Pov. Bella.
Toronto – Canadá.
Minha mãe ficou parada a minha frente, imóvel, sem mexer um músculo, a única coisa que se mexia era seu peito, devido a sua respiração que de calma passou para acelerada, até ficar meio descompassada, até que ela fechou os olhos, provavelmente contanto até dez e respirando fundo para se acostumar. Eu não sabia se falava alguma coisa, se juntava minhas coisas e ia embora, não sabia se a cutucava ou se chamava por Phil... Não... Phil não... Melhor não envolvê-lo nisso. Será que eu deveria começar me desculpando por não ter me prevenido? Que porra eu deveria fazer?
Minha mãe voltou a abrir os olhos e a me encarar ainda em silencio, com a respiração já normalizada, ela abriu e fechou a boca mais algumas vezes e a sua demora em me dar uma resposta me deixava mais agoniada. Eu ia surtar, respirei fundo quando ela voltou a abrir a boca, mas quem falou fui eu.
— Desculpa. Sinceramente me desculpe, eu deveria ter me prevenido, eu sei que deveria, mas ele praticamente estava me enganando esse tempo todo, então não tinha como eu me prevenir... –
— Bella... –
— Eu sei que a senhora sempre me falou que era para eu me prevenir, até porque eu vi como foi difícil à senhora me criar sozinha e que mesmo depois de eu ter prometido que só teria filhos depois do casamento, eu faço isso e ainda tenho a cara de pau de pedir desculpas. –
— Bella. –
— E a Sue sabe. Por isso fiquei estranha quando a senhora pediu para que eu fosse contigo lá semana que vem, porque Sue acha que a senhora sabe. E além dela e da senhora, Mike também sabe, mas não está nem ai, também se ele estivesse eu iria me assustar já que ele me traia com a vadia da namorada dele enquanto estava comigo. Não sei como eu fui tão burra em ter acreditado nele, sinceramente não sei. –
— Bella... –
— E fora a senhora, Sue e Mike, o Edward também sabe. Até porque quando eu soube da gravidez e que Mike estava, literalmente, cagando para mim e para isso, eu pensei em seriamente em tirar esse bebê e quase fiz isso, eu estava, sexta passada, em um café em frente a clinica que me indicaram quando ele chegou com a filha, e não, eu não fazia a mínima ideia de que ele tinha uma filha. E a menina é a coisa mais linda do mundo. –
— Filha... –
— Nós conversamos um pouco e ele meio que me convenceu a não abortar o meu bebê, porque ele disse que talvez no futuro eu fosse me arrepender, e agora, menos de uma semana depois, eu já me arrependo por ter pensado nessa possibilidade. E ontem ele insistiu em ir a Sue comigo, e eu deixei, sinceramente porque eu não queria ir sozinha, estava com medo de ir sozinha, e ele foi. E sabe-se lá o motivo, mas ele disse para Sue que o filho é dele, e ele disse que se por acaso eu quisesse espalhar por ai que o pai do bebê é ele, ele não se importa. –
— Isabella. –
— E a Sue pediu que quando eu visse a senhora, avisar que ela mandou um oi e que precisa falar com você, e ontem quando a senhora disse que estava grávida eu me senti excluída, como se não fizesse mais parte disso já, me senti como se você não me quisesse mais aqui e... –
— Isabella cala a boca. – minha mãe disse quase gritando e eu me calei. – Por Deus, me deixa pensar no que você acabou de dizer, você me bombardeou com tanta coisa que eu perdi quase tudo. – me encostei-me ao sofá a encarando, enquanto ela processava tudo o que eu havia dito, e foi só quando ela me disse aquilo que eu havia notado que havia despejado tudo em cima dela em menos de um minuto. – Vamos por parte. – ela me encarou. – Você disse que está grávida do Mike e que ele não quer saber... Certo? – assenti. – Porque ele traia você com a ex-namorada dele. – isso foi mais uma afirmação do que uma pergunta mais eu concordei do mesmo jeito. – Se quiser saber, eu sempre achei o Mike um filho da puta. E eu nunca gostei dele, mas você parecia tão feliz com ele que achei melhor não me intrometer. Achei que se eu me opusesse a ele, ai mesmo que você iria ficar insistindo e não sei... Acabar saindo de casa para ir morar com ele. – ela me encarou. – O que você disse depois? –
— Que a Sue sabe. –
— E por que a Sue, se sabia que éramos amigas e que ela provavelmente me contaria? –
— Porque eu entrei em desespero e não conhecia mais ninguém e também porque eu não pensei muito. – ela riu.
— E você disse que Edward, o seu chefe, disse para ela que o filho é dele? – assenti. – Por quê? –
— Eu não sei. – passei as mãos pelo rosto. – Eu perguntei a ele o motivo dele estar fazendo isso e a única coisa que ele me disse foi: Talvez um dia eu lhe conte. – ela parou para pensar no que eu havia dito e acabou dando uma risada. – Está rindo de que? –
— Você é muito lerda, meu Deus. – ela colocou a mão no rosto e eu a encarei confusa.
— Está falando do que? –
— Nada. Tudo bem, você está grávida, Mike não quer saber, Sue já sabe e Edward meio que assumiu o seu bebê. Eu entendi tudo. Só não entendi o motivo de você falar que está se sentindo excluída e como se não fizesse parte disso. –
— Ora... A senhora e o Phil estão juntos há três anos e agora a senhora possivelmente está grávida e eu achei que não haveria mais espaço para mim. –
— Ah Isabella, por favor. – ela me puxou pelos ombros e me fez deitar em seu colo e eu coloquei meus pés, descalços, em cima do sofá. – Sempre vai haver espaço para você. Por Deus, você é a minha filha, e ninguém vai substituir você. – ela acariciou os meus cabelos. – Você sempre será a minha menininha. –
— Não está com raiva? –
— Um pouco chateada por você não ter vindo falar comigo desde o inicio, mas mesmo assim não estou com raiva ou algo do tipo. –
— Mas o que vamos fazer agora, se a senhora realmente estiver grávida? Essa casa é muito pequena para de repente chegar mais dois. –
— Nós damos um jeito, meu amor, não se preocupe. – ela continuou acariciando os meus cabelos. – Mas me diga, está tudo bem com o meu netinho ou netinha? –
— Segundo Sue sim. Ela ontem fez uma ultrassonografia transvaginal e ela disse que está tudo bem. –
— Que bom. – ela se abaixou e deu um beijo em minha cabeça. – Bom, vou subir e tomar um banho e volto mais tarde, tudo bem? – pergunto depois que eu ter tirado a cabeça de seu colo. – Com o tempo nós vamos ver como as coisas vão ficar. – assenti concordando e ela se levantou, subindo as escadas e eu voltei a deitar no sofá, mas um pouco.
Estava quase escurecendo quando eu resolvi me levantar e fazer alguma coisa para o jantar, primeiro porque já estava quase na hora do jantar e segundo porque eu estava cheia de fome. Minha mãe e nem o Phil haviam descido ainda, ou os dois estavam dormindo, ou conversando, ou eu não queria pensar no que eles poderiam estar fazendo. Já tinha alguns dias que eu queria comer algum tipo de massa, portanto eu resolvi fazer espaguete com almôndegas, céus como eu adoro almôndegas.
Peguei no freezer a carne moída e deixei em cima dentro da pia da cozinha. Como eu havia dito para o Edward eu tinha mania de ver vídeos e procurar receitas na internet e fazer em casa, tanto que eu tinha dois caderninhos de receitas, um das que eu já fiz e gostei e outro das que eu queria fazer ainda. Apanhei dentro da gaveta o meu caderno das receitas que já havia feito e que gostei e o abri, na receita de massa de macarrão caseira, e o deixei levemente erguido, usando a fruteira com laranjas como apoio e reli mais uma vez a receita já conhecida por mim. Desde que eu havia encontrado essa receita maravilhosa, eu frequentemente faço as massas de macarrão em casa mesmo.
Caminhei até a despensa pegando tudo que eu precisava e levei para a bancada de mármore, seguindo a receita milimetricamente. Eu não possuía uma maquina para abrir e cortar as tiras, e eu nem ligava, e nem queria, gostava mesmo de fazer na mão, era bom para pensar e eu sempre gostara de trabalhos manuais. Depois de cortas as tiras, eu fiz alguns “ninhos” com elas e deixei em cima de um pano de prato para secar, apenas um pouco, como eu iria cozinhar agora, não era necessário esperar a massa secar as vinte e quatro horas e enquanto elas secavam eu coloquei a água para ferver e limpei a bancada.
A água ferveu e eu coloquei o macarrão lá dentro para cozinhar, por a massa ser fresca ela cozinha alguns minutos mais rápido do que a massa comprada em mercado. A carne moída já estava descongelada, e enquanto a massa cozinhava eu fazia as bolinhas e já começava a fazer o molho.
Meia hora depois estava tudo pronto, eu havia acabado de colar a massa em um refratário e distribuir queijo ralado por cima. Minha mãe e Phil já havia decido, e como sempre, um faz a comida e os outros dois limpam a bagunça depois, ou seja, eles lavariam a louça. Enquanto o forno esquentava um pouco, eu apanhei os pratos no armário em cima do fogão e coloquei na bancada de café da manhã da cozinha mesmo. Nós costumávamos comer ali mesmo, só em poucas ocasiões iríamos para a mesa de jantar.
— Bella. – minha mãe me chamou quando eu coloquei o refratário dentro do forno.
— Sim? – eu me virei para ela e a encontrei parada ao lado de Edward na porta da cozinha. – Edward... O que está fazendo aqui? –
— Com licença. – minha mãe saiu e quando ela estava alguns passos atrás de Edward, ela fez sinal de positivo como se aprovasse o Edward. Mas qual é o problema da minha mãe?
— Você não atendeu minhas ligações e nem respondeu as minhas mensagens, achei que a sua mãe tivesse lhe matado. – deu de ombros e eu revirei os olhos.
— Desculpa. – falei saindo da cozinha e me sentando em um dos bancos da bancada de café da manhã, perto dele. – Deixei meu telefone na sala e eu provavelmente tirei o som ao entrar no tribunal e esqueci-me de colocar o som de volta. Não ouvi. – sorri de lado. – Mas como podes ver... Estou muito bem. –
— Você... – apontou para onde minha mãe foi.
— Sim, eu já contei. Pelo menos para ela. Mas conhecendo a minha mãe ela já contou para o Phil. –
— E ela? –
— Resumindo... – apoiei meus cotovelos na bancada atrás de mim. – Chamou o Mike de filho da puta. Riu quando eu disse que fui procurar a Sue porque eu estava desesperada e me chamou de lerda quando eu disse que você havia dito a Sue que o filho era seu. Não sei bem o motivo. –
— Sua mãe é inteligente. –
— Está me chamando de lerda, só porque eu ainda não entendi o que você está fazendo? – ele assentiu rindo. – Sai da minha casa. – ele jogou a cabeça para trás rindo.
— Isabella onde estão os seus modos? – minha mãe perguntou voltando a cozinha e se intrometendo na conversa. – O que ela quis dizer, foi que se você não quer ficar e jantar? –
— Não foi o que eu quis dizer não... – ela me olhou feio.
— Mais um experimento? – ele perguntou me encarando.
— Dessa vez não. –
— Eu adoraria, mas não posso, tenho que buscar a minha filha na casa da minha mãe e ver como ela está. Ela estava meio febril mais cedo e tenho que ver se preciso leva-la ao medico. –
— Ah, claro. Mas fica para a próxima em... –
— Com certeza. – revirei os olhos para o sorriso de dois metros que a minha mãe dava para o meu chefe.
— Irei marcar um dia e peço para que Bella lhe avise. – nem pensar.
— Faça isso. – ele sorriu. – Até amanhã Bella. –
— Até amanhã Edward. – minha mãe levou o Edward até a porta e voltou em alguns segundos correndo. – Não acredito que deu mole para ele na cara de pau, mãe. – resmunguei descendo do banco e caminhando até a geladeira.
— Eu não dei em cima dele. – ela se aproximou e se sentou no banco que eu estava antes. – Eu apenas o achei bonito, e é quase um crime alguém falar que ele não é. – revirei os olhos pegando a jarra de limonada na geladeira e coloquei em cima da bancada. – Se ele não tivesse idade para ser meu filho, talvez... –
— Mãe, ele é quase da sua idade. –
— Não... - ela arregalou os olhos.
— Ele tem trinta e dois anos, a senhora é apenas cinco anos mais velha do que ele, pelo amor de Deus... – expliquei pegando os copos no armário.
— Por que não me disse isso antes? –
— E o Phil? – perguntei erguendo a sobrancelha.
— Tem razão. Ai teria que decidir no teste drive. –
— Mãe, menos. Pelo amor de Deus, eu já estou até imaginando a senhora transando com o meu chefe. Menos. Bem menos, me poupe. – ela jogou a cabeça para trás rindo e eu revirei a cabeça colocando um pouco de limonada no copo.
— Só para constar, eu não quero transar com seu chefe... Eu quero é que você transe com o seu chefe. – ela falou simplesmente enquanto eu bebia um gole de limonada, e quando ela falou aquilo eu imediatamente me engasguei e precisei que ela visse até atrás de mim e desse umas tapinhas em minhas costas.
— Enlouqueceu? –
— Você precisa ir ao oftalmologista. –
— E a senhora precisa ir para um hospício. – gritei.
— Deus, como eu pude criar uma filha tão lerda. Você é a única que não percebe que ele quer transar com você. – dessa vez eu me engasguei com o ar.
— Mãe pelo amor de Deus, cala a boca. – falei respirando pela boca.
— Pelo menos me fale que você já deu uma apertadinha na bunda dele? – olhei feio para ela. – Qual é o seu problema? Pelo amor de Deus, aquela bunda é linda, se o Phil não estivesse por perto eu teria apertado. Pelo menos me fala que você pelo menos já deu uma bela de uma olhada e uma bela de uma babada por ela. Em? –
— Phil, pelo amor de Deus, vem controlar a minha mãe. – gritei e ele veio da sala.
— O que está havendo? – perguntou parando ao lado de minha mãe.
— Nada querido. Apenas Isabella que é lerda e não percebe as coisas. – bufei audivelmente e desliguei o forno.
— Vamos comer pelo amor de Deus, porque assim a senhora fica de boca fechada. – falei e ela começou a rir enquanto eu pegava o refratário no forno, com a ajuda de um pano de prato e o colocava sobre o descanso sobre a bancada.
Nós jantamos e minha mãe e Phil ficaram encarregados de limpar a cozinha. Eu apanhei as minhas coisas na sala e subi para o meu quarto, guardei minhas coisas e quando caminhei até a minha cama, eu acabei passando em frente ao meu espelho e inconscientemente eu parei enfrente ao mesmo e ergui um pouco a minha camisa, vendo a minha barriga. Eu não sabia se estava vendo coisas ou se ela já estava aparecendo, não, eu nem estava ainda com dois meses direito para ela começar a aparecer. Pode ser apenas um pequeno inchaço ou meus olhos estão me enganando.
Mas de qualquer jeito minha mão foi imediatamente para o pequeno “inchaço”. Durante os primeiros meses eu conseguiria esconder isso facilmente, quer dizer, talvez não tão fácil assim. Eu sempre fora magra, e foi só minha mãe me ver que ela já notara que eu havia ganhado um pouco de peso, e que estava bochechuda, mas fora ela ninguém disse nada. Eu não podia negar que estava feliz, mais preocupada do que feliz, mas agora que minha mãe sabia era como se um grande peso simplesmente desaparecesse de meus ombros, mas eu ainda estava preocupada com o que as pessoas começariam a falar quando descobrissem, principalmente o povo do escritório.
— Bella? – ouvi meu nome sendo chamado por Phil do lado de fora da porta fechada e eu abaixei a blusa e sai da frente do espelho.
— Entra. – falei abrindo a gaveta da minha e pegando o meu pijama. – Está ocupada? –
— Não. Só estou pegando meu pijama para tomar banho, o que houve? –
— Gostaria de falar com você se possível. –
— Claro. – eu me sentei na ponta da cama e ele pegou a cadeira da minha penteadeira e se sentou de frente para mim. – O que há? –
— Sua mãe já me contou sobre a gravidez. –
— Eu já desconfiava. –
— E eu só quero mesmo saber se você está bem. – o encarei. – Achou que fosse vir aqui e brigar com você ou algo do tipo? –
— Quase isso. –
— Primeiro, eu não tenho o direito de fazer isso só porque sou namorado de sua mãe. Não tenho porque reclamar, sua mãe está do seu lado, nunca achei que ela fosse ficar contra você, ou algo do tipo. Só vim dizer mesmo que se precisar de algo você pode contar comigo. – sorri.
— Obrigado Phil. –
— Se quiser que eu soque a cara do infeliz é só me avisar. –
— Pode deixar. –
— Agora, me tire uma duvida. – ele apoiou os braços nos joelhos e se aproximou de mim. – Sua mãe também está grávida não está? –
— Por que diz isso? –
— Não negue... Sou professor de biologia. Eu reconheço sintomas de gravidez. –
— Ela pediu para que eu não falasse nada com você. Ela suspeita e pediu para que eu vá com ela na Sue semana que vem para ter certeza. –
— Tudo bem. Não se preocupe, não vou falar que você me contou. – assenti. – Descansa. – ele se levantou colocando a cadeira de volta no lugar. – Ah, e não se esqueça de comer um chocolate ou algo do tipo quando acordar, assim não o terrível enjoo matinal. –
— Já me deram essa dica. Mas obrigada mesmo assim. – ele saiu do quarto sorrindo.
Eu me levantei da cama e caminhei para o banheiro com o meu pijama em mãos e fui tomar meu banho, lavando meus cabelos com meu xampu preferido de morangos e após me secar, tirei o excesso de água e os desembaracei e segui para o quarto. Eu ainda não queria dormir, estava cedo e eu não estava com muito sono, apanhei um livro na prateleira e peguei a minha caixinha de óculos dentro da mesinha de cabeceira e coloquei meus óculos para poder ler um pouco.
Quando dei por mim já eram quase meia noite e eu tinha que dormir, amanhã eu teria que trabalhar e a noite ir para a faculdade. Tirei os óculos e guardei o livro e após colocar o meu telefone para carregar eu tratei de ir dormir.
(...)
Eu sabia que estava sonhando. Eu tinha certeza que estava sonhando, mas aquilo parecia tão real. Eu podia sentir mãos pesadas e masculinas, um tanto que macias, passando pela minha cintura, pele contra pele, agora porque alguém estava tocando a minha cintura por debaixo da roupa, eu já não entendia. As mãos deixaram a minha cintura e desceram pelas laterais do meu corpo, também pele com pele. Eu abri os olhos dando de cara com um mar de cabelos meio arruivados e minhas mãos se infiltraram naquele mar arruivado e macio, e um gemido escapara de minha boca ao sentir uma mordiscada em meu pescoço. As mãos firmes desceram, seguindo o caminho até o meu traseiro, e eu levantei um pouco o meu quadril, como se quisesse aquele toque, e elas se espalmaram em cada banda do meu quadril, apertando com força e fazendo com que eu jogasse a cabeça para trás, soltando um gemido alto e um risinho saiu da boca que desgrudara um pouco de meu pescoço e subiu até o meu ouvido.
— Você tinha razão... – sua voz de veludo ressoou em meu ouvido. – Sua bunda não é mole. – ele disse em meu ouvido e apertando mais uma vez a minha bunda com vontade...
— Edward... – gemi baixo. Espera... Edward?
Dei um pulo da cama, arfando e com a testa molhada de suor, e não era apenas ela que estava molhada, eu podia sentir meu short um pouco suado. Eu sentia o meu corpo quente, mas que porra foi essa? Olhei para o despertador na minha mesinha de cabeceira, eram quatro da manhã, encostei a cabeça na cabeceira da cama e fechei os olhos e ainda podia sentir as mãos de Edward deslizar pelo meu corpo.
— Eu preciso de um banho frio. Eu preciso de um banho frio. – me levantei com cuidado da cama e segui para o banheiro com uma nova muda de roupa.
Entrei no chuveiro com o cabelo preso em um coque e ligando na água fria. Enquanto eu sentia a água fria, eu fechei os olhos para água bater em meu rosto e limpar aqueles pensamentos e parece que piorou. Minha mente ficou imaginando ele ali comigo, com suas grandes, firmes e macias mãos deslizando pelo meu corpo por debaixo da água. Balancei a cabeça violentamente para espantar aquilo, pelo amor de Deus, malditos hormônios.
Desliguei o chuveiro e me sequei me vestindo. Eu não queria mais fechar os olhos, não os fecharia por um bom tempo. Isso tudo é culpa da minha mãe que ficava vendo coisas onde não tinha. Eu me vesti e desci as escadas indo para a cozinha, mesmo sendo, quatro e meia da manhã eu não queria saber. Fiz café, eu amava café fresco e o cheirinho de café era a coisa mais gostosa do mundo. Coloquei na minha caneca do Jack Skellington, do filme The Nightmare Before Christimas, eu amo esse filme. A caneca era uma das mais fofas que eu tinha. Grande, redonda, com enormes olhos pretos e um enorme sorriso.
Eu enchi a minha caneca e me sentei na sala para assistir aos noticiários. Por volta das seis, Phil acordou, ele sempre acorda para fazer café esse horário, ele perguntou preocupado, se eu estava bem e se sentia alguma coisa e depois de demorar dez minutos para convencê-lo de que eu estava bem, ele seguiu para a cozinha e eu resolvi ir me vestir.
Não chovia hoje pela manhã, mas de madrugada chovia. Eu já havia tomando banho, então eu fui logo me vestir, coloquei uma calça jeans vermelha opaca e uma blusa de mangas comprida azul escura com bolinhas bem pequenas brancas e vermelhas. Penteie meu cabelo, deixando-o solto e levemente ondulado, calcei meus saltos cor de pele e uma bolsa pequena. Quando eu voltei a descer, minha mãe estava sentada na cadeira da cozinha tomando café, sozinha.
— Bom dia mãe. – lhe dei um beijo na bochecha.
— Bom dia filha. Já vai? –
— Já. –
— Tomou café? – assenti. – Filha. – ela me puxou para mais perto dela. – Você está bem? –
— Sim por quê? –
— Como foi o seu sonho? –
— Do que está falando? – ela riu.
— Eu ouvi. Melhor nós ouvimos. Espero que tenha valido a pena. –
— Tchau mãe. –
Peguei minhas chaves e sai de casa, eu não acredito. Além de eu ter sonhado com ele, minha mãe ouviu e eu ainda teria que passar o dia todo o vendo. Isso era horrível. Eu fui caminhando calmamente até a estação de trem, eu tinha tempo ainda, então fui bem calma. Enquanto eu caminhava para a estação eu via muitas crianças já indo para a escola, com aquele ônibus amarelo indo busca-las na porta de casa, e alguns sendo levados pelo pai.
Suspirei ao ver um garotinho, lindo e louro, sendo levado para a escola pelo pai. Eles iam caminhando a minha frente rindo. Era triste saber que seu filho não teria um pai para leva-lo a escola ou para ensina-lo a jogar futebol, isso se fosse menino. E ser super protetor e talvez também ensinar futebol se fosse uma menina. O pai e o filho seguiram o caminho para a escola e eu os “deixei” quando cheguei à estação.
Como por milagre eu peguei um trem vazio e pude ir sentada na maior calma e tranquilidade. Uma hora de viagem depois, o trem passou na estação central de Toronto e eu desci, caminhando mais uma vez, até o Caffé Sully, antes de ir para o escritório. Comprei meu cappuccino e o expresso de Edward, como sempre e segui para o escritório, a sala de Edward estava fechada, ele ainda não havia chegado, eu me sentei a mesa, que agora era apenas minha, e liguei o computador e já abria a agenda de Edward, que ficava guardada dentro da gaveta, bem trancada, e que a chave ficava comigo, e já via. Hoje, graças a Deus, ele atenderia a senhora Berman, graças a Deus já não aguentava mais ela me ligando o dia inteiro.
— Bom dia. – uma voz feminina que eu conhecia bem soou parada a minha frente.
— Bom dia senhora Berman. – falei levantando a cabeça. A audiência dela era apenas às dez e meia, daqui à uma hora, e ela já estava aqui, santo Deus. – O Sr. Cullen ainda não chegou. – falei antes que ela falasse mais alguma coisa.
— Sem problemas, eu espero. – ela se sentou no sofá em frente a minha mesa e pegou uma revista na mesa em frente a ela.
O tempo foi passando e nada de Edward chegar, olhei meu celular para ver se tinha alguma mensagem dele e nada, ele nunca se atrasava. Eu estava começando a ficar preocupada, liguei para ele e ele não atendeu. Seu expresso ficou gelado, quer dizer, teria ficado gelado se eu não o tivesse bebido. Meia hora depois de chegar, a senhora Berman começou a reclamar que ele não chegava e para eu ignora-la, eu bebi o café dele, eu tinha que parar de beber café, eu já estava bem agitada de tanta cafeína em meu corpo. Ele estava a mais de uma hora atrasado, agora sim a senhora Berman tinha motivos para reclamar, já era dez e quarenta e nada dele. Peguei meu telefone para ligar para ele de novo, e se fosse preciso ligaria para a casa dele e para os pais, ninguém mandou ele me passar o telefone dos pais dele.
— Valentina, não corre. – estava começando a discar o numero da mãe dele quando ouvi a sua voz vir da direção do elevador. – Bom dia. – ele disse a me ver, sem ainda ver a senhora Berman e eu discretamente apontei para ela. – Bom dia senhora Berman. Perdoe-me pelo meu atraso, minha filha não estava muito bem e eu tive que leva-la ao medico. –
— Não se preocupe, senhor Cullen. – ela se levantou.
— Bella, me faz um favor? – assenti encarando a tela do meu computador, só de olhar para ele quando ele chegou já me fez me lembrar dos meus sonhos, imagine se eu ficasse o encarando. – Fica de olho na Valentina para mim um pouco? Enquanto eu converso com a senhora Berman? –
— Claro. –
— Filha, obedece à tia Bella. –
— Tá papai. –
— Vem fofinha. – estendi a mão e ela veio até mim com a mochila nas costas e Edward entrou na sala com a senhora Berman. Eu a peguei no colo e a sentei na cadeira ao lado da minha. – Você está bem docinho? – perguntei tirando a mochila de seus ombros.
— To. – respondeu sorrindo, mas eu via que ela estava um pouco abatida e pálida, e quando eu encostei a mão em sua testa, também via que ela estava um pouco quietinha.
— Quer fazer alguma coisa enquanto a tia Bella trabalha? Vamos desenhar? – assentiu. Abri sua mochila e vi que lá dentro tinha um estojo, com lápis coloridos e uma caixinha de giz de cera e um livro de desenhos. Coloquei em cima da mesa e ela começou a pintar enquanto eu trabalhava.
Quase uma hora depois a senhora Berman foi embora, mas já tinha mais um cliente querendo falar com Edward e foi assim o resto da manhã. Clientes atrás de clientes. E Valentina ficou comigo a manhã inteira. Quando eu já tinha adiantado todo o meu trabalho, e fiquei vendo-a pintar, ela empurrou na minha direção alguns gizes de cera e eu pintei junto com ela.
— Olha que coisa mais fofa. – a voz de Edward vinda de trás de mim nos assustou e eu nem tinha notado que o ultimo cliente dele havia ido embora. Eu continuava a me recusando em olhar para Edward, não queria me lembrar de aquelas coisas, principalmente com a filha dele ao meu lado. – Bella. Olha para mim. – ele havia percebido que eu evitava olhar para ele e eu o encarei. – Você está bem? – assenti. – Er.. Cadê o meu café? –
— Bebi. Você demorou muito e eu acabei bebendo. – sorri de lado. – Desculpa. Depois eu compro outro. –
— Não tem importância. –
— Tina. – ela nem olhou para o pai e continuou pintando. – Vamos almoçar? –
— Vamos papai. – ela soltou o giz de cera e desceu.
— Vamos Bella. – disse fechando a porta da sala.
— Pode ir... Eu bebi muito café e não estou com fome, eu como alguma coisa mais tarde. –
— Não, não, não... Nem pensar, você não vai comer depois. – ele desligou o meu computador e me segurou pela mão me puxando, com cuidado, da cadeira. Ao sentir sua mão macia e firme em minha mão, eu a puxei imediatamente, porque um flash do sonho dessa madrugada voltou como um banque e ele percebeu isso. – Você está bem mesmo? –
— Estou não é nada. –
— Vamos. – peguei meu celular e antes que ele me tocasse de novo, eu caminhei ao seu lado, tendo sua filha, entre nós dois, como se fosse alguma barreira entre nós dois.
Mais uma vez ele insistiu em irmos ao restaurante do outro lado da rua, eu não estava com muita fome mesmo, eu estava bebendo café desde as quatro e meia da manhã, então eu comi bem pouco mesmo e bem leve. Era divertido e bom ficar um tempo apenas com Edward e Valentina, e sempre que eu o encarava, flashes do sonho voltavam com tudo e ele sentia que tinha alguma coisa errada comigo e para piorar ainda, ele ficava me encarando.
Após o almoço, nós voltamos para o escritório e Edward levou Valentina para a sua sala, para que ela pudesse dormir um pouco e eu continuei na minha mesa, trabalhando.
— Com licença. – levantei a cabeça e dei de cara com uma linda mulher, loira de olhos azuis e batom vermelho. Longos cabelos loiros e enrolados, trajando uma saia em tubo preta, na altura dos joelhos, bem justa, com um cropped preto de mangas compridas, que deixavam seus seios bem esmagados ali dentro e quase saltando para fora e com uma parte da barriga amostra e um casaco grosso no braço. Perto dela eu me sentia muito mal vestida e feia, não que eu fosse a rainha da beleza, mas...
— Eu gostaria de falar com o Edward. –
— Claro. Quem eu devo anunciar? –
— Diga que é uma velha amiga. –
— Tudo bem. – peguei o telefone e disquei o numero um, que dava a linha dentro.
— Diga.— ele falou baixo, provavelmente Valentina estava dormindo.
— Tem uma moça aqui que quer lhe ver. –
— Quem?—
— Disse que é para dizer que é uma velha amiga. Mando entrar? –
— Não, Valentina está dormindo, estou indo ai fora. – desliguei o telefone e encarei a bela mulher.
— Ele está vindo. – assentiu. – Pode sentar se quiser. –
— Não, obrigada, estou bem. – isso é com ela. Ouvi a porta se abrindo e Edward saiu de lá com todo o cuidado do mundo e fechando a porta no maior silencio.
— Sim? – ele se virou para nós e estancou no lugar, com os olhos arregalados, como se tivesse visto um fantasma.
— Oi querido. – ela disse sorrindo.
— O que você está fazendo aqui? – perguntou rude e eu olhava de um para o outro. Mas que porra é essa?
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