terça-feira, 25 de dezembro de 2018

We Wish You a Merry Christmas - Capítulo Único.


We Wish You a Merry Christmas.

POV. Isabella.
24 de dezembro de 2017.

Eu acordei dando um salto da cama, eu estava incrivelmente atrasada, o que não era nenhuma novidade, mas hoje eu conseguia estar mais atrasada do que de costume. Levantei da cama em um pulo e tomei um banho rápido enquanto lavava o cabelo e o corpo, eu escovava os dentes junto. Vesti-me o mais rápido que conseguia e desci as escadas correndo.

- Gregory e Lorenzo acordem. – gritei batendo na porta dos dois e desci as escadas correndo e tropeçando nos últimos degraus o que me fez cair no chão.

- E o dia não começa bem se Isabella não cair no chão. – e eu ouvi a voz de Greg vinda do topo da escada e uma gargalhada vinda lá de cima também.

- Engraçadinhos vocês dois... Andem, tomar café logo antes que nos atrasemos. – resmunguei me colocado de pé e conferindo se não havia machucado meus joelhos. Eu corri para a cozinha e taquei algumas fatias de pão dentro da torradeira enquanto pegava os potes de geleia e a jarra de suco na geladeira. Eu me virei e dei de cara com dois meninos loiros parados próximos a porta igual a duas assombrações e para piorar a situação eles estavam trajando a mesma roupa.

Nós engolimos basicamente sem mastigar as torradas com geleia de pera e para empurrar um copo de suco de laranja. Enquanto eles iam pegar suas mochilas e escovarem os dentes, eu coloquei a louça na pia, lavaria quando voltasse do trabalho, e guardei as coisas na geladeira e corri para cima de novo. Escovei os dentes rapidamente e vesti meu casaco grosso, colocando a touca na cabeça e o cachecol em volta do pescoço e puxei minha bolsa e desci as escadas gritando pelos dois de novo, e quase caindo aos pés da escada de novo.

Enquanto os dois desciam eu peguei as lancheiras com seus nomes, eu não tinha tempo para preparar seus almoços e simplesmente joguei uma maçã, uma barrinha de cereal e dez dólares em cada e as fechei e ao sair da cozinha de novo, dei um sobressalto para trás ao ver as duas pequenas entidades paradas lado a lado de novo na porta da cozinha.

- Muito bem... Toma Lorenzo e Gregory. – e estiquei as lancheiras e eles se entreolharam.

- Eu sou o Greg e ele é o Lorenzo. – a assombração da direita disse reclamando.

- Desculpa. – e eu inverti as lancheiras e eles gargalharam.

- É brincadeira, eu sou o Lorenzo. – e a assombração da direita pegou a lancheira com seu nome enquanto a assombração da esquerda pegou a sua.

- E ainda diz que é nossa irmã... –

- Idiotas... – e eu dei um pescotapa nos dois e eles saíram do apartamento rindo.

Eu peguei as chaves do meu velho fusca azul e tranquei a porta atrás de mim, nós pegamos o elevador até o primeiro andar e saímos até o carro parado no meio fio. Eu abri a porta do carro e abaixei o banco e os dois se enfiaram no banco de trás e eu puxei o da frente de novo. Enfiando-me ali dentro. Nós já estávamos muito atrasados, eles para o último dia de aula e eu para o trabalho. Eu dirigi o mais rápido que podia e que essa lata velha conseguia.

Quando chegamos à escola deles, todo mundo já havia chegado e só tinha a diretora na porta – que me encarava feio - e reclamando que até no último dia de aulas antes das férias de inverno eu consegui trazer os dois atrasados. E para não mandar a diretora dos meus irmãos à merda, eu simplesmente os empurrei para ela e entrei no carro correndo para o trabalho.

Já era de se esperar que eu chegasse atrasada no trabalho e também já era de se esperar que mal eu colocasse os pés no andar onde eu trabalhava e meu chefe já estaria de pé ao lado da minha mesa. É... Eu seria demitida as vésperas do natal.

- Você sabe que horas são? Ou eu devo te ensinar a ver as horas? – perguntou arrogantemente como sempre e com os braços cruzados sobre o peito.

- Sim, senhor Cullen, eu sei ver as horas, e já me falaram que horas eram quando fui deixar os garotos na escola. – respondi jogando minha bolsa em cima da mesa.

- Eu fico me perguntando se vai existir um dia que você chegue no horário. – e ele girou em seus calcanhares e entrou em sua sala.

E o dia se passou com problemas atrás de problemas, já não bastasse eu ter chegado atrasada ao trabalho o dia hoje estava indo de mal a pior, pelo visto não podia piorar. O senhor Cullen estava tendo reunião atrás de reunião, com novos autores e com a sua equipe para ver qual próximo livro seria o estouro de vendas. Para piorar o dia já fodido eu recebi uma ligação da escola dos garotos, onde a diretora disse ironicamente: já não bastava você ter conseguido trazê-los atrasados no último dia de aula, eles conseguiram pegar suspensão de uma semana no último dia de aula, e para piorar a situação eu teria que busca-los e trazê-los para cá, já que não tinha mais ninguém para olhar os dois até o fim do meu expediente e as duas assombrações não podiam ficar sozinhas em meu apartamento.

- Eu juro que eu ainda mato vocês... Eu não vou chegar aos trinta anos sem ter ido para a cadeia. – eu reclamava enquanto eu os puxava pelas orelhas até o meu fusca. – Que merda vocês têm na cabeça para saírem no soco com o filho dos Stanley no ultimo dia de aula? – perguntei quando eles entraram no carro e eu entrei no banco do motorista. – Vocês têm que levantar as mãos para o céu e agradecerem por não terem sido expulsos no último dia de aula do ano. – reclamei ligando o carro e vendo que ele não dava partida. – Por favor, não morra agora... – pedi girando a chave de novo e nada.

- Você tem que trocar de carro, Bella. – e Lorenzo disse no banco de trás.

- Só se eu vender o rim dos dois no mercado negro. – reclamei.

- E o seu salário em? – e eu o encarei.

- Não sei se você se recorda, mas eu estou sustentando duas crianças que comem como se o mundo fosse acabar. –

- E por falar em comida... Eu estou com fome. – e Greg reclamou e eu encostei a cabeça no volante. Deus, eu quando eu digo que o dia não pode piorar, é uma observação e não um desafio.

Mas parecia que Deus pouco se importava comigo no momento e estava a fim de me desafiar para ver até onde eu conseguiria chegar. Mas eu já lhe aviso Deus, não chego a muito longe. Depois de mais de dez minutos tentando eu consegui finalmente fazer o carro pegar e segui para o trabalho e para deixar os dois bem quietinhos pelo final do dia, eu comprei um lanche para eles e torcia para que o senhor Cullen ter ido embora ou ter tomado o chá de bom chefe e não me matar por levar duas crianças para a editora.

Mas como eu havia dito, Deus estava tentando me desafiar e a situação piorou. Jasper, um dos editores atrapalhados fez o favor de esbarrar em mim e derrubar café quente em meu suéter azul. Cheguei a minha mesa e coloquei os dois sentados no chão antes que derramassem seus lanches no sofá de couro e tratei de me livrar do suéter molhado, manchado e com cheiro de café.

- Hãn... Isabella... – ouvi a voz de Greg.

- Que? – perguntei com o suéter preso na cabeça.

- Senhorita Swan... – e eu ouvi a voz do senhor Cullen.

- Greg, a blusa ficou presa no suéter não ficou? –

- Ficou. – e eu desisti de tirar o meu suéter e abaixei os dois, vendo o senhor Cullen me encarando furiosamente.

- Desculpa. –

- Por? Por tirar a roupa no meio da sala ou por trazer seus filhos para cá? –

- Não são meus filhos. – disse simplesmente e tirando o suéter de outro jeito, começando pelas mangas.

- Raptou as crianças? –

- Claro que não. – respondi tirando o suéter e vendo que minha camisa havia ficado apenas com o cheiro do café e não manchada. – Tanto que caso alguém queira leva-las eu até deixo... –

- Rá rá rá. – e os dois disseram ironicamente.

- Então? –

- São os meus irmãos. – respondi simplesmente. – Eles fizeram o favor de serem suspensos no último dia de aula, e eu não tinha com quem deixa-los. –

- Seus pais? –

- Então, acontece que mortos não podem tomar conta de crianças... – disse meio sem jeito e baixo e ele me encarou piscando por alguns segundos até voltar a falar.

- Está cuidando deles sozinha? – assenti. - Tudo bem... Só controla os dois para não fazerem escândalo ou quebrarem nada... – e ele entrou novamente.

- Ouviram não é? Em silêncio e quietos. – e eu me sentei em minha cadeira religando o meu computador.

- E nós vamos fazer o que? – perguntaram juntos.

- Isso aqui é uma editora. De livros. – apontei para os vários manuscritos em cima de minha mesa. – Pegue um e leia. – mandei e vi na tela um novo e-mail piscando com o nome de urgente.

- A propósito, você já amostrou o seu manuscrito ao seu chefe? – Lorenzo perguntou vasculhando a pilha na minha mesa.

- Ninguém sabe daquilo e ninguém vai saber. Não era nem para vocês dois saberem, mas são duas pestes que ficam vasculhando o quarto alheio. – resmunguei. – Agora fiquem quietos. – pedi e por ironia do destino eles ficaram quietos, cada um com um livro em mãos.

O resto do dia de trabalho aconteceu sem nenhum imprevisto ou problema, eu ficava meio receosa quando tinha que ir até a sala do senhor Cullen lhe entregar algum documento ou participar de alguma reunião com ele e deixar os dois do lado de fora sozinhos, mas graças ao bom Deus, eles se comportaram como um par de anjos, que eu sabia que eles não eram e estavam bem longe de ser.

No horário de sempre meu expediente acabou e eu pude ir para o meu apartamento com eles, parecia que as horas que havíamos passado dentro da editora haviam servido para a temperatura e a sensação térmica caírem cada vez mais. Estava completamente frio do lado de fora e tudo coberto por uma nova camada fina de neve, já que havia voltado a nevar durante a tarde.

Chegamos ao apartamento e eu só voltaria a pisar na editora de novo no dia 26 e ainda não sabia com quem deixaria os garotos enquanto eu ia trabalhar, já que tanto a escola quanto as suas atividades extracurriculares já haviam entrado em recesso. Assim que cheguei ao meu apartamento, eu não iria descansar como desejava, não eu tinha muita coisa para fazer, amanhã era dia de natal e como sempre eu havia deixado tudo para cima da hora, pelo menos no quesito de enfeitar, porque comprar eu havia comprado tudo com antecedência. E eu não podia deixar os gêmeos enfeitando tudo sozinhos, eu tinha que ficar de olho para que não acabasse fazendo merda.

Eu os deixei enfeitando o pinheiro de natal enquanto ia tirar o peru da geladeira, eu havia o tirado do freezer ontem à noite e ele ainda estava duro como pedra, e parecia que não iria descongelar até amanhã de manhã. E eu recorri a minha última opção, coloquei o peru duro na água e deixaria que ela fizesse o trabalho que ele deveria fazer sozinho.

Eu estava exausta, cansada e louca para tomar um banho bem quente e cair na cama e dormir por um milênio, mas quando o barulho de algo quebrando soou vindo da sala eu tive que correr até lá e ver se os dois não estavam se matando. E graças a Deus não, eles só haviam deixado uma bola de enfeite da árvore cair e ela se quebrou, peguei a pá debaixo da pia da cozinha e catei os cacos, embrulhando-os em jornais velhos e jogando no lixo.

Todos nós três estávamos cansados. Mandei-os subirem para tomar um banho e irem para a cama, e que eu terminaria de montar a árvore, e eles foram deixando a árvore montada pela metade e eu subi após trancar a porta para tomar um banho.

Esse era o primeiro natal com nós três sozinhos desde que nossos pais morreram, eu tinha que fazer um natal descente para eles, mamãe sempre fez uma festa de natal de dar inveja aos vizinhos e agora pelo visto essa obrigação ficou para mim, justo para a garota destrambelhada que não conseguia nem programar o despertador para o horário certo.

Terminei meu banho e após me vestir de forma que ficasse bem quente, eu conferi se os dois já estavam na cama e tratei de descer novamente para terminar de enfeitar os cômodos. Eu não podia decepcionar os dois, principalmente nessa época. Sozinha, me arrastando e me entupindo de café bem quente e com bastante açúcar, eu enfeitei tudo para o natal, terminei de enfeitar as árvores, pendurei as, agora, três meias na lareira, e embrulhei os presentes deles, tanto os meus quanto os que os parentes distantes haviam mandado e eu tinha escondido no porta-malas do meu carro, e quando terminei tudo já se passavam das três da manhã e eu estava mais cansada do que antes.

Eu teria que acordar daqui a pouco para começar a preparar a comida da ceia de natal, então eu simplesmente deitei um pouco no sofá em frente a lareira acesa e me cobri com uma manta e não demorou muito e eu apaguei.



Eu acordei no dia seguinte com barulhos na sala e eu levei as mãos em punhos até os olhos os coçando e logo em seguida passando as mãos pelo rosto e finalmente abrindo os olhos. Gregory e Lorenzo estavam sentados no chão da sala, ainda com seus pijamas e com alguns bonecos de ação da Marvel e DC a sua frente, e eu havia embrulhado todos os presentes, e não tinha aqueles brinquedos ali.

- Hey... – e eu chamei a atenção dos dois. – Que bonecos são esses? – questionei.

- Bom dia Bella adormecida... – e eu ouvi a voz dele vinda de trás do sofá, eu me virei um pouco e vi que Emmett estava parado ali com as mãos apoiadas no aparador atrás do mesmo, com o mesmo sorriso debochado e com alguns cabelos brancos na lateral da cabeça.

- Tio Emmett? – perguntei confusa e me sentando no sofá. – Quando chegou? Quem abriu a porta? – perguntei passando as mãos pelo rosto novamente.

- Hoje cedo e eles abriram... – respondeu dando de ombros. Tio Emmett era o tio rico que só aparecia no final do ano e que toda a família tinha. Era incrível, desde criança ele só aparecia nos natais com presentes absurdamente caros e depois disso sumia no mundo por um ano até reaparecer. Tanto que ele não apareceu nem no enterro do próprio irmão.

- O que faz aqui? – perguntei.

- Eu só vim dar uma passadinha. Tenho um compromisso hoje à noite e não vou poder ficar para a ceia. – aliás, ele nunca podia, vinha apenas pela manhã, distribuía seus presentes caros e sumia. – Já dei o presente dos meninos, não quis lhe acordar e o seu está debaixo da árvore... –

- Obrigada tio. – disse simplesmente.

- Agora eu tenho que ir. – ele se debruçou um pouco sobre as costas do sofá e me deu um beijo no topo da cabeça. – Venham cá pirralhos, o tio está indo embora... – os dois largaram seus brinquedos e sem falar nada, receberam um abraço e um beijo no topo da cabeça do tio, que partiu logo em seguida. Ninguém comentava nada ou pedia para ele ficar, todo mundo sabia que ele não ficaria mesmo.

- Que horas são? – perguntei após a porta ser fechada e eles voltarem a atenção aos seus brinquedos caros.

- Onze e meia... – responderam juntos.

- Puta que pariu... – gritei comigo mesmo e tentei sair do sofá correndo, e consegui apenas embolar meus pés na coberta e ir de cara ao chão.

- Bella sendo Bella... – responderam juntos e eu tratei de ignora-los e corri para o andar de cima.

Eu simplesmente fiz a minha higiene e lavei meu rosto e prendi meu cabelo de modo que ele não me incomodasse e voltei a descer as escadas correndo e escorregando no último degrau e conseguindo ficar de pé. Eu corri para a cozinha onde requentei o café que havia sobrado de ontem e engoli junto com uma torrada seca e comecei a preparar a ceia de natal. Alice chegaria daqui a pouco, ela seria a única convidada que teríamos esse ano, mas mesmo assim eu não fazia por ela, eu fazia pelas duas assombrações que estavam na sala vendo televisão.

Eram por volta das três da tarde quando a campainha tocou, o peru, que graças a Deus, tinha descongelado, não todo, mas a sua maioria já estava no forno, melhor tinha acabado de ir para o forno e eu estava cheia de farinha enquanto começava a fazer a casa de gengibre e alguns coockies. Eu nem me dei ao trabalho de ir até a porta, os gêmeos a abriram e em dois segundos Alice apareceu na porta da cozinha.

- O que aconteceu aqui? – perguntou ao ver a cozinha um verdadeiro caos.

- Eu estou correndo o mais rápido que consigo. O peru já está no forno, a massa da casa de gengibre já está sendo feita, mas ainda tem tanta coisa pra fazer... – resmunguei.

- Isabella respira. Somos apenas nós quatro, não precisa fazer comida para um batalhão. – resmungou, mas mesmo assim se livrou de seus agasalhos e colocou um avental vindo me ajudar.

Alice me ajudou a preparar a ceia de natal e nós duas não paramos um minuto sequer, sempre correndo para cima e para baixo na cozinha, nos esbarrando enquanto preparávamos acompanhamentos. Mas tudo estava saindo quase perfeito. O peru estava quase pronto.

Finalmente por volta das sete da noite tudo já estava pronto, os gêmeos já haviam posto a mesa para nós e já haviam tomado banho. O peru estava apenas terminando de dar aquela dourada e logo seria servido e enquanto ele dourava, eu ia tomar um banho e me vestir, até porque eu estava podre de tão suada que estava.

- Crianças coloquem o peru na mesa, por favor. – Alice pediu enquanto eu descia as escadas após um banho.

- Sai Lorenzo ela mandou a mim... – Greg reclamou.

- Não. Ela mandou a mim. – e Lorenzo rebateu.

- Parem com isso os dois e coloque logo essa travessa a mesa. – Alice resmungou e eu entrei na cozinha, os dois estavam puxando a travessa para si, gritando que o pedido havia sido para um e não para o outro.

- Dá para os dois pararem? – perguntei e eles continuaram a puxar a travessa com força. – Deem-me isso aqui. – e antes que pudesse pegar a travessa das mãos dele, Gregory puxou com força e Lorenzo soltou.

Como em câmera lenta, os braços de Gregory foram para cima de sua cabeça e para trás, junto com a travessa e o peru pronto e com uma aparência digna de um chef com três estrelas Michelin. E por ironia do destino, a janela da cozinha estava aberta. Eu e Alice havíamos a aberto no meio do processo de preparação da ceia, já que com o forno ligado e quase que todas as bocas do fogão também, havia ficado quente e abafado demais dentro da cozinha.

E mesmo morto e assado, o peru voou pela janela, eu e Alice corremos para a mesma para tentar ver aonde ele tinha caído, mas estava escuro demais, e ele se perdeu na noite. E no momento eu não sabia se me matava, matava meus irmãos, ou se simplesmente me jogava no chão chorando em posição fetal.



Eu estava cheia de frio com uma lanterna em mãos iluminando a espécie de beco embaixo da minha janela da cozinha, e com o celular na outra enquanto falava com Alice. Ela vigiava as crianças lá em cima e eu procurava o peru fujão aqui embaixo na esperança de ele ainda estar vivo. Não literalmente, mas...

- Nada? – ela perguntou do outro lado da linha.

- Nada e agora? –

- Suba, matamos seus irmãos e servimo-los assados. –

- Hey. – e os protestos indignados deles soaram pelo telefone.

- Vocês tratem de ficarem quietos porque a culpa é de vocês. – ralhou ela como se esquecessem de que eu estava na linha.

- A culpa foi do Lorenzo, a senhora mandou a mim e ele se meteu e... –

- Chega. – Alice cortou. – Sobe Bella, sai desse frio. –

- Estou indo. – e eu desliguei o telefone. Eu guardei o mesmo no bolso do casaco grosso, eu havia me esquecido de minhas luvas e minhas mãos estavam congelando. Desliguei a lanterna e me virei para sair do beco e acabei esbarrando em alguém. – Desculpa... – pedi e levantei o rosto vendo quem era a pessoa em que eu havia esbarrado. – Santo Cristo. – resmunguei.

- Garota você me persegue? – e a voz de meu chefe soou pelos meus ouvidos.

- Isso quem tem que perguntar sou eu. Eu moro aqui. – resmunguei.

- Você mora aqui? – perguntou encarando o beco atrás de mim.

- É. – resmunguei e ele ergueu a sobrancelha. – Quer dizer, eu não moro no beco, eu moro nesse prédio. –

- E o que você está fazendo nesse beco há essa hora? –

- Procurando um peru voador. –

- Esse é o nome que vocês mulheres dão a um pinto? – e eu o encarei confusa.

- Não. Eu estou falando de um peru, ave, bicho, morto e que voou. –

- Se ele está morto como ele pode voar? –

- Meus irmãos jogaram sem querer pela janela, e eu vim ver se ele ainda estava vivo... – e ele arqueou a sobrancelha de novo. – Quer dizer... Inteiro... – e eu suspirei engolindo o choro. – E o que o senhor está fazendo aqui? –

- Vim visitar um conhecido e... – ele ergueu um saco de peru. – Não queria ficar em casa sozinho e não me dou bem com a minha família, então... – deu de ombros.

- Então se me dá licença, eu vou matar meus irmãos e servi-los assados com uma maçã na boca. – e eu me virei para ir para a entrada do prédio e ele me segurou pela mão, me impedindo de entrar nele.

- Espera... Suas mãos estão frias. – comentou e eu as puxei de novo, tirando-as de dentro de suas mãos, também descobertas pelas luvas, e enfiando-as em meu casaco.

- O que? – e ele suspirou.

- Eu menti. Eu não vim visitar nenhum conhecido, primeiro porque não tenho nenhum conhecido nesse bairro e nem amigo algum. –

- Então se perdeu? –

- Eu fiquei pensando na nossa conversa de dois segundos de hoje cedo... –

- A que você reclamou por eu ter chegado atrasada? –

- A de você cuidar dos seus irmãos sozinha... – explicou suspirando de novo. – Eu não sabia que estava cuidando e criando duas crianças sozinhas, obviamente isso explica seus atrasos... Eu me senti mal e vim aqui me desculpar com você e vi o peru voador, então eu voltei até a minha casa e peguei o que estava lá e que não seria usado, já que eu não faço nada disso no natal... – respondeu e colocou o peru pesado em meu colo.

- E como você descobriu onde eu moro? –

- Eu não sei se você se lembra... Mas você preencheu uma ficha com o seu endereço quando se candidatou ao emprego. –

- Bem lembrado... – retruquei. – Mas realmente não precisa... Um dos principais motivos para eu não ter dito que crio meus irmãos sozinha é para ninguém me olhar com pena ou achar que eu estou precisando de caridade... – e eu tentei devolver o peru e ele não aceitou.

- Primeiro que isso não é caridade. Eu não ia usar, Elizabeth comprou para mim e eu não celebro o natal, iria se estragar. E segundo eu não estou te olhando com pena... –

- Não sabia que tinha uma namorada... –

- Elizabeth é minha governanta... –

- Entendi. –

- Bom. Já pedi desculpas e já fiz minha boa ação de natal que não havia planejado. – e ele se virou para caminhar para o seu carro e foi a primeira vez que eu notei que seu Audi novinho estava parado no meio fio, e ele apertou o botão junto às chaves para destravar o mesmo.

- Espera... Vai para onde? – perguntei.

- Para a minha casa? –

- Fazer o que? –

- Nada. – disse simplesmente.

- Então me deixe fazer a minha boa ação de natal não planejada... – e ele arqueou uma sobrancelha. – Passa a noite de natal aqui com a gente... –

- O que? –

- Você disse que não tem amigos e que não fala com a sua família. Passa o natal aqui conosco. – ele me encarou por alguns segundos e apertou o botão para destravar o carro de novo.

- Tudo bem... – ele guardou as chaves no bolso da calça e pegou o peru pesado de minhas mãos e entramos no prédio. Nós dois pegamos o elevador em silêncio até o nono andar e eu abri a porta do apartamento onde Alice dava um sermão para as duas pequenas assombrações.

- Alice. – a chamei e ela me encarou.

- Foi procurar pelo peru e achou um cara... –

- Alice cala a boca. – mandei fechando a porta e tirando o meu casaco. – Este é Edward, meu chefe... – expliquei. – Edward, essa é Alice, minha amiga e os gêmeos Gregory e Lorenzo. – apresentei. – E ele trouxe um peru... Dá tempo de assa-lo? –

- Depende, pesa quanto? – e eu olhei para a embalagem.

- 5 kg. –

- Apenas cinco horas. – Alice disse ironicamente e eu respirei fundo. Eram por volta das 21:30h, ele provavelmente iria ao forno apenas as 22h, ou seja, só ficaria pronto as três da manhã.

- Se eu ver algum dos dois nas próximas cinco horas eu juro que quebro um por um seus bonecos de ação. – respondi.

Deixei Edward com as crianças na sala e fui para a cozinha com Alice para temperar o peru e coloca-lo ao forno e voltamos para a sala, onde encontrei com Edward sentado no chão com os gêmeos enquanto os três brincavam com os bonecos de ação de Greg e Lorenzo. Exausta eu me joguei no chão e vi que o presente de tio Emmett ainda estava embrulhado debaixo da árvore mais eu abriria depois.

Cansados de brincar com os brinquedos e já cansados, Greg e Lorenzo deitaram no sofá assistindo ao especial de natal da BBC e Alice engatou em uma conversa com Edward sobre livros. Gregory e Lorenzo acabaram dormindo no meio do especial de natal e Edward me ajudou a coloca-los em suas camas.

- Qual é o problema? – ele perguntou após fechar a porta do quarto das crianças.

- Eu só queria que hoje saísse tudo perfeito, mas parece que nada do que eu faço dá certo... –

- Por quê? Só porque o peru voou pela janela e agora tem que esperar até de madrugada para ficar pronto? Isso não significa que não tenha dado certo, quer dizer apenas que ocorreu um imprevisto. –

- Por que não fala mais com seus pais? – perguntei trocando de assunto e ele suspirou.

- Eles nunca me apoiaram quando eu queria trabalhar com livros. Nunca. E eu saí de casa cedo para poder seguir meu sonho e conforme eu ia me subindo na profissão eu ia deixando a família para trás e... Uma coisa levou a outra... – deu de ombros. – E seus pais? –

- Acidente de carro. – dei de ombros. – E ai eles vieram morar comigo. –

- Você está fazendo um belo trabalho, e eu não digo isso para todo mundo... –

- Eu sei... –

- Não é só porque o natal não deu certo, não quer dizer que você não está se saindo bem. –

- Acho que eu nunca ouvi uma palavra gentil vinda de você... – retruquei. – Quer um conselho? – e eu não esperei que ele respondesse. – Aproveita a época de festas e tenta fazer as pazes com seus pais... – e eu o encarava. – Não espere perdê-los para dar conta da burrada que fez ao se afastar... –

- Quer ir comigo amanhã? –

- Se você não sabe, eu trabalho amanhã... –

- E eu sou seu chefe, posso lhe dar folga... –

- Onde? –

- Vancouver... –

- Canadá? – assentiu. – Se eu arrumar alguém para ficar com as crianças... –

- Hey... – e Alice apareceu no corredor. – As crianças já dormiram, está na hora do álcool... – e ela balançou uma garrafa de vinho em mãos e nós fomos para a sala.

Nós sentamos no chão da sala mais uma vez, com a lareira nos aquecendo e enquanto o peru assava no forno, nós viráramos o vinho enquanto Alice falava merda como sempre e pela primeira vez eu havia visto Edward descontraído e rindo.



Ao acordar no dia seguinte eu sentia uma puta dor de cabeça, o despertador apitava a hora que eu tinha que levantar para o trabalho e eu simplesmente tirei a mão debaixo das cobertas quentes e bati no despertador o silenciando e quando tentei me ajeitar na cama, para tentar dormir mais cinco minutos eu senti um peso em meu corpo.

- Então é por isso que você sempre se atrasa... – eu ouvi a voz de Edward próxima a minha nuca e devagar eu me virei na cama, e ele tinha a cabeça próxima a minha, seu braço abraçava meu corpo e ele estava sem camisa. – Você sempre coloca mais cinco minutos no despertador... – respondeu sem abrir os olhos e eu levantei o edredom e me descobri nua.

- Nós... –

- Transamos... – respondeu e me puxou para mais perto de meu peito. – E você não estava nem um pouco bêbada... – e ele se aninhou mais perto de mim. – E basicamente me atacou... – ele subiu com a mão pelo meu pescoço e virou meu queixo e unindo meus lábios aos dele em um beijo calmo e uma luz apitou em meu cérebro.

- Edward... – e eu virei à cabeça, interrompendo o beijo. – Alguém desligou o forno? – e como se ele tivesse se tocado que havíamos colocado o peru no forno ontem à noite ele me encarou com os olhos arregalados. Eu levantei da cama, me enrolando no lençol e corri até a porta. – Alice? – eu cheguei até a sala onde ela dormia agarrada a uma almofada. Ela não se mexeu e eu simplesmente caminhei até a cozinha e vendo o forno desligado e eu voltei para o quarto me jogando na cama.

- Então? –

- Desligado... –

- Ótimo... Onde estávamos mesmo? – perguntou para si mesmo e vindo para cima de mim e unindo nossos lábios mais uma vez.

Ele se livrou do lençol que me cobria e nossos corpos nus se encontraram, e eu me lembrei do que havia acontecido durante a madrugada, e Deus, havia sido algo simplesmente maravilhoso. Ele buscou algo em cima da mesinha de cabeceira ao lado da cama e eu virei o rosto, era a sua carteira de onde ele pegou um pacote com camisinha e após o abri-lo a vestiu.

Eu nos virei na cama, ficando por cima dele e com cuidado o encaixei em mim e sentei em colo devagar. As mãos de Edward foram para a minha cintura e me ajudaram a me mexer em seu colo rápido. Minhas mãos estavam apoiados em seu peito largo e suas mãos apertavam com vontade o meu quadril, e não demorou muito e ele nos virou na cama.

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Edward nos virou ficando por cima de mim e investindo seu quadril contra o meu com força, e com cuidado para não fazermos barulho alto demais, uma coisa que era quase difícil porque era simplesmente incrível e eu abafava meus gemidos altos contra o seu ombro.

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Minhas mãos apertavam seus ombros com força, e os arranhavam volta e meia a cada nova investida de Edward. Mais algumas investidas e eu sentia o pênis de Edward começar a ser apertado por mim e eu atingi meu ápice mordendo o ombro dele para abafar meu gemido e eu relaxei na cama enquanto sentia a camisinha enchendo e ele caiu para o lado sugando o ar pela boca.

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Um tempo depois nós saímos da cama e após um banho e de vestirmos roupas quentes voltamos para a sala. Os gêmeos só acordaram perto da hora do almoço. E o almoço foi a ceia da noite anterior, que mesmo tendo sido servida fora de hora estava delicioso. Edward perguntou mais uma vez se eu iria com ele a Vancouver e Alice disse que ficaria de olho nas crianças e eu fui me arrumar.

Um pouco depois da hora do almoço eu estava dentro do carro de Edward em direção ao nosso vizinho do norte. Foram quase quatro horas de viagem devido o clima e ele parou o carro em frente a uma casa simples e respirou um pouco antes de sair do carro e abrir a porta para mim. Ele estava nervoso, era algo palpável, como que para amostrar que ele não estava sozinho, eu lhe segurei pela mão, apertando de leve e ele me olhou por alguns segundos e sorriu.

- Pois não? – e a porta fora aberta. – Edward? – e um homem, cinquenta e cinco anos, com cabelos loiros e olhos azuis claros apareceu na porta.

- Oi... Oi pai. – e pela primeira vez desde que eu conheci esse homem eu o ouvi gaguejar.

- Você está realmente aqui ou é uma miragem? –

- Carl, quem é? – e uma mulher, que deveria ter a mesma idade do homem, e que era bem parecida com Edward, apareceu ao lado do pai do homem ao meu lado. Ela tinha um rosto gentil em formato de coração, longos cabelos arruivados, iguais ao de Edward, com alguns fios brancos espalhados por ele e olhos verdes. Edward era uma copia fiel a esta mulher. – Filho? –

- Oi mãe. –

- O que veio fazer aqui depois de tanto tempo? –

- Eu... Eu... – ele gaguejou de novo e eu apertei sua mão lhe passando apoio. – Nós viemos lhes desejar feliz natal. – respondeu.

- Nós? – perguntaram juntos e me encararam como se fosse a primeira vez que tinham me visto.

- Olá. – e ela disse amavelmente para mim. – Sou Esme Cullen e este é meu marido Carlisle. –

- É um prazer... Bella Swan. – e eu apertei as mãos deles estendidas.

- Ela é minha namorada... – Edward disse e eu o encarei.

- Olha se não são duas surpresas... Venham... Entrem, saiam desse frio... – e eles saíram da porta para que pudéssemos entrar e entramos. – Venham para a sala. – pediram quando a porta foi fechada e seguiram para o cômodo.

- Namorada? – perguntei enquanto tirava o casaco, o gorro, cachecol e luvas. Ele não respondeu, apenas pendurou meu casaco, com as coisas enfiadas nos bolsos, ao lado do seu, no cabideiro ao lado da porta e segurou meu rosto com as mãos quentes. Edward ficou um tempo com a testa encostada a minha e em silêncio, até finalmente roçar o nariz ao meu seguindo por um leve roçar de lábios aos meus.

Ele continuou sem me responder, apenas me segurou pela mão e me guiou até a sala de seus pais, que já estavam sentados no sofá. E mesmo sentando ao lado de Edward no sofá oposto do de seus pais, eu via nos olhos dos três, que eles estavam felizes por estarem reunidos ali mais uma vez depois de sabe-se lá Deus quanto tempo. Sorrindo, ao relembrar dos meus dias de natal, sentada a sala com meus pais, eu encostei a cabeça no ombro de Edward, que deu um beijo em minha cabeça e soltando minha mão, passou o braço pelos meus ombros me levando para mais perto dele, enquanto conversava com seus pais.

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