domingo, 30 de abril de 2023

Capítulo 5

       O final de junho chegou e com ele o aniversário de Edward, sua mãe havia respeitado a vontade do filho de fazer algo pequeno, era a primeira festa que se dava no castelo a tempos e Isabella não estava acostumada com essas coisas ainda, ele sabia que a coroação havia sido um tormento para a menina, que não estava acostumada com tanta atenção assim.

Os dias foram passando e o forte verão acabou rápido dando início ao outono, a barriga de Isabella, de quase seis meses já era visível por baixo do vestido e com isso a gravidez foi anunciada por todo o castelo e consequentemente por todo o reino e capaz de ter sido anunciada pelos reinos vizinhos. O aniversário da rainha também tinha chegado, e menor ainda do que havia sido feito para o aniversário do rei, um jantar também fora feito para o aniversário da rainha, apenas os lordes do castelo tinham sido chamados.

- Cadê ela? - Esme perguntou ao se aproximar do filho, que tinha um cálice de vinho em mãos, enquanto dividia a atenção entre as duas entradas do salão, esperando pela entrada da esposa. - Todos estão esperando apenas ela para jantar. -

- Eu não sei. - respondeu baixo e levando o cálice aos lábios.

- Vai ver o que houve, se ela está sentindo algo. - Esme mandou e ele apenas largou o cálice na bandeja de um dos criados e seguiu o caminho que levava até o quarto da esposa, local onde ele havia passado várias noites, conversando com ela até tarde ou até mesmo dormindo ali com ela.

- Eu já pedi mil vezes para irem embora. - a voz de Bella foi ouvida depois que ele bateu à porta. Ele ignorou a ordem da mesma e entrou.

- O que houve? - questionou ele ao ver a esposa deitada na cama, apenas de camisola, que destacava a sua barriga de seis meses de gravidez, e que tinha um pano florido cobrindo os olhos. - Está sentindo alguma coisa? - ela apenas negou, mexendo a cabeça. - Então por que ainda não desceu? -

- Está sozinho? -

- Sim. - respondeu ele se sentando ao lado da cama, e ela apenas tirou o pano dos olhos e ele viu o brilho verde tomando conta de toda a sua íris.

- O que houve? - perguntou de novo sorrindo, ele amava ver o brilho esverdeado nos olhos da esposa, mesmo que jamais tenha dito isso em voz alta.

- Eu não sei! Eu apenas saí do banho e eles estavam assim e não voltaram ao normal! - respondeu quando ele apoiou a mão sobre a barriga da esposa. - Quase que as criadas viram! - ela cobriu os olhos de novo. - Definitivamente não tem como descer desse jeito! Eu sei que a gravidez mexe com a magia, mas não sabia que era dessa forma! - reclamou e ele sorriu amplamente se levantando da cama.

Ele pegou um papel e uma pena, que tinha na escrivaninha da esposa e escreveu um bilhete para a mãe. Ela não vai descer. Um pequeno problema nos olhos. Ele escreveu simplesmente antes de dobrar o papel e se aproximar da porta.

- Entregue a minha mãe e apenas a minha mãe! - mandou ao valete que assentiu e se afastou da porta do quarto.

- Edward? - Bella o chamou quando ouviu a porta se fechando.

- Estou aqui. - respondeu ele, subindo na cama, deitando de bruços e aproximando a cabeça do ventre da esposa.

- Pode descer. Eu vou ficar bem! -

- Eu já vou! -  disse simplesmente e sorriu ao sentir o beijo que ele tinha dado em sua barriga.

- Aí! - ela exclamou ao sentir o chute forte em resposta ao beijo.

- Está sentindo o papai, minha filha? - ele perguntou beijando a barriga de novo e se referindo ao fato de Isabella ter a intuição de que era uma menina. - O papai está aqui com você. - o bebê chutou de novo dentro do ventre de Isabella.

- Para de falar com ela. É a mim que ela está chutando. -

- Desculpa. - pediu tirando a coroa, deixando-a na cama e deitando a cabeça um pouco abaixo dos seios da esposa e abraçando o seu ventre.

Edward fechou os olhos, deslizando os dedos pela extensão do ventre da esposa, enquanto sentia os dedos de Isabella, deslizando pelos seus cabelos.

Nesses meses de gravidez os dois estavam se aproximando bastante. Edward fazia todo o possível para a Bella se sentir bem durante o período da gravidez, tudo o que ela precisava, ele estava disposto a pegar ele próprio. Ele deixava de trabalhar para ficar perto dela. Ele esteve por perto no primeiro chute, no primeiro desejo, no primeiro vômito, segurando os seus cabelos. Ele não planejava sair de perto dela em momento algum. Todo o momento em que tinha disponível ele demonstrava o quanto queria aquela criança, independente do sexo do bebê, se fosse menino ou menina, ele estava feliz.

O auge do inverno estava se aproximando e o final da gestação de Isabella também. O castelo estava começando a ser decorado para o Natal, que se aproximava. Edward tentava deixar a esposa o mais aquecida possível, mesmo ela sendo completamente teimosa, ou então ele que era superprotetor.

- Majestade. - a esposa de um dos lordes que viviam no castelo, a qual, Isabella não fazia ideia do nome, se aproximou da jovem que andava um pouco pelo castelo, mesmo que estivesse sentindo todo o seu corpo inchado.

- Lady… -

- Weber! - respondeu levemente irritada, sempre que a rainha a via, nunca lembrava o seu nome.

- Isso… Lady Weber. Tudo bem? -

- Comigo tudo ótimo, majestade e com a senhora? -

- Bem! - respondeu apoiando a mão por sobre a sua barriga.

- Animada para o nascimento do menino? -

- Que menino? – perguntou confusa.

- Do príncipe! - Bella olhou confusa para a mulher que apenas apontou para a barriga da rainha. - Óbvio que será um menino certo, majestade?! -

- Se a senhora está dizendo! Quem é que vai dizer o contrário?! - ironizou e a lady Weber olhou com raiva para a Isabella. - Com licença, estou procurando pelo meu marido. - Bella não deixou que ela dissesse mais nada e caminhou para longe da mulher.

Um dos guardas informou a rainha que o rei se encontrava na sala do conselho, sozinho, a reunião já tinha se encerrado e os seus ministros já tinham ido embora. O guarda abriu a porta e ela entrou, se sentando na cadeira ao lado dele, que tinha um papel e uma pena em mãos. Bella se sentou na cadeira, respirando aliviada devido ao peso de sua barriga.

- Quer primeiro a boa ou má notícia? - Bella questionou apoiando as duas mãos na barriga.

- Meu Deus… - ele largou o papel e a pena. - Qual é a má notícia? -

- Pelo visto, todos no castelo tem certeza de que o bebê é um menino! A Lady, que eu esqueci o nome, acabou de falar isso, perguntando se eu estava animada para o nascimento do menino. -

- Ignore. Todo mundo espera mesmo que seja um menino, mas saiba que eu não ligo para o opinião da corte e já disse, se for uma menina ou um menino eu vou ficar feliz. -

- É uma menina! - Isabella garantiu ao sentir a mão de Edward acariciando a sua barriga.

- Eu sei… - ele se levantou. - A nossa pequena Anastásia. - Edward parou ao lado da esposa e se abaixou um pouco para beijar o seu ventre. - E qual é a boa notícia? -

- Ela vai nascer essa madrugada! - respondeu e Edward olhou para a esposa, de início ele ficou imóvel, esperando-a falar que estava brincando, mas essa resposta não veio.  

- Está sentindo alguma coisa? - perguntou se levantando, preocupado, e ela apenas negou. - Então? – ela ergueu uma sobrancelha. Ele ainda não havia entendido ou se acostumado? - Intuição! - ele respondeu por ela e apenas assentiu. - Tudo bem… Eu vou deixar avisado as parteiras e os médicos… -

- Não Edward. Vai deixar avisado com base em que? Deixa! - ela apoiou a cabeça no encosto da cadeira.

- E o que mais? - ele perguntou ainda a encarando e se apoiando na mesa.

- Estou com fome! - admitiu e ele riu. - Quero maçã verde! -

- Vai ser difícil de encontrar devido ao frio. -

- Diz isso a ela. - apontou com a cabeça para a barriga fazendo Edward rir.

- Não se preocupe! Eu vou providenciar! - ele abaixou a cabeça, aproximando-a dela. Edward roçou o nariz contra o de Isabella antes de beijar sua testa.

Edward beijou mais uma vez a testa de Bella, antes de ir pedir a um dos valetes que fosse atrás das maçãs verdes, que a rainha queria e logo voltou a se sentar em sua cadeira para terminar de assinar os papéis, enquanto Bella ficava ali mais um pouquinho.

As maçãs só foram encontradas no final da tarde. Bella comeu cerca de três maçãs, sentindo o seu desejo ser suprido. A cada hora que se aproximava da madrugada, ela tinha mais certeza de que o bebê nasceria hoje, mas ela continuava sem fazer nenhum alarde.

A madrugada chegou e com ela as contrações de Isabella, que vieram com força, deixando-a sem ar por alguns segundos. Ela estava de pé, com a testa apoiada no dossel da cama, e as mãos fechadas em punho na base das costas.

- Bella… - Edward invadiu o quarto depois de ela ter expulsado as criadas que tinham vindo socorrê-la. - Eu vou chamar o médico! -

- Não. - ela falou tirando as mãos das costas e se segurando na cama. - Não chama ninguém, por favor. - ela pediu baixo enquanto sentia outra contração vindo.

- E você pretende dar à luz sozinha? Enlouqueceu? - questionou ele baixo e ela apenas virou a cabeça na direção dele, abrindo os olhos e ele viu o brilho esverdeado nos dois. - Entendi! -

- Majestade… - duas criadas entraram no quarto com água quente e panos.

- Tira-as daqui! - pediu sentindo uma contração vir forte vindo, enquanto um líquido escorria pelas suas pernas.

- Saiam! - ele mandou e mesmo sem entender nada, as duas saíram, fechando a porta e Edward segurou a mão de Bella para ampara-la. - Aí! - ele exclamou sentindo uma pontada forte na mão.

- Desculpa! -  Bella pediu desesperada. - Eu não estou conseguindo me controlar. -

- Está tudo bem! Calma. Eu estou aqui. - ele segurou a mão dela de novo, pouco ligando para a pontada que ele volta e meia sentia. - Quer deitar? - ela apenas balançou a cabeça negando.

- A bolsa já rompeu, não vai demorar agora. - ela respirou fundo. - Não precisa ficar aqui! Até porque eu não garanto que vai sair daqui com as suas duas mãos. -

- Não ligo! Não vou sair daqui. -

E ele não saiu. A cada contração de Isabella ela apertava mais forte as mãos de Edward, que engolia em seco a cada pontada de dor que sentia em suas mãos. Ele via algumas coisas leves flutuando pelo quarto e raios e trovões começaram a cair do lado de fora do castelo.

Bella se agachou no chão ao sentir o bebê coroar e Edward se abaixou logo em seguida, com algumas toalhas em mãos, que ficavam sujas com a quantidade de sangue que sai. Um trovão forte rasgou o céu e Isabella abafou o seu último grito contra o colchão, quando o corpo do bebê saiu de dentro dela e Edward o amparou com as toalhas sujas de sangue.

- Você tinha razão… - Bella virou a cabeça na direção do marido. - É uma menina! - comentou sorrindo e com os olhos brilhando ao observar o bebê choroso em suas mãos.

- Eu posso saber o que está havendo aqui? - Esme entrou no quarto com um robe grosso cobrindo o seu corpo e acabou travando no lugar ao ouvir o choro do bebê.

- Parabéns mãe, a sua neta nasceu! -

- Majestade. Eu posso entrar? - o médico real perguntou da porta e Esme imediatamente virou os olhos para Isabella, vendo seus olhos ainda com o brilho esverdeado.

- Não! - a rainha mãe fechou a porta com força. - Você está bem, querida? - ela se aproximou de Bella, pegando a tesoura em cima da cama e entregando a filho para que cortasse o cordão umbilical do bebê.

- Estou cansada! - ela admitiu. Isabella exclamou de dor a contrair o corpo para frente.

- Ampare ela, é a placenta! - Esme pediu ao filho enquanto pegava a neta no colo, com toalhas limpas.

Edward amparou a esposa, que fez força mais uma vez para que a placenta saísse e o som de algo molhado caindo no chão, soou pelo quarto e Bella finalmente relaxou deitando no chão completamente suada e com as pernas sujas de sangue.

Ela ficou alguns minutos com os olhos fechados enquanto tentava acalmar a respiração, já que seu peito subia e descia rápido, e ao abrir, os seus olhos tinham voltado a cor normal e foi apenas aí, que a entrada dos médicos reais foi permitida.

Enquanto os médicos verificaram se o bebê estava bem, a rainha mãe ordenou que a tina fosse cheia com água quente. Com a tina cheia, Edward, que estava sujo de sangue, quase que na mesma proporção que Isabella, se levantou e a pegou no colo, com cuidado para não machucá-la e a colocou dentro da tina, onde a água transparente começou a ganhar uns tons avermelhados.

Esme ficou de olho nas duas enquanto ele iria se limpar e ao voltar ao quarto de sua esposa, depois de limpo e sem nenhum vestígio de sangue, ele encontrou apenas a esposa e a filha no quarto, com ela deitada na cama, bem coberta e o bebê bem embrulhado no colo da mãe, enquanto se alimentava do seio da mesma.

- Como se sente? - ele perguntou se sentando com cuidado ao lado das duas.

- Bem! - ela respondeu com a voz ainda um pouco fraca pelo cansaço. - Sua mãe mandou todos irem embora, já que todo mundo está bem! E ela disse que ia beber um chá para se acalmar. - brincou sorrindo e ele sorriu para ela. - Disse que nem nos piores sonhos pensou que fosse ver tanto sangue assim! - Edward balançou a cabeça rindo. - Permita-me ver a sua mão. - pediu.

- Minha mão está ótima. As duas estão intactas. -

- Deixa eu ver. - pediu de novo e ele, sem alternativa, esticou as mãos para ela. As mãos do rei estavam completamente vermelhas, de tanto que Isabella tinha apertado e com marcas de suas unhas curtas, das quais, em algumas acabou saindo um pequeno e singelo filete de sangue. Ela segurou, uma de cada vez, e beijou a palma das mesmas. - Obrigada! -

- Por? -

- Por não ter saído do meu lado! -

- Eu disse que não ia te deixar sozinha! - Edward passou o braço por sobre os ombros de Isabella, e beijou de forma lenta e delicada a bochecha da esposa. - E não vou! - ele viu a filha largar o bico do seio da esposa. - Agora me dê a minha filha um pouco e descansa! - ele pegou o bebê, que estava todo envolto em mantas para se manter aquecido, e levantou da cama. Bella se ajeitou, se cobrindo novamente e deitou. - Quer comer alguma coisa? -

- Não! Eu só quero dormir um pouco! - ela deitou na cama, repousando a cabeça no travesseiro. - Se ela acordar com fome, me acorda, por favor. - pediu.

- Quer que eu fique aqui? - perguntou embalando a filha em seus braços e Isabella apenas assentiu. - Não se preocupe, então. Pode dormir. Que eu vou cuidar de vocês duas! - garantiu ele. - Não é minha princesa? Você é a princesinha mais bonita de todo esse mundo! - ele abaixou a cabeça e beijou o topo da cabeça da filha.

Menos de um mês depois, debaixo do forte frio que cobria Castela, ocorreu o batizado da pequena Anastásia. Era perceptível a decepção da corte ao ver que o primogênito do rei era uma menina, e em contrapartida o Edward e Esme não paravam de babar na menina, enquanto ignoravam todo e qualquer olhar dos moradores do castelo.

Nenhum dos dois pareciam se importar com o fato de que Anastásia pudesse herdar a magia da mãe, mas sabiam que precisavam ter todo o cuidado do mundo quando, e se, ela começasse a desenvolver a magia, já que mais ninguém naquele castelo poderia saber disso, para evitar que gerasse um burburinho, que chegasse até a igreja.

Ao mesmo tempo em que Anastásia foi batizada na igreja católica, ela foi ungida por óleos por sua mãe, do mesmo jeito que a mesma havia sido ungida quando era criança, a unção por óleos era como se fosse o batismo na bruxaria, e nem Edward e tampouco Esme, se importaram com isso.

O verão estava quase chegando mais uma vez, Anastásia era um bebê de cinco meses, bastante inteligente, principalmente para a idade que tinha e Edward e Isabella estavam completando o primeiro ano de casamento. Esme decidiu fazer uma festa, não sabia ao certo para deixar a lembrança do casamento para trás, ou para que ninguém desconfiasse de nada, já que todos no casamento achavam que os reis eram um casal apaixonado. De certa forma eles eram, mesmo que nunca mais tivessem tido nenhum tipo de momento íntimo novamente.

Isabella resolveu fugir um pouco da festa e ir ver com a filha, já que a mesma estava sozinha em seu quarto. E ao abrir a porta, encontrando o quarto escuro, e vendo Edward andando de um lado para o outro com um pequeno embrulho, que abrigava a filha dos dois nos braços.

- Também fugiu da festa? - ele perguntou baixo quando ela entrou no quarto fechando a porta.

- Eu vim ver como ela estava e já ia para o quarto. Estou exausta...  - ela se apoiou no berço de madeira da filha. - E esses sapatos estão me matando! - ela desamarrou o laço que prendia os sapatos nos tornozelos e ficou descalça, pisando no tapete que cobria todo o chão de pedra do quarto da princesa. - Melhor! Muito melhor! - ela caminhou para perto dos dois. - E o senhor, fugiu da festa por que? - questionou deslizando os dedos pela cabeça da filha, que dormia profundamente nos braços do pai.

- Vim pegar uma coisa em meu quarto, e resolvi dar uma passada aqui para ver como ela estava. Ela estava acordada, mas estava limpa, então eu a peguei no colo e ela dormiu de novo. -

- Ela gosta de dormir nos braços do pai. - Edward sorriu e olhou para a esposa.

- Ela não é a única, não é? Sempre que você pede para eu dormir no seu quarto, eu acordo com você deitada em meu peito ou em meu ombro. - ele comentou e Bella sorriu com as bochechas coradas, que Edward não conseguiu ver direito devido a escuridão do quarto. - Deixe-me colocá-la na cama. - ele aproximou a filha de sua cabeça e beijou a testa da filha, que ressonava tranquila e profundamente. - Papai te ama, minha princesa. -

Antes que Edward pudesse colocar a pequena Anastásia na cama, Isabella acariciou de leve os cabelos claros da filha antes de beijar-lhe a testa tal como o pai havia feito a poucos segundos atrás. Com cuidado, o rei repousou a filha adormecida em seu berço, Isabella recolheu seus sapatos do chão e caminhou, descalça, para o corredor, onde Edward a encontrou em alguns segundos, após pegar uma pequena caixa de madeira talhada em cima de um dos armários e fechou a porta em completo silêncio.

- Acho que o senhor é o único homem que eu já conheci em minha vida que não se importou com o fato de o primogênito ser uma menina. - ela comentou enquanto ele a acompanhava até o seu quarto.

- É porque eu não me importei mesmo! Sendo uma menina ou um menino, não deixa de ser meu! -

- E daria o trono a ela? - ele pensou um pouco antes de responder.

- Se ela for uma bruxa temperamental igual a mãe, os súditos terão problemas! - comentou brincando e rindo.

- Eu não sou temperamental! - ela se defendeu.

- É sim. Você age muito pelos seus sentimentos… É, literalmente, visível em seus olhos. - apontou, se referindo ao fato de todos os sentimentos serem refletidos pela intensidade do brilho esverdeado nos olhos de Isabella. - Não estou reclamando. Isso é bom, uma das melhores coisas em você. E se ela seguir os passos da mãe, todos vão gostar dela! -

- Podem gostar, mas jamais vão aceitar uma mulher no trono! -

- Claro que vão! - respondeu quando ambos pararam em frente ao quarto de Isabella. - Agora, mudando um pouco de assunto, já que Anastásia ainda é um bebê e está muito longe de assumir o trono ainda… Isso aqui é para você! - ele estendeu a direção da esposa, a caixa de madeira talhada.

- O que é? - perguntou, ao pegá-la com as duas mãos e sentindo-a um pouco pesada, sem saber ao certo se era devido ao peso natural da madeira, ou pelo que possivelmente tinha dentro dela.

- Abre! - respondeu simplesmente e ela levantou o trinco.

Do lado de dentro a caixa era toda forrada por veludo verde e repousado nele, algumas joias cuidadosamente arrumadas. Na verdade, um conjunto com um colar, anéis, brincos e uma coroa, todos prateados com pedrarias em esmeraldas. Ela levantou a cabeça e olhou confusa para o marido, ele não respondeu nada, apenas apontou para a porta do quarto de Isabella, e ela o abriu.

- Quando… Quando eu comecei a cortejar a sua irmã, pensando que era a você… - ele começou a falar depois de ter entrado no quarto e fechado a porta atrás de si. - Eu dava a ela joias em safira, pois combinavam com os olhos dela. - comentou quando Isabella se sentou na ponta da cama, ainda com a pequena caixa de joias em mãos, e os sapatos foram deixados no chão. - Estamos juntos a um ano e eu não lhe dei nada ainda, nada mais justo do que lhe dar algo hoje, creio eu, e… - ele suspirou. - Não pude não lhe dar algo que remetesse ao brilho esverdeado que surge em seus olhos, até porque, se eu me recordo bem, eu já lhe disse que são belíssimos. -

- Muito obrigada. - ela agradeceu sorrindo e com as bochechas coradas. - Mas não era necessário. Até porque eu não tenho nada para lhe dar em troca! -

- Como não? Deu-me a minha filha! Não poderia pedir mais nada além dela. -

Os dois ficaram em silêncio por um curto período de tempo. Edward tinha os olhos presos em Isabella, já a mesma intercalava os olhares entre ele e a caixa em suas mãos, como se lutasse consigo mesmo uma batalha interna, enquanto decidia se fazia o que ela mais queria a um bom tempo, ou se engolia a sua vontade e a ignorasse.

- O senhor se lembra de que… - começou ela. - Quando soube da gravidez, o senhor disse que jamais faria algo comigo de novo, caso eu não quisesse ou pedisse? - perguntou.

- Lembro! - Isabella não respondeu mais nada, apenas fechou a caixinha de joias e colocou na mesinha de cabeceira ao lado de sua cama.

- Venha cá. - pediu estendendo a mão ao marido.

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