terça-feira, 18 de julho de 2017

Capitulo Três: Bebês.

Pov. Bella.
Toronto – Canadá.

Quando finalmente consegui parar de vomitar e colocar alguma coisa no estomago, eu tomei um banho rápido e me vesti, coloquei uma blusa azul escura de botões e um suéter cor de mostarda e um casaco azul escuro com capuz, calça jeans escura e botas marrons escuras, e uma bolsa também marrom escura, com o material, deixando meu material em cima da minha penteadeira, já que hoje eu não iria para a faculdade já que iria buscar minha mãe no aeroporto. Depois de juntar todas as minhas coisas e colocar a mão na maçaneta da porta da frente para poder ir embora, eu tive que correr de novo para o banheiro, para vomitar mais uma vez.


Eu já estava tão atrasada que eu precisei pedir um Uber antes que eu acabasse me atrasando mais ainda. O Uber chegou a cinco minutos e enquanto ele seguia o caminho para a empresa eu mantinha as minhas mãos dentro da bolsa, agarrada ao saco de papel que eu havia colocado ali, caso eu precisasse vomitar mais uma vez. Incrível, fora só eu pensar que não havia tido muitos enjoos que eu comecei a vomitar.

Eu cheguei ao escritório vinte minutos atrasada, uma coisa que não havia acontecido nunca em desde que eu começara a estagiar aqui, tá que eu já cheguei atrasada, mas fora até cinco minutos de atraso. Nem tempo de ir comprar o café eu tive, aliás, eu nem sei se queria colocar o café no meu estomago, até porque eu não sabia que ele ficaria ali ou não. Eu cheguei correndo a minha mesa, que estava completamente vazia, com o computador desligado e sem vestígios de Lauren, coloquei minha bolsa na cadeira e liguei o computador, e ouvi a porta de Edward se abrir atrás de mim.

— Bella vem aqui. – ele nem saiu, apenas abriu a porta e eu entrei.

— Antes que fale algo... Eu sei que estou atrasada. – falei me sentando na cadeira em frente ao sua mesa.

— Não era bem sobre isso o que eu quero falar com você... Mas já que você tocou no assunto... Por quê? –

— Por que eu praticamente fiquei a manhã inteira com a cara na privada. – resmunguei.

— Enjoos matinas? –

— É. Fiquei dias, semanas sem ter esses malditos enjoos, e hoje eu vomitei umas cinco vezes. Escovei os dentes, vomitei. Coloquei uma torrada no estomago, vomitei. Bebi um gole de café, vomitei. Tentei sair de casa e vomitei. Se eu vomitar de novo, o que vai sair será os meus órgãos. – ele riu. – Se você não fosse meu chefe eu te xingava e dava umas tapas. – ele riu mais ainda. – Idiota. –

— Sabe o que pode fazer isso melhorar? –

— Não doutor, o que? – perguntei irônica.

— Meu Deus, já começou as mudanças de humor... Minha mãe me contou, quando a mãe da Valentina estava grávida, que com ela também era assim, passava o dia inteiro vomitando, principalmente de manhã. Mas que a obstetra dela disse se ela comesse uma bolacha d’água, ou um bolinho de arroz ou até mesmo um chocolate assim que acordasse ia aumentar o nível de açúcar no sangue e não vomitaria tanto, porque um dos grandes motivos dos enjoos é devido ao baixo nível de açúcar no sangue e maior quantidade de ácido estomacal. – explicou.

— Vou tentar me lembrar disso quando for dormir. – cruzei os braços o encarando. – Mas o que quer falar comigo? –

— Eu ia te buscar hoje, mas tive que vir mais cedo para resolver uma coisa... Bom, você tem que saber que Lauren foi demitida. –

— Por quê? –

— Porque ela não faz o trabalho dela... – disse como se fosse obvio. – Ela foi contratada e era paga para ser uma secretaria e não para ficar fofocando, você está estagiando comigo como advogada e não estagiando com ela como secretaria para ela deixar tudo em cima de você e ficar fofocando. – disse rodando sua caneta entre os dedos.

— E agora você vai ficar sem secretaria? –

— Não, já arrumei outra. –

— Quem? – ele apontou para mim com a ponta da caneta. – Eu? –

— É. Você vai continuar com o seu estagio comigo, mas irá trabalhar como secretaria. O que significa que você vai receber. –

— E quando eu tiver que sair com você? –

— Ângela ou Jessica vão te substituir, eu já resolvi tudo... E bom, você meio, que não está em condições de recusar. –

— E nem ia. – ele balançou a cabeça sorrindo.

— Já sabe como vai falar com a sua mãe? –

— Ainda não... E por falar nisso, ela chega hoje. –

— Não ia chegar apenas no sábado? –

— É, mas ontem, quando eu cheguei a casa, tinha um recado na secretaria eletrônica dizendo que havia acontecido algo e que eles chegariam mais cedo. – dei de ombros. – Também não sei de nada. O voo chega às nove e meia. – contei. – Ontem enquanto eu estava voltando para casa eu pensei em um jeito de contar para ela, mas não foi muito bom, vou continuar pensando até o final do dia. – ele me encarou por um tempo. 

— Parece que você está com algum dilema interno. O que há? –

— É que ontem, eu não consegui me concentrar na faculdade, pela primeira vez a minha mente focou no meu futuro de agora para frente. Porque, tipo, eu sou uma mãe solteira agora, o que significa que eu que vou ter que resolver tudo. E eu estou no meio da minha faculdade de direito, o que significa de daqui a alguns meses eu vou ter que parar e daqui a alguns meses eu vou ter que começar a montar um quartinho e daqui a alguns meses eu vou ser responsável por um pingo de gente e eu meio que estou surtando... Eu não sei o que fazer e... – eu sentia meus olhos ardendo e passei meus dedos por debaixo deles e vi que estava chorando. – E por que diabos eu estou chorando? –

— Isso se chama hormônios. – ele pegou uma caixinha preta com lenços de papel dentro da gaveta e colocou na minha frente.

— Por que você tem uma caixa com lenços de papel? – perguntei chorando e puxando um dos lenços, assuando meu nariz.

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— Você não faz ideia de quantas mulheres choram nessa cadeira durante as conversas de divorcio. – explicou. – Bella olha só, eu também passei por isso antes de Valentina nascer, claro que não do mesmo que você está passando, mas você vai ver que para tudo se dá um jeito. – ele se apoiou na mesa com os braços cruzados. – Quanto a faculdade você tranca e quando o bebê já for um pouco mais grandinho, e já passar a usar a mamadeira, você vai poder deixa-lo com a sua mãe e voltar a estudar. Quanto ao quarto, você vai ver que será a coisa mais divertida que você vai fazer durante a gravidez e com o tempo você vai aprendendo a ser responsável. –

— Edward... Eu não sou responsável, não quando se trata da vida de outra pessoa... –

— Bella, por favor... –

— Edward... – apoiei minhas mãos mantendo meu rosto próximo ao dele. – Durante toda a minha vida eu tive cinco peixes e seis porquinhos da índia, e eu matei todos eles... Quer dizer, eu matei a maioria, minha mãe matou um de cada. – ele riu. – Ou eu me esquecia de alimentar, ou colocava comida demais. –

— Bella, quando o bebê estiver com fome vai fazer um escândalo tão grande que você nunca vai se esquecer de alimenta-lo. E você vai ter ajuda da sua mãe. –

— E eu não sei se isso é bom ou não... Até hoje eu não sei como não morri. Tudo que a minha mãe toca morre... Meus animaizinhos, as flores que ela planta... Tudo... –

— Menos você... –

— Até hoje eu não sei como eu estou viva. –

— Mas está... O que significa que o seu bebê também vai estar. – ele esticou a mão por sobre a mesa e segurou as minhas, segurando-as entre as dele. – Quando eu disse que você pode contar comigo... Eu não estava brincando, você realmente pode contar comigo. Se quiser ajuda para se recuperar depois na faculdade, eu te ajudo. Se quiser ajuda para montar o quarto, eu te ajudo. Se quiser ajuda para cuidar do bebê, eu te ajudo. Eu não brinquei quando disse isso. Eu estou aqui, e você sabe que ontem eu disse que era o pai do bebê para ajudar você, você sabe que Sue acharia estranho você dizer que o pai do bebê não estava nem ai, mas que você teria me levado. Se você quiser ajuda para falar com a sua mãe e só você me ligar, e se quiser espalhar para meio mundo que eu sou o pai do seu bebê, eu não ligo. – ele ainda segurava as minhas mãos entre as dele.

— Eu ainda não sei por que você está fazendo isso. – falei fungando.

— Porque nem você e nem esse bebê tem culpa de ter aquele cara como pai. E, tenha certeza, que se por acaso você tivesse abortado esse bebê, provavelmente sua vida ficaria mais fácil, mas você iria se arrepender muito disso. Quando eu passei por isso há três anos eu precisava que alguém falasse isso para mim e meus pais falaram, você só precisava que alguém dissesse isso para você. –

— Eu só queria entender porque você disse e porque você quer que eu diga que o bebê é seu... – ele suspirou. – Você sabe melhor do que ninguém que todos desse escritório acham que estamos tendo um caso porque nós vivemos indo para cima e para baixo juntos, para resolver problemas ligados aos seus casos, mas você sabe que mesmo assim eles pensam e comentam isso... E quando eles souberem... –

— Eles mesmos vão pensar que o filho é meu. –

— E você não desmente... Você nunca desmentiu que nós não estávamos tendo um caso e eu gostaria, realmente de saber o motivo. E eu realmente gostaria que você me dissesse o motivo. –

— Talvez um dia eu lhe conte. – ele afagou minhas mãos com seus polegares. – Mas me tire uma duvida, por que você se esqueceu de tomar os remédios? –

— Eu nunca tomei anticoncepcional. Nós usávamos camisinhas... Quer dizer, eu achava que ele estava colocando. –

— Tem diferença... –

— Edward, eu tive a minha primeira vez com ele. – expliquei olhando para a mesa. – Eu gostava dele, se eu não gostasse dele, eu não teria dormido com ele. E eu achei que ele estava usando, não tinha como eu saber a diferença. – dei de ombros. Ele tirou uma das mãos de perto da minha e passou por debaixo dos meus olhos, secando as lagrimas que ainda teimavam em cair.

— Você merecia ter a sua primeira vez com alguém menos babaca. –

— É difícil saber quem é babaca e quem não é... Infelizmente vocês, homens, não vem com etiqueta. –

— E nem vocês, mulheres, vem com manual de instruções. – rebateu e eu sorri. Eu puxei minhas mãos da dele e passei pelo meu rosto e cabelos.

— Acho melhor eu ir trabalhar. –

— Qualquer coisa eu lhe chamo. – assenti e sai da sala, me sentando na cadeira onde o computador já estava ligado.

O dia todo foi tranquilo, sem nenhuma audiência no tribunal, Edward teve que cuidar apenas de algumas reuniões com seus clientes aqui no escritório mesmo e nem precisei ir a algum cartório ou algo do tipo pegar algo para ele. O dia só não foi melhor porque a senhora Berman ficou ligando o dia inteiro querendo saber se podia transferir a reunião dela de amanhã para hoje, será que ela não podia esperar até amanha?

Eu havia passado o dia inteiro vivendo a base de água e bolachas d’água, eu não sabia se por acaso eu comesse algo mais solido eu colocaria para fora de novo, então preferia não arriscar. O ultimo cliente do Edward da parte da manhã deixou a sua sala por volta das 13h e foi quando ele saiu de sua sala, sem o paletó e sem a gravata, com os primeiros botões da camisa abertos e com as mangas levantadas até os cotovelos.

— Eu só gostaria de entender o motivo das pessoas se casarem para se divorciarem depois de um ano. – disse parando perto de mim e pegando uma das bolachas do pacote e comendo. – Vamos almoçar? –

— Vai lá... –

— Eu disse vamos, o que significa que você também está envolvida. –

— Eu não estou muito a fim de ir almoçar não, Edward, até porque eu não sei se eu vou conseguir manter algo solido em meu estomago. –

— É só comer algo leve. – ele estendeu a mão e eu estiquei a mão para pegar minha bolsa. – Deixa a bolsa ai e só pega o celular. – enfiei a mão na bolsa e peguei meu celular e segurei sua mão estendida e ele me puxou com cuidado me fazendo levantar.

Nós deixamos a empresa e caminhamos até o restaurante do outro lado da rua para almoçar e nos sentamos em uma mesa vazia bem no meio do restaurante. Edward pediu a coisa mais leve que tinha no cardápio, sem ser salada, até porque eu nunca fui mulher de pedir salada em um restaurante. Eu preferia ir para outro restaurante, até porque esse aqui era os olhos da casa, mas quem disse que ele quis me ouvir e como era ele quem iria pagar a conta...

Ao voltarmos para a empresa ele ainda teve algumas reuniões ao longo da tarde e por fim, às seis horas o nosso expediente acabou, e o que eu faria por três horas e meia enquanto a minha mãe não chegava. Edward ainda estava com um cliente, à reunião havia demorado e já eram seis e meia, eu já havia feito tudo e desligado tudo e só estava sentada a minha mesa olhando o relógio que parecia demorar uma eternidade para passar um segundo.

— Claro senhor Bingum, assim que eu conseguir marcar a audiência eu lhe aviso. – Edward saiu da sala com o seu ultimo cliente.

— Obrigado senhor Cullen. – eles apertaram as mãos. – Boa noite senhorita Swan. –

— Boa noite senhor Bingum. – ele seguiu para o elevador e Edward ficou encostado a sua porta me encarando.

— Seu expediente não acabou? –

— Sim... – olhei mais uma vez para o relógio. – A trinta e dois minutos atrás. –

— E o que está fazendo aqui? Sabe que eu posso ter problemas por segurar você aqui depois da hora, sem pagar hora extra, não sabe? –

— Eu sei... É que eu tenho que ficar mofando até as nove e meia e eu não sei o que fazer. –

— O voo só chega às nove e meia? – assenti. – Um minuto. – ele entrou e voltou em dois segundos com o paletó em mãos, já que ele estava com a gravata de volta no pescoço e com a pasta em mãos também. – Vamos. -

— Para onde? –

— Matar o tempo. –

— E sua filha? Você não tem que busca-la? –

— Eu ligo para a minha mãe falando que eu vou me atrasar um pouco. –

Dessa vez eu nem iria reclamar, eu teria que enrolar por três horas e não queria ficar sozinha, peguei minha bolsa e meu casaco em cima da cadeira que era de Lauren, pendurando a bolsa em meu ombro e meu casaco em meus braços e caminhamos para fora. Nós seguimos para o Caffé Sully e nos sentamos em uma mesa e ele foi até o balcão buscar uns cafés enquanto ligava para a mãe e eu checava meus e-mails para ver se a minha mãe havia mandando alguma coisa, porém nada.

— Então. – ele disse voltando colocando um copo de cappuccino a minha frente e se sentando a frente de seu expresso e colocando seu celular na mesa. – Vamos voltar para o assunto de ontem. –

— Qual? – perguntei bloqueando a tela de meu celular e o repousando em cima da mesa.

— Sua verdadeira vocação. – bufei. – O que você gosta de fazer? –

— Eu já disse que não sei. –

— Mas quando você está em casa e não tem nada para fazer, o que você gosta de fazer? – perguntou e eu tomei um gole do café.

— Depende. –

— De que? –

— Da ocasião. – ele continuou me encarando. – Eu gosto muito de ler, vivo lendo, principalmente quando o tempo está assim, frio e nublado, eu gosto muito de pegar uma xícara bem grande de café ou chá e um bom livro. – respondi olhando para o meu copo de café. – Mas isso não dá para transformar em trabalho. –

— E só isso? – assenti. – E se eu perguntar para a sua mãe e para o seu professor de biologia o que você gosta de fazer o que eles vão me responder? –

— Que eu gosto de fazê-los de cobaias. – dei de ombros. – Eu vivo vendo vídeos de comidas na internet, salvo os vídeos e quando eu tenho tempo eu os faço. –

— Não se sabe, mas culinária dá para transformar em trabalho. –

— Mas eu faço por hobby e às vezes nem sai lá essas coisas, mesmo eles falando que estava bom. – o encarei. – Eu já disse Edward, eu vou aprender a gostar de direito, eu gosto de ajudar as pessoas, mas eu fico vendo os casos que você pega e que alguns outros advogados pegam e... – dei de ombros. – Por que tem gente que se casa e depois divorciam? Por que tem gente que trabalha defendendo pessoas que cometeram crimes hediondos? –

— Eu te entendo, isso também me desamina muito mesmo. Mas tem o lado bom na advocacia. –

— Cite um... –

— Você trás um pouco de paz as famílias das vitimas que sofreram nas mãos de pessoas que cometeram tais crimes hediondos. –

— Mesmo que ele fique preso pelo resto da vida e nem posso sugerir a pena de morte já que aboliram, não vai trazer a pessoa de volta. –

— Mas livra a possível próxima vitima. – disse me encarando. Nós ficamos nos encarando por alguns minutos sem dizer nada, depois de alguns minutos nos encarando sem dizer nada, eu desviei os olhos, olhando para a mesa e colocando algumas mechas do meu cabelo para trás da orelha. – Mas se por acaso quiser me usar como cobaia sinta-se a vontade. –

— Quer ser usado como cobaia quando eu for cozinhar? –

— Estou disponível para ser cobaia de qualquer tipo. – disse sorrindo e levando o copo de café até os lábios.

— Eu acho que já está na hora de eu ir para o aeroporto. Falta uma hora para eles chegarem e demora meia hora para chegar lá. – falei me levantando e pegando meu casaco nas costas da cadeira.

— Eu te deixo lá. – ele se levantou também e pegou os copos vazios e jogou no lixo enquanto caminhamos para fora do café.

Nós caminhamos até o estacionamento da empresa, onde ele pegou o seu carro e todo o caminho de meia hora até o aeroporto fora feito rápido, mesmo com a chuva que voltara a cair, o transito estava bom, e nós fomos o caminho inteiro conversando. Ainda bem que ele não voltou a tocar no assunto de ser minha cobaia e ficou contando história sobre a Valentina, mesmo eu tendo visto a menina apenas uma vez, eu já podia notar que ela era um amor e do jeito que Edward falava dela eu notava mais ainda. Será que a minha vida teria sido diferente se eu tivesse um pai como o Edward? Será que algum dia eu vou encontrar um pai como o Edward para o meu bebê?

Edward me deixou na porta do aeroporto e após eu me despedir ele foi embora e eu segui para dentro do aeroporto. Mal eu entrei e vi a tela que avisava das chegas e saídas dos voos e vi que o de minha mãe, vindo de Lisboa, chegaria dentro de alguns minutos no portão de desembarque cinco e então eu caminhei para lá. Eu fiquei andando por lá até o avião pousar e até as malas serem liberadas, eu fiquei quase uma hora lá parada até que os primeiros passageiros começaram a sair.

— Bella... – ouvi meu novo vir do meio daquela multidão. – Filha. – minha mãe era bem escandalosa quando queria, ou seja, quase sempre, tinha vezes que, infelizmente eu ainda ouvia os dois transando, e olha que o meu quarto era bem longe do dela. Se eu escuto, provavelmente os vizinhos também escutam. Pena das pessoas que ficaram nos quartos ao lado do dela no hotel em Lisboa. – Bella... – ela saiu do meio da multidão com os braços abertos.

— Oi mamãe. – ela me abraçou forte, quase me esmagando. – Como à senhora está? –

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— Bem... Você não faz ideia de como eu senti falta de casa, do meu banheiro, nunca mais viajo na vida, fiquei sem ir ao banheiro por uma semana, então eu resolvi comer mamão para ver se melhorava e parece que eu tomei laxante, quase fui obrigada a comprar fraldas. – ela falou normalmente como se só estivéssemos nós duas aqui e eu a encarava com os olhos esbugalhados. Mesmo que só estivéssemos nós duas, eu acredito que isso não me importava. –

— Mãe, modos. – falei baixo vendo que varias pessoas passavam por nós nos encarando como se fossemos malucas. Não, eu não sou maluca, mas ela é.

— É tão bom você falar a sua língua original, e ouvir a sua língua original e... –

— Mãe... Mãe... Cadê o Phil? – perguntei tentando fazê-la parar.

— Estava vindo com as malas. – apontou para trás e vi Phil empurrando um carrinho, com varias malas empilhadas que eu nem o via.

— Mãe, eu não lembrava que você tinha levado tantas malas. –

— Precisei comprar mais duas lá, porque não couberam os presentes nas malas que eu levei. –

— A senhora fez o que? Comprou Lisboa inteira? –

— Quase isso... – Phil falou saindo de trás do carrinho e parando ao lado de minha mãe. – Oi Bella. –

— Oi Phil. –

— Filha... – minha mãe me chamou. – Você está bem? –

— Sim, por quê? –

— Você me parece um pouco diferente... – ela me encarou bem. – Está meio bochechuda, meio cheinha. Você parece que engordou um pouquinho. Você não ficou comendo só besteira durante a minha viagem não, não é? –

— Não. – respondi. Até porque eu não fiquei comendo só besteira. – Mas nós precisamos conversar... –

— O que houve? –

— Em casa. –

— Sim, tenho muita coisa pra lhe contar. –

— Se por parecido com a sua prisão de ventre eu dispenso. – comentei e Phil riu ao meu lado.

Nós pegamos as várias malas de minha mãe e seguimos para fora, tivemos que pegar o maior táxi ali disponível e mesmo assim quase que o porta malas não se fechou e mesmo assim ainda foram malas no banco traseiro entre minha mãe e eu, nós duas apertadas no banco de trás. Será que se eu já tivesse contado a eles que eu estava grávida, eles me permitiriam de ir ao banco da frente?

Depois de mais meia hora nós chegamos a casa e eu tive que ajudar os dois a subirem com as malas, além de serem muitas, elas eram pesadas, eu ajudei a subir com algumas e senti dor nas costas. Phil desceu, deixando nós duas sozinhas no quarto para que pudéssemos conversar um pouco e foi pedir algumas pizzas, minha mãe queria conversar e agora, ela se sentou a sua cama e eu preferi ficar de pé, é meio nojento você sentar em algum lugar onde a sua mãe transou com o seu professor de biologia.

Eu não gostava de entrar muito no quarto de minha mãe, não só porque ela transa com o meu ex professor, mas é porque ele quase me cega. O quarto, com exceção do piso de madeira, era todo branco, como é que eles conseguiam dormir aqui? Uma cama grande de casal ficava encostada na parede de se seu guarda roupa, com um pufe na frente da cama e duas mesinhas de cabeceira ao lado da cama, com dois abajures altos no mesmo. E uma poltrona grande perto da janela. Perto da porta que dava para o banheiro uma mesinha de cabeceira grande com um grande espelho cobrindo toda a parede.

— Filha eu quero lhe pedir um favor. –

— Diga. –

— Mas não conte ao Phil. –

— Tudo bem, o que? –

— Eu preciso que você vá a Sue comigo. – a encarei.

— Na... Na Sue? –

— Sim, você sabe que ela é obstetra... E, durante essa viagem eu descobrir uma coisa... –

— O que? – perguntei.

— Eu estou grávida. – ela disse sorrindo e completamente animada e a única coisa que eu consegui fazer foi travar no lugar e arregalar os olhos. – Nós não estávamos planejando isso, mas eu sempre soube que ele queria um filho, eu só quero confirmar e ver se está tudo bem para poder contar a ele. – eu sentia minhas pernas fraquejarem e eu me sentei na cadeira perto de sua penteadeira. – Filha, você está bem? –

— Claro, é só que foi um banque... Nunca imaginei que isso pudesse acontecer... –

— Eu sei... Também foi um choque para mim. Não vai contar a ele, vai? –

— Não mãe, claro que não, isso é a senhora quem tem que contar. –

— Obrigada querida. Mas o que você queria conversar comigo? –

— Ah, nada não mãe... – sorri de lado. – Quer saber... Eu vou tomar um banho e ir dormir, amanhã eu vou ter que acompanhar o Edward a uma audiência com Edward. – falei me levantando. – E a senhora tem que descansar, fez uma longa viagem. Depois nós conversamos mais, não é muito importante o que eu tinha para lhe dizer. –

— Tudo bem querida. – dei um beijo em sua bochecha e sai do quarto, descendo as escadas.

Mal terminei de descer as escadas e vi que Phil estava na porta, pagando o entregador de pizza, eu caminhei para a cozinha, pegando no armário um pacote de bolachas d’água e voltando para a escada, enquanto Phil colocava as pizzas em cima da mesa da cozinha.

— Bella, chame a sua mãe e vamos comer. –

— Não estou com fome Phil. Já vou dormir, amanha tenho que acordar cedo, eu tenho que ir a uma audiência. –

— Tudo bem então, boa noite. –

Eu subi e chamei minha mãe, avisando que a pizza havia chegado e segui para o quarto, colocando o pacote de bolacha em cima da minha mesa de cabeceira e pegando uma muda de roupa na cômoda e seguindo para o banheiro onde tomei meu banho e fiz a minha higiene e segui para o quarto para dormir. Eu não estava com muito sono assim, mas como é que eu viraria para a minha mãe e falaria que estava grávida, depois dela me disser que estava grávida? Eu só torcia para que ela não falasse com Sue antes de eu contar a ela.

(...)

No dia seguinte ao acordar, antes mesmo de colocar os pés para fora da cama, puxei o pacote de bolacha pegando uma e a comendo. Eu comi três bolachas d’água antes de me levantar e seguir para o banheiro para escovar os dentes, e graças a Deus, dessa vez eu não vomitei com o gosto da pasta de dente, senti apenas um pequeno enjoo mais não vomitei, um grande avanço. Desci as escadas para tomar café e minha mãe e Phil já estavam sentados no balcão da cozinha. Como no dia anterior eu comi duas torradas e tive que dar uma desculpa e sair correndo para o banheiro para vomitar.

Depois de dar uma aquietada em meu estomago, tomei um banho e fui me vestir como eu teria uma audiência no tribunal com Edward eu teria que ir bem vestida. Vesti uma camisa de mangas compridas brancas com golas azuis escuras, com calça jeans, com as bainhas dobradas, e um blazer preto, e eu dobrei as mangas do blazer junto com as mangas da camisa, deixando-as um pouco abaixo dos cotovelos. Penteie meu cabelo e prendi em um coque, coloquei duas pulseiras em um dos punhos e o meu anel inseparável na outra mão. Peguei uma bolsa carteira grande, colocando apenas meu pequeno estojo e um pequeno bloco, para anotar as coisas importantes da audiência e da faculdade, e nem iria levar meu vade-mécum e calcei meus saltos, eu odiava usar aquilo, mas era quase obrigatório.

Um pouco antes de eu terminar de me arrumar, eu acabei vomitando mais uma vez, mas leve do que o primeiro. Eu escovei os dentes mais uma vez e passei um simples rímel, e lápis de olho e um batom bem claro. Depois de pronta, deixei o quarto e desci as escadas, hoje, minha mãe e Phil ficariam em casa, só voltariam a trabalhar na próxima semana, aproveitariam para desfazer as malas e arrumar as coisas e eu deixei a casa, caminhando para a estação de trem e pegando o trem para o centro. Ao invés de ir para o escritório eu teria que ir direto para o tribunal. Quando eu cheguei lá, uma hora depois, encontrei-me com Edward, que estava com seu terno escuro e com a camisa salmão e com a pasta em mãos e falando no telefone.


— Obedece a sua avó. – ele disse a me ver. – Também amo você. – ele desligou o telefone e tirou os óculos de sol. – Bom dia. – disse me olhando de cima a baixo.

— Bom dia. –

— E ai? Contou a sua mãe? –

— Depois falamos nisso, vamos nos atrasar... Cadê o seu cliente? –

— Ainda não chegou à audiência é daqui a quinze minutos já era para ele estar aqui. – reclamou olhando no celular.

— Aconteceu alguma coisa com a Valentina? –

— Ela está meio gripada, com uma febre bem fraquinha e eu a deixei na minha mãe. – explicou. Uma advogada, que bem se notava que era advogada devido ao seu terninho impecável e com um perfume fudidamente doce fazendo meu estomago embrulhar. – Que foi? –

— Onde fica o banheiro mais próximo? –

—No terceiro corredor à direita. Por quê? – o deixei falando sozinho e tratei de correr para a direção que ele indicou com o único pensamento de que tinha que haver uma cabine vazia, por favor, Deus, tem que haver uma cabine vazia.
                        
Eu entrei correndo no banheiro e empurrando a primeira porta da cabine e graças a Deus ela estava aberta, eu só tive tempo de abrir a tampa da privada antes de colocar tudo para fora. Depois de eu vomitar tudo que não havia em meu estomago, eu me levantei com cuidado e dei descarga e caminhei até a pia, lavei a boca, tirando o máximo do gosto do vomito da minha boca e retocando o batom e saindo do banheiro e dando de cara com Edward parado do outro lado da porta.

— Você está bem? –

— Eu odeio isso. – falei e ele sorriu.

— Eles vão passar, talvez quando você chegar perto de completar onze semanas melhore. –

— Ainda falta um mês para isso. –

— Se você quiser, pode ficar do lado de fora, caso ache que o enjoo vai voltar. –

— Eu estou bem. – respirei fundo. – Cadê seu cliente? –

— Já chegou, está lá dentro nos esperando. – ele me encarou por alguns segundos. – Você está realmente bem? –

— Sim. –

— Então vamos. –

Nós caminhamos para a sala do tribunal e ele seguiu para a mesa em frente ao juiz, onde seu cliente já estava esperando e eu me sentei nos bancos na parte de trás da sala. Eu deveria prestar atenção em tudo que acontecia, era para isso que eu fazia esse estagio com ele, mas a minha mente estava uma completa bagunça.

Eu tinha que falar para a minha mãe que estava grávida, e agora, ela está grávida e pedindo para que eu a acompanhe a obstetra, que é a amiga dela, e por sinal a única, fora Edward, que sabe da minha gravidez. E eu não fazia a mínima ideia de como eu iria contar isso para ela, e Edward tinha razão, eu não podia ficar escondendo isso dela por muito tempo, principalmente porque eu moro com um cara foda no quesito biologia e logo ele vai começar a perceber as coisas.

— Planeta Terra para Isabella. – ouvi um riso próximo ao meu ouvido e uma mão passando na frente dos meus olhos. Balancei a cabeça, saindo do meu transe, e encarando a mão.

— Oi Edward. –

— Está em qual planeta? –

— Não nesse. – respondi suspirando e olhando em volta vendo o tribunal vazio. – O que houve? –

— Já acabou. Ganhamos. – enfiei meu rosto em minhas mãos e apoiei meus cotovelos em meus joelhos. – O que houve em? Você não me parece bem desde que chegou. Está enjoada de novo? – neguei. – Então o que houve? Sua mãe fez alguma coisa quando você contou a ela? –

— Eu nem contei a ela. – respondi com meu rosto ainda em minhas mãos.

— Não entendi nada. – ele me puxou pelos ombros, fazendo-me tirar o rosto das mãos e encostar, de novo, as minhas costas no encosto do banco duro. – Agora repete. –

— Eu nem contei a ela. –

— E por que não? Você disse que contaria assim que ela chegasse. –

— Eu sei... – suspirei colocando uma mexa de meu cabelo, que havia se soltado do coque, atrás da minha orelha. – Acontece que, mal ela chegou e jogou uma bomba em cima de mim. –

— Qual? –

— Ela está grávida. – ele me encarou. – Quer dizer, desconfia. Ela quer que eu vá com ela essa semana na Sue para que ela possa confirmar. – encostei minha cabeça no ombro de Edward. – Como eu posso falar isso para ela depois que ela me conta essa bomba. –

— Ela vai ficar surpresa, mas vai ficar feliz. –

— Com certeza ela vai ficar... Vai mesmo, muito feliz. – ironizei. – Não sei se você notou, mas a minha casa é pequena, só tem um quarto vago. Vou fazer o que? Colocar o berço do bebê junto ao meu quarto? –

— Não. Se você acostuma-lo a dormir no seu quarto ele não sai mais de lá nunca. Foi difícil fazer com que a Valentina dormisse no quarto dela. – ele passou o braço por sobre meus ombros e encostou a cabeça na minha. – Mas ora, vocês podem colocar os dois bebês no mesmo quarto. –

— É que. – funguei. – Eu senti... Eu senti como se não houvesse... Não houvesse mais espaço para mim ali. –

— E por que achou isso? –

— Sei lá. – passei as pontas dos dedos por debaixo de meus olhos. – Ela está formando uma família, está namorando o Phil há três anos, morando juntos e agora vão ter um filho. É como se eu estivesse sobrando e não fizesse parte daquilo. –

— Por favor, Isabella... Você é a filha dela, você faz parte daquilo e não está sobrando. – garantiu apertando mais ainda o seu braço em volta dos meus ombros. – E se ela expulsar você, eu espero que saiba que tem quartos vazios em minha casa. –

— Idiota. – resmunguei e ele riu passando as pontas dos dedos por debaixo dos meus olhos limpando os restantes das lágrimas que terminavam de cair.

— Onde sua mãe está? –

— Em casa. Só vai voltar a trabalhar semana que vem. – tirei a cabeça do seu ombro.

— Então levanta essa bunda mole daqui e vai para a casa e conversa com ela. –

— Eu não sei como... –

— Senta com ela e fala a verdade, pronto... Respira fundo. – respirei fundo. – Agora vai. –

— Tudo bem, eu vou. – respirei fundo de novo e me levantei. – E a minha bunda não é mole. – resmunguei.

— Posso confirmar essa sua afirmação? –

— Não.  – quase gritei com ele o que o fez rir enquanto ele também se levantava.

— Então eu não posso concordar com você – ele passou o braço por sobre o meu ombro enquanto nós caminhávamos para fora da sala e deu um beijo no topo da minha cabeça. – Pega um taxi e vai para casa. – falou quando deixamos o tribunal e descemos as escadas.

— Eu posso ir de trem. –

— Mas eu estou falando para você ir de taxi. – ele fez sinal para um taxi que parou rapidamente a nossa frente. – Vejo você amanhã no escritório. – ele abriu a porta para mim e fechou assim que eu me sentei no banco. – Qualquer coisa você me liga que eu dou uma corrida até lá. – assenti e ele se afastou e o carro saiu andando.

Eu passei o endereço da minha casa e ele seguiu para lá. Eu encostei a minha cabeça no encosto do taxi pensando em como falar com a minha mãe. Ser direta e rápida, igual tirar um curativo. Depois de uma hora ele parou enfrente a minha casa, paguei a corrida e entrei em casa. O primeiro andar estava em um silencio mortal. Chamei minha mãe e Phil algumas vezes e nada, subi as escadas para tentar no quarto dela e antes mesmo que eu pudesse bater na porta eu ouvi alguns barulhos vindos lá de dentro.

Não acredito nisso. Desci as escadas e me sentei no sofá pegando o telefone e mandando uma mensagem para Edward.

‘De: Bella
Para: Edward
Eles estão transando... Que coisa nojenta. ’

‘De: Edward
Para Bella:
Até parece que você nunca transou na vida... Espera eles acabarem e fale com ela. ’

A mensagem dele não demorou muito para vir. Joguei meu celular na mesinha da sala e deitei no sofá. Eu havia chegado à casa perto da hora do almoço e fiquei deitada na sala por um bom tempo, eu não queria correr o risco de comer depois de ter ouvido minha mãe transando com o meu professor e acabar vomitando tudo. Eram por volta das quatro da tarde quando minha mãe desceu, usando apenas um robe e parou em frente ao sofá.

— Filha, o que está fazendo em casa? –

— Edward me liberou mais cedo para que eu pudesse falar com a senhora. –

— Sobre o que?

— Temos que conversar. – me sentei no sofá e dei uma batidinha a minha frente.

— Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa... O que há? – perguntou se sentando.

— Onde está Phil? – essa conversa para começar é para ser apenas entre nós duas.

— Tirando um cochilo. –

— Okay... – respirei fundo. – Bella respira fundo e fale de uma vez. – respirei de novo. – Direto e rápido, como tirar um curativo. – respirei fundo de novo e encarei minha mãe, que me encarava esperando o que eu tinha para falar. – Mãe, eu estou grávida. -

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