Pov. Bella.
Toronto – Canadá.
Ele estava encostado em seu Audi branco com um terno, provavelmente Armani, preto e bem cortado. Eu devo ter ficado alguns minutos parada ainda na minha varanda o encarando aos pés do primeiro degrau, mas eu devo ter demorando tanto que ele veio andando até mim e me encarando ainda sem subir nenhum degrau, mas com um dos pés apoiados no degrau, me encarando de volta.
— Eu sei que sou bonito, mas não precisa ficar me encarando assim, eu fico constrangido. – brincou ele e eu revirei os olhos. Aliás, eu já estava acostumada com essas brincadeiras dele.
— Eu não estou encarando você porque você é bonito, eu estou tentando descobrir o que se passa na sua cabeça. –
— Por quê? –
— O que você está fazendo aqui? – perguntei, segurando meu vade-mécum próximo a minha barriga com as duas mãos.
— Eu vim te buscar, o que é bem obvio. –
— Por quê? – agora quem perguntou fui eu.
— Não sei se você sabe, mas não é muito bom uma grávida pegar o trem há essas horas, é bem cheio e um acidente pode acontecer. – eu fiquei o encarando incrédula. Isso é serio? – Que foi? -
— Você é inacreditável. –
— Obrigado. – ele sorriu.
— Não foi um elogio. Isso por acaso quer dizer que você virá me buscar todos os dias agora? –
— Se quiser. – deu de ombros. – É caminho, não vejo nada de ruim nisso. –
— Não é caminho não. –
— Pode parar de reclamar e entrar no carro, por favor. – ele se virou e eu olhei para cima.
— Quando eu pedi uma dica do que fazer eu não me referi a ele. –
— Como é que é? – perguntou parado no meio do meu quintal.
— Não estou falando com você, e sim com Deus. – expliquei abrindo meu guarda chuva e descendo.
— Com Deus? –
— É. Na sexta, um pouco antes de você chegar eu pedi a ele um sinal e uma dica do que fazer, e pelo visto ele mandou você. – ele riu enquanto caminhávamos para o seu carro. – Não sei para que. Já não basta eu ter que aturar você de segunda a sexta o dia inteiro, agora você ainda vem me buscar e me bombardeia com mensagens. – bufei. – Vamos com calma ai, tá, porque em cinco minutos você me mandou vinte mensagens. –
— Você não me respondia, fiquei preocupado. –
— Eu estava no banho, eu não levo o meu celular para o chuveiro e também não iria parar de tomar banho para atender você. – resmunguei o fazendo rir mais ainda. Edward abriu a porta de seu Audi para mim e eu fechei o guarda chuva, entrando e colocando-o no chão, me ajeitei no banco, colocando o cinto de segurança e apoiando minha bolsa e meu livro em meu colo. Ele deu a volta no carro e eu olhei para trás, vendo o banco traseiro vazio. – Cadê sua filha? – perguntei quando ele entrou ligando o carro e o aquecedor.
— Na creche. Minha mãe a pega mais tarde e eu a busco a noite. – explicou começando a dirigir.
— Oh gênio, me diz uma coisa... – disse depois de alguns minutos quando ele pegou a autoestrada.
— Gênio? Eu sou seu chefe, você se lembra disso não é? –
— Tecnicamente você é meu chefe do escritório para dentro. – expliquei.
— Fala. – bufou.
— Qual desculpa será para o fato de eu estar chegando junto com o meu chefe? – ele encarou o vidro molhado pela chuva enquanto os parabrisas trabalharam. – Você não pensou nisso, não é? –
— Para dizer a verdade não, eu tinha me esquecido dessa parte. –
— Mas me permita dizer o que eles vão pensar... – ele me encarou. – Que estamos tendo um caso. – ele sorriu de lado voltando a encarar a pista. Era impressão minha ou ele queria que eles pensassem isso? Pois bem, se é isso o que ele quer, tenha certeza de que não é o que eu quero. – Me deixa em frente ao Caffé Sully. – pedi abrindo o livro na pagina que eu havia parado antes.
— Para que? – perguntou intercalando o olhar entre a estrada molhada e eu.
— Porque eu vou, como sempre, comprar o meu café e depois seguir para o escritório e você vai direto para lá, porque se tem uma coisa que eu não estou nem um pouco afim é ter que ouvir a Jessica e a Lauren perguntando se eu estou tendo algo com você. –
— E por que não? –
— Primeiro, porque elas me irritam e segundo porque não tem nada entre nós e nem nunca vai ter, além é claro, da relação funcionário-chefe. – expliquei lendo o livro.
— E isso quer dizer que? –
— Que nunca vai ter nada entre nós dois. Nem na vida real e nem na mente nada fértil das secretarias daquele escritório. – respondi.
— Nunca diga nunca. – ele retrucou e antes que eu pudesse perguntar o que ele estava querendo dizer com aquilo, ele ligou o radio em uma estação qualquer e começou a cantarolar a musica e eu resolvi continuar lendo o livro, na próxima semana eu teria uma prova muito importante.
Como eu pedira, Edward parou o carro em frente ao Caffé Sully e assim que eu entrei na cafeteria ele seguiu para o escritório. Como todos os dias a essa hora o café estava cheio e eu continuei com a minha leitura na fila, que andava devagar, mas devido ao fato de que eu havia chegado um pouco mais cedo já que Edward me buscara em casa, eu tinha tempo antes de dar a minha hora no escritório.
— Você atura essa fila todo santo dia? – dei um pulo para o lado ao ouvir a voz de Edward ao meu lado.
— Que porra é essa, Edward? – fechei o livro, colocando um dedo para marcar a pagina e levando a outra mão ao coração. – Quer que eu morra de susto? Cacete, avisa. – resmunguei respirando fundo.
— Estou aqui há cinco minutos já, praticamente. – o ignorei e respirei bem fundo e o encarei.
— E o que diabos você está fazendo aqui? –
— Vim comprar um café, eu sempre tomo café quando chego ao escritório. –
— O café que eu compro, não? –
— E qual é o problema de eu mesmo comprar o meu próprio café? – me encarou.
— Eu já disse que não quero fofocas para o meu lado. – ele continuou me encarando sem dizer nada. – E você está do meu lado, o que significa que você vai ser atendido junto comigo e que significa que você vai sair daqui junto comigo e que vai entrar no escritório junto comigo. –
— Coincidências acontecem... Nós nos encontramos no café e seguimos para o escritório conversando sobre o caso, ou melhor, sobre a sua prova. – deu de ombros. – Sobre o que é mesmo? –
— Penal. – respondi.
— Está preparada? –
— Não sei. – dei de ombros vendo a fila que não andava.
— Faremos um teste então... –
— Que tipo? –
— Perguntas e respostas... Vejamos uma fácil... – ele pensou um pouco e me encarou. O Crime de homicídio é classificado como? – o encarei? Jura?
— Serio? Não tinha uma mais difícil? – ironizei.
— Responde. –
— Comum; instantâneo e material. – respondi e ele me encarou, como se esperasse por mais. – Comum: pois pode ser praticado por qualquer pessoa; Instantâneo: pois, uma vez consumado, está encerrado, a consumação não se prolonga. E Material: Uma vez que o tipo penal exige a ocorrência do resultado para sua consumação. –
— Outra... Quando o agente, querendo matar a vitima, dispara tiros em direção a ela, mas não a acerta? –
— Responde por tentativa de homicídio, pois queria matar a vitima. Ele responde pelo crime de tentativa de homicídio, uma vez que agiu com dolo de matar, não importando se ocasionou ou não lesões na vitima. –
— Muito bem... Próxima... Segundo a maioria doutrinária e jurisprudencial, havendo confronto entre qualificadoras e privilegiadoras, o homicídio privilegiado... – o interrompi.
— Terá a hediondez afastada, tendo em vista que as circunstâncias preponderantes são motivos determinantes do crime, da personalidade e a reincidência, prevalecendo-se as de natureza subjetiva sobre a objetiva. – finalmente nós chegamos ao balcão.
— Bom dia, o que desejam? –
— Um cappuccino e um expresso, por favor. – Edward pediu e eu abri a bolsa para apanhar a minha carteira quando o vi entregando o cartão para a balconista e eu o encarei. – Exemplo. – ele ignorou o fato de que eu ia reclamar por ele está pagando o meu café. – Digamos que Jane está agonizando no hospital, sem poder se mexer, e pede para Lizzie lhe dê veneno para morrer. Nessa hipótese, caso Lizzie atenta o pedido de Jane, ela...? –
— Respondera por crime de homicídio privilegiado, por ter cometido eutanásia. Considerando-se que havendo confronto entre qualificadoras (emprego de veneno) e privilegiadoras (relevante valor moral), o homicídio privilegiado terá a hediondez afastada, tendo em vista que as circunstancias preponderantes são motivos determinantes do crime, da personalidade e reincidência, prevalecendo-se as de natureza subjetiva sobre a objetiva. - respondi quando a atendente voltou com nossos cafés e nós saímos da cafeteria.
— Outra pergunta... – o encarei enquanto caminhávamos pela calçada molhada pela chuva, que finalmente dera uma trégua, a caminho do escritório. – Por que você não parece nem um pouco animada com isso? –
— Com o que? –
— Eu já ajudei algumas pessoas a estudarem para as provas e quando elas respondiam certo, elas se animavam já você pareceu tão indiferente. – dei de ombros bebendo um pouco do café. – Até parece que você não gosta disso. – apontou também bebendo de seu café e eu o olhei. – Você não gosta disso? –
— Não. – respondi simplesmente.
— Então por que está se prestando a cinco anos de faculdade se não gosta do que faz? –
— Pela minha mãe. – respondi simplesmente. – Ela sempre falou que queria que a filha dela fizesse faculdade, uma coisa que ela só teve a oportunidade de fazer quando eu tinha quinze anos, e ela sempre falava que queria que a filha fizesse algo importante como medicina e direito... Entretanto se eu fizesse medicina eu ia era precisar de ajuda ao invés de ajudar alguém. – expliquei o olhando. – Estomago muito fraco, eu vomitei vendo Jogos Mortais, então eu optei pelo direito. Achei que com o tempo fosse aprender a gostar, igual a quando eu aprendi a gostar do meu professor de biologia. –
— Primeiro, por que você gosta do seu professor de biologia? –
— Porque a minha mãe está namorando ele. – ele parou no meio da calçada me encarando. – Vai, você pode rir. Eu sei é engraçado. Imagine a cena: Minha formatura, e eu agradecendo a Deus porque eu havia me formado e nunca mais voltaria a vê-lo, principalmente porque eu odeio biologia e porque ele pegava no meu pé, e ai quando eu chego a casa e ele está lá, e minha mãe fala: Filhinha, esse é o meu novo namorado. – e sim, ele riu, jogou a cabeça para trás gargalhando. – Bem vindo a minha vida. – resmunguei enquanto entravamos na recepção do prédio onde ficava o escritório e ele parou de rir para não chamar atenção.
— Acho que eu surtava se minha mãe aparecesse namorando algum professor meu. – falou apertando o botão do elevador.
— Você se acostuma. –
— Agora serio. – disse ao entramos no elevador vazio e apertando o botão do oitavo andar. - Você não precisa fazer as coisas para agradar ninguém, principalmente uma faculdade, é ela quem vai dizer o que você será pelo resto da vida, você tem que decidir o que quer ser. Por exemplo, o que você gosta de fazer? – encostei a cabeça na parede do elevador pensando.
— Não sei. – respondi suspirando. – Esse foi um dos grandes motivos por eu ter escolhido o direito, eu não sei o que eu quero ser. – o encarei. – Não se preocupe, eu vou aprender a gostar disso. – garanti. – Eu aprendi a gostar da mala do meu professor de biologia. – por que eu fui tocar nesse assunto de novo? – Para de rir Edward, porra parece uma hiena. –
— Lembre-se que já estamos dentro do escritório, já sou seu chefe. – lembrou-me rindo.
— Tem razão. – a porta se abriu e nós saímos de lá de dentro.
— Que horas? –
— Que horas o que? – perguntei praticamente jogando o meu livro em cima da mesa que eu dividia com a secretaria dele, que ainda não havia chegado o que não era nenhuma novidade, ela sempre se atrasava.
— A consulta? –
— 13h. – respondi.
— Tudo bem. – ele abriu a porta da sala e entro nela e eu sentei na cadeira, ligando o computador, era praticamente eu que fazia todo o trabalho da secretaria dele, já que além dela chegar atrasada, ela ainda ficava de fofoca andando para cima e para baixo na empresa.
Foi praticamente meia hora depois que eu cheguei que Lauren, finalmente, chegou muito atrasada, para ser totalmente sincera e eu já havia feito quase todo o trabalho dela da manhã, já havia até avisado a Edward sobre as suas reuniões de hoje. Assim que ela chegou, largou a bolsa na cadeira ao lado da minha e sumiu provavelmente indo atrás de Jessica, ou atrás das outras secretarias, era só isso que ela sabia fazer e eu mais uma vez fiquei encarregada, além do meu trabalho, do dela, se por acaso eu recebesse iria pedir o dobro, já que trabalho por dois.
— Eu entendi senhora Berman. – disse apertando a ponte do meu nariz, essa mulher era insuportável. – Ele só pode atender à senhora daqui a dois dias. – expliquei pela milésima vez a mesma coisa enquanto rabiscava um papel, quem tinha que estar ouvindo as reclamações dessa mulher era Lauren e não eu. – Não senhora, a agenda dele está lotada para esses dois dias... – o telefone estava entre o meu ombro e meu ouvido, eu ainda apertava a ponte do meu nariz com uma das mãos e rabiscava o papel com a outra. – Sim senhora, se por acaso alguém desmarcar a senhora será a primeira, a saber. – parei de apertar a ponte do meu nariz e segurei o telefone. – Tudo bem, tenha um bom dia. – desliguei o telefone. – Oh mulher chata. – resmunguei passando as mãos pelo rosto.
— Deixe-me adivinha... Senhora Berman? – dei um pulo ao ouvir a voz de Edward vinda de trás de mim. Virei à cadeira e ele estava encostado em sua porta.
— É... Tem como me explicar como é que o marido ainda não se divorciou dela. –
— Sempre que faltava pouco para assinar os documentos do divorcio, eles voltavam atrás. – ele se desencostou da porta e se aproximou. – E se eu não estou enganado, esse não é o seu trabalho... –
— Jura? – retruquei ironicamente enquanto meu celular vibrava. Era o alarme me lembrando da consulta.
— Onde está Lauren? –
— Chegou atrasada, jogou a bolsa e sumiu. Deve estar fofocando por ai, como sempre. – eu ouvi o barulho de saltos contra o piso, levantei a cabeça e vi que era Lauren vinda correndo, provavelmente porque viu Edward parado perto de mim. – Olha ela ai. -
— Ah, boa tarde senhor Cullen. – ela se sentou imediatamente ao meu lado. – Obrigada por cuidar daqui para mim enquanto eu fui ao banheiro Bella. – a encarei.
— E você por acaso se perdeu ou tinha senha para usar o banheiro, você não aparece aqui há quase duas horas?! – ela me olhou com raiva.
— Que seja, vamos senhorita Swan. – me levantei pegando minha bolsa e meu livro, para eu continuar o estudando enquanto eu esperava a minha vez na consulta. – Senhorita Mellory, provavelmente não voltaremos hoje, tenho uma audiência e a senhorita Swan virá comigo, mas amanhã nós vamos conversar. –
— Sim senhor Cullen. – dei a volta na cadeira de Lauren e caminhei ao lado dele até o elevador que já nos esperava. Assim que as portas se fecharam, Edward jogou a cabeça para trás gargalhando.
— Eu já disse que você não é normal? – perguntei. – Está rindo do que? –
— E você por acaso se perdeu ou tinha senha para usar o banheiro... – ele tentou imitar a minha voz. – Viu a cara que ela fez? –
— Claro que eu vi, e já me acostumei. – as portas do elevador voltaram a se abrir e nós caminhamos para fora do prédio. – Eu não sabia que você tinha uma audiência hoje. –
— E não tenho. – respondeu parando ao meio fio enquanto esperavam trazer seu carro. – Depois da consulta nós vamos almoçar e ai você vai comigo dar uma passadinha rápida no mercado. –
— Por quê? –
— Por que eu tenho que abastecer a minha dispensa e minha mãe sempre fala que eu não posso fazer comprar sozinho, porque senão eu só compro besteiras e que até hoje ela não sabe como a Tina não está obesa mórbida. –
— É eu notei, você deu para ela bolo de chocolate e coca cola, é muito açúcar para uma criança. –
— Ela gosta. – disse quando pararam seu carro no meio fio e ele abriu a porta para mim.
— Não é só porque ela gosta que você tenha que dar. Ela é praticamente um bebe ainda e não pode se entupir de açúcar. – falei entrando no carro e ele deu a volta.
— O que eu posso fazer se eu gosto de ver o meu bebê feliz. – revirei os olhos. – E não se preocupe lhe deixarei a tempo na faculdade. – o caminho do escritório até o consultório da minha obstetra era bem rápido, menos de dez minutos. Edward parou o carro em uma vaga na rua e descemos, subindo logo. Ainda faltavam dez minutos para a minha consulta e nós nos sentamos nas poltronas e eu abri meu livro mais uma vez.
— E a sua mãe? Tem noticias? –
— Chega ao próximo final de semana. –
— E já sabe como vai contar a ela? –
— Não. Será que se eu esconder ela vai descobrir? – ele me encarou com o canto dos olhos.
— Não, claro que não, ela nunca vai notar que a sua barriga cresceu e que no nada tem um neto ou neta. – ironizou rindo e eu acabei o acompanhando e rindo junto.
— Senhorita Swan, está na hora. – a recepcionista disse e nós nos levantamos e Edward pegou o livro da minha mão.
— Você não precisa entrar comigo. – disse parada perto da porta.
— Não, mas quero. – retrucou e entrou na minha frente e eu respirei fundo entrando também.
— Olá Bella. – Sue a obstetra saiu de trás de sua mesa e vendo até mim me abraçando. – Como está? –
— Bem Sue e você? –
— Ótima e sua mãe, já voltou? –
— Ainda não, chega ao final de semana. –
— Se conhecem? – Edward nos interrompeu.
— Ela é amiga da minha mãe, por assim dizer. – expliquei e ele arqueou a sobrancelha. – Foi à única que eu conhecia, e eu estava meio desesperada. –
— Meio desesperada? Querida você entrou aqui chorando e não falando coisa com coisa, eu achei que alguma coisa seria tinha acontecido. – ela deu uma risadinha e eu dei de ombros. – E você? É o pai do bebê. –
— Não Sue... –
— É... Edward Cullen. – ele disse e eu o encarei.
— Achei que você tivesse dito que ele não queria saber do bebê. –
— Ela acabou me entendendo mal, eu nunca a deixaria, principalmente esperando um filho meu. – ele falava na cara de pau e minha mão coçava para bater nele.
— Que bom, eu fico muito feliz que tenha reconsiderado e vindo. É sempre bom o pai vir junto. Mas venham, sentem-se. – ela se virou para caminhar para a sua cadeira e eu encarei Edward.
— Qual é o seu problema? – resmunguei baixo.
— Bella quanto aos seus exames. – Sue atraiu nossa atenção e eu caminhei para a poltrona a sua frente, depois eu me entendia com Edward. – Eles chegaram e estão ótimos, muito bons para ser sincera. –
— A senhora pediu todos os exames? – Edward perguntou se sentando do meu lado.
— Sim, todos. Hemograma completo, Tipo sanguíneo e fator Rh, VDRL, HIV, Hepatite B e C, Tireoide, Glicose, Toxoplasmose, Rubéola e Citomegalovírus. Todos e todos estão ótimos. – ela apoiou as mãos em cima da mesa e me encarou. – Pelas suas contas você está de sete semanas, certo? – assenti. – Então hoje nós vamos fazer um exame simples e bem rápido, apenas para verificar se o bebê está se desenvolvendo no lugar certo. Então enquanto eu verifico se a sala está pronta, vá até o banheiro e coloque a camisola que está lá, por favor. – ela pediu se levantando e seguindo para a porta, próxima a sua mesa, que provavelmente levava para a sala e eu encarei Edward.
— Não vai se vestir? –
— Não quero ouvir o som da sua voz até eu decidir o que eu vou fazer com você. – me levantei colocando as minhas coisas em cima da cadeira que eu estava sentada. – Para fora. –
— Por quê? –
— Porque eu estou pedindo. – caminhei até a porta do banheiro. – Se quando eu sair daqui você ainda estiver aqui, você não vem mais a consulta comigo. – entrei no banheiro, vendo a camisola lá pendurada. Tirei minha roupa deixando-a pendurada no gancho da parede, depois de pronta, abri apenas um pouquinho a porta e coloquei apenas a cabeça para fora, a sala estava vazia, Edward havia saído como eu pedi e eu sai do banheiro.
— Pronta? – Sue veio da outra sala.
— Sim. –
— Cadê Edward? – perguntou olhando para a cadeira onde ele estava a pouco, vazia.
— Teve que atender um telefonema muito importante. Sobre um dos seus clientes. –
— Entendi. Venha. – eu a segui até a sala. – Sente-se. – apontou para a cama e eu sentei. – O exame é bem simples, talvez você sinta apenas um leve desconforto. Vamos fazer uma ultrassonografia transvaginal, para ver se está tudo bem com o bebê e se ele não está nascendo nas trompas. Tudo bem? – assenti. – Se sentir um desconforto forte ou dor, me avisa. –
— Okay. –
— Deite-se e coloque as pernas aqui. – apontou para as pequenas placas de metal. Sue pegou um aparelho pontudo e colocou uma espécie de camisinha nele e se sentou no banco a minha frente. Ao sentir aquela coisa entrando em mim, confesso que senti um leve desconforto enquanto ela meio que cutucava enquanto tentava achar o lugar certo, mas isso demorou cerca de dois minutos. – Tudo bem, Bella, com sorte ouviremos o coraçãozinho bater. – ela ligou o pequeno monitor, e eu me senti igual quando eu tinha dez anos, como se eu estivesse fazendo um daqueles testes de mancha de tinta, era difícil distinguir, porém no fundo preto, era possível ver uma espécie de bolinha cinza.
— É ele? – perguntei. – Está tudo bem? – perguntei ouvindo um barulho meio estranho vindo do monitor.
— Sim, está... Esse barulho é o coraçãozinho dele, está tudo bem. – ela tirou aquela coisa pontuda de dentro do mim e vi que tinha um pouco de sangue nela e eu encarava aquilo com os olhos arregalados. – Não se preocupe, às vezes sai um pouco de sangue. Pode descer e se trocar. – eu tirei as minhas pernas dali e desci da cama e voltei para o banheiro, me vestindo rapidamente e ao voltar para sala, ela já estava ali. – Então tudo está muito bem. Ele está crescendo no lugar certo e parece que está se desenvolvendo muito bem. –
— E quando eu tenho que voltar aqui? –
— Daqui a um mês. –
— Isso tudo? –
— Sim. Pois veja bem. As consultas de pré-natal são feitas uma por mês até as completar trinta e quatro semanas de gestação. Da trigésima quarta semana até a trigésima oitava são duas por semana. E a ultima, a trigésima nona, seria quando o bebê nasce. Entretanto às vezes ele pode demorar mais uns tempinhos para nascerem então às consultas passam a acontecer a cada três dias ou até mesmo diariamente. –
— E quando será possível ver o sexo? –
— Se ele estiver com as pernas abertas a partir da décima sexta semana. E quando você voltar, mês que vem, você está na décima primeira semana, e isso significa que vamos fazer um ultrassom morfológico do primeiro trimestre, esse, ao contrario do que acabamos de fazer, é um ultrassom por via abdominal, para descobrir se ele tem sinais de problemas genéticos e para avaliar os sinais vitais do bebê. –
— Entendi. –
— Sabe Bella, você me parece hoje um pouco mais animada com a ideia de ser mãe do que da primeira vez que veio aqui. –
— Podemos dizer, Sue que eu tive um tempo para pensar e digerir a ideia. –
— Sim, é um banque forte, principalmente para quem não está esperando por algo do tipo, mas um bebê é sempre uma fonte de felicidade. –
— É o que falam. – sorri de lado.
— Bom, nos vemos em um mês. – ela estendeu a mão e eu a apertei, me levantando da cadeira. – Ah Bella, quando a sua mãe chegar, diga a ela que eu mandei um Oi e que preciso falar com ela. –
— Claro, assim que eu a buscar no aeroporto eu digo isso a ela. – despedi-me de Sue e deixei o consultório, voltando para a recepção. Edward estava na poltrona que estava sendo antes de sermos chamados, com uma... Revista em mãos. Abaixei-me um pouco para ver a capa. – Você está lendo uma revista sobre gravidez? – perguntei e ele deu um pulo na poltrona fechando a revista com força.
— Não. – disse na cara de pau e eu joguei a cabeça para trás rindo. Ainda bem que só tínhamos nós dois e a recepcionista ali no lobby.
— Você é inacreditável. –
— Você me expulsou de lá, queria que eu fizesse o que? –
— E então você leu uma revista sobre grávidas? E não pensou, em hipótese alguma em ler o livro que está no seu colo? – perguntei apontando para o meu vade-mécum que estava em seu colo.
— Não enche Swan. – resmungou, colocando a revista de novo no lugar e se levantando. – Vamos embora. – ele disse e saiu andando na minha frente para o elevador.
Eu tentei abrir a minha boca para perguntar o que ele tinha na cabeça para dizer que era o pai do meu bebê, mas ele sempre me interrompia, falando no telefone ou fingindo, vá saber... E foi-se assem até chegarmos ao Walmart. Ele pegou um carrinho e começamos a andar pelo corredor.
— Edward. – o chamei e ele me ignorou, pegando uma caixa de cereal na prateleira e começou a ler a parte de trás da caixa. – Edward. – Tirei a bolsa do meu ombro e olhei para os dois lados do corredor, vendo que o mesmo estava vazio. – Edward. – o chamei pela terceira vez e ele não me respondeu e eu, já irritada, bati com a minha bolsa na sua bunda.
— Hey... – ele me encarou. – Qual é o seu problema? –
— No momento, você. – me aproximei dele, colocando minha bolsa dentro do carrinho. – Como assim você disse que é o pai do meu bebê?! –
— Queria que eu falasse o que? Que era seu chefe? –
— Podia falar que era meu amigo... Agora ela vai achar que você é o meu namorado. – ele parou bem perto de mim e me encarou.
— E qual é o problema? – perguntou bem perto de mim, com o rosto bem perto do meu rosto e olhando em meus olhos.
— Você... Você... – desviei os olhos dos dele e balancei a cabeça, dando um passo para trás. - Você é meu chefe. –
— E só por isso eu não posso ser o pai do seu bebê?! –
— Pare de falar que o bebê é seu. – resmunguei pegando minha bolsa de novo. – É melhor eu ir embora, não posso me atrasar para a aula. –
— Só mais cinco minutos e eu te deixo na faculdade. –
Dito e feito, em cinco minutos ele já havia pegado tudo o que precisava e seguiu para o caixa. O Walmart, como por um milagre, estava vazio, portanto não demoramos muito lá e em pouco tempo estávamos dentro do carro, com a chuva voltando a cair. Desde que ele me pedira mais terminar de pegar suas compras, ninguém falou mais nada, ele não tocara mais no assunto de ter dito que era o pai de meu bebê e eu também não. O caminho do mercado até a faculdade fora rápido, e assim que ele parou, na porta da University of Toronto - St. George Campus, e foi só ai que voltamos a falar alguma coisa.
— Boa aula. –
— Obrigada pela carona. – abri a porta, segurando com as mãos o meu livro e o minha bolsa e sai, andando rápido até entrar na faculdade sem me molhar muito e ele foi embora.
Eu caminhei devagar até o elevador, pegando-o até e seguindo até o quinto andar e caminhando para a sala de aula. O tempo em que eu fiquei na consulta, o almoço e a ia ao mercado acabou ocupando toda a tarde e só faltava quinze para a aula começar. Eu me sentei na cadeira de sempre, já tinha alguns alunos na aula e a única coisa que eu tinha fazer era esperar ele chegar.
Eu queria entender, no fundo eu tentava entender o motivo de Edward ter feito aquilo. Eu simplesmente não conseguia entender, ele não via no que aquilo poderia dar no futuro, a fofoca que correria pela empresa se alguém soubesse disso. Aliás, eu já até imaginava a fofoca que iria acontecer quando a minha barriga começasse a aparecer. Se, comigo, andando para cima e para baixo com Edward porque eu o acompanhava para cima e para baixo, devido ao trabalho, já que eu tinha que ir a cartórios e audiências com ele, se com isso já tinha fofocas de que eu saia com o meu chefe, imagina se de repente as pessoas descobrem se eu estou grávida?!
Quando o professor entrou na sala, eu balancei a cabeça para me concentrar na matéria, eu estava no meio da minha faculdade, ainda nem havia pensado no que faria, provavelmente trancaria a faculdade até que ela ou ele estivesse um pouco grandinho para que eu pudesse voltar a me concentrar na faculdade e provavelmente eu teria que arrumar um emprego remunerado.
Eu tentei, juro que tentei, prestar a atenção na matéria mas minha mente não permitia, eu ainda não tinha parado de pensar em tudo que eu teria que fazer, incrível que eu não havia pensado que eu teria que montar um quartinho, comprar os moveis e as roupas e nem havia pensado ainda que teria que parar a faculdade, mas eu só acho que essas coisas poderiam vir para a minha cabeça quando eu estivesse em casa, ou então no trem durante a volta para casa, mas não enquanto o professor explicava a matéria da prova de semana que vem.
A aula acabou por volta das dez da noite e após juntar todas as minhas coisas e caminhei junto a alguns grupos de alunos até a estação de trem mais próxima, pegando um trem. Ele estava vazio, portanto me sentei em um dos bancos e agora eu tinha uma hora para pensar até chegar a Milton, faltavam quatro dias para o dia da volta da minha mãe e eu tinha que começar a pensar em como eu diria a ela... Oi mãe, como foi à viagem? Boa? Que bom... Ah... Mãe, não se assuste, mas eu estou grávida, Mike não quer saber do bebê e Edward disse a Sue que o filho é dele... Ah e Sue lhe mandou um Oi e disse que precisa falar com a senhora. Não, isso não é algo muito bom de dizer, eu precisava melhorar ainda mais como eu diria a ela.
Eu encostei minha cabeça na janela, olhando para o caminho escuro. Eu estava cheia de sono e louca por um banho quente e minha cama. Quando o trem parou na estação de Milton eu estava quase dormindo com a cabeça contra o vidro e o trem estava praticamente todo vazio, já que essa era a ultima estação desse trem. Eu me levantei e caminhei para fora. Eram dez minutos da estação até a minha casa, deixei a estação abrindo o guarda chuva, e comecei a andar até a minha casa, fazendo o trajeto o mais rápido que eu podia, já que as ruas estavam bem desertas, até porque já havia passados das onze da noite e porque estava frio e chovendo.
Ao entrar em casa, notei a luz da secretaria eletrônica piscando, pus minha bolsa, meu casaco e cachecol e meu livro aos pés da escada e caminhei para a cozinha apertando o botão da secretaria eletrônica para ouvir os recados. Era apenas um, da minha mãe, dizendo que eles haviam mudado o dia do voo e que precisavam que eu faltasse à aula de amanhã à noite para busca-la no aeroporto, eles chegariam ao voo das nove e meia da noite. Obrigada mãe, jurava que teria mais quatro dias para pensar em como te falar isso e agora eu teria que pensar em menos de vinte e quatro horas. Muito obrigada.
Eu comi alguma coisa rápida, não estava com muita fome, e após trancar toda a casa, subi para o meu quarto, tomando um banho quente e caindo na cama. Estava quase pegando no sono quando meu celular tocou, amostrando uma mensagem de Edward, perguntando se eu já estava em casa e se estava bem. Concordei com ambas as pernas e me virei na cama, puxando a coberta até a cabeça e pegando no sono rapidamente.
No dia seguinte eu acordei com o som do meu despertador, me levantei colocando os pés no chão e segurando a beirada do colchão com força devido a uma pequena vertigem, eu estava até que agradecida porque essa gravidez estava até que tranquila, não cheguei a ter muitos enjoos, pelo menos não por enquanto, quando a vertigem passou, enfiei meus pés nas pantufas e caminhei para o banheiro, após aliviar a minha bexiga, peguei minha pasta e escova de dente e comecei a escova-los. No meio da escovação eu senti meu estomago começando a se revirar, parei e respirei fundo, tentando acalmar meu estomago, mas de nada adiantou, foi preciso apenas passar a escova pelos meus dentes mais uma vez que tudo que eu comi ontem voltou.
Após parar de vomitar, eu terminei de limpar a minha boca e a sujeira que eu fiz na pia do banheiro e com cuidado desci as escadas, para colocar algo em meu estomago e tentar fazer o enjoo passar, fiz uma xícara de café e comi algumas torradas com geleia de morango, mal terminei de comer a primeira, e mais uma vez tive que correr para o banheiro.
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