Me sinto sufocada. - ele me puxou pelos ombros para deitar a cabeça em seu peito de novo.

- Conversa com ela e pede para ela afrouxar o aperto. Mas, se ela levar você a um psiquiatra e ele comprovar que você está no início de desenvolver uma síndrome do pânico ou depressão… Ela não vai mais tirar os olhos de você. - explicou.

- Io sto tão cansada. – resmunguei fungando.

- Dorme. Eu já disse que não vou sair daqui até seus padrinhos chegarem. -

- Eu não quero ter outro pesadelo. - comentei aninhando meu corpo contra o dele e ele deu um beijo no topo da minha cabeça. - Fala sobre alguma coisa… Qualquer coisa. - pedi.

E ele falou. Edward falava sobre algumas besteiras, mas nem isso impediu que io dormisse. Não demorou muito e io dormir com a cabeça apoiada em seu peito e com ele fazendo cafuné em meus cabelos. E dessa vez, grazie a Dio, sem pesadelos.


- Mas eu não fiz nada. - acordei com Alice gritando e dei um pulo da cama. Io estava sozinha e o quarto estava escuro, com a cortina fechada e io a puxei levemente e vi que estava nublado, mas já havia amanhecido. Peguei meu telefone e vi que tinha um pequeno bilhete em cima dele.

'Oi Bella. Para você estar lendo isso é porque você acordou e eu não estou mais ai. Um pouco depois que eu comecei a falar, você dormiu, a verdade é que você apagou em meu colo. Sua madrinha chegou por volta das duas da manhã e depois de eu ter conversado com ela, eu fui embora. Do jeito que eu prometi, só fui embora depois que ela chegou. Qualquer coisa me liga. A qualquer hora. Edward.’

- Exatamente, você não fez nada. - agora a voz que io ouvi foi a de mia madrina. - Eu falei para você vir para casa cedo, para ficar com a sua prima, e eu chego aqui às duas da manhã e ela estava com o Edward e você na rua. A propósito, na rua até agora. - peguei meu celular e vi a hora. Era um pouco mais das nove da manhã. Como io non havia acordado com o despertador para ir para a aula. - Alice eu falei com você vinte vezes e você me ignorou as vinte vezes… Você está de castigo por quinze dias. Só sai para a escola e eu não quero Jasper aqui. -

- Por quê? Só porque eu cheguei tarde em casa, não é a primeira vez. -

- Porque você deixou a Bella sozinha. Ela teve um surto à noite e não tinha ninguém aqui para acudi-la. Imagine se algo sério e grave tivesse acontecido? -

- Mas mãe… -

- Chega. Pro seu quarto. - desci da cama e caminhei até a porta, e assim que io abri a minha eu ouvi Alice batendo a dela com força, me fazendo soltar uma careta de dor quando o som reverberou em meus ouvidos.

- Madrina. - a chamei e ela me encarou.

- Não acredito que Alice te acordou. -

- Perché não me acordou para ir para a aula? -

- Porque você não vai. Já que acordou, se veste que eu vou te levar ao médico. -

- Io sto bene. - garanti.

- Eu vou te levar a um psiquiatra, Bella. - disse simplesmente. - Eu conversei com Edward de madrugada, antes de ele ir embora. É melhor te levar logo a um psiquiatra antes que o que aconteceu ontem ocorra de novo e pior. -

- Madrina. Pega leve com Alice. -

- Não Bella. Não defenda sua prima. Eu a mandei chegar em casa cedo e ela tem que me obedecer. - disse firme. - Agora vai se trocar. - assenti entrando no quarto novamente.

Peguei uma roupa no armário e segui para o banheiro, antes de seguir para ele, io parei em frente à porta do quarto de Alice e antes que io pudesse bater, girei em meus calcanhares e segui para o banheiro. Lavei meus cabelos lentamente, com o meu shampoo favorito. Terminei meu banho e me enrolei na toalha e sequei meu cabelo com o secador e me vesti.

Calcei uma calça jeans clara, com dois rasgos nos joelhos, uma camisa branca e um casaco cor de pele e calcei meus tênis e desci. Depois de tomar café e subi as escadas para escovar os dentes e depois de pronta segui para o hospital e nada de Alice aparecer de novo.


Madrina foi caminhando até o hospital comigo, a neve havia parado de cair e o fim do inverno se aproximava. A psiquiatra se chamava Carmen. Madrina conversou com ela um pouco e depois me deixou sozinha com ela. E como sugerido por Edward, io me abri com ela. Contanto tudo, absolutamente tudo. Como existia a lei médico-paciente, tudo o que io falasse para ela, não sairia de dentro dessas paredes brancas.


Céus, porque io non poderia ser um avestruz e enfiar minha cabeça em um buraco? Foi o que pensei um mês depois desde a primeira consulta na psiquiatra, Edward ainda dava aula sobre anatomia humana e passava alguns slides e io mantinha minhas mãos cobrindo meus olhos e cantarolava mentalmente alguma música para não ouvir o que ele falava e nem as piadinhas dos outros alunos.

De vez em quando, io abria os olhos para ver se os slides haviam acabado e via Edward me encarando enquanto explicava e evitava rir enquanto voltava ao assunto e io fechava os olhos de novo. Perché diavolo colocam essas coisas em uma aula?

Io non sabia quanto tempo havia se passado desde a última vez que io fechar meus olhos e mentalizava uma música até que ouvi Edward, basicamente, berrando em meu ouvido. Quando abri os olhos, notei estava na sala sozinha com o Edward. Nem Alice havia me esperado.

- Achei que estivesse brincando quando disse que ficava envergonhada com essa matéria. -

- Io odeio essa matéria. Nem sei para que tu ensina isso. -

- Grade curricular. Acredite que para poupar meus ouvidos das merdas que os alunos falam, eu também abriria mão dessa matéria. - respondeu. - Mas não foi para isso que eu te chamei. Eu já vou para casa e Alice disse que iria sair com Rosalie para o shopping. E aproveitando que está um pouco calor hoje, me acompanha para tomar um sorvete. -

- As pessoas vão nos ver juntos! -

- E daí? Eu sou amigo da sua família há anos… - deu de ombros. - Anda vamos. -

- Andiamo! - cedi. - Io amo gelato. - disse levantando da cadeira.

- Sabes que esse sorvete não é caseiro igual ao italiano, não sabe? -

- Lo so. E quer mesmo me fazer desistir? -

- Não. Desculpa. - pediu sorrindo e noi deixamos a sala.

Nós fomos andando até a pequena sorveteria, que não estava muito cheia e io via as pessoas olhando para noi due, sentados à mesa, tomando um sorvete e ele ignorava e io fazia o mesmo.

- Então. Eu tenho um convite para te fazer. - io o encarei com a sobrancelha arqueada. - Nada de carros, contanto que goste de andar. E muito. Muito do tipo umas duas horas caminhando.  Menos que queria andar de carro por quinze minutos e às duas horas torna-se apenas uma. -

- Due. -

- Tudo bem. - ele sorriu.

- Para onde? -

- Surpresa. - bufei revirando os olhos. - Porém… Leve toalha e roupa para entrar na água. -

- Quando? -

- Amanhã. Raridade! Fará sol o final de semana inteiro e eu quero levar você a um lugar favorito meu aqui em Forks. -

- Devo me assustar?  -

- Não. - garantiu.

- Tudo bem. Io vou ver com mia madrina e te aviso. -

- Não precisa. Já falei com ela e ela deixou. Contanto que eu te devolva do jeito que eu te pegar. - tirei os olhos do meu sorvete io o encarei. - Quer dizer… - disse puxando um pouco a gola da camisa afrouxando-a e engolindo em seco. - Quando eu te pegar na sua casa, para irmos a esse lugar. - disse meio sem jeito e io sorri torto e colocando uma colherada de sorvete na boca.

- Quem vai? - perguntei

- Eu e você. - respondeu. - Mais ninguém quer ir. É bom... Sua madrinha acha que você precisa respirar ar fresco e pegar um pouco de sol antes que fique com raquitismo. -

- Io vou. - garanti.

- Ótimo. - sorriu.


E como prometido io ia a esse lugar que ele queria me levar. Nós teríamos que sair de casa cedo, por volta das seis da manhã e às cinco e meia io já estava pronta. Io acreditava que mios padrinis iriam falar alguma coisa, mas non, eles apoiavam, principalmente madrina que non queria que io ficasse em casa o dia todo.

- Está fazendo o que acordada há essa hora? - dei um pulo na frente do espelho me assustando, ao ouvir a voz de Alice na porta do quarto.

- Terminando de me vestir. - respondi penteando meus cabelos com os dedos mesmo. Io já estava pronta, Edward havia pedido para que io levasse toalha e roupa para entrar na água, io havia colocado um biquíni, quando Lena me ajudou a fazer as malas ela basicamente esvaziou meus guarda roupas nas malas, porque ela sabia que se tinha uma coisa que io non tinha a menor paciência, essa coisa era fazer compras. Coloquei uma blusa de alças, larga com os buracos dos braços grandes, indo quase até a minha barriga, mostrando um pouco do sutiã do meu biquíni preto, calça de academia preta, tênis e um casaco rosa.

- Para que? São quase seis da manhã. -

- Vou sair. - disse simplesmente.

- Há essa hora? Com quem? -

- Com o Edward. - respondi já incomodada. Alice já non falava comigo direito desde o pequeno surto que tive mês passado e a mia madrina a colocou de castigo. - Ele me chamou para fazer uma caminhada. - disse simplesmente. - Ele disse que chamou vocês, e vocês não quiseram ir. -

- Ninguém me chamou para ir a lugar nenhum. - disse ríspida. - E se eu fosse você, também não iria. -

- Perché? -

- Ele nunca chamou nenhuma aluna dele para ir a lugar nenhum. Nem mesmo eu e Rosalie, que basicamente vivemos dentro da casa dele, e isso porque não quer que essa cidade estúpida fale algo sobre ele se envolver com as alunas menores de idade… E isso é estranho, porque ele tem trazido você todos os dias, e andando, levou você ontem para tomar sorvete e agora isso… É estranho. -

- Non. Non é. Perché ele está fazendo o que tu non faz. Dar-me atenção. - retruquei. - Antes de io vir para cá, tu solo falava que sentia minha falta e desde que io cheguei tu só sabe correr atrás do Jasper, segurando ele, igual um cachorro segurando o osso. - ela fechou a cara.

- Tem razão. Eu tenho que passar mais tempo com você. Até porque você não teve culpa do que aconteceu e nem de ter sido obrigada a vir para cá. - agora quem fechou a cara foi io, devido à falta de cinismo dela. - Então, para onde vamos? -

- Vamos? -

- É. Como disse eu tenho que passar mais tempo com a minha priminha. Então, nada melhor do que começar hoje. Para onde vamos? -

- Tu para lugar nenhum. - disse simplesmente e puxei meu casaco rosa e sai do quarto. - Tu non quer ser vista com ele, lembra… Para não correr o risco de a cidade achar que tu está saindo com seu professor mais velho e chifrando o Jasper. - disse próxima ao ouvido dela e desci as escadas, vestindo meu casaco. Mal cheguei ao último degrau da escada e a campainha tocou e io apressei-me em abrir.

- Bom dia. - Edward disse sorrindo.

- Ciao. -

- O que houve? -

- Nulla. - dei de ombros.

- Pronta? - assenti.

- Já vão queridos? - madrina apareceu atrás de mim.

- Já e eu prometo devolvê-la antes do anoitecer. - Edward disse.

- Não se preocupe. Divirtam-se. - ela deu um beijo em minha testa e sumiu dentro de casa.

- Vamos? -

- Andiamo! - peguei minha mochila nos pés da escada e saímos de casa.

Foi uma hora caminhando até chegar a uma trilha, fora dos limites da cidade. Io gostava de andar, nunca reclamei. Volta e meia io voltada da escola para casa andando e demorava mais de uma hora. Edward havia deixado o carro em frente a minha casa e de lá seguimos para o norte, na autoestrada 101. Io gostava de trilhas, até porque io fui obrigada a gostar, mio babbo amava e todo mundo tinha que fazer junto.

Ao chegarmos à autoestrada 101, viramos a direita na 110, andando mais um pouco até onde o asfalto terminava e dava lugar ao chão de terra batida e avermelhada e depois foi mata a dentro. Eu agradecia muito a Dio por Edward saber para onde ele ia, porque io non fazia a mínima ideia de como se voltava para casa. Quer dizer, ele sabia para onde íamos, não sabia?

Chegamos à trilha e era mais cinco quilômetros andando, io estava tão acostumada a fazer trilhas, que quando ele puxou uma garrafinha de água de dentro de sua mochila e me ofereceu, io já tinha levado o gargalo da minha aos lábios. A trilha era um pouco difícil, mas io havia andado por trilhas piores, essa tínhamos que passar por cima de troncos caídos e pedras, escalar algumas pedras.

A floresta era meio escura devido a copa das árvores altas que impediam a luz de entrar, mas mesmo assim, Edward sabia para onde estávamos indo. Ele afastava as samambaias e trepadeiras para que eu pudesse passar e mesmo sem saber para onde íamos io andava alguns passos a sua frente.

- Estou bem surpreso. - ele disse enquanto subimos algumas pedras. - É quase raro encontrar garotas que fazem e gostam de trilhas. -

- Io fui obrigada a gostar. - expliquei e bebi um gole de água. Mesmo sendo úmido dentro da floresta, estava quente e io suava um pouco. - E por ironia, acabei gostando de verdade. -

- Por quê? -

- Perché gostei ou perché fui obrigada a gostar? - perguntei parando em uma pedra e olhando para baixo, ele estava duas pedras abaixo de mim.

- Por que foi obrigada?! -

- Mio babbo. Ele adorava vida ao ar livre. Ele e mia mamma se conheceram em um acampamento, ou numa trilha, ou em algo do tipo. -

- Tinha a ver com natureza! -

- Exatamente. Tu tinha que ver minha casa em Siena. É quase que um giardino botanico. - sorri ao contar. - Por mim seria mais um zoológico, mas eles nunca me deram os animais que io queria. -

- Por quê? -

- Non so. Acho que foi perché io pedi um urso polar, um urso panda, uma girafa, elefante, leão, javali, lêmure e um suricato… - dei de ombros.

- Sério? -

- Sì. Tive que me contentar com eles em pelúcia. - Edward jogou a cabeça para trás rindo. - E com uma viagem de vinte dias para a África do Sul. -

- Sabia que você tem tudo para ser mimada? Não se ofenda. -

- Non me ofendi. É a verità. Meus pais me mimaram, mas de um jeito bom. -

- Concordo. -

- Mas voltando ao assunto… Como disse, babbo e mamma eram apaixonados pela vida ao ar livre e natureza, babbo mais que mamma e ele meio que me obrigava a ir acampar e fazer trilhas com eles e com o tempo… E as vistas… Io me apaixonei. -

- Qual foi a sua favorita? -

- Dolomitas. -

 Não!!. - assenti. - Eu to com uma puta inveja sua. Sempre quis ir a uma trilha nas Dolomitas, mas nunca tive a oportunidades. -

- É lindo. A trilha pelos Alpes suíços também. - provoquei e ele me olhou feio e eu ri. - Voltando a Forks… Falta muito? -

- Não muito. -

- Terá que me carregar no caminho de volta. - reclamei tirando a mochila e colocando no chão e tirando meu casaco e amarrando as mangas na alça da mochila e a colocando de novo nos ombros e voltando a trilha. - Non vai mesmo me dizer para onde estamos indo? - perguntei subindo e ele non respondeu. - Edward? Edward? - me virei e ele continuava parado e me encarando, segui o caminho que seus olhos faziam… - EDWARD! - gritei e ele deu um pulo pra trás. - Para onde você estava olhando? -

- Lugar nenhum. - disse limpando a garganta e voltando a andar. - Vamos antes que fique muito tarde. - ele passou a minha frente. Ele não estava olhando para a minha bunda? Estava? Non, claro que non!

Noi continuamos a andar por mais algum tempo, non demorou muito e io avistei uma pequena claridade a alguns metros a frente, uma luminosidade que surgia de trás dos troncos das árvores grossas, uma luz amarela. Olhei para Edward, mexendo com a cabeça na direção da luz amarelada e ele assentiu. Era ali, havíamos chegado.

Io terminei de guiar o caminho e ele me seguiu a alguns passos atrás de mim. Cheguei a borda de luz e passei por algumas samambaias e finalmente cheguei, aquele lugar era lindo, um dos lugares mais lindos que já vi, era uma clareira, grande, o chão era coberto por flores selvagens, violetas, amarelas e brancas, toda a clareira estava sendo coberta pela luz aconchegante do sol. E io podia ouvir o som borbulhante e tranquilizador de uma pequena queda d’água e de um rio que fluía.

Era lindo. Caminhei até o centro da campina sentindo as flores e a grama silvestre roçando em minhas pernas e sentindo a luz do sol, um pouco fraca, tocando em minha pele. Ergui o rosto sentindo os raios do sol banhando meu rosto. Sole, como io senti sua falta.

- O que achou? - A voz de Edward soou próximo a minha cabeça. Abri os olhos e abaixei a cabeça e vi que ele estava parado próximo a mim.

- É lindo. - respondi.

- Seu cabelo é um pouco ruivo! - comentou segurando uma mecha de meu cabelo.

- Apenas no sol. - respondi colocando a mecha solta da minha trança mal feita atrás da orelha. - Como encontrou esse lugar? -

- Caminhando. - deu de ombros. - Eu ando muito por essas trilhas… E de repente… Achei. Venho aqui de vez em quando, quando o tempo está bom, ou sol. O que é um pouco difícil. - sorri de lado. - Tem um lago e… -

- E deve estar congelante. - apontei.

- Às vezes que entrei, não estava. Estamos entrando na primavera, a água já deve estar mais quente… Entra? - neguei.

- Entra você primeiro, se tu congelar io so que non posso entrar. - sorri de lado e tirei minha mochila e sentei no chão. Sentindo a grama macia. As flores silvestres eram tão altas que comigo sentada, quase me cobriam.

Ele tirou a mochila e a jogou no chão e se sentou esticando as pernas. A caminhada havia sido longa, mas mesmo assim boa e extasiante, valia a pena andar tanto assim para ver isto. Deitei a cabeça em minha mochila absorvendo o máximo de vitamina D que conseguia.

- Nunca achei que fosse sentir tanta falta do sol. - comentei me ajeitando na relva fofa.

- Menina… Você continua me surpreendendo cada dia mais, sabia? -

- E isso é bom? -

- É. Caminhou quase três horas sem reclamar. Escalou pedras e troncos enormes, cobertos de musgo, e está toda estirada na terra sem nenhum pano por baixo. - disse e eu sorri.

- Io non ligo para isso. É só não aparecer um palhaço ou aranha que vai ficar tudo bem. - respondi fechando os olhos e enlaçando meus dedos e apoiando minhas mãos em cima de minha barriga.

- Posso fazer uma pergunta? -

- Isso já foi uma pergunta. - ele riu baixo. - Mas pode. -

- O que aconteceu antes de eu chegar? - abri os olhos e o encarei.

- Perché acha que aconteceu algo? -

- Você estava estranha… -

- Alice. - disse simplesmente. - Ela não falava comigo direito desde que a madrina a deixou de castigo. E hoje ela resolveu que queria passar o dia comigo e… - suspirei.

- E…? -

- E disse que achava estranho o fato de tu ter me chamado para vir aqui e que se lei fosse io, non viria. Perché tu nunca deu a lei ou a Rosalie ou a qualquer outra aluna a mesma atenção que estava me dando, e ela achava estranho, principalmente perché tu está me levando em casa todos os dias e perché ontem me chamou para ir à sorveteria e agora isso. - respondi sem abrir os olhos e sentindo o sol em meu rosto. - Ah e disse que tu non chamou nenhum deles. -

- E não chamei. - abri os olhos encarando-o. - Todas às vezes que eu os chamei, eles se recusaram, iria perder tempo de novo por quê?  - deu de ombros. - E sim, eu nunca dei tanta atenção a uma aluna como eu dou a você. Até porque eu nunca tive um motivo para se aproximar delas e admito que um dos motivos é o fato dessa cidade ser pequena e qualquer coisa vira uma ogiva e… -

- E qual foi o motivo que teve para se aproximar de mim? Pena? -

- Não! - se apressou em dizer. - Claro que não! É que, depois de anos, foi bom encontrar alguém da Itália, alguém com quem eu pudesse praticar o meu italiano e saber como estava as coisas lá, mesmo eu tendo ficado ao norte e você no centro… E eu não sei mais quais foram os motivos, mas pena não foi, em momento algum! - eu o encarava e ele me encarava de volta. - Não liga para Alice. -

- Io mal reconheço a minha prima… Se isso que ela e Jasper tem se chama amor, io quero passar bem longe disso. - comentei me ajeitando na relva e voltando a fechar os olhos.

- Amor tem diversos significados. O dela é de Jasper tem um, o de Emmett e Rosalie outro, dos meus pais outro e o dos seus tios outro. Você pode não ter um amor igual ao deles. - respondeu. - Alice é muito possessiva com o Jasper e ele não liga… E você, já pensou em qual tipo de amor quer ter? -

- Provavelmente igual ao dos meus pais. Eles brigavam no mínimo uma vez por dia. -

- E isso era bom? -

- A briga acabava com os dois gargalhando e no quarto. O que é meio traumatizante, perché due vezes deu merda. -

- Por quê? -

- A primeira, io tinha por volta dos quattro anni e estava… Estava ouvindo uns barulhos estranhos e io achei que estavam matando a mia mamma e liguei pra policia e me escondi embaixo da cama. - ele jogou a cabeça para trás rindo. - Depois eu tinha uns dieci anni e vi mia mamma com um cara com um uniforme dos bombeiros e falei para o mio babbo que ele estava sendo traído e ele ficou rindo na minha cara. - ele gargalhou jogando o corpo para trás. - Depois disso ele fez uma reforma na casa e colocou isolamento acústico nos quatro. O que io agradeci e muito. -

- Eu também já peguei meus pais transando. E o Emmett. Foi horrível. Até porque o Emmett tem a bunda mais branca do que não sei o que... - me apoiei nos cotovelos e o encarando.

- Io non precisava saber disso. -

- E eu não queria ter visto. -

- E perché diavolo tu vistes? -

- Porque ele estava no meu quarto, porque o dele tava um chiqueiro. -

- Tu jogastes a cama fora, non é? -

- Dei para ele e comprei outra e agora eu só saio de casa após trancar o meu quarto, muito bem trancado. - tirei meus pesos de meus cotovelos e me sentei na relva rindo. O sol já cobria toda a clareira, principalmente o pequeno rio. - Mudando de assunto antes que io pense nisso… Non tem nenhum bicho nesse rio tem? -

- Tipo peixe? -

- Tipo algo que possa fazer mal a mim. Tipo um peixe carnívoro, bactéria, ou algo do tipo? -

- Nada. Limpo. -

- Certeza? Posso confiar? - ele assentiu. - Ótimo. - disse e desamarrei os meus tênis, os tirando junto com as meias.

- Vai fazer o que? - perguntou quando io me pus de pé.

- Fazer o que sugeriu. - respondi tirando a blusa e jogando-a em cima da minha mochila.

O biquíni era simples e era mais um tope do que um biquíni em si, que amarrava atrás do pescoço e era preto com desenhos de folhas esverdeadas. Tirei minha calça, ficando apenas com a calcinha preta e a ajeitei, e me voltei para Edward.


- Vem ou fica? - perguntei e ele me encarava sem piscar. - Edward? Edward? - estalei os dedos em frente ao seu rosto e ele piscou algumas vezes os olhos.

- Oi? Que? - perguntou confuso.

- Io perguntei se vai ou fica. -

- Eu vou depois. -

- Certeza? - assentiu. - Ok. - caminhei descalça, pisando na relva macia, até a beira do lago e olhei para a água.

Era bem translúcida e io podia ver o fundo, non parecia ter nada demais. Levei a ponta do pé na água, estava fria, como toda água de rio, mas nada absurdamente gelado, só não dava para saber se era fundo. Sentei na borda e entrei devagar na água, sentindo a água fria tocando em meu corpo, não era muito fundo, batia na altura dos meus seios e io mergulhei, molhando tudo de uma vez, principalmente a cabeça.


Já havia passado algumas horas que estávamos ali. Edward agora estava apenas de bermuda. Nós estávamos sentados na borda do rio, ele com as pernas dobradas a sua frente e io tinha uma dobrada e a outra dentro da água. Meu cabelo estava molhado e um pouco grudado na minha nuca e pescoço. E nós estávamos jogando “duelo de mãos”, as mãos dele estavam estendidas com as palmas para cima e as minhas estendidas com as palmas para baixo e io olhava em seus olhos verdes, tentando acertar as mãos dele, mas mesmo assim eu errava.

- Mi arrendo!- reclamei após tentar acertar a mão dele e errado. Virei-me de frente para o lago, colocando as duas pernas dentro da água e deitando na relva. - Io odeio esse jogo. - riu.

- Posso fazer um comentário? - assenti. - Eu to olhando e pensando onde você fez as duas tatuagens que faltam, e estou com medo de saber onde você fez. - comentou encarando a minha tatuagem na minha perna. Que começava na minha cintura e descia até a minha coxa, de algumas rosas com folhas.


- Io non vou contar. - respondi. - E nem amostrar. - e ele ficou quieto e em menos de alguns segundos eu senti água gelada batendo em mim e abri os olhos e vi que Edward havia jogado água em mim. - Non! - ele riu e io chutei a água nele e ele continuou jogando em mim.

E a guerra de água começou, Edward se jogou na água e me puxou pelos tornozelos e me deixando cair na água. Quando voltei à superfície, após afundar, io senti os braços de Edward circundando a minha cintura e me puxando para cima. Io estava de frente para ele e sentia seus braços fortes apertando a minha cintura e suas mãos apoiadas na base da minha cintura, próxima ao cós da minha calcinha e em busca de apoio, apoiei minhas mãos em seus ombros largos.

Quando io levantei o rosto, meu nariz roçou ao dele e io podia sentir seu hálito, com cheiro de menta, bater em meu rosto. As pontas de nossos narizes ainda estavam levemente unidas e ele olhava no fundo dos meus olhos e io nos dele. Propositalmente ele roçou a ponta do nariz ao meu e encostou a testa na minha e io pude jurar que o ouvi falando meu nome baixíssimo enquanto suas mãos apertavam a minha cintura, me prensando mais contra ele. Edward desceu as mãos até o meu quadril e me pegou no colo, passando minhas pernas em sua cintura. Os lábios de Edward roçaram levemente aos meus e meus olhos se fecharam, esperando pelo que viria.

Mas o som do meu telefone tocando impediu isso e como se ele tivesse saído de um transe, afastou o rosto do meu limpando a garganta e me soltando e io me afastei, dele sem conseguir olhar em seu rosto e me aproximei da borda. Apoiando as mãos na grama e me impulsionando para cima, para sair da água e me agachando no chão, ao lado da minha mochila, puxei a toalha lá de dentro e cobrindo minhas pernas enquanto pegava meu telefone. Alice.

- Che? - atendi entre os dentes.

- Só para saber se você está bem. -

- Sì. -

- Já está vindo para casa? -

- Non. - e desliguei o telefone.

Edward saiu da água alguns segundos depois e não falou nada do que quase aconteceu a pouco e io também non tive coragem de tocar no assunto. Que merda io estava pensando, ele é meu professor. L'inferno! Stupida… Stupida… Stupida… como pode fazer isso? Como pode. L’inferno Isabella, ele é seu professor, immagina o que tuos padrinis vão pensar se souber disso. O que a cidade vai pensar se souber disso. Merda, ele deve estar achando que io sono una troia.

Algum tempo depois, reunimos nossas coisas e nos vestimos e fomos embora, sem tocar naquele assunto e tentando falar sobre qualquer outra coisa, sem muito sucesso, já que ainda pesava um clima estranho tra noi due. Depois de um pouco mais de duas horas, chegamos à casa de mios padrinis e após noi nos despedirmos, ele entrou no carro e io em casa, respirando fundo.

- E então? - e io mal fechei a porta e Alice se materializou atrás de mim. - Onde foram? -

- Caminhar. - respondi simplesmente.

- Para onde? - dei de ombros.

- Sem rumo. Andamos, paramos um pouco para descansar e voltamos. - passei por ela e antes que pudesse subir as escadas madrina desceu.

- Já chegou querida?! Como foi? -

- Divertido. Muito bom. - confessei. Havia sido bom, tirando, claro, o final onde surgiu aquele clima estranho tra noi.

- Que bom, meu anjo. Vai tomar um banho e descansar, quando o jantar estiver pronto eu te chamo. -

- Sì signora. - disse e subi as escadas.

Peguei uma roupa e segui para o banheiro para o banho e enquanto passava a esponja ensaboada pelo meu corpo, Io non pude deixar de pensar nas mãos pesadas de Edward abraçando a minha cintura, apertando o meu corpo contra o dele e pegando-me em seu colo. E io ainda podia sentir um pouco do formigamento que sentir quando seus lábios encostaram de leve aos meus.

PARA ISABELLA. Gritei comigo mesmo. Ele é seu professor, pare com isso agora. Meu cérebro gritava para mim e io resolvi ignorar e fingir que o que havia acontecido naquele lago não existiu e terminei meu banho e io mal terminei de pentear meus cabelos, após me vestir e madrina me chamou para jantar e io desci, o jantar todo, os olhos de Alice em cima de mim. Ela sabia que algo havia acontecido e ela queria saber o que.


Domingo correu rapidamente, principalmente para mim que passei todo o dia com a cara nos livros, as férias já se aproximavam e as provas finais estavam perto e io tinha que passar de ano. E também, obviamente, usei a desculpa de estudar para fugir das indiretas, evasivas de Alice, que tentava a todo custo descobrir o que havia acontecido.

Segunda feira chegou e hoje tinha mais uma apresentação do trabalho de Edward, como que diavolo essa merda de anatomia e reprodução humana não acabava. O dia estava bem quente e o sol brilhava um pouco. Coloquei um vestido simples, de alças grossas, azul água e com estampa de flores rosadas, um casaco fino e tênis, pendurei minha mochila e fui embora.


Basicamente io ia para a escola sozinha e voltava quase sempre com Edward. Alice não fazia mais questão de me acompanhar à escola, ela odiava ir andando, e nunca mais me esperou para vir embora. Vivia sempre correndo atrás de Jasper. Isso não era amor. Era doença.

- Bella? - Edward me chamou na hora do almoço.

- Sì. -

- Vai fazer o que agora? -

- Ir para a sala.

- Ainda faltam dez minutos para a aula. - apontou.

- Melhor dez minutos olhando para o nada a ver due casais trocando saliva. - expliquei.

- Eu quero falar com você antes da aula começar. -

- Fale. -

- Na sala. - disse e io assenti. Noi caminhamos em silêncio até a sala e ele fechou a porta depois que io entrei e io coloquei a mochila em cima do balcão onde io ficava sozinha, já que Alice havia se mudado para o balcão de Jasper.

- Che houve? -

- Me perdoa pelo que vou dizer… - comecei e io olhei para ele confusa. - Mas infelizmente, nós não vamos mais poder continuar nessa intimidade e amizade que estamos tendo. Agora a minha relação com você será puramente professor e aluna, do mesmo jeito que é com os outros. –

Vocabulário.
* Sono arrabbiato e voglio uccidere Alice - Estou com raiva e quero matar Alice.
* Perché – Por quê?...
* Semplice! Perché la prima notte, che io dormo bene e senza incubi. Alice mi sveglia urlando alle cinque del mattino. - Simples! Porque a primeira noite que io durmo direito e sem pesados. Alice me acorda gritando às cinco da manhã.
* Perché lei voleva un aiuto per vestirsi ... Solo perché oggi è il giorno dell’amore. - Porque ela queria ajuda para se vestir. Só porque hoje é dia do amor.
* Tu non hai una ragazza? – Você não tem uma namorada.
* Buona Fortuna! - Boa sorte!
* Io non credo – Eu não acredito.
*Che palle – Que merda.
* Bene che qui – Bem que aqui...
* Vieni qui, per favore – Vem aqui, por favor.
* Non se – Não sei.
* Mios padrinis – meus padrinhos.
* Mio cuore – Meu coração.
* Perché non? – Por que não?
* La donna della sua vita – A mulher da sua vida.
* Donna – mulher.
* Paura – medo.
* Tuos – Teus.
* Inutile – Inutil.
* Mia famiglia – Minha familia.
* Io sto bene – eu estou bem.
*Non sono una maledetta bambola di porcellana – Não sou uma maldita boneca de porcelana.
* Perché diavolo – Por que diabo...?
* Andiamo – Vamos.
* Gelato – Sorvete.
* Lo so – Eu sei.
* Noi due – nós dois.
* Due – Dois/duas.
* Ciao – Oi.
* Nulla – Nada.
* Giardino – Jardim.
* Verità – Verdade.
* Sole – Sol.
* Lei – Ela.
* Quattro anni – Quatro anos.
* Dieci anni – Dez anos.
* Mi arrendo – Eu desisto.
* L’inferno – Inferno.
* Stupida – Estupida.
* Troia – pura.
* Tra noi due – Entre nós dois.
* Sì signora – Sim senhora. 

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