Bella me encarava com cara de paisagem, olhando para o
nada como se estivesse absorvendo o que eu havia acabado de dizer. Eu não
queria acabar com essa amizade que estava desenvolvendo com ela, eu gostava de
ficar perto dela, mas não podia deixar isso correr. Não por mim, mas por ela.
Bella abriu e fechou a boca algumas vezes, tentando falar algo, mas as palavras
não saiam.
Eu não sabia o que se passava em sua cabeça, mas eu
adoraria saber, principalmente após ver seus belos olhos castanhos, como
chocolate derretido, ficando marejados. Minhas pernas queriam se aproximar dela
e meus braços queriam tomá-la em meus braços e conforta-la, mas eu não podia
fazer isso.
- Perché? - perguntou baixo. Como é que eu iria explicar
isso a ela.
Flashback On
Eu
precisei respirar muito fundo quando a Bella disse que iria entrar na água e
começou a tirar a roupa. Primeiro e ela tirou os tênis, ficando descalça com
seus pés pequenos com as unhas pintadas de preto e ficou de pé tirando a blusa.
Eu não queria ficar olhando, mas eu me sentia hipnotizado pelos seus
movimentos.
Isabella
tirou a blusa, jogando a em cima de sua mochila e inconscientemente ajeitou a
parte de cima de seu biquíni, que mostrava um pouco mais do contorno de seus
seios, que não eram grandes demais e nem pequenos demais, eram medianos e
pareciam ser muito bonitos. A barriga era lisa e eu encontrei a quarta tatuagem
dela, o contorno de uma rosa na barriga, ela não precisava tirar a roupa para
me mostrar aquilo.
Quer
dizer, precisava em partes. Bella passou os dedos pelo cós da calça e a abaixou
devagar, revelando uma calcinha preta simples e que me dava uma bela e perfeita
visão de sua bunda, que igual aos seus seios, não era grande e nem pequena, era
mediana, redondinha e perfeita. A tatuagem preta e branca de Bella descia até
uma parte de sua coxa, mais algumas rosas com folhas. Linda.
Eu sentia
um desconforto fudido no meio de minhas pernas. Eu estava duro só por vê-la
ficando de biquíni. Deus, como ela era linda. Eu sentia, dentro de minha calça,
meu pau muito duro e uma pressão fudida em minhas bolas. Eu nunca havia sentido
isso na vida e sentia agora por ver uma menina ficando de biquíni a minha
frente. Eu acho que hoje eu iria entender de fato o que são “bolas azuis”.
Devagar
Bella caminhou até a beirada do rio e me dando uma bela visão de sua bunda
redonda. Levei a mão até o meio de minhas pernas e apertando meu pau tentando
acalmá-lo um pouco e sem o menor sucesso. Bella mergulhava na água e eu
aproveitei e enfiei minha mão dentro de minhas calças tentando ajeitar “meu
amigo” de um jeito que não incomodasse tanto.
…
Eu havia
puxado Bella para dentro da água e para que ela não se machucasse eu a segurei
contra meu corpo e quando a puxei de volta para cima, ela apoiou as mãos em
meus ombros, em busca de apoio. Bella ergueu a cabeça ao mesmo tempo em que eu
abaixei a minha para saber se eu havia machucado-a quando a puxei, e com isso
nossos narizes se tocaram. Eu conseguia ver a alma de Bella ao olhar em seus
doces olhos e eu me sentia como se me afogasse naquele mar de chocolate
derretido.
- Bella. - gemi seu nome de forma mais sussurrante
possível, eu acreditava que nem voz havia saído. Eu senti seu nome reverberar
em minhas cordas vocais e eu adorei a sensação de gemer seu nome.
Eu não
aguentava mais, mesmo nossos corpos estando grudados, eu deseja sentir mais
ainda, se possível, seu corpo pequeno e quente contra o meu. Deslizei as mãos
pelo se quadril e a peguei no colo e ela enlaçou as pernas em meu quadril e eu
senti meu pau, ainda duro, encostando-se ao meio de suas pernas e
discretamente, segurando-a pelo quadril, rocei seu quadril contra o meu.
Eu não
aguentava mais, abaixei o rosto e rocei meus lábios contra os seus. Eu ia
beijá-la. Eu queria beijá-la. Muito. Ela não me parou, ela fechou os olhos
esperando pelo que viria, ela também queria aquilo. Rocei novamente meus lábios
aos dela e iria saciar meu desejo e beijá-la quando um celular tocou e por um
momento meu cérebro me lembrou do erro que iria cometer e a soltei, me
afastando.
Que merda
que eu iria fazer? Eu era maluco?
…
Depois que
deixar a Bella em casa, eu entrei no carro e soquei o volante. Eu sentia raiva,
muita raiva de mim. Não sei se por ter quase cedido aos meus desejos e beijado
minha aluna ou por Alice ter ligado e ter interrompido. Fechei os olhos
tentando me acalmar, só que, mais uma vez, minha mente foi invadida por imagens
de Bella se despindo, e Deus, isso era errado, mas eu daria tudo no mundo para
vê-la nua e tê-la em meus braços, por no mínimo uma vez.
Enquanto
minha mente relembrava a cena de ver Bella tirando a roupa, meu pau ia ficando
duro mais uma vez, e eu o apertei e passei a mão por ele, para tentar
acalma-lo, pelo menos até eu chegar a casa. Liguei o carro e segui para lá,
volta e meia, levando a mão ao meu pau e o apertando.
Graças a
Deus quando eu cheguei a minha casa e ela estava vazia. Seria vergonhoso
explicar o motivo de estar duro depois de ter passado o dia todo com Bella.
Meus pais iriam me matar se soubessem que eu sentia desejos por uma menina de
quinze anos e que era minha aluna.
Corri para
o meu quarto, trancando a porta e entrando no banheiro, trancando a porta
também. Meu pau doía de tão duro que estava e eu rapidamente me livrei de
minhas roupas e ao colocar o chuveiro no mais frio possível, me enfiei embaixo
dele e mesmo depois de cinco minutos, meu pau continuava duro e ereto.
Pensa em
alguma coisa broxante. Pensa em alguma coisa broxante. Eu ordenava ao meu
cérebro e nada. Pense quando você pegou o Emmett e a Rosalie transando. Eu
tentei imaginar a bunda branca de Emmett, mas meu cérebro filho da puta mudava
e pensava na bunda de Bella. Já sei. Pense nos seus pais transando. Isso era
nojento e traumatizante. Encostei a cabeça na parede ao sentir meu pau
amolecendo ao imaginar meus pais transando.
Mas meu
cérebro maldito me fudeu de novo e voltou com a imagem de Bella se despindo.
Mas dessa vez ele fora além, ele imaginou Bella se despindo totalmente. Ele
imaginou seus seios medianos, redondos e duros com os mamilos rosados e
rígidos. E a cena mudou. Ela não estava mais de pé, e sim em sua cama, eu
reconheceria aquela cama depois de quase ter dormido lá mês passado,
completamente nua e com as pernas abertas.
Sua
bucetinha estava molhada e era completamente lisa e rosada e eu podia ver sua
excitação escorrendo dela. Ela levantou um pouco a coluna e esticou a mão,
segurando a minha e me puxando para cima dela. Eu também estava nu e a cabeça
de meu pau roçava em sua buceta molhada.
- Edward. - ela gemeu meu nome baixo com aquele maldito
sotaque e eu quase gozei. - Me faça sua… Io quero ser sua. Apenas sua. - disse
gemendo baixo e meu pau deslizou para dentro de sua buceta molhada e apertada.
- Oh Edward. - ela gemeu. - Abre os olhos. - ela pediu e eu abri.
Eu estava
no meu banheiro, à água gelada ainda caia em cima de mim, e minha mão deslizava
devagar pelo meu pau rígido. E com a imagem de Bella nua e de eu a penetrando,
eu fiz uma coisa que não fazia há anos, me masturbei. Minha mão deslizava por
meu pau, começando devagar e indo mais rápido. Eu encostei a cabeça na parede e
fechei os olhos para poder imaginar melhor e funcionou. Funcionou tão bem que
eu gemi seu nome algumas vezes e gozei me aliviando e sentindo meu pau amolecendo
em minha mão.
Demorou
quase que cinco minutos até eu perceber a merda que eu havia feito. Eu não
acreditava que havia me masturbado pensando em minha aluna e imaginando-a nua
enquanto eu a fodia. Que diabos havia acontecido comigo?
…
E assim se
seguiu todo o domingo, volta e meia eu me lembrava da campina, do que aconteceu
no banheiro e daquele maldito sonho que tive na madrugada de sábado para
domingo, que foi, basicamente, a continuação do pequeno filme que minha mente
perturbada criou. E depois de ter me masturbado de novo no domingo, foi quando
eu resolvi me afastar dela.
Flashback off.
Mas eu não podia falar isso para ela. Ela iria pensar o
pior de mim. Que eu era um pedófilo, tarado que queria transar com ela. E
infelizmente era como eu me sentia. Olhei novamente para seus olhos marejados e
respirei fundo reunindo forças para não ceder e me render aos seus encantos.
Ela era apenas uma menina, nunca havia beijado na vida, eu não podia fazer isso
com ela.
- As pessoas estão falando. -
- Tu disse que non se importava com isso. Já que era
amigo de mios padrinis há tempos. - apontou.
- Eu sei. Mas… - suspirei. - O diretor está achando
estranho. - mentira, ele nunca dissera uma palavra sobre isso. - Alguns alunos
comentaram com ele e ele me repreendeu. - mentira novamente. Eu preferia mentir
a deixar minha mente sórdida continuar fazendo isso. - E eu… Eu não quero
começar a manchar a minha carreira e eu não quero que falem de você. - essa
última parte era verdade. Eu não queria que falassem dela. - Você é tão frágil,
Bella, que eu não quero que as pessoas desse lugar fiquem falando merda de
você. - isso era a pura verdade. Ela era tão frágil que eu sentia uma vontade
enorme de envolvê-la em meus braços e protegê-la dos outros. - Me perdoe mesmo…
- limpei a garganta. - E quanto ao que aconteceu sábado na campina, se você
puder esquecer e não comentar aquilo com ninguém. -
- Non se preocupe, Sr Cullen. - disse firme e meio
ríspida e eu odiei isso. - Non aconteceu nada. - porque Alice ligou. Respondi
mentalmente.
- Você não precisa me chamar de Sr. Cullen. - torci o
nariz. - Pode continuar me chamando de Edward. -
- Non. A partir do momento que o senhor disse que a nossa
relação será igual a do senhor com os outros alunos. Nada mais justo, do que eu
chama-lo igual aos outros. Senhor Cullen. - repetiu e respirou fundo como se
tentasse engolir o choro. - Bom, o sinal ainda non tocou, então se o senhor. -
ela frisava muito o senhor e era como
se eu levasse uma facada no coração. - Se o senhor non se importar, io gostaria
de ir ao banheiro. -
- À vontade. - respondi e deixando a mochila em cima do
balcão, ela saiu da sala, batendo a porta atrás de si e eu soquei com força o
balcão a minha frente. - Merda! - gritei puxando meus cabelos com força.
- Está tudo bem? - ouvi a voz do meu irmão vindo da porta
e eu nem me toquei que ele havia entrado.
- Está. - respondi rapidamente. - O que quer? - perguntei
ao vê-lo sozinho.
- Falar com você. Eu estou tentando desde ontem, mas você
ficou trancado no quarto o dia todo. -
- O que é? -
- Talvez isso não seja da minha conta. Mas o que
aconteceu no sábado entre você e a Bella? -
- Talvez isso não seja da sua conta? Só talvez? -
- Ok. Não é da minha conta. Mas o que aconteceu? -
- Nada. -
- Mentira. Eu sei que vocês me acham infantil e idiota… -
- Ainda bem que sabe… -
- Mas eu não sou. - ele me ignorou. - Qual é irmão?! Acha
que eu não notei que você está a fim dela? - disse e eu o encarei. - Você e a
escola toda. - apontou e eu fechei a cara. - Ainda bem que a ursinha não se
importa com o fato de a Bella vir pra cima de mim quando alguém dá em cima
dela. Mas isso é outra história. Eu sei que você está a fim dela e sei que
gosta dela. Então por que quer se afastar dela? - o encarei de novo. - Eu ouvi.
Estava vindo falar com você quando ouvi sua desculpa estapafúrdia… -
- Soletre estapafúrdia. - pedi tentando mudar de assunto.
- E-S-T-A-P-A-F-Ú-R-D-I-A. - e não é que ele acertou?!. -
E não mude de assunto. - é, ele não é tão idiota como achava.
- Eu quero me afastar dela antes que algo aconteça. -
- Algo tipo o que? Você se apaixonar por ela? Mano, é
bom, acredite em mim, e eu tô de quatro pela Rosalie. -
- Emmett... Ela é menor de idade. Eu sou mais velho e sou
professor dela. - apontei. - Imagina se o diretor sabe. Se os tios dela sabem.
Se a cidade sabe. -
- Foda-se. - disse com vontade. - Se for sério da parte
dos dois que se foda o mundo. -
- Rosalie mudou você em… -
- Eu que o diga. -
- Mas é sério Emmett… Não dá. -
- Toda forma de amor é justa. Mesmo vocês tendo quase dez
anos de diferença. - agora eu estava surpreso com o meu irmão.
- Aqui não dá. Não nessa cidade pequena. E Emmett, a
Bella deve me ver no máximo como um irmão mais velho. Só isso. -
- Tenho minhas dúvidas. É sério, você não vê como ela
fica quando te olha. Eu faço todas as aulas com ela, e em todas as aulas ela
parece um zumbi do The Walking Dead, uma zumbi gostosa, mas mesmo assim, zumbi,
e quando chega a sua aula, ela fica mais feliz. E olha que ela odeia biologia. E
é divertido... Ela ficando corada com os slides que você passa. - ele riu.
- Emmett… Eu me masturbei duas vezes pensando nela nua e
sonhei que estava transando com ela. - confessei.
- Epa… Conta-me essa história aí. - bufei, meu irmão
voltou a ser um idiota. - Do nada? -
- Lembra-se da campina que eu te contei? - assentiu. - Eu
a levei lá e ela tirou a roupa… -
- Ela ficou pelada? Queria ter ido. -
- Não seu imbecil… - rosnei. - Ela apenas ficou de
biquíni… E céus… - passei a mão pelos cabelos, os puxando.
- Ela é gostosa? -
- Muito. - respondi sinceramente. - E eu não consigo
tirar aquela imagem da cabeça. Essa imagem me assombrou durante todo o resto do
final de semana. -
- E por que você quer se afastar dela? Eu não entendo. -
- Eu já expliquei, Emmett. -
- Não. Você não explicou. Você deu um monte de desculpas
esfarrapadas… Você gosta dela, tenta ela saber se ela gosta de você e pronto. -
- E o que eu faço com isso? - perguntei apontando para a
sala.
- Já falei. Foda-se todo mundo. E, aliás, ninguém precisa
saber do que acontece entre vocês dois. -
- Escondido? Não sou homem de fazer as coisas escondido.
-
- Vai ter que fazer, caso queira ficar com ela. - deu de
ombros.
- Não sei Emmett. - o sinal tocou. - Ela é menor de
idade, sabe o que todo mundo vai pensar de mim. O que nossos pais vão pensar de
mim. -
- Mamãe é quase sete anos mais nova com que o papai. -
apontou.
- Mas ela não tinha 15 anos e ele 24. - apontei e a porta
foi aberta e alguns alunos começaram a entrar.
- Você não vai conseguir ficar longe dela. - disse baixo
e caminhou para a sua mesa. É claro que eu iria conseguir ficar longe dela.
Essa ideia de Emmett era idiota. Ficar com ela escondido… Isso nunca daria
certo.
Todo mundo voltou para a sala, menos Bella. Ela havia ido
ao banheiro e não voltou, nem depois que o sinal tocou. Eu dei aula, olhando
volta e meia para a porta esperando que ela entrasse e sem nenhum sinal ou
menção que ela iria entrar ou que estava do lado de fora da sala.
A aula se encerrou e com ela outro dia de apresentação de
trabalho, e Bella não deu as caras a aula inteira. Todo mundo já havia ido
embora e eu estava me preparando para a minha última aula e a mochila em cima
da mesa.
- Com licença. - ouvi uma batida na porta e ao olhar para
lá e vi que Renata estava parada na porta.
- Renata? O que foi? -
- Bella ligou. - disse entrando na sala e pegando a
mochila da sobrinha e pendurando no ombro. - Disse que estava com dor de cabeça
e pediu para que eu viesse buscá-la… O que é bem estranho, ela já estava a um
bom tempo sem sentir nada. - suspirou. - Já avisei a Sra. Cooper. -
- Tudo bem. -
- Ah… Sabe o motivo para a dor de cabeça ter vindo do
nada? - neguei. - Tudo bem, tchau querido. - e ela saiu.
O resto da semana correu e a Bella não deu as caras na
escola a semana inteira. No dia seguinte depois que eu disse a Bella que teria
que me afastar dela, Renata apareceu na secretaria, um pouco antes de eu
começar a minha aula, com um atestado, assinado por meu pai, que liberava Bella
que toda a atividade escolar da semana por uma semana.
Hoje era aniversário de Alice e ela iria fazer uma festa
em sua casa, uma festa não supervisada, já que seus pais iriam ficar fora para
que ela pudesse dar sua festa a vontade. Emmett encheu o saco para que eu fosse
a essa festa e eu acabei cedendo. Não por querer ir a uma festa, mas por querer
rever a Bella, ia fazer uma que eu não a via.
Depois de pronto e de Emmett também já estar pronto, nós
seguimos para a casa dos Brandon. Eu não pretendia ficar muito na festa, queria
apenas saber como ela estava e pretendia ir embora. A rua da casa dos Brandon
estava completamente tomada por carros dos alunos da escola, ela deve ter
chamado à escola inteira.
A casa e o jardim dos fundos estavam abarrotados de
gente, e muitos já com copos de cerveja na mão. Eu nem queria saber quem havia
comprado essas cervejas e eu pouco ligava. Eu fiquei quase dez minutos andando
pela casa e pelo jardim atrás de Bella e não a encontrava. Ela não teria ido
para La Push com os tios, teriam?
Subi as escadas e podia jurar que ouvi gemidos vindos de
alguns quartos e caminhei para o de Bella. Que estava silencioso, mas a luz
saia das frestas da porta. Bati na mesma é nada. Bati uma, duas, três, quatro
vezes e nada. Respirei fundo e levei a mão à maçaneta e a virei abrindo a
porta.
Era a segunda vez que eu entrei nesse quatro. O quarto
era grande, branco e com piso de madeira. A cama, pequena de mais para ser de
casal e grande demais para ser de solteiro. Ficava embaixo da janela, que era
coberta por uma cortina clara, com algumas luzes penduradas nela. Duas pequenas
mesinhas de cabeceira, com dois abajures em cima e um espelho apoiado contra a
parede.
Junto à parede um pequeno cabideiro com algumas roupas
penduradas e algumas sacolas, caixas e sapatos arrumados em algumas
prateleiras. Uma pequena penteadeira com um pequeno vaso de cristal de tulipas
rosa. Alguns frascos de perfume, algumas joias e maquiagem espalhadas, de forma
organizada, por ela.
E ao lado dela uma escrivaninha branca, com o notebook
aberto e pausado em algum filme ou série da Netflix, uma lata dourada com
rosas, a mochila pendurada na cadeira giratória, e na parede uma prateleira com
livros, os que ela comprou em Austin e alguns livros escolares. E ao lado do
notebook o seu caderno aberto, mesmo ela não tendo ido a aula a semana inteira,
ela tinha a minha matéria completa. Provavelmente ela pegou com Alice. Na
parede ao lado da cama, várias fotos presas na parede, formando uma espécie de
coração, algumas luzes em volta dela e em baixo uma pequena prateleira com
algumas esculturas, provavelmente de alguns lugares que ela foi. Uma pequena
torre Eiffel, três pirâmides do Egito. Um Taj Mahal e alguns outros que eu não
reconheci.
As duas vezes que eu entrei nesse quarto eu não tive uma
chance de olhá-lo bem, principalmente as suas fotos. A maioria dela eram
sozinhas, algumas com quem possivelmente eram seus pais, Alice… E Jacob. Fotos
em Londres. França. Dubai. Nova Delhi. Amsterdã. Verona, Veneza, Roma, Barcelona… Fotos em jogos da Juventus e da Seleção.
- O que está fazendo aqui? - ouvi a voz de Bella vindo de
trás de mim e eu me virei. Bella usava um short curto acinzentado, e uma blusa
de mangas curtas, que deixava uma faixa de sua barriga a mostra, branca. Suas
inseparáveis medalhas estavam penduradas em seu pescoço e seu cabelo preso em
uma trança lateral bem feita. - Caso o senhor non tenha notado. A festa é lá
embaixo. -
- E por que você não está lá embaixo? -
- Para que? -
- É o aniversário de sua prima. -
- E? - suspirei.
- Por que não foi à escola a semana toda? -
- Seu pai me liberou. -
- Eu sei, mas eu quero saber o motivo. -
- Non é da sua conta. - disse ríspida. Essa não era a
menina que eu conheci. - E io vou perguntar mais uma vez. O que está fazendo em
mio quarto? -
- Vim ver apenas como estava. Fiquei preocupado por ter
sumido de repente. -
- Como vê… Io sto
molto bene. E caso o
senhor não deseje que falem de você estar perto de mim, peço, gentilmente, que
saia. - disse e me confirmando, seguiu até a sua escrivaninha pegando o
notebook e seus fones. - Bata a porta quando sair. - pediu sentando-se na cama
e colocando os fones. Eu fiquei parado por alguns segundos até caminhar até ela
é arrancar seus fones.
- O que quer que eu diga? Desculpa? Ok! Desculpa. Eu não
quis magoar você daquele jeito, mas eu fiz isso para proteger você. -
- De quem? -
- Desse lugar! - disse a encarando. - Você viu o que o
pastor Weber fez naquela quermesse, você quer que toda a cidade faça a mesma
coisa por sugerir e pensar que estávamos tendo alguma coisa? Você quer mesmo
que essa cidade pense que eu estou transando com você? - ela me olhou confusa.
- Porque é o que eles provavelmente estão começando a pensar. É isso geraria
problemas, você é menor de idade e minha aluna. -
- E se io quiser transar com alguém não é da conta de
ninguém. - rebateu.
- Mas você é menor de idade e eles… -
- Io ho a maioridade sexual. -
- Bella… -
- A maioridade sexual na Itália é de 14 anos e io ho 15.
- respondeu e eu a encarei.
- É sério? - essa parte eu não sabia.
- E a partir do momento em que io non so americana, non
tenho nenhuma obrigação, dever ou direitos nesse lugar. Io repito: Io posso
transar com quem io quiser, e isso non é da conta de ninguém. -
- Mesmo assim… Você não entende. - ela bufou
audivelmente.
- Então me explica. - ela se virou de frente para mim. -
Se io não entendo, então me explica. Mas espero que tenha um motivo melhor para
se afastar de mim sem ser essa cidade hipócrita. -
- Quer saber mesmo? -
- Sì. -
- Eu não quero acabar fazendo besteira… -
- Qual besteira? - perguntou e sem aguentar mais eu a
puxei pela mão e seu corpo pequeno se chocou contra o meu, e segurando seu
rosto com as duas mãos, eu a beijei. De início, Bella ficou receosa, como se
não acreditasse no que eu tivesse feito, mas não demorou muito e ela relaxou em
meus braços e levou as mãos para a gola de minha camisa preta.
Tirei as mãos de seu rosto e enlacei sua cintura,
prensando seu corpo mais contra ela. Deslizei a ponta de minha língua pelos
seus lábios, sentindo a doçura e a maciez deles. Seus lábios se entreabriram e
minha língua tocou a dela e eu soltei um gemido baixo e apertei mais sua cintura
contra mim.
Bella tirou as mãos da gola de minha camisa e enlaçou meu
pescoço, ficando na ponta dos pés. Desci minhas mãos pelo seu quadril, deixando
minhas mãos espalmadas e apertei com vontade. Eu sentia vontade de fazer isso
desde sábado quando eu vi essa bunda redondinha. E essa bunda era perfeita.
Redonda, empinada e durinha. E apertando-a mais uma vez, a peguei no colo e
caminhei até a sua cama, deitando-a no colchão macio e ficando por cima dela.
Bella tinha a boca mais macia que eu já havia beijado.
Mais macia, doce, saborosa e viciante. Eu podia ficar aqui o dia todo que nunca
me cansaria ou enjoaria. Interrompi o beijo, mordiscando de leve seu lábio
inferior e o puxando. Suguei seu lábio e voltei a beijá-la, até que meus
pulmões ameaçaram explodir sem oxigênio e eu interrompi o beijo, com beijos
leves em seus lábios avermelhados e levemente inchados. E encostei minha testa
a dela.
Bella buscava o ar pela boca, com os lábios entreabertos
e seus lindos olhos castanhos me encaravam, com os olhos brilhantes e com um
leve toque de confusão, sem saber direito o que havia acontecido.
- Essa besteira que eu não queria fazer. - expliquei
saindo de cima dela e deixando o quarto sem falar nada e indo embora para
casa.
…
Hoje era a Páscoa e teria uma pequena caçada a ovos no
parque da cidade. Tinha por volta de duas semanas que eu havia beijado a Bella
e não tocara no assunto com ela e nem com ninguém, mesmo Emmett perguntando se
havia acontecido algo no quarto, já que eu demorei muito para descer. Bella até
tentou falar sobre o que aconteceu, mas eu sempre me esquivava, dando a
desculpa de que tinha aula para dar. Eu estava pior que um adolescente.
A missa havia acabado agora e Renata veio junto com a
família, durante todo o culto do pastor Weber, o qual, Deus vai me perdoar, eu
fiquei no telefone, eu e mais da metade da igreja. Eu fiquei muito tentado em
ligar ou mandar uma mensagem a Bella. Eu tinha que me explicar com ela, eu não
queria que ela achasse que eu a beijei e não queira mais falar com ela.
Depois de quase três horas, o culto acabou e nós fomos
para o parque para a caçada aos ovos. Eu havia ficado horas achando que Bella
estaria em casa trancada no quarto, mas não. Ela estava no parque, atrás de uma
árvore, sentada entre as raízes da mesma, absorvendo vitamina D, do sol que
hoje nos presenteou com o ar da graça. O prefeito deu início à caçada e eu
caminhei até a Bella, após a tia se afastar dela.
Bella estava sentada, com o telefone em mãos. Ela trajava
uma blusa branca de mangas compridas e finas, com uma das mangas abaixadas,
deixando o ombro à mostra é a tatuagem de Ohana
a mostra, a camisa tinha a estampa de um coelho com uma orelha erguida e a
outra caída, os olhos do coelho estavam cobertos por óculos de sol e seu nariz
era em formato de coração com dois bigodes saindo dele, short amarronzado que
batia no meio de suas coxas, deixando suas lindas pernas a mostra e nos pés,
all star branco.
- Oi. - disse e ela me ignorou. Agachei-me a sua frente e
vi dois fios brancos saindo de seu celular e indo até seus ouvidos. Olhei para
seu telefone, a câmera filmava uma multidão, talvez ela assistisse a algum
show, levei a mão até seus fones, os arrancando e ela deu um pulo no chão. -
Oi. - disse de novo e ela me encarou por alguns segundos e depois olhou em
volta. - Que foi? -
- Está falando comigo? - perguntou me encarando.
- Estou. Por quê? -
- Tem me ignorado há semanas… Talvez da próxima vez você
pudesse me avisar antes. - reclamou e puxou os fones da minha mão e colocou um.
- Eu tive um bom motivo. -
- Sempre tem. - ironizou.
- Eu não ia conversar sobre o que aconteceu no meio da
escola. - respondi me sentando a sua frente.
- O que aconteceu?! Não aconteceu nada. Do mesmo jeito
que não aconteceu nada naquele dia na campina… -
- Bella… - disse um pouco ofendido.
- Da licença? - pediu irritada e magoada. - Você já
assistiu a sua missa, agora io adoraria assistir a minha na santa paz. - disse
e colocou os fones de ouvido e apertou o botão de aumentar o volume. O som
vindo de seu fone estava absurdamente alto, eu a sua frente ouvia algumas
coisas vindas dele. Ela assistia a missa do Papa, no Vaticano. Deixei-a em paz
e me levantei saindo dali.
- Hey. - Emmett se aproximou quando me afastei de Bella.
- Que é? -
- Vai pra onde? -
- Casa! - respondi rispidamente.
- Hey… - ele me segurou pelo braço. - Não ia conversar
com a Bella? -
- Ela não quer falar comigo. Eu fui tentar falar sobre o
que aconteceu na festa de Alice e ela disse que não aconteceu nada… -
- Alice disse que ela está assistindo a missa então… Pera
aí, o que aconteceu na festa de Alice? -
- Eu beijei a Bella. - confessei baixo. - E o pior é que
eu gostei. -
- E está ignorando ela desde esse dia. Porra Edward,
depois o burro sou eu. - o encarei. - Você mesmo disse que a menina era uma
virgem santa, que nunca havia beijado na vida. Aí você resolve beijá-la e a
ignora? É claro que ela não quer falar com você. Eu não iria querer. - passei a
mão pelos cabelos puxando com força e arrancando alguns fios. - Mas não se preocupe
irmãozinho, eu vou juntar vocês dois. -
- Eu não vou me envolver com a minha aluna. - disse entre
os dentes e quase gritando.
- Eu posso saber o que está havendo aqui? - meu pai
perguntou se aproximando de nós.
- Nada. - disse rapidamente.
- Edward está apaixonado pela Bella. - Emmett respondeu e
eu senti vontade de matá-lo.
- Edward. Ela é uma menina. - minha mãe arfou e foi
quando eu notei que ela estava ao lado de meu pai. Ótimo.
- Querida. Deixe-me conversar com ele um pouco a sós, por
favor. - pediu ele é minha mãe saiu puxando meu irmão. - O que está havendo? -
- Nada pai. -
- Essa história do Emmett é verdade? -
- Não. - me apressei em dizer e vi sobre o ombro de meu
pai que Bella havia saído do meio das raízes da árvore, ainda com o celular em
mãos e com os fones no ouvido, quando Mike apareceu e a prensou contra a
árvore, minhas mãos se fecharam em punhos, e quase fui dominado por uma vontade
insana de largar meu pai aqui e ir até lá e quebrar a cara daquele infeliz para
ver se assim ele a deixa em paz. E antes mesmo que meu cérebro desse a ordem as
minhas pernas de irem até lá, Emmett se aproximou dos dois e foi apenas preciso
para Mike, ver a sombra de Emmett que ele se afastou. Emmett mesmo tendo a
mesma idade que os outros alunos sempre foi muito mais forte, alto e largo e isso
assustava muito gente. E quando Mike se afastou e Emmett acompanhou Bella até o
banco onde seus tios estavam, e ele falava alguma coisa gesticulando muito com
as mãos, eu fiquei nervoso, que diabos ele está falando com ela?
- Tudo bem… Agora eu vou refazer a pergunta e eu quero a
resposta verdadeira. - meu pai atraiu de novo a minha atenção. - A história do
Emmett é ou não verdade? -
- Não. - repeti e ele me encarou com uma das sobrancelhas
aloiradas arqueadas. - Em termos. -
- Ela só tem… -
- Quinze anos. Eu sei. Por que o senhor acha que estou
desse jeito? - reclamei e me sentei no banco, nós estávamos mais perto do
estacionamento e afastado das outras pessoas, tanto que o risco de alguém nos
ouvir era nulo.
- Quando isso começou? - perguntou calmamente se sentando
ao meu lado.
- Que eu percebi foi naquele sábado em que a levei para
caminhar. - passei a mão pelo rosto, não acreditava que estava falando disso
com meu pai. - Eu já não conseguia parar de pensar nela antes, depois desse dia
está muito pior. -
- E por quê? Por que você se aproximou dela? -
- Ela estava sozinha… -
- Alice… -
- Alice a largava volta e meia na escola para sair com
Jasper ou Rosalie. -
- Pena? -
- Pena não. - eu passei as mãos pelo cabelo os puxando
com força. - Eu não sei pai. Só sinto coisas que sei que não deveria sentir. -
eu falava olhando para o chão. - Eu sei que ela é uma menina, que tem quinze
anos e que principalmente é minha aluna. Mas… Ela me atrai tão forte. -
- É a primeira vez que se sente atraído por uma
adolescente? -
- Foi só com ela. - respondi. - Nunca senti nada por mais
nenhuma, é apenas ela. Não sei por que, mas é apenas ela. Tem algo nela… Tem
algo que me atrai nela. É como se fôssemos imãs e um atraia o outro… -
- Olha. Seria muita, muita hipocrisia minha tentar te
repreender já que sua mãe é dez anos mais nova do que eu… -
- Ela não tinha quinze anos. - apontei.
- Você é adulto. Sabe no que está se metendo. Só te falo
uma coisa. - a encarei. - Ela é uma menina. Ela é inocente. Tá que ela vai
fazer dezesseis anos em poucos meses, mas ela é inocente. Você faz companhia a
ela, ajuda ela, primeiro, antes de tudo, você tem que saber se é recíproco ou
se ela apenas o vê como irmão. Não força nada, e tenta sair disso. Caso seja
sério e não apenas uma atração que passará após uma noite de sexo, eu vou ficar
do seu lado. Mas se for sério, se prepare para essa cidade de mente pequena… -
- Carlisle… - Caius disse se aproximando de nós.
- E me preparar para Caius me matar. - falei baixo.
- Fala. -
- Vamos… Os dois… Almoço lá em casa, vamos… Renata fez um
almoço especial para a Bell’s. - respondeu.
- Vamos. -
Todos já haviam ido, mesmo eu, meu pai e Caius, e ele foi
ao carro conosco. Quando chegamos a sua casa e cruzamos a soleira da porta, o
cheiro de cordeiro invadiu nossas narinas, a única a vista era Bella sentada na
poltrona assistindo a algum canal italiano, ela havia ligado o computador na tv
da sala. Ela não havia nos visto e deu um pulo da poltrona quando seu tio lhe
deu um beijo na testa.
- O que é isso? - perguntou apontando para o filme.
- Roma. -
- A série? - ela assentiu. - Tudo bem. Cadê todo mundo? -
- Alice, Jasper, Rosalie e Emmett estão lá em cima. Tia
Renata e Esme na cozinha. -
- Não está com sua prima, por quê? - Caius questionou e
ela apenas o encarou e sem responder deitou a cabeça em uma almofada e voltou à
atenção a série.
Caius e meu pai foram para a cozinha e eu me sentei na
sala, no sofá ao lado da poltrona onde ela estava. Ela assistia a série em
silêncio, sua cabeça estava apoiada no encosto da poltrona e ela estava com uma
coberta. O áudio estava em italiano e sem legenda.
- Ui mulher pelada. - Emmett disse em meu ouvido e eu dei
um pulo do sofá.
- Qual é o seu problema? - questionei atraindo
rapidamente a atenção da Bella, mas ela logo voltou à atenção a série.
- Fala com ela. - disse baixo quase rosnando.
- Emmett… -
- Para de viadisse e fala logo com ela… -
- Não… -
- Bella… - ele gritou em meu ouvido e ela o encarou sem
falar nada. - Hoje à noite nós vamos a um parque em Port Angeles, quer ir? -
ela negou com a cabeça.
- Grazie. Mas non. Non vou ficar segurando vela para
ninguém… Quer dizer, para dois já é quase um castiçal. -
- O Edward também vai… Um faz companhia ao outro. -
- Eu vou é? - e ele me deu uma tapa na nuca. - Hey. -
- Vou pensar… - ele sorriu.
- Disponha… - ele disse para mim e como ele chegou, ele
saiu andando.
- Bella… - Renata a chamou e ela saiu do sofá dando pause
na série pelo notebook, e foi para a cozinha.
- Si. -
- Coloca a mesa para mim, amor? -
- A francesa, a russa, inglesa direto ou indireto? - a
encarei confuso enquanto ela caminhava sorrindo para cozinha.
- Só coloca. - Renata respondeu rindo. - Minha irmã e
suas malditas regras de etiqueta. - e dessa vez todos na cozinha riram, vi que
meu pai, o que estava mais próximo da porta, com um copo de uísque em mãos,
apontou discretamente para que seguisse Bella até a sala de jantar, me levantei
do sofá e tratei de ir para a sala de jantar.
- Quer ajuda? - perguntei enquanto ela colocava os pratos
na mesa.
- Non. - respondeu simplesmente enquanto alinhava os
utensílios quase que milimetricamente.
- Quer uma régua? -
- Quer ir a merda? - ela retrucou me encarando feio e com
um sorriso sarcástico e assustador.
- Olha o respeito… - ela ignorou.
- Madrina… Acabei. - disse me deixando sozinho.
- E aí? - meu pai apareceu atrás de mim.
- Ela me mandou a merda. - disse ríspido e ele riu. -
Qual é a graça? -
- Sua mãe fez o mesmo comigo… É amor… Vocês só não sabem
disso… Pelo menos ela não… - e ele me puxou para a cozinha.
- Madrina, o que é isso? - Bella questionou encarando uma
travessa em cima da mesa.
- É uma colomba pascal… - respondeu sorrindo.
- Isso é uma pomba? - Bella perguntou mexendo a cabeça e
tentando ver a forma.
- É. -
- Isso é a cabeça? - e o sorriso de Renata murchou.
- Isso é o rabo. - e Caius quase caiu da cadeira de tanto
rir.
- Viu amor, eu te falei que isso não parecia uma pomba...
-
- Eu me formei em veterinária e não em artes… - ela bateu
no marido com um pano de prato.
- A senhora sabe que io sei o que a senhora está fazendo,
non sabe? - Bella perguntou a tia.
- Não estou fazendo nada. - resmungou a tia.
-Aham… Claro. - Bella ironizou e seu celular começou a
tocar uma música estranha. -Jackie! - e ela saiu correndo para a sala.
- Quem é Jackie? - Caius perguntou e Renata o encarou
feio. - A tá, o guarda. - Renata revirou os olhos.
Renata esperou a afilhada acabar a ligação para levar as
travessas para a mesa e chamar os outros. Ela havia feito um almoço pascal
tipicamente italiano para Bella, cordeiro e de sobremesa a Colomba Pascal. Eu
nunca havia passado a Páscoa na Itália, sempre neste feriado eu vinha para casa
para ficar com minha família, mas bem, acredito que no mundo todo conheça a
Colomba Pascal.
- Tia, eu posso pedir um favor. - Emmett começou
encarando não só Renata mais Caius também, ele tinha essa mania de chama-los de
tios, assim como Alice chamava meus pais de tios e Jasper e Rosalie idem.
- Claro, querido, o que? -
- Importa-se se formos ao parque de diversões à noite? Eu
chamei a Bella para ir junto, mas a garota não quer ir… Obriga ela. - e Bella o
encarou com as bochechas cheias do doce que a madrinha fez, aquilo
definitivamente não era uma pomba, mas estava delicioso. E as bochechas dela
cheias, iguais a de um esquilo guardando nozes, era a prova disso, e a cena
mais fofa que vi no dia. Bella ignorou Emmett e voltou a comer como se ele não
tivesse dito nada. - Então? -
- Por mim vocês podem ir à vontade. Caso Bella queira,
ela vai também. -
- Obriga ela a ir. -
- Emmett… Para Port Angeles, precisa ir de carro. - Caius
disse e Emmett ficou encarando-o por alguns minutos até se tocar.
- Aé, verdade, tinha esquecido… Desculpa. -
- Mas se ela quiser ir, ela toma um calmante fraco. -
Renata disse. - Acabou? - perguntou à afilhada.
- De? -
- Comer? -
- Si… Por enquanto… - e Emmett riu.
- Oh poço sem fundo, calma que você só deve ter
centímetros de estômago. - Emmett brincou.
- Carino… É
comida que preste, da licença… -
- Você me chamou de que? -
- Carino… - e
ele olhou de Renata para Alice e para mim em busca de tradução.
- Fofo, Emmett. Significa fofinho, bonitinho e tal. - e
ele sorriu se gabando. - Mas ela disse na ironia. - e o sorriso dele morreu e
Bella riu. - Ok… Alice tira a mesa, porque a Bella já a pôs, anda para eu lavar
a louça. - disse se levantando. - E a senhorita não suma, porque eu tenho algo
para você? -
- Cioccolato? -
- Também. - e igual a uma criança animada, Bella bateu as
mãos sorrindo. - Como é que você não é diabética em? -
- Perché mamma
só me deixava comer doces em certas épocas do ano. - respondeu a madrinha. -
Mas isso non significa que io non me entupia de sorvete… -
- Pai amado. -
Alice tirou a mesa com a ajuda de todos, menos de Bella
que fora basicamente arrastada para a sala por meu pai e seu tio. Minha mãe e
Renata ficaram de lavar a louça e depois voltaram para a sala com uma bandeja
de café fresco e um embrulho grande para Bella. Junto à bandeja de café tinha
alguns potinhos com chocolate para quem quisesse.
- Amore… -
Renata entregou o embrulho grande a Bella.
- Cioccolato…
Cioccolato… Cioccolato… - ela cantarolou
abrindo o embrulho.
- Eu nunca ganho ovo de chocolate. - Alice reclamou.
- É porque você não come. - Caius rebateu e Bella abriu o
ovo gigante e algo, uma surpresa, caiu de dentro dele.
- Cos’è questo?
- perguntou. Era um envelope levemente enrolado.
- Abre. - Renata disse sorrindo e Bella o rasgou abrindo
e seus olhos se arregalaram, enquanto seus lábios vermelhos e macios se
entreabriram enquanto ela sugava o ar entre eles, como se por alguns segundos
ela tivesse perdido a respiração.
- Questo è uno
scherzo, non è vero? - ela encarou os tios com os olhos começando a ficar marejados.
- Un brutto scherzo… - o que diabos
eles tinham dado a menina para ela reagir assim.
- Não é piada. - Renata disse. - Não é brincadeira. -
- È vero? - e Renata assentiu calmamente e Bella se jogou em seu colo, Renata
estava sentada no braço do sofá, e quando a afilhada se jogou em seu colo, só
faltou as duas caírem no chão.
- O que eu perdi? - Alice perguntou confusa.
- Eu e sua mãe, compramos passagens para Bella ir a
Siena. Passagens sem data, para ela ir quando quiser. Ida e volta. - Caius respondeu,
agora eu entendi o motivo do choro de Bella.
- Calmati, amore mio…
- Renata disse mexendo nos cabelos da afilhada e a abraçando forte. Bella a
soltou, passando as mãos pelos olhos secando as lágrimas e foi para os braços
do padrinho, abraçá-lo também.
- Minha menininha… - ele disse baixo dando um beijo na
cabeça de Bella e eu vi Alice fechando a cara.
- Amore. -
Renata a chamou. - Elas têm validade de um ano. É só ligar para a companheira
aérea e marcar os dias. Tá bom? - Bella assentiu ainda debaixo do abraço do
tio.
- Então… - Alice chamou a atenção com o mau humor
estampado na voz, e todo mundo notou, mas ninguém disse nada. - Vamos fazer o
que agora? -
- Ah… Escolhem… - ela disse simplesmente dando de ombros.
Bella havia se acalmando e colocando o envelope com as passagens junto com o
ovo, que Caius havia embrulhado de novo e colocado em cima da mesa. - Se forem
para o parque, sugiro começar a ver as coisas logo. Já vai dar quatro horas… -
- O parque só abre às sete. - Alice apontou.
- Até todos se aprontarem e vocês chegarem lá já passou
das sete. - Renata retrucou. - Nós quatro. - disse apontando para ela, o marido
e meus pais. - Vamos visitar o Harry. A Bella decide o quer fazer… -
- Quem é Harry? - ela perguntou confusa.
- Harry Clearwater, um amigo da família que mora em La
Push… - Caius respondeu. - Aquele que volta e meia vamos lá. - ela assentiu.
- Então, o que quer fazer? -
- Non lo so. -
deu de ombros e ganhou um beijo na cabeça da tia.
- Decide amor. -
- La Push. - disse por fim.
- Ok. - ela assentiu.
Nós fomos embora para que todos pudessem se aprontar, e
meus pais ficaram de se encontrar com os Brandon na casa de Harry em La Push.
Quando nós chegamos a casa, e eu segui para o meu quarto, Emmett foi atrás de
mim, em meu quarto e só saiu de lá, quando eu prometi que iria para La Push
conversar com Bella e não sairia de lá até conversar com ela.
Ele se aprontou e saiu de casa indo buscar os outros e eu
fui com meus pais para La Push. Minha mãe não havia gostado muito disso, até
porque meu pai havia conversado com ela, sobre nossa conversa no estacionamento
mais cedo. Ela entendia que a situação era, em partes, parecida, já que ela e
meu pai tinham a mesma faixa etária que eu e Bella, mas quando ela namorou meu
pai, ela não tinha quinze anos e nem era aluna de meu pai.
Nós chegamos a La Push e Caius e Renata estavam na
varanda de Harry com Sue, conversando e com garrafas de cerveja em mãos. Mas
Bella não estava em lugar nenhum, será que ela havia decidido de uma hora ficar
em casa?
- Edward, que milagre é esse, você quase não vem aqui! -
Harry disse me abraçando.
- Tenho que ficar de olho neles, não é… - brinquei. -
Quando juntam vocês três só faltam entrar em coma alcoólico. - brinquei e ele
gargalhou.
- Verdade. -
- A afilhada da Renata, a Bella está aí também… Alice
raramente vem, mas a menina está aí. - ele respondeu. Sim, ela havia vindo, mas
onde ela estava enfiada eu não sabia.
- Edward pode ver a Bella para mim? Ela tomou o calmante
antes de vir. - Caiu pediu após Renata, minha mãe e Sue entrarem.
- Onde ela está? -
- Na praia. - respondeu.
- Claro. - sai de lá e caminhei para a praia.
Foram cerca de uns cinco minutos andando da casa de Harry
até a praia. Bella estava um pouco afastada, no galho grosso de árvore caído e
esbranquiçado devido à água salgada, estavam seus tênis brancos, enquanto ela
andava na beira da água, molhando os pés, aquela água deveria estar congelante,
e ela pouco se importava e toda hora se abaixa pegando algo no chão.
Em passos rápidos, me aproximei dela, e pela primeira
vez, parei, literalmente, para encara-la, sabendo que alguém poderia ver. Eu
fiquei encarando-a por alguns minutos, a certa distância, tentando descobrir o
real motivo para ela ter me chamado tamanha atenção e criar essa reviravolta
dentro de meu peito.
Suas pernas estavam cobertas por uma calça jeans clara,
que as delineava perfeitamente bem, realçando as curvas de seu quadril e de sua
bunda perfeitamente arredondada, a água do mar tocava em suas pernas, mas não
chegava a molhar as suas calças. Sua blusa branca contornava as curvas de seu
tronco, realçando sua cintura fina, sua barriga lisa e seus seios não muito
grandes e nem muito pequenos, um casaco longo e grosso preto de crochê a
esquentava enquanto uma touca roxa em sua cabeça impedia que seus cabelos
voassem devido à brisa do oceano.
Bella era linda, e isso era algo indiscutível. Linda de
seu jeito único, eu acreditava que nunca havia visto arrumada, igual Alice ou
Rosalie e as garotas da FHS, nunca a vi maquiada, talvez apenas um lápis de
olho e um brilho nos lábios, isso se eu cheguei a vê-la assim. E ela não se
importava de aparecer na frente dos outros com o rosto limpo e os cabelos
bagunçados, algo que Alice detestava.
Era impossível descobrir o motivo de aquela menina me
atrair tanto, sim, ela era linda, mas sua prima também, Rosalie idem e muitas
garotas da FHS eram, e nunca senti absolutamente nada. A verdade é que eu nunca
senti absolutamente nada do que sinto agora nem por uma mulher mais velha.
Talvez o que me chamasse à atenção não era seu corpo ou seu rosto angelical,
mas sim o que ela tinha dentro dela.
- Oi. - disse me aproximando e vendo-o abaixar-se de
novo.
- Oi. - e dessa vez ela respondeu sem emoção nenhuma,
nenhuma emoção era melhor do que a frieza com a qual ela me tratou mais cedo. -
Não ia para o parque com os outros? - questionou.
- E segurar vela para dois casais? Dispenso! - brinquei e
ela não sorriu. A verdade é que desde que disse aquilo para ela na sala de
aula, ela não sorria mais para mim. - Seu tio pediu para vir ver como você
está. -
- Bene. Já passou o efeito do remédio. - e mais uma vez
ela se abaixou.
- O que você está fazendo? - perguntei por fim tentando
matar minha curiosidade.
- Catando conchiglie. - respondeu.
- Está catando conchas? - perguntei sorrindo. Algo tão
simples e tão difícil de ver alguém fazendo, fora crianças.
- Sì. Adoro catar conchiglie. Io faço coleções dela. Io
credo que há mais conchiglie em mio quarto do que roupas. - e ela sorriu
amplamente para mim, pela primeira vez em semanas e eu senti meu coração se
aquecer. Eu precisava tanto desse sorriso.
- Eu… Eu posso falar com você? - perguntei quando ela deu
mais alguns passos catando as conchas. Já estava um pouco escuro, então ela ia
bem devagar e olhando com cuidado.
- Sì. Só espero non me arrepender depois. -
- E sobre o que houve naquela campina, da nossa conversa
na sala e sobre o que ocorreu no aniversário da Alice. -
- Non aconteceu nada. -
- Bella, eu beijei você duas vezes, se for contar com a
campina. -
- Aquilo se chama impulso. - disse por fim após alguns
segundos. - É só fingir que nada aconteceu e esquecer, ninguém sabe e ninguém
precisa saber. - disse soando mais madura do que parecia.
- Não foi impulso. Pelo menos não a segunda vez. -
confessei e ela parou encarando a água tocando em seus pés. - Eu beijei porque
eu quis. Eu te beijei por sentir vontade e por não conseguir controlar. - e ela
continuava sem me encarar. - E quer saber… Eu gostei. Muito. - e pela primeira
vez desde que a conversa iniciou, ela me encarou. - Desculpa. Eu não devia ter
te beijado principalmente depois de ter me dito que era o seu primeiro beijo.
Deveria ser com alguém especial, com alguém que você goste, mas eu não consegui
me controlar. E acredite, eu estou fazendo um puta esforço para não te beijar
agora. - ela me encarava sem falar nada. - Você deve estar pensando o pior de
mim. Deve estar pensando que eu sou… Sei lá… Doente por sentir vontade de
beijar uma menina e ainda por cima uma aluna… -
- Io non sou uma criança… - disse em um fio de voz.
- Eu nunca disse que era. Eu disse que você é uma menina
e ainda é. Bella você tem quinze anos… -
- Sabe quanta gente io conheço com quinze anos, grávida
ou com filho? -
-Eu também conheço muita gente. - respondi. - Mas isso
não significa que isso está destinado a você. Você tem quinze anos, é minha
aluna e sinceramente eu me sinto mal por sentir vontade de te beijar… Deus,
você é nove anos mais nova do que eu, e se isso não fosse o pior você ainda é
minha aluna e seus tios são melhores amigos dos meus pais. - eu falava meio que
desesperado. - Eu me sinto um doente, pedófilo e sei lá mais o que… - disse
comigo mesmo. - Mas mesmo assim, eu não estou conseguindo controlar a vontade
de beijar você e sentir seus lábios macios contra os meus de novo, nem que seja
só mais uma vez. - disse segurando seu rosto delicadamente em minhas mãos. Eu
olhava nos olhos de Bella e não conseguia ler o que estava estampado neles. Não
sei se ódio, nojo ou algo do tipo. - E eu sei que se seu padrinho visse ou
ouvisse isso ele iria me matar… Mas eu não consigo. -
- Foi por isso que se afastou de mim e disse aquilo na
sala? - perguntou.
- Foi. - admiti. - Eu menti para você, me perdoe, ninguém
sabe de nada, ninguém desconfia de nada, eu apenas precisava de uma desculpa e
essa foi à única que arrumei. Doeu ter feito aquilo, doeu ver você agindo
friamente comigo, mas eu achei que faria efeito, mas não fez. - contei
acariciando seus lábios entreabertos com o polegar. - A vontade só aumenta,
infelizmente eu não sei se é coisa passageira ou não, mas no momento, eu daria
tudo só pra beijar você de novo. - falei encostando a testa a dela.
- Então beija. - e ela disse em um fio de voz e sem
pensar duas vezes, eu uni meus lábios ao dela.
Contornei o contorno de seus lábios com a minha língua e
eles se abriram para mim e quando minha língua tocou a dela, eu não pude conter
o pequeno gemido que escapou da minha garganta. Minhas mãos deixaram seu
pescoço e seguiram para a sua cintura, por dentro do casaco e as mãos de Bella
para a minha nuca, uma de suas mãos foi para o meu cabelo e a outra ficou
fechada em punho, onde as suas conchas catadas estava. Eu puxei-a para mais
perto de mim, sentindo seu corpo se encaixar contra o meu.
O ar se fez necessário e eu interrompi o beijo, puxando seu
lábio inferior entre os dentes e soltando-o logo em seguida. Eu subi com as
mãos pelo seu corpo, passando rapidamente pela lateral de seus cheios, até
segurar de volta seu pescoço e afastei um pouco meu do dela. Seus olhos estavam
brilhantes, suas bochechas coradas e seus lábios mais vermelhos ainda e entreabertos
e repuxados em um sorriso lindo. Ela estava tão linda, com certeza era
impossível ela ficar mais linda.
- Isso não vai acontecer de novo… - falei e vi seu
sorriso murchar. - Eu não posso fazer isso de novo, mas eu sinto que vou
enlouquecer se não fizer… Prefiro enlouquecer a deixar que você pense algo ruim
de mim devido a esses beijos. - dei um beijo em sua testa e encostei a minha a
dela. - Eu me rendo. - disse baixo e dei mais um beijo em sua testa e a deixei
sozinha mais uma vez.
Vocabulário
* Perché – Por quê?
* Mios padrinis - Meus
padrinhos.
* Io sto molto bene
– Eu estou muito bem.
* Io ho – Eu tenho.
* Grazie –
Obrigada.
* Cioccolato – Chocolate.
* Perché mamma – Porque
mamãe.
* Amore – Amor.
* Cos’è questo – O
que é isso?
* Questo è uno scherzo, non è vero? – Isso
é uma piada, não é?
* Un brutto scherzo – Uma piada de muito
mau gosto.
* È vero? – É verdade.
* Calmati, amore mio – Se acalme, meu
amor...
* Non lo so – Eu não sei.
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