domingo, 23 de dezembro de 2018

O Milagre de Natal - Capítulo Único

O Milagre de Natal.

POV. Edward.
23 de dezembro de 2018.

Tic tac. O relógio soava pela sala escura. Amanhã era véspera de Natal, todos os funcionários do banco já haviam ido para a casa, há muito tempo, terminar de enfeitar suas casas, de decorar suas árvores e talvez, quem sabe, começar os preparativos para a ceia de Natal. Suspirando eu me levantei da cadeira e caminhei até a grande janela, com uma vista incrível para o Central Park. Eu via a noite escura e a neve branca caindo e cobrindo a cidade com um frio cobertor branco. E eu não pude deixar de sentir uma porrada no estômago ao me lembrar dele.

Matthew, meu filho, amava o inverno, o natal e a neve. E eu amava meu filho, mas criado do jeito que fui, me matei de trabalhar para lhe dar coisas materiais que ele não precisava, desejando que elas pudessem suprir a minha constante ausência. Quando Matthew caiu doente decorrente de uma leucemia, ao invés de ficar ao seu lado, eu me meti mais ainda em meus trabalhos e ignorando sua necessidade, não querendo acreditar que tal doença pudesse ter chegado ao meu filho.

Matthew partiu no dia de ano novo, Jéssica, minha ex-esposa, culpou-me pela morte de nosso filho, como se o meu trabalho e a minha ausência pudesse ter causado a doença e morte de nosso filho. Ela também partiu três dias depois de Matthew, não dá mesma forma que nosso filho. Ela simplesmente arrumou suas coisas, pegou suas joias caras e o carro mais caro que eu possuía e sumiu no mundo, me mandando um pedido de divórcio, já assinado por ela, uma semana depois de ela ter partido.

E agora estou eu aqui, sozinho, sem absolutamente ninguém, as vésperas da véspera de Natal, tendo a única companhia o soar do relógio de meu escritório que já marcava dez e meia da noite. Mesmo com o escritório todo fechado e com o aquecedor ligado, eu sentia um frio, não no ambiente, mas um frio dentro de mim, que surgiu junto com o diagnóstico de leucemia de meu filho e até hoje, quatro anos depois, ainda não passou, apenas ficava mais frio.

Resolvi que já estava na hora de voltar para a minha fria e vazia casa, com nenhuma decoração, sem nada. Absolutamente nada. Ou ninguém. Recolhi minhas coisas e vesti meu casaco mais grosso para me proteger do frio. A temperatura deveria estar variando na casa dos -1° a 3° positivo. Eu me protegi meu casaco, luvas e cachecol e sai de minha sala com a pasta em mãos.

O segurança da porta desejou-me um feliz natal e eu simplesmente retribui sem nenhuma animação. Natal não me animava mais. Eu não sabia quantos natais eu havia perdido devido ao trabalho e ao desejo de encher meu filho com coisas materiais, que soube depois que ele não precisava. Eu tinha que dar uma pequena caminhada de menos de dois minutos para chegar até o estacionamento onde meu carro estava, já que o do prédio onde ficava o banco estava em reformas. Eu caminhava, agarrando ao meu corpo, cheio de frio, nem mesmo o casaco.

Enquanto eu caminhava até o estacionamento eu ia desviando de algumas pessoas na calçada. Alguns pedintes que estreiam a mão a cada pessoa que passava a sua frente, algumas pessoas saindo de lojas, shoppings e restaurantes, e algumas famílias que saiam do central park. Eu estava chegando ao estacionamento quando esbarrei em uma mulher.

- Desculpa… - ela ajeitou um embrulho nos braços e eu vi que se tratava de um bebê.

- Tudo bem… - disse simplesmente e ela ajeitou o bebê nos braços de novo.

- Shiu meu amor… - ela falou baixo acariciando a bochecha do bebê e eu vi suas mãos descobertas e foi quando notei. Ela não estava devidamente protegida do frio, e mesmo que o bebê estivesse envolto em algumas cobertas, estava frio demais para ele estar na rua.

- Eu não quero me intrometer… - comecei e ela desviou os olhos do bebê e me encarou, e eu notei que seus lábios estavam levemente azuis e seu nariz vermelho. - Não acha que está frio demais para estar na rua a essa hora, desse jeito e com um bebê? -

- Acho. Mas o que espera que eu faça? -

- Vá para casa… - disse o óbvio e ela suspirou. - Não me diga que não tem casa? -

- Minha tia me colocou para fora de casa… -

- Com o bebê? - perguntei incrédulo. E antes dela responder ela espirrou. - Pelo amor de Deus. - eu tirei meu casaco grosso e coloquei por cima de seus braços e o bebê tossiu nos braços dela. - Vem comigo… - eu tentei guia-la até o estacionamento e ela não me seguiu.

- Eu não lhe conheço… - retrucou e o bebê tossiu de novo.

- Não. Você não me conhece e eu não te conheço. Eu só sei que você está com um bebê nos braços que não deve ter mais do que seis meses, em uma noite absurdamente fria e sem lugar para ir. Então, vem comigo. - disse firme e um pouco contrária ela me seguiu.

Eu a coloquei no banco de trás do carro, com o bebê em seus braços e entrei no banco do motorista e liguei o aquecedor e tratei de dirigir. Antes de ir para o meu apartamento, eu segui para o hospital com eles. Eu me sentia mal por ter perdido meu filho e me sentiria absurdamente pior se deixasse esse bebê morrer de frio. Eu não sabia quem era ela, e nem havia perguntado seu nome ou o motivo de ter sido posta para fora, e no momento isso não importava, apenas a saúde daquele bebê.

Nós chegamos ao hospital e os guiei para a emergência e deixei a mulher com seu filho com o pediatra de plantão e fiquei do lado de fora, sentado em um banco em frente à sala com a cabeça encostada na parede branca. Eu odiava hospital, passei a odia-lo com todas as forças depois que meu filho morreu. Eu sentia uma pontada no peito seguida por uma falta de ar horrível. Eu simplesmente odiava hospitais.

- Hey cara, está fazendo o que aqui? - ouvi a voz do meu amigo e uma mão em meu ombro. - Está sentindo algo? - neguei abrindo os olhos. - Então? - Emmett insistiu com seu jaleco branco e um estetoscópio em volta do pescoço.

- Eu trouxe uma mulher com o filho para cá. -

- Como assim? - suspirei.

- Eu estava saindo do trabalho, esbarrei nela. Ela estava com um bebê, desprotegidos, na rua nesse frio. Quando falei para ela voltar para casa ela disse que a tia havia a posto para fora e… -

- E como você não esteve aqui para Matthew resolveu ajudar esse bebê. -

- Tipo isso… - respondi simplesmente ao mesmo tempo em que Rosalie, a pediatra, saiu da sala. - Hey… - e eu chamei sua atenção e ela parou a minha frente e a de meu marido.

- Aquele filho é seu? - questionou com as mãos na cintura.

- Não! -

- Ótimo. Ia te espancar se o bebê fosse seu. - e ela relaxou. - Ele vai ficar bem. Vai ter que ficar internado hoje no berçário, mas amanhã de manhã já pode ir embora. Estava quase entrando em uma pré-hipotermia. Sugiro ir até a polícia denunciar esses tios dela. - resmungou.

- E ela? -

- Vai ficar bem. Uma pequena gripe que logo passa. - respondeu e seu pager bipou. - Tenho que voltar para a emergência.

- E eu também. - Emmett deu mais uma batidinha em meu ombro e se levantou indo embora com a esposa. Eu me levantei do banco e entrei no quarto que Rosalie havia acabado de sair. A jovem estava terminando de se ajeitar.

- Hey. - e eu chamei a sua atenção.

- Oi. E meu filho? -

- No berçário. Terá que passar a noite aqui. - e ela suspirou.

- Sabe que não tenho como pagar esse hospital. Ele deve valer mais que meu rim. - e eu sorri de lado.

- Não se preocupe. Eu pago… -

- Eu nem sei quem é você. -

- Edward Cullen… - e eu estiquei a mão para ela.

- Isabella Swan. - e ela apertou minha mão com a sua mão fria. - Mas prefiro apenas Bella… -

- Pois bem Bella… Qual foi o motivo para eu ter esbarrado em você na rua com um bebê? -

- Já lhe disse. Minha tia me pôs para fora de casa.

- Não que eu esteja duvidando. Longe de mim. É só que… É estranho acreditar que sua tia lhe pôs para fora de casa, com um bebê, nesse tempo e as vésperas do Natal… - e ela suspirou cruzando os braços.

- Ela… - ela limpou a garganta. - Ela descobriu que Arthur é filho do marido dela. - disse sem jeito.

- Você… -

- Não. - ela me interrompeu e eu vi seus olhos marejando.

- Ele… - eu não consegui terminar a frase e ela apenas assentiu.

- Desde os treze. - limpou a garganta. - Ela descobriu, e não acreditou em mim e… - deu de ombros. - E agora eu não tenho pra onde ir, com um bebê pequeno… -

- Eu vou ajudar você por enquanto. -

- Por quê? - perguntou.

- É como se eu pagasse minha dívida comigo mesmo. - respondi e ela não compreendeu. Antes que ela pudesse perguntar a porta foi aberta por uma enfermeira com o pequeno Arthur no colo.

- Olha quem veio ver a mamãe… -

- Arthur… - respondeu e correu até o filho o pegando no colo. - Meu amor… - ela ajeitou o bebê no colo que fez um barulhinho típico de bebê. - Ele está bem? - questionou.

- Sim. Terá apenas que ficar em observação hoje apenas para conferirmos se não há nenhuma surpresa. - a enfermeira garantiu sorrindo.

- Eu vou resolver umas coisas e encontro você daqui a pouco. - disse e ela assentiu conferindo com seus próprios olhos.

Eu segui até a recepção do hospital para já deixar tudo pago para assim que ela for liberada irmos embora. Eu não voltei de início para onde ela estava apenas segui até a cafeteira do hospital, sentando-me um pouco em uma das cadeiras desconfortáveis e enfiando meu rosto nas mãos, e fora quase impossível não recordar do passado. Há cinco anos.

- Finalmente de dignou a aparecer. - Jéssica disse sarcasticamente quando eu entrei no quarto do hospital com um bichinho de pelúcia em mãos.

- Agora não, por favor. - pedi. - Acabei de sair de uma reunião longa… - eu me aproximei da cama onde meu filho ressoava tranquilamente com um fino tubo de oxigênio no nariz, ligado a uma máquina que média seus batimentos cardíacos e com uma agulha de soro enfiada em seu braço. - O que ele tem? - perguntei colocando o ursinho ao seu lado e dando um beijo em sua testa coberta pelos cabelos ruivos puxados de mim.

- Ainda não se sabe… Os exames ainda não saíram… - respondeu irritada e eu puxei a cadeira para perto da cama e me sentei nela, mexendo em seus cabelos. - Entra. - ela disse após uma batida soar pela porta.

- Sr. e Sra. Cullen, sou o Dr Paul. Estou com o resultado dos exames do filho de vocês. - respondeu.

- E qual é o diagnóstico? - ela perguntou e ele suspirou.

- Precisamos conversar… - ele tirou nos calcanhares e deixou o quarto sendo seguido por minha esposa. Levantei-me da cadeira e dei outro beijo na testa do meu filho e sai do quarto, encontrando o médico e Jéssica no corredor ao meu aguardo.

- Então? - perguntei.

- Eu sinto muito em informar, mas… Matthew tem leucemia. Em estado terminal. - e eu o encarei em puro estado de letargia sem conseguir acreditar no que ele havia dito.

- É brincadeira, não é? - Jéssica perguntou e eu não conseguia me mexer, apenas ouvir.

- Sinto muito senhora mais não. Ele tem LLA. Leucemia linfoide aguda. Dá mais em crianças. Geralmente nove em cada 10 pacientes sobrevivem… - e ele suspirou de novo. - Mas foi diagnosticado muito tarde, mesmo com todo o tratamento do mundo Matthew não irá se salvar… Irá apenas prolongar a dor e o sofrimento, tanto dele, quanto dos senhores… -

- Isso só pode ser um erro… Eu quero o Dr. Aro ele é o pediatra de Matthew e vai disse que esse diagnóstico foi dado errado e você seu doutorzinho de merda irá… - e ela começou a disparar grosserias contra ele.

- Quanto… Quanto tempo? - perguntei a interrompendo.

- No passa desse ano senhor… - respondeu e eu senti minhas pernas bambas, meu filho não ficaria vivo para completar seus cinco anos…

Balancei a cabeça saindo do transe e empurrando isso para o fundo de minha mente. O doutor tinha razão. Ele não passaria daquele ano e não passou. Todos nós achávamos que ele iria virar o ano, mesmo que preso em uma cama de hospital, mas o destino, sorrateiro como sempre, o levou no último minuto do ano. Jéssica resolveu contrariar Paul e levou a todos os outros pediatras renomados dos EUA que lhe deram o mesmo diagnóstico e prazo, mas ela teimou e teimou que acabou colocando Matthew na quimioterapia, e não deu outra, dos cinco meses que lhe restaram de vida, ele passou quatro preso dentro de uma cama de hospital. Desde hospital.

Balancei a cabeça novamente e vi que o refeitório, que estava um pouco cheio quando eu cheguei já se encontrava completamente vazio. Suspirando eu me levantei da cama e caminhei até uma máquina de café e comprei um expresso e um cappuccino bem quente. E segui até o quarto que havia ficado designado para Isabella por está noite. Ela não se encontrava no mesmo, e perguntando a enfermeira descobri que ela estava no berçário com o filho e segui para lá enquanto terminava meu café.

Ao chegar ao mesmo e notar que o berçário estava bem vazio, encontrei com Isabella dormindo de mau jeito na cadeira ao lado do berço onde seu filho, Arthur estava dormindo, e ela se encontrava coberta por um lençol fino, provavelmente alguma enfermeira havia a coberto, em um sinal mudo de deixá-la ali mesmo. Eu bebi seu cappuccino enquanto ainda estava quente e me livrei dos copos, sentando-me na cadeira ao seu lado.

Eu não sabia quanto tempo havia se passado comigo ali sentando no quentinho do berçário, só sabia que não conseguia dormir. Não sabia ao certo se era devido à cafeína recém-ingerida ou se era por causa por meu recente, nem tão recente assim, pavor de hospitais. Todas às vezes, não querendo generalizar, que eu entrei em um hospital eu ou recebi uma notícia horrível ou perdi alguém. Era compreensível meu pavor de hospitais. Um movimento e farfalhar de lençóis soaram vindos do berço junto com um chorinho fraco e antes que Bella ou os outros poucos bebês acordassem, eu dei um pulo da cadeira e peguei Arthur no colo, que estava com seus enormes olhos castanhos abertos. 

- Hey garotão… Qual é o problema? - perguntei baixo ao aninha-lo em meu colo. Obviamente ele não respondeu, apenas ficou me encarando curioso e eu retribuí o olhar de curiosidade.

Era incrível como a maioria dos bebês possuía basicamente a mesma cara. Arthur já não era um bebê pequeno, não era nenhum recém-nascido. Já deveria estar bem perto de completar um anoArthur era um dos bebês mais fofos que eu já havia visto, perdendo obviamente para Matthew. Com as bochechas, agora coradas, e protuberantes, grandes e brilhantes olhos castanhos e cabelo também castanho. Segurando-o com uma das mãos eu levei a outra aos meus olhos, sentindo-os arderem, e capturei uma lágrima transparente que caía, ao lembrar-me de meu filho, e engoli o choro.

Sem falar mais nada, fiz menção de colocá-lo de volta ao berço e ele se inquietou novamente e eu desisti da ideia antes que ele começasse a chorar. Simplesmente sentei na cadeira de novo, na maneira mais confortável que encontrei e ele levou o polegar à boca, fechando os olhos e aninhando o rosto perto de meu peito. Não demorou muito e ele havia dormido em meus braços chupando o dedo enquanto eu acariciava seu rostinho com a ponta dos meus dedos.



Eu havia passado a noite toda com Arthur nos braços, e sinceramente eu mal os sentia mais e pouco me importava, era bom segurar um corpinho quente de novo, já tinha cinco anos que meus braços estavam vazios. Eu também não havia conseguido dormir, fiquei a noite toda vigiando o sono de Arthur e de Isabella ao meu lado, volta e meia esticando a mão e conferindo sua temperatura. Eram por volta das seis da manhã, se eu não me enganava, quando Isabella despertou na cadeira ao lado da minha e se mexeu. A primeira coisa que ela viu foi seu filho dormindo calma e tranquilamente em meus braços e eu sorriso brotou em seus lábios.

- Bom dia. - ela disse baixo.

- Bom dia. Como dormiu? -

- Acredita se eu disser que mesmo dormindo nessa cadeira eu dormi muito bem? - perguntou e eu balancei a cabeça sorrindo. - Leva jeito com bebês. - comentou. - Ele nunca ficou calmo ou dormiu nos braços de um desconhecido. - respondeu.

- Já tem um bom tempo que está dormindo aqui. E sempre que eu tento colocá-lo no berço… - mesmo que eu tenha tentado apenas uma vez. - Ele acorda e faz menção de chorar… -

- Ele é muito manhoso. Sempre foi. - respondeu sorrindo e se levantando da cadeira. Bella se espreguiçou e caminhou até mim, se agachando no chão a minha frente. - Oi meu amor… - e deu um beijo na bochecha do filho que se mexeu em meu colo, mesmo sem acordar e ela cheirou seu pescoço e deu outro beijo nele.

- Pega ele… - disse quando ela se levantou e com cuidado ela pegou-o e se sentou novamente e inconscientemente, Arthur levou a mão livre ao seio da mãe, apoiando-a nele. - Vou ver se o pediatra virá vê-lo agora. - ela assentiu quando eu me levantei e sai do berçário.

Eu não precisei nem chegar à recepção e Rosalie já vinha em nossa direção, pelo visto estava louca para ir para a casa descansar após um longo dia de plantão. Nós voltamos ao berçário e ela pegou Arthur no colo para examiná-lo, um exame não durou mais de cinco minutos e fomos dispensados ele estava bem e ficaria bem, o frio não havia feio mal a ele e sua mãe ficaria bem após alguns dias de repouso e vitaminas. Eles estavam bem.

Com a conta paga e tudo acertado nós saímos do hospital e eu a levei para meu apartamento mesmo sobre protestos. Enquanto eu ia dirigindo, ela ia com o filho no banco de trás e me contando sobre o motivo de ter ido morar com seus tios para princípio de conversa. Ela não conhecia sua mãe, havia abandonado-a com menos de um ano por um cara mais rico e seu pai faleceu quando ela tinha seis anos. De seu pai ela morou com sua avó até os doze, e quando a avó também morreu ela veio para New York para morar com seus tios, e menos de um ano depois começou os abusos.

Nós chegamos ao meu apartamento e eu a guiei até a cobertura onde eu morava. Já era esperado que seus olhos arregalassem com o tamanho do meu apartamento. Era o mesmo desde o meu noivado, ainda havia um quartinho no andar de cima com as coisas de Matthew, berço, cama pequena, roupas de bebê e criança, e mesmo sem abrir aquela porta há cinco anos, eu a abri e pedi para a empregada dar uma geral ali, tirar a poeira e lavar as roupas de bebê e ajeitar o quarto de hóspedes, enquanto isso eu deixei Isabella em meu quarto para descansar.

Hoje já era a véspera de natal, não havia nada enfeitando a casa, nenhuma comida especial sendo feita, dentro dessas paredes era um dia normal qualquer. Eu estava em meu escritório com alguns papéis que havia trazido do trabalho para poder passar esses dois dias que o banco não abriria, quando uma batida soou pela porta. Eu levantei a cabeça e dei de cara com Isabella.

- Oi. - disse simplesmente.

- Não me diga que está trabalhando? - questionou e eu balancei a cabeça sorrindo.

- Estou… - disse normalmente jogando a caneta em cima da mesa e ela se aproximou meio receosa. - O que deseja? -

- Agradecer pelo que está fazendo e perguntar o motivo. - e ela apoiou as mãos na ponta da mesa de mogno escuro.

- Primeiro que não precisa agradecer. E segundo eu tenho meus motivos… -

- Tem haver com aquele garotinho ruivo da foto de seu quarto? - perguntou sem jeito e eu tinha me esquecido da foto de Matthew em meu quarto.

- Tem. - respondi puxando a gola da camisa polo que eu havia colocado após chegar a casa.

- É seu filho? - assenti. - O que aconteceu com ele? - e eu respirei fundo. - Esquece. Não precisa responder, estou abusando demais. -

- Ele faleceu há cinco anos… - respondi ignorando seu último comentário.

- Como? - e ela se sentou na cadeira a minha frente, se mexendo quase que em câmera lenta.

- LLA. - disse simplesmente. - Leucemia Linfoide aguda. - expliquei. - Foi diagnosticado muito tarde e já estava em estado terminal. Quimio e radioterapia não fizeram efeito. -

- Por isso não há nenhuma decoração de natal? - mexi a cabeça concordando.

- Ele amava o natal. E partiu do dia de ano novo. Alguns segundos antes da virada do ano. - e eu senti um aperto na garganta. - Tinha apenas quatro anos. -

- Eu sinto muito. -

- Está tudo bem… - dei de ombros. - Minha ex-mulher tem razão. A culpa foi minha… -

- Como seu filho ter desenvolvido leucemia pode ser culpa sua? -

- Castigo divino?! -

- Acredita nisso mesmo? - retrucou e eu dei de ombros.

- Durante toda a vida dele eu passei 99% do meu tempo trancado dentro do banco onde eu trabalho. Por que achava e fui criado do jeito de que crianças precisam de coisas materiais para ser felizes… - dei de ombros novamente.

- Virou um escravo do trabalho porque queria dar o melhor para seu filho e não percebeu que a única coisa que ele queria era o pai. -

- É. - não foi uma pergunta, mas eu respondi mesmo assim.

- E a mãe dele? -

- Foi embora um tempo depois. Pegou o máximo de dinheiro que conseguiu e sumiu no mundo… -

- Qual era o nome dele? -

- Matthew. -

- Lindo nome… - respondi e eu senti meus olhos arderem e eu passei as mãos pelo rosto coçando os olhos para não chorar. - Desculpa ter tocado no assunto… - e a voz de Bella soou próxima a minha cabeça e eu abri olhos vendo que ela tinha os braços em volta de meus ombros. 

- O que é isso? -

- Um abraço? - questionou e sem pensar muito eu abracei sua cintura fina, escondendo o rosto em uma barriga.

Eu não consegui segurar o choro e acabei chorando contra seu corpo pequeno e fino. Eu não havia recebido um abraço de ninguém após a morte de meu filho, de Emmett e Rosalie só meses depois já que os dois estavam fora do país. Depois que Matthew parou de respirar Jessica não olhou mais na minha cara e não me deixou me aproximar dela. Bella retribuiu meu abraço apertado e me deixou chorar contra seu corpo enquanto mexia em meus cabelos.

Demorou um pouco até que eu me acalmei e quando a encarei ela retribuía o olhar sorrindo e passou as mãos por debaixo de meus olhos secando as lágrimas. Eu não tive a chance de falar mais nada já que a empregada da casa entrou no escritório falando que os quartos já estavam prontos. E eu levantei da cadeira fungando e limpando os restos das lágrimas e sai do escritório com ela atrás de mim. 

Primeiro fomos até o meu quarto pegar o menino e ao abrir a porta do quarto, dei de cara com ele deitado no meio da cama com alguns travesseiros e almofadas em volta dele, para impedi-lo de rolar ou cair. Com cuidado Bella o pegou no colo, sem acorda-la e eu os guiei até o antigo quarto de Matthew. Eu não entrava ali há tempos, há anos. Ainda doía um pouco mais agora eu me sentia mais leve. Senti-me mais calmo agora que chorei o que tinha guardado.

Eu ainda não sabia o que faria com Isabella e seu filho, mas não poderia deixa-los na rua e desprotegidos principalmente nessa época e nesse clima, mas não sabia o que faria com eles. Mal Bella colocou Arthur no berço e ele acordou chorando e eu os deixei sozinhos para que ela pudesse cuidar dele. Eu os deixei e voltei para o escritório para terminar alguns contratos que estava fazendo.

Eu fiquei ali o resto da manhã e da tarde sem ser incomodado, mas eu não consegui focar nos papeis a minha frente, só ficava pensando na jovem com o filho pequeno que estava no andar de cima. E foi quando a ideia surgiu em minha cabeça, se Isabella e Arthur tenham se chocado em minha vida com poucos dias para o final do ano tenha sido um sinal do destino. Espera... Eu acreditava nisso mesmo? Eu não sabia, e provavelmente Isabella me acharia um maluco por pensar nisso, mas...

Levantei-me de minha cadeira em direção ao andar de cima, e subi as escadas a passos rápidos, pulando sempre um degrau e não demorou muito e eu abri a porta do quarto de quando Matthew era um bebê, Isabella estava sentada no chão com o filho tentando ficar de pé a sua frente, mas ao ouvir a porta se abrindo bruscamente, ele se assustou e acabou caindo para trás e Isabella o pegou antes que ele caísse sentado no chão, e ela me encarou.

- Desculpe, não queria lhe assustar. –

- Tudo bem. – respondeu sorrindo enquanto sentava o filho no colo. – Aconteceu alguma coisa? – perguntou após encarar meu rosto por alguns segundos.

- Eu quero te fazer uma pergunta... –

- Faça... –

- Quem registrou o Arthur? –

- Eu?! – perguntou confusa, provavelmente sem saber aonde eu queria chegar.

- No pai... –

- Ninguém... – deu de ombros. – Ou achou que meu tio iria assumi-lo? – retrucou e eu me agachei próximo a ela.

- Pois bem, eu tive uma ideia bem louca que eu quero saber o que você acha... – e ela ajeitou o filho nos braços mais uma vez e me encarou esperando pelo que eu tinha a dizer. – Você não tem mais ninguém e nem para onde ir e eu também não tenho ninguém... – e ela ergueu a sobrancelha bem confusa.

- Pode ir direto ao ponto? – questionou.

- Eu quero assumir seu filho... – e ela ficou me encarando por alguns segundos até que começou a rir. – Qual é a graça? –

- Você disse que quer registrar meu filho? – assenti. – Você está bêbado? –

- Não. –

- Eu não estou lhe entendendo... – admitiu e eu me sentei no chão, sob o tapete branco e felpudo.

- Eu quero registrar o seu filho. – expliquei de novo, mais devagar. 

- Por quê? – perguntou e eu não sabia como responder.

- Sinceramente? – assentiu. – Podemos chamar de milagre de natal... –

- Até onde eu saiba, os milagres de natal acontecem apenas na noite de natal, ou seja, amanhã. – pontuou.

- Milagre de natal antecipado. – resmunguei. – Eu acho, sinto e penso, eu sei que pode parecer loucura e tudo mais, só que eu acredito que o fato de eu ter esbarrado em vocês dois não foi uma simples coincidência... – e ela me encarava como se eu realmente estivesse bêbado. – Parece que vocês apareceram para que eu pudesse finalmente, depois de cinco anos, enfrentar a morte de Matthew. Desde que ele morreu, esse quarto não é aberto, eu não chego perto de uma criança ou de uma mulher. – e Arthur aproveitou o aperto frouxo de sua mãe e engatinhou até mim, que estava a mesmo de duas engatinhadas deles. – E pelo visto eu sinto falta de ter uma criança em meus braços. – e eu o peguei, ajeitando-o em meu colo.

- E pelo visto ele gosta de você... – me interrompeu ao ver o filho, com a chupeta na boca, encostar a cabeça em meu ombro.

- E eu também gosto dele. – suspirei.

- Você quer fazer com ele o que não teve a chance de fazer com seu filho. – assenti. – Quer substituí-lo. –

- Substituir não... É como se fosse outro, quer dizer, é outro, é como se eu tivesse tido outro, entende? Como se eu tivesse dando um irmãozinho ao Matthew, que acredite em mim, iria adorar. Eu... – e eu engoli em seco. – Eu só quero ter a chance de fazer as coisas certas dessa vez, de fazer o que eu não tive a chance de fazer. Eu demorei muito para perceber que havia deixado o fato de ser pai do lado, e sinto que não vou conseguir me libertar dessa dor se eu não for pai. – e eu olhei de Arthur para Isabella. – E ele precisa de um pai. –

- Eu posso pensar? –

- Claro que pode... – e olhei para Arthur de novo. – Posso brincar um pouco com ele? – assentiu sorrindo.

Eu fiquei um longo tempo e só deixei o quarto quando a empregada entrou no quarto com o telefone em mãos, Emmett estava ligando querendo saber o que eu havia feito com a garota e o bebê e me chamando para ir até o bar aqui perto para conversarmos um pouco e eu aceitei devolvi Arthur para Isabella e após conferir que ela ficaria bem por algumas horas sem mim, e depois de deixar o numero de meu celular e o de Emmett e de Rosalie com ela, sai. A empregada da casa já havia se retirado, logo após me entregar o telefone, e só voltaria no ano que vem.

Eu segui para o bar encontrando Emmett já lá e obviamente ele me perguntou da garota e do bebê e eu disse que eles estavam em minha casa e contei da proposta que havia feito a ela. Obviamente Emmett achou que eu fosse um louco retardado, mas ao mesmo tempo, pediu para que, caso fossemos batizar Arthur, ele queria ser o padrinho, já que ele era o único amigo que eu tinha, e eu não tive outra opção a não ser rir enquanto bebia um gole da cerveja a minha frente.

Seu celular vibrou em cima da mesa e comentou ser uma mensagem de Rosalie o mandando voltar para a casa, porque já estava anoitecendo e que ele tinha que ir para uma ceia de natal em algum lugar. Despedimos-nos com ele prometendo que passaria lá em casa talvez amanhã para ver o menino e ele se foi e eu logo em seguida.

Antes de seguir de volta para o meu apartamento eu encontrei uma loja de brinquedos ainda aberta, prestes a fechar e tratei de entrar nela e em menos de dez minutos tinha um pequeno embrulho em mãos enquanto subia para o meu apartamento. Ao parar em frente a minha porta, pescando a chave dentro do meu bolso, eu ouvia sons e risadas vindas de dentro do meu apartamento e abri a porta.

Emmett estava no meio da minha sala, com um suéter e natal verde com uma rena bordada e seu nariz brilhava. Ele estava sentado no chão brincando com Arthur e tinha uma arvore de natal, que eu não sabia de onde havia surgido enfeitada no meio da sala e cheiro de comida vindo da cozinha.

- o que é isso? – perguntei e ele me encarou.

- Nem me pergunte só me arrastaram para cá... – resmungou e voltou a atenção ao bebê em seu colo.

- Podemos chamar de Milagre de Natal? – e a voz de Bella soou atrás de mim e eu a encarei e vi que ela estava com um suéter igual ao de Emmett.

- Foi você? –

- Não! – disse simplesmente.

- Fui eu. – e Rosalie, com um suéter igual ao dos dois, saiu da cozinha com um avental pendurado no pescoço e com as mãos cobertas por luvas grossas de cozinha.

- Eu pensei em negar, mas o jeito que ela falou me assustou... – Isabella admitiu.

- É porque ela assusta mesmo, menina, com o tempo você se acostuma... – e agora foi a vez de Emmett que se aproximou e eu vi que Arthur também usava uma espécie de suéter de rena.

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – perguntei perdido e confuso.

- Ela ligou atrás dele... – e Bella apontou de Rosalie para Emmett. – Eu disse que ele e nem você estavam aqui. Ela perguntou se eu era a garota do bebê, e eu disse que sim, e ela disse que estava vindo para cá. E apareceu aqui com esses suéteres, a árvore e a comida, e eu quando eu perguntei se você sabia ela me encarou de um jeito que eu resolvi não perguntar mais nada... E a propósito, ela ameaçou comer meu fígado com cebolas se eu não colocasse esse suéter estranho. –

- Típico de Rosalie. – respondi.

- E Emmett já me contou a sua ideia de registrar o menino, e se você não nos colocar como padrinhos, eu vou te arrebentar... – Bella, assustada com a agressividade de Rosalie, se aproximou de Emmett.

- Ela é sempre assim? – perguntou baixo para Emmett que ainda tinha seu filho no colo.

- Sim. – ele respondeu também baixo.

- Ela é a mesma pessoa que cuidou do meu filho no hospital ontem? –

- Sim. Ela é agressiva apenas com adultos... Com crianças ela é inofensiva, se preocupe não. –

- No momento eu estou mais preocupada comigo do que com o Arthur. – admitiu e Emmett jogou a cabeça para trás gargalhando.

- Pois bem... Cullen. – e Rosalie me chamou, como sempre, pelo sobrenome. – Não pense que vai ficar sem suéter ridículo não... – e ela me jogou um. – Pode vestir, vamos tirar foto e quero todo mundo ridículo. –

- Você quer que eu vista isso? – perguntei vendo o suéter igual ao de Bella, Emmett e de Rosalie usava. Rosalie apenas me encarou feio, bem feio e derrotado, eu tirei meu casaco, ficando apenas com a camisa branca polo e colocando o suéter ridículo por cima. – Feliz? –

- Muito... – respondeu. – Bella me ajuda aqui. – e agora, bem mais gentil, pediu a ajuda de Bella que a encarava ainda assustada.

- Se eu gritar vocês me salvam? – perguntou depois que Rosalie voltou para a cozinha.

- Claro que não, está louca? Se você gritar, nós dois vamos pegar o menino, fugir para o México e cria-lo como um casal homoafetivo. – Emmett respondeu e eu e Bella o encaramos estranho.

- Diga só por você, amigo, que eu não vou viver um relacionamento homoafetivo com ninguém... – e Emmett gargalhou. – Se preocupa não, se você gritar eu lhe salvo. – e ainda receosa, ela caminhou para a cozinha. – Cara, por que você não me disse nada? –

- Rosalie só disse na mensagem: Levanta do cu dessa cadeira, se livra de Edward, vai para o apartamento dele e não conte nada. Faremos uma surpresa para ele. E cara, eu não vou contrariar minha esposa. Eu tenho amor a minha vida. –

- Só para os dois saberem... Eu estou ouvindo vocês... – e Rosalie gritou da cozinha.

- Eu tenho medo dela... – ele admitiu em voz baixa.

- Eu também... – e Arthur fez barulhinho no colo de Emmett e esticou os braços. – Hey garotão... – e eu o peguei no colo. Meio segundo depois, Rosalie chamou Emmett na cozinha e ele foi para lá e Bella apareceu ao meu lado dando um beijo na bochecha protuberante do filho.

- Então... Eu não sabia se você iria querer algo desse tipo e tentei impedir. mas... –

- Eu conheço Rosalie. – respondi. – Não se preocupe. Todo ano ela tenta fazer isso e todo ano eu consigo fugir disse, menos esse. –

- Sabe que o fato de você se isolar nessa época do ano não iria fazer o Matthew feliz, não sabe? –

- Eu sei... – admiti ajeitando Arthur em meu colo. – É que ele amava essa época e para mim não fazia o menor sentido eu comemorar essa festas. –

- Pois acredito eu, que agora você tem um sentido para comemorar essas festas... – e eu a encarei confuso. – Esse é o primeiro natal de Arthur e pelo visto ele gostou. Vai querer deixar de comemorar os natais com ele? – questionou.

- O que isso realmente significa? –

- Significa que eu aceito a sua ideia maluca de registrar meu filho. – e ela sorriu amplamente para mim. – Você tem razão. Ele merece um pai e vendo o jeito que você fica perto dele ou com ele nos braços, eu noto que você também merece um filho... – e ela sorria lindamente e eu retribuía o sorriso bobamente. – Só me prometa uma coisa... –

- Não vou colocar meu trabalho a cima dele e nem enche-lo de coisas matérias... –

- Tudo bem, agora são duas coisas... Essas e mais uma... –

- Qual? –

- Nunca mais coloque um suéter ridículo desses nele de novo. – pediu.

- Como todo o prazer, não se preocupe. – respondi sorrindo. – Até porque suéteres de natal eram uma das coisas mais ridículas já criadas pelo homem.

- O que é isso? – questionou vendo o embrulho em minhas mãos.

- Ah eu comprei um presente para o Arthur. – e eu entreguei o bebê a ela que o ajeitou em seu colo e amostrei a ele o embrulho. Ele tentou arrancar o papel, sem sucesso e eu abri revelando um livro de rimas, onde se apertava o botão e uma rima cantada soava dele.

Rosalie e Emmett vieram da cozinha um tempo depois e avisando que o jantar ficaria pronto em menos de meia hora. Eu e Bella nos sentamos no chão, com Arthur em meu colo e ele ia apertando os botões fazendo as músicas soarem pela sala, por cima do som do crepitar do fogo.

One, two, buckle my shoe/ Three, four, shut the door / Five, six, pick up sticks /Seven, eight, lay them straight / Nine, ten, begin again. (Um, dos, afivele meu sapato/ três, quatro, feche a porta/ cinco, seis, pegue as varetas/ sete, oito coloque as retas/ nove, dez, comece tudo de novo) – a música soou pela sala, enquanto Arthur tentava balbuciar algo no ritmo dela, e Emmett, infantil como sempre, cantou-a em alto e bom som e só parou quando Rosalie deu-lhe uma tapa na nuca.

Depois de tanto tempo eu me sentia bem mais uma vez. Eu não iria esquecer Matthew e sempre iria me arrepender por ter permitido que meu trabalho ficasse acima de meu filho, mas eu tinha a chance de consertar meus erros com uma criança que também precisava de um pai. E eu havia recebido a permissão para fazer isso, e era o que eu realmente iria fazer. De hoje em diante não haveria um único natal onde não tivesse arvores, luzes ou a casa cheia. Esse era realmente um milagre de natal.

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