domingo, 16 de dezembro de 2018

Capítulo VII


Pov. Bella

Cinco anos haviam se passado desde que eu tive Gina. Eu adoraria dizer que havia cumprido minha promessa e esquecido de Edward, mas eu não consegui. Todo aniversário da menina eu montava uma caixa, com fotos dela e mandava para ele. O que ele fazia com aquilo, eu não sei, mas eu me sentia um pouco melhor após coloca-la no correio.

Eu sabia que estava muito puta com Edward e não podia negar. Mas cerca de um ano… Cerca de um ano, eu precisei muito dele aqui comigo. Eu precisei de um porto seguro e não tive nenhum. Gina passou mal na creche e por ela ter apenas quatro anos, eu fiquei preocupada e a levei ao hospital. Naquele dia eu senti como se meu mundo estivesse destruído de vez.

O médico diagnosticou Gina com LLA - leucemia linfoide aguda - e que se não fosse tratada eu iria acabar perdendo a minha filha. O médico disse que tínhamos sorte, já que havia sido descoberto no início e as chances de recuperação eram muitas. Eu não chamava isso de sorte. Deus, como, a minha filha de quatro anos está doente, correndo riscos de morrer, eu poderia chamar isso de sorte?

Quando o diagnóstico saiu eu liguei para Edward de novo, talvez ele já tivesse tido tempo para pensar e resolvesse reconsiderar. Não voltar para mim, mas para a filha, a esperança era a última que iria morrer. Mas não, a mesma mulher da outra vez disse a mesma coisa. Ele não queria saber de mim e nem da filha. Como ele havia se tornado tão sem coração?

Gina insistia que queria ver o pai, que queria conhecer o pai. O que diabos eu poderia fazer? Negar? Não! Eu não diria não a ela, principalmente sabendo que eu corria o risco de perdê-la e era por isso que estávamos dentro de um avião a caminho de Boston. Meus pais eram completamente contra isso, mas entendia meu ponto, entendia o porquê de eu estar fazendo isso.

Ela estava fazendo tratamento, a doença não havia melhorado e nem piorado, estava estagnada. E o médico disse que eu podia levá-la para Boston, qualquer coisa era só leva-la ao hospital e que ela teria que voltar em um mês para voltar ao tratamento. E quando ela disse que iria usar o seu desejo para conhecer o pai, foi quando eu resolvi levá-la para lá.

Eu ainda não sabia como iria me aproximar de Edward. Uma parte de mim queria beija-lo loucamente e a outra parte queira mata-lo. Mas eu não podia fazer isso, iria acabar sendo presa e perderia minha filha. Não. Matar não era uma boa ideia.

Gina dormia lindamente na poltrona ao meu lado. Seus cabelos ruivos, igual ao do pai, estavam curtos, devido à quimioterapia, mas eles já estavam crescendo de novo, estavam na altura dos ombros, em comparação a antes do tratamento que estava quase em seu quadril.

Eu amava tanto essa menina, era uma parte de Edward que eu nunca iria perder. Pelo menos foi o que eu pensei até essa doença aparecer. Agora a sombra de eu podia perdê-la pairava sobre a minha cabeça.

Depois de seis horas de voo, Gina ainda dormia e eu não queria acorda-la, era quase que um sacrilégio acordar uma menina tão linda assim. Com ajuda de outros passageiros eu peguei minhas malas e o senhor orelhas, o coelho de estimação da Gina, e deixamos o aeroporto até o hotel Hilton Boston Downtown / Faneuil Hall, a doze minutos do aeroporto, e como eu não estava afim de gastar muito dinheiro, preferi alugar um carro no aeroporto a ter que gastar dinheiro com táxi.

Segui para o hotel e fiz o check-in e subi para o quarto, Gina já havia acordado, mas ainda estava em meu colo quietinha e eu, volta e meia, verificava a sua temperatura, apenas por precaução. Cheguei ao quarto reservado e eram dois quartos em um. Uma cama de casal em uma e na outra porta, duas camas de solteiro.

Deitei a Gina na cama de casal mesmo, e ajeitei algumas coisas e principalmente, liguei para os meus pais para avisar que havíamos chegado e que estávamos bem e pedi serviço de quarto para comermos. Até porque já era noite e amanhã eu iria atrás de Edward.

- Mamãe… - ela me chamou após eu desligar o telefone, depois de falar com a recepção após pedir o jantar.

- Oi minha princesa. - ela estava deitada na cama com o senhor orelhas no colo fazendo carrinho no meio de suas orelhas. - Está sentindo agora coisa, meu amor? - perguntei me agachando ao seu lado, fora da cama.

- Fome. - disse fazendo bico e eu sorri.

- A comida já está chegando meu amor.  Mas eu quero se está sentindo algo… Alguma dor ou enjoo… -

- Não mamãe. -

- Tudo bem amor. - aproximei meu rosto do dela e lhe dei um beijo na bochecha gordinha.

- Mamãe… -

- Oi. -

- Quando vamos ver o papai? -

- Amanhã vamos tentar vê-lo. - respondi.

- E se ele não gostar de mim? - perguntou tristonha.

- Ele será um idiota. - respondi simplesmente. - Por que é impossível não gostar de você. Você é uma princesinha e a minha princesinha. - disse fazendo barulhos com a boca em seus lábios e ela começou a rir. - Minha menininha linda, linda, linda. - ouvi a batida na porta. - A comida chegou e depois vamos tomar um banho para dormir. - me levantei da cama e fui até a porta receber a comida.

Nós comemos e após terminar de tomar dei um tempinho e depois a ajudei a tomar um banho, e após colocar seu pijama e pus na cama e ela dormiria comigo. Eu gostava de dormir abraçada ao meu bebê e sentir seu cheiro no, e bom, se algo acontecesse com ela, eu estaria bem perto, bem perto mesmo.

(...)

No dia seguinte eu estava bem nervosa para sair e dar de cara com Edward, meu estômago estava bem embrulhado e Gina estava bem animada. Tanto que para ajudá-la a se vestir foi quase que impossível. Eu estava desesperada, morrendo de medo de que ele a rejeitasse na frente dela, eu não sabia como reagir se ele fizesse isso, mas eu tinha que cumprir a vontade de minha menina. Eu tomei um banho e me vesti. Nós estávamos no meio do verão, mas o dia estava um pouco chuvoso e um frio.

Coloquei uma calça jeans preta, uma blusa de alças branca é um casaco cinza claro, que ia até quase os meus joelhos e saltos marrons. Após Gina tomar banho, coloquei uma calça jeans nela, uma camisa branca com a estampa de gatinho e um casaco, tênis e prendi uma parte de seu cabelinho curto e colocando um laço preto.


Eu tentei enrolar com ela o máximo que podia e um pouco antes do almoço eu segui para o endereço parando em frente ao enorme prédio espelhado. Gina estava com unicórnio de pelúcia igual ao do Agnes do filme Meu Malvado Favorito, ela estava sentada em seu assento de elevação, bem presa pelo cinto, no banco de trás, com o unicórnio em baixo de um dos braços e meu celular em sua mão, enquanto ela assistia alguns desenhos.

Menos de cinco minutos depois, enquanto eu estava criando coragem para descer do carro e ir até lá, eu vi dois homens se aproximando da empresa. Um era um homem enorme de cabelos pretos e o outro era Edward, eu sabia que era ele, eu iria reconhecê-lo mesmo após anos, principalmente por seu cabelo ruivo era o mesmo.

- Amor… Espera a mamãe aqui dentro? Dois minutos. -

- Tá mamãe… - e eu saí do carro. O carro estava bem perto da entrada a menos de três passos de onde os homens se aproximavam. Saltei do carro e arranquei os óculos de sol enquanto me aproximei dele e eu sentia toda a raiva borbulhando dentro de mim.

- Edward Cullen. - disse seu nome e a raiva crescia mais ainda. Os dois pararam, o grandão me encarou confuso e Edward arrancou os óculos escuros me encarando, completamente confuso, como se eu fosse um fantasma.

- Bella? - ele se aproximou de mim como sem ainda acreditar que eu estava ali e sorrindo amplamente. - Bella! - ele tentou me abraçar e eu o esbofeteei com toda a força que eu tinha. - Aí. - ele esfregou o rosto. - Qual é o seu problema? - perguntou e eu o bati de novo.

- Qual é o meu problema? Jura que depois de seis anos você tem a cara de pau de perguntar qual é o meu problema? -

- A primeira coisa que você fez foi me bater… -

- Eu devia era matar você. Como pode fazer isso comigo? -

- Como eu pude fazer isso? Do que diabos você está falando? Foi você quem terminou comigo via um recado deixado com a minha secretária. -

- Eu não deixei recado nenhum com ninguém. Eu que fiquei dias te ligando e sua secretária falava a mesma coisa: ele está muito ocupado liga depois. Não faz ideia de quantas vezes eu escutei isso… Ah claro sem falar de uma das últimas vezes: eu não vou atender ao telefone. Eu não quero falar e nem saber mais dela. E tão pouco dessa criança que ela fala que é minha, mas que eu tenho dúvidas. E avisa que não é para ela ligar de novo. - eu repeti e agora os dois, Edward, e seu amigo gigante, me encararam com os olhos saltando.

- Fi… Filha…? - Edward disse completamente confuso.

- Não faça essa cara de que não sabia de nada. -

- Eu não sabia e não sei de nada. - ele gritou comigo.

- Por Deus Edward, não mente para mim… - pedi senti meus olhos arderem. - Eu te liguei para contar da gravidez. Liguei-te quando ela nasceu. Liguei-te quando ela ficou doente. Porra, todo ano eu mando uma caixa em março com fotos dela. -

- Eu nunca soube de nada e nunca recebi nada. - disse meio que desesperado. - E o Emmett aqui sabe disso, vive grudado em mim. E ele estava perto de mim quando Rosalie disse que você ligou, e que não era para eu entrar em contato, que não queria mais falar comigo e que havia seguido em frente, e isso em menos de duas semanas que eu estava aqui. - e o tal de Emmett concordou.

- Eu nunca disse isso. Eu sempre liguei e pedi para falar com você e nunca passaram a ligação, e volta e meia passava para uma mulher com voz de taquara rachada. -

- Uma que tem voz de taquara rachada é a Jéssica. Sua noiva. - Emmett respondeu.

- Noi… Noiva…? - perguntei como se tivesse levado um soco no estômago. - Noiva? -

- Eu posso explicar… Eu juro que posso explicar… -

- Isso não é da minha conta. Eu vim aqui apenas porque a Gina queria conhecer você, porque se não fosse por isso eu não iria querer ver a sua cara de novo. -

- Você disse que eu tenho uma filha… E algo sobre ela estar doente? O que ela tem? - ele me ignorou.

- Saberia se atendesse ao telefone. - eu girei em meus calcanhares e me aproximei do carro.

- Bella… Bella… Bella… Espera pelo amor de Deus. - disse me segurando pelo braço enquanto eu me aproximava do carro. - Eu nunca menti para você. - disse me virando de frente para ele. - Eu não recebi nenhuma ligação sua e nem caixa nenhuma e… -

- E por que não voltou? - perguntei sentindo meus olhos marejando. - Você disse no máximo um mês. Ligou uma vez depois do enterro do seu pai e depois nunca mais. -

- Eu te disse. Minha secretária entrou na minha sala e disse que você havia terminado comigo por telefone e… -

- E depois de cinco anos juntos, você não pensou em me ligar ou me procurar? -

- Eu… Eu fiquei com raiva. Não conseguia acreditar que você havia terminado comigo daquele jeito. Eu liguei várias vezes, mas nunca consegui completar a ligação… - suspirou. - Para onde você mandou essas caixas? -

- Para este endereço. Era o único que eu tinha. - disse simplesmente. - O que houve com o seu telefone? -

- Ele quebrou e eu precisei trocar de número… Mas foi depois dessa sua ligação. Você disse que ia seguir em frente e que já estava com outro, o que queria que eu fizesse? -

- Ligasse-me… Acha mesmo que depois de cinco anos juntos, depois de tudo que nós passamos eu ia terminar com você desse jeito? - perguntei e ele suspirou. - Você ia me pedir em casamento, acha mesmo que eu ia terminar com você desse jeito, sabendo disso e sabendo que eu estava grávida? -

- Como você sabia que eu ia te pedir em casamento? -

- Eu vi o anel no dia anterior. E você estava dando muitas indiretas desde o casamento de Jacob e Nessie. - ele sorriu de lado.

- Quando eu vim embora você já sabia da gravidez? -

- Descobri no dia anterior ao seu aniversário. - eu encostei-me ao carro cruzando os braços. - Mas Nessie, tia Rachel e minha mãe desconfiavam desde o casamento. - expliquei. - Eu ia te contar, até que o telefone tocou e eu sabia que não era mais um bom momento para me contar. -

- E quando iria me contar? -

- Quando você voltasse. Eu esperava que você voltasse. -

- Eu ia voltar… Mas minha mãe ficou me prendendo aqui, querendo que eu resolvesse algumas coisas na empresa, depois daquela ligação eu quis voltar, eu tentei voltar, mas ela sempre me segurava. Sempre inventava alguma desculpa para me impedir de deixar a cidade e… -

- Mamãe… - e ele foi interrompido por Gina gritando dentro do carro e eu abri a porta rapidamente e sentando na ponta do banco.

- Hey, o que foi? - perguntei levando a mão até o seu rosto, verificando sua temperatura e passando a mão por debaixo de seu nariz, vendo se estava sangrando. Mas não, nada.

- Eu tô com fome. - disse rindo e por um milésimo de segundo eu senti uma puta vontade de esgana-la, mas a vontade passou rápido.

- Pelo amor de Deus, Gina, não faz isso… - pedi tirando o celular de sua mão e soltando seu cinto. - Eu já pedi para você não fazer isso… - e ela gargalhou enquanto eu saia de dentro do carro e a pegava no colo.

- Eu tô com fome. -

- É claro que você está com fome… É um poço sem fundo. - disse ajeitando ela é seu bichinho de pelúcia em meus braços. - Nós já vamos comer, gatinha. - e dei um beijo em sua bochecha gordinha.

- E… E ela? - Edward perguntou encarando a menina.

- Não. Deixei a minha filha em casa e sequestrei outra. - ironizei e ele me encarou feio.

- Edward… - seu amigo disse se aproximando. - Aí que coisinha fofa… - disse afinando a voz.

- Meu bebê é lindo mesmo. - me gabei e dei um beijo estalado na bochecha dela.

- Eu tava falando do unicórnio… - disse sério e eu o encarei confusa. - Ela é bonitinha… -


- Ignora ele é um idiota. - Edward disse e eu o ignorei.

- Estou brincando… Agora é sério, temos que entrar, temos reunião, e já deveríamos estar lá há cinco minutos. -

- Vai lá. - disse quando ele olhou da empresa para nós.

- Espera-me na minha sala? -

- Nem pensar. - disse ríspida. - Eu vou alimentar meu pocinho sem fundo… -

- E o senhor orelhas… - Gina apontou.

- E o senhor orelhas… - concordei colocando-a no banco e ela foi para a sua cadeirinha.

- Como eu faço para falar com você de novo? - perguntou após eu prender o cinto em volta de Gina e de eu ter fechado a porta.

- Vai ter que me prometer uma coisa antes… -

- Eu não vou sumir de novo. -

- Não é isso… -

- Então? -

- Vai ter que me prometer que não vai tentar pegar a guarda dela. -

- Por que eu faria isso? -

- Eu não sei se confio em você de novo. -

- Eu prometo, eu não vou pedir a guarda dela… Onde eu encontro vocês? -

- Hilton Boston Downtown. - respondi e abri a porta do carro. - Eu estou confiando em você de novo, espero não me arrepender de novo. - disse e entrei no carro. Coloquei o cinto e após ligar o carro, sai dali. - Então, meu amor… Quer comer o que? -

- Batata frita. - respondeu e eu sorri.

- Novidade. -

Eu dirigi de volta para o hotel e enquanto ela brincava um pouco com o senhor orelhas, eu pedi o almoço. Ela estava dando um tempo da quimioterapia então eu iria fazê-la descansar o máximo que eu conseguisse, não queria que ela tivesse uma recaída.

O almoço chegou e após ajudá-la a lavar as mãos, eu cortei o bife dela e a deixei comer sozinha, e ela devorou o prato todo. Era tão bom ver que o apetite dela estava voltando. Era tão bom ver que ela estava melhorando.

Após o almoço e de ela escovar os dentes, ela ficou deitada na cama, dando pedaço de cenouras finas para o senhor orelhas enquanto assistia ao filme Enrolados na Disney.

- Então você o encontrou? - minha mãe perguntou. Eu estava na sacada do hotel no telefone com a minha mãe.

- Sim. -

- Como se sentiu? -

- Não sei. Ao mesmo tempo em que queria mata-lo, eu queria beija-lo… Eu achei que depois de tanta coisa e tanto tempo eu não iria sentir mais nada por ele, mas pelo visto… -

- Eu não entendi… Ele disse que não recebeu nada, nem as caixas e nem as ligações e que disseram a ele que você terminou com ele por telefone duas semanas depois que ele foi embora? -

- Exatamente… Eu não sei no que acreditar… -

- Parece que a mãe dele fez o possível para separar vocês… -

- Por quê? -

- Para que ele não voltasse para Dublin… - supôs. - Você mesmo disse que ela volta e meia ligava reclamando, pois ele não voltava. -

- Mas se ele nunca quis isso, porque ele aceitou? -

- Achou que tivesse perdido você, e com isso não tinha nada que o prendesse lá. - ela disse e o telefone do quarto tocou.

- Mamãe, o telefone. -

- Estou indo amor… - disse entrando de volta no quarto.

- Deixa-me falar com a minha gatinha… - minha mãe pediu.

- Amor… Sua avó… - eu entreguei o telefone a ela.

- Vovó… - ela atendeu ao telefone rindo e eu atendi o do quarto.

- Sim? -

- Senhora Swan… Tem um senhor, Edward Cullen, querendo subir. Posso deixá-lo subir? -  respirei fundo.

- Pode. - e ele desligou o telefone.

- Eu estou bem vovô. - disse Gina ao telefone. Provavelmente minha mãe havia posto a ligação no viva a voz para o meu pai falar com a neta.

Não demorou muito e bateram na porta do quarto. Caminhei até ela, deixando a menina no telefone e coloquei a mão na maçaneta e eu respirei fundo antes de abrir a porta vendo Edward parado ali e por um segundo parecia que havíamos voltado há onze anos quando ele me chamou para sair pela primeira vez.

- Mudou de ideia quanto a eu ver a menina? - perguntou quando eu fechei a porta após sair do quarto.

- Sinceramente eu não sei se é uma boa ideia. Eu nunca achei uma boa ideia. Mas ela pediu. -

- Por quê? -

- Você está aqui, em algumas semanas iremos voltar a Dublin… Como vai ser isso? - questionei.

- Sabe que se eu pudesse eu voltaria para Dublin… -

- Mas você assumiu uma empresa que não queria e está noivo… -

- Eu não queria… -

- Assumir a empresa? -

- Ficar noivo. -

- Não pedisse. -

- Acha que eu pedi? -

- Só há um jeito de ficar noivo. -

- Não há não… Você não conhece a minha mãe e acredite é melhor continuar sem conhecer… Desde criança ela me empurrava para cima de Jéssica… -

- A mulher com voz de taquara rachada? -

- Ela mesma. E quando eu voltei ela decidiu que estava na hora de eu me casar com ela… -

- Mas… -

- Mas eu estou a cinco anos enrolando esse casamento. Eu não quero isso… Eu queria me casar com você… -

- Mas não casou… - o interrompi. - Vai cumprir o que prometeu ou não? De não pegar a guarda da Gina. -

- Eu não vou pegar a guarda da Gina. - disse convicto. - Eu prometo… Posso ver a menina? - suspirei.

- Eu tenho que te contar uma coisa sobre ela… Você tem que saber antes, para o caso de querer fugir, fazer isso antes de ela te conhecer… -

- Eu não vou fugir da minha filha. Se eu soubesse dela antes eu nem teria saído de Dublin e… -

- Ela tem LLA. - respondi.

- O que? -

- Leucemia linfoide aguda. É um câncer do sangue e da medula óssea, que afeta os glóbulos brancos. -

- Ela tem câncer? - assenti. - Ela tem cinco anos. -

- A LLA afeta mais as crianças. - respondi. - Ela está fazendo a quimioterapia e todos os tratamentos possíveis, o médico disse que como foi descoberto cedo, ela tem… - respirei fundo. - Ela tem grandes chances de sobreviver. - senti um aperto na garganta.

- Então o que ela está fazendo aqui? -

A quimioterapia não é algo continuo. Tem uma pausa para que o paciente possa descansar. O médico liberou a viagem e ela queria usar o desejo dela para conhecer você… E eu achei que seria melhor ela guardar o desejo dela para algo mais… mais útil. -

- Essa doeu. -

- Até por que… - o ignorei. - De certo modo eu sabia onde você estava. - dei de ombros.

- O que disse a ela sobre mim? -

- A verdade… Em termos… Contei que você tinha ido embora e que havíamos perdido contato… Em certas partes, não é mentira. - o encarei e ele passou a mão pelo rosto. - Vai fugir? -

- Não, mas estou tentado em ir até o bar beber alguma coisa… Uma coisa que eu admito tem se tornado muito comum. -

- Você nunca foi de beber muito. -

- Desde que vim embora é todo dia… - ele me encarou. - Posso entrar? -

- Tudo bem… - respirei fundo e abrir a porta de novo.

- Espera aí vovô… Mamãe é o vovô… - e ela veio com o telefone. - Tchau vovô, eu te amo… - disse e me entregou o celular.

- Oi pai. - disse pegando-a no colo enquanto ouvia a porta fechando atrás de mim.

- Ela está bem? Melhor, vocês duas estão bem? -

- Estamos pai. Eu tô de olho nela. Ela está bem, qualquer coisa eu ligo para vocês… Eu preciso desligar agora, papai… Tenho umas coisas para resolver… -

- Tudo bem… Qualquer coisa me liga. A qualquer hora. -

- Tá pai. Eu te amo. -

- Também te amo corujinha… - desliguei o telefone e coloquei o telefone em cima da mesa.

- Tudo bem amor… - desliguei a televisão e fiz Gina me olhar. - Amor, lembra por que viemos para cá? -

- Para ver o papai… - disse animada.

- Quer voltar atrás? - negou balançando a cabeça e fazendo seus cachos curtos balançarem enquanto sorria. - Tudo bem então… - a coloquei no chão. - Esse é o seu pai… - disse virando-a devagar para que não tivesse uma vertigem, e a pus de frente para Edward.

- Oi. - ela se aproximou dele com o pescoço bem erguido para olhar para ele. - Eu sou a Ginevra, mas todo mundo me chama de Gina. - disse sorrindo.

- Oi Gina. - ele se abaixou, tentando ficar da altura dela. - Eu… Eu sou o Edward. -

- Oi. - ela sorriu amplamente e ele levou a mão trêmula até o cabelo curto da filha.

- A sua mãe me contou da… Da doença… Você está bem? - perguntou enrolando uma mecha do cabelo ruivo dela, da mesma cor do dele, no indicador.

- Estou. - disse sorrindo. - Quer conhecer o senhor Orelhas? - perguntou animada.

- Claro. - e ela foi correndo para a gaiola, onde provavelmente ela havia guardado o coelho.

- O que vai acontecer se a quimioterapia não fizer mais efeito? - perguntou se aproximando de mim.

- Transplante de medula. E a minha não é compatível. Já fiz o teste… Foi por isso que eu voltei a te procurar a cerca de um ano, e ouvi a sua noiva falar que você não queria saber dela. -

- Eu vou descobrir o motivo de ela fazer isso… Eu juro que vou descobrir. Eu não sabia de nada. E se quiser eu faço o teste agora mesmo. -

- Eu espero que a quimioterapia faça efeito e não precise do transplante. -

- Olha pai… - ela disse se aproximando.

- Ela está louca para falar isso desde quando soube que viríamos para cá… - confessei.

- Esse é o senhor orelhas. - disse Gina parando a nossa frente e com o coelho cinza e de tamanho mediano e ele se abaixou de novo.


- E aí senhor orelhas… - disse coçando entre as orelhas do coelho.

Edward acabou sentando no chão e puxou Gina para o seu colo e os dois ficaram ali, junto com o coelho, e para um pouco de espaço para os dois eu me afastei. Primeiro me afastei da cama e depois do quarto, indo parar no bar do hotel.

- Um Cosmopolitan, por favor. Coloque na conta do quarto 768. - pedi e o barman assentiu enquanto eu pegava meu telefone.

Eram cinco e meia aqui em Boston, portanto em Dublin seria em torno das dez e meia, tarde, mas eu sabia que ela não estava dormindo, portanto disquei o número dela e ela atendeu ao segundo toque.

- Espero que seja importante. Eu tô transando com o Jacob e ele tá me olhando feio porque eu atendi ao telefone. - Nessie disse do outro lado da linha.

- Você me atendeu enquanto está transando com seu marido? -

- Tipo isso… -

- Renesmee desliga essa merda. - ouvi Jacob resmungando e um som como algo batendo na parede.

- Espera aí. O que foi? -

- Eu acho melhor ligar depois… -

- Precisa não. Jacob broxou. - disse normalmente e eu ouvi Jacob xingando do outro lado da linha.

- Primeiro, isso foi informação demais. E segundo… Achei ele. -

- E aí? -

- Eu estou no bar do hotel bebendo um cosmopolitan… - disse quando o garçom colocou o drink a minha frente. - E ele está no meu quarto com a minha filha. -

- E ela? -

- Mais animada do que quando Jacob a levou a fazenda pra andar de pônei. -

- E você? -

- Não sei. -

- Você ainda gosta dele! -

- Sim. - não havia sido uma pergunta, mais eu respondi mesmo assim. - Muito. Achei que tivesse matado esse sentimento, mas foi só vê-lo… No início foi raiva, mas agora estou louca pra transar com ele loucamente de novo. - disse quando o barman se afastou.

- Eu também estou louco para transar loucamente com você de novo. - e eu dei um pulo ao ouvir a voz de Edward ao meu lado.

- Nessie eu te ligo depois. - e eu desliguei o telefone sem nem a deixar responder. - Você deixou minha filha sozinha no quarto? -

- Claro que não. - disse apontando para a cadeira atrás dele onde ela estava mexendo no celular dele. - Eu vim te chamar para jantar. Nós três. -

- Não Edward. -

- Por que não? -

- Eu estou fazendo o possível para que ela não se canse. Ela tem que descansar. E hoje, principal essa última hora, foi muito emocionante para ela. - ele olhou para ela com carinha de cão que caiu do caminhão de mudança. - Se quiser, pode ficar aqui com ela até a hora dela dormir… E só isso o que eu posso fazer hoje. -

- Eu posso passar o sábado todo com ela? -

- Onde? -

- No meu apartamento. Eu moro sozinho. Não se preocupe. Vem junto. Por favor… -

- Se ela estiver bem e quiser, eu não vejo problemas. - ele se aproximou de mim, talvez para me dar um abraço. - Mas eu não vou transar com você. - disse baixo para Gina não ouvir.

- Achei que tivesse dito que estava louca para transar loucamente comigo… -

- E estou… Mas eu não vou transar com você, porque, até tudo ser explicado, eu ainda estou bem puta contigo e eu não vou transar com alguém que tem uma noiva. -

- Eu não sinto nada por ela… -

- Mas está com ela… E eu não vou ser a outra de ninguém… -

- Se for ver por sentimento… A outra é ela. -

- E se for ver por tempo… Já que você mesmo disse que é um noivado desde criança… A outra sou eu. - disse virando o resto do drink e me levantando. - Princesa. - e ela desviou os olhos do jogo do celular do pai. - Vamos subir, tomar um banho, para daqui a pouco comer e cama? -

- Mamãe… -

- Que? -

- O papai pode me colocar na cama? -

- Não sei… Ele pode? - perguntei encarando a Edward que não respondeu apenas pegou a menina no colo.

- É claro que eu posso. -

Nós deixamos o bar e seguimos para o quarto de novo e mais uma vez, eles se sentaram no tapete e voltaram a brincar, principalmente com o senhor orelhas e eu fiquei apenas vendo os dois brincando. Parecia tão certo e se não fosse à atual circunstância, parecia que estavam apenas de férias ou algo do tipo. Eram por volta das oito horas quando eu interrompi a brincadeira dos dois.

- Vamos… Chega… Baixinha para o banho… -

- Quer ajuda do papai? - e eu sentia um tom de felicidade e orgulho quando ele falava a palavra pai para ela.

- Não! - ela gritou.

- Por quê? - perguntou tristonho.

- Você é um menino. Não me pode ver tomando banho. -

- Adorei… Continue pensando assim até os sessenta. -

- Eu dou um banho na minha menina. - disse pegando-a no colo. - E você pede o jantar. - eu peguei o pijama dela e a levei para o banheiro.

Eu dei um banho em Gina e a ajudei a se vestir e ela voltou correndo para o quarto, dessa vez, não para o colo do pai, e sim para a gaiola para dar comida ao coelho e Edward, que ainda estava de terno, havia tirado o paletó, a gravata e levantado às mangas da camisa, se aproximou de mim, na sacada.

- Quem disse aquilo a ela? De homem nenhum vê-la tomando banho? -

- Meu pai. - respondi.

- Suspeitei. Ele continua na pegada do Poderoso Chefão? -

- Para azar de minha mãe… Sim! - respondi.

Ele ia perguntar mais alguma coisa, mas a batida na porta o fez ficar quieto e enquanto eu fui com Gina ao banheiro para lavar as mãos, depois de ela fechar a gaiola do coelho, ele foi abrir a porta, e eu a coloquei na cadeira e ele fez tudo o que eu fazia, cortava as coisas para ela e ela ainda ficou esperando que ele desse na boca dela.

Após de acabarmos de jantar, ele a ajudou a escovar os dentes e a pôs na minha cama, onde ela se ajeitou feliz e contente no travesseiro e ele a cobriu.

- Mamãe… Meu beijo… - resmungou a me ver longe dela.

- Ah que menina manhosa… - subi na cama e lhe dei um beijo demorado e estalado em sua bochecha. - Boa noite minha princesa. Qualquer coisa é só chamar. -

- Tá mamãe… Boa noite mamãe… - Ela me deu um beijo na bochecha.

- Boa noite princesa. - dei outro beijo nela e sai da cama.

- Papai… - e ele deitou na cama. - Conta uma historinha para mim? -

- Posso tentar… Nunca contei na minha vida… -

- O livro tá ali. - apontou para a mesinha de cabeceira ao lado da cama.

- Ah tem um livro… - ele pegou o livro. - Qual história? -

- Pequena sereia. -

- A favorita dela. - apontei encostada na porta e ele abriu o livro, indo até a página e começando a ler.

Eu me sentei, com as pernas dobradas, na posição de flor de lótus em uma das cadeiras da varanda, vendo Edward lendo uma história para Gina dormir, e antes mesmo que ele chegasse ao meio da história, ela dormiu. Edward levantou da cama com cuidado e deu um beijo nela e após ajeitar as cobertas, desligou a luz e veio para perto de mim.

- Ela é um amor. - disse se sentando na cadeira ao meu lado.

- Ela me recorda muito o antigo você. -

- Qual é o antigo eu? -

- O meu Edward. O que eu derrubei no corredor da faculdade e que eu perdi quando ele entrou naquele avião. -

- Bella eu sou o mesmo. -

- Não é não. Eu não conheço você, não esse você. -

- Diga-me… - disse saindo da cadeira e se agachando a minha frente segurando as minhas mãos, e por um momento parecia o toque do meu Edward. - O que eu preciso fazer para você entender que eu não sabia de nada? -

- Seria bom começar perguntando para a sua secretaria. -

- Farei isso amanhã sem falta. - suspirei. - Eu nunca deixei de amar você. -

- Nem eu… Mas, você não sabe o que eu ouvi da sua secretária e sua noiva. Aquilo acabou comigo. Ouvir que você tinha dito que não queria saber de mim. Que não queria saber da nossa filha e que ainda tinha dúvidas se ela era sua mesmo. -

- Eu nunca disse isso e… -

- Mas parecia que era você. - disse com a voz meio chorosa e ele passou os dedos debaixo dos meus olhos, limpando algumas lágrimas que escorriam. - E eu não entendia o motivo de você ter feito aquilo. Nós estávamos tão bem, tão apaixonados e de repente… -

- Meu pai foi encontrado morto. - terminou por mim.

- É. - ele roçou o nariz no meu e tentou encostar os lábios aos meus, mas eu virei o rosto.

- Amor, por favor… -

- Não é que eu não quero, mas eu já falei não vou fazer nada com você, principalmente enquanto estiver noivo. -

- É um noivado sem amor, de interesse. Eu já falei que não sinto nada por ela e só aceitei para minha mãe parar de me irritar. -

- Mesmo assim. - e ele me beijou, mas na testa.

- Por que você largou tudo? -

- Eu já avisei que… -

- Não estou falando de mim… Estou falando dos seus sonhos… Você odeia arquitetura e aceitou assumir uma empresa. Odeia apartamento e está morando em um… Largou seus sonhos de morar em uma casa e ser escritor? - ele apoiou o rosto em meu colo, como se estivesse escondendo o rosto.

- Eu não tive escolha… - disse contra minhas pernas. - Minha mãe… Eu te falei como a minha mãe é… Tão manipuladora, só pensa nela mesma, só se importa com dinheiro… Essa vida não é para mim. - e ele levantou a cabeça com os olhos marejados. - Você tinha que ver como ela estava no funeral do meu pai. -

- Desolada? -

- Preocupada porque a empresa estava quase falindo. Estava pouco se importando com meu pai. Pouco se importando com o funeral. Com o enterro. Comigo. Só queria saber do dinheiro e do motivo de meu pai estar quase falido. -

- Descobriram como ele havia sido envenenado? -

- Não foi envenenamento… Disseram que havia sido um infarto, mas ele tinha o melhor coração da família, pelo menos no quesito saúde. Não fazia sentido. Deixamos para lá. - respondeu. - Bella. - ele me encarou. - Almoça comigo amanhã? -

- Eu não posso deixar a Gina sozinha. -

- É óbvio que é para ela ir junto. Minha mãe está viajando, com o novo namorado dela… - bufou.

- Qual é o problema? -

- O cara tem a minha idade. - reclamou. - Amanhã eu vou descobrir o porquê de terem feito o que fez. E eu queria que você fosse me encontrar lá para almoçarmos juntos. -

- Vou falar a mesma coisa que falei sobre sábado… Se a Gina estiver bem… -

- Responde-me uma coisa? - assenti. - De onde você tirou esse nome? -

- Eu juntei duas coisas que eu gosto… Ginevra é a forma italiana de Guinevere. - expliquei e ele assentiu sorrindo. Ele sabia, ele sabia que eu era adorava a lenda do rei Arthur e que depois de nossas viagens a Itália se tornou um dos meus lugares favoritos.

- Faz todo o sentido. -

- Acho melhor você ir… Eu tenho que dormir e você também… -

- Não posso ficar aqui? - neguei e ele levantou. - Acho que eu já ouvi isso uma vez… E depois você meio que implorou para eu ficar. - sorri amplamente, lembrando-me da minha vez que dormimos juntos.

- Posso perguntar uma coisa, que talvez não seja da minha conta? -

- O que quiser. -

- Você… Você dormiu com ela? - suspirou e aquilo era a minha resposta. Ele dormiu.

- Umas três vezes. Bêbado. Caindo de bêbado. - respondeu. - Mas dormi com outras mulheres… E eu não estou falando isso para que se sinta melhor ou sei lá o que… Mas, não era a mesma coisa. Era apenas sexo. - disse se abaixando de novo. - Mesmo quando nós fazíamos sexo, não era apenas sexo. E você sabe disso. -

- Eu sei. E acredite, eu não esperava que você não tivesse transado com mais ninguém. -

- Posso te contar uma coisa? - assentiu. - Todas eram morenas… Porque eu tentava encontrar alguém que fosse, no mínimo, um pouquinho igual a você… Mas sem nenhum êxito nessa busca. - sorri de lado. - E eu espero que você tenha dormido com alguém também. - neguei.

- A única coisa que ela viu. - disse me referindo a minha vagina. - Melhor, sentiu, foram meus dedos e o chuveirinho do banheiro. -

- Não procurou outro homem? - perguntou, mas no fundo eu sabia que ele não queria saber a resposta.

- Não é que eu não tenha procurado… Ninguém quer se envolver com uma mulher que tem filhos. Principalmente um bebê e depois que descobri a doença de Gina, nem meus dedos e chuveirinho ela tem visto. Certa vez eu pensei em comprar um consolo, mas fiquei com medo que Gina achasse… - brinquei e ele riu.

- Sabe o que precisa fazer para que tenha algo lá. - brincou.

- Te amarrar na cama e sentar no seu rosto? -

- Eu tinha pensado em pedir, mas isso também serve. -

- Melhor nem um e nem o outro. - respondi me levantando. - Melhor ir embora. - e ele levantou também.

- Posso dar um beijo nela? - perguntou baixo e eu assenti.

- Só não a acorde. - pedi e ele se aproximou da cama, com cuidado ele se aproximou da cama e deu um beijo em sua testa e falou algo perto de seu ouvido e caminhou para onde eu estava, na porta, após pegar seu casaco e gravata.

- É estranho o fato de que tem menos de doze horas que eu a conheço e eu já ama-la? -

- É sua filha. - apontei. - Amor por filhos é algo incondicional. Eu já a amava antes mesmo de tê-la. -

- Deve ser isso… Me da o seu telefone. -

- É o mesmo. No fundo eu fiquei esperando que você ligasse. - disse e ele puxou o telefone do bolso e quando ele desbloqueou a tela, vi que apareciam cinquenta ligações perdidas de Jéssica. - Deus, essa garota fica em cima. -

- Não viu nada. - resmungou discando meu número e meu celular começou a vibrar em meu bolso. - Salva. Qualquer coisa que precisar a qualquer hora me liga. Eu vou atender… Principalmente sabendo que ela pode acabar passando mal de repente. - e eu salvei o número dele.

- Está salvo. -

- Até amanhã Bella… - ele se virou para caminhar para o elevador quando parou no meio do corredor e voltou. - É cedo para eu oferecer meu apartamento? -

- Como assim? -

- Ao invés de pagar hotel, ficar no meu apartamento. -

- Eu não vou ficar no mesmo lugar que a sua noiva. -

- Eu moro sozinho. E ela raramente vai lá. -

- É melhor eu ficar aqui… Não confio em meu corpo quando você está por perto. - ele sorriu de lado.

- Até amanhã Bella. -

- Tchau Edward. - disse quando o elevador abriu as portas e um casal de idosos saiu dele entrando na porta ao lado da minha. - Espera. - disse antes das portas se fecharem por completo e ele colocou a mão as fazendo se reabrirem.

- Que foi? - perguntou e eu não respondi, apenas uni meus lábios aos dele, sem conseguir controlar o impulso.

Edward me prensou contra a porta do elevador e seus lábios apressados roçaram nos meus que se abriram prontamente para ele. E sentir sua língua quente contra a minha foi quase um orgasmo depois de seis anos. As mãos de Edward foram imediatamente para a minha cintura, apertando-a enquanto as minhas foram para o seu cabelo.

O beijo era avassalador e revelava toda a falta que havíamos sentido um do outro, fora, é claro, o amor que ainda estava muito presente e o desejo, que parecia muito mais forte do que era antes. Quando uma voz soou no elevador, mandando liberar as portas, fez com que nos afastássemos.

- Eu não devia ter feito isso. - disse saindo de dentro do elevador e antes que ele pudesse falar algo, as portas de fecharam e eu me virei para ir para o quarto e vi Gina parada na porta, com o unicórnio debaixo do braço e sorrindo. - Está fazendo o que acordada mocinha? - perguntei a pegando no colo.

- Mamãe a senhora vai ficar com o papai de novo? -

- Filha, seu pai está em um relacionamento com outra mulher. - respondi. - E seu pai mora muito longe de nós… - expliquei entrando no quarto e fechando a porta.

- Nós poderíamos nos mudar… Ou ele. -

- Não é tão simples assim, meu amor… Mas vamos para a cama, porque eu prometi te levar para almoçar com seu pai amanhã, se você estiver bem. - e ela bateu palmas animada. - Vai dormir meu amor… - a deitei na cama. - Mamãe vai tomar um banho e já vai deitar com você. -

- Tá mamãe. - dei um beijo nela e fechei a porta para a varanda.

Eu peguei minha roupa e fui para o banheiro, tomando um banho quente rápido e escovando os dentes e após me vestir, conferi se tudo estava trancado e deitei na cama, depois de desligar as luzes eu deitei na cama e ouvi meu celular vibrar na cabeceira ao meu lado, que carregava.

“Dê: Edward.
Para: Único amor da minha vida.
Eu te espero amanhã 12h.”

Eu li e respondi imediatamente.

Dê: Bella.
Para: Edward.
Eu já falei. Caso a Gina esteja bem, eu a levo.
PS. Ela viu você me beijando.”

Mandei a mensagem e fiquei deitada, tentando dormir. Gina já havia dormido, e depois que eu deitei, ela veio para o meu colo, deitando a cabeça em meu peito. E meu celular vibrou de novo.

Dê: Edward.
Para: Amor da minha vida.
Primeiro: Eu a deixei dormindo como ela viu?
Dois: Eu te beijando? Não estou reclamando ou algo do tipo, mas foi você quem me beijou.”

Sorri de lado e parei de acariciar os cabelos de Gina e digitei a mensagem para Edward.

Dê: Bella.
Para: Edward.
Primeiro: Ela acordou.
Segundo: Não importa quem beijou quem, ela viu.
Terceiro: Ela está dormindo em meu colo. Como um anjo.”

Mandei a mensagem e antes dele responder eu mandei uma foto da minha bebê dormindo. E eu esperei a resposta chegar, fazendo cafuné em sua cabeça.


Dê: Edward.
Para: Bella.
Ela é tão linda. Dá vontade de abraçar até não aguentar mais. Ainda bem que amanhã eu vou tê-la em meus braços de novo e não solto mais.”

Sorri com a mensagem de Edward. E ao mesmo tempo em que eu gostava que eles se dessem bem, eu sabia que quando fôssemos embora ela iria sofrer. Mas na atual conjuntura, eu não podia negar um pedido a ela. Mesmo sabendo que as chances dela melhorar eram grandes, eu sabia que no fundo, havia chance de eu perder meu bebê, e eu não podia correr o risco disso acontecer, sem que ela realizasse alguns de seus sonhos. E o principal deles, era conhecer o pai.

Dê: Bella.
Para: Edward.
Eu sei que ela é linda. Eu tenho um útero foda.”

Brinquei e me controlei para não rir e acabar sacudindo o corpo e fazê-la acordar e não demorou muito e a mensagem de Edward chegou.

Dê: Edward.
Para: Mãe da minha bebê.
Claro… Até porque eu não tive nada haver com isso, não é? Nem um pouco.”

Escreveu e foi quase que impossível controlar a risada. Eu e Edward ficamos trocando mensagens à madrugada inteira. Quem diria que toda a rainha a que eu havia sentido desse homem havia passado tão rápido, e eu estava me divertindo tanto em uma conversa via mensagem com ele. Era tudo sobre Gina, mas mesmo assim...

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