Tulsa – Oklahoma.
2019.
Bella.
A voz de Edward soou em meu ouvido e eu fiquei travada por uns segundos, estática, eu não esperava por isso. Na verdade, eu deveria esperar, não? Eu havia aceitado passar o resto dos meus dias com ele, o casamento seria apenas uma formalidade, mas é claro que ele sendo do jeito que era, era óbvio que ele iria querer formalizar isso. Ainda com os olhos presos no anel, eu me virei de frente para ele, sentindo os seus dedos se entrelaçando em minha cintura, desviei os olhos do anel, que eu segurava delicadamente entre as minhas mãos e levantei a cabeça, primeiro para o seu peito nu, e depois até os seus olhos que me olhando ansiosos e brilhantes.
- Amor... –
- Não vai usar o mesmo discurso de quando eu te pedi em namoro, vai? – perguntou me lembrando de tal noite em questão. – Qual foi o discurso mesmo? – ele pensou um pouco. – Ah sim... É que é um pouco rápido demais, e eu sou do tipo de pessoa que antes de fazer algo, importante desse tipo, tem que ter muita coisa conversada e combinada antes... Onde iriamos morar, se teríamos filhos ou não, se tivesse quantos seriam, em qual vertente religiosa eles seriam criados, quais seriam os nomes, como seria a criação deles, se teríamos algum animal de estimação... – ele me lembrou, me fazendo balançar a cabeça rindo.
- Eu estava... Meio desesperada nesse dia em questão. – comentei e ele riu.
- Meio desesperada?! – eu balancei a cabeça rindo. – Qual é a minha resposta? –
- É necessário? –
- O pedido ou a resposta? – rebateu.
- Os dois! A resposta é algo que eu nem preciso dizer, sabe muito bem que é sim! – ele me abraçou forte sorrindo. – E o pedido... Eu já aceitei passar o resto dos meus dias... Quer dizer, o resto dos dias do mundo com você, o casamento é apenas uma formalidade que não mudaria em nada a decisão que eu já tomei! –
- Eu sei! Mas escolhemos viver nos dois mundo, não foi? Você vive no meu e eu vivo no seu. Um casamento é uma mera formalidade para qualquer tipo de relacionamento, os de imortais, ou mortais ou até mesmo o nosso que é uma mistura dos dois! –
- E tem algum valor? –
- Para mim sempre teve. – respondeu sem nem precisar pensar. Ele apertou os braços mais forte contra a minha cintura, e me puxando para mais perto de seu corpo. – E sempre vai ter... Mesmo eu esperando fortemente que esse seja o segundo e o último! – comentou e eu balancei a cabeça rindo.
- E o que as Moiras dizem quanto a isso? – perguntei e ele sorriu amplamente, levando a mão até a minha bochecha, a afagando.
- Finalmente a gente vai ficar junto de vez! Sem ninguém atrapalha... – eu retribuí o seu sorriso. – E eu mato o infeliz que ousar atrapalhar! – a sua voz saia baixa e rouca. Ele abaixou a cabeça e roçou os lábios aos meus, beijando-os. – Eu te amo. –
- Eu te amo. – falei com os nossos lábios roçando um contra o outro. – Mas eu não quero me casar agora! –
- Não se preocupe. Temos, literalmente, todo o tempo do mundo! -
A mão que estava em minha bochecha, subindo para a minha nuca, infiltrando-a em meus cabelos. Sua língua roçou contra o meu lábio inferior, que se entreabriu para ele. Edward deslizou com a língua para dentro da minha boca, tocando a minha. Eu fechei a caixinha do anel, para que ele não acabasse caindo, quando eu o abracei pelos ombros, fiquei na ponta dos pés, e usando o braço que estava em volta da minha cintura, ele me puxou para cima, e eu abracei a sua cintura.
Edward caminhou até a cama, subindo na mesma e me deitando na cama, deitando seu corpo por cima do meu. Quando o beijo foi interrompido, devido ao ar que se fez necessário, ele distribuiu beijos pelo meus rosto, me fazendo rir, e parou, dando um beijo lento, demorado, e carinhoso em minha testa, antes que encostar a sua a minha.
- Minha florzinha! – eu sorri para ele.
- Tenha certeza que se eu fosse Perséfone e estivéssemos em um campo, ele estaria completamente florido. Igual ela fazia para você! Porque tenha certeza de que o sentimento é o mesmo, se não for mais forte ainda! –
Edward não falou mais nada, apenas sorriu antes de beijar os meus lábios de novo. Ele esticou a mão, em um pedido mudo para que eu entregasse a ele a caixinha com o anel, ele pegou o anel dentro da caixinha e deslizou pelo meu dedo, beijando o mesmo, antes de beijar mais uma vez os meus lábios. Edward deitou na cama ao meu lado, abrindo os braços para que eu me aninhasse ali, eu não perdi nem um segundo, antes de deitar a cabeça em seu ombro, aninhando o meu rosto entre o vão de seu pescoço e seu braço. Seu braço foi passado por cima de meu corpo, abraçando-o forte e prendendo-o contra o seu corpo. Devagar, com a ponta dos dedos, ele começou a fazer um cafuné em meu couro cabeludo.
...
Os dias foram se passando e o aguardado dia de ir para o submundo chegou. O período de adaptação, como Edward chamava, tanto meu quanto de Alice, seria feita no final de semana, porque caso algo não saísse de acordo com o esperado, era só voltarmos ao apartamento. Alice estava mais nervosa do que eu, ou então o fato de ela não me deixar em paz, não me deixava pensar ou focar em meu nervosismo, também não tinha como ela ficar não ficar nervosa, principalmente com Edward falando que aturar Hera era um castigo!
- Eu acho que eu vou vomitar. – Alice comentou enquanto estávamos sozinhas no banheiro do quarto de Edward. Na verdade, eu estava terminando um banho e de lavar os meus cabelos quando Alice invadiu o quarto e consequentemente o banheiro.
- Alice. Edward não se dá bem com os irmãos. No dia que eu ver aquele lá falando bem dos irmãos, o submundo vai congelar. – comentei desembaraçando o meu cabelo úmido.
- Pode até ser, mas recentemente eu estava me lembrando das aulas de histórias que tínhamos e todo mundo concordava que Hera era a peste e... –
- E uma coisa que eu aprendi com as pessoas aparecendo na minha frente do nada... Eles escutam! –
- Ai merda! – ela saiu do quarto desesperada. – Jasper... Eu não vou mais! – eu balancei a cabeça rindo e Edward entrou no banheiro.
- O que falou para ela? Nada do que eu falei a fez mudar de ideia... –
- Eu só falei para ela que eles escutam quando falamos os nomes deles. –
- Isso é verdade... –
- Ela estava xingando a... Esposa do deus dos deuses! – respondi e ele riu.
- Melhor ela não subir mesmo! – ele balançou a cabeça e me olhou pelo espelho. - Pronta para descer? – questionou quando eu peguei a toalha para secar o meu cabelo. Edward pegou a toalha das minhas mãos, e passou ele próprio a secar os meus cabelos.
- Sim... Quer dizer... Emocionalmente estou, fisicamente não... Eu não vou descer para o submundo de pijama. – respondi e ele riu mais uma vez.
- Então termina de se trocar e vamos tomar café para descermos. – ele beijou o meu rosto antes de me deixar sozinha.
- O que eu visto? – perguntei.
- Qualquer coisa. – ele colocou a cabeça para dentro do banheiro. – Quando você descer, você vai trocar de roupa mesmo! – disse simplesmente e me deixou sozinho mais uma vez.
Com essa resposta em mente, eu fui andando até o guarda roupa onde as minhas coisas estavam arrumadas e vesti uma muda quente e confortável, não tão quente assim, até porque, pelo que eu me lembrava do mundo inferior, era um lugar bem quente! Pronta eu voltei para a cozinha, onde Jasper tentava convencer a Alice que não tinha problema nenhuma ela subir, e que ficaria tudo bem, mesmo após ela ter xingado Hera.
Edward me entregou uma xicara de café e me deu um beijo nos lábios ao me entregar uma torrada com geleia de amora. Foi difícil, mas Alice foi convencida por Jasper a subir, eu não sabia se era devido ao fato de Edward ter garantido que ela poderia se refugiar lá embaixo caso Hera tentasse alguma coisa, porque no mundo inferior ela não pisaria nem se quisesse. Ela ainda estava nervosa mais sumiu com Jasper das nossas vistas.
- Pronta? – Edward perguntou um longo tempo depois. Já tinha um tempo que Alice tinha sumido e até agora estava tudo tranquilo, Alice não havia voltado então significava que estava tudo bem, pelo menos por enquanto.
- Sim. – eu já estava alimentada e a bagunça limpa. – Como vamos descer? – perguntei me aproximando dele depois de ter saído do banheiro.
- Assim... – ele segurou a minha mão e mais uma vez eu me sentir sendo sugada para algum lugar, que acabou me causando uma pequena vertigem. – Você está bem? – a voz dele saiu um pouco mais grossa.
- Avisa antes! – resmunguei sentindo a minha cabeça um pouco leve e tonta, e ele riu. – Estou tonta. – ele segurou o meu rosto delicadamente entre as mãos e passou os polegares pelos meus olhos.
- Melhor? – questionou conforme a vertigem ia passando, e eu apenas assenti. – É porque você cruzou muito rápido o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos! Depois que você se tornar uma moradora do submundo isso não vai mais acontecer. – ele beijou a minha testa ao soltar o meu rosto.
- Qual versão sua eu estou vendo? – questionei.
Edward estava parado a minha frente, trajando as mesmas roupas que eu me lembrava das memórias de Perséfone, com algumas leves mudanças. Como eu já estava acostumada, ele estava todo de preto, e eu gostava do jeito que ele ficava todo de preto. Por cima um sobretudo, ou uma capa, preta, eu não conseguia identificar direito onde começava uma peça e terminava outra, o mundo inferior era um lugar escuro, e as suas roupas negras quanto a noite não ajudava muito. Em seu rosto, algumas poucas mudanças, ele estava mais pálido do que o de costume, os olhos verdes, eles continuavam verdes, só que mais escuros, a única coisa que não tinha mudado eram os cabelos, e em suas pálidas mãos, ele segurava o seu cetro.
- A verdadeira! Agora que você é imortal, não entrará mais em combustão ao me ver em minha forma divina. –
- Talvez não no tipo de combustão que você tem em mente! – comentei e ele me encarou por alguns segundos, como se tentasse entender o que eu tinha dito.
- Céus Isabella! – ele se limitou a dizer apenas isso ao notar o duplo sentido na minha frase, e eu acabei rindo.
- Sinto em dizer que não mudou muita coisa! –
- É porque eu tentei ficar o mais parecido possível com o que eu sou, para que quando eu te encontrasse você lembrasse, nem que fosse em uma memória antiga de mim. –
- Funcionou mais ou menos! Não conquistou pela lembrança, mas foi pelo rostinho e corpinho bonito! – ele balançou a cabeça rindo.
- Deixa tuas filhas ouvirem isso! –
- E por falar nisso... Cadê elas e o Cerberus? –
- Mãe! – Melinoe apareceu na minha frente de repente, me fazendo dar um passo para trás, um sobressalto, enquanto ela me abraçava forte.
- Oi Meli. – igual há uns dias atrás, ela me abraçou forte, mas não o bastante para me machucar. – Como você está? – questionei.
- Estou bem, mãe! – ela se afastou um pouco de mim. Ela era idêntica ao pai, e a sua forma divina provava isso, a única coisa que diferenciava seu rosto do pai, era a feminilidade e os traços mais finos, fora isso, ela era idêntica ao pai.
- Cadê a sua irmã? – Edward perguntou.
- Elísios. – respondeu ela me soltando e se aproximando do pai. – Oi pai. –
- Oi princesa! – ele a abraçou com um braço só e deu um beijo no topo de sua cabeça. – Vai chamar a sua irmã, por favor, e se der trás Cerberus com você. –
- Sim senhor. Eu já volto, mãe. – ela nem esperou eu responder e sumiu, me fazendo suspirar.
- Com o tempo você se acostuma. – ele deu de ombro. – Vem... Eu vou te levar ao nosso quarto! – ele esticou a mão livre para mim, e eu prontamente a peguei, entrelaçando meus dedos aos dele.
- Se eu fizer uma pergunta, você me responde? –
- Todas! – respondeu enquanto me guiava por uma enorme escadaria.
- O que tinha naquela caixinha que o Emmett te entregou no dia do meu aniversário, de uma forma bem discreta, só que não! – eu vi seus lábios se repuxarem naquele maldito sorriso que me tirava o folego e os pensamentos.
- Apressada, sempre apressada! –
- Muda o discurso! – pedi quando ele abriu uma enorme porta escura.
- Pode entrar! – eu entrei no quarto, o qual eu já tinha entrado na minha primeira descida ao mundo dos mortos, mas era a primeira vez que eu dava a devida atenção a ele, pois agora ele também seria o meu quarto.
Ele era todo em cores escuras, mas muito bem iluminado devidos aos castiçais e velas. No meio do quarto, uma cama de casal, com as roupas de cama feitas em tecido fino e preto, os dosséis eram cobertos por tecidos transparentes e pretos, e tinha mais plantas do que eu pensava que deveria ter ali. Em um canto, próximo a janela uma penteadeira grande, com um enorme espelho. Caminhei para perto da penteadeira e vi que diversas caixinhas de joias de madeira, estavam ali.
- É tudo seu! – comentou atrás de mim. Eu levantei a tampa de uma das caixas e vi a tiara que Hades havia dado a Perséfone quando a escolheu para ser a sua rainha do submundo.
- Pela forma da caixa, e te conhecendo, já desconfio que o que o Emmett te entregou no meu aniversário era outra tiara! – comentei levantando os olhos e vendo que ele sorria para mim.
Ele tirou a caixa preta de dentro do seu sobretudo e me entregou. Eu abri a caixa um diadema simples e singelo, extremamente delicado, e mesmo assim magnifico. O aro que formava o diadema era todo cercado por pequenas flores, folhas e alguns botões pretos. Chegava a ser incrível o fato de que um homem do tamanho de Emmett, o qual eu suspeitava que era “maior” em sua forma divina tivesse a capacidade de fazer algo tão singelo e delicado assim.
- Ela é linda! – ouvi Edward apoiando o cetro na penteadeira, e passou os braços pela minha cintura.
- Eu quero te fazer mais uma pergunta. –
- Faça. –
- Quer ser a minha rainha do submundo? – perguntou em meu ouvido com a voz grossa, mas mesmo assim aveludada, causando um arrepio percorrer a todo o meu corpo.
- Achei que já tivesse dado essa resposta! –
- Não. Você deu a resposta se aceitava ser a minha esposa. – apontou. – São coisas diferentes! -
- Ué... Planejava se casar com uma e transformar em rainha outra? – questionei e ele riu.
- Jamais! –
- Então você tem a minha resposta! – ele levou o rosto para o vão do meu pescoço, inalando fundo o cheiro e aumentando mais ainda o arrepio que percorria o meu corpo. – Para! – pedi e senti os seus lábios se repuxando em um sorriso. Ele beijou o meu pescoço e eu sabia muito bem para onde isso iria acabar, e ele também, mas ele quebrou o clima suspirando e tirando a cabeça do vão do meu pescoço. – O que foi? –
- Macária chegou! E imagino eu que queira ver a sua filha! –
- Preciso admitir que, quando a Melinoe pediu para me chamar de mãe, eu achei que fosse achar estranho e não iria me acostumar tão cedo, mas... –
- É como se um vazio que você não sabe explicar fosse finalmente completo. – ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça.
- É... E o engraçado é que eu nunca tive um instinto maternal tão forte assim. Eu nunca me dei muito bem com crianças. Queria filhos? Sim! Mas se não tivesse, era como se não fizesse tanta diferença... Mas agora... Eu não sei explicar, ainda é confuso! E de certa forma ainda um pouco estranho, mas parece completamente certo chama-las de filhas, mesmo que não tenham saído de mim... Deve ser assim que as mães de crianças adotadas se sentem! – sorrindo, ele afagou o meu braço.
- Vamos... Cerberus também chegou! – ele falou, dando um beijo em minha têmpora.
Edward se afastou de mim e segurou a minha mão, pegando o seu cetro de novo. Ele foi me guiando para o andar debaixo do castelo, eu tinha noção de que eu iria me perder e muito naquele castelo nos primeiros dias, se não nos primeiros meses. Antes mesmo que chegássemos no andar debaixo, onde as meninas estavam, eu notei que Edward havia feito alguma coisa com o seu cetro e Cerberus apareceu em meu campo de visão, pequeno, do jeito que ele era em Tulsa.
- Oi menino... – eu soltei a mão de Edward e falei primeiro com o cachorro, que estava pulando de um lado para o outro, com a língua para fora querendo atenção. – Eu também senti a sua falta. – comentei me agachando no chão e ele pulou em cima de mim. No final das contas eu havia entendido o que Edward havia feito, ele tinha diminuído o tamanho do cão, do mesmo jeito que ele havia feito na primeira vez em que eu tinha vindo ao mundo dos mortos, e do mesmo jeito que fez quando Perséfone havia vindo na primeira vez. Eu cocei atrás de suas orelhas, fazendo o seu rabo balançar freneticamente, o que me fazia rir. – Você é um amorzinho! –
- Precisamos arrumar outro cão de guarda para proteger as portas do submundo! – Macária comentou rindo ao parar ao lado do pai.
- Ele sempre fez festa para Perséfone... Vai continuar fazendo para a Bella, pelo visto! – Edward comentou acompanhando as duas filhas no riso.
- Acreditem que não me importarei em arrumarem outro cão de guarda. Porque eu poderia ficar o dia inteiro fazendo carinho nessa barriguinha! –
- Barriguinha... Lembro muito bem que na primeira vez que o viu quase teve um infarto! – Edward comentou e eu virei o rosto o encarando.
- Talvez seja porque o cachorro em pé é maior que eu! – apontei e ele riu. – E também porque ele veio correndo na minha direção correndo com os dentes a mostra que pareciam que iria arrancar a minha cabeça! – voltei a minha atenção ao cachorro. – Mas agora ele é um amorzinho! – os três riram de novo. Com a coceira atrás das orelhas, Cerberus se acalmou e se sentou no chão, e eu me levantei. – Oi Macária. –
- Oi mãe! – ela me abraçou forte e eu retribui o abraço apertado.
- Você está bem? – ela apenas assentiu, mas não me soltou.
- Correu tudo bem enquanto eu estive fora? – Edward perguntou.
- Sim, pai. – ela respondeu simplesmente. – Na verdade, o Minos quer falar com o senhor, disse que assim que o senhor descesse era para procurar por ele. –
- Certo! – ele me olhou, ainda abraçada em Macária e sorriu. – Você fica com elas enquanto eu vou ver o que ele quer? –
- Claro, não se preocupe! – garanti. – Ah... Sabe me dizer se Alice está viva lá em cima? – perguntei e ele riu.
- Eu pergunto a Jasper, não se preocupe. Vou ter noticias dela para você! – eu balancei a cabeça sorrindo. – Fiquem com a mãe de vocês, e lembre-se que ela não lembra daqui! – ele olhou diretamente para Melinoe. – Eu a quero longe, do Tártaro e dos Asfódelos. -
- Tá bom. – as duas falaram juntas.
- Eu vejo vocês daqui a pouco. – dizendo apenas isso, ele sumiu na nossa frente.
- Então... Quem vai dar um passeio comigo pelo castelo? – perguntei e elas se entreolharam. – Sem brigas! –
Cada um entrelaçou o braço ao meu e começaram a me guiar por toda a fortaleza, com Cerberus vindo andando atrás de nós. E seguindo o conselho, ou melhor, ordem de Edward, elas ficaram longe do Asfódelos e do Tártaro. Quando eu sugeri um passeio pelo mundo inferior, eu não imagina que elas fossem literalmente me fazer andar tudo ali embaixo.
Elas me levaram até a entrada dos Campos Elísios, já que a única que poderia entrar nos campos era a Macária, mas do lado de fora dava para vê-lo. O nome fazia jus ao que ele era. Um enorme campo, com a relva verde e de aparência fofa, um véu esbranquiçado dividia o mundo dos mortos dos Campos Elísios. Segundo Macária ninguém que estava do lado de lá da barreira podia ver o que acontecia aqui fora, mas quem passava aqui fora, conseguia ver o que acontecia lá dentro. Eu conseguia ver crianças correndo de um lado para o outro brincando, alguns homens escalavam árvores atrás de frutas. Era como Edward havia dito, parecia que nada tinha acontecido, que elas estavam seguido as suas vidas como se nunca estivessem morrido.
Deixando aquele lugar, passamos por perto de um rio, onde tinha um pequeno píer, onde algumas mulheres de túnicas guiavam algumas pessoas até a margem do rio. Macária explicou que sempre que chegava o tempo, ela pegava as almas que havia levado até os Elísios e entregava-as para as ninfas do Lete, que davam um cálice com as águas que as ninfas pegavam do rio, para que elas bebessem. Com isso, elas esqueceriam completamente para que pudessem reencarnar em uma nova vida.
Deixando o rio Lete, elas continuaram andando comigo pelo mundo dos mortos. Nós terminamos o passeio nos jardins que Hades havia construído para Perséfone, onde no meio do jardim tinha uma belíssima fonte feita em mármore preto, aquele jardim era a parte mais colorida daquele castelo, devido as quantidades de flores que tinham ali, dando um cheiro magnifico aquele lugar, que tirava o cheiro de enxofre que todo o mundo dos mortos tinha. Quando elas me deixaram, na porta do quarto de Edward, para que eu pudesse descansar, eu estava exausta. Abri a porta e Edward estava lá dentro, parado próximo a janela com uma adaga e uma romã em mãos.
- Oi. –
- Elas fizeram você andar em... – comentou sorrindo.
- Eu estou exausta! – eu me aproximei dele e vi que a janela onde ele estava apoiado, tinha uma visão magnifica para o jardim que era de Perséfone. – Cansada e com fome! – admiti.
- Bom, já que a senhorita está com fome. Podemos resolver duas questões ao mesmo tempo! – ele se virou, ainda apoiado de costas para a parede e de frente para mim. – Matar a sua fome e se tornar, oficialmente, uma moradora do submundo! – explicou e me entregou metade da romã que ele havia acabado de cortar. Eu olhei para a fruta em suas mãos e depois para ele. – Pode voltar atrás. –
- Eu não quero voltar atrás. – ele sorriu amplamente para mim. – Seis? – Edward assentiu.
- Você vai comer seis caroços, esperar um pouco e depois poderá comer tudo o que quiser! –
- Certo... –
- E enquanto isso, eu faço uma massagem em você! –
- Eu gosto das suas massagens! – seus lábios se repuxaram em um enorme sorriso.
Eu sentia o peso da fruta em minhas mãos, e mesmo eu tendo certeza que era o que eu queria, eu ainda tinha um pouco de medo. Não era por mim, e sim pelos outros, e se no final eles não se acostumarem comigo? Para calar tais vozes da minha cabeça, eu peguei um caroço da romã e coloquei na boca. Um a um, eu fui levando os seis caroços até a boca, e devolvi a fruta, comida pela metade para Edward, que não tirava os olhos de mim, como se esperasse que eu fosse sentir alguma coisa, mas não! Igual a ambrosia, eu não sentia nada.
Cumprindo o que havia sugerido, ele fez uma massagem em meus pés. Eu amava as massagens que Edward fazia, e não era nenhuma surpresa o jeito que ela acabava. Com os dois nus e entrelaçados na cama, comigo atingindo o meu orgasmo enquanto gemia o seu nome.
Nós estávamos deitados na cama, tudo estava calmo e quieto, mais quieto do que eu pensei que seria, mas aqui no quarto de Edward, o barulho do Tártaro não chegava. Eu tinha as costas apoiadas na cabeceira da cama, com ele deitando entre as minhas pernas, com a cabeça apoiada em meu peito, enquanto eu deslizava os meus dedos ora pelos seus cabelos, ora pelas suas costas.
- Descansou um pouco? – a sua voz era baixa e um pouco sonolenta.
- Um pouco sim... Por que? –
- Quer descer para comer? – perguntou. – Depois podemos subir e fazermos outra massagem! – sugeriu aninhando mais um pouco a cabeça contra os meus seios.
- Quero! Estou cheia de fome. Na verdade eu já estava, e você fez o favor de me deixar com mais fome ainda. – comentei e ele sorriu. – Para de ser presunçoso. – dei uma tapa em sua nuca e ele riu.
- Vou pegar uma roupa para você. – ele se levantou, e senti o calor do seu corpo deixando o meu. Ele me deu um beijo nos lábios antes de deixar a cama, pegando a sua calça no chão.
De dentro de um baú ele pegou uma túnica preta e me entregou, eu sabia que agora teria que usar as roupas daqui, mas eu esperava que um pedaço que pano que não tinha quase que nenhuma costura, fosse mais fácil de vestir, ou eu que era lerda demais e não sabia prender aqueles pedaços de pano.
- Como que se veste isso? – questionei e Edward se aproximou de mim, já vestido e rindo.
- Deixa eu te falar, que eu acabei esquecendo... – ele pegou os dois pedaços de pano da alça, da túnica que tinha apenas uma manga. – Falei com Jasper... Alice está se dando bem no Olimpo. Sem surtar! – ele amarrou os dois pedaços de pano e para deixar mais firme, ele usou um broche dourado. – Se deu bem com Afrodite, então tem mais gente deixando-a longe de Hera. –
- Eu disse que não era tudo isso que você estava pintando. – ele pegou uma corrente fina e dourada e prendeu em volta da minha cintura.
- Você vai mudar de ideia quando conviver um dia inteiro com Hera... – com a corrente presa ele se afastou e me olhou de cima a baixo. – Eu sabia que você ia ficar tremendamente gostosa de túnica. – comentou e eu balancei a cabeça rindo. Ele se aproximou de mim, abraçado a minha cintura e tentando me dar um beijo, e eu virei o rosto.
- Eu estou com fome! – lembrei-o.
- Certo... Certo... Vamos comer e depois voltamos para o quarto! – apontou me soltando. Eu continuava descalça e ao perceber isso, ele passou a mão pela nuca, coçando-a. – Perséfone vivia descalça, então... – disse meio sem jeito e eu sorri.
- Não tem problema! – garanti me aproximando dele, ficando na ponta dos pés e dando um beijo em seus lábios.
Ao me afastar de Edward, eu segurei a sua mão, entrelaçando meus dedos aos dela e o puxando na direção da porta. Ao deixarmos o quarto, ele foi me guiando até onde o jantar havia sido servido, as garotas já estavam lá, na verdade, tinham acabado de chegar, e estavam começando a tomarem os seus assentos. Eu me senti na cadeira que Edward havia indicado, para que eu pudesse comer, já que eu realmente estava cheia de fome.
Depois do jantar, eu fiquei mais um pouco com as meninas, antes de elas seguirem para os seus quartos para dormirem e eu voltei com Edward para o quarto, para dormir também. Nós nos trocamos, após um banho, e me deitei na cama para que eu pudesse descansar completamente, abraçada ao homem, o qual eu havia escolhido para passar os resto dos meus dias!
Nenhum comentário:
Postar um comentário